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O documento discute as consequências do relativismo cultural e argumenta que ele impediria a condenação de práticas como escravidão e anti-semitismo. O texto também apresenta exemplos de como juízos morais podem ser provados através de razões e evidências.
O documento discute as consequências do relativismo cultural e argumenta que ele impediria a condenação de práticas como escravidão e anti-semitismo. O texto também apresenta exemplos de como juízos morais podem ser provados através de razões e evidências.
O documento discute as consequências do relativismo cultural e argumenta que ele impediria a condenação de práticas como escravidão e anti-semitismo. O texto também apresenta exemplos de como juízos morais podem ser provados através de razões e evidências.
1. Breve justificativa dos objetivos de se trabalhar a análise dos argumentos de
um texto; 2. breve exemplo de análise de argumentos num texto. Falta o cabeçalho da atividade Texto extraído do livro "Elementos de Filosofia Moral" de James Rachels (Lisboa: Gradiva, 2004, p. 40-43, e p. 68-70):
1. (...)William Graham Sumner resume a essência do relativismo
cultural. Sumner afirma que não há uma medida de certo e errado, além dos padrões de uma sociedade: «A noção de certo está nos hábitos da população. Não reside além deles, não provém de origem independente, para os pôr à prova. O que estiver nos hábitos populares, seja o que for, está certo.» Suponha que tomávamos isto a sério. Quais seriam algumas das consequências? 2. Deixaríamos de poder afirmar que os costumes de outras sociedades são moralmente inferiores aos nossos. Isto, é claro, é um dos principais aspectos sublinhados pelo relativismo cultural. Teríamos de deixar de condenar outras sociedades simplesmente por serem «diferentes». 3. No entanto, seríamos também impedidos de criticar outras práticas menos benignas. Imagine que uma sociedade declarava guerra aos seus vizinhos com o intuito de fazer escravos. Ou suponha que uma sociedade era violentamente anti-semita e os seus líderes se propunham destruir os judeus. O relativismo cultural iria impedir-nos de dizer que qualquer destas práticas estava errada. (Nem sequer poderíamos dizer que uma sociedade tolerante em relação aos judeus é melhor que uma sociedade anti-semita, pois isso implicaria um tipo qualquer de padrão transcultural de comparação.) A incapacidade de condenar estas práticas não parece muito esclarecida; pelo contrário, a escravatura e o anti-semitismo afiguram-se erradas onde quer que ocorram. No entanto, se tomássemos a sério o relativismo cultural teríamos de encarar estas práticas sociais como algo imune à crítica. 4. Poderíamos decidir se as acções são certas ou erradas pela simples consulta dos padrões da nossa sociedade. O relativismo cultural propõe uma maneira simples para determinar o que está certo e o que está errado: tudo o que necessitamos é perguntar se a acção está de acordo com os códigos da nossa sociedade. Suponhamos que em 1975 um residente da África do Sul se perguntava se a política de apartheid do seu país — um sistema rigidamente racista — era moral mente correcta. Tudo o que teria que fazer era perguntar se esta política se conformava com o código moral da sua sociedade. Em caso de resposta afirmativa, não haveria motivos de preocupação, pelo menos do ponto de vista moral.
Haverá provas em ética?
5. A ideia geral de que os juízos morais não se podem provar é apelativa.
Qualquer pessoa que já tenha debatido um tema como o aborto sabe como pode ser frustrante tentar "provar" que o seu ponto de vista é correcto. No entanto, se examinarmos esta ideia mais de perto, revela-se dúbia. 6. Suponha-se que examinamos um assunto muito mais simples que o aborto. Um aluno considera injusto um determinado teste aplicado por um professor. Trata-se, claramente, de um juízo moral - a justiça é um valor moral essencial. Este juízo pode ser provado? O estudante poderia referir que o teste abrangia em pormenor assuntos sem importância, ignorando outros que o professor tinha considerado importantes. O teste incluía ainda perguntas sobre alguns assuntos que não tinham sido tratados nem nas aulas teóricas nem nas práticas. Além disso, o teste era tão longo que nem os melhores alunos podiam terminá-lo no tempo permitido (e foi cotado partindo do princípio de que deveria ser feito até ao fim). 7. Suponha-se que tudo isto é verdade. E suponha-se ainda que o professor, quando lhe são pedidas explicações, não tem argumentos para se defender. Na verdade, o professor, que é muito inexperiente, parece confuso com toda a situação e não parece ter uma ideia clara do que estava a fazer. Assim sendo, não terá o aluno provado que o teste foi injusto? Que mais poderíamos desejar a título de prova? É fácil imaginar outros exemplos para estabelecer a mesma coisa: Jones é um homem mau. Tem o hábito de mentir; manipula as pessoas; engana-as quando pensa poder fazê-lo sem ser descoberto; é cruel para os outros; e assim por diante; O Dr. Smith ê irresponsável. Baseia os seus diagnósticos em avaliações superficiais; bebe antes de executar cirurgias delicadas; recusa ouvir os conselhos de outros médicos; e assim por diante; Uma determinada vendedora de automóveis é desonesta. Esconde os defeitos dos automóveis; aproveita-se de pessoas sem recursos pressionando-as a pagar preços exorbitantes por automóveis que sabe terem problemas; coloca anúncios publicitários enganadores em qualquer jornal que aceite publicá-los; e assim por diante. 8. O processo de apresentar razões pode ainda ser levado um passo mais adiante. Se uma das nossas razões para afirmar que Jones é um homem mau é ele mentir habitualmente, podemos prosseguir e explicar por que motivo mentir é mau. Mentir é mau, primeiro, porque prejudica as pessoas. Se alguém dá uma falsa informação a outra pessoa e essa pessoa confiar nela, as coisas podem correr mal de diversas maneiras. Segundo, mentir é mau por ser uma violação da confiança. Confiar noutra pessoa significa ficarmos vulneráveis e desprotegidos. Quando se confia em alguém, acredita-se simplesmente no que essa pessoa diz, sem tomar precauções; e quando essa pessoa mente, aproveita-se da nossa confiança. É por isso que ser enganado constitui uma ofensa tão íntima e pessoal. Por fim, a regra exigindo que não se minta é necessária para a sociedade poder existir - se não pudéssemos partir do princípio de que as outras pessoas dirão a verdade, a comunicação tornar-se-ia impossível e, se a comunicação fosse impossível, a sociedade seria impossível. 9. Portanto, podemos apoiar os nossos juízos em boas razões, e podemos oferecer explicações do porquê de essas razões terem importância. Se podemos fazer tudo isto, e ainda mostrar que nada de semelhante pode ser feito pelo lado contrário, que mais "provas" poderia alguém desejar? É absurdo afirmar, perante tudo isto, que os juízos éticos não podem ser mais que "meras opiniões". Atividade 1. No parágrafo 2, o relativismo cultural, como descrito por Rachels, impede que condenemos outras sociedades apenas "por serem diferentes". Qual a tese do relativismo que sustenta esta afirmação? 2. O texto acima apresenta consequências da verdade do relativismo. Consequências de uma tese são usadas como argumento quando elas se mostram consequências indesejáveis. Consequências indesejáveis valem como argumento contra a tese. Tais argumentos têm a seguinte forma: "se o relativismo for verdadeiro, então P será verdadeira; ora não queremos admitir a verdade de P, portanto não vamos admitir a verdade do relativismo". Indique uma consequência indesejável do relativismo e explique porque, segundo o texto, o relativista é obrigado, pelos princípios que fundamentam a sua doutrina, a admitir esta consequência. 3. No parágrafo 8, Rachels afirma que a mentira é uma ofensa ´"íntima e pessoal", qual(is) é (são) a(s) premissa(s) que dá(ão) suporte a esta afirmação ? 4. De acordo com o texto, por que a regra que proíbe a mentira é requerida para a sociedade poder existir? 5. No parágrafo 9 Rachels afirma: "Portanto, podemos apoiar os nossos juízos em boas razões, e podemos oferecer explicações do porquê de essas razões terem importância", qual(is) é (são) a(s) premissa(s) que sustenta(m) esta conclusão?