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Avaliação Psicológica e o Transtorno da Personalidade Antissocial: Psicopatia Julho/2017

Avaliação Psicológica e o Transtorno da Personalidade Antissocial:


Psicopatia.
Eden Soares Ferreira – ferreiraeden@hotmail.com
Avaliação Psicológica
Instituto de Pós-Graduação - IPOG
Vitória, ES, 10 de outubro de 2016

Resumo
A presente pesquisa visa fazer um levantamento dos testes psicológicos disponíveis
atualmente no mercado brasileiro como instrumentos auxiliares para os profissionais
psicólogos na aferição da personalidade psicopática na avaliação psicológica. A partir de
uma revisão bibliográfica sobre os temas da personalidade, teorias da personalidade e a
definição de psicopatia e o transtorno da personalidade antissocial, pretende-se fazer uma
correlação destes assuntos com a avaliação psicológica. Os resultados evidenciam que
atualmente somente um instrumento psicológico é validado pelo Conselho Federal de
Psicologia no auxílio do diagnóstico da psicopatia: A Escala Hare PCL-R, desenvolvido por
Robert Hare e traduzido e adaptado para a população brasileira por Hilda Morana.
Portanto, foi verificado uma limitação no que se trata de testes psicológicos com o propósito
acima explanado, em especial no contexto prisional. Salienta-se a necessidade de mais
pesquisas empíricas, desenvolvimento e adaptação de testes psicológicos, a fim de aumentar
o leque de possibilidades ao alcance do profissional da psicologia no intuito de diagnosticar
psicopatologias da personalidade.

Palavras-chave: Avaliação Psicológica. Psicopatia. Transtorno da Personalidade


Antissocial. Personalidade.

1. Introdução
A avaliação da personalidade exige, por parte do psicólogo, uma seleção muito cuidadosa dos
instrumentos utilizados para sua aferição, principalmente quando se trata de detectar uma
psicopatologia que impacta a vida do próprio indivíduo e da sociedade, como é o caso dos
apenados. É dessa experiência profissional, no atendimento clínico, como psicólogo na
Penitenciária Estadual de Vila Velha, Estado do Espírito Santo, que surge a necessidade de
elaborar um artigo sobre o tema.
Entre os instrumentos para atendimentos realizados com os encarcerados, encontra-se o
exame criminológico. Tal exame consiste, pela parte do psicólogo da instituição, em uma
avaliação psicológica do sujeito, a fim de aferir sua personalidade e a capacidade de se
reinserir na sociedade de maneira saudável. A detecção de alguma psicopatologia, neste
contexto, torna-se de suma relevância, pois esse resultado é utilizado para a reinserção ou não
do apenado na sociedade.
Dos aspectos da personalidade do sujeito considerados importantes de identificação está a
psicopatia. “Os sujeitos classificáveis como psicopatas no meio carcerário são minorias e

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essa diferenciação é fundamental para as questões de previsão da reincidência criminal,


reabilitação social e concessão de benefícios penitenciários.”. (MORANA, 2004:13).
A Lei Nº 7.210, de 11 de julho de 1984, que institui a Lei de Execução Penal, propõe em seu
Artigo 5º que “Os condenados serão classificados, segundo os seus antecedentes e
personalidade, para orientar a individualização da execução penal” e esta classificação é feita
pela CTC – Comissão Técnica de Classificação.
Art. 6º A classificação será feita por Comissão Técnica de Classificação que
elaborará o programa individualizador da pena privativa de liberdade adequada ao
condenado ou preso provisório. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 2003)

Art. 7º A Comissão Técnica de Classificação, existente em cada estabelecimento,


será presidida pelo diretor e composta, no mínimo, por 2 (dois) chefes de serviço, 1
(um) psiquiatra, 1 (um) psicólogo e 1 (um) assistente social, quando se tratar de
condenado à pena privativa de liberdade.

Parágrafo único. Nos demais casos a Comissão atuará junto ao Juízo da Execução e
será integrada por fiscais do serviço social.

Art. 8º O condenado ao cumprimento de pena privativa de liberdade, em regime


fechado, será submetido a exame criminológico para a obtenção dos elementos
necessários a uma adequada classificação e com vistas à individualização da
execução.

Parágrafo único. Ao exame de que trata este artigo poderá ser submetido o
condenado ao cumprimento da pena privativa de liberdade em regime semi-aberto.

Art. 9º A Comissão, no exame para a obtenção de dados reveladores da


personalidade, observando a ética profissional e tendo sempre presentes peças ou
informações do processo, poderá:

I - entrevistar pessoas;

II - requisitar, de repartições ou estabelecimentos privados, dados e informações a


respeito do condenado;

III - realizar outras diligências e exames necessários. (Lei nº 7.210, 1984).

Neste trecho da Lei de Execução Penal fica clara a importância da CTC e do exame
criminológico para a individualização da pena do sujeito privado de liberdade. Ainda sobre as
penas privativas de liberdade e sobre progressão de regime, no Artigo 110 da Seção II da Lei
de Execução Penal lê-se: “O Juiz, na sentença, estabelecerá o regime no qual o condenado
iniciará o cumprimento da pena privativa de liberdade” (Lei nº 7.210, 1984) e no Artigo 112
observamos que:
A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a
transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o
preso tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom
comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento, respeitadas
as normas que vedam a progressão. (Lei nº 7.210, 1984).

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No Artigo 114, inciso II, fica definido sobre a condição de progressão para o regime aberto o
apenado que “apresentar, pelos seus antecedentes ou pelo resultado dos exames a que foi
submetido, fundados indícios de que irá ajustar-se, com autodisciplina e senso de
responsabilidade, ao novo regime” (Lei nº 7.210, 1984).
Portanto, é possível observar que entre as atribuições do psicólogo dentro das Comissões
Técnicas de Classificação está a participação na elaboração do exame criminológico, com o
intuito, como já exposto, de inferir sobre a aderência do mesmo em regime menos rigoroso e
sua capacidade de se reajustar à sociedade.
A este respeito, na resolução 012 do ano de 2011 do Conselho Federal de Psicologia, que
regulamenta a atuação do psicólogo no âmbito do sistema prisional, sobre a elaboração de
documentos produzidos pelo psicólogo dentro do âmbito prisional, com o propósito de
subsidiar decisões judiciais, fica determinado que:
A partir da decisão judicial fundamentada que determina a elaboração do exame
criminológico ou outros documentos escritos com a finalidade de instruir processo
de execução penal, [...] caberá à(ao) psicóloga(o) somente realizar a perícia
psicológica, a partir dos quesitos elaborados pelo demandante e dentro dos
parâmetros técnico-científicos. (resolução nº 12/2011 do Conselho Federal de
Psicologia, 2011).

Assim, é possível observar, em relação ao psicólogo que atua dentro do sistema prisional
grande responsabilidade, uma vez que elabora documentos que auxiliam o Juiz na decisão
sobre a vida de outras pessoas. Por isso, há uma necessidade do conhecimento e do domínio
dos instrumentos psicológicos disponíveis para realização da avaliação psicológica no
contexto penitenciário, a fim de inferir sobre a personalidade do sujeito apenado, sendo este
um dado relevante no momento do Juiz definir a sentença, entre outras decisões judiciais, pois
incide sobre o futuro do sujeito encarcerado e as possíveis consequências para ele e seu
entorno.
Para realização deste estudo optou-se por uma revisão bibliográfica em torno dos temas
Personalidade, Psicopatia e Transtorno da Personalidade Antissocial, buscando uma
correlação destes assuntos com a avaliação psicológica e os instrumentos psicológicos
disponíveis, atualmente, no Brasil.
O objetivo consiste em fazer um levantamento dos testes psicológicos disponíveis no mercado
brasileiro para avaliação da personalidade antissocial e, de forma mais específica,
instrumentalizar os psicólogos que atuam na área carcerária para uma melhor aferição da
personalidade psicopática.

2. Personalidade
Para Dalgalarrondo (2008:257) personalidade “provém do termo persona, que significa a
máscara dos personagens do teatro [...]. Em latim, por sua vez, personare também significa
ressoar por meio de algo”. Na concepção de Bastos (1997b apud DALGALARRONDO,
2008) a personalidade é formada pela integração de traços psíquicos que agrupados
constituem as características individuais do sujeito. Essa constituição tem como base fatores
físicos, biológicos, psíquicos, e socioculturais, considerando as tendências inatas, as
experiências pessoais que se desenvolvem no decorrer da vida de cada sujeito. Para esse autor
é importante considerar também, dois aspectos da dimensão do conceito de personalidade: o

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aspecto relativamente estável que é a manutenção das caraterísticas ao longo da vida; o


aspecto relativamente dinâmico que ocorre por mudanças existenciais ou mesmo
neurobiológicas. O dinamismo é o aspecto essencial da personalidade, pois estando em
constante desenvolvimento a personalidade pode ser mutável, de acordo com as
circunstâncias, mas não precisa ser instável.
A personalidade, para Hall; Lindzey; Campbel (2000) é avaliada por meio da efetividade com
que um indivíduo consegue eliciar reações positivas em uma variedade de pessoas em
diferentes circunstâncias. “A personalidade representa a essência da condição humana [...] se
refere àquela parte do indivíduo que é mais representativa da pessoa [...] é aquilo que a pessoa
realmente é” (HALL; LINDZEY; CAMPBEL, 2000:32). Para Kleinman (2015) podemos
considerar que a “personalidade geralmente permanece a mesma coerente ao longo da vida de
uma pessoa e é responsável por fazer cada indivíduo pensar, comportar-se e sentir-se de
maneira única e individualizada” (KLEINMAN, 2015:162). O autor ressalta ainda que,
embora seja um conceito psicológico, fatores biológicos também influenciam na
personalidade de uma pessoa. A “personalidade é individualizada e, em sua maior parte,
permanecerá consistente ao longo da vida de um indivíduo” (KLEINMAN, 2015:159).
Algumas considerações teóricas acerca da personalidade e seus conceitos, bem como tais
teorias vem evoluindo e se modificando ao longo das ultimas décadas se fazem necessárias.

2.1. Teorias da Personalidade


Pela concepção de Hall; Lindzey; Campbel (2000:33) teoria é “uma hipótese não-
comprovada ou uma especulação referente à realidade que ainda não está definitivamente
confirmada. Quando a teoria é confirmada, ela se torna um fato.”. Na visão de Kleinman
(2015:159) “existem várias teorias e escolas de pensamento que tentam entender como a
personalidade se desenvolve”. Assim, “uma teoria da personalidade deve ser um conjunto de
suposições relevantes para o comportamento humano, juntamente com as definições
empíricas necessárias.” (HALL; LINDZEY; CAMPBEL, 2000:36). Dessa forma, tais autores
ainda vão explanar que existem várias teorias que definem a personalidade, e a maneira como
a mesma será definida dependerá inteiramente do referencial teórico, sendo este importante
para a descrição e o entendimento completo do comportamento humano.
Fadiman e Frager (1986) apresentam o ponto de vista da Psicanálise de Sigmund Freud sendo
a personalidade ordenada em três componentes básicos estruturais da psique: o id, o ego e o
superego. O id “é a estrutura da personalidade original, básica e mais central [...]. O id é o
reservatório de energia de toda a personalidade” (FADIMAN; FRAGER, 1986:10-11). Os
autores complementam que “Os conteúdos do id são quase todos inconscientes, eles incluem
configurações mentais que nunca se tornaram conscientes, assim como o material que foi
considerado inaceitável pela consciência” (FADIMAN; FRAGER, 1986:11). Para Freud,
segundo Fadiman e Frager (1986), as outras estruturas, o ego e o superego, se desenvolvem a
partir do id. Já o ego é entendido como “a parte do aparelho psíquico que está em contato com
a realidade externa” (FADIMAN; FRAGER, 1986:11), sendo tal estrutura apontada pelos
autores como importante na garantia da saúde, segurança e sanidade da personalidade. E, por
fim, o superego atua na personalidade de uma pessoa como sendo “um juiz ou censor sobre as
atividades e pensamentos do ego. É o depósito dos códigos morais, modelos de conduta [...]
constituem as inibições da personalidade.” (FADIMAN; FRAGER, 1986:12). Para finalizar

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os autores expõem como funciona a inter-relação das três estruturas da personalidade


anteriormente descritas:
A meta fundamental da psique é manter — e recuperar, quando perdido — um nível
aceitável de equilíbrio dinâmico que maximiza o prazer e minimiza o desprazer. A
energia que é usada para acionar o sistema nasce no id, que é de natureza primitiva,
instintiva. O ego, emergindo do id, existe para lidar realisticamente com as pulsões
básicas do id e também age como mediador entre as forças que operam no id e no
superego e as exigências da realidade externa. O superego, emergindo do ego, atua
como um freio moral ou força contrária aos interesses práticos do ego. Ele fixa uma
série de normas que definem e limitam a flexibilidade deste último. (FADIMAN;
FRAGER, 1986:12).

Do ponto de vista de Burrhus Frederic Skinner através do Behaviorismo Radical, Fadiman e


Frager (1986) expressam que a personalidade entendida como um eu único, dividido e
diferente dos demais não existe. “Personalidade é definida por Skinner como uma coleção de
padrões de comportamento. Situações diferentes evocam diferentes padrões de respostas”
(FADIMAN; FRAGER, 1986:193). Por esta perspectiva, o comportamento de uma pessoa se
baseia em suas experiências passadas e história genética. “Se não podemos mostrar o que é
responsável pelo comportamento do homem dizemos que ele mesmo é o responsável pelo
comportamento. [...] Um conceito de eu não é essencial em uma análise do comportamento.”
(SKINNER, 1956:164 apud FADIMAN; FRAGER, 1986:208).

Outra teoria da personalidade, pela Perspectiva Centrada no Cliente de Carl Rogers, através
da análise de Fadiman e Frager (1986), surge o entendimento da personalidade através do
conceito de Self. “Dentro do campo de experiência está o self. O self não é uma entidade
estável, imutável”. (FADIMAN; FRAGER, 1986:226). Portanto, para Rogers, a personalidade
está em constante mudança e as pessoas usam de suas experiências para estarem
constantemente se redefinindo. Diferente do que anteriormente foi posto por Skinner, o
conceito de um eu:
não representa uma acumulação de inumeráveis aprendizagens e condicionamentos
efetuados na mesma direção... Essencialmente é uma Gestalt cuja significação
vivida é suscetível de mudar sensivelmente (e até mesmo sofrer uma reviravolta) em
consequência da mudança de qualquer destes elementos. (ROGERS, 1959:167 apud
FADIMAN; FRAGER, 1986:226).

Atualmente a área da Psicologia da Personalidade mais ativa e promissora é a Psicologia do


Traço (MANSUR-ALVES; SILVA, 2015), que trata de uma teoria da personalidade baseada
em traços de personalidade. “As teorias de traços sugerem que a personalidade é única para
um indivíduo e é composta por uma combinação de características responsáveis por fazer uma
pessoa se comportar de determinada maneira.” (KLEINMAN, 2015:159-160). Portanto, a
partir deste ponto de vista, uma combinação específica de variações de traços de
personalidade forma uma personalidade única. Kleinman (2015) denota que Cattell
desenvolveu, através de um processo estatístico conhecido como análise de fatores, uma
teoria onde resumia dezesseis traços de personalidade (Abstração, Apreensão, Domínio,
Estabilidade emocional, Vivacidade, Abertura à mudança, Perfeccionismo, Privacidade,
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Raciocínio, Controle pela consciência, Autoconfiança, Sensibilidade, Coragem social,


Tensão, Vigilância e Calor) como a fonte de todas as personalidades possíveis existentes entre
as pessoas, enquanto Eysenck desenvolveu uma teoria da personalidade baseada em somente
três características universais: Introversão versus extroversão, Neuroticismo versus
estabilidade emocional e Psicoticismo. Kleinman (2015) expressa que atualmente os teóricos
da personalidade consideram que há uma quantidade exagerada de traços na teoria de Cattell e
uma quantidade não suficiente de traços na teoria de Eysenck, sendo uma outra teoria baseada
em cinco traços de personalidade conhecida como “Cinco Grandes” como a teoria da
personalidade mais em voga na atualidade. Estes traços são os seguintes:
1. Extroversão: grau de sociabilidade de um indivíduo.
2. Amabilidade: grau de amizade, afeto, confiança e comportamento social
positivo de um invíduo.
3. Escrupulosidade: o grau de organização, ponderação e controle dos impulsos
de um indivíduo.
4. Neuroticismo: o grau de estabilidade emocional de um indivíduo.
5. Abertura: o grau de imaginação, criatividade e leque de interesses de um
indivíduo. (KLEINMAN, 2015:162).

Essa explanação demonstra como as teorias da personalidade vêm se desenvolvendo e


aprimorando nas últimas décadas. Foi feita uma breve revisão do conceito de personalidade
pela ótica de três grandes nomes da Psicologia: Freud, Skinner e Rogers, bem como uma
teoria mais atual da personalidade, conhecida como os “Cinco Grandes”.

3. Psicopatia e o Transtorno da Personalidade Antissocial


Na atual versão do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5; APA,
2014:689) o “transtorno da personalidade é um padrão persistente de experiência interna e
comportamento que se desvia acentuadamente das expectativas da cultura do indivíduo”.
Acerca especificamente do Transtorno da Personalidade Antissocial, seu diagnóstico se dá
pelos seguintes critérios:
A. Um padrão difuso de desconsideração e violação dos direitos das outras pessoas
que ocorre desde os 15 anos de idade, conforme indicado por três (ou mais) dos
seguintes:
1. Fracasso em ajustar-se às normas sociais relativas a comportamentos legais,
conforme indicado pela repetição de atos que constituem motivos de detenção.
2. Tendência à falsidade, conforme indicado por mentiras repetidas, uso de nomes
falsos ou de trapaça para ganho ou prazer pessoal.
3. Impulsividade ou fracasso em fazer planos para o futuro.
4. Irritabilidade e agressividade, conforme indicado por repetidas lutas corporais ou
agressões físicas.
5. Descaso pela segurança de si ou de outros.
6. Irresponsabilidade reiterada, conforme indicado por falha repetida em manter uma
conduta consistente no trabalho ou honrar obrigações financeiras.
7. Ausência de remorso, conforme indicado pela indiferença ou racionalização em
relação a ter ferido, maltratado ou roubado outras pessoas.
B. O indivíduo tem no mínimo 18 anos de idade.
C. Há evidências de transtorno da conduta com surgimento anterior aos 15 anos de
idade.
D. A ocorrência de comportamento. (DSM-5; APA, 2014:703).

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Ainda no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais observa-se que os


conceitos de psicopatia e Transtorno da Personalidade Antissocial se equivalem dentro de
suas descrições diagnósticas:
A característica essencial do transtorno da personalidade antissocial é um padrão
difuso de indiferença e violação dos direitos dos outros, o qual surge na infância ou
no início da adolescência e continua na vida adulta. Esse padrão também já foi
referido como psicopatia, sociopatia ou transtorno da personalidade dissocial. Visto
que falsidade e manipulação são aspectos centrais do transtorno da personalidade
antissocial, pode ser especialmente útil integrar informações adquiridas por meio de
avaliações clínicas sistemáticas e informações coletadas de outras fontes colaterais.
(DSM-5; APA, 2014:703).

Para a Classificação Internacional de Doenças (CID-10, OMS, 1993:199) o Transtorno de


personalidade antissocial se define como um “Transtorno de personalidade, usualmente vindo
de atenção por uma disparidade flagrante entre o comportamento e as normas sociais
predominantes”. Possui ainda as seguintes características diagnósticas:
(a) Indiferença insensível pelos sentimentos alheios;
(b) Atitude flagrante e persistente de irresposanbilidade e desrespeito por normas,
regras e obrigações sociais;
(c) Incapacidade de manter relacionamentos, embora não haja dificuldade em
estabelecê-los;
(d) Muito baixa tolerancia à frustração e um baixo limiar para descarga de agressão,
incluindo violência;
(e) Icapacidade de experimentar culpa e de aprender com a experiência
particularmente punição;
(f) Propensão marcante para culpar os outros ou para oferecer racionalizações
plaudíveis para o comportamento que levou o paciente a conflito com a
sociedade. (CID-10, OMS, 1993:199-200).

Dalgalarrondo (2008) se refere ao Transtorno de Personalidade Antissocial como sociopatia, e


que, dentro da psicopatologia, tal nome é apenas uma variação do Transtorno da
Personalidade Antissocial, pois assumem as mesmas características. O autor completa que:
Segundo a tradição psicopatológica, os sociopatas são pessoas incapazes de uma
interação afetiva verdadeira e amorosa. Não têm consideração ou compaixão pelas
outras pessoas, mentem, enganam, trapaceiam, prejudicam os outros, mesmo a quem
nunca lhes fez nada. São popularmente conhecidos como “mau caráter”,
“tranqueira”, “canalha”, etc. (DALGALARRONDO, 2008:271).

Daynes e Fellowes (2012) reforçam que não existe diferença entre sociopata e psicopata. Para
as autoras o surgimento do termo sociopata pode ser explicado a partir de dois aspectos, sendo
que o primeiro retrata a preocupação de alguns psicólogos com a proximidade da palavra
psicopata com psicótico. Isso leva a uma compreensão errada de que a psicopatia está
relacionada à dissociação do pensamento, ou seja, o sujeito não tem responsabilidade pelo ato.
O segundo aspecto envolve a crença, também, de alguns psicólogos que a psicopatia é
resultado dos ambientes familiar e social, no desenvolvimento do sujeito, e que o termo
condiz com os prejuízos causados pelo mesmo, nesses ambientes.

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Os estudos de Silva (2008) demonstram que a psicopatia revela um indivíduo que tem uma
natureza perversa que devasta e assusta. Algumas características, no âmbito social, são
reveladoras desse tipo de personalidade: frieza, racionalidade excessiva, falta de escrúpulos,
dissimulação, incontinência afetiva que leva a não formação de vínculos emocionais. Em
alguns casos, são sedutores tendo por objetivo o benefício pessoal, pois a falta de empatia não
os faz reconhecer a importância do outro. Além disso, não demonstram nenhum sentimento
de culpa ou remorso em relação aos atos transgressores que cometem.

4. Psicopatologia e seu diagnóstico


Do grego, psiché significa alma e pathos se refere a sofrimento, pode-se definir a
psicopatologia como sofrimento da alma. Mas, como aponta Berlinck (s/d) o termo pathos
significa também paixão e passividade, características comuns aos personagens das tragédias
gregas, ou seja, alguém que compromete a razão e as próprias ações, em função do sofrimento
e dos excessos que decorrem dele.
Dalgalarrondo (2008:26) define psicopatologia “como o conjunto de conhecimentos
referentes ao adoecimento mental do ser humano”. O autor completa que “São vivências,
estados mentais e padrões comportamentais que apresentam, por um lado, uma especificidade
psicológica [...] e, por outro, conexões complexas com a psicologia normal". Isso significa
que o adoecimento mental tem uma dimensão singular, genuína, ou seja, não pode ser
simplesmente considerado como um exagero do normal, pois ao mesmo tempo não é uma
experiência alheia às experiências psicológicas consideradas normais (DALGALARRONDO,
2008:26).
Para se chegar ao diagnóstico de uma psicopatologia, Dalgalarrondo (2008) expressa que o
principal instrumento é a entrevista. Não como uma entrevista banal, de simples perguntas e
respostas, mas “com a observação cuidadosa do paciente, é, de fato, o principal instrumento
de conhecimento da psicopatologia. Por meio de uma entrevista realizada com arte e técnica,
o profissional pode obter informações valiosas para o diagnóstico clínico”
(DALGALARRONDO, 2008:61). O autor ainda se refere ao psicodiagnóstico como um
importante auxílio no alcance de um diagnóstico psicopatológico. Dalgalarrondo (2008)
aponta como instrumentos mais significativos testes projetivos de personalidade, como
Rorschach, o TAT (Teste de Apercepção Temática de Murray) e Pfister, bem como os testes
estruturados, como o MMPI e o 16-PF. Tais instrumentos são de grande valia ao profissional
psicólogo no diagnóstico de psicopatologias.

Em seguida o assunto da avaliação psicológica no diagnóstico do Transtorno da Personalidade


Antissocial será tratado.

5. Avaliação Psicológica no Transtorno da Personalidade Antissocial


A resolução 005/2012 do Conselho Federal de Psicologia expressa que o uso de métodos e
técnicas psicológicas é exclusivo do profissional de psicologia. “Os Testes Psicológicos são
instrumentos de avaliação ou mensuração de características psicológicas, constituindo-se um
método ou técnica de uso privativo do psicólogo.” (resolução nº 005/2012 do Conselho
Federal de Psicologia, 2012). Porém, para o profissional psicólogo fazer uso de tal
instrumento, o mesmo deve ser validado. Ainda na mesma resolução, no artigo 1º ficam

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definidos os critérios de validação de um teste psicológico:

Para que possam ser reconhecidos como testes psicológicos em condições de uso
deverão atender aos requisitos técnicos e científicos, definidos no anexo da
Resolução CFP n.° 002/2003, e aos seguintes requisitos éticos e de defesa dos
direitos humanos: (Redação dada pela Resolução CFP nº 005/2012)
I - Considerar os princípios e artigos previstos no Código de Ética Profissional dos
Psicólogos; (Redação dada pela Resolução CFP nº 005/2012)
II - Considerar a perspectiva da integralidade dos fenômenos sociais, multifatoriais,
culturais e historicamente construídos; (Redação dada pela Resolução CFP nº
005/2012) III - Considerar os determinantes socioeconômicos que interferem nas
relações de trabalho e no processo de exclusão social e desemprego. (Redação dada
pela Resolução CFP nº 005/2012)
Parágrafo único. Para efeito do disposto no caput deste artigo, os testes psicológicos
são procedimentos sistemáticos de observação e registro de amostras de
comportamentos e respostas de indivíduos com o objetivo de descrever e/ou
mensurar características e processos psicológicos, compreendidos tradicionalmente
nas áreas emoção/afeto, cognição/inteligência, motivação, personalidade,
psicomotricidade, atenção, memória, percepção, dentre outras, nas suas mais
diversas formas de expressão, segundo padrões definidos pela construção dos
instrumentos. (Redação dada pela Resolução CFP nº 005/2012). (resolução nº
002/2003 do Conselho Federal de Psicologia, 2003).

Nos últimos anos o Conselho Federal de Psicologia vem amplamente discutindo e


pesquisando a validade de diversos instrumentos psicométricos, contudo, muitos são
considerados impróprios e inadequados para o uso, seja por inconsistência em sua base
científica, seja por ausência de fundamentação teórica, entre outros motivos (LAMÊGO;
MAGALHÃES; SUZA, 2015). Sobre este fato, ficam registrados os resultados das avaliações
dos testes psicológicos no site do Conselho Federal de Psicologia como favorável ou
desfavorável para uso em avaliações psicológicas no endereço http://satepsi.cfp.org.br/.
Acessando tal endereço, constatamos que atualmente há apenas um instrumento adaptado,
publicado e validado para avaliação da psicopatia no Brasil. Tal instrumento é a Escala Hare
PCL-R, desenvolvido por Robert Hare e traduzido e adaptado para a população brasileira por
Hilda Morana (MORANA, 2004), e foi construído com o intuito de ser usado em avaliações
psicológicas forenses, no contexto prisional.
“O conceito de psicopatia, introduzido no contexto forense por Cleckley (1988) e
desenvolvido por Hare (1991), não é idêntico ao transtorno da personalidade anti-social
(TAS), embora se superponham” (MORANA, 2004:16). O instrumento Escala Hare PCL-R
se propõe no auxílio da identificação de dois subtipos do Transtorno da Personalidade
Antissocial, sendo o Transtorno Global da Personalidade (TG) e o Transtorno Parcial da
Personalidade (TP) “anteriormente classificados por Silveira (1962) como psicopatia e traços
anormais de caráter, respectivamente.”. (MORANA, 2004:16).
Morana (2004) enfatiza que o PCL-R não se destina a realizar diagnósticos clínicos de
psicopatia, mas sim aspectos de personalidade e conduta do sujeito que indiquem condições
prototípicas de psicopatia e, portanto, maior probabilidade de reincidência criminal.
Em sua tese, a qual fundamenta a base teórica do manual traduzido no Brasil do PCL-R,
Morana expõe que “os sujeitos classificáveis como psicopatas no meio carcerário são

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minorias” (MORANA, 2004:13) e a autora ainda completa que tal identificação é


fundamental no tratamento de questões judiciais, como aferição de reincidência criminal,
reabilitação social e concessão de benefícios.
A Escala Hare PCL-R tem se mostrado muito eficaz na identificação da condição de
psicopatia. Tem sido traduzida e validada em vários idiomas, e em diversos países
[...] sendo unanimemente considerado o instrumento mais fidedigno para identificar
criminosos psicopatas, em especial no contexto forense. (MORANA, 2004:14).

A autora denota que, dentro do sistema progressivo de cumprimento da pena do mais rigoroso
para o menos rigoroso, de acordo com a individualização da pena do sujeito apenado da
justiça, a qualidade com que o exame criminológico será feito é de suma importância.
“Autorizar a liberação de tais sujeitos para o convívio em sociedade, mesmo que de forma
progressiva, é uma decisão de extrema responsabilidade.” (MORANA, 2004:13).
Portanto, em um momento em que o futuro sobre a vida de um sujeito está em jogo, um
instrumento de qualidade se faz necessário para que decisões com bases científicas sólidas
sejam tomadas.
Sobre sua estrutura, a Escala Hare PCL-R possui um questionário de entrevista
semiestruturado composto por 20 itens “e uma validade estimada do grau para o qual um
criminoso ou paciente psiquiátrico-forense se enquadra no conceito tradicional (prototípico)
de psicopatia” (MORANA, 2004:14). Os seguintes itens são avaliados durante uma entrevista
na Escala Hare PCL-R:
1. Loquacidade/Charme superficial
2. Superestima
3. Necessidade de estimulação/Tendência ao tédio
4. Menira patológica
5. Vigarice/Manipulação
6. Ausência de remorso ou culpa
7. Insensibilidade afetivo-emocional
8. Indiferença/Falta de empatia
9. Estilo de vida parasitário
10. Descontroles comportamentais
11. Promiscuidade sexual
12. Transtornos de conduta na infância
13. Ausência de metas realistas e de longo prazo
14. Impulsividade
15. Irresponsabilidade
16. Incapacidade de aceitar responsabilidade pelos próprios atos
17. Muitas relações conjugais de curta duração
18. Delinquencia juvenil
19. Revogação da liberdade condicional
20. Versatilidade criminal (MORANA, 2004:15 apud HARE, 1985).

O constructo de psicopatia no PCL-R define-se por traços de personalidade e comportamentos


sociais desviantes refletidos em dois fatores da escala.
O Fator 1 é definido pelas características nucleares dos traços da personalidade que
compõem o perfil prototípico da condição de psicopatia, incluindo superficialidade,
falsidade, insensibilidade/crueldade; ausência de afeto, culpa, remorso ou empatia

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entre outros. O Fator 2 é definido por comportamentos associados a instabilidade do


comportamento, impulsividade e estilo de vida anti-social, levando ao que é
conhecido como tendências a comportamento socialmente desviante. (MORANA,
2004:15 apud HARE, 1991).

Morana (2004) explica que se o Fator 1 estiver mais elevado que o Fator 2, pressupões-se
uma reabilitação do sujeito mais problemática, pois tal fator mede traços dimensionais da
personalidade, indicando um maior comprometimento do caráter. Em contrapartida, o Fator 2
revela aspectos comportamentais antissociais derivado de traços de instabilidade e
impulsividade, mais possíveis de serem tratados por intervenções terapêuticas e
medicamentosas.
Outro instrumento auxiliar na avaliação da psicopatia é a Medida Interpessoal de Psicopatia
(Interpersonal Measure of Psychopathy – IM-P). “A IM-P foi desenvolvida por Kosson e
cols. (1997)[...]. A escala tem como foco os comportamentos interpessoais que vão além das
verbalizações do participante e avalia os comportamentos interpessoais do indivíduo”.
(SALVADOR-SILVA et al., 2012:241). A IM-P é composta por 21 itens que avaliam
comportamentos do sujeito emitido durante uma entrevista “tais como: desrespeito aos limites
pessoais; tranquilidade ou descontração atípica; superioridade ética; busca por aliança;
irritação; contato intenso do olhar” (SALVADOR-SILVA et al., 2012:242). Tal instrumento é
utilizado concomitantemente com o PCL-R, porém a sua escala é pontuada por um outro
avaliador diferente do que conduz a entrevista do PCL-R “devido a este estar interagindo com
o participante, portanto, sendo alvo dos comportamentos interpessoais que devem ser
avaliados.” (SALVADOR-SILVA et al., 2012:242). Portanto, para garantir a imparcialidade,
é necessário a presença de um segundo avaliador específico assistindo a entrevista filmada do
primeiro avaliador (que utilizou a Escala Hare PCL-R) fazendo uma posterior análise dos
comportamentos manifestados pelo avaliando, porém tal prática não é permitida no Brasil,
como ressalta Salvador-Silva et al. (2012). Atualmente a IM-P passou por processo de
tradução e adaptação à língua e cultura brasileira, porém seu processo de validade de
constructo e de critério de escala ainda não foi concluído pelo Conselho Federal de
Psicologia, portanto não é um instrumento passível de ser utilizado pelos profissionais da
psicologia, embora mostre um esforço em desenvolver o psicodiagnóstico nesta área
específica.
Devido ao escasso acervo disponível de testes específicos para avaliação de patologias da
personalidade relevantes no contexto prisional, como a psicopatia, atualmente “trabalhamos,
na maior parte das vezes, com o Teste das Pirâmides Coloridas de Pfister, [...] o Teste
Palográfico, o Teste Zulliger ou até mesmo o Rorscharch.” (MAGALHÃES; SOUZA;
LAMÊGO, 2015:285), que são instrumentos e técnicas de avaliação da personalidade, de
maneira geral.
Tendo discutido e feito uma análise do atual acervo disponível dos testes psicológicos
validados atualmente no mercado brasileiro como instrumentos para os profissionais
psicólogos na aferição da personalidade antissocial, como apresentadas até o momento,
finalizamos esta pesquisa com as considerações finais, em seguida.

6. Método
Para a realização do presente trabalho foi feita uma revisão teórica com a finalidade de
“circunscrever um dado problema de pesquisa dentro de um quadro de referência teórico que

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pretende explicá-lo.” (LUNA, 2002:83). Dessa forma, depois de elaborar o problema, com
base em um referencial teórico da área da Psicologia, buscou-se responder aos
questionamentos iniciais utilizando a pesquisa bibliográfica acerca do tema de pesquisa
proposto.

A esse respeito, acrescenta-se que “a pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em


material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos.” (GIL,
2002:44), conforme a elaboração do presente trabalho. Como vantagem desse método, Gil
(2002) ressalta, ainda, que desse modo o pesquisador tem acesso a uma quantidade de
informações muito maior do que se pesquisasse única e exclusivamente pela sua própria
experiência e recursos.
Tendo em vista, portanto, tratar-se de uma pesquisa exploratória, cujas bases teóricas
precisam ser bem compreendidas, justifica-se dessa forma a opção metodológica para a
condução deste trabalho.

7. Considerações finais
O estudo permitiu levantar que a Psicopatia ou Transtorno da Personalidade Antissocial, é
considerada dentro do meio científico uma psicopatologia, ou seja, uma doença mental. Sua
identificação é de suma importância para o psicólogo que trabalha dentro do contexto
penitenciário. Como explanado pelas opiniões dos autores apresentadas nesta pesquisa, uma
das ferramentas mais relevantes para o psicodiagnóstico é a entrevista. No entanto,
instrumentos auxiliares, como os testes psicológicos, podem ser de grande valia para o
psicólogo na aferição de psicopatologias da personalidade de um sujeito. O Conselho Federal
de Psicologia já há alguns anos tem pesquisado amplamente a validade de diversos
instrumentos. A quantidade de testes validados disponíveis para avaliação psicológica da
psicopatia atualmente no Brasil é bem escasso: somente um. Desta forma o psicólogo deve
utilizar, além da entrevista, técnicas projetivas da personalidade, como o Teste das Pirâmides
Coloridas de Pfister, ou até mesmo o Rorscharch, com o intuito de encontrar indicativos de
psicopatologias, entre elas a psicopatia.
Percebe-se, por fim, que alguns questionamentos iniciais acerca da avaliação psicológica da
psicopatia como um constructo puderam ser reavaliados por meio das discussões teóricas aqui
apresentadas. Esse estudo contribuiu para evidenciar a necessidade de outros estudos mais
aprofundados sobre o assunto. Espera-se, portanto, que futuras investigações possam agregar
instrumentos de medida da personalidade, com alcance para psicopatologias mais severas
como é a psicopatia.

8. Referências
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2011. Regulamenta a atuação da(o) psicóloga(o) no âmbito do sistema prisional. Brasília,
D.F., 25 maio 2012. Disponível em: <http://site.cfp.org.br/wp-
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CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Resolução CFP N.º 005/2012, de 08 de março


de 2012. Altera a Resolução CFP n.º 002/2003, que define e regulamenta o uso, a elaboração
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