Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
Características
Os mamíferos possuem como principais características: homeotermia; glândulas
mamárias; aumento do volume cerebral; crânio com dois côndilos ocipitais;
mandíbula formada apenas por um único osso (dentário), que sustenta dentes mais
complexos; diferenciação dentária bem definida; corpo coberto de pelos;
crescimento limitado; cuidado com a prole; viviparidade; duas dentições; sete
vértebras cervicais; funcionamento eficiente da mandíbula graças a articulação
dentário-mandibular esquamosal.
Classificação Sistemática
A principal feição morfológica dos mamíferos, que os diferenciam em distintas
categorias sistemáticas, é a dentição. Ainda que o maior desenvolvimento dos
incisivos caracterizem os roedores, os caninos tipifiquem os carnívoros, e os
molares e pré-molares definem os herbívoros, os dentes mais importantes para a
Paleontologia são os molares, porque o seu tipo varia com o hábito alimentar; além
do que o seu estudo fornece elementos para a caracterização evolutiva do grupo.
Os mamíferos são agrupados em três subclasses:
PROTOTHERIA
Reúne mamíferos ovíparos, muito primitivos, sem vinculações evolutivas
esclarecidas. Exemplo: Ornitorrinco.
METATHERIA
Com uma única ordem, a MARSUPIALIA, reúne mamíferos aplacentários, que são
considerados como fósseis vivos, porque não manifestaram evolução desde o
Paleoceno. Talvez tenham origem sul-americana, ou até mesmo brasileira.
Comporta cerca de 5% da mastofauna atual.
EUTHERIA
Comporta 90% dos mamíferos atuais. São plancentários, vivíparos, e bastante
diversificados, com representantes adaptados ao ambiente aquático (cetáceos e
sirenídeos ) e ao aéreo (quirópteros).
Mamíferos Mesozóicos
(Ordens: TRICONODONTA, MULTITUBERCULATA, DOCODONTES,
MONOTREMATA, SYMETRODONTA, EUPANTOTHERIA e INSECTIVORA)
Os primeiros mamíferos foram coletados na África em terrenos do Neotriássico, e
ainda neste período, sofrem a sua primeira radiação. Eram animais de corpo
pequeno, semelhantes a um rato e com dieta insectívora. O pequeno tamanho,
aliado a um hábito de vida noturno, provavelmente auxiliaram na sua sobrevivência
à predação dos dinossauros, dominantes naqueles tempos.
Um dos gêneros de mamíferos mais antigos e bem conhecido, Morganucodon,
retém as estruturas dentárias básicas de seus ancestrais cinodontes, refletidas no
arranjo longitudinal das cúspides dos molares. Estes mamíferos primitivos
evidenciavam uma atividade preênsil bem desenvolvida, com falanges distais
portadoras de pontudas garras. Os morganucondontídeos fazem parte dos
chamados TRICONODONTA, que não somente tiveram uma longa história, como
também ocupam um lugar de destaque na base da evolução dos mamíferos.
Um grupo numeroso e diverso de pequenos mamíferos primitivos é denominado
MULTITUBERCULATA. Possuíam três incisivos superiores, semelhantes aos dos
roedores, e molares com duas ou três fileiras de cúspides dispostas
longitudinalmente. Suas características dentárias indicam uma dieta herbívora ou
mesmo omnívora. Muitos deles extinguiram-se no final do Cretáceo, enquanto
outros se diversificaram no Paleoceno.
Os DOCODONTA, com menor diversidade e tamanho do que os multituberculados,
são conhecidos pela sua dentição que parece indicar um hábito alimentar carnívoro.
Segundo Carroll(1988), seus ancestrais estariam dentre os TRICONODONTA e
aparentemente não deixaram descendentes.
Os MONOTREMATA, primitivos mamíferos ovíparos terrestres, eram registrados
como fósseis apenas para o Pleistoceno da Austrália. Descobertas recentes do
Eocretáceo daquele continente, sugere uma afinidade do grupo com primitivos
mamíferos THERIA. No Paleoceno da América do Sul também foram encontrados
fragmentos fósseis de um monotremata, que teria vivido na Patagônia, Argentina
(Pascuall et al., 1992).
Os primeiros mamíferos THERIA, surgem no Neotriássico e deram origem aos
marsupiais e placentários. Os SYMMETRODONTA, cujo registro fóssil é muito
escasso, tinham um tamanho relativo ao muçaranho atual, insectívoros e portadores
de molares com aspecto triangular, cuja cúspide central era mais elevada do que as
anteriores e posteriores. Os EUPANTHOTHERIA eram pequenos, polimórficos, com
incisivos pequenos, caninos bem diferenciados, pré-molares perfurantes e vigorosos
e molares trituberculados. Sua morfologia dentária sugere hábitos carnívoros ou
omnívoros, e sua estranha cauda possibilitaria uma existência arboreal. Eram
também portadores de osso epipúbico ou marsupial.
Os INSECTIVORA, grupo de mamíferos placentários terrestres, também estão
representados desde o Mesozóico. São animais de pequeno à médio porte, de
focinho curto e olhos reduzidos. Apresentam membros pentadáctilos e dedos
providos de garras. A maioria possui dieta insectívora, sendo entretanto, alguns
carnívoros.
No final do Mesozóico, os mamíferos placentários terrestres foram encontrados em
quase todos os continentes, exceto na Austrália e Antártida.
No Brasil foram coletados fragmentos de um mamífero placentário neocretácico,
ainda não classificado, na Formação Adamantina, São Paulo (Bertini et al., 1993).
Distribuição Estratigráfica
Os primeiros mamíferos foram encontrados no Neotriássico, mas no Brasil, o fóssil
mais antigo data do Neocretáceo (Formação Adamantina, Bacia do Paraná).
Fósseis terciários de mamíferos são mais abundantes na Bacia de São José do
Itaboraí (Neopaleoceno), no Estado do Rio de Janeiro, tendo sido encontrados, em
sua maioria, em fissuras que cortavam o calcário de preenchimento da bacia.
Mamíferos oligocênicos procedem dos níveis argilosos da Formação Tremembé,
Bacia de Taubaté, no Estado de São Paulo. Restos mais jovens, do Mio-Plioceno
são freqüentes na Bacia do Acre (Formação Solimões), em vários afloramentos ao
longo dos rios Acre e Purus. Um único mamífero marinho foi encontrado na
Formação Pirabas, de idade miocênica. Fósseis pleistocênicos são encontrados por
quase todo o Brasil, sendo mais freqüentes na região nordeste. Nesta região, os
depósitos mais comuns são tanques( depressão natural de forma alongada,
formadas em rochas do embasamento cristalino, pela ação das águas), cacimbas
(depressões artificiais criadas pelo homem para armazenar água em regiões áridas)
e cavernas calcárias. Estas são muito comuns nos estados da Bahia e Minas
Gerais, onde foram coletados esqueletos completos em excelente estado de
preservação. Muitos dos mamíferos pleistocênicos coletados no Rio Grande do Sul
foram encontrados na praia, tendo sido lá jogados em conseqüência do
retrabalhamento pelas ondas, dos fósseis presentes na Formação Santa Vitória.
Paleobiogeografia
A curiosa história dos mamíferos sul-americanos está diretamente relacionada aos
grandes períodos de isolamento pelo qual passou a América do Sul, tanto como
parte do Gondwana, quanto como um continente já diferenciado. No entanto, sua
maior peculiaridade está relacionada com a existência de esporádicas rupturas do
isolamento e a um processo migratório transcontinental.
A América do Sul é o único continente onde são encontrados , tanto viventes como
fósseis, mamíferos terrestres originados no Pangea, Laurásia, Gondwana leste
(Antártida, Tasmânia, Nova Guiné, Nova Zelândia, Nova Caledônia, Madagascar e
Índia) e no Gondwana oeste (África e América do Sul). Entretanto,
surpreendentemente, nenhuma das ordens de mamíferos sul-americanos parece ter
se originado neste continente, quando ele se diferenciou como tal.
Até o Eocretáceo, o Gondwana estava isolado da Laurásia, e aqui se diferenciaram
mamíferos não tribosfênicos e pré-tribosfênicos que, com uma exceção, se
extinguiram na passagem Cretáceo-Terciário. Do Eocretáceo, até no máximo o
Eopaleoceno, a conexão do Gondwana com a Laurásia foi restabelecida, quando
imigraram para a América do Sul os primeiros mamíferos tribosfênicos (marsupiais e
placentários). Do início do Paleoceno até aproximadamente o Neo-Eoceno, a
América do Sul esteve isolada como uma grande ilha (Primeiro Estágio de
Isolamento), possibilitando a diferenciação dos primeiros mamíferos endêmicos.
Os Edentatos sempre foram considerados os únicos placentários originados na
América do Sul. Entretanto, nos jazimentos eopaleocênicos sul-americanos estes
não estão registrados como fósseis. Esta ausência pode ser sugestiva de que os
ancestrais dos Edentata não estavam presentes na América do Sul nesta época, e
como os demais mamíferos seriam portanto, formas cosmopolitas.
O longo Primeiro Estágio de Isolamento foi interrompido pela entrada dos roedores,
há aproximadamente 35 Milhões de anos (Eoceno/Oligoceno). Este fato é indicativo
de uma conexão com a África, através do qual, possivelmente também imigraram os
macacos do grupo dos PLATYRRHINI. No entanto, como seu registro fossilífero é
posterior ao dos roedores, é possível que ambos representem eventos imigratórios
heterocrônicos.
O Segundo Estágio de Isolamento começou após a imigração dos roedores e
primatas. Neste período registrou-se uma mudança taxonômica e ecológica mais
drástica na composição das comunidades de mamíferos. Neste estágio, os
herbívoros braquiodontes desapareceram, passando a dominar os com dentição
hipsodontes. Este segundo estágio só foi quebrado entre 6 e 5 milhões de anos
(Mio-Plioceno), com a restauração do Istmo do Panamá, quando ocorreu o “Grande
Intercâmbio Faunístico”entre as Américas do Norte e Sul (Stehli & Webb, 1985). Os
grupos que migraram entre as duas américas eram predominantemente mamíferos
adaptados a savana, sugerindo a existência de um corredor de savana onde hoje
existe uma floresta tropical úmida. Todos os atuais ungulados e carnívoros (com
exceção de alguns poucos marsupiais carnívoros) são descendentes de imigrantes
norte-americanos, e a maioria descendentes daqueles que chegaram durante o
grande intercâmbio.
No Brasil os primeiros registros de mamíferos roedores e carnívoros oriundos do
grande intercâmbio são encontrados na Formação Solimões, no Estado do Acre.
Aplicações
Através da morfologia dos dentes e do esqueleto pós-craniano, os mamíferos
podem ser bons indicadores paleoambientais, sugerindo a existência pretérita de
campos abertos, savanas, florestas, etc, assim como de maior ou menor quantidade
de cursos d’água. Cavalos e macrauquenídeos, por exemplo, requerem campos
abertos, adequados para o desenvolvimento de velocidade na corrida; a descoberta
de grandes edentados (preguiças e gliptodontes) na região amazônica revelou que,
há alguns milhares de anos, aquela região era coberta por savanas. Fósseis de
espécies ainda viventes são os que fornecem as informações paleoambientais mais
precisas. Através da análise de associações de roedores fósseis, mais abundantes
nos depósitos fossilíferos, é possível, na grande maioria dos casos, determinar o
paleoambiente geral e interpretar em grande escala suas variações. São também
indicadores de variações climáticas ocorridas no Pleistoceno final, e que estariam
relacionadas com as extinções de mamíferos que ocorreram naquele período.
Todas as idades do Terciário continental sul-americano foram baseadas em
associações de mamíferos encontrados na Argentina, principalmente na Patagônia.
A Bacia de São José de Itaboraí, por exemplo, foi datada como neopaleocênica
(idade Itaboraiense), por correlação com os mamíferos argentinos. Da mesma
forma, as faunas locais do Acre tem sido tentativamente datadas com base nos
mamíferos encontrados.
A Hominização
Características: 1. bipedalismo; 2. gracilização do esqueleto; 3. progressiva
curvatura do crânio; 4. braquicefalização (tendência de dar forma esférica para a
cabeça, por equalização das três dimensões, largura, altura e comprimento); 5.
redução da dentição (desaparecimento dos últimos molares) e atenuação do
esmalte; e 6. formação brusca do queixo.
Aspectos ainda não explicados da evolução do homem: 1. evolução do córtex
cerebral; e 2. aquisição da linguagem.
Provável causa de extinção: multiplicação ilimitada?