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DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
A partir do momento que ele faz uso dos medicamentos, volta a se sentir bem e
ser produtivo como é desejado. Antônio, não disposto a passar pelo luto natural e
empregar energia psíquica para restabelecer o equilíbrio, aumenta a dose dos remédios
psiquiátricos a fim de não sentir nada. Além disso, tenta desesperadamente substituir o
objeto perdido. Confunde expressões de simpatia com paquera, “rouba” beijos e acaba
afastando a amizade de quem lhe quer bem. (Marcondes, Trierweiler e Cruz, 2006).
Durante uma sessão de terapia, a psiquiatra pergunta a ele o que está sentindo.
Satisfeito, responde que não está sentindo nada. A terapeuta diz que é possível diminuir
a dose para que Antônio volte a sentir e não se torne apático, mas ele afirma que quer
continuar assim e está ótimo. O quadro se mantém dessa forma até que na tentativa de
substituir o objeto para o qual desloca afeto, se depara com o efeito colateral da
impotência. Apenas nesse momento ele muda de ideia e decide encarar a dor e se
restabelecer de maneira natural.
Antônio procura por Sofia novamente para conversar, sem aceitar que ela
realmente queria terminar com ele. Induzido por uma amiga dela que o término tinha
sido dado por uma demonstração de falta de interesse dele na pessoa amada, ele tenta
convencer a ex disso, desejando que ela entenda o motivo do fim e volte atrás na
decisão. A conversa termina em uma discussão séria.
Por fim, podemos concluir que o contato com o outro é causa de mal estar
inevitável, mas é também a partir do contato com o outro e não do isolamento que
podemos nos recuperar da dor da perda. (Freud, 1930) Também é importante afirmar
que em diversos casos o uso de medicamentos é de fato necessário, e a objeção feita é
aqui é contra o excesso, pois é inadmissível que processos psíquicos sejam
desnaturalizados e vistos como puramente biológicos. Sendo assim, concluímos que o
reconhecimento da subjetividade e mudança do modo de vida são fundamentais para a
cura do sintoma e a escuta psicanalítica é uma alternativa a medicalização.
Referências