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“Uma vez uma menina dançou sob o céu africano e o sol
beijou seus ossos. Ela viu seu reflexo no lago e entendeu
sua conexão espiritual. Ela nunca traiu sua Mãe África.”
Nah Dove
Matriarcado
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“Agora é hora de voltar ao nosso assunto: a biografia de Askia.*1 - Na
verdade, pouco poderia ser obtido porque quase todos os contos que pre-
cedem são mentirosos”.*2 [*1 –„Askia‟ - Título de vários imperadores de
Songhai, o mais famoso dos quais foi Mohammed Touré, Askia o Grande,
que reinou de 1493 até 1529.] [ *2 - Mahmoud Kâti, Tarikh el Fettach, p.
80, French translation by O. Houdas and M. Delafosse. Paris, 1913.
Muitos muçulmanos Africanos alteram a sua árvore genealógica, acres-
centando ramos remontando à Maomé (Mohammed), reivindicando assim
ascendência Marroquina. Tal deve ter sido a tendência dos príncipes Sara
na Gana antiga quando eles se tornaram Sarakolé, isto é, quando uma in-
filtração de sangue Árabe, acompanhada de Islamização, marcou a dinas-
tia de Ganesa.
Graças a cronistas Árabes da Idade Média, é sabido que os regentes Pretos
de Gana reinavam sobre os Berberes-Tuaregues de Aoudaghost, que lhes
pagavam tributo. “Aoudaghost” soa curiosamente como uma raiz Germâ-
nica; recorda nomes como Visigodos e ostrogodos. Esta noção se encaixa
com a hipótese de uma origem Vândala - Germânica - dos Berberes.
Ibn Battuta, que visitou o Sudão na Idade Média, ficou impressionado com
o sistema matriarcal Negro. Ele afirmou ter encontrado um fenômeno se-
melhante somente nas Índias entre outras populações Pretas:
“Eles tomam o nome de seu tio materno, e não o de seu pai. Não são os
filhos que herdam de seu pai, mas sim os sobrinhos, filhos da irmã do pai.
Eu nunca encontrei este costume em qualquer outro lugar, exceto entre os
infiéis de Malabar, na Índia. “ [- Voyage au Soudan, translated by Slane,
p. 12.]
Matriarquia não deve ser confundido com o reinado das Amazonas Afri-
canas ou aquele das Górgonas. Esses regimes lendários em que a mulher
alegadamente dominava o homem foram caracterizados por uma técnica
destinada a rebaixar o sexo masculino: em sua educação, elas evitavam
atribuir-lhes tarefas que poderiam desenvolver a sua coragem ou reviver
sua dignidade. Ele servia como enfermeira no lugar das mulheres que de-
fendiam a sociedade e tinham seus seios removidos para melhorar o seu
“arco e flecha‟. Por pouco que possamos confiar na lenda, somos compe-
lidos a supor uma inicial feroz dominação dos homens sobre as mulheres,
talvez uma época de um regime “patriarcal”, seguido pela emancipação das
mulheres e um período de vingança, aquele das Amazonas. Esta revolta e
vitória das mulheres sobre os homens foi apenas parcial, pois houveram
alegadamente apenas duas nações de Amazonas e Górgonas na remota
Antiguidade. O fato de que as Amazonas eram cavaleiras intrépidas nos
inclina a pensar que elas vieram das planícies da Eurásia, se aquela região
é de fato o habitat original do cavalo, como é reivindicado.
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O sistema matriarcal adequado é caracterizado pela colaboração e flo-
ração harmoniosa de ambos os sexos, e por uma certa preeminência da
mulher na sociedade, devido originalmente à condições econômicas, mas
aceita e até mesmo defendida pelo homem.
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Egito
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à familia da sua mulher. Todos estes inconvenientes são eliminados graças
àquilo que se designou por “incesto real”. Este é o unico exemplo de familia
meridional, com base matrilinear e na qual o homem e a mulher pertencem
à mesma família; é um tipo especifico no interior do matriarcado e que se
justifica pelos interesses superiores da nação ligados à coesão da familia
real. Pode aqui entrever-se a possibilidade de uma explicação no caso da
Rainha Hatsheput, que será apresentada no capítulo IV.
No casamento, o homem traz o dote à mulher. Esta ultima, durante toda
a história egípcia faraónica, usufrui de uma liberdade total que se opõe à
condição de mulher sequestrada indo-europeia dos tempos clássicos, seja
ela grega ou romana.
Não há conhecimento de qualquer testemunho literário ou de documen-
tos históricos – egipcios ou outros – dando conta de um mau tratamento
sistemático das mulheres egípcias pelos homens. Estas eram honradas e
circulavam livremente e sem véu, contrariamente a algumas Asiáticas. A
afeição pela mãe e, sobretudo, o respeito com o qual esta devia ser trata-
da, representava o mais sagrado dos deveres. O mesmo encontra-se ano-
tado num texto egípcio bastante conhecido:
Quando tu nascete, ela (a tua mãe) tornou-se verdadeiramente tua es-
crava; as tarefas mais ingratas não entristecem o seu coração ao ponto
de a levar a pronunciar: “Por que terei de me submeter a isto?”. Quando
ias para a escola para te instruir, ela instalava-se perto do teu instrutor,
trazendo todos os dias os pães e a cerveja de casa. E agora que cresceste,
que te casas, que constróis a tua própria familia, lembra-te sempre de to-
dos os cuidados que a tua mãe teve contigo, a fim de que ela nada tenha
a censurar-te e não venha a levantar as mãos para deus, porque ele aten-
deria à sua maldição.
A estes conselhos dados ao jovem egípcio, pode-se-ia opor a conduta de
Telémaco dando ordens à sua mãe Penélope, fazendo figura de um verda-
deiro senhor da casa na ausência de Ulisses, ou a de Orestes matando a
sua mãe Clitemnestra para vingar o seu pai.
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Bicameralismo3
Tradução: Wanessa Yano
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Referências Bibliográficas
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