Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
1. INTRODUÇÃO......................................................................................................................4
2. PROPRIEDADES GERAIS...................................................................................................4
3. TERMINOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO..............................................................................4
4. CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS.......................................................................................5
5. OCORRÊNCIAS E DISTRIBUIÇÃO....................................................................................9
7. PROPRIEDADES BIOLÓGICAS........................................................................................10
8. EMPREGO FARMACÊUTICO...........................................................................................11
3
10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................15
4
1. INTRODUÇÃO
2. PROPRIEDADES GERAIS
3. TERMINOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO
4. CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS
A variação estrutural das agliconas pode ser mais facilmente entendida considerando a
classificação em saponinas esteroidais e saponinas triterpênicas.
6
Em relação à conformação espacial, a fusão dos anéis A e B pode ser cis (H-5 em
posição β, como na esmilagenina) ou trans (H-5 em posição α, como na digitogenina). Já a
fusão dos anéis B/C e C/D é trans, enquanto que os anéis D/E têm junção cis (figura 1).
As saponinas de caráter básico pertencem ao grupo dos alcalóides esteroidais, que são
característicos do gênero Solanum (família Solanaceae). Possuem nitrogênio no anel F e são
conhecidos dois tipos de estruturas: espirosolano (quando o nitrogênio é secundário) e
solanidano (quando o nitrogênio é terciário).
Os compostos com núcleo espirosolano podem existir nas configurações 22R,25R
(exemplo, solasodina encontrada na batata-inglesa) ou 22S,25S (exemplo, tomatidina
encontrada no tomate) (figura 2) .
7
Nos compostos com núcleo solanidano, o nitrogênio pertence aos dois anéis E e F,
simultaneamente, sendo também conhecidos como indolizidinas. Os solanidanos têm a
configuração 22R,25S, estando a metila do carbono 25 em posição equatorial.
Diferentes substituintes, geralmente hidroxilas, caracterizam os diversos compostos
desses dois grupos de esteróides. As ligações osídicas normalmente ocorrem na hidroxila em
C-3 sendo que, naquelas de tipo furostano, também encontram-se açúcares em C-26. Às
vezes, há ligação dupla entre os carbonos 5 e 6.
9
e do lupeol. Outros tipos de núcleos, mais raramente encontrados incluem: friedelano,
taraxastano e hopano.
5. OCORRÊNCIA E DISTRIBUIÇÃO
10
vantagem, além do custo menor, a ausência de lipídeos e clorofila. No entanto, como
desvantagens devem ser consideradas as possibilidades de hidrólise, durante o processo
extrativo, ou hidrotermólise, no caso de extração a quente, bem como a baixa estabilidade
desses extratos. Por essas razões, de modo geral, são utilizados álcoois, etanol ou metanol, ou
misturas hidroalcoólicas para a extração, através de maceração, decocção, percolação ou
extração exaustiva sob refluxo. Freqüentemente, o extrato hidroalcoólico assim obtido é
submetido à purificação, após eliminação do conteúdo alcoólico, através da partição com
solvente pouco polar (diclorometano ou clorofórmio) para a retirada de compostos apolares,
seguida da partição com n-butanol, para a eliminação de açúcares livres, aminoácidos e ácidos
orgânicos, entre outras substâncias hidrofílicas que ficam na fase aquosa, obtendo-se uma
fração purificada de saponinas na fase butanólica. Tradicionalmente, tem sido também
utilizada como técnica de purificação, a precipitação fracionada através da adição do extrato
concentrado de saponinas a solventes de menor polaridade, como éter etílico ou acetona,
provocando sua precipitação por redução da solubilidade.
Outros métodos de purificação incluem a complexação com colesterol, diálise,
cromatografia de troca iônica ou extração seletiva utilizando a formação de sal, quando na
presença de saponinas de reação ácida, bem como métodos cromatográficos, utilizando
resinas sintéticas (Amberlite®), gel de sílica ou géis de exclusão molecular, tipo Sephadex®
(Hostettmann e Marston, 1995).
7. PROPRIEDADES BIOLÓGICAS
11
A atividade antiinflamatória dessa classe de substâncias é conhecida há longo tempo
para as saponinas de Aesculus hippocastanum L. (castanheira-daíndia, cuja mistura de
saponinas é conhecida como escina) e Glycyrrhiza glabra L. (alcaçuz, cuja saponina principal
é a glicirrizina). Mais recentemente, essa ação foi descrita em modelos animais também para
as saponinas de Akebia quinata (Houtt.) Decne., Bupleurum chinense DC., Bupleurum
falcatum L., Eryngium planum L., Hedera helix L., Hydrocotyle vulgaris L., entre outras
espécies.
A atividade antiviral de saponinas tem sido investigada intensamente na última década,
destacando-se as atividades verificadas para substâncias isoladas de Glycyrrhiza glabra L.,
Gymnema sylvestre (Retz.) R.Br.ex Schult.), Anagallis arvensis L., Calendula arvensis L.,
Bupleurum falcatum L., Guettarda platypoda DC., entre outras.
É de se ressaltar que muitas das propriedades apontadas anteriormente foram
detectadas em testes in vitro ou em modelos animais, sendo indispensável para propiciar o
desenvolvimento de aplicações terapêuticas, na maioria dos casos, a avaliação de aspectos
farmacocinéticos relativos à absorção, metabolização, eliminação (em muitos ensaios, a
avaliação preliminar foi realizada por via i.p.!), ensaios pré-clínicos quanto à toxicidade, bem
como ensaios clínicos em todas suas fases, já que, na maioria dos casos, nem mesmo aqueles
ensaios de fase I para determinação da dose em humanos foram desenvolvidos.
8. EMPREGO FARMACÊUTICO
12
As saponinas esteróides são usadas na podução comercial de hormônios sexuais de uso
clínico. Os dois tipos principais de saponinas esteróides são a diosgenina e hecogenina. A
matéria-prima mais abundante para a síntese de progesterona é a diosgenina isolada de
espécies de Dioscorea, antes fornecida pelo México agora pela China. O grupo espirocetal
ligado ao anel D da diosgenina pode ser removido com facilidade. Outros hormônios
esteróides são a cortisona e hidrocortisona que podem ser preparados a partir da hecogenina,
que pode ser isolada de folhas de sisal abundantes na África Oriental.
ALCAÇUZ
Nome científico: Glycyrrhiza glabra L.
Família botânica: Fabaceae
Parte utilizada: raízes e rizomas
Monografias farmacopéicas: F. Bras. III, Ph. Eur. II
O termo glicirriza é de origem grega e significa raiz doce. O alcaçuz já era utilizado
pelos gregos como edulcorante em bebidas, como expectorante e para o tratamento de úlceras.
É uma das plantas mais comumente usadas nas prescrições chinesas tradicionais (Shibata,
1977), utilizada no tratamento de doenças alérgicas, distúrbios inflamatórios e úlceras
gástricas. Porém o alcaçuz produz efeitos do tipo mineralocorticóide, causando retenção de
sódio e perda de potássio, o que leva ao desenvolvimento de efeitos adversos como aumento
da pressão sangüínea.
Dados químicos:
As saponinas triterpênicas são consideradas os principais componentes, apresentando
teor variável, de acordo com a variedade e procedência, entre 2 a 15% (Hartke e Mutschler,
1988). A saponina predominante é a glicirrizina (ácido glicirrízico). Essa saponina apresenta
sabor cerca de 50 vezes maior que a sacarose. Ao sofrer hidrólise, o heterosídeo fornece uma
aglicona, o ácido glicirrético (ou glicirretínico) que não possui sabor doce, mais duas
moléculas de ácido D-glicurônico. O ácido glicirrético (ácido 3β-hidróxi-ll-oxo-olean-12-eno-
29óico) é um triterpeno pentacíclico do tipo β-amirina, caracterizado pela presença de uma
cetona α,β insaturada no anel C. O ácido glicirrético existe comercialmente nas formas
estereoisômeras 18α-(configuração trans entre os anéis D/E) e 18β-(configuração eis entre os
anéis D/E) devido à sua isomerização durante a hidrólise da glicirrizina.
A droga vegetal é caracterizada, ainda, pela presença de glicosídeos de flavanonas,
flavonóis e isoflavonas, destacando-se o teor elevado da flavanona liquiritina e da chalcona
isoliquiritigenina, esta última determinando a coloração amarela da droga.
Dados farmacológicos:
A principal atividade investigada é a ação antiinflamatória, a qual é atribuída à
inibição da enzima 11 P-hidróxi-esterol-desidrogenase, responsável pela inativação do cortisol
(conversão do cortisol à cortisona). A ausência congênita dessa enzima resulta na ação do
cortisol como um potente mineralocorticóide (pseudoaldosteronismo). A inibição dessa
enzima determina um aumento nos níveis de cortisol nos rins e em outros tecidos
mineralocorticóides seletivos. Já que o cortisol, que ocorre em quantidades maiores do que a
13
aldosterona, se liga com a mesma afinidade da aldosterona aos receptores
mineralocorticóides, o resultado é um efeito hipermineralocorticóide do cortisol.
Outra atividade investigada é o efeito na cicatrização de úlceras: na década de 1950,
estudos com compostos derivados da glicirrizina revelaram que o efeito antiúlcera era devido
à inibição das enzimas 15-hidróxi-prostaglandina-desidrogenase e Δ13-prostaglandina-
redutase. A enzima 15-hidróxi-prostaglandina-desidrogenase converte as prostaglandinas E2 e
F2α em 15-cetoprostaglandinas, que são inativas. Dessa forma, esses compostos têm o efeito
de aumentar a concentração local de prostaglandinas que promovem a secreção de muco e a
proliferação celular no estômago, levando à cicatrização das úlceras (Baker, 1994).
Entre as outras atividades em investigação destacam-se a atividade antiviral, incluindo
a ação sobre o vírus HIV e citomegalovírus humano (Ito, 1987; Hattori, 1990) e atividade
indutora de interferon (Acharya et al., 1993).
O alcaçuz é uma das plantas sobre a qual maior número de estudos farmacológicos
têm sido realizados, incluindo estudos em seres humanos, de farmacocinética e ensaios
clínicos.
Emprego farmacêutico:
Adicionalmente ao seu uso como adoçante em confeitaria e produtos alimentares como
chocolates, cervejas, licores, gomas de mascar, e mesmo na indústria do tabaco, extratos de
alcaçuz são empregados como edulcorante em preparações farmacêuticas. Embora utilizado
em outros países em produtos com indicações relacionadas às atividades antiinflamatória e
antiúlcera, no Brasil as especialidades farmacêuticas presentes atualmente no comércio são
produtos preconizados como expectorante. Como precauções de uso, pessoas com problemas
cardíacos e hipertensão devem evitar o consumo excessivo de preparações contendo alcaçuz.
GINSENG
Nome científico: Panax ginseng C.A.Mey.
Família botânica: Araliaceae
Parte utilizada: rizomas e raízes dessecadas
Monografias farmacopéicas: OAB 1990, Chinesa 1990, Ph. Franç. X, DAB 10., Ph. Jap. 12.,
1991 e Ph. Helv. VI
O ginseng, originário da Manchúria e Coréia do Norte, é utilizado na China há mais de
3000 anos como uma planta estimulante, reconstituinte, geradora de vitalidade, conhecido
como elixir da longa vida. A palavra "panax" significa panacéia.
As raízes secas, das quais a periderme é retirada, são chamadas de "ginseng-branco",
enquanto que o "ginseng-vermelho" é obtido através da exposição das raízes ao vapor de
água, com posterior secagem, sem retirada da periderme. Esse procedimento altera a cor do
produto para marrom-avermelhado.
Uma característica importante é o aspecto antropomórfico dessas raízes, do qual deriva o
nome ginseng, que, em chinês, significa imagem do homem.
Dados químicos:
Muitos compostos foram isolados das partes subterrâneas do ginseng, principalmente
saponinas triterpênicas tetracíclicas e pentacíclicas, cujo teor nas raízes pode variar de 0,5 a
3%. A maioria pertence ao grupo damarano (protopanaxadiol e protopanaxatriol), enquanto
14
que a saponina triterpênica pentacíclica é do grupo do ácido oleanólico. A denominação
ginsenosídeo seguida de letras foi dada por pesquisadores japoneses de acordo com os valores
de Rf em um determinado sistema cromatográfico (ex.: ginsenosídeos Ro, Ra, Rb 1 Rb2, ...), o
que é determinado pelo número de cadeias osídicas e pelo número de açúcares presentes em
cada molécula. Já os panaxosídeos, designados desse modo pelos pesquisadores russos, foram
denominados por letras (A, B, C...). Alguns ginsenosídeos e panaxosídeos possuem a mesma
estrutura (ginsenosídeo Rg-l = panaxosídeo A). Até o momento foram descritas 28 saponinas
das raízes, pedúnculos, folhas, flores e botões de flores da planta. Há pequenas diferenças
quanto à composição química entre o ginseng-branco e o vermelho, com exceção para o
ginsenosídeo Ra que no ginseng-branco é da ordem de 20%, enquanto que no ginseng-
vermelho apresenta-se em torno de 3% (Hostettmann e Marston, 1995). Além dos
ginsenosídeos, polissacarídeos e flavonóides, aminoácidos e vitaminas foram isolados em
diferentes partes da planta.
Dados farmacológicos:
Com base em suas propriedades farmacológicas, os extratos de ginseng têm sido
classificados como uma nova classe de compostos conhecidos como adaptógenos ou agentes
antiestresse. Os ginsenosídeos são considerados os responsáveis pela maioria das atividades
farmacológicas do ginseng. Contudo, o mecanismo de ação do ginseng não está esclarecido.
Emprego farmacêutico:
No mercado brasileiro estão presentes dezenas de especialidades farmacêuticas com
indicação para aumentar a resistência natural do organismo ao estresse e infecções e para
reduzir a fadiga. Usualmente, são utilizados 200 a 600mg de extrato de ginseng (padronizado
em 1,5% de ginsenosídeos expressos como ginsenosídeo Rgl), diariamente, durante 3 meses
no máximo. As reações adversas incluem efeitos cardiovasculares (hipertensão, edema), no
sistema nervoso central (tontura, insônia, nervosismo, euforia, dificuldade de concentração),
ação sobre sistema endócrino (mastalgia), sobre sistema genitourinário (hemorragia vaginal e
ação estrogênica), diarréia matinal e erupções cutâneas. A síndrome de abuso do ginseng pode
ser detectada pelos sintomas: insônia, nervosismo, euforia, diarréia matinal e erupções
cutâneas. Como contra-indicações são consideradas: gravidez e lactação, diabetes,
hipertensão; interações são relatadas com fármacos hormonais, estimulantes, hipoglicemiantes
e anticoagulantes (Hammond e Whitworth, 1981; Baldwin et aI., 1986; Chong e Oberholzer,
1988; Schulz e Haensel, 1996; Wong et aI., 1998).
CENTELA
Nome científico: Centella asiatica (L.) Urb.
Sinonímia científica: Hydrocotyle asiatica L.
Família botânica: Apiaceae
Parte utilizada: raiz
Monografias farmacopéicas: Chinesa 1990, F. Bras. IV
Popularmente conhecida como centelha, centela, centela-da-ásia, pata-de-mula, pata-
de-burro ou pé-de-cavalo, é uma espécie cosmopolita, de uso tradicional no tratamento de
feridas e lesões cutâneas diversas. No Brasil, ocorre nos Estados de Minas Gerais, Rio de
Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, sendo encontrada em quase
15
todos os ambientes e obtida por extrativismo ou por importação. Como é amplamente
comercializada, a sua adulteração é bastante freqüente com espécies de Hydrocotyle (Fischer
et aI., 1995).
Dados químicos:
As propriedades farmacológicas são atribuídas às saponinas e triterpenos, destacando-
se como componente principal o asiaticosídeo 1. Em alguns países, a mistura do asiaticosídeo
com triterpenos de estrutura similar (ácido madecássico, ácido asiático e ácido madasiático)
está no mercado em preparações de uso tópico e interno, incluindo o Brasil (Madecassol®).
Em 1992, o ácido asiático e o asiaticosídeo foram isolados das raízes de Schefflera octophylla
(Lour.) Harms, sendo esta a primeira vez que estes componentes foram isolados de outra
planta que não em Centella asiatica (L.) Urb. (Sung et aI., 1992).
Emprego fannacêutico:
Atualmente, vem sendo utilizada em preparações magistrais e em cosméticos,
preconizada como cicatrizante, em queimaduras e quelóides e para o tratamento de
insuficiência venosa crônica, com base na ação benéfica verificada sobre o metabolismo do
tecido conectivo das paredes vasculares e na microcirculação (Arpaia et aI., 1990; Cesarone et
al., 1994). Têm sido relatados casos de dermatite de contato em cremes e preparações
contendo esses compostos (Danese et al., 1994; Bilbao et aI., 1995; Gonzalo-Garijo et al.,
1996).
SARKER, S.D; NAHAR, L.; Química para estudantes de Farmácia: Química Geral,
Orgânica e de Produtos Naturais. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009.
16