Tarefa para consolidação de leituras relativas à aula sobre Michael Taussig
Questão formulada para consolidação de
leituras relativas à aula sobre Michael Taussig. Sobre o texto O Diabo e o Fetichismo da Mercadoria – Michael Taussig, para a disciplina Antropologia da Mudança, pelo Curso de Ciências Sociais da Universidade Federal da Paraíba – UFPB
Professor: Monica Lourdes Franch Gutierrez
JOÃO PESSOA 2019 Exercício consolidação leitura de Michael Taussig
Base para a realização do exercício – capítulo 2 do livro O diabo e o fetichismo da
mercadoria na América do Sul (São Paulo: Editora Unesp, 2010) e filme Semillas: bien común o propiedad corporativa? (Colectivo de Semillas de América Latina, 2016. Acessível em: https://vimeo.com/240217030)
1. Qual é a crença de Taussig se propõe a desvendar? Qual a interpretação que
ele dá a essa crença e em que aspectos sua interpretação se opõe a outras interpretações sobre crenças mágicas, místicas etc.?
Taussig tenta desvendar a crença no diabo em duas regiões específicas da América
(salientando que estas duas áreas rurais estão extremamente distantes uma da outra). Para o autor, as duas crenças no diabo descritas, apesar de diferentes, possuem o mesmo fim em si, ou seja, ambas têm como objetivo produzir uma resposta de protesto da sociedade ao que se percebe como um modo danoso, prejudicial e devastador de organizar a vida econômica desta mesma sociedade. Assim sendo, em outras palavras, Taussig, sugere os trabalhadores de cana e os mineradores como precursores da luta de classes. Graças a uma contenda entre “a economia de valor de troca” (mercadorias) e a “uma economia de valor de uso” (dom), foram delineadas instituições imaginárias convenientes para conectar o mal à imagem do capitalismo. Desta forma, ao apoderar-se do diabo para si, estas sociedades acabaram por usurpar para si mesmas o grande inimigo de seus inimigos.
2. Quais são as principais diferenças entre o modo de vida capitalista e o
camponês?
Os camponeses tinham como princípio um modo de vida baseado em uma
“economia de valor de uso”, sendo estes proprietários das próprias terras. Contudo, com a chegada das grandes empresas, chegaram também grandes proprietários que tinham por princípio uma economia capitalista, ou seja, “economia de valor de troca”, conforme descreve a teoria marxista. Isso acabou acarretando a estes camponeses uma transformação em “proletariados”, trabalhadores assalariados sem-terra.
3. Pode-se falar de fetichismo tradicional ou pré-capitalismo e de fetichismo
capitalista? Discorra.
De acordo com Taussig, no pré-capitalismo os produtos criados, trocados,
produzidos pela sociedade são entendidos como sendo parte deles mesmos. Segundo ele, na sociedade pré-capitalista não há uma determinação “mercadológica” desses produtos, nem mesmo uma comoditização dos valores deles, já que o consumo é perceptível. Na visão dele esses produtos ganham “vida” na sociedade, pois integram o meio social dessas mesmas sociedades. Essa ideia sugere que tal união entre pessoas e produtos substitui de forma clamorosa o que se denomina fetichismo da mercadoria nas sociedades capitalistas, que em última análise vem ser a separação entre as pessoas e os produtos, mercadorias que produzem e/ou trocam. Ou seja, elas não conseguem se ver, ou melhor, se conectar com esses produtos ou mercadorias, mesmo sendo eles parte integrante do processo de produção. Como exemplo, podemos citar a construção dos estádios da Copa, onde muito provavelmente os milhares de operários que la trabalharam na sua construção, em momento algum conseguem se imaginar fazendo parte daquele espetáculo chamado “partida de futebol”. Assim, essas pessoas se tornam submissas a esses produtos e mercadorias, já que nesse contexto tornam-se emancipadas e soberanas.
4. No filme Semillas, quais são as principais questões envolvidas na luta
contemporânea pela propriedade e uso de sementes? É possível fazer um paralelo com o trabalho de Taussig? Ensaie!
No filme fica a clara a luta travada pelos agricultores, camponeses, na manutenção
do seu direito de produção de sementes, sementes estas, principais responsáveis pela vida econômica de suas respectivas regiões e de sua própria subsistência, já que elas fazem parte de toda a cadeia produtiva. Eles vendem, trocam, reproduzem as sementes, inclusive melhorando-as geneticamente (de forma natural, através de seleções manuais, sem qualquer manuseio direto do mapa de DNA.). Contudo, as políticas governamentais implementadas pelos respectivos países, através de leis, normas e decretos, devidamente subsidiadas pelas grandes empresas produtoras de sementes, tem como objetivo principal extirpar essa produção e, desta forma, a própria vida econômica dessas comunidades, a fim de que estas se tornem dependentes destas empresas e do próprio governo. Traçando um paralelo entre as duas situações, creio que é interessante verificar a mesma luta de classes, no intuito de preservar sua história, cultura e modelo econômico. Tendo em vista que em ambas as sociedades há uma forte rejeição ao modelo capitalista, imposto de forma arbitrária, sob um falso discurso de modernidade e aumento na qualidade de vida de social e econômica.