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ENSAIOS
Ideia
João Pessoa
2018
SOCIOLOGIA DO DIREITO
ENSAIOS
LIVRO PRODUZIDO PELO PROJETO
Para Ler o Digital: reconfiguração do livro na Cibercultura – PIBIC/UFPB
Departamento de Mídias Digitais – DEMID / Núcleo de Artes Midiáticas – NAMID
Grupo de Pesquisa em Processos e Linguagens Midiáticas – Gmid/PPGC/UFPB
EDITORA
SUMÁRIO
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Sociologia do direito
APRESENTAÇÃO
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Sociologia do direito
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Sociologia do direito
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Sociologia do direito
PREFÁCIO
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municativa entre a geração que leu Karl Marx, Max Weber, Michael Foucault,
Boaventura Souza Santos, Roberto Lyra Filho, Roberto Aguiar, Amilton Bueno
de Carvalho, Eliane Junqueira, Luciano Oliveira, Joaquim Falcão, Luiz Alberto
Warat, Solange Souto, Cláudio Souto, João Maurício Adeodato, Roberto Da-
Matta, Alba Zaluar e temas contemporâneos que estão presentes desde a In-
trodução : Sociologia, Direito e Educação, Capítulo I Estratificação Social e
Ciência Social e Igualdade Jurídica : 1. Estratificação Social e Ciência Social e
Sobre a Igualdade: O Discurso dos Moços da Faculdade de Direito e a preocupa-
ção central dos ensaios que fazem parte da composição do livro: perspectivas
metodológicas e teóricas em descrição lúdica-didática.
Estas são questões aparentemente elementares e de cunho generalista
que são raramente bem elaboradas em manuais, livros com temas específi-
cos ou de revisão de literatura em sede acadêmica destinados para pesqui-
sadores(as), professores(as), extensionista, neófitos no campo sócio-jurídico
e curiosos(as) da interdisciplinaridade, mas que na presente obra concretiza
um espaço de potencialidades pouco referenciadas e mais intuitivas da for-
mação geralmente elementar dos bacharéis de direito no diálogo com outros
Capa campos de saberes., merece atenção para além das discussões , talvez após
10 anos revisitar o Centro de Ciência de Jurídica – atualmente composto por
Sumário
dois cursos, Campus I e DCJ – Santa Rita (este último fruto do programa de
eLivre expansão universitária – REUNI e da forte incidência das ações afirmativas de
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Sociologia do direito
tência teórica com Sérgio Adorno, Rachel de Queiroz, Pierre Bourdieu, Nobert
Elias, Émile Durkheim, Michel Foucault, Nancy Fraser , Boaventura de Souza,
Gilberto Freyre, Augusto dos Anjos, José de Sousa Martins, Wiliam Shakespe-
are, Jessé Souza e Adélia Prado, assim como, por documentos produzidos pelo
Conselho Nacional de Justiça, Ministério da Justiça e obras literárias.
Em síntese pode-se afirmar que a Sociologia Jurídica no campo das ciên-
cias jurídicas se tornou uma promotora, denunciadora e guardiã das pers-
pectivas não cumpridas que acompanharam as transformações do Estado e
da sociedade brasileira nos últimos 30 anos, ao mesmo tempo – espaço que
o mundo foi alterado substancialmente em suas formas de lidar com novos
(velhos) saberes é preciso celebrar a obra Ensaios de Sociologia Jurídica de
Manuela Galvão enquanto promessa cumprida e sinalização de que ainda
as mudanças do(s) tempo(s)-espaço(s) estão vindo conforme Mr. Bob Dylan
insiste : “Come writers and critics/ Who prophesize with your pen/ And keep
your eyes wide/ The chance won’t come again/ And don’t speak too soon/ For
the wheel’s still in spin/And there’s no tellin’ who/That it’s namin’./For the loser
now/Will be later to win/For the times they are a-changin’ “.
Capa
Sumário Eduardo Fernandes de Araújo (Edu - Paraibucano)
eLivre Coimbra, Portugal.
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Sociologia do direito
Nota a esta edição: Estes ensaios que aqui levam este nome se tratam de
leituras teóricas e pesquisas de campo realizadas durante o percurso aca-
dêmico em universidades nordestinas e em um centro universitário. Escritos
não apenas acadêmicos para disciplinas curriculares e monografias, mas fo-
ram também acatados em sociedades científicas pós-estruturalistas, socie-
dades nacionais, e locais. Contaram ainda com financiamentos para pesqui-
sa, a exemplo do CNPQ, CAPES e FACEPE. Tratam-se ainda e principalmente
de pesquisas de campo, realizadas nos muros e extramuros da universidade.
Desta feita em contato com instituições da sociedade como Juizado Especial
do Consumidor, Centro Intergeracional Sinhá Bandeira e Museu José Lins do
Rego na cidade de João Pessoa. Alguns estão publicados e disponíveis em
jornais e livros eletrônicos. Mas a forma com que neste livro são reunidos é
inédito, escolhidos entre os melhores papers e editados da melhor maneira
que houver.
A temática dominante é proveniente do direito e da sociologia. Estas
temáticas por sua vez configuram um campo do saber especializado que
é a sociologia do direito. Com este campo do saber estabeleci no percurso
Capa acadêmico apartes importantes que configuram com o passar do tempo a
fronteira do conhecimento! No ano de dois mil e dez ao aceitar o convite
Sumário
para o I Congresso Nacional de Sociologia do Direito na cidade de Niterói,
eLivre estabeleci o contato com as pesquisas que se desenvolveram no país, e a
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Capa
Sumário
eLivre
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ORAÇÃO
Muito foi feito até aqui quando somos marcados pela profissão. Para in-
gressar nesta Universidade pública, inúmeros esforços coletivos foram des-
tinados por nossa família e por nossos amigos! Muitos dos nossos amigos
se fizeram presentes e, de forma compreensiva, souberam respeitar as horas
de leitura, de testes, e de estudo. Quantas ciências nós tivemos que conhe-
cer com o coração aberto antes de aqui chegar, a literatura, a matemática, a
cultura dos autores, e a sociologia em seu regresso escolar, nós tivemos que
nos deter atentamente por horas e horas a fio. Fizemos provas e simulados
para nos habilitar aos seus caminhos. Tínhamos que ser os melhores, e o pa-
râmetro era esta Casa das Ciências, das Letras, e das Artes.
Ao chegar, tivemos a Praça da Alegria por descoberta - quantas pessoas
novas, diferentes, quanto o nosso coração se deixou cativar pelas faces de
Capa cada pessoa que a este lugar dedica sua existência - muitas vezes acordados,
vigiando os caminhos do nosso direito e da nossa liberdade. Quantos com-
Sumário partilharam de nossa condição e como somos conhecedores da identidade
eLivre paraibana e do conhecimento das diversas nacionalidades, gêneros, e gera-
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Sociologia do direito
ções! Nesta cidade de João Pessoa, e neste campus, quanto nos inspiramos,
quando parávamos para contemplar a beleza e a alegria que é estar junto no
cotidiano, e inventamos festas, e comemoramos o sentimento do mundo, e
acompanhamos as mobilizações sociais.
Muito me orgulha hoje concluir esta caminhada, e futuramente retornar
a esta casa tendo a tudo isto contemplado e, com o mesmo sentimento, a
ela jurar a fiel amizade. A casa de Mauro Koury, a casa de Amador e a casa de
Nívia Cristiane Pereira da Silva. Mas a minha casa, a casa dos meus amigos.
Nada do que se passou em seus muros nos foi alheio ou desinteressante,
tudo o que se moveu, nela se retratou na memória, tudo o que nesta Casa
brilha, brilha porque brilharam os humanos seres. É uma comunidade, um
congraçamento, uma empatia, e uma filiação inscrita na alma de seus alu-
nos. Esta mesma comunidade que media, conhece, orienta o imaginário, e
os serviços humanos.
Nesta Casa nos sentimos em casa, a nós se ofereceram o elogio da juven-
tude, as rimas poéticas da literatura, a graça do romance, as culturas teóri-
cas, a acolhida da alma em toda a sua plenitude. Os sentimentos que eram
Capa incontornáveis assim permaneceram, esperando que a letra e que a contra-
Sumário dição elaborasse a estória. E a vida se encheu de pessoas como os mares que
contemplam esta cidade estão cheios de águas. Sentimos não apenas ser a
eLivre nossa existência singular, mas a existência se tornou, ao redor destes muros,
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Sociologia do direito
A vida que conduzimos com tanto zelo e afeição é gestada no ventre de to-
dos, compartilhada cotidianamente, uma experiência gerativa do aluno, do
professor e da instituição – quatro, cinco, e demais anos que se fazem neces-
sários para ensejar esta cerimônia. Consideramos completa a nossa tarefa e
a tarefa desta Universidade. Na Paraíba, somos apenas uma nau no triângulo
das humanidades. Um triângulo infinito, cujos vértices estamos empenhados
e firmes por conhecer. Justo agora, saímos desta casa para o encontro com
o augusto, certos da fluência e fluidez das águas. Temos a certeza de que
apenas conjuntamente seremos eloquentes na tarefa de elaborar o territó-
rio da sociedade, a Casa das Palavras, a língua materna, e as práticas sociais
que nela se ambienta. Levamos esta condição gerativa como os princípios
da vida ética, fraterna, livre, gentil, e calorosa. No momento mesmo em que
somos chamados a condução da própria vida, no exato instante em que a
vivemos personalissimamente.
Capa
Sumário
eLivre
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INTRODUÇÃO:
SOCIOLOGIA, DIREITO E EDUCAÇÃO
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ciedade, não podendo esta se abster de observá-lo desde que foram inscri-
tos nas constituições modernas. Mas esta Revolução entrevia algo inédito: a
mudança da sociedade e do Estado com a mudança do modo de produção;
a mudança do capitalismo para o socialismo. Assim como o papel nascente
do proletariado na solução dos problemas urbanos.
Finalmente foi a Revolução Científica que ensejou o nascimento da so-
ciologia como a conhecemos hoje. Platão, Aristóteles, Descartes, Pascal,
Kant, Hegel, Feuerbach e a filosofia constituem a herança científica e o re-
pertório crítico da sociologia. Apenas com base na filosofia helênica é que
reconhecemos as formulações sociológicas e metodológicas como o fato
social por Durkheim. A ciência não é inteiramente nova, e Durkheim não é
apenas um autor ingênuo e positivista; nos dias atuais, ele mesmo em suas
afirmações hipotéticas - indiscutivelmente científicas - configura a sociolo-
gia da cultura.
O trabalho da sociologia e das ciências sociais, como a ciência política e
a antropologia, são dotados de três estágios: “regarder, écouter, lire”, ao qual
acrescentaria “écrire”. Deve-se observar a constituição da casa, do meio, as
Capa pessoas, a sociedade e o parentesco; deve-se ouvir os cantos, os ritos, as
Sumário crenças; deve-se ler os idiomas, e os encontros etnográficos; e escrever es-
tando aqui e estando lá (Oliveira, 2006). Este é, com efeito, o trabalho do
eLivre cientista social do qual Durkheim era exímio articulador. Não apenas obser-
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Para Marx deveria valer a relação de capital e trabalho, e deveria ser confi-
gurado o trabalho de valor social. Neste sentido, relata que à época deveria
existir a educação da classe trabalhadora, ainda que esta sofra com a aliena-
ção, deveria ser esclarecida ou educada para a emancipação e a produção
da vida material.
Por sua vez o terceiro dos sociólogos fundadores, Max Weber, onde este
refletiu processos educativos o fez de forma a criticar a reprodução social.
Para o sociólogo alemão a educação esteve voltada para processos técnicos
e de especialização característicos do Estado e sua dominação burocrática. A
ética docente neste sentido deveria estar refletindo a neutralidade sobre os
juízos de valor, no sentido de estabelecer análises ponderadas, o que equi-
valeria ao máximo de observações que seria possível estabelecer na prática
docente. É importante destacar como contribuição do sociólogo a sacralida-
de que reveste a noção de pessoa no ocidente, isto é, para ele deveria haver
uma consideração sobre o público, e esta consideração equivale a conceder
os mesmos lugares de fala, e de respeito a esta fala do público, o que confi-
guraria uma esfera pública como a conhecemos nos dias de hoje, sobretudo
Capa nas formulações contemporâneas de Habermas e Richard Sennet.
Sumário Finalmente, para concluir este aparte discursivo sobre a educação e uma
sociologia da educação como área comum a uma sociologia do direito, gos-
eLivre taríamos de referenciar um importante sociólogo que nos chama a atenção
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para o fato de que a sociologia clássica nos oferece o repertório crítico para
compreender os processos educacionais contemporâneos, e este autor se
chama Bernard Lahire. A perspectiva clássica que é adotada pelo autor é a
mesma que Pierre Bourdieu sendo este antecessor de Lahire na crítica da
educação como reprodução social. Eles envolvem as formulações não ape-
nas de classe em Marx, mas de status ou de habitus; em Weber e Bourdieu,
assim como as noções de parentesco que são proposições do conhecimento
da sociologia francesa.Propõe assim Lahire a determinação não apenas de
classe no investimento escolar mais ou menos duradouro, mas a influência
da origem e da família dos sujeitos da educação. As tecnologias e as redes
de pertencimento neste sentido são capazes de determinar as disposições
no processo educacional.
Referências
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Sumário
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PARTE I:
ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL E IGUALDADE JURÍDICA
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I
DAS DESIGUALDADES SOCIAIS NO ESTUDO
DE ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL
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1 Tornou-se consenso na sociologia que a idéia raça é, sobretudo uma construção social, situada no plano da cultura
e do imaginário, uma vez que seus fundamentos biológicos não tiveram comprovação científica a partir dos estudos
de genética. Sobre a questão de gênero: “Em todas as sociedades humanas, homens e mulheres têm sido tratados
de forma diferente (em geral sem equidade), e muitos cientistas sociais do século XIX apontaram que a divisão eco-
nômica do trabalho começou com a divisão de tarefas entre os sexos, fontes de muitas diferenças sociais e culturais
posteriores, incluindo o domínio masculino na vida política. Nas novas sociedades industriais do século XIX, ainda
eram negados às mulheres muitos direitos políticos básicos; embora estes direitos fossem sendo lentamente adquiri-
Capa dos em sociedades mais modernas, persistem formas variadas de dominação injusta”. (BOTTOMORE & OUTHWAITE,
1996, p. 208). Sobre a questão de raça: “A diferenciação por raça ou origem étnica é também uma característica im-
Sumário portante nas sociedades modernas, e distinções semelhantes ocorrem em muitas sociedades pós-coloniais e multitri-
bais do Terceiro Mundo. Nos países industriais, porém, em parte como legado do colonialismo, mais particularmente
no período do pós guerra, como conseqüência da imigração em grande escala, essa diferenciação está freqüente-
eLivre mente associada a uma substancial desigualdade econômica e social e a manifestações de RACISMO”. (BOTTOMORE
& OUTHWAIT, 1996, p. 208).
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II
SOBRE A IGUALDADE:
O DISCURSO DOS MOÇOS DA FACULDADE DE DIREITO
Considerações Metodológicas
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Resultados
a contribuição dessa atividade para sua formação, tendo o mesmo dito ser
uma experiência culturalmente interessante, além do contato que estabele-
ceu com estudantes de outras áreas “mais politizados”, mas que não via uma
grande contribuição para o conhecimento jurídico, já que o trato (teórico)
com os temas se dava de maneira superficial.
Perguntados sobre uma definição da igualdade, 62% dos entrevistados
responderam a definição clássica, cuja autoria é, segundo eles, de Rui Barbo-
sa: “tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais na proporção
de suas desigualdades”. Outros 23% responderam variações desse conceito:
“tratar da mesma forma os que estão no mesmo patamar e procurar igualar
os que se encontram em disparidade”; 7.5% responderam citando o texto
constitucional: “é ser tratado igualmente, independente de cor, raça, credo,
religião”; 7.5% definiram “é o respeito pelas diferenças e oferecer condições
para o exercício da cidadania”. Foram recolhidas também definições pouco
precisas ou vagas, que não constam nos números acima: “a igualdade é for-
ma de buscar a justiça social”; “é formal e substancial”; “é isonomia relativa”.
Na terceira parte do roteiro de entrevistas, buscou-se organizar os resul-
Capa tados a partir da ideia de tendências – positiva ou de mais acordos, dividida
Sumário entre acordo e desacordo e negativa ou de maior desacordo. Sobre a opinião
ou posicionamento dos estudantes acerca daquelas políticas de igualdade,
eLivre na maioria dos itens dispostos no roteiro, registrou-se uma tendência posi-
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Discussão
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a natureza criou desiguais, cada um, nos limites da sua energia moral, pode
reagir sobre as desigualdades nativas, pela educação, atividade e perseve-
rança. Tal a missão do trabalho. (RUI BARBOSA, 2003, p. 39)
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Positiva
Positiva
Positiva
p/ carentes Não concordo, mas aceito
Não concordo
definitivamente
Capa
Concordo plenamente 100 75 100
Reserva de
Sumário estacionamento Concordo com reservas 25
Positiva
Positiva
Positiva
p/ deficientes Não concordo, mas aceito
Não concordo
eLivre definitivamente
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Positiva
Positiva
Positiva
p/ gestantes, etc. Não concordo, mas aceito
Não concordo
definitivamente
Concordo plenamente
Reserva de vagas Concordo com reservas 50 75 33.3
Negativa
Dividida
Positiva
na universidade. Não concordo, mas aceito 33.3
Não concordo 50 25 33.3
definitivamente
Concordo plenamente 16.7 75 33.3
Escolas normais Concordo com reservas 66.6 25 50
Positiva
Positiva
Positiva
p/ deficientes Não concordo, mas aceito 16.7
Não concordo 16.7
definitivamente
Concordo plenamente 83.3 100 83.3
Medicamentos Concordo com reservas 16.7 16.7
Positiva
Positiva
Positiva
gratuitos p/ Não concordo, mas aceito
carentes Não concordo
definitivamente
Concordo plenamente 66.6 75 66.6
Isenção de
impostos p/ Concordo com reservas 33.4 25 33.4
Positiva
Positiva
Positiva
carentes Não concordo, mas aceito
Não concordo
definitivamente
Concordo plenamente 100 100 83.3
Concordo com reservas 16.7
Positiva
Positiva
Positiva
Meia entrada p/
Capa estudantes Não concordo, mas aceito
Não concordo
definitivamente
Sumário
eLivre
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Dividida
mulheres em
Positiva
Positiva
part. políticos Não concordo, mas aceito 16.7 16.7
Não concordo 16.7 33.4
definitivamente
Concordo plenamente
Justiça gratuita p/ carentes 81
Positiva
Concordo com reservas
19
Reserva de estacionamento p/ Concordo plenamente
deficientes 94
Positiva
Concordo com reservas
6
Concordo plenamente
Fila preferencial p/ gestantes, etc. 75
Positiva
Concordo com reservas
25
Concordo plenamente
Reserva de vagas na universidade. 0
Negativa
Concordo com reservas
100
Concordo plenamente
Escolas normais p/ deficientes 43
Negativa
Concordo com reservas
57
Concordo plenamente
Capa Medicamentos gratuitos p/ carentes
87.5
Positiva
Concordo com reservas
Sumário 12.5
eLivre
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Concordo plenamente
Isenção de impostos p/ carentes 69
Positiva
Concordo com reservas
31
Concordo plenamente
94
Meia entrada p/ estudantes Positiva
Concordo com reservas
6
Concordo plenamente
36
Cotas p/ mulheres em part. políticos Negativa
Concordo com reservas
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Referências
BARBOSA, Rui. Oração aos Moços. São Paulo: Editora Martin Claret, 2003.
BOTTOMORE, Tom, OUTHWAITE, Wlliam. Dicionário do Pensamento Social do Século
XX. Rio de janeiro: Jorge Zahar Editor, 1996.
BOURDIEU, Pierre. Razões Práticas: sobre a teoria da ação. Trad. Mariza Corrêa. Campi-
nas: Papirus Editora, 1997.
CINTRA, Antônio Carlos de Araújo, GRINOVER, Ada Pellegrini, DINAMARCO, Cândido
Rangel. Princípios Gerais do Direito Processual. In: Teoria Geral do Processo. 14º ed.
Capa São Paulo: Malheiros, 1998.
Sumário COMISSÃO DE CIÊNCIA E ENSINO JURÍDICO. Uma Cartografia dos Problemas. In OAB
Ensino Jurídico: diagnóstico, perspectivas e propostas. 2º ed. Brasília, 1996.
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SOUTO, Cláudio & FALCÃO, Joaquim (orgs). Sociologia e Direito: textos básicos para a
disciplina de sociologia jurídica. 2º ed. São Paulo: Pioneira Thompson, 2002.
TEJO, Célia Maria Ramos. Dos Crimes de Preconceito, de Raça ou de Cor: comentários
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VENTURA, Deisy. Monografia Jurídica: uma visão prática. Porto Alegre: Livraria do Ad-
vogado, 2000.
VILAS-BÔAS, Renata Malta. Ações Afirmativas e o Princípio da Igualdade. Rio de Ja-
neiro: América Jurídica, 2003.
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PARTE II:
O URBANO EM ESTUDO,
COTIDIANO E DIREITOS HUMANOS
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I
JOÃO PESSOA, O BAIRRO DA TORRE
E AS COMUNIDADES EM ESTUDO
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lheres lavadeiras de roupa, para banhos, e pesca, tendo perdido estas funções
e características, servindo hoje ao escoamento de dejetos, e depósito de en-
tulhos que, na época das chuvas intensas, provocam inundações com conse-
quências gravosas, sobretudo para aqueles que residem nas áreas ribeirinhas.
Embora de perfis sócio-econômicos semelhantes, ao olhar para o cotidiano
dos moradores dessas comunidades, percebe-se que suas trajetórias de vida
apontam para uma diversidade de elementos analíticos, não tendo se revela-
do homogênea a condição de cada um como geralmente se pode pressupor,
havendo ali a presença simultânea de diversas inserções e temporalidades. A
rua e a situação das casas parecem indicar a gama de relações dos indivíduos,
construídas na solidariedade de compadres e familiares, e por esta razão, con-
figura-se como um espaço ecológico, de reestruturação e revitalização. Não
obstante, a melhoria das casas, realizadas a partir de doações de materiais,
revela algumas vezes a prática comum de campanhas eleitoreiras, recebidas
com gratidão pelos indivíduos moradores e cuja contrapartida é o voto.
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Tendo estas raízes rurais, de seus filhos não se pode dizer o mesmo,
uma vez que os mais moços que participaram desta pesquisa nasceram na
cidade de João Pessoa, tendo por este motivo uma escolaridade avançada,
a mesma escolaridade que organiza o cotidiano da casa em que residem, e
que define as relações entre pais e filhos. Mas não apenas a escolaridade,
um ofício é transmitido das mães aos filhos, assim como uma conduta ou
comportamento civil. Aqueles que deixaram os estudos, e que não estão tra-
balhando partilham com alguma discrição “do pecado da tarde”, forma pela
qual distraem os pequenos que chegaram da escola, ou aqueles que visitam
a comunidade, provenientes de outros bairros.
Os deslocamentos pelos moradores que ali residem ou para aqueles ami-
gos e familiares que visitam os moradores, isto é a entrada e saída das co-
munidades estudadas, não são de maneira nenhuma à época que iniciamos
a pesquisa um trajeto normal ou fácil. Ao contrário dos dois lados as comuni-
dades são cercadas por duas avenidas de grande fluxo de carros. Além destes
riscos, a ponte que divide e que liga as duas comunidades e que ajudam os
moradores a atravessarem o Rio Jaguaribe, é a mesma ponte onde alguns co-
Capa legas de pesquisa nos chamaram a atenção para os horários de passagem.
Sumário Ao transitar novamente no final de tarde pela Avenida Beira Rio, percebe-
mos que a calçada se transformou mais a frente em uma grande praça (em
eLivre construção pela Prefeitura da Cidade de João Pessoa). Este espaço à época
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que iniciamos este estudo era destinado pela Associação de Moradores para
a organização das festas, sobretudo juninas. Além deste espaço, um terreno
baldio elevado junto a Avenida, ao lado dele, os moradores passavam a tar-
de conversando até o anoitecer, observando a passagem de carros, e con-
versando uns com os outros sobre o assunto do dia, num comportamento
que consideramos tranquilo e bastante contemplativo.
Ao transitar pela Avenida Pedro II e BR-230, descobrimos uma relação
eco-social dos moradores com a “Mata do Buraquinho” (reserva de Mata
Atlântica), uma relação espontânea e voluntária, mas que passou a ser me-
diada após a realização desta pesquisa por instituições, o que viabilizou a
construção de uma ponte de transição, evitando os riscos do transito pelos
moradores, riscos que envolveram diversos processos e vida e de morte,
com os quais compartilhamos e tivemos conhecimento. Não obstante, estes
melhoramentos e intervenções são na maioria exteriores, sendo as comuni-
dades e os moradores no nosso entendimento em muitos aspectos “aban-
donados” pela administração pública, no sentido de incluí-los de forma efe-
tiva e permanente na organização deste espaço.
Capa Relativamente às casas de propriedade privada, algumas são adquiridas
Sumário por ocupação do terreno (usucapião), e outras por relação de compra e ven-
da. Ambas são construídas de maneira muitas vezes assistencialista, pela
eLivre doação de materiais, na maioria das vezes estas doações foram realizadas
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liar o que a justiça e a educação podem ofertar aos moradores destas comu-
nidades em termos de perspectiva de vida. Senão, vejamos os diagnósticos
que alcançamos onde as dádivas não se completam, por uma miríade de
violências presenciadas no cotidiano. Não pretendemos avaliar o estatuto
da bolsa escola, mas colocá-la em avaliação e suspeição enquanto uma ren-
da de cidadania segundo o modelo sociológico.
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II
COTIDIANO E DIREITOS HUMANOS
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6 Utilizamos aqui a mesma inversão feita pelo autor do poema: “Ao inverter o sintagma natural vida e morte, o poeta
registra bem a qualidade de vida que seu poema visa a descrever: uma vida a que a morte preside. E ambas, morte
Capa e vida, têm por determinante o adjetivo “severina”. Igualam-se nisso de serem ambas pobres, parcas, anônimas. O
substantivo Severino é originariamente diminutivo do adjetivo severo. No auto cabralino há, pois, a reversão da pa-
lavra a sua origem, enriquecido em sua carga semântica.” SENNA, Marta de; João Cabral: tempo e memória; Rio de
Sumário Janeiro: Antares; Brasília: INL; 1980, pp. 58 e 59.
7 Direitos fundamentais no nosso entendimento abarcam também os chamados direitos sociais. A divisão crono-
eLivre lógica que separa as chamadas gerações de direitos somente é válida no nosso entendimento para marcar as lutas
históricas travadas em tornos dos mesmos.
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(...) é também a luta por objetivos que não são imediatamente econômi-
cos, nem políticos. Isso é compreensível num país em que grande número
de pessoas vive no limiar do urbano, da política, do direito, da justiça, da
moral, num país em que ainda não se tornaram reais algumas conquistas
elementares da Revolução Francesa.
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Como não deixamos nos enganar pela lentidão destes processos, que
podem confundir o observador, sabemos que eles provocam resíduos imen-
sos de incompreensões, e sentimentos de injustiça, porque estes indivíduos
não se sujeitam simplesmente e, atomizados ou organizados, não compre-
endem totalmente o contexto que vivenciam. Dessa forma, e sem negocia-
ção em nenhuma instância, ensaiam e reagem de forma igualmente violenta
aos processos de negação que os inferioriza e os descredencia para o exer-
cício de direitos. São reconhecidos nessa ocasião como potencialmente pe-
rigosos à ordem social, devendo ser justamente punidos porque passaram a
condição de devedores de um Estado penal.
O papel de cidadão, segundo DaMatta (1997), é vivido nestas circuns-
tâncias, de modo diferente do que dizem amplamente a Constituição e o
direito. Ainda segundo este autor, quando alguém é chamado de “cidadão”
está se complicando, encaminhado-se às vias certas de sujeição, às obriga-
ções da lei e suas penalidades brutais. Neste sentido, a cidadania costuma
ser evitada. E o que dizer acerca da compreensão de direitos, esta categoria
tão abstrata na percepção dos indivíduos? Quando não, os direitos se de-
Capa finem na concretude de uma situação crítica ou trágica, que os coloca em
contato primeiro com a Justiça, através de prisão, homicídio em legítima
Sumário
defesa, acidente ou morte banal numa rodovia. Situações que conseguem
eLivre resolver na providência divina e na ajuda caridosa de um conhecido que
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ção não constitui uma nova teoria, mas a simples afirmação de que é preciso
levar a sério o Estado Democrático de Direito: “apesar de todas as mudanças
de minha posição teórica, vinculo à teoria do discurso do direito um sentido
radicalmente democrático” (HABERMAS, 2002, p. 373)
Esta compreensão diferenciada constitui aquele caminho alternativo
apontado por Souza (2001), de pensar a relação entre valores e instituições.
No nosso estudo, relacionar valores democráticos às instituições de direito é
também o caminho para a inclusão, através do reconhecimento de direitos
e da dignidade humana àqueles deserdados no campo e na cidade, em suas
diversas formas de vida.
Não obstante a cidade de João Pessoa participe de uma mesma coreo-
grafia com relação aos países em desenvolvimento, esta cidade não é consi-
derada segundo a perspectiva adotada uma metrópole, individualista como
padrão de vida. A cidade é retomada segundo as suas especificidades locais,
isto é, segundo as biografias ou as histórias de vida de seus moradores em
suas diversas inserções e espacialidades o que valoriza sua identidade, a re-
gionalidade e a nacionalidade. Assim, a cidade de João Pessoa, e o bairro da
Capa Torre que nela se ambienta, não cuidam de um estudo “fácil”, mas de uma
Sumário realidade bela, pulsante e fluida, e contraditoriamente, difícil de determinar
pelas relações que estabelece com o “estrangeiro” ou com o “estranho” nos
eLivre moldes analisados pelo sociólogo Zigmunt Bauman.
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que é a dádiva nas ciências sociais e, finalmente qual a extensão dos direitos
na sociedade em estudo segundo este paradigma.
As ambivalências da Justiça
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quando eu cheguei lá o juiz não fez o que era certo e eu procurei e a gente
processou ele – o juiz, a gente processamos ele. (JOSÉ, Dados da Entrevista
direta, agosto de 2004)
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tinha chamado ele disse que não tinha chamado aí eu disse tudo bem, aí
ele puxou uma faca pra mim estava bêbado chamaram a polícia a mãe dele
é uma pessoa excelente, começou a passar mal, pediu pra policia não levar
ele, quando a polícia saiu ele me chamou eu sou um pai de família e que
eu não ia perder a minha cabeça com ele. Até hoje não falo com ele porque
não sou amigo, mas não tenho raiva dele fiquei chateado, a primeira vez
que aconteceu isto
E: O senhor fez o que para resolver na ocasião? Precisou da ajuda de al-
guém?
J: Olha, eu chamei ele pra conversar numa boa, mas ele saiu com uma faca
e ele não tava querendo me atender quando a policia chegou ele disse que
tava com uma faca e que ia me matar, e eu disse que não era pra levar ele
estar com uma arma branca é inafiançável, eu contei com a ajuda de Jesus
que é o pai criador, e é isso aí
E: O senhor precisou da Justiça, a instituição, em alguma circunstância?
J: Já precisei, porque a gente trabalhava nuns prédios aí e o engenheiro fez
uma divida lá no restaurante lá e ele não pagou aí o dono do restaurante de-
pois de um ano queriam me levar de cinco horas da manha preso, aí eu disse
que não estava em casa ai eu fui na curadoria do cidadão, primeiro eu fui
numa delegacia, a divida não era minha que era um engenheiro, eu disse ao
delegado que o senhor me desse a oportunidade de falar ai ele perguntou se
Capa eu podia pagar a divida aí eu disse que ia pagar de duas vezes aí na primei-
ra semana eu paguei eu atrasei quando chegou na segunda ele buzinou na
Sumário minha casa eu disse que era abuso de poder porque dívida não era para um
delegado estar cobrando fui na curadoria do cidadão chegando lá manda-
eLivre
ram uma intimação para o delegado e agi no meu direito foi abuso de poder
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Sociologia do direito
E: Deixa eu entender, o delegado foi na sua casa e entrou com uma ação
judicial contra o senhor?
J: Não, não, não, o caba do restaurante era amigo do delegado ele mandou
a polícia ir lá em casa me buscar o pessoal tudo armado aí eu tava em casa
mas disseram que eu não tava. Aí eu troquei de roupa e fui na delegacia,
chegando lá fui no delegado, aí eu acatei o que ele disse para não ser preso,
tenho que dar comer aos meus filhos, aí foi e mandou a policia lá em casa
de novo e dessa vez eu não tava em casa não. Vá na curadoria, falei com
o curador mandei a intimação para lá. (JOÃO, Dados da Entrevista Direta,
agosto de 2004)
121
Sociologia do direito
de saúde que lhe fora prestado de forma satisfatória, e pela privação da li-
berdade, a percepção do direito à liberdade.
Destaca-se o caso da moradora Luana, que sentiu “vergonha” depois de
vivenciar um processo judicial, ao agir em legítima defesa contra seu marido.
Esta fala de Luana destaca tanto a honra a ser defendida quanto a vergo-
nha nesta defesa. Entendemos que a moradora reivindica na explicação do
ocorrido em sua vida o “código de mulheres”, o que é diferente da fala atual
onde a normatividade se dá pela Lei Maria da Penha e onde a vergonha não
deveria existir em tese, uma vez que na lei se afirmam os direitos das mu-
lheres em contrapartida a violência doméstica sofrida no ambiente familiar
da casa. Dessa maneira, neste caso vivenciado pela moradora, revela-se ao
observador uma dupla normatividade, a normatividade do passado, que re-
media os efeitos do acontecido (o homicídio do próprio marido em legítima
defesa), e a normatividade que se antecipa evitando o acontecido, isto é, a
Lei Maria da Penha, que vem garantir uma série de direitos especiais dirigi-
dos às mulheres enquanto gênero no atendimento da justiça.
Nas populações estudadas, os acessos à justiça não parecem acontecer
Capa de forma individual, exceto nas questões de natureza penal que são indivi-
Sumário dualíssimas, recaindo exclusivamente sobre a pessoa que comete ato con-
trário à lei e ofende a moral coletiva. Não obstante, esta condenação mui-
eLivre tas vezes recaia sobre seus parentes, e lhes pese na sua própria identidade
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nais de justiça, identificados por magistrados, que são a lentidão geral dos
processos para aqueles que precisam contar com um trâmite burocrático
impessoal. Ao refletirem sobre seus problemas e do valor de suas vidas para
a sociedade em geral e para a Justiça, foi comum entre os moradores pas-
sarem a uma prece, chamando a justiça divina depois de terem conhecido a
Justiça (da sua terra ingrata). A divindade, sim, existe piedosa, e ameniza a
dor da injustiça para a gente pobre que eles são.
Segundo Koury, é através da emoção ou do sofrimento que se pode pen-
sar o cotidiano de homens pobres e o processo de exclusão social. O luto e as
representações da morte são resultantes da situação onde os indivíduos in-
vestigados se encontram e do mundo da imaginação e da espiritualidade ao
qual recorrem e para o qual, inclusive, retrocedem. Dessa forma, Koury analisa
dois casos: um grupo de mendigos que perdeu um dos seus elementos, uma
família que perdeu pai e marido para uma prisão brasileira. Nos dois casos, foi
observada a ausência da cidadania e do luto. Foram consideradas a exclusão
social em relação aos processos sociais da cidadania, no urbano mais cruel, e
as ações da violência e da prepotência institucional no trato dos homens co-
Capa muns. As narrativas de sofrimento compreenderam a complexidade da situ-
ação do processo de individualização no Brasil atual. Processo que referencia
Sumário
a ambivalência entre os costumes tradicionais e as sensibilidades emergen-
eLivre tes, mas principalmente a prática autoritária e de exclusão social que marcam
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E: O senhor acha que foi dado este direito? E se não tem, porque não foi
dado?
C: Esse direito foi dado, eu tinha todo o direito, agora não recebi, é porque
não recebi, hoje em dia quem vale é quem tem né, quem tem, hoje em dia
um homem tem muito advogado e pronto, e ta o advogado em cima, fala-
ram para ele vender para pagar, ele vendeu um parte pagou o pessoal e o
resto...
(CRISTOVÃO, Dados da Entrevista Direta, agosto de 2004)
Considerações
Capa
Sumário O trabalho de iniciação científica acerca dos estudos urbanos e seus pro-
blemas nos fez voltar os olhos para o nosso lugar familiar, mas nem por isso
eLivre conhecido, como também acerca das desigualdades que sustentam as dis-
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que nos foram revelados por estes moradores não diferem da literatura de
tanta ciência que se aproxima em muito da realidade da justiça que busca-
mos aqui significar.
Como nos indicou José de Souza Martins, o fortalecimento dessa imagem de
vítima e de incapaz desses indivíduos, feita por empresários, missionários, fun-
cionários do Estado, e cientistas sociais, “empobrece a todos em padecimentos
desnecessários, privando a todos das possibilidades históricas de renovação e
transformação da vida”. Ao cabo desta iniciação científica, queremos nos referir
principalmente à postura do pesquisador em face de uma temática onde tudo
parece já ter sido dito e explorado. E mesmo assim, as iniquidades figuram como
dados e perduram, justificando políticas pontuais em todos os níveis. Restou-
-nos, desde a escolha de teorias, até a investigação empírica, buscar o enfren-
tamento científico e alternativo das tragédias que sabemos ser cotidianas em
sociedades periféricas, como a brasileira. Numa sociologia política, buscamos
uma reflexão corajosa e transformadora. Esta reflexão, aprendemos, costuma
ser cunhada de ingênua e utópica, como se diz do preceito constitucional que
sinaliza para a “erradicação da pobreza”. No entanto, há um jogo, se podemos
Capa chamar assim sem o perigo da superficialidade, há um comportamento institu-
cionalizado, em redes invisíveis e objetivas a desqualificar indivíduos e grupos
Sumário
sociais, que deve ser revertido ou modificado, e isto começa no momento mes-
eLivre mo em que na nossa ação vamos retirando suas obscuridades e seus véus.
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Capa
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Sumário
MARTINS, José de Souza. A Chegada do Estranho. São Paulo: HUCITEC, 1993.
eLivre
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Sociologia do direito
Capa
Sumário
eLivre
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PARTE III:
PRÁTICAS JUDICIÁRIAS E JUSTIÇA DO CONSUMIDOR
Capa
Sumário
eLivre
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I
JULGAR E CONCILIAR:
PRÁTICAS FORMATIVAS DA JUSTIÇA PÚBLICA
Julgar e Conciliar:
as práticas judiciárias numa perspectiva comparativa
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Sociologia do direito
se pode comparecer com razão diante de Deus, para o sistema arbitral, que
realiza uma justiça mútua sobre as cabeças: Ele não é um humano como eu,
para eu responder e juntos comparecermos em juízo. Se ao menos houvesse
um árbitro entrenós, para pôr sua mão sobre os dois! Então eu falaria sem o
temer, mas não é assim o que se passa comigo (Jó, 9, 32-35).
Com efeito, remonta a este período o sistema arbitral ou a prática de for-
mular acordos comuns no desenvolvimento do mercado, nas suas primeiras
formas corporativas, isto é, pertinentes às relações regidas pela economia,
derivadas da liberdade de contratar. Segundo Weber (1999) há relações ele-
mentares entre o direito e a economia, tendo o direito moderno se especia-
lizado justamente ao conceder autorizações que servem ao desenvolvimen-
to da ordem econômica, pondo-se ao serviço de seus interesses, baseando
suas expectativas em acordos50. Para o autor de “Economia e Sociedade”, a
ideia de acordo jurídico corresponde a troca de mercado:
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“Em alguns conflitos, a solução judicial contenciosa pode ser a pior de to-
das, sendo a justiça coexistencial aquela que leva a uma reaproximação das
posições, as soluções nas quais não há necessariamente um perdedor e um
vencedor, mas antes há uma recíproca compreensão, uma modificação bi-
lateral (ou multilateral) dos comportamentos (CAPELLETI, 1993).
Capa
Sumário O Estado não é simples instrumento de canalizações e concentrações; é,
eLivre em certo sentido, o centro organizador dos próprios subgrupos. Eis o que
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Sociologia do direito
este não seja opressivo aos indivíduos, e da mesma maneira que o Estado
seja liberado dos indivíduos. O Estado não é, portanto, um antagonista do
indivíduo, mas seu dever fundamental é o de chamar o indivíduo progressi-
vamente à existência moral. Esta consiste numa atividade interna que não é
econômica ou mercantil, no sentido de multiplicar as trocas; uma atividade
moral pressupõe uma disciplina, uma obrigação e um dever necessariamen-
te vinculados a forma democrática do Estado, e que as ações sejam de acor-
do com regras mais justas, e segundo o grau de generalidade:
“os deveres cívicos não passarão de forma mais particular dos deveres ge-
rais da humanidade (...) as sociedades, porém, podem consagrar seu amor
próprio não a ser as maiores ou as mais abastadas, e sim a ser as mais
justas, as mais bem organizadas, a possuir a melhor constituição moral”
(DURKHEIM, 1983, p. 68).
166
Sociologia do direito
Chanial chama a atenção para o fato de que o Estado é uma tarefa prá-
tica e contínua, um “processo experimental” que “deve sempre ser reco-
meçado”, pois “o Estado deve sempre ser redescoberto”. Ela deriva então
de um “processo de busca” coletivo pelo qual a sociedade, através de seus
públicos, se esforça para identificar e tratar os problemas que decorrem das
ações humanas (CHANIAL, 2004). Segundo Martins(2004), a gestão estatal
tem enfrentado desafios no contexto da ordem pós-nacional, que implica
na descentralização e nas alianças do Estado com os grupos que lhe fazem
parte, as associações não governamentais e associações locais, contribuindo
para estimular diversas mobilizações cívicas e autonomizantes. Com efeito,
segundo este autor, o paradigma da dádiva oferece recursos para repensar
Capa o Estado e a gestão pública na perspectiva local:
Sumário
Desde logo podemos avançar que este conceito (dom da cidadania) exige,
eLivre de um lado, a revalorização do papel do Estado na organização dos pres-
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deixa de estar imbuída do dom, eis que no momento de suas fixação o dom
está nos interstícios do Estado. De outra maneira, se a regra legal é uma
forma impessoal que cria dádiva entre estranhos, vincula igualmente de-
mandantes, ares ou concidadãos, se participaram ou não de sua elaboração,
com maior ou menor interesse individual, o corpo legal regula as relações
interpessoais e numa escala mais ampla, equalizando simetrias e posições
de classe.
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Capa
Sumário
eLivre
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II
JUSTIÇA DE CAMALEÔNICO:
O FLUXO DAS INTERAÇÕES SOCIAIS
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um assunto, a uma promessa, a uma prestação, sendo por isso unilateral, etc.
Precisamente a decomposição dos complexos fatos plásticos da vida cotidiana
numa série de atos elementares juridicamente qualificados de forma unívoca é,
de fato, uma das tendências, metodologicamente de enorme alcance, do antigo
direito civil. Essa tendência ao procedimento analítico corresponde exatamente
ao tratamento primitivo dos deveres rituais dentro da religião nacional-romana
(WEBER, 1999, p. 95). Como expusemos, os juizados especiais é um micro-sis-
tema de direito autônomo em face ao sistema comum e a pirâmide judiciária,
onde as demandas não sobem na hierarquia às instâncias superiores.
Segundo Ortner (1993), autores como Bourdieu, Giddens, Sahlins pare-
cem concordar com a ação imediata, onde se está em jogo a execução de re-
gras e normas, parecem também concordar com um tipo de “voluntarismo”
heróico ou romântico, que enfatiza a liberdade e a invenção relativamente
irrestrita dos atores – numa visão da ação considerada nos limites da escolha
pragmática, na reação a decisão e/ou.... Se em alguns cadernos, estas teses
estão articuladas segundo fatos e normas, da reclamação a contestação, e
assim por diante, ampliando a compreensão racional do conflito com pare-
Capa ceres e julgados no “diálogo respeitoso” no sentido da “não dominação”; de
outra maneira, as teses são frontalmente opostas, havendo aqui o que de-
Sumário
nominamos de transfiguração de fatos e normas para o leitor dos cadernos
eLivre processuais, para os juízes e conciliadores.
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não é única e nem dominante, não se pode excluir do discurso analítico uma
classe completa de termos emocionais – necessidade, medo, sofrimento, de-
sejo e outros que seguramente são partes da motivação (ORTNER, 1993, p.
48). Neste sentido há juris prudências que mandam a empresa concessioná-
ria calcular a recuperação de consumo na média dos meses anteriores, afas-
tando os valores estimativos exorbitantes que considera o número de bens
da residência consumidora, sendo um caso típico de defesa do consumidor
na salvaguarda da jurisprudência.
No caso da telefonia, aconteceu sistematicamente a reclamação de liga-
ções não originadas dos terminais dos consumidores. Estas batalhas ou litígios
colocaram em jogo duas verdades, difíceis de serem averiguadas na simples
contraposição de argumentos individuais e na desconfiança de um ao outro.
A cada página manuseada do caderno processual, comumente fomos surpre-
endidos com um fato novo, ou um mesmo fato modificado, camaleônico, no
discurso assertivo e confrontacional, que consiste na obrigação de falar de
acordo com regras de disputa. São estas as regras do jogo hegemônico que,
segundo Young (2001), silencia e desvaloriza os menos privilegiados, que se
Capa sentem diminuídos, frustrados, perdendo a confiança em si, ao ser colocado
em segundo plano o discurso tentativo, exploratório ou conciliatório.
Sumário
A “plasticidade dos fatos” é uma característica dos processos confronta-
eLivre cionais, onde não é possível um entendimento prévio e onde fatos e normas
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dores, dos grupos que fazem parte na utilização dos serviços, dos aumentos
injustificados no valor da assinatura pela empresa de telefonia, e até mesmo a
capacidade salarial do reclamante na comunidade de Camaleônico, informa-
ções que são imprescindíveis no julgamento entrepares. Dessa maneira, a re-
clamação é acolhida na prática conciliatória, e julgada na prática inquisitorial.
A única forma correta de colocar o problema é antes esta: até que ponto
são as concepções “populares”, isto é, difundidas entre os interessados no direi-
to, capazes de impor-se contra o “direito de juristas” dos praticantes do direito,
constantemente ocupados com a invenção dos contratos e com a aplicação do
direito (“advogados e “juízes”). (WEBER, 1999, p. 84). Em termos materiais, este
julgamento confirma julgamento de primeiro grau nos seus próprios termos,
não se fazendo como de praxe uma satisfação das partes em argumentos racio-
nais, evitando-se uma nova tese e, na falta de ação deliberada, confirmou-se a
tese legalista de primeiro grau aos consumidores reclamantes. A decisão despa-
chada se viabiliza formalmente o prosseguimento processo, ao não reexaminar
a matéria, torna o recurso neutro e negativo enquanto instrumento autônomo
Capa em face do inconformismo da parte solicitante com a decisão de primeiro grau.
Finalmente, esta atividade da turma recursal, ao desapreciar as teses opostas
Sumário
nos termos objetivos, viola a reciprocidade entre os agentes no sistema de di-
eLivre reito e na sua base entre os pares constituintes da relação em deslinde.
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Capa Sendo esta a decisão final soberana do Juizado de Camaleônico, não foi
Sumário este, todavia, o desfecho definitivo do caso da assinatura telefônica, uma
vez que as vias judiciais comuns foram acionadas “alternativamente” pelos
eLivre autores interessados na demanda. As ações de inexigibilidade da cobran-
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lação nas modificações contratuais que deixavam de ser justas para serem
desmesuradas. Finalmente, sendo hegemônico a necessidade de regulamen-
to, fora aprovada lei, sendo a conversão de plano telefônico nos terminais
consumidores realizada até julho do ano corrente. A empresa concessionária
tem autorização para cobrar legalmente a queixosa “taxa” de assinatura de
manutenção com franquia de minutos, pondo a disposição dos consumido-
res planos residenciais obrigatórios – o básico e o alternativo, cuja cobrança
contratual passa a ser renomeada de pulsos para minutos – conforme enten-
dimento pacífico dos órgãos de defesa do consumidor, buscando facilitar o
controle das contas pelos consumidores. É preciso observar, no entanto, que
a mesma autorização legislativa dispõe sobre adicionais de tarifas e taxas
de complementação, e que o simples ato de atender a ligação local se pro-
cessam alguns minutos - modificações em que há tempo para conformação
pelos consumidores, tornando-se a priori indiscutíveis.
Na definição legislativa e, na nova situação contratual, poder-se-ia dizer
que a defesa do consumidor foi efetiva na medida de forças com os interesses
e sabedoria do mercado? Os planos oferecidos são compatíveis com as neces-
Capa sidades dos consumidores e as exigências trazidas com o atual estágio de de-
senvolvimento tecnológico? Estas questões demandariam estrategicamente
Sumário
análises e observações amplas. Pensamos que, na forma liberal, consumidores
eLivre e empresas concorrentes criarão planos de serviços... tendo em vista a quali-
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Sumário
“É lícito aos interessados prevenirem ou terminarem o litígio mediante
eLivre concessões mútuas” (art. 840, CÓDIGO CIVIL). A ausência de inscrição de
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lei acima de tudo, mesmo ciente de que a promovida sofre várias reclama-
ções nesse sentido. (SENTENÇA DE MÉRITO, Juizado de Camaleônico, 2005)
Sumário
(...) verificada a ausência de qualquer pressuposto de constituição ou de-
eLivre senvolvimento válido e regular do processo, deve o mesmo ser extinto sem
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Considerações
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mente a interpretação do julgador, cuja ação legítima tem por sentido maior
o acolhimento e melhoria da boa vidada comunidade no controle dos gas-
tos e do orçamento das cobranças crescentes, que se mostram excessivas
e onerosas da parte das empresas concessionárias públicas – sendo estas
de caráter privado e de forte sentido público na organização da vida social
moderna. Se ultrapassar o formalismo significa ir além do direito, as recla-
mações e as jurisprudências teriam a fixação ampliada para alcançar a vida
social, sendo registro e instrumentos da coletividade, da experiência política
local, o que assegura, na regulação do mercado, o consumidor em face das
séries de redefinições contratuais.
Dessa maneira, além das políticas e programas sociais, o Estado atua-
ria positivamente no judiciário, sobretudo enquanto garantidor das relações
conflituosas e da vida social, na passagem ao estado de paz e, nos limites
com o mercado, para uma adequada oferta e retorno dos bens essenciais à
comunidade, resguardando os indivíduos tanto na sua individualidade quan-
to a coletividade, redirecionando em proposições coletivas e locais, ações
normativas para as empresas concessionárias - administrando a justiça do
Capa consumidor, o ambiente de negócios, a liberdade e segurança nas relações
sociais e financeiras tanto das empresas, quanto dos consumidores. Esta
Sumário
proposição tem algumas consequências, como a de formar um pacto subs-
eLivre tituto ao entendimento predominante nos Juizados Especiais de que o cons-
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Capa
Sumário
eLivre
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PARTE IV:
TEORIA SOCIOLÓGICA DA DÁDIVA,
REDES E CONSTITUIÇÃO SOCIAL
Capa
Sumário
eLivre
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I
O SISTEMA DE DIREITO
E O RECONHECIMENTO SOCIAL
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tivo. Por outro lado, a sociologia de Durkheim realiza uma reflexão em que
a transição das dádivas que circulam nas sociedades primitivas é considera-
da em primeiro plano na investigação atual das sociedades que tem como
regra a divisão social do trabalho. Por que é tão importante sustentar esta
amarração como um problema inicial aos estudos comparativos? A resposta
a esta pergunta é que devemos criticar o direito e a justiça que sustenta uma
sociedade nos limites agonísticos, e radicalizar a compreensão da doação e
da solidariedade como perpetuação do elo social.
A doação ao integrar a regra normativa da divisão social do trabalho
não implica apenas na disposição ilimitada pelo dono do capital da força
de trabalho. É o que pensam os marxistas acerca do paradigma da dádiva.
O princípio da reciprocidade, ao se somar aos demais princípios republica-
nos, como a igualdade e a liberdade definem contraprestações recíprocas,
onde a questão da internacionalização e particularidade do direito importa
na constituição dos contratos sociais. Porque o princípio da reciprocidade
inclusive modifica a posição inicial sob o princípio republicano da igualdade,
ao desvelar o véu da ignorância, sob a pactuação de pessoas que partilham
Capa bens de acordo com a situação espacial no qual se encontra motivados. Isto
é, a disposição da força de trabalho pelo empregador como regra não de
Sumário
reciprocidade, mas regra de exploração, modifica-se crescentemente com a
eLivre democratização dos meios, assim como pela disposição da força de trabalho
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Sociologia do direito
Dádiva e Associativismo
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Para Boltanski, elas estariam pautadas pela forma mais pura de amor, a es-
trutura cognitiva da pessoa partiria da ágape nas relações caracterizadas
pela gratuidade. Segundo Haesler, Boltanski reduz a dádiva a um ato único e
pré-reflexivo, sua concepção carece da ideia essencial de que a dádiva visa o
vínculo social e a síntese social. Assim segundo este autor, Boltanski exclui-
ria, de saída, que a dádiva possa ser objeto de uma prática, consistindo ape-
nas “no desabafo espontâneo da alma e, assim, que permaneça inexplicável
como tal” (Haesler, 2002, p. 142).
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ços edificados e marcados que são coloniais. Estes são aspectos dominantes
nas relações cotidianas, e nas instituições que dão suporte a este cotidiano,
como as instituições de justiça e de administração: a assinatura de projetos
modernizadores, que não consulta ou envolve os moradores da cidade em
seu conjunto identitário.
Para Roberto DaMatta, a relação de identidade passa pela domesticidade
do brasileiro, trata-se de uma relação como a descrita por Gilberto Freyre -
relações da casa, no caso brasileiro da casa patriarcal, e das relações além da
casa, o espaço de liberdade e de exercício de direitos. Este novo lugar, por
alguns filósofos americanos e alemães denominado de esfera pública, ou de
mundo da vida, é o mundo do cotidiano, ou da sociabilidade, da objetivida-
de, e das ciências sociais. Entretanto, não é adequado dizer que os espaços
da domesticidade e da publicidade nas sociedades que estudamos estão
separados rigidamente ou metodologicamente. A desagregação da casa é
refletida muitas vezes pela desagregação da “rua” nos termos utilizados por
Roberto DaMatta.
A proposta do livro de Roberto DaMatta transcende método, estilo e in-
Capa tenção de uma antropologia social bem comportada, e utiliza a casa e a rua
Sumário como categorias sociológicas fundamentais para a compreensão da socieda-
de brasileira (o que pensa, vive e faz, suas idéias, valores e sistema de ação).
eLivre Casa e rua não são somente espaços geográficos ou coisas físicas mensurá-
252
Sociologia do direito
veis - são entidades morais, esferas de ação, províncias éticas positivas, do-
mínios culturais, institucionalizados e, por isso, despertam emoções, reações,
leis, orações, músicas, imagens. Casa pode ser definida por uma oposição
(senzala e mocambo para Freyre) ou complementaridade. Essa é a oposição
básica da gramática social brasileira para Roberto DaMatta. No caso brasi-
leiro, há o englobamento (Dumont) da rua pela casa, restando a sociedade
como “a grande família” (típico do discurso populista, e oligárquico, usado
no rompimento de impasses legais ou institucionais). Dessa forma, temos
um sistema de leitura e de classificação diferenciado e complementar: a casa
ressalta a pessoa e emoções; a rua, o decreto, a lei, a emoção disciplinada,
e permite a exclusão. Além das interpretações dualísticas do Brasil – família
ou economia, costumes ou classes sociais; a tese de DaMatta é que se pode
juntar estas coisas para se ver a totalidade. Mais importante que elementos
em oposição, são a conexão e a relação, estudar a sociedade de modo aber-
to, em seu movimento.
Preferimos chamar de cotidiano, por entendemos que o recorte popu-
lar “rua” se refere à insatisfação da relação trabalhista - das relações traba-
Capa lhistas que ao mesmo tempo são familiares, e que utiliza a expressão cor-
riqueira “a porta da rua é a serventia da casa”. Entendemos “rua” também
Sumário
no sentido damattiano como o espaço de exercício dos direitos de cidada-
eLivre nia, da secundidariedade, o que é muito diferente ou contrastiva a termi-
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Capa
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II
TEORIA DOS SISTEMAS, REDES E ASSOCIATIVISMO
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Sociologia do direito
Capa
Sumário
eLivre
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PARTE V:
CIÊNCIAS SOCIAIS, DIREITO, LITERATURA, ARTE,
RECREAÇÃO E A CONSTITUIÇÃO
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I
CAPOEIRA, LITERATURA E CIÊNCIAS SOCIAIS:
OS DESAFIOS DO FAIRPLAY
Introdução
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Para compor o quadro que versa sobre a capoeira do Mestre Marcio Ro-
drigues de Lima (Raposão) realizei a etnografia, ―participando das rodas de
Capa
capoeira. No treino, aprendi a capoeira, refletindo princípios de disposição e
Sumário de arte, reunindo sobre estes, a experiência com o desporto de competição
eLivre escolar (voleyball), onde além de atleta, regi por uma partida competitiva o
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Capoeira e fair-play
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vas servidões, pelo ofício elogioso das culturas externas onde pretende ser
o animador. A instituição política oculta e negocia a ausência de liberdade, a
mesma liberdade que realiza o fechamento do espírito nativo: mantém em
código a cultura sobre a inspiração individualista, e o controle dos aparelhos
políticos processualísticos, procedimentais, convertidos em pacto não ape-
nas formal, mas desumanizado.
Considerações
alógicas no estado físico: não apenas ao aceitar a luta pontual, mas para in-
gressar na dinâmica da roda, que lhe é periódica e sucessiva. Esta avaliação
de estado físico no treino inicial reagrupa a personalidade na roda: separa,
situa, caracteriza os avanços e os limites do conjunto associativo.
REFERÊNCIAS:
Capa
Sumário
eLivre
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II
CIÊNCIAS SOCIAIS, DIREITO E LITERATURA:
ARTE E RECREAÇÃO NA COMPREENSÃO DA CONSTITUIÇÃO
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Assim, poderá faltar uma regra, porém não o contexto dialógico. Morais
(2013) argumenta que se devem ensinar as regras e que exista uma regra
de regramento, isto é uma regra que explique como uma regra deve ser
seguida. Esta preocupação se justifica uma vez que não se pode alegar o
desconhecimento da lei e dos costumes e quiçá da moralidade que é a base
do regramento para agir ou deixar de agir. A recomendação é chamar como
alternativa a regra vizinha, ao mesmo tempo em que não se deve apartar da
normativa geral do jogo. Se há jogo sem normativa este é anômico, não pro-
fissional e não recreativo, isto é, assim como o recrudescimento da norma-
tiva revela que esta não esboça parâmetros sobre a pluralidade comparativa
e normativa. Como dissemos anteriormente, o contexto dialógico não deve
ser apenas procedimental, mas potencial sobre os espaços de convergência
e de convivência.
Com efeito, a regra geral é o fairplay, isto é, o respeito sobre o jogo do
outro e o conjunto dialógico. Este se é figurativamente competitivo, os seus
jogadores não são adversários, mas convivialistas. Da mesma maneira que
ao ingressar em um domínio independente e distinto se deve observar as
Capa regras de respeito ao domínio, esta regra geral se combina com o discurso
dos direitos humanos: assegura-se que os coletivos se conduzam em sua di-
Sumário
nâmica própria, reconhecida profissionalmente, e que ao mesmo tempo se
eLivre conduza uma dinâmica terapêutica ou recreativa sobre o mesmo, revelando
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institucionais, situando esta a parte, não obstante seja esta uma tradição
que se modifica socialmente.
A questão da herança de terras pelos filhos segundo a regra da igualdade
é questionada no interior da sociedade camponesa. Trata-se de uma socie-
dade que discute padrões de legalidade, confrontando-os com os princípios
revolucionários e assimilando estes como princípios políticos primordiais,
isto é, de acordo com a teoria americana da justiça de John Rawls: valendo-
-se da permanência institucional, apropriando-se dela republicanamente, e
desfazendo-se do véu da ignorância.
Na passagem de uma sociedade agrária para a sociedade de consumidores
existe uma questão que consiste em adotar problemas que a sociedade de con-
sumidores não vivencia diretamente, esta reportando a si aquela decisão que
lhe é estranha. Ou então uma decisão eletiva optando e priorizando a consciên-
cia adversarial como regra de justiça sem considerar o trabalho nas democracias
de experimentação ou exercício de alteridade e imaginação como idealmente
vivenciaram sociedades camponesas. Este que é atualmente um procedimento
típico às burocracias administrativas. Reporta a falência de uma perspectiva so-
Capa bre a adoção espiritual de experiências alheias como objetivo de governança.
Sumário Este percurso é, aliás, o que causa uma identidade fragmentada.
Em depressões sociais e psicológicas, desfaz-se das pessoas onde elas flo-
eLivre
rescem interiormente, ou mesmo estabelecem os práticos com estas apartes
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O Negro
Capa
Oh! Negro, oh! Filho da Hotentóia ufana
Sumário Teus braços brônzeos como dois escudos,
São dois colossos, dois gigantes mudos,
eLivre Representanto a integridade humana!
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manifestação local em apoio ao Passe Livre. É, com efeito, uma versão das
manifestações sociais endossadas pela emancipação literária disseminada
pela educação como a que viemos pautando até aqui, sendo o Movimento
Passe Livre aquele que propiciará uma consciência de si e do entorno, e a
vivência literária, notadamente escolar.
Para assegurar o patrimônio que temos são necessárias algumas me-
didas de observação e fundamentação, quais sejam, assegurar a sua histó-
ria, tendo como contrapartida definição de prioridades e de práticas, assim
como assegurar o patrimônio que é imaterial, os caminhos da sabedoria e
do conhecimento para os jovens e a juventude. São imateriais a metodo-
logia, a dialógica, a interativa (cooperação, conflito, negociação, acusação),
estes que não podemos prescindir sem que caiamos em auto-enganos e nos
arriscamos por causa do conhecimento.
Pensando o escritor como o nativo relativo (CASTRO, 2002). O nativo rela-
tivo pensa como o antropólogo, porém sua prática é diferente: a elaboração
do ponto de vista do nativo não é o mesmo que o ponto de vista do nativo,
uma vez que estas relações são mediadas por espaços diferenciados. O an-
Capa tropólogo e o nativo estabelecem entre si consigo apartes ficcionais, imagi-
Sumário na uma experiência, e experimenta uma imaginação. Colocamos a questão
se esta equivalência não corresponde a escusa de pensar a si mesmo regres-
eLivre sivamente?
314
Sociologia do direito
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Sociologia do direito
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