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BRENDA

A importância da relação afetiva na pós modernidade

Trabalho apresentado ao Curso de Psicologia do


Instituto de Humanidades e Saúde da Universidade
Federal Fluminense a ser utilizado como avaliação
da disciplina de Cognição e Coletivos, ministrada
pelo professor Christian Sade.

Rio das Ostras


2019.1
Com o início da pós modernidade é de observar uma mudança no prisma de
como se relacionar, isso pode ser claramente visto quando olhamos para trás e
como nossos avós se relacionavam, por exemplo. E com essa mudança podemos
cada vez mais presenciar o fenômeno da liquidez humana, inclusive no âmbito
relacional, de modo coletivo, tornando-o descartável e dificultando cada vez mais a
sua consolidação, esquecendo da primazia relacional do ser humano.
Ao nos depararmos com a noção do coletivo relacional observamos as
dificuldades enfrentadas frente essas austeridades proporcionadas pela pós
modernidade, onde há um desacreditar generalizado, indo contra a nossa essência,
pois eu não sou eu sem o outro. Sendo necessário que mesmo diante a tantas
mudanças na sociedade, olhar pra trás e acoplar a nossa vivência de hoje novos
modos de gerir nossos relacionamentos interpessoais, a fim de trazer a tona
novamente a necessidade e importância de um coletivo fortemente estabelecido.
Bauman em seu livro “Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos”
mostra um panorama da mudança relacional, onde o sujeito da atualidade líquida
seria um homem sem vínculos, onde há uma extrema dificuldade de mantê-los
frentes ao cotidiano. Mas essa afirmação de um sujeito sem vínculos é de fato muito
problemática, pois um homem sem vínculos é um homem sem relações contrariando
a importância relacional do humano. Brilhantemente ele cita Hannah Arendt a
respeito disso, “O mundo não é humano só por ser feito de seres humanos,nem se
torna assim somente porque a voz humana nele ressoa, mas apenas quando se
transforma em objeto de discurso”, reforçando o fato do ser humano não ser auto
suficiente, precisando sempre de uma voz, da capacidade de ser um objeto do
discurso, inserido no coletivo.
Essa capacidade é de extrema importância, Varela em seu trabalho explicita
isso, pois os processos de cognição dependem intrinsecamente da relação do
sujeito/eu com o mundo, ou seja, acessamos a representação das coisas do mundo,
sendo o conhecer o primado da relação, onde se destaca a dimensão relacional do
ser, e a partir disso o surgimento do afeto, que se dá somente através do
envolvimento com o mundo. A relação gera a possibilidade da inserção em um
convívio coletivo no nosso dia a dia, e que sem ela a convivência do indivíduo é
defeituosa, e fadada a problemas, um deles é a líquida sociedade que vivemos, que
constantemente nos gera mal- estar, resultado do homem sem vínculos.
Esse mal estar é retratado por Freud em seu trabalho “O mal estar da
civilização (1930-1936)”, onde ele aponta que apesar de ser inerente à vida humana,
algumas de nossas ações podem vir a acentuá-lo. As fontes desse mal estar são
três, o próprio corpo, o mundo exterior e os vínculos sociais, onde o ultimo gera os
resultados mais dolorosos, justamente pelo fato descrito por Varela, que o ser
humano precisa ser relacional, necessitando da relação com o coletivo para se
formar.
Ou seja, o ser se dá na relação, onde de fato eu não posso ser sozinho no
mundo, assim como Foucault fala sobre o poder ser uma relação que não existe na
individualidade, não estando na mão de ninguém em específico, o ser também se
dar na relação, ela está além do corpo, mas instaurada na relação , logo ele é
relacional. E essa relação não é algo estagnado,podendo se alterar com o contato,
de maneira contínua, onde se estabelece sentido e valores , ou seja, valora a
relação, assumindo então preferências, sentidos, interpretações de mundo, e a partir
disso a emoção é capaz de se tornar cognição, logo, a cognição é uma reinvenção
do ser, pois ele está em constante transformação.
Para Varela a cognição é um processo de co-emergência e que ela é
autônoma. A autonomia do sentido de que não há nada de absoluto, onde não se
opõe a dependência e logo não pode ser dada como isolamento, pelo contrário essa
autonomia nos promove a capacidade de criar relações coletivas com outras formas,
seja elas, de vida, ou até mesmo objetos. Um outro ponto importante na constituição
do sujeito é a autopoiese que é o fato do indivíduo, constituir-se, a partir do seu agir
sobre o mundo
Ele também traz outro aspecto que acaba por prejudicar muito o firmar dos
laços humanos que é uma tentação da certeza, que fala a respeito de nos fecharmos
para novas oportunidades de relações, definindo como uma tendência “a viver num
mundo de certezas [..] em que nossas convicções nos dizem que as coisas são da
maneira como as vemos e que não pode haver alternativa ao que nos parece certo”
(p.60-61), pois de certa maneira temos tanta certeza e convicção que determinada
situação se dá sempre de tal forma, a ponto de tomamos isso como uma premissa
absoluta, fazendo disso a sua pedra angular de seu pensamento nos impedindo de
“ver a vida” com outros olhos, com a possibilidade de atribuir novos significados para
determinado ponto de vista , cristalizando as relações, como por exemplo, tomar
uma experiência de relacionamento anterior como se fosse uma regra, se meu
antigo namorado me traiu, logo o proximo me traira também e por isso eu não vou
apertar os laços e nem me apegar para “doer” menos, pois todos homens não
prestam, pensamento típico da sociedade líquida. Mas frente a isso é necessário
assumir a capacidade criadora do humano, pois é a partir do nosso ponto de vista
que fazemos surgir um mundo em si.
Corroborando com a ideia da importância da relação Despret em seu texto: “O
corpo com o qual nos importamos: figuras do antropo-zoo-gênese”, dá ênfase
também nessa relação, para a produção de conhecimento. Essa ênfase se dá na
relação com o coletivo, que é uma “maneira nova de vir a ser, juntos, que fornece
novas identidades” (p.122). Ele também traz uma noção de corpo como sendo o
locus de um coletivo que produz conhecimento. Esse corpo também é o corpo dos
afetos, tanto na capacidade de afetar e ser afetado, estando sempre disponível para
criar novas relações (p.123), assim como o corpo afetivo das emoções. E é
exatamente isso que acontece em um relacionamento, há uma troca, ao mesmo
tempo que eu afeto o outro, mudando-o de certa forma, o contrário também
acontece, a partir da afetação do outro nos produz constantemente, não há como
separar, nem distinguir, é algo mútuo. Nisso se instaura um dos medos dos
relacionamentos atuais, pois a passo que eu sou afetado pelo outro, mudando-o de
certo modo, acaba fazendo-nos mais vulnerável e ao passo que eu não me deixo tão
disponível para a afetação, não sendo capaz de se relacionar plenamente com o
outro, mesmo indo contra nossa lógica, apesar disso não há uma anulação de fato
do corpo, apenas ele se apresenta de outra maneira.
A relação afetiva plena se dá através da sintonia na produção da relação, na
forma de sentir com o outro, necessitando de um certo investimento, vulnerabilidade
e o reforçar dos laços, mas isso é diferente de empatia, que é sentir no lugar do
outro, que apesar de precisar estar disponível na relação, ela em si não é tão
profunda como a sintonia.
A respeito da noção de corpo é necessário que ele possa sustentar as
variações do mundo, pois como vemos hoje há uma enorme fluidez, efemeridade,
onde tudo se dá de maneira muito rápida, mudando a cada instante, e para que esse
corpo lide com isso, é necessário que ele não esteja dado, enrijecido, para que
possa ser constantemente trabalhado e em um constante desenvolvimento. Mas
estar em constante desenvolvimento não quer dizer estar a mercê da fluidez, e nem
cristalizar as suas relações em um “conservadorismo” extremo, é necessário, por
exemplo, se ancorar na relação humana, pois é necessário, de certo modo que se
tem a oportunidade de ir pra cá e pra lá, como um barco ancorado por exemplo, mas
não a ponto de ir pra longe da necessidade de se ligar a um outro alguém, a uma
necessidade de se relacionar. Como voltando a Varela que fala sobre a primazia da
relação com o outro, como sendo essencial. Isso explicita a coemergência, sendo
um ato de se reinventar assim como o mundo que estamos inseridos.
Por isso a mudança da relação é primordial pois o reinventar-se diante ao
mundo é uma adaptação de sobrevivência, pois há sempre uma mudança coletiva
da nossa existência, porém essa ela não pode de maneira alguma ir contra a
essência e necessidade da relação de um coletivo.
Essa mudança se dá de maneira constante e sutil, é difícil de ver em que
momento específico ocorre a mudança, como por exemplo, quando deixamos de
lado a importância do relacionar-se com o outro, quando a liquidez foi instaurada em
nossa sociedade? Essa passagem é difícil de ser explicada, pois essa mudança se
dá a partir de nossas “discriminações mentais que surgem sob as condições do
nosso mundo mental interno” (Samten, p.43)
Essas mudanças se dão inicialmente através de desvios e composições, onde
“um determinado curso de ação sempre é composto por uma série de desvios cuja
interpretação , posteriormente, define uma defasagem que dá a medida da tradução”
(Latour. p.28). O “ponta pé” para mudanças se dá a partir de alguma situação que de
certo modo é problemática, no âmbito da relação podemos citar alguns
acontecimentos que contribuíram para esse desvio de paradigma, a globalização
que trouxe consigo a necessidade de uma efemeridade, assim como a desconfiança,
características que ditam muitos “estados de costume” moderno, que a fim de lidar
com esses obstáculos compôs um novo modus operandis que seria essa liquidez,
onde firma-se na ideia da efemeridade, e a lógica do afrouxar os laços da relação,
compondo uma nova maneira de se relacionar. Mas ao passo que nossa sociedade
anda, negando e evitando se relacionar com o coletivo, preferindo muitas vezes o
“individualismo”, onde aparece a nossa fantasia de que somos autossuficientes, que
de fato é uma farsa pois somos seres em relações , onde precisamos do outro,não
podendo negar nossa essência relacional, que nos faz seres humanos, será
necessário um novo desvio a fim de lidar com isso, compondo novas formas de viver
inserindo esse ponto fundamental, que é o fator relacional do ser.

Bibliografia:
DESPRET, Vinciane. O corpo com o qual nos importamos: figuras da
antropo-zoo-gênese. 2004.
LATOUR, Bruno. Cogitamus: six lettres sur les humanités scientifiques. Paris : La
Découverte. 2011
SAMTEN,Padma. As jóias do desejo. 2003
MATURANA R., Humberto; VARELA G., Francisco. A Árvore do conhecimento: as
bases biológicas do entendimento humano. 1995.
ROCHA, Jerusa Machado​; ​KASTRUP, Virgínia​. Cognição e emoção na dinâmica da
dobra afetiva.​ ​2009
BAUMAN, Zygmunt. Amor líquido : sobre a fragilidade dos laços humanos . 2003

bpromao@id.uff.br

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