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No escuro da montagem

Caio Marcos Gonçalves Reis1

O que pretendo nesta comunicação é trabalhar reflexões que talvez possa ser útil
a todos. Não é da ordem universal, mas, talvez seja para todos. O interesse em realizar
este trabalho tem a ver com a população brasileira, com a Bahia, Salvador. Nisso, o que
interessa são as relações, das trocas energéticas entre esses membros sociais que todos
se relacionam dia a dia.
Há uma escuridão que exerce pressões dentro de cada um. Tais pressões criam
faltas no representante de cada um. Dito de outra forma, o terceiro milênio opera no
breu. Exatamente, no breu, gerando pressões que criam faltas representativas que se
habituam nessa montagem.
Ou seja, o gari que a pouco se graduou, defendendo seu trabalho na faculdade,
fardado de gari, expressando sua verdade e seu sintoma ao revelar seu sofrimento
narcísico atuando em nome da invisibilidade social, este mesmo gari, que é tomado pela
mídia de forma faraônica, degrada-se gradativamente, dissolvendo-se semanticamente
de gari para guri, montando no breu a falta de representante violentamente produzida
pelos membros sociais, através de suas ferramentas fetichistas, fazendo urgir aplausos
dos voyeristas.
O que quero dizer é que o terceiro milênio apresenta um modo de operar talvez,
completamente diferente do modo de operar sob o recalque. Sob essa forma que se tem
através da cultura, dos representantes sociais, do estado, dos condomínios com os
restantes membros sociais de se apresentarem minimamente compreendidos dos direitos
e deveres sob a pena principal de romper com a ética que o totem simbólico emprega
em cada um.
Primeiramente o recalque operaria a esse nível ético do sujeito, particular.
Depois cada membro inconscientemente se reuniria imaginariamente para criar
representações operando e ampliando a lógica do desejo e da falta. Ou seja, estariam
todos particularmente e socialmente cientes de onde podem andar para se satisfazerem.
Ambos, particular e coletivo, cientes que o inconsciente deseja, contudo, o shift de cada
um estreita-se na relação com o outro. Mas isso, em uma sociedade neurótica.

1
Psicanalista, Psicólogo, Pós-graduado em psicologia clínica, Analista membro da associação de
psicanálise da Bahia.
Eternamente tributária da linguagem, do dito, interdito, cobrado pela palavra, pelo
discurso que circula em qualquer instância, atribuindo características as quais os
cidadãos chamam posteriormente de princípios.
A questão do terceiro milênio é o esgotamento sem que haja mais canais de
desembocaduras para lavar as montagens. O esgoto esvaziou-se, o canal da água
evapora-se, assumindo a dimensão da galáxia e as montagens exercem o papel de
realizar operações representativas da falta no breu.
Os restos produzidos por cada sujeito, como por exemplo, as irrupções
intrapessoais de agressividade, as apertadas de feridas nos jogos de futebol, as falácias
escondidas sobre os feitos mais fantásticos nos bares das esquinas, a rivalidade de força
na queda de braço com seu pai, o questionamento sobre a conquista por uma mulher
com sua mãe, se colocam como restos os quais se esvaíram. Daí a ideia de que as
gerações não dialogam mais entre si. Os ditos jovens vivem uma realidade outra, pois,
de fato, outra realidade existe à sua porta. Não comunicam mais essas gerações, pelo
simples fato de se ter uma vida fora da própria vida. Os jovens não sabem mais sobre as
ocorrências que incidem em sua própria outra realidade. As dimensões do resto, da falta,
da dificuldade, da complexidade, não batem a porta, porque não existe mais o cidadão
que divida isso com ele. De um lado não há a menor ideia de que exista outra realidade,
o que acaba sendo muito mais grave que o não querer saber – já passamos a milhas
desses registros – e por outro lado, esse outro cidadão que se monta para representar
algo.
O canal de água enquanto linguagem se evapora assimilando a dimensão de
galáxia, justamente por dois motivos. O primeiro de exercer uma característica de
fantasia e em segundo a de exercer uma característica nua, de Real, fora fluir a
atmosfera, assim, nem sólido nem líquido nem gasoso, simplesmente aderivado, sem
condições de derivar, diferente de incapaz de derivar, colocar-se em condições de nem
considerar a derivação.
Agora, nos registros do Real e do Imaginário, o Simbólico se orienta a partir da
montagem de representantes no breu. O breu incide aí como algo que difere da
capacidade de produzir luz, ou seja, o breu não é o oposto da claridade, da luz, da
compreensão, da orientação. O breu incide sob uma resposta de denegar a ética estrita e
a derivada.
Com isso, esquecemos até que seja necessário dizer algo do Brasil, da Bahia, de
Salvador. O sintoma que dá em João dá em Pedro? Nem tanto. Atualmente o sintoma
que não dá em João, dá em Sansão. Aquele que solicitou o último suspiro de poder ao
todo poderoso, enervando-se e carregando todos consigo ao destruir as colunas da
cidade. O último suspiro antes da montagem. Ali ainda existia o resquício de
subjetividade. Hoje o resquício advém da montagem da subjetividade. Essa montagem
se instala face a face da estrutura do sujeito. Ou, para outras línguas, monta-se algo face
a face com a personalidade. O efeito disso é funcionar transmitindo comunicações a
partir de insignificâncias.
Dentro do pote de mostarda, nada precisa ter para abrir o apetite de quem está a
mesa. Funcionar a partir de insignificância é retirar o fundo do pote de mostarda e trocar
a tampa pela montagem. A personalidade então carrega insígnias Reais e Imaginárias
que são frágeis em sua representação.
Na prática funciona da seguinte maneira: uma notícia é veiculada, algo de
indignação surge, chega a ser apurado, contudo, depois, parece que o conteúdo da
disciplina era oferecido por um ser que não tinha chão e onde a cabeça era uma espécie
de bocal de caneta, usado para não borrar a transmissão do conteúdo.
Na clínica surge da seguinte maneira: fala-se de mudança, de saco cheio, de
preferir a loucura, de culpar a própria sociedade e acaba sendo eleito ou eleita a que faz
conluio com a boca de tráfico. Talvez pensem que o erro está no conluio com o tráfico.
Errado, pois, realizar conluio com o tráfico requer se colocar como sujeito que fala em
nome próprio, que sustenta uma posição e suporta a experiência mesmo que esta seja
frustrante. O grande feito da montagem no breu é se colocar sem saber por onde
começar. Não por conta do breu, e sim pela montagem desgarrada de significantes.
Nem o ultimo trago é possível. Contardo Calligaris comentou sobre um seriado
de televisão que mostrava um momento singelo de jovens vivendo tranquilamente,
despretensiosamente e de repente todos se colocam na pós-explosão de Chernobyl, um
caos, após a explosão, ainda assim pensava-se em pendurar a cortina e continuar
limpando como se esse véu jamais pudesse cair, viviam exatamente durante um curto
período uma realidade paralela, denegando o evento como todo. Mas esse seriado não
mostra Chernobyl, assemelhasse apenas ao desespero após a explosão. Nesse seriado
que não me recordo o nome, os jovens vivem uma época de entre guerras. Contudo,
próximo a próxima guerra vive-se como se não houvesse amanhã. Os desejos mais
inóspitos e remotos são colocados à tona. Esse desespero em obter experiência, em
poder descobrir-se, experimentar-se, colocar-se a prova, provavelmente ocorreu pelo
real da morte, o que de certa forma conduz o sujeito à uma dilaceração radical de suas
energias de satisfação optando a todo momento a descarrega-las. Então, desejo e gozo
atuando ao mesmo tempo. Mas, parece que na montagem do breu não ocorre nem o
último trago. Não é questão de morbidez, ou ressaca moral, fuga da alienação, contra o
sistema, não, nada disso. A montagem pretende uma substituição ao que ele considera
ser a engrenagem de seu desejo, só que operando no breu.
É preciso uma identificação com um representante, para a partir daí se colocar
como produtor de outros significantes e então se relacionar através de semblantes,
simulacros, pois nisso, pode-se experenciar que é esse eu nas relações com os outros e
assegurar ao mesmo tempo um pouco de subjetividade aparentemente própria. Mas, a
identificação do terceiro milênio ocorre através do gozo, ou seja, da descarga de pulsões
inconscientes, que se manifestam sem o representante e sem a capacidade de produzir
significantes suficientes para fazer frente àqueles limites a que falamos anteriormente.
Por isso, a montagem surge como defesa e multa o sujeito, que não sabendo colocar em
palavras essas ocorrências, passa a funcionar a partir de uma voz, sem face, sem
representante, deixando de considerar dívidas, não exercendo seu papel de
retroalimentar a estética do breu, deixando de esbarrar nesse cenário, não produzindo,
aderivando, colocando-se a mercê dos registros Real e Imaginário, compreendendo-se
como ativista da conduta.
O prognóstico disso tudo é um colapso. Se em totem e tabu, os filhos após
matarem e ingerirem o pai sente-se representados pelo totem, assimilando e
reconhecendo suas virtudes, fazendo operar um representante, ou seja, um símbolo que
amarra suas experiências e coloca em questão a possibilidade dos afazeres a partir de
um marco violento, constitutivo; hoje, o totem é o uso que se faz da palavra. O
deslocamento do simbólico para o real, ou seja, o totem hoje é aquela parafernália
tecnológica que lhe “ajuda” a registrar a passagem do avião para seu destino.
Um bilhete sem passagem de volta, apenas ida, a/penas caminhadas, errantes
montados no breu do desejo, da falta e do gozo. O colapso não tem tempo, nisso
podemos apostar, em sua atemporalidade, em sua sagacidade de permanecer em seu
tempo lógico, o colapso é o personagem mais intrigante da história. Não se monta, não
se admite adjetivo nem advérbios; o breu é acoisa para o colapso, ele deseja com o que
tem, com o que possui.
O colapso só ex-siste porque encontra falta nas leituras diárias de seus
personagens terrestres. O jornaleiro sobrevive com a performance dos egos montados, o
mesmo se dá com as vitrines, com os gadjets, dispositivos tecnológicos, componentes
de estética, análises textuais pretensiosamente vomitadas, aguardando o desfecho no
like. As cirurgias CRISP são os últimos indícios da tolerabilidade terrestre. Talvez já
exista compilação de DNA através de um cadáver. No filme Womb aparece uma
questão semelhante, a de uma mulher que ao perder o marido procura imediatamente
repô-lo através de seu próprio ventre, uma cópia então é gerada a partir da gestação que
culmina em sua relação, homem e mulher, já que, na verdade, nunca passou de apenas
cópia, logo, esperou-se o marido retornar a terra, pois o mesmo foi enviado para
relacionar-se com a mesma mulher, agora, dona do ser deste homem.
Parece-me que as depressões, os transtornos todos existentes e ainda por serem
criados são pequenas fichas diante da história dos três porquinhos que hoje, terceiro
milênio surge. As casas dos três porquinhos são esteticamente belas, da mesma
estrutura, do mesmo material, com a mesma porta. O que difere realmente são os
personagens, que não conseguem se relacionar sem que tenham que simular como que o
lobo mal irá atacar. Fazem essa simulação justamente com o lobo mal. Podem até se
montar de lobo mal para fazer a história acontecer. Os três porquinhos vivem num loop
sádico contra si mesmo em prol da finalidade da pulsão.

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