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A HOMOFOBIA COMO UMA CATEGORIA TEÓRICA NO BRASIL (2008):

NOTAS PRELIMINARES SOBRE A PRODUÇÃO DE TRABALHOS DE CONCLUSÃO


DE CURSO, DISSERTAÇÕES E TESES A PARTIR DE PESQUISA NA PLATAFORMA
LATTES (http://lattes.cnpq.br/)

Felipe Bruno Martins Fernandes1


Miriam Pillar Grossi2
Joana Maria Pedro3

Palavras-chave: Homofobia, Pesquisas Acadêmicas, Estudos de Gênero

Eixo temático: Gênero e Ciência

Introdução
O presente ensaio é fruto de uma pesquisa na Plataforma Lattes (BRASIL, 2008).
Tem o objetivo de analisar os campo de estudos sobre homofobia com base na ocorrência
desta categoria no título de pesquisas acadêmicas monográficas brasileiras (Trabalhos de
Conclusão de Curso de graduação, Monografias de especialização, Dissertações de
mestrado e Teses de doutorado). Desta forma, se propõe como hipótese inicial que a
homofobia é um tema emergente no campo da produção teórica e, portanto, os campos
de pesquisa sobre a temática não produziram argumentos teóricos sobre homofobia com
o objetivo de subsidiar, seja as pesquisas acadêmicas sobre estas questões e sua
atuação dentro da conjuntura sócio-histórica-política, seja os movimentos sociais
LGBTTT4.

A categoria homofobia
Para Daniel Borrillo (2000), pensador francês e importante teórico da homofobia,
esta agrega em sua expressão sentimentos de repulsa ou hostilidade a pessoas que
possuem um desejo por pessoas do mesmo sexo (ou, ao menos, apresentam esta
possibilidade). Essa repulsa é levada a cabo quando este ser (quase ontológico) é posto
na posição de um outro, tido neste caso como inferior ou anormal. Esta desproporção
entre um eu falante e um outro anormal, distante e praticamente irreconhecível, é um
paradoxo importante, já que alimenta a lacuna constitutiva de um ideal e de um real.

1
Doutorando. Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas – PPGICH (felipe.fernandes@cfh.ufsc.br).
2
Orientadora. Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas – PPGICH (orientadora).
3
Co-Orientadora. Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas – PPGICH (co-orientadora).
4
Lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros.

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Segundo Daniel Welzer-Lang (2001), para construir-se enquanto homem é preciso
diferenciar-se das mulheres e das crianças. A diferenciação dos homens em relação às
mulheres se dá em um reforço da virilidade e da autonomia. O homossexual é relacionado
às mulheres pois não tem garantida a virilidade heterossexual (atributo chave da
masculinidade). Dessa forma, a masculinidade está pautada no rechaço das mulheres e
dos homossexuais, já que os mesmos são simbolicamente semelhantes às mulheres. A
heterossexualidade é mantida através de uma dupla negação, igualmente sexualizada:
mulheres e homossexuais, sendo que ambos devem ser “dominados” 5.Esta
argumentação é corroborada com a de Borrillo, já que o mesmo concorda com a questão
da masculinidade pautada pelo sexismo e pela homofobia.
Já o jurista brasileiro, Roger Raupp Rios (2007), ao abordar o conceito de
homofobia na perspectiva dos direitos humanos, afirma que a homofobia é a
discriminação perpetrada contra Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais e Travestis
(LGBTT). Entretanto, tanto para Borrillo como para Raupp Rios , não são apenas as e os
homossexuais as vítimas da homofobia, mas todas e todos aqueles sujeitos que não se
enquadram nos modelos hegemônicos de masculinidades e feminilidades. Rios (2007)
afirma portanto que há tanto uma dimensão subjetiva da homofobia materializada no
desprezo (medo, aversão ou ódio) como uma dimensão social, cultural e política que se
expressa na institucionalização da heterossexualidade como norma.

Metodologia
A Plataforma Lattes é uma experiência do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq) para a integração de bases de dados de currículos e de
instituições acadêmicas brasileiras (BRASIL, 2008). Esta experiência é fruto de um
histórico de organização de currículos acadêmicos em bancos de dados desde a década
de 1980. Lançada em 1999, a Plataforma Lattes possibilitou o aumento de sua
abrangência e uso por pesquisadoras e pesquisadores de todo o país, tornando-se, desta
forma, o padrão de formulário de currículo no âmbito da ciência e tecnologia brasileira. Os
objetivos desta plataforma são: (i) apoiar as atividades de gestão e (ii) apoiar a
formulação de políticas públicas. Segundo o sítio eletrônico da Plataforma Lattes, são

5
O autor (WELZER-LANG, 2001) apresenta as “casas dos homens” de nossa sociedade, espaços esses masculinos por excelência,
onde se aprende, de forma pedagógica, a ser homem e o que é necessário fazer para isso.

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cerca de 1.100.000 currículos cadastrados, dos quais 31% são de doutores, mestres e
estudantes de pós-graduação e 59% são de estudantes de graduação.
O presente artigo toma como base metodológica o trabalho de Grossi, Minella e
Losso (2006). As autoras levantaram detalhadamente a produção de monografias
acadêmicas e trabalhos de conclusão de curso de graduação com a temática de
violências afetivo-conjugais envolvendo mulheres nos últimos 30 anos no Brasil. Dentre
as categorias buscadas, encontram-se as instituições envolvidas nas produções, o tipo de
produção, em que programas estes trabalhos foram realizados, entre outras variáveis.
Dividiram o trabalho em três diferentes etapas: a de levantamento dos trabalhos em
bancos de dados nacionais, a visita em bibliotecas e instituições, e a busca por palavras-
chave na Plataforma Lattes, que envolveu, portanto, um contato direto com as autoras e
autores. Perceberam, de forma enfática, a abordagem do tema como sendo feita de forma
interdisciplinar, em que diálogos entre disciplinas produzem reflexões nas Ciências
Sociais.
Ao buscar um currículo na Plataforma Lattes (no formulário atual), é possível fazê-
lo segundo o nome da autora ou autor ou por assunto (título ou palavra-chave). A
pesquisa que gerou este ensaio foi feita no dia 26/11/2008, às 20h30min. Optou-se por
buscar os currículos por assunto. A palavra-chave colocada foi HOMOFOBIA. Neste dia,
foram encontrados 432 resultados na plataforma, dos quais a maioria era de trabalhos
publicados (resumos, artigos, comunicações) e participação em eventos. Entretanto
buscaram-se os currículos em que a categoria HOMOFOBIA constava na formação da
pesquisadora ou pesquisador (título de trabalho defendido), uma vez que neste campo se
encontra as monografias e trabalhos de conclusão de curso, objeto do ensaio. Foram
encontrados 22 currículos em que a categoria HOMOFOBIA figura no título do trabalho no
campo de formação da pesquisadora ou pesquisador.
Os dados foram tabulados em 11 diferentes categorias. A primeira é a relevância,
que é uma percentagem apresentada pela Plataforma Lattes para a saliência da categoria
buscada dentro dos currículos que figuram como resultado. Também foram tabulados os
nomes de autoras e autores e suas respectivas orientadoras e orientadores, incluindo-se
o sexo auto-nomeado no formulário. O sexo de orientadoras e orientadores foi
classificado segundo o nome destas pesquisadoras e pesquisadores, o que gerou
algumas impossibilidades de classificação. As instituições foram classificadas segundo a
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região no país e o nome da instituição. As pesquisas foram tabuladas segundo o ano de
publicação, o título, a área em que o trabalho foi realizado e o grau do trabalho (TCC,
especialização, dissertação ou tese). Foi incluída, no final do ensaio, uma tabela com os
títulos dos trabalhos segundo uma classificação feita pelo autor deste ensaio.
Dentre as dificuldades da obtenção dos dados para a realização deste ensaio,
podemos citar a grande quantidade de formulários gerados na pesquisa, que tiveram que
ser lidos e analisados para a concretização dos objetivos propostos. Outra dificuldade é a
classificação do sexo das orientadoras e orientadores segundo o nome que consta no
currículo, o que vai de encontro, em certo sentido, com os preceitos éticos do
pesquisador. Como um ensaio inicial e em andamento, este texto é passível de falhas e
deve ser revisto e retrabalhado futuramente, com uma leitura mais atenta dos formulários
e inclusão de novas variáveis.

Resultados
Os gráficos a seguir foram elaborados para que possamos entender melhor como a
categoria homofobia vem sendo usada nas pesquisas acadêmicas no Brasil. Busca-se,
com isso, esquadrinhar os usos que tem sido feitos da homofobia como uma categoria
teórica e em que medida esta categoria tem sido usada nas diferentes áreas do
conhecimento. As análises aqui presentes também possibilitarão percebermos alguns
aspectos das relações de sexo das pesquisadoras e pesquisadores envolvidos. Estas
relações podem indicar alguma ligação entre o campo dos estudos de gênero, muito
marcados pelo feminismo (enquanto teoria e enquanto ideologia) e a política sexual em
seu sentido mais amplo6. Há também um mapeamento preliminar das instituições e
regiões do país em que as pesquisas vêm sendo concluídas e em que instituições.
Os pesquisadores envolvidos nas pesquisas em que a categoria homofobia consta
no título foram, majoritariamente, homens (GRÁFICO 1). Entretanto, a maioria das
orientadoras eram mulheres (GRÁFICO 2). Não houve duplicidade de orientação, ou seja,
cada orientadora ou orientador que constava nos formulários dos currículos orientou
apenas um dos trabalhos. Sobre a relação entre o sexo de pesquisadoras e
pesquisadores e orientadoras e orientadores, percebe-se que a maioria das
pesquisadoras e pesquisadores foram orientados por mulheres (GRÁFICO 3). Percebe-se
6
Esta argumentação é inicial e diz respeito a um primeiro olhar. O aprofundamento desta questão é essencial para
refletir sobre estas problemáticas.

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uma maior diferença entre os homens orientados por mulheres (31%) do que homens
orientados por homens (14%). Já entre as pesquisadoras mulheres esta diferença diminui,
uma vez que 23% das pesquisadoras foram orientadas por mulheres e 18% das
pesquisadoras foram orientadas por homens. Isso pode apontar para a relação entre a
constituição do campo de estudos de gênero no Brasil, fortemente influenciado
influenciado pelo feminismo e a “reivindicação feminina” de espaços de exercício de poder
nas instituições e suas vinculações atuais (reflexos da história) com este mesmo campo.
Gráfico 1

Gráfico 2

Gráfico 3

Segundo Brasil (2008), a relevância é o “indicador da freqüência relativa dos


termos de busca sobre os currículos encontrados”. Esta variável foi incluída no ensaio
para a análise sobre a aderência das autoras e autores sobre o tema homofobia, ou seja,
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este indicador possibilita percebermos, de forma preliminar, como a categoria homofobia
figura dentre os trabalhos publicados (e outros campos no formulário) pelas autoras e
autores. Desta forma, altas percentagens ilustram uma maior aderência e número de
ocorrências da categoria homofobia no currículo e baixas percentagens representam
baixas ocorrências da categoria. Com base nestes dados, podemos perceber que 73%
dos currículos pesquisados tem uma relevância abaixo de 50% o que demonstra a baixa
prevalência da categoria homofobia nos currículos analisados. Dos 27% restantes em que
a relevância é maior do que 50%, duas pesquisas possuem relevância de 100%
(GRÁFICO 4).
Gráfico 4

As pesquisas ocorreram em 21 instituições diferentes, o que demonstra que a


homofobia não ocupa centralidade como categoria de análise em nenhum grupo de
estudos específico (TABELA 1). Salienta-se apenas que, na Universidade Federal de
Pernambuco, houve a ocorrência de duas pesquisas em nível de mestrado (uma na
Psicologia e outra na Educação). A maioria dos trabalhos foram realizados em instituições
públicas (60%), mas também foi expressivo o número de trabalhos em instituições
privadas (40%) (GRÁFICO 5). Se as pesquisas forem classificadas segundo a região do
país em que foram realizadas (GRÁFICO 6), a região Sudeste foi a que apresentou maior
ocorrência de trabalhos (40%), seguida pela região Sul (23%), região Nordeste (18%) e
região Centro-Oeste (14%). Na região Norte não houve nenhuma ocorrência. Uma das
pesquisas foi realizada por um brasileiro em uma universidade alemã (Universitat
Hamburg).
Tabela 1
NOME DA INSTITUIÇÃO SIGLA
Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto FAMERP
Faculdade Jesus Maria José FAJESU
Fundação Educacional Jayme De Altavila FEJAL
Faculdades Integradas Espírita FIE

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Fundação Mineira de Educação e Cultura FUMEC
PUC/RS

Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul


U.H./Alemanha

Universitat Hamburg
UENF

Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro


UERJ
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
UFC
Universidade Federal do Ceará
Universidade Federal Fluminense UFF
Universidade Federal de Mato Grosso UFMT
Universidade Federal de Pernambuco UFPE
Universidade Federal do Paraná UFPR
Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS
Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ
Universidade Federal de Santa Catarina UFSC
Universidade Federal de Uberlândia UFU
Centro Universitário de Brasília UniCEUB
Universidade Federal de São Paulo UNIFESP
União das Faculdades dos Grandes Lagos, UNILAGO

Gráfico 5

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Gráfico 6

Foram encontradas 10 diferentes áreas do conhecimento em que as pesquisas


sobre homofobia foram produzidas (GRÁFICO 7). Dentre elas, as mais representativas
foram às áreas de educação e psicologia que totalizaram, juntas, 39% das áreas em que
os trabalhos foram produzidos. Também foram muito representativas as áreas de história,
direito e sociologia, que totalizaram, juntas, 32% das áreas em que os trabalhos foram
produzidos. Foram incluídas as áreas de política e psicobiologia que indicavam
monografias de cursos de especialização. A área Política é uma categoria agregada para
dois cursos de especialização, um sobre política social e outro sobre políticas de
segurança pública e direitos humanos.
Gráfico 7

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A categoria homofobia foi encontrada em monografias de conclusão de cursos de
graduação e especialização, dissertações de mestrado e teses de doutorado realizadas
na presente década (anos 2000), não havendo qualquer ocorrência de trabalhos em
período anterior. Há um crescimento visível da presença da categoria em títulos de
trabalhos a partir do ano 2001, sendo que o ápice do uso da categoria se dá em 2007
(GRÁFICO 8). Neste trabalho verificou-se que a maioria dos trabalhos sobre homofobia
foram dissertações de mestrado, tendência essa apontada também na pesquisa de
Grossi, Minella e Losso (2006) em que a maioria dos trabalhos sobre violências afetivo-
conjugais envolvendo mulheres também foram dissertações de mestrado No que
concerne a ocorrência da categoria homofobia no título de pesquisas acadêmicas, a
maioria dos trabalhos foram dissertações de mestrado (41%), seguidas de monografias
de especialização (27%) e trabalhos de conclusão de curso - TCC (27%) e, por fim, teses
de doutorado (5%) (GRÁFICO 9).
Tabela 2
HOMOFOBIA POLÍTICAS ESCOLA E REPRESENTAÇÕES ASPECTOS VIOLÊNCIAS
PÚBLICAS E MATERIAL SOCIAIS SOBRE JURÍDICOS E CRIMES
MOVIMENTOS DIDÁTICO HOMOFOBIA DE ÓDIO
SOCIAIS
Homofobia um tema Movimento GLBT e A homofobia e a Deixem que digam, que Homofobia e Homofobia:
relevante a luta a favor da cultura escolar pensem, que falem: a princípio da análise social
criminalização da homofobia na visão dos dignidade da sobre o perfil do
homofobia e formandos de licenciatura pessoa agressor
políticas públicas da UFRPE humana

Homofobia - uma Narrativas da Homossexualidade: A representação social, O médico, o Homicídio


análise (in)diferença: um uma análise dos cultural e política da padre e o passional entre
metacontingêncial estudo sobre as PCNs e do homossexualidade jornalista: homossexuais e
políticas de programa Brasil masculina no Brasil mídia, justiça e sua correlação
segurança pública sem Homofobia contemporâneo(1945 a homofobia em com o homicídio
no combate a 1992) - a misoginização da Campos dos homofóbico
homofobia em homofobia Goytacazes
Mato Grosso

Homossexualidade: Se correr o bicho Homofobia escolar: Homofobia em Jorge Violações dos Homicídios
saber e homofobia pega, se ficar o vivências e atitudes Amado? as personagens direitos obscuros: crimes
bicho come ... um de jovens gays no homossexuais em humanos homofóbicos em
breve estudo sobre ensino médio Capitães da Areia através dos Curitiba entre
homofobia e crimes de ódio: 2000 e 2002
formas de uma análise da
enfrentamento violência
preconizadas por homofóbica no
uma organização Brasil
não-governamental
GLBT do Rio de
Janeiro/RJ

Aspectos afetivos e Corpo, gênero e Coisas difíceis de dizer: as Homofobia:


cognitivos da sexualidade: manifestações violência,
homofobia no educar meninas e homofóbicas do cotidiano intolerância e
contexto brasileiro - meninos para além dos jovens medo em
um estudo da homofobia Uberlândia-
psicofisiológico 1988/2001

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Gráfico 8

Gráfico 9

Conclusão
O presente ensaio, realizado na Plataforma Lattes, aponta a homofobia como uma
categoria emergente em pesquisas acadêmicas no Brasil, já que, além de serem em
número baixo (se comparado a outras pesquisas no campo dos estudos de gênero), são
também dispersas em diferentes programas e áreas do conhecimento. Ao mesmo tempo,
aponta para o crescimento cada vez mais representativo de pesquisas sobre a temática
ao longo desta década. Os dados do presente ensaio, são inciais e fruto de um primeiro
olhar sobre a Plataforma Lattes. Entretanto, esses dados possibilitam algumas reflexões
que vão de encontro à vontade de ampliação do campo dos Estudos de Gênero e
Sexualidades no Brasil, como enumero a seguir:
1. O avanço da Ciência e Tecnologia no Brasil parece estar diretamente relacionado
ao sexo das pesquisadoras e pesquisadores. A ocupação de mulheres em cargos

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de liderança e chefia em Programas de Pós-Graduação e Departamentos nas
universidades brasileiras pode ser vista como condição para o avanço dos Estudos
de Gênero e Sexualidades no país.
2. Percebe-se que nem todas as pesquisadoras e pesquisadores com grande índice
de relevância na Plataforma Lattes para a palavra-chave homofobia realizaram
monografias sobre o tema. Seria interessante empreender um esforço para o
estímulo a pesquisas sobre homofobia no Brasil, comprometidas com os direitos
humanos.
3. Há uma grande desigualdade regional na produção sobre homofobia no Brasil.
Além do investimento em pesquisas sobre Gênero e Sexualidades na área de
Humanidades em todas as regiões, é interessante pensar no investimento na
constituição e manutenção de núcleos de pesquisa sobre as temáticas,
especialmente na região Norte.
4. Há uma lacuna nos Estudos de Gênero no Brasil, a saber, o levantamento de todas
as pesquisas sobre homofobia e violências contra LGBTTT no Brasil. Sugere-se
investimento em um Banco de Dados nos moldes de Grossi, Minella e Losso
(2006), de caráter público, que dê conta dessa produção. Este Banco de Dados
deve ser acessível para formuladores de políticas públicas, ativistas e acadêmicos.
5. A categoria Homofobia está centrada principalmente nas áreas de Psicologia e
Educação, o que demonstra a necessidade de investimentos em análises de
caráter interdisciplinar sobre o tema, bem como o estímulo a pesquisas nestas e
em outras áreas do conhecimento.
Uma reflexão final diz respeito à relação entre as pesquisas acadêmicas e os
movimentos sociais. Uma leitura dos títulos dos trabalhos e as relações estabelecidas
entre os gráficos e tabelas nos possibilitam perceber que a entrada do termo homofobia
nas pesquisas brasileiras se faz através do movimento LGBTTT e das políticas públicas
(por exemplo, o programa federal Brasil Sem Homofobia) e não das pesquisas
acadêmicas para o movimento.
Desta forma podemos tecer um paralelo entre as pesquisas sobre violências contra
mulheres e pesquisas sobre homofobia no Brasil. Como afirmam Miriam Pillar Grossi e
Rozeli Porto (2005), no caso do campo de estudos sobre as violências contra as
mulheres, houve um impacto importante das pesquisas acadêmicas sobre políticas
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públicas e sobre os discursos do movimento feminista. O que este ensaio nos direciona a
pensar é que, diferente do caso das pesquisas sobre violências contra as mulheres, as
políticas públicas e os discursos dos movimentos LGBTTT vem atuando como uma força
no sentido de expandir e produzir um campo de estudos sobre homofobia e violências
contra LGBTTT.

Referências
BORRILO, Daniel. Homofobia. Espanha: Bellaterra, 2001.
BRASIL. Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). A
Plataforma Lattes. Disponível em: <http://lattes.cnpq.br/conteudo/aplataforma.htm>.
Acesso em: 01 dez. 2008.
GROSSI, Miriam Pillar; MINELLA, Luzinete Simões; LOSSO, Juliana Cavilha Mendes.
Gênero e violência: pesquisas acadêmicas brasileiras (1975-2005). Florianópolis: Ed.
Mulheres, 2006. 96 p.
GROSSI, Miriam Pillar; PORTO, Rozeli M. Trinta anos de Pesquisas sobre Violências
Contra Mulheres no Brasil. Sexualidade, Gênero e Sociedade, Rio de Janeiro, v. 12, n.
23/24/25, p. 5-8, 2005.
RIOS, Roger Raupp. O conceito de homofobia na perspectiva dos direitos humanos e no
contexto dos estudos sobre preconceito e discriminação. In: LOPES, José Reinaldo de
Lima; VENTURA, Miriam; LEIVAS, Paulo Gilberto Cogo; LOREA, Roberto Arriada (orgs).
Em defesa dos direitos sexuais. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2007.
WELZER-LANG, Daniel. A construção do masculino: dominação das mulheres e
homofobia. Revista Estudos Feministas, v.9, n.2, Florianópolis, 2001.

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