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HOWARD SNYDER
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NOVO
ODEE
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Vida nova para a igreja
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VINHO NOVO,
ODRES NOVOS
Vida nova para a igreja
H d S der
1~ Edição - 1997
Dedicatória
Em memória de meus pais,
Edmund C. Snyder e
Clara Zahniser Snyder,
os que primeiro
ensinaram-me a amar a igreja
Howard Snyder
Wilmore, Kentucky
Maio, 1997
Índice
Introdução: Vinho Novo e Odres Velhos 13
TEMPO PARA VINHO NOVO
1 O Cataclismo Impossível 23
2 Mundo à Beira do Abismo? 28
3 O Evangelho aos Pobres 41
Ul\/IA NOVA VISÃO DOS ODRES VELHOS
4 Igrejas, Templos e Tabernáculos 61
5 Os Edifícios das Igrejas São Supérfluos? 73
6 Pastores Devem Ser Superstars? 86
MATERIAL BÍBLICO PARA oDREs NOVOS
7 A Comunhão do Espírito Santo 93
8
9A O Mente
Povo de Deus 105
de Cristo 117
10 A Ecologia da Igreja 133
11 O Lugar dos Dons Espirituais 159
12 O Grupo Pequeno como Estrutura Básica 170
ESTRUTURA DA IGREJA NO TEMPO E NO ESPAÇO
13 Igreja e Cultura - 183
14
15 Uma Lição dadoHistória
Um Relance Futuro 202
212
Notas 229
Pós-escrito: Parábola do Rio 226
Indice Remissivo 246
Prefácio
Howard A. Snyder
Dayton, Ohio
1NTRoDUçÃo
VI HO NOVO E
ODRES VELHOS
Um Organismo Vivo
A Bíblia diz que a igreja é nada menos que o Corpo de Cristo.
Ela é a Noiva de Cristo (Ap 21.9), os ramos vivos (Jo 15.1-8),
o Rebanho de Deus (1 Pe 5.2), o templo santo no Senhor (Ef
2.21-22). Todas essas figuras bíblicas enfatizam um
relacionamento essencial, vivo e amoroso entre Cristo e a
igreja. Até mesmo o “templo” é vivo, um organismo vivo!
Essas figuras sublinham a suprema importância da igreja
no plano de Deus e nos lembra que “Cristo amou a Igreja e a
20 INTRODUÇÃO
si mesmo se entregou por ela” (Ef 5.25). Se a Igreja é o Corpo
de Cristo - o instrumento para ação da Cabeça no mundo
-- então a igreja é uma parte essencial do evangelho, e a
eclesiologia e a soteriologia são inseparáveis. Por isso,
devemos tratar da renovação radical dos odres.
O leitor vai logo perceber que não tentei dar um programa
completo para a estrutura da igreja. N ão apresento nenhum
projeto detalhado. Antes, tentei falar basicamente sobre
princípios chaves e entendimentos que devem modelar
qualquer estrutura válida e bíblica em nossos dias. Este livro,
portanto, é sugestivo, não definitivo. Eu abri mais portas
do que as que escolhi para (ou sou capaz de) entrar por elas.
Várias questões são tratadas somente de modo parcial e
incompleto. Outros livros de minha autoria lidam com alguns
desses assuntos de maneira mais completa - em especial The
Community of the King, Liberating the Church e A Kingdom
Manifesto. Propostas mais detalhadas e sistemáticas para
estrutura da igreja podem ser encontradas também em
algumas das obras citadas em notas ao longo do livro.
O vinho novo deve ser colocado em odres novos. Mas de
onde vêm esses odres novos? Quem os fornece? Como eles
são feitos? Que determina sua utilidade?
Este livro procura responder a perguntas como essas.
TEMPO
PARA
VINHO NOVO
CAPÍTULO 1
O CATACLISM
IMPOSSÍVEL
ç UNDo
A BEIRA D0 ABISM 2
O EVANGELHO AOS
POBRES
Jesus e os Pobres
Mas, e quanto a relação entre Jesus e os pobres? Jesus teria
minimizado ou confirmado a ênfase do Antigo Testamento?
Vários fatos acerca da atitude de Jesus brilham através dos
Evangelhos.
44 VINHO NOVO. ODRES NOVOS
1. Jesus fez da pregação do evangelho aos pobres uma
autenticação do seu próprio ministério. Ele disse: “O Espírito
do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar
os pobres” (Lc 4.18). Citou Isaías 61 para mostrar as marcas
pelas quais o seu evangelho poderia ser conhecido. Disse de
modo bem claro que era sua prática e propósito consciente
pregar seu evangelho especialmente aos pobres. (Compare Mt
11.1-6.)
Com Jesus, não acontecia de pregar uma coisa e fazer outra.
Seu ministério terreno foi para os pobres e entre os pobres.
Como G. K. Chesterton escreveu, Jesus era “um estrangeiro
sobre a terra” que
compartilhava a vida errante dos mais destituídos de
lar e de esperança dentre os pobres... [Elelprovavelmente
seria enxotado pela polícia e quase com toda a certeza
preso por não ter meios visíveis de subsistência. Pois
nossa lei tem em si uma nota de esquisitice ou um toque
de fantasia que Nero e Herodes nunca teriam imaginado,
de efetivamente punir as pessoas sem lar por não estar
dormindo em casa?
2. Jesus cria que os pobres estavam mais prontos e aptos
para entender e aceitar o seu evangelho. Uma coisa admirável
e tão diferente da atitude comum hoje! Certa vez Jesus orou:
“Graças te dou, Ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque
ocultaste estas coisas aos sábios e instruídos e as revelaste
aos pequeninos. Sim, Ó Pai, porque assim foi do teu agrado”
(Mt 1 1.25-26). Jesus mostrou ali que os “sábios e instruídos”
- os sofisticados, os cultos, os de status social mais elevado
- acham o evangelho difícil de aceitar, uma pedra de tropeço,
enquanto os pequeninos - aqueles com pouca sofisticação e
capacidade de compreensão - são rápidos em captar o
significado das boas novas e aceitá-las. E óbvio que os pobres
pertencem à última categoria. “Embora fosse o Senhor de todo
o mundo, ele pref`eriu crianças e pessoas ignorantes aos
sábios”, disse João Calvino.
3. Jesus dirigiu especificamente o chamado do evangelho
para os pobres. Ele disse: “Vinde a mim, todos os que estais
O EVANGELHO AOS POBRES 45
cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei” (Mt 11.28). A
despeito da nossa entranhada tendência para espiritualizar
essas palavras, parece claro que Jesus aqui estava falando,
em primeiro lugar, de modo literal. O chamado de Jesus era
preeminentemente para os pobres - aqueles que, de todo o
povo, eram os mais cansados e sobrecarregados, não só em
termos espirituais, mas também por causa de longas horas de
labor físico e de vários tipos de opressão conhecidos apenas
pelos pobres. E para estes que Jesus fala - não de maneira
exclusiva, mas preeminentemente. Walter Rauschenbusch
pobres e oprimidos.”
estava certo: “A compaixão fundamental de Jesus era pelos
IGREJAS, TEMPLOS E
TABERNAcULos
A Importância do Tabernáculo
O significado do tabernáculo deve receber uma atenção
especial aqui - em parte porque isso geralmente não acontece,
mas principalmente porque ele é importante para a igreja,
para a eclesiologia. Por que deveria Deus ser representado
por uma estrutura fisica? Por que uma tenda?
Na aliança mosaica, o tabernáculo era o símbolo da presença
de Deus. “E me farão um santuário, para que eu possa habitar
no meio deles” (Ex 25.8). A idéia central era a habitação de
Deus no meio do seu povo. Deus não podia habitar de verdade
no coração das pessoas por causa dos seus pecados e rebeldia;
sua habitação tinha de ser simbólica. Por isso, Deus ordenou
a construção do tabernáculo, dando o seu projeto a Moisés em
profusão de detalhes. Devia ser erguido de acordo com o
modelo revelado no monte (Ex 26.30, At 7.44; Hb 8.5).
Mas para a igreja, o tabernáculo tem o seu cumprimento
no corpo de Cristo, como já vimos. Por isso, a necessidade de
um tabernáculo material já passou. Por quê? Porque agora
Deus habita com o seu povo nos corações e nos corpos da
comunidade dos crentes, mediante a habitação interior do
Espírito Santo. O Espírito Santo “habita convosco e estará
em vós” (Jo 14.l7), disse Jesus. Se alguém ama e obedece a
Jesus, o Pai e o Filho vêm a ele e nele fazem morada (Jo 14.23).
“Entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo” (Ap
3.20).
A idéia central do tabernáculo é, claramente, a habitação
de Deus. Mas no Novo Testamento, Deus habita no coração
das pessoas, e não apenas entre elas de modo simbólico. O
véu se partiu em dois; o coração de pedras foi substituído por
coração de carne. Dessa forma, a igreja é “habitação de Deus”
no Espírito e por meio do Espírito (Ef 2.22).
64 VINHO NOVO, ODRES NOVOS
Haverá também um cumprimento eterno, escatológico,
dessa idéia de habitação de Deus. Quando João vê a cidade
santa descendo da parte de Deus, as primeiras palavras que
ele ouve vindas do trono são: “Eis o tabernáculo de Deus com
os homens” (Ap 21.3; compare Ez 37.27-28). E este o
significado da cidade santa: a habitação eterna, espiritual, real
e perfeita de Deus com o seu povo. Portanto, obviamente não
há ali nenhum “santuário, porque 0 seu santuário é o Senhor,
o Deus Todo-poderoso, e o Cordeiro” (Ap 21.22). E não seria
esse o projeto de Deus o tempo todo: uma cidade sem templos
porque o próprio Deus é o seu santuário? Aqui todas as
limitações de tempo e espaço evaporam. Deus e seu povo em
perfeita comunhão. O povo de Deus habitando eternamente
em comunhão, na koinonia, do Espírito Santo.
Dessa forma, vemos uma tríplice progressão: Primeiro, Deus
habitando simbolicamente entre o seu povo numa estrutura
física chamada tabernáculo. Segundo, Deus realmente
habitando dentro do coração e na comunidade do seu povo
mediante o Espírito Santo. Terceiro, Deus habitando
eternamente com o seu povo, em perfeita e inquebrantável
comunhão, na era vindoura.
Tabernáculo ou Templo?
Mas, ao passar de Moisés a Cristo, saltamos mais de 1.200
anos da história do povo de Deus - a era do templo. Com o
reinado de Davi e Salomão, o tabernáculo foi substituído pelo
templo. Teriam o tabernáculo e o templo exatamente o mesmo
significado? Ou sugerem eles diferentes aspectos do plano de
Deus?
Analisando o relato do Antigo Testamento, podemos ver
uma nítida diferença entre tabernáculo e templo.
Fico maravilhado toda vez que leio sobre a construção da
arca e do tabernáculo no Antigo Testamento. Este era o padrão
da Arca da Aliança:
Também farão uma arca de madeira de acácia; de dois
côvados e meio será o seu comprimento, de um côvado e
meio, a largura, e de um côvado e meio, a altura. De
IGREJAS, TEMPLOS E TAEERNÁCULOS 65
ouro puro a cobrirás Fundirás para ela quatro argolas
de ouro e as porás nos quatro cantos da arca... meterás
os varais nas argolas aos lados da arca, para se levar por
meio deles a arca (Ex 25.10-14).
Por cima dessa arca ficava o propiciatório, uma peça magnífica
de ouro coberta por dois querubins, cujas asas eram estendidas
sobre a arca.
Pensem nessa peça linda e cara, símbolo da presença do
Deus Todo-poderoso, Criador do universo - mas com dois
varais espetados em seus cantos para que se pudesse carregá
la! Um símbolo desfigurado? Não, um símbolo perfeito
símbolo não só de um Deus santo, mas também de um Deus
móvel! Deus não estava aprisionado ali numa tenda. Algum
dia, quem sabe amanhã, as coisas vão mudar. A nuvem
começará a se mover. A arca será carregada. J avé é livre para
ser imprevisível. Ele é sempre fiel consigo mesmo, mas não
necessariamente às nossas idéias preconcebidas. Ele fará novas
coisas.
O tabernáculo é o símbolo da presença de Deus junto ao
seu povo e, como tal, acima de tudo, é um símbolo móvel. Tudo
é feito para ser desmontado e 'carregado com facilidade. E isso
não foi idéia de Moisés; era de acordo com o modelo revelado
no monte, como a Escritura repete várias vezes. Se o
tabernáculo representa a presença de Deus, representa com
certeza a natureza dinâmica de I)eus e a mobilidade do povo
de Deus.
Mas, alguém pode contestar, isso é ir longe demais na busca
do significado. E claro que o tabernáculo tinha de ser móvel,
pois o povo de Deus estava viajando. Sua mobilidade não tem
nenhum significado mais profundo. Mas esse é precisamente
o ponto! Deus começou a peregrinação; ele determinou que
ela durasse quarenta anos; ele criou um povo peregrino. Isso
foi para Israel uma grande lição objetiva sobre a natureza do
seu Deus. Antes de se estabelecerem na terra prometida, os
israelitas devem aprender a que tipo de Deus estão servindo.
Ele não é um Deus para ser confinado num país ou numa
cidade ou num templo; ele está acima dessas coisas. O único
66 VINHO NOVO, ODRES NOVOS
caminho para aprender isso de verdade é vivendo como um
povo peregrino, e o tabernáculo reflete isso.
Uma das passagens mais belas e radicais do Antigo
Testamento descreve de maneira bem gráfica essa mobilidade:
Quando a nuvem se erguia de sobre a tenda, os filhos de
Israel se punham em marcha; e, no lugar onde a nuvem
parava, aí os filhos de Israel se acampavam. Segundo o
mandado do Senhor, os filhos de Israel partiam e,
segundo o mandado do Senhor, se acampavam; por todo
o tempo em que a nuvem pairava sobre o tabernáculo,
permaneciam acampados. Quando a nuvem se detinha
muitos dias sobre o tabernáculo, então, os ñlhos`de Israel
cumpriam a ordem do Senhor e não partiam. As vezes,
a nuvem ficava poucos dias sobre o tabernáculo; então,
segundo o mandado do Senhor, permaneciam e, segundo
a ordem do Senhor, partiam. Às vezes, a nuvem ñcava
desde a tarde até à manhã; quando, pela manhã, a nuvem
se erguia, punham-se em marcha; quer de dia, quer de
noite, erguendo-se a nuvem, partiam. Se a nuvem se
detinha sobre o tabernáculo por dois dias, ou um mês,
ou por mais tempo, enquanto pairava sobre ele, os filhos
de Israel permaneciam acampados e não se punham em
marcha; mas, erguendo-se ela, partiam. Segundo o
mandado do Senhor, se acampavam e, segundo o
mandado do Senhor, se punham em marcha; cumpriam
o seu dever para com o Senhor, segundo a ordem do
Senhor por intermédio de Moisés (Nm 9.17-23).
Foi assim com o tabernáculo. Mas o templo era diferente. Ele
era imóvel - ancorado, permanente - e seu significado
também difere de acordo com essa condição.
O tabernáculo foi idéia de Deus; foi seu projeto. Ele ordenou
sua construção. Mas e quanto ao templo? Deus enviou palavras
ao rei Davi:
Edificar-me-ás tu casa para minha habitação? Porque
em casa nenhuma habitei desde o dia em que fiz subir
os filhos de Israel do Egito até ao dia de hoje; mas tenho
andado em tenda, em tabernáculo. Em todo lugar em
IGREJAS. TEMPLOS E TABERNÁCULOS 67
que andei com todos os filhos de Israel, falei, acaso,
alguma palavra com qualquer das suas tribos, a quem
mandei apascentar o meu povo de Israel, dizendo: Por
que não me edificais uma casa de cedro? (2 Sm 7 .5-7)
O rei Davi era rico, próspero e estava em período de paz.
Ele disse a Natã, o profeta: “Olha, eu moro em casa de cedros,
e a arca de Deus se acha numa tenda” (2 Sm 7.2). Se o rei tem
uma casa real, por que não Deus também? Isso não é lógico?
Não é um reconhecimento da primazia do Senhor?
Desse modo, o templo foi idéia de Davi, não de Deus. Além
disso, Davi era rei, e a monarquia também não era idéia de
Deus (1 Sm 8.4-9). Podemos perguntar se teria havido mesmo
um templo caso não houvesse um rei. Mas em ambos os casos,
Deus ajustou seu plano a desejos humanos, por causa de seus
próprios propósitos.
Deus permitiu a construção do templo, mas não por Davi.
Este fez os preparativos, mas foi Salomão quem construiu.
Em contraste com o tabernáculo, o projeto não veio do Monte
Sinai. Deus não foi o arquiteto.
Enquanto Salomão estava construindo o templo, uma
palavra veio de Deus: “Quanto a esta casa que tu [observe,
tu, não eu] edificas, se andares nos meus estatutos, e
executares os meus juízos, e guardares todos os meus
mandamentos, andando neles, cur nprirei para contigo a minha
palavra, a qual falei a Davi, teu pai. E habitarei no meio dos
filhos de Israel e não desampararei o meu povo” (1 Rs 6.12
13). Embora o templo não fosse idéia de Deus, ele honra as
boas intenções de Salomão e também a sua criatividade. Deus
habitará naquela casa; manterá a aliança - desde que
Salomão e o povo sejam ñéis.2
Essa foi a origem do templo. Mais tarde o povo desobedeceu
a Deus e o templo foi destruído. O povo escolhido foi levado
como prisioneiro. Pensavam que Deus estava com toda a
segurança dentro do templo e entre os sacerdotes, mas de
repente ele lhes sobreveio de fora, mediante a voz do profeta
e o estrondo dos reis estrangeiros.
68 VINHO NOVO, ODRES NOVOS
A conclusão que se tira de tudo isso é clara: O sinal mais
exato da presença de Deus em sua igreja aqui na terra é o
tabernáculo, e apenas de modo secundário 0 templo. O
tabernáculo é o verdadeiro símbolo, pois mostra de modo mais
acurado como Deus age na história.
Uma certa legitimidade é atribuída ao templo do Antigo
Testamento, mas ela é de caráter essencialmente tipológico e
escatológico e se baseia no reinado de Davi como o tipo do
reino eterno de Cristo? A tipologia é percebida claramente
no livro de Salmos, em que Davi é o rei, Jerusalém é a cidade
santa e o templo é a santa habitação de Deus. Mas o significado
primário é escatológico. Na realidade concreta Davi peca, a
monarquia se degenera, a cidade santa está cheia de sangue e
o culto no templo acaba no final mergulhado num
institucionalismo morto.
Essa interpretação típica, escatológica, é confirmada mais
adiante por aquilo que os profetas dizem acerca do templo.
Com freqüência eles falam de um templo, mas em geral se
referem ao templo eterno de Deus que está no céu.“ A visão
do templo de Ezequiel com certeza tem significado
escatológico, como ñca claro a partir dos paralelos com o livro
de Apocalipse. Além disso, Jeremias adverte contra uma falsa
fé no templo: “Não conñeis em palavras falsas, dizendo:
Templo do Senhor, templo do Senhor, templo do Senhor é este”
(Jr 7.4).
Uma aparente exceção a essa visão do santuário é
encontrada na reconstrução do templo após o exílio, e em
particular na profecia de Ageu. Aqui - pela única vez na Bíblia
- Deus ordena que se edifique um templo (Ag 1.7-8).
Ageu teve quatro visões num espaço de quatro meses. O
templo está em ruínas, mas 0 povo estava mais preocupado
em ornamentar suas casas do que em reconstruir a casa de
Deus. Na primeira visão Deus lhes ordena que reconstruam o
templo. Por quê? Porque 0 povo tinha abandonado o seu
primeiro amor. O templo havia se tornado o símbolo da
presença de Deus, e a negligência daquela casa pelo povo era
um sinal e sintoma da negligência em relação ao próprio Deus.
IGREJAS. TEMPLOS E TABERNÁCULOS 69
Mas em sucessivas visões, também relacionadas ao templo, a
vontade de Deus é colocada na perspectiva escatológica. Deus
diz, com efeito: “Vocês sentem que esse templo que estão
reconstruindo é apenas uma sombra do primeiro, cheio de
glória? Mas está chegando a hora em que as coisas vão mudar.”
Deus diz: “Encherei de glória esta casa, A glória desta última
casa será maior do que a da primeira” (Ag 2.3-9). Aqui se faz
uma referência ao futuro escatológico (como em outras
passagens similares) e não ao futuro imediato do templo
material, que não podia (e nunca conseguiu) se comparar ao
primeiro templo, de Salomão.
Qual é a mensagem central da profecia de Ageu, então?
Simplesmente que o povo estava sendo inñel a Deus, e Deus
ordenou a reconstrução do templo como um ato de rededicação
à aliança feita com Salomão.
Mas mesmo aqui não se permite que o templo terreno
assuma importância devida. Imediatamente ele é colocado na
perspectiva da eternidade: O templo material é apenas a
sombra do que está para vir no reino futuro de Deus, quando
o Senhor irá abalar o céu e a terra, o mar e a terra seca (Ag
2.21-23).
Nem mesmo a sublime visão de Isaías no capítulo 6 do seu
livro concede alguma legitimidade ao templo terreno. Seus
olhos foram abertos para ver Deus em seu trono eterno, em
seu santuário celestial. As imagens são claramente do
santuário celestial, não do templo terreno. (Compare Ap 4.1
11.) O interessante é que a passagem nem mesmo diz que
Isaías estava no templo quando recebeu a visão, embora
costumemos pensar assim. Pode ser que ele estivesse
descansando em sua própria casa. °
Vemos, portanto, no tabernáculo e na peregrinação pelo
deserto, a contraparte do Antigo Testamento para a igreja na
história como o povo peregrino de Deus. O templo e o reino
representam mais exatamente o reino escatológico de Cristo,
a ser consumado na era vindoura. Tanto o tabernáculo como
o templo representam a habitação de Deus com o seu povo.
70 VINHO NOVO. ODRES NOVOS
Mas o tabernáculo, mais simples, despretensioso e peregrino
é o símbolo mais exato da igreja na terra.”
Tabernáculo e Igreja
Com o nascimento da igreja, a necessidade de um tabernáculo
físico ou um templo passou. Um templo já não é mais
necessário. Não existe mais nenhum lugar santo para culto e
sacrifício (Jo 4.20-24), pois o sacrifício já foi feito, uma vez
por todas. Tudo o que precisavam era de um lugar para se
reunirem como comunidade cristã. O lugar mais natural era
o lar (At 2.46; 5.42). Cristãos judeus continuaram cultuando
por algum tempo no templo, mas essa prática foi cessando
gradativamente. E o templo foi destruído em 70 d.C.
E impressionante que Estêvão, em seu discurso no templo
antes de seu martírio, vai diretamente de uma discussão sobre
o tabernáculo e o templo para a condenação dos líderes judeus:
O tabernáculo do Testemunho estava entre nossos pais no
deserto, como determinara aquele que disse a Moisés que o
fizesse segundo o modelo que tinha visto... até os dias de Davi.
Este achou graça diante de Deus e lhe suplicou a faculdade de
prover morada para o Deus de Jacó. Mas foi Salomão quem
lhe edificou a casa. Entretanto, não habita o Altíssimo em
casas feitas por mãos humanas (At 7.44-48).
Ao que parece, o ponto focalizado aqui é a lentidão dos
líderes judeus em reconhecer os verdadeiros sinais da presença
de Deus. Eles resistem ao Espírito Santo por confiar no templo
físico, e não vêem Jesus Cristo como o cumprimento tanto do
tabernáculo como do templo, como sacerdote e rei ao mesmo
tempo. Tão acostumados a procurar a Deus em pedras e
argamassa, eles não o reconhecem em carne humana (Jo 1.1
11). Eles rejeitaram a Jesus Cristo e estão confiando naquilo
que já não tem mais significado.
Tudo o que isso sugere é um fato bem mais básico:
tcologicamente, a igreja não precisa mais de templos. Edifícios
não são essenciais para a verdadeira natureza da igreja, pois
o tabernáculo simbolizava a habitação de Deus, e Deus já
habita dentro da comunidade humana dos crentes cristãos.
IGREJAS, TEMPLOS E 'IVÃBERNÁCULOS 71
As pessoas são o templo e o tabernáculo, um tabernáculo “não
feito por mãos”, “maior e mais perfeito”, do qual o tabernáculo
de Moisés era apenas uma cópia (Hb 9.11). Dessa forma, do
ponto de vista teológico, os edifícios das igrejas são supérfluos.
Eles não são necessários para a função sacerdotal porque todos
os crentes são sacerdotes e todos têm acesso direto, a qualquer
hora e em qualquer lugar, ao grande Sumo Sacerdote. Um
prédio de igreja não pode ser propriamente “a casa do Senhor”
porque na nova aliança esse título é reservado para a igreja
como povo (Ef 2; 1 Tm 3.15; Hb 1O.21). Um prédio de igreja
não pode ser um “lugar santo” em nenhum sentido especial,
pois lugares santos não existem mais, e toda criação é sagrada.
O cristianismo não possui lugares santos, apenas povo santo.
Os cristãos sabem que Deus está presente em todos os lugares,
pois a terra é do Senhor.
E difícil encontrar base bíblica para se construir edifícios
para igrejas. Pelo contrário, o ensino de Hebreus - o mais
claro em afirmar que o sistema sacrificial e o sacerdócio
passaram de modo que a igreja agora não precisa mais deles
- pode implicar que a igreja não deve se envolver na
construção de prédios exatamente da mesma maneira pela
qual não deve instituir nenhum sacerdócio novo ou nenhum
sacrifício novo.6 De qualquer forma, a igreja primitiva não
construiu prédios.7
"'A conclusão de que a igreja, teologicamente, não precisa de
edifícios é reforçada pela diferença que já vimos que existe
entre o tabernáculo e o templo. Notamos que aparentemente
Deus prefere o tabernáculo ao templo como o sinal de sua
habitação com seu povo, pois o primeiro enfatiza que o Senhor
é dinâmico, não estático, móvel, um Deus de surpresas. E dessa
forma, o tabernáculo mostra que o povo de Deus - a igreja
é móvel e flexível, formado por peregrinos. Mas a imagem do
templo é flagrantemente incompatível com a idéia do povo
peregrino. Há uma certa incongruência no fato de a arca da
aliança ficar descansando com toda a segurança dentro do
templo de Salomão. Um templo não pode ser movido; ele só
pode ser destruído. Ele é estático. E assim, na Bíblia Deus
72 VINHO NOVO, ODRES NOVOS
não manda a igreja construir templos. O tabernáculo é o sinal
mais exato de sua presença, e mesmo ele já se cumpriu e
passou.
Dessa forma, se os edifícios da igreja têm alguma
justificativa, só pode ser de ordem prática - simplesmente
um lugar para se reunir e desenvolver funções essenciais,
conforma a necessidade. Além disso, ediñcios se tornam um
retorno à sombra do Antigo Testamento e uma traição contra
a realidade do Novo.
Do ponto de vista teológico, edificios de igrejas são na melhor
das hipóteses desnecessários e, na pior, idolátricos. Se o
sacerdócio e o sistema sacriñcial já passaram, o mesmo deve
acontecer com o tabernáculo. Todos os três deixaram de ser
instituições e se tornaram algo vivo, mediante o Espírito de
Cristo que dá vida e por meio do seu Corpo, que somos nós.
Essa verdade é expressa muito bem pelas seguintes
palavras, citadas por John Havlik em People-Centred
¡Evangelism:
‹ “A igreja nunca é um lugar, mas sempre um povo; nunca
“fum curral, mas sempre um rebanho; nunca um ediñcio
sagrado, mas sempre uma assembléia dos que crêem. A igreja
é você que ora, não onde você ora. Uma estrutura de tijolo ou
mármore não pode ser igreja mais do que suas roupas de sarja
.ou cetim podem ser você.”8
A igreja é a comunidade do povo de Deus, a habitação do
Espírito de Deus.
Esta é a verdadeira natureza da igreja. E foi isso que a igreja
\
rimitiva experimentou.
\
CAPÍTULO 5
EDIFEÍCIOS DE IGREJAS
sAo SUPERFLUOS?
Foi por isso que colocaram vidro nas janelas. Vidro liso,
claro, de modo que ainda podiam ver a paisagem do lado de
fora, ver as montanhas e o vale. As pessoas vinham e
desfrutavam, observavam através da janela o vento balançar
as árvores e varrer a encosta das montanhas. Não podiam
mais sentir o vento, mas gostavam da vista.
74 VINHO NOVO. ODRES NOVOS
Mas novas coisas aconteceram. Um dia, os habitantes da
vila, ao se tornarem mais prósperos, resolveram decorar as
janelas com pinturas e quadros. Por fim, vitrais requintados
substituíram o vidro liso que foi colocado antes.
O santuário ainda continua ali. E um lugar lindo - bem
preservado e muito freqüentado. As pessoas fazem
peregrinações a esse lugar. Entram no santuário, acendem as
luzes, curvam-se em orações e lembram o que costumavam
sentir quando o vento se precipitava das montanhas,
desgrenhando os cabelos, congelando as faces e tirando-lhes o
fôlego.
A como HÃo DO
EsP1R1To sANTo
O POVO DE DEUS
A Base Bíblica
A idéia de um povo tem ricas raízes bíblicas, em especial no
Antigo Testamento. O grego bíblico usa a palavra laos para
se referir à igreja como um povo. Essa palavra (da qual se
originou “laicato”) ocorre mais de 2.000 vezes na
Septuaginta (o Antigo Testamento grego), em geral
traduzindo a palavra hebraica 'am. Laos é a palavra
normalmente usada para designar Israel como o povo de
Deus; “serve para enfatizar a posição religiosa especial e
privilegiada desse povo como o povo de Deus.”3 No Antigo
Testamento, laos “é a sociedade nacional de Israel de acordo
com sua base religiosa e distinção. ÍY4
No Novo Testamento, laos ocorre cerca de 140 vezes. É a
palavra que Paulo e Pedro usam para descrever a igreja como
um povo, o novo Israel. Assim, no Novo Testamento “um
conceito cristão novo e figurado surge ao lado da antiga visão
biológica e histórica e o empurra para fora. ››5
Essa formação de um povo proporciona a base para a
missão da igreja na área de serviço e proclamação. Como
um povo, a igreja é em si mesma a verificação da mensagem
que ela proclama, ou então a traição dessa mensagem. Como
John Howard Yoder observa: “A obra de Deus consiste no
chamamento de um povo, seja na Antiga Aliança seja na
Nova O fato de homens e mulheres serem chamados juntos
para uma nova integridade social é em si a obra de Deus.
o POVO DE DEUS 1 0 7
que dá significado à história, e da qual derivam tanto a
conversão pessoal como os instrumentos missionários/'G
Yoder continua:
Em termos práticos, é claro que não pode haver
nenhum processo de proclamação sem uma
comunidade, distinta do resto da sociedade, que faça a
proclamação. Em termos práticos, é igualmente claro
que não pode haver nenhum chamado evangelístico
para uma nova espécie de comunhão e aprendizado, se
não houver um corpo de pessoas, também distinto de
toda a sociedade, [do qual as pessoas possam fazer
parte] Se não houver num determinado lugar pessoas
de várias características e origens que tenham sido
reunidas em Jesus Cristo, então não há naquele lugar
a nova humanidade e naquele lugar o evangelho não é
verdadeiro. Se, por outro lado, esse milagre da nova
criação tiver ocorrido, então todas as verbalizações e
interpretações pelas quais esse corpo se comunica com
o mundo ao seu redor são simplesmente explicações
de sua presençaf
A igreja se torna um povo exatamente do mesmo modo pelo
qual uma pessoa se torna um filho de Deus - pela graça,
mediante a fé em Jesus Cristo. A pessoa convertida se torna
parte de um povo transformado. E a vivência dessa realidade
sempre produz uma igreja com o dinamismo do Novo
Testamento, a menos que seja sufocada por tradições não
bíblicas.
Biblicamente, podemos distinguir pelo menos cinco
características do povo de Deus:
1. A igreja é um povo escol/iido. A ênfase aqui está na
soberania e iniciativa de Deus. E Deus que age para escolher
e formar um povo para si. A igreja é o resultado da soberana
graça de Deus (2 Tm 1.9). Ela existe porque Deus agiu
graciosamente na história.
O fato de Deus ter escolhido um povo para si implica uma
distinção entre aqueles que são escolhidos e os que não são.
Se Deus escolheu um povo, então esse povo realmente existe
108 VINHO NOVO, ODRES NOVOS
como um povo, que de algum modo pode ser identificado e
distinguido do mundo. Não se trata de um povo anônimo.
2. A igreja é um povo peregrino. Temos aqui um tema
dificil, mas biblicamente necessário. Dif`ícil porque pode ser
entendido de maneira errada e levar ao afastamento
teológico e prático do mundo. Mas necessário porque sem
essa ênfase a igreja escorrega para a pior espécie de
mundanismo.
Adão e Eva não foram criados para serem peregrinos. Deus
lhes fez um lar que devia ter sido permanente: “E plantou o
SENHOR Deus um jardim no Eden, da banda do Oriente, e pôs
nele o homem que havia formado” (Gn 2.8). Adão e Eva se
sentiam em casa no mundo e em harmonia com seu ambiente
- em termos morais, físicos e psicológicos. Essa era a
ecologia original da criação de Deus.
Mas quando entrou o pecado, Adão e Eva se tornaram
nômades. Nossos primeiros pais foram expulsos do jardim.
Após seu pecado de assassinato, Caim foi condenado a ser
“fugitivo e errante pela terra” (Gn 4.12). Mas que aconteceu?
“Retirou-se Caim da presença do SENHOR e edificou uma
cidade” (Gn 4.16-17). O mundo caiu sob o domínio do mal, e
a humanidade tentou construir um Eden substituto nesse
mundo contaminado?
Dessa forma, daí para frente a história da redenção é a
história dos atos de Deus chamando um povo para si. Esse
povo é chamado para ser peregrino, viver em tensão ativa
com o mundo, “procurando a cidade não feita por mãos
humanas”, sabendo que virá a hora da reconciliação final, o
fim da peregrinação.
A igreja é um povo peregrino, de “estrangeiros
residentes”.9 Isso não significa que ela seja completamente
divorciada do seu contexto cultural ou que não tenha
nenhuma responsabilidade por ele. É exatamente o contrário.
A missão da igreja ainda é reconciliação. Significa, porém,
uma tensão moral fundamental entre a igreja e a sociedade
humana. O aspecto da peregrinação é conseqüência da
alienação produzida pelo pecado. Lembra-nos da alienação
O POVO DE DEUS 109
entre os homens e o seu mundo. Mais do que isso, é um pré
requisito para a verdadeira reconciliação.
3. A igreja é um povo da aliança. A relação entre Deus e
seu povo é específica e tem bases morais e éticas. É
fundamentada na aliança, o que significa que a igreja
constantemente enfrenta o desafio da fidelidade ou
infidelidade às provisões do pacto.
Um dos principais significados da aliança é que ela coloca
o povo de Deus na história real. A aliança implica um evento
pactual em que o contrato entre Deus e a humanidade é
estabelecido de maneira concreta no tempo e no espaço. Os
hebreus tinham profunda consciência disso. Dessa forma,
temos o fato histórico da outorga da lei no Antigo
Testamento e o estabelecimento da Nova Aliança no evento
histórico da última ceia, e na morte e ressurreição de Jesus
Cristo. O pacto é estabelecido em acontecimentos históricos
que podem ser registrados, comemorados e estudados.
Esses eventos históricos têm sido registrados para nós
nas Escrituras; por isso, a Bíblia é o Livro da Aliança da
igreja. O povo de Deus é um povo “da Palavra”. A Bíblia é
normativa para a vida da igreja não por causa de alguma
doutrina particular de inspiração, mas precisamente porque
ela é o Livro da Aliança.”
4. A igreja é um povo de testemunhas. Sua tarefa é apontar
para o que aconteceu no passado, o que está ocorrendo no
presente e que constitui verdadeiramente ação de Deus. A
igreja deve ser capaz de dizer: “Isso é Aquilo”, ensina Jess
Moody. Deve ter algo miraculoso para mostrar. Se nosso
sucesso for tão somente “aquilo que pode ser explicado em
termos de organização e administração - isto é, algo que o
mundo poderia fazer com o mesmo investimento de esforço
e técnica, um dia o mundo irá nos repudiar
definitivamente.”“
A igreja deve dar testemunho acerca dos atos pessoais de
Deus através da história - e, como o livro de Atos deixa
claro, principalmente da ressurreição de Jesus Cristo (por
exemplo, At 2.32; 3.l5; 4.33). Deve também ser capaz de
110 VINHO NOVO, ODRES NOVOS
apontar para milagres contemporâneos de conversão
pessoal, comunhão genuína e vida de serviço que criam um
ambiente de credibilidade para os milagres dos tempos
antigos. Como Yoder enfatiza:
A novidade política que Deus traz ao mundo é uma
comunidade dos que servem em vez de dominar, que
sofrem em vez de infligir sofrimentos, cuja comunhão
transpöe fronteiras sociais em vez de reforçá-las. Essa
nova comunidade cristã não é apenas um veículo ou
fruto do evangelho; são as próprias boas novas.”
Mas esse testemunho não é meramente passivo. Deus deu à
igreja um “ministério de reconciliação”, para que “pela
igreja” pudesse efetuar a reconciliação de “todas as coisas,
tanto as do céu como as da terra” (2 Co 5.18; Ef 3.10; 1.10;
Cl 1.2O). Isso dá aos cristãos um mandato para trabalhar
em vários ministérios de reconciliação, efetuando aquelas
“boas obras, as quais Deus de antemão preparou” com vistas
ao cumprimento de seu plano de reconciliação (Ef 2.1O).
5. Por fim, a igreja é um povo santo. A Bíblia exige
santidade de modo insistente: “Sede santos, porque eu sou
santo” (Veja, por exemplo, Lv 11.44-45; 19.2; 20.7; 1 Pe 1.15
16.) Paulo diz que Cristo santifica a igreja para que ela possa
ser “sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém
santa e sem defeito” (Ef 5.27).
Essa santidade é uma co-participação na natureza divina
(2 Pe 1.4). É o fruto do Espírito que habita e age, não só
dentro de cada crente, mas também dentro da comunidade
redimida. É um aspecto da comunhão do Espírito Santo. A
personalidade humana e a comunidade cristã foram feitas
para serem saturadas do Espírito de Deus, e só quando isso
ocorre é que desenvolvem todo o seu potencial.
A ME TE DE CRISTO
Vivemos num mundo cada vez mais hostil a tudo o que seja
verdadeiramente humano. Ouvimos falar muito em
consciência expandida, treino de sensibilidade, novas formas
de comunidade e coisas semelhantes, mas forças
fundamentais estão se movendo para minar a singularidade
do ser humano. Quando nos despojamos do jargão, muitas
vezes encontramos uma convicção não expressa de que,
fundamentalmente, o homem nada mais é do que uma
máquina ou um complexo químico. A mente humana é
meramente uma “máquina digital modificada de baixa
velocidade, com múltiplos processamentos paralelos
distintos, trabalhando em água salgada.”
Mas a igreja deve conhecer a mente de Cristo, a imagem
renovada de Deus. Numa era high-tech, isso é revolucionário.
“Nós, porém, temos a mente de Cristo”, diz Paulo em 1
Coríntios 2.16. E também: “Tende em vós o mesmo
sentimento [em inglês, “mesma mente”] que houve também
em Cristo Jesus” (Fp 2.5). Essas declarações revelam duas
coisas: O caráter de Jesus Cristo é o padrão para a igreja; e
existe um aspecto peculiar do caráter de Cristo - aquilo
que Paulo chama de “mente” - que a comunidade do povo
de Deus deve experimentar.
118 VINHO NOVO. ODRES NOVOS
É esse aspecto especial do caráter de Cristo que está mais
ameaçado na sociedade contemporânea sem Deus. Mas aqui
também encontramos material para novos odres.
A EcoLo(;1A DA IGREJA
Funções da Igreja
Uma igreja fiel glorifica a Deus de muitas maneiras.
Contudo, para evitar cair na armadilha de se justificar toda
e qualquer coisa que a igreja faz, dizendo simplesmente “isso
é para a glória de Deus”, precisamos identificar as funções
mais básicas da igreja. Quais os componentes essenciais da
vida da igreja?
Ao descrever a igreja como a família ou casa de Deus
(oikos no grego do Novo Testamento), é útil enxergar a igreja
como uma comunidade de adoração, comunhão e testemunho.
Observando-se de modo apropriado a cadência bíblica e
prática de adoração, comunhão e testemunho, a igreja
mantém o equilíbrio ecológico espiritual que a conserva fiel
a Deus e cheia de vida. Isso proporciona o dinamismo e a
saúde que permitem à igreja ser usada de maneira fabulosa
no grande plano redentor de Deus.
136 VINHO NOVO. ODRES NOVOS
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Figura 2. Adoração, Comunhão e Testemunho.
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conjunto é a edificação da família de Deus de modo que ela
possa de fato viver “para louvor da glória de sua graça” (Ef
O LUGAR DO DO
ESPIRITUAIS
o <;RUPo PEQUENO
coMo ESTRUTURA
BASICA
IGREJA E CULTURA
Santo. ,
Jesus Cristo e o batismo do Espírito no Pentecostes. A tônica
aqui está na informalidade da igreja em sua vida comunitária
intensa e interativa na congregação local. Vista como um
organismo carismático, a igreja é a comunidade do Espírito
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€"¢'o¿' qb Serviço a igreja
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igrejas. _ _ _
passou a levar o evangelho para fora das quatro paredes das
Foi assim: o evangelista George Whltefield, amigo de
Wesley, reunira uma grande congregação de .mineiros de
carvão em Kingswood, perto de Bristol. Ali Wh1t€'flBlg
pregava regularmente. Tratava-se de “pregação ao ar livre
- ele reunia a multidão num campo aberto ou numa praça
da cidade e ali abria a Palavra. Wesley desaprovava aquilo.
Ele era, em suas próprias palavras, “tão zeloso em cada ponto
UMA LIÇÃO DA HISTÓRIA 20 7
relacionado com a decência e a ordem, que considerava quase
pecado salvar almas, caso isso não ocorresse numa igreja
[prédio]”.7 Whiteñeld pediu - praticamente insistiu - para
que Wesley cuidasse de sua congregação a fim de que ele
pudesse voltar para a América. Wesley não queria aceitar,
mas depois de ver o ministério de Whiteñeld, sentiu que o
chamado vinha de Deus. Assim, “às quatro da tarde, eu me
submeti a 'ser mais vil”, e proclamei nas vias públicas as
boas novas da salvação, falando de uma pequena elevação
num terreno perto da cidade, para cerca de três mil pessoas.”
A multidão cresceu, e logo havia congregações em outros
lugares - aliás, dentro de poucos anos, em toda a Inglaterra,
Escócia e Irlanda. Wesley descobriu que quando as pessoas
deixam de vir à igreja, é hora de a igreja ir às pessoas.
Wesley, seu irmão Charles e Whiteñeld não ganharam,
com esse empenho, elogios. O bispo Leslie Marston observa:
“Esses três homens eram chamados entusiastas loucos
porque queriam livrar o evangelho das arcadas góticas
conñnadoras da religião estabelecida, e entregá-lo às massas
na rua e no campo, aos doentes e aos impuros em casebres e
becos, aos afligidos e aos condenados em asilos e em
prisões.”9
Wesley era muito fiel à Igreja Anglicana. Ele não tinha a
intenção de fundar um novo grupo dissidente; instava seus
ouvintes e os novos convertidos a participar dos cultos
regulares da Igreja Anglicana. E nunca pregava no campo
ou nas praças na mesma `1ora dos cultos oñciais.
Mas Wesley também era realista. Viu que muitos
simplesmente não participariam dos cultos tradicionais da
igreja. Aquilo seria entrar num mundo estranho. E mesmo
os que entravam não recebi am aquele cuidado espiritual mais
pessoal de que necessitavam. Isso nos leva ao segundo
aspecto do método de Wesley.
2. Ele criou estruturas novas e práticas de koinonia. Uma
das primeiras providências que Wesley tomou foi dividir o
povo que atendia ao seu ministério em grupos de doze, com
um líder para cada grupo. Essas eram as famosas “reuniões
3 03 v1NHo NOVO, ODRES NOVOS
de classe” wesleyanas. Wesley logo descobriu a força
espiritual dessa estrutura de grupos pequenos. Ele afirmou
em 1742:
Chamei alguns homens sinceros e sensatos para uma
reunião, mostrei-lhes a grande dificuldade que vinha
encontrando havia muito tempo - a de conhecer as
pessoas que desejam estar sob meus cuidados. Após
muita discussão, todos concordaram que não haveria
melhor forma de chegar a um conhecimento seguro e
completo de cada pessoa do que dividindo-as em classes
[OU grupos pequenos], sob a supervisão daqueles em
quem mais eu pudesse confiar. Essa foi a origem de
nossas classes em Londres, pelo que todo meu louvor
a Deus jamais será suficiente, com a indizível utilidade
da instituição sendo desde então mais e mais
manifestada.”
Já vimos como mais tarde Wesley comentou que, por meio
da participação nos grupos pequenos, seus seguidores
“passaram a “levar as cargas uns dos outros' e a “cuidar
naturalmente uns dos outros”, chegando a uma experiência
profunda de comunhão cristã.
Wesley também inovou em outros aspectos de estrutura
eclesiástica - ministros “leigos” (possibilitando assim o
exercício dos dons espirituais), “casas de oração”
despretensiosas, e assim por diante. Ele se sentia livre para
fazer tais inovações porque via o metodismo, não como uma
nova denominação, mas só como uma “sociedade” dentro
da Igreja Anglicana. Independentemente dos motivos, ele foi
um dos grandes inovadores da estrutura eclesiástica.
Os esforços de Wesley têm muito a dizer para a igreja
contemporânea. Presas a padrões institucionais rígidos,
muitas das igrejas de hoje raramente experimentam aquela
comunhão do Espírito Santo retratada no Novo Testamento.
Isso também ocorria no anglicanismo do século XVIII - e
Wesley tomou uma providência. _ _ _
3. Ele pregava o evangelho aos pobres. Um dos sinais mais
cruciais do reino são as pessoas a que o evangelho está sendo
UMA LIÇÃO DA HISTÓRIA 20 9
ministrado. John Wesley, como Jesus, pregava aos pobres.
Ele buscava aqueles a quem ninguém buscava.
Lendo seu Diário, ficamos impressionados com o número
de vezes que Wesley pregou às cinco horas da manhã ou no
meio da manhã, em praça pública. Por que ele costumava
pregar às cinco da manhã? Não por conveniência própria,
mas por conveniência dos trabalhadores que saíam rumo às
minas ou fábricas ao amanhecer. Wesley reunia os mineiros
nos campos antes que descessem às minas, ou 0 povo em
praça pública ao meio-dia. Sua paixão era pregar o evangelho
aos pobres, e ali ele obtinha seus maiores resultados.
Em suma, John Wesley tinha uma mensagem e não a
guardava atrás dos vitrais. Ele saía da igreja estruturada,
pregando o evangelho aos pobres. Não permitia que os recém
nascidos morressem de desnutrição espiritual, provendo-lhes
lares e pais espirituais. Criou novas formas de igreja
novos odres - para os que lhe atendiam. Casava a mensagem
bíblica com métodos que harmonizavam com a eclesiologia
bíblica.
UM RELANCE DO
FUTURQ
Um Mundo em Aceleração
Talvez os dois símbolos mais eloqüentes de nossa nova era
sejam os outdoors e os comerciais de TV Ambos têm muito
a dizer acerca do tipo de mundo em que nós e nossos ñlhos
vamos viver.
21 4 v1NHo Novo. ooflss NOVOS
Tanto os outdoors como os comerciais estão cada vez mais
onipresentes. Por onde quer que andemos, somos
bombardeados por suas mensagens. As imagens que
projetam são quase inevitáveis. Isso é um sintoma da cultura
penetrante, ,invasiva e dinâmica que está sendo formada no
momento. E inevitável, como vemos todas as vezes que
percorremos avenidas movimentadas em São Paulo, Seul ou
Chicago. E inexorável. Não há “refúgio do mundo”; já não
existe um mundo particular. Não é preciso que o Grande
Irmão nos veja. Já nos é suficientemente atordoador sempre
ver o Grande Irmão e receber suas mensagens! E hoje o
Grande Irmão não é o governo ou algum líder político; é a
tecnologia computadorizada, quase autônoma.
Uma segunda característica dos outdoors e das
propagandas é seu alto grau de transitoriedade. Quarenta
anos atrás, um jingle ou um slogan comercial podia durar
anos. Mas a velocidade das mudanças aumentou tanto que
hoje a mensagem comercial, e até o produto, dura questão
de meses ou mesmo semanas. O fato impressionante é a
aceleração da transitoriedade. O outdoor não é uma
estrutura permanente; aparece ou desaparece numa noite.
A mensagem é impressa em plásticos descartáveis, pois a
mensagem é descartável. A mensagem “urgente” de hoje é
descartada amanhã, substituída por outra.
Essa transitoriedade é a característica mais gritante da
nova era, como destacam Toffler e outros. Pensamos cada
vez mais em termos de temporalidade, não permanência. Em
um ano ou dois muita coisa muda em nossa vida - não
apenas produtos familiares, como também carros, roupas,
livros e revistas e (para um número cada vez maior de
pessoas) até casa, amigos, parceiros, empregos, clubes e
idéias. Faça um contraste com a vida de nossos avós.
Os outdoors e os comerciais têm outra coisa em comum:
sofisticação. Grandes quantidades de dinheiro e talento são
despendidas em mensagens comerciais cuja vida é medida
em semanas ou dias. Há uma piada dizendo que os
comerciais de TV são muitas vezes mais interessantes que
UM RELANCE DO FUTURO 215
os programas por eles patrocinados, mas isso é um fato sério
e não se deve esperar menos quando se consideram o
dinheiro, o planejamento e a análise minuciosa empenhados
em cada segundo de um comercial de TV ou em cada
centímetro quadrado de um cartaz. Ben H. Bagdikian
observa: “Os escritores, atores, músicos e produtores mais
bem pagos do mundo não são os que criam cultura para
jovens, teatro para adultos ou programas políticos para os
outros. São os que criam comerciais de televisão.”
Propaganda não é brincadeira! É, no mínimo e cada vez
mais, um dos fatos mais significativos da nova tecnocultura.
Ela mostra o perfil do futuro: os maiores recursos
financeiros e intelectuais da sociedade sendo empregados
na transmissão de mensagens de alto impacto, elevada
transitoriedade e baixo signiñcado para atingir resultados
específicos predeterminados.
Isso leva a outro aspecto dos outdoors e dos comerciais
de TV: seu alto grau de manipulação. A propaganda não é
somente predeterminada; é altamente fictícia. O produto
alardeado como “preferência mundial” não o é na realidade.
O serviço que sutilmente promete felicidade não pode na
realidade proporcioná-la. Seria, entretanto, muita
ingenuidade achar que as propagandas são, portanto,
ineñcazes. Pelo contrário! Elas atingem exatamente o alvo
pretendido. Elas “criam uma realidade” - ou seja, uma
imagem - que predispõe grande número de pessoas a se
comportar do modo que se espera: em geral, comprando
determinado produto ou usando certo serviço.
A propaganda política em épocas de eleição leva ainda
mais longe essa tendência de manipulação e falsificação.
Alcançamos uma sociedade high-tech em que o planejamento
e a estratégia dominam quase todas as áreas da vida, apesar
da publicidade em torno da escolha e da liberdade. O povo
hoje está sujeito a um número estratosférico de mensagens
- mensagens de alto impacto e, ao mesmo tempo, pouco
conteúdo verdadeiro. E essas tendências estão se acelerando
rapidamente.
2 1 6 VINHO NOVO, ovmas NOVOS
Essas tendências são significativas por si. Mas gostaria
de chamar atenção especial para o rumo que estão tomando
e para o que dizem acerca do futuro - e suas implicações
para uma estrutura eclesiástica fiel.
Quando observamos as várias crises atuais - ecológica,
política, ideológica, social e econômica - e as combinamos
com a aceleração já observada, não parece haver outra
conclusão possível: o tempo está se esgotando. Precisamos
encarar de frente o fato de que as crianças que estão
nascendo hoje podem formar a última geração de humanos
a habitar nosso planeta - ou então elas vão viver num
planeta praticamente inabitável, sobrecarregado e destruído
por doenças espirituais, sociais e ambientais.
Para muitos, tal conclusão talvez soe absurda. Mas existe
um vasto conjunto de fatos sólidos que, a não ser que se
misture com uma crença cor-de-rosa no progresso e
desenvolvimento tecnológico, aponta de modo temível nessa
direção.
Vamos estudar alguns desses fatos.
Já mencionei como a transitoriedade e a velocidade das
mudanças na sociedade estão aumentando cada vez mais. A
pergunta é: Será que o ritmo pode aumentar indefi
nidamente? O famoso historiador Arnold Toynbee escreveu,
ainda em 1966, que quando olhamos para a tecnologia, “tanto
o progresso como a aceleração do progresso saltam aos olhos.
No momento, ambos estão em plena atividade. O ímpeto
deles é portentoso e não tem precedentes.” Aqui nos
deparamos com “um novo desafio - o maior, talvez, que
qualquer outro já enfrentado” pela raça humana. Embora a
tecnologia seja uma invenção humana, diz Toynbee, “ela
agora desafia a [nossa] habilidade de manter a capacidade
de planejar, dirigir e controlar o [nosso] futuro pelo exercício
contínuo da liberdade de escolha que é uma das
características distintivas da natureza humana.” Criado
para nos servir, “esse aparato inanimado agora ameaça
fazer uma declaração de independência em relação ao seu
inventor. Ameaça [nos] levar para onde não quer[emos].”*
UM RELANCE DO FUTURO 217
Esse fato da aceleração nos atinge qualquer que seja o
lado para o qual nos voltemos. Estamos acostumados a ver
o gráfico da população mundial subindo verticalmente,
saindo da folha. Mas gráficos semelhantes poderiam ser
traçados em muitas outras áreas - explosão na informação,
demanda de energia, urbanização, índice de criminalidade,
aumento de descobertas científicas básicas. A rápida
aceleração num intervalo de tempo cada vez mais
comprimido empurra os gráficos ainda mais para cima,
tornando alinha quase vertical. Mas quando a linha alcança
a vertical, precisa parar. Vem o ponto de crise. A aceleração
não é um processo infinito; é finito e precisa parar em algum
momento -- ou então trará catástrofe. Isso se vê com maior
clareza no crescimento populacional: ou sofrerá uma
diminuição radical, ou atingirá o ponto catastrófico em que
espaço, água, oxigênio e alimentos se esgotarão. E no fim
não importa muito o que vai se esgotar primeiro.
Os gráficos são enganosos, claro. Tudo depende da escala.
Pode-se fazer com que um leve aumento pareça catastrófico
ou reduzir um salto importante, transformando-o num
simples ponto. Depende de como colocamos as linhas. Não
devemos ser enganados por gráficos que pareçam indicar
uma catástrofe, sem vasculhar profundamente os dados.
Mesmo assim, a verdade inerente permanece: a história e as
mudanças não podem continuar se acelerando infinitamente.
É preciso que haja alguma mudança: desaceleração,
renovação ou desastre. O que virá?
A sociedade global de hoje é como um avião a jato,
acelerando cada vez mais rápido. Mas há um limite finito de
velocidade que o avião suporta. A menos que desacelere, vai
acabar se rompendo, desiitegrado. Ele não é feito para
transcender as fronteiras da tempo e do espaço, e a cultura
humana também não.
2 ¡ 8 v1NHo NOVO, oDREs NOVOS
A Estratégia Final de Satanás _ _
Dada essa configuração cultural, 3 Ígfela de h°Je deve prestar
muita atenção à Palavra de Deus.
Paulo alerta a igreja: “nossa luta não é contra o sangue e
a carne, e sim contra os principados e potestades, contra 05
dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças
espirituais do mal, nas regiões celestiais” (Ef 6.12).
A batalha que encerra todas as batalhas - literalmente
- está no horizonte. E o inimigo não é na realidade o
comunismo, o socialismo ou o materialismo; também não é
o capitalismo, o imperialismo ou o Grande Governo. E muito
mais sutil.
O arquiinimigo é Satanás, claro. Mas, como um camaleão,
Satanás possui mil faces. E a igreja de hoje deve ser capaz
de desmascará-lo em seus dois disfarces contemporâneos
mais enganosos.
C b .... .
O primeiro disfarce do inimigo é (por falta de um termo
melhor) o espiritismo. Alguns o chamam “espiritualidade”,
significando algo diferente do discipulado cristão autêntico.
a em aqui a astrologia, o ocultismo, 0 misticismo não
` ' s fenômenos anti-racionais e
cristao, a realidade virtual e 0
ça umamsta
subjetivistas como o uso de drogas, a medita 'o h `
e comportamentos semelhantes. O denominador comum é
um desligamento do mundo real, um a introspecção voltada
ou estado
para os próprios sentimentos, pensamentos
_ unico mundo que
interior. O interruptor para o mundo exterior é desligado; o
mundo interior é ligado e passa a ser o ' '
importa. Como
' imothy afirma
Leary. T' a- César
Dai “' tudo o
que seja material.”
deMasDeus
seria isso demoníaco? Sim! Porque divide 0 mundo
em duasconciliáveis,
partescortando
in ' ' 'a ligação
_ _ , euTrata-se
entre o pensamento
obJet1vo. subjetivo
e a ação entre 0
uef oilude
deporque mundo
'ma raude a pessoa,
dentro de sua pró ri
fazendo-a pensar que o unico mundo que importa é o que vai
, _ _P a °abeÇfi› °0l'P0 ou sentimentos. Isso
cancela a possibilidade de um '^
_ a experiencia cristã enuína
que é tanto interior como exterior E gasl
pior, favorece
UM RELANCE DO FUTURO 219
estratégias de Satanás para a batalha final. Até cristãos
sinceros caem na armadilha quando se voltam demais para
dentro, perdendo de vista a paixão de Deus por uma vida
redentora no mundo.
O outro disfarce de Satanás - que só tem sido reconhecido
aos poucos e com certa relutância - é a técnica. Esse é o
oposto do espiritismo. Centraliza-se apenas no mundo
exterior, a realidade observável. Seu interesse supremo é
encontrar a melhor maneira possível de fazer algo. Mas isso
se torna uma tirania, porque quando se encontra a melhor
forma de construir um carro, eleger um presidente, vender
um produto ou obter algum outro resultado, todos os outros
meios tornam-se supérfluos, fadados à extinção.
A técnica hoje está construindo uma sociedade em que
tudo dependa da tecnologia. Ocorre uma pirâmide
tecnológica complexa em que uma tecnologia ainda mais
avançada é necessária para lidar com os problemas da
sociedade. As realidades da tecnologia moderna tornam
obsoleta a ideologia e centram a atenção nos meios, não nos
fins. A pergunta importante não é “por quê?”, mas “como'?”
O que é tecnologicamente possível é, portanto, bom. A
tecnologia substitui a ideologia e a estética torna-se
cosmética.
Mas seria isso realmente satânico? Sim! Porque cancela
todos os questionamentos quanto ao propósito e significado
último, supremo, colocando toda a vida no nível do
“penúltimo”. No confortável mundo da técnica, as perguntas
fundamentais do “por quê'?” e do “para onde?” são
esquecidas. O futuro pode prometer uma tecnotopia
totalitária não muito diferente do 1984 de Orwell ou do
Admirável Mundo Novo de Huxley. Tal possibilidade é contra
Deus porque o substitui e reduz o significado do ser humano,
nivelando-o à máquina.
Os inimigos da igreja hoje são o espiritismo e a técnica.
Ambos escravizam as pessoas, um por trancá-las em suas
próprias experiências (sem dúvida um mundo amplo, mas
transcendente só nas aparências), o outro por trancá-las
220 v1NH0 Novo. ODRES NOVOS
numa sala confortável, colorida, caleidoscópica, com paredes
que vão se encolhendo. Em ambos os casos, acaba-se sem
saída. A vida torna-se ou experiência sem ação ou ação sem
sentido.
Mas aí vem o golpe sujo de Satanás e o significado da
batalha final: o casamento do Espiritismo com a Técnica.
Parece impossível, mas está acontecendo. A Técnica é uma
“laranja mecânica”, uma esponja mecânica. Ela absorve tudo
e reduz a cultura a uma metodologia, inclusive o espiritismo
e a, religião.
E nisso que 1984 e Admirável Mundo Novo eram
proféticos. Em ambos os livros, oferecia-se uma religião
sintética controlada pelo estado ou um substituto para a
religião para dar significado à vida e manter todo o
comportamento dentro de limites previsíveis e, portanto,
controláveis. Essa percepção é muito mais significativa que
a discussão sobre o acerto ou o erro de Orwell ou Huxley
quanto aos detalhes de suas respectivas anti-utopias.
E também aqui que a contracultura da década de 70 se
iludiu profundamente. Os usuários sérios de drogas, os que
viviam em comunidades, os filhos da “consciência
alternativa” pensavam que estavam fazendo uma nova
revolução. Foram enganados pelo beijo da publicidade que
os fez pensar que estavam sendo bem-sucedidos. Mas a
atenção da mídia era o beijo da morte, e apenas o primeiro
passo rumo à sua absorção na sociedade tecnológica. Por
trás da cortina, ouvia-se o som abafado da risada demoníaca.
Pois, na realidade, o anti-racional, o subjetivo, o experi
mental não ameaçam a técnica. A sociedade tecnológica está
perfeitamente disposta a dar lugar aos meditadores
transcendentais ou aos roqueiros punks, como já destacou
Jacques Ellul.5 Pois o mundo introvertido deles está
divorciado da ação e, portanto, não é de fato revolucionário.
Depois que a técnica domina, não basta a “consciência” para
realizar uma revolução. Tal comportamento é até bem-vindo
na tecnotopia, pois mantém os nativos quietos, na crença
UM RELANCE DO FUTURO 221
de que estão realizando algo. Enquanto isso, a técnica
computadorizada cria sua própria “realidade virtual”.
Isso é um truque satânico, e nos dá uma idéia de como
será a última batalha da igreja. O que teria acontecido com
os velhos inimigos como a lascívia, cobiça, imoralidade,
idolatria, preguiça, etc.'? Continuam presentes. Continuam
demoníacos, continuam sendo plenamente empregados. Mas
os principados e potestades sob domínio de Satanás hoje são
vistos em especial no espiritismo e na técnica, que aos poucos
se unem num único plano demoníaco e sedutor.
Introdução
I
Salmos 40.3; 96.1; 98.1; Ezequiel 11.19; 18.31; 36.36; Isaías 62.2;
65.17; 66.22, Jeremias 31.31; 2 Coríntios 5.17; Hebreus 9.15.
2
A literatura é extensa. Veja especialmente Alvaro Barreiro, Basic
Ecclesial Communities: The Evangelization of the Poor (Maryknoll, NY
Orbis, 1982); Leonardo Boff, Ecclesiogenesis: The Base Communities
Reinvent the Church (Maryknoll, NY? Orbis, 1986); Guillermo Cook,
The Expectation of the Poor: Latin American Base Ecclesial Communities
in Protestant Perspective (Maryknoll, NY: Orbis, 1985), James
O`Halloran, Signs of Hope: Developing Small Christian Communities
(Maryknoll, NY Orbis, 1991); David Prior, Parish Renewal at the
Grassroots (Grand Rapids, MI: Zondervan, 1987); Sergio Torres e John
Eagleson, eds., The Challenge of Basic Christian Communities
(Maryknoll, NY Orbis, 1981). O livro de Prior aplica o modelo de
comunidades de base a contextos mais tradicionais.
3
Fontes úteis são Robert e Julia Banks, The Church Comes Home: A New
Base for Community and Mission (Sutherland, NSW Austrália: Albatross
Books, 1989); Christian Smith, Going to the Root: Nine Proposals for
Radical Church Renewal (Scottdale, PA: Herald Press, 1992); Lois
Barrett, Building the House Church (Scottdale, PA: Herald Press, 1986);
Bernard J. Lee e Michael A. Cowan, Dangerous Memories: House
Churches and Our American Story (Kansas City MO: Sheed and Ward,
1986); e Del Birkejg The House Church: A Model for Renewing the Church
(Scottdale, PA: Herald Press, 1988). Veja também C. Kirk Hadaway,
Stuart A Wright e Francis M. DuBose, Home Cell Groups and House
Churches (Nashville, TN: Bro adman, 1987).
4
Veja Ralph W Neighbour, Whé re Do We Go from Here ? A Guidebook for
the Cell Group Church (Houston, TX: Touch Publications, 1990), William
A. Beckham, The Second Reformation: Reshaping the Church for the
21 st Century (Houston, TX: Touch Publications, 1995); e CellChurch: A
Magazine for the Second Reformation (Box 19888, Houston, TX 77224).
5
As fontes-chave são Carl E Ge- ›rge, Prepare Your Church for the Future
(Tarrytown, NY Fleming H. Revell, 1991); Carl E George com Warren
Bird, The Coming Church Revolution: Empowering Leaders for the
Future (Grand Rapids: Fleming H. Revell, 1994); veja também Lyle E.
Schallerz The Seven-Day-a-Week Church (Nashville, TN : Abingdon Press,
1992) e Michael Slaughter, Spiritual Entrepreneurs: 6 Principles for
Risking Renewal (Nashville, TN: Abingdon Press, 1995).
Veja, por exemplo, Patrick Johnstone, Operation World: The Day-by
Day Guide to Praying for the World, 5. ed. (Grand Rapids, MI: Zondervan,
250 NOTAS
Capítulo 1
Como vou deixar claro mais tarde, não estou depreciando a teologia ou
a necessidade de uma ênfase adequada na verdade. O que desejo mostrar
é que não podemos permitir que a teologia ou as estruturas obscureçam
a Pessoa de Cristo e a nova vida que ele oferece.
Dietrich Bonhoeffer, Resistência e Submissão, trad. Ernesto J. Bernhoeft,
2. ed. (Rio de Janeiro/São Leopoldo, RS: Paz e Terra/Sinodal, 1980),
186. Esses comentários de Bonhoeffer são, neste ponto, meras sugestões.
Veja especialmente os capítulos 4, 5 e 6 deste livro.
Capítulo 2
' Fiz uma ampla análise sobre as atuais tendências globais em meu livro
EarthCurrents: The Struggle for the World's Soul (Nashville, TN:
Abingdon, 1995).
Bonhoeffer, Resistência e Submissão, 165.
Ibid., 169.
Ibid., 176.
Ibid., 166.
E. M. Blaiklock, “Merely, Militantly Christian”, Christianity Today,
15:16 (May 7, 1971), 6.
Herman Kahn e Anthony J. Wiener, O Ano 2000 - Urna Estrutura
Para E speculação Sobre os Próximos Trinta e Três Anos, trad. Raul de
Polillo, 3. ed. (São Paulo: Melhoramentos, s.d.), 237. Veja também Snyder,
EarthCurrents: The Struggle for the World 's Soul, 132-36.
Ibid., 242.
Ibid., 34
Adolf Harnack, The Mission and Expansion of Christianity in the First
Three Centuries (New York: Harper Touchbooks, 1962), 19-22.
Kenneth Scott Latourette, A History of the Expansion of Christianity
(Grand Rapids: Zondcrvan, 1970). Vol. 1, The First Five Centuries. 73.
NOTAS 231
Merrill C. Tenney, New Testament Times (Grand Rzapids, MI: Eerdmans,
1966), 279.
Cities & Slums News, 1:4 (January-March, 1993), 4; Patrick Johnstone,
Operation World, 35.
Citado em Edward Krupat, People in Cities: The Urban Environment
and its Effects (New York: Cambridge University Press, 1987), 15.
Harvey Cox, A Cidade do Homem, trad. Jovelino Pereira Ramos e Myra
Ramos (Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1971), 15.
Will e Ariel Durant, The Lesson of History (New York: Simon and
Schuster, 1968), 81.
Michael Green, Evangelização na Igreja Primitiva, trad. Hans Udo
Fuchs (São Paulo: Vida Nova, 1984), 12.
Noel F! Gist e Sylvia Fleis Fava, Urban Society, 5. ed. (New York: Thomas
Y Crowell, 1964), 23.
Harnack, The Mission and Expansion of Christianity, 21.
Ibid., 22-23.
Zbigniew Brzezinski, Between Two Ages: America 's Role in Technological
Era (New York: Viking Press, 1970), 111. ©1970 by Zbigniew
Brzezinski. Reprinted by permission of the Viking Press.
Latourette, 13.
Green, Evangelização na Igreja Primitiva, 16.
Os Guinness, The American Hour: A Time of Reckoning and the Once
an.d Future Role of Faith (New York: The Free Press, 1993).
Brzezinski, Between Two Ages, 64 (ênfase minha).
Green, Evangelização na Igreja Primitiva, 18-19.
Ibid., 20.
Por exemplo, a reportagem de capa do Time, “Astrology and the New
Cult of the Occult”, March 21, 1969.
Latourette, 131.
Citado em Page Smith, Killing the Spirit: Higher Education in America
(New York: Viking Press, 1990), 3. Desejando uma discussão mais
profunda sobre essas questões, veja Snyder, EarthCurrents,
especialmente o capítulo 15, “Postmodernismz The Death of
Worldviews'?”
Harnack, The Mission and Expansion of Christianity, 1-18.
Donald G. Bloesch, Wellsprin, gs of Renewal (Grand Rapids: Eerdmans,
197 4); David Stoll, Is Latin America Turning Protestant? The Politics
of Evangelical Growth (Berkeley, CA: University of California Press,
1990).
É claro que Joel 2.28-32 não se cumpriu totalmente no Dia de
Pentecostes: ainda não ocorreram todos os sinais indicados nessa
passagem. Aqui se dá o mesmo fenômeno que ocorre com muitas profecias
do Antigo Testamento: Há um cumprimento inicial (a “primeira
32 NOTAS
prestação”) no período neotestamentário; há um cumprimento contínuo,
através da história, pela ação do Espírito mediante a igreja; e haverá
um cumprimento final completo e dramático no futuro. Esse
cumprimento final é, claro, associado na Escritura ao retorno de Cristo.
Capítulo 3
Minhas convicções aqui resultam de um cuidadoso estudo sobre os pobres
através das Escrituras (um estudo que eu estava fazendo quase ao mesmo
tempo em que a Teologia da Libertação latino-americana começou a
escrever sobre Deus e sua “opção preferencial pelos pobres”) e também
de minha herança na Igreja Metodista Livre, que foi fundada “para
proclamar o evangelho aos pobres.”
G. K. Chesteron, The Euerlasting Man (San Francisco, CA: Ignatius
Press, 1993), 205.
John Calvin, Commentary on a Harmony of the Evangelists, Mattthew,
Mark, and Luke (Grand Rapids: Eerdmans, 1957), 2:36.
Walter Rauschenbusch, Christianity and the Social Crisis (New York:
Hodder and Stoughton, 1907), 82.
Bruce Kendrick, Come Out the Wilderness (London: Fontana, 1966), 31.
David L. McKenna, ed., The Urban Crisis (Grand Rapids: Zondervan,
1969), 138.
Gibson Winter, The Suburban Captivity of the Churches (New York:
Macmillan, 1962), 140.
Ernest Campbell, Christian Manifesto (New York: Harper & Row, 1970),
9.
Leighton Ford, The Christian Persuader (New York: Harper & Row,
1966), 152.
Citado em H. Richard Niehbur, As Origens Sociais das Denominações
Cristãs, trad. Antonio Gouvêa Mendonça (São Paulo/São Paulo: Ciências
da Religião/ASTE, 1992), 27. Veja também Eric Hoffer, The True Belieuer
(New York: Harper & Row, 1966), 29-48.
Ernst Troeltsch, The Social Teaching of the Christian Churches, trad.
ingl. Olive Wyon (London: George Allen and Unwin, 1956), 1:39.
John Wesley, The Works of John Wesley (Grand Rapids: Zondervan, s.d.),
31445,
Donald McGavran, The Bridges of God (New York: Friendship Press,
1955), 69-70.
Donald McGavran, Understanding Church Growth, 3" ed. (Grand Rapids:
Eerdmans, 1990), 10-11.
William R. Read, Fermento Religioso nas Massas do Brasil, s.trad.
(Campinas: Livraria Cristã Unida, 1967), 235.
N iehbur, As Origens Sociais das Denominações Cristãs, 41, 26.
NOTAS 233
Veja especialmente Viv Grigg, Servos Entre os Pobres, trad. Ehude Garcia
(s.l.: COMIBAM Brasil/Aura, 1991).
A evangelização entre os pobres é complicada pelo fato de os pobres
muitas vezes representarem uma ou mais subculturas distintas da
cultura dominante. Desse modo, vem à tona e deve ser levado em
consideração o problema da comunicação transcultural. Sobre esse
assunto, veja Charles H. Kraft, “North America's Cultural Challenge” e
Ralph D. Winter, “Existing Churches: Means or Ends?”, ambos em
Christianity Today, 16:8 (January 19, 1973), 6-8 e 10-13. O primeiro
passo para relevância intercultural é, entretanto, a retomada do conceito
bíblico de igreja. Lawrence Richards em A New Face for the Church
(Grand Rapids, MI: Zondervan, 1970), 236-282, dá sugestões criativas
para o ministério junto aos pobres. Veja também Grigg, Servos Entre os
Pobres, e Robert C. Lithicum, Cidade de Deus, Cidade de Satanás: Uma
Teologia Bíblica da Igreja nos Centros Urbanos, trad. Leoni Terezinha
Penno Almada de Abreu (Grand Rapids, MI 1 Zondervan, 1991).
Niehbur, As Origens Sociais das Denominações Cristãs, 29.
Hendrick I-Iart, “The Institutional Church in Biblical Perspective:
Cultus and Covenant”, em Will All the King's Men (Toronto: Wedge
Publishing Foundation, 1972), 30.
Donald Bloesch, The Reform of the Church (Grand Rapids, MI: Eerdmans,
197 O), 1 13; John Howard Yoder, The Fullnes of Christ: Paul 's Vision of
Universal Ministry (Elgin, IL: Brethren Press, 1987). Enquanto os
reformadores afirmavam o “sacerdócio de todos os crentes”, aplicaram
essa ênfase principalmente à soteriologia (todos podem se aproximar
de Deus diretamente) e não tanto à eclesiologia (todos os crentes são
ministros na igreja e sacerdotes uns dos outros). Veja a discussão em
Howard Snyder com Daniel Ruuyon, The Divided Flame: Wesleyans
and the Charismatic Movement (Grand Rapids, MI: Zondervan, 1986).
Roland H. Bainton, The Refor mation of the Sixteenth Century (Boston:
Beacon Press, 1952), 95.
N iehbur, As Origens Sociais aas Den ominações Cristãs, 32.
Bainton, The Reformation of the Sixteenth Centu/fv, 105.
Há vários pontos de contato entre a abordagem defendida neste livro e
o pensamento de alguns grupos como os Anabatistas, Quakers e Plymouth
Brethren (assim como grupos similares em qualquer lugar do mundo).
Esses grupos retiraram boa parte do seu dinamismo original da
redescoberta de verdades bíbli :as básicas sobre a igreja, embora, é claro,
tenham misturado tais ensinos com outras idéias e compreensões. Por
causa da natureza historicamente condicionada desses grupos - o “fator
cultural” - nenhum deles (nem mesmo a igreja primitiva, nessa questão)
fornece um modelo perfeito para a igreja atual. Não estou propondo
nenhum grupo histórico como um modelo ideal. Leitores informados
234 NOTAS
perceberão que este livro não é uma mera reafirmação das visões
defendidas por movimentos reformadores primitivos. Ao contrário, é
um chamado para uma séria reflexão sobre o problema de estrutura da
igreja e para a aplicação renovadora de conceitos bíblicos básicos de
igreja à nossa época.
Capítulo 4
' Oscar Cullmann sugere que, em João 2.12-22, o autor “entende que a
purificação do Templo significa que a adoração no Templo é substituída
pela pessoa de Cristo". O próprio Cristo é o centro da adoração; o templo
perdeu, assim, essa centralidade. De modo semelhante, “quando Jesus
disse que após a destruição do Templo ele ergueria um santuário em
três dias (= em curto espaço de tempo) isso só pode se referir à
comunidade de discípulos”. Oscar Cullmann, Early Christian Worship
(London: SCM Press, 1969), 72-73; cf. p. 117.
“Deve ser lembrado que se o trabalho e a história [dos homens] são
tomados por Deus e recapitulados no Cristo glorificado, isso ocorre, com
certeza, não porque eles são válidos ou porque dão uma contribuição
positiva para melhorar o que Deus deseja, mas sim porque, em seu
amor, Deus salva [homens e mulheres] com as obras [deles]. É pela graça
que ele transforma o mal em bem e deseja, de fato, levar em conta o que
[a humanidade] tem feito. A nova criação não é superior à primeira por
causa do acréscimo do trabalho e da história [da humanidade] , mas
por causa de uma nova realização do arnor de Deus.” Jacques Ellul,
False Presence of the Kingdom, trad. ingl. C. Edward Hopkin (New
York: Seabury Press, 1972), 29.
A natureza tipológica da dinastia davídica é particularmente clara na
promessa divina de que estabeleceria um reino eterno a partir da
linhagem de Davi (2 Sm 7.1-29 e 1 Cr 17.10-27). Embora haja uma
referência primária a Salomão, a passagem é claramente messiãnica.
Por exemplo, em Miquéias 1.2; Habacuque 2.20; Salmos 11.4; 18.6.
Sobre o significado, para o Reino, do templo ou da casa de Deus na
Escritura, veja meu livro, A Kingdom Manifesto (Downers Grove:
InterVarsity Press, 1985), cap. 3.
Há uma literatura considerável argumentando que a igreja nunca deveria
possuir prédios; que qualquer igreja que agir dessa forma é infiel; e que
a grande queda da igreja foi sua mudança de casas para prédios próprios.
Existe uma certa verdade nessa visão, mas é muito simplista. Muitos
outros fatores estão envolvidos, e igrejas que evitam construções especiais
podem se tornar tão mortas e frias quanto uma congregação petrificada
que se reúne numa catedral.
Mas e quanto à sinagoga judaica? Não era um prédio? Os primeiros
cristãos não se reuniam ali? Não era intenção de Paulo que as sinagogas
NOTAS 2 3 5
se tornassem centros de adoração cristã?
A sinagoga era em primeiro lugar uma comunidade de judeus; apenas
de maneira secundária o termo veio a significar um prédio. Havia por
todo o Império Romario centenas de comunidades sinagogais, bem como
edificios, e foi a essas comunidades que Paulo se dirigia primeiro com o
evangelho. Talvez Paulo desejasse ver esses prédios sinagogais
convertidos em centros cristãos, mas pela providência divina isso não
aconteceu. As sinagogas nunca se tornaram prédios da igreja cristã, até
onde sabemos, e dentro de mais ou menos trinta anos após o nascimento
da igreja, os cristãos viram as portas da sinagoga batendo em seus rostos
(Green, Evangelização na Igreja Primitiva, 240). O que Paulo plantou
não foram edifícios - significativamente, ele não construiu sinagogas
materiais; não organizou comissões de construção; não designou
administradores - mas novas comunidades parecidas com sinagogas.
Como Ralph Winter observa, ele “estabeleceu comunhöes
completamente novas de crentes, no estilo de sinagoga, como unidade
básica de sua atividade missionária. A primeira estrutura no cenário do
Novo Testamento, portanto, é o que se costuma chamar Igreja do Novo
Testamento. Era edificada essencialmente segundo o estilo das sinagogas,
acolhendo a comunidade de ñéis em qualquer lugar” (Ralph D. Winter,
“The Two Structures of God's Redemptive Mission”, Missiology 2:1
[January, 19741, 122). É interessante que os cristãos primitivos
normalmente se chamavam de ecclesia e não de sinagoga. Ambas as
palavras em grego podem ser traduzidas assembléia (cf. Tg 2.2, onde a
NVI e BLH usam o termo reunião para traduzir o grego sinagoga) e,
gramaticalmente, sinagoga teria sido um título apropriado para a igreja.
A preferência da igreja primitiva por ecclesia sugere um desejo de
distinguir claramente a comunidade cristã da sinagoga judaica. (Veja
Harnack, The Mission and Expansion of Christianity, 407-08).
A sinagoga constituiu uma ponte vital para o evangelho ligando a Palestina
ao resto do Império Romano e os judeus aos gentios. Mas trata-se de
uma ponte que, uma vez cruzada, foi abandonada. A igreja primitiva
copiou a sinagoga como um padrão de comunidade, mas aparentemente
nunca como um edifício.
John E Havlik, People-Centered Evangelism (Nashville: Broadman Press,
1971), 47.
Capítulo 5
Walter Oetting, The Church of the Catacombs (St. Louis: Concordia,
1964), 25.
É verdade que hoje há uma tendência significativa de maior flexibilidade
na construção de prédios. Esse é um sinal positivo. Quando alguma
forma de instalações fisicas se torna necessária, deve se dar maior
956 NOTAS
prioridade à flexibilidade e à multifuncionalidade. Veja Alvin Toffler, O
Choque do Futuro, trad. Eduardo Francisco Alves, 5° ed. (Rio de Janeiro:
Record, 1994), 56-62, 218.
Lawrence Carter, Can 't You Hear Me Calltng? (New York: Seabury Press,
1969), 131.
Veja o capítulo 7.
No primeiro século, os cristãos freqüentemente se reuniam nas
residências particulares de pessoas de posses que haviam se convertido.
Embora a grande maioria dos cristãos na igreja primitiva fosse de pobres,
no início havia também ricos convertidos espalhados entre eles. Com
freqüência suas casas espaçosas forneciam amplo espaço para reuniões
relativamente grandes. Sobre essa tendência, veja Michael Green,
Evangelização na Igreja Prtmttiva, especialmente p. 252-267, e Robert
Banks, Paul 's Idea of Community, ed. rev. (Peabody, MA: Hendrickson
Publishers, 1994).
Algumas comunidades que conheço têm se reunido em escolas, prédios
de escritórios, shopping centers, centros comunitários e instalações da
ACM - Associação Cristã de Moços. David Mains, em seu livro Full
Circle, descreveu uma solução criativa para esse problema de lugar para
adoração de grupos grandes.
Peter Wagner sugere que “a praxe das igrejas inflamadas pela visão de
um mundo perdido, necessitado de Cristo, é um mínimo de 50% do
orçamento da igreja para missões. A fim de alcançar outros para Cristo
elas gastam, no mínimo, tanto quanto gastam com suas próprias
necessidades”. C. Peter Wagner, Stop the World, I Want to Get On
(Glendale, CA.: Regal, 1974), 66.
Chuck Smith e Hugh Steven, The Reproducers (Glendale, CA.: Regal,
1972), 55-63.
Juan Carlos Ortiz, numa entrevista em 19 de julho de 1974, durante o
Congresso Intemacional de Evangelização Mundial em Lausanne, Suíça.
Capítulo 7
Keith Miller, The Taste of New Wine (Waco, TX: Word, 1965), 22.
George A. Buttrick, ed., The Interpreter's Bible (New York: Abingdon
Press, 1953), 10:425. Itálicos meus.
I-lendrik Kraemer, A Theology of the Laity (Philadelphia: Westminster
Press, 1958), 107.
Veja Howard A. Snyder, Models of the Kingdom (Nashville, TN:
Abingdon, 1991), 56-66.
Durante os meu anos de formação, o ponto alto religioso era o “culto do
altar”, que costumava ser realizado depois do culto de adoração, sempre
que houvesse pessoas atendendo ao “convite ao altar”. Podia durar alguns
minutos ou mais de uma hora, e ficávamos cantando e ouvindo os
NOTAS 237
testemunhos daqueles que alcançaram a vitória espiritual. Embora seja
possível apontar alguns aspectos negativos nos tradicionais apelos para
o altar e “cultos do altar”, (pelo menos em minha experiência) nesses
momentos eram vivenciadas honestidade, abertura e comunhão
espiritual de maneira profunda, ainda que efêmera, e isso se tornou
inesquecível para mim. Esse fato mais tarde me convenceu da
necessidade de estruturas de vida comum, mais viáveis e práticas, que
permitam que essa realidade seja experimentada - não como um “ponto
alto” ocasional, mas como vida normal da igreja.
Robert Coleman, O Plano Mestre de Evangelismo, trad. João Marques
Bentes (São Paulo: Mundo Cristão, s.d.), 45.
Embora os Doze fossem todos homens, Jesus compartilhou também de
intensa koinonia com algumas mulheres, dentro (e talvez um pouco
além) do grau aceitável no contexto cultural. A casa de Maria, Marta e
Lázaro forneceu uma oportunidade para isso; e Lucas 8.2-3 e Marcos
15.41 mencionam outras mulheres que compartilharam essa profunda
comunhão com Jesus.
Daniel J. Fleming, Living as Comrades (New York: Agricultural
Missions, 1960), 19.
Ent.rarei em mais detalhes sobre considerações básicas para estrutura
da igreja nos capítulos 10 e 12 e em The Community of the King
(Downers Grove, IL: InterVarsity Press, 1977).
Citado em Os Guinness, The Dust of Death (Downers Grove, IL:
InterVarsity Press, 1973), 211.
Robert Raines, New Life in the Church (New York: Harper & Row,
1961), 71.
Banks, Paul 's Idea of Community, 6-8.
George W Webber, The Congregation in Mission (New York: Abingdon
Press, 1964), 81.
Capítulo 8
Pode ser que a afirmação “Por isso deixa o homem pai e mãe, e se une à
sua mulher, tornando-se os dois uma só carne" (Gn 224) implique uma
analogia com o fato de um povo ser chamado de dentro das nações para
se tornar um povo para Deus.
Deus ainda tem um plano, é cl: ro, para o Israel étnico ou biológico, pois
os judeus ainda são seu povo. No fim dos tempos, os judeus e a igreja
serão integrados em um só povo fiel a Deus (Rm 11.1-36).
Gerhard Kittel, ed., Theological Dictionary of the New Testament, trad.
ingl. Geoffrey W Bromiley (Grand Rapids: Eerdmans, 1967), 4:32.
Ibid., 35.
Ibid., 54.
238 NOTAS
John Howard Yoder, The Royal Priesthood, ed. Michael G. Cartwright
(Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1994), 74.
Ibid., 75.
Jacques Ellul, The Meaning of the City, trad. ingl. Dennis Pardee (Grand
Rapids: Eerdmans, 1970), 5-6, 77.
Stanley Hauerwas e William H. Willimon, Resident Aliens: Life in the
Christian Colony (Nashville, TN: Abingdon, 1989).
Veja Snyder, Liberating the Church, capítulo 10.
Jess Moody, A Drink at Joel 's Place (Waco, TX: Word, 1967), 22, 17.
Vader, 91.
E possível que haja alguma ligação entre o movimento de retiros (camp
meetings) e o envolvimento social de muitos avivalistas do século XIX?
Suspeito que sim, pois os retiros forneciam uma plataforma significativa
para reformadores sociais bem como urna grande e simpática audiência.
Veja Timothy Smith, Revivalism and Social Reform (Nashville:
Abingdon Press, 1957).
Quanto a uma tentativa até certo ponto paralela a essa linha, veja H. R.
Rookrnaaker, Modern Art and the Death of a Culture (Downers Grove,
IL: InterVarsity Press, 1970), 250-252.
Capítulo 9
' Philip Morrison, “The Mind of the Machine”, Technology Review,
January 1973, 17.
Kittel, Theological Dictionary of the New Testament, 4:948-60. Um
bom estudo sobre o uso de nous na Bíblia se encontra em Mildred B.
Wynkoop, A Theology of Love (Kansas City, MO: Beacon Hill Press of
Kansas City, 1972), 132-135.
Wynkoop, A Theology of Love, 121. Veja a discussão sobre Ordem,
Surpresa e Beleza em Snyder, EarthCurrents, capítulo 17.
Kahn e Wiener, O Ano 2000, 426. Veja Bertram Gross, Friendly Fascism
(New York: M. Evans and Co., 1980).
Francis Schaeffer, Poluição e a Morte do Homem: Uma Perspectiva Cristã
da Ecologia, trad. Darci e Nancy Dusilek (Rio de Janeiro: JUERR 1976),
51-55.
Boa parte do problema da sociedade consumista high-tech de hoje está
na conñança excessiva no “produto interno bruto” (PIB) como medida
de saúde econômica. O PIB simplesmente mede a atividade econômica,
sem se importar com os valores morais e não-quantificáveis. Se vamos
usar algum índice, precisamos ao menos de um indicador que leve em
consideração os valores não-monetários. Veja Clifford Cob, Ted Halstead
e Jonathan Rowe, “If the GDP Is Up, Why Is Arnerica Down?” The
Atlantic Monthly, 276:4 (October, 1995), 59-78.
Toffler, O Choque do Futuro, 215ss.
NOTAS 239
Snyder, EarthCurrents, 129- 1.30.
C. S. Lewis, The Abolition of Man (New York: Macmillan, 1947).
Jacques Ellul, To Will and To Do, trad. ingl. C. Edward Hopkin
(Philadelphia: Pilgrim Press, 1969), 185.
Ibid., 190.
B. E Skinner, Beyond Freedom and Dignity (New York: Alfred A. Knopfl
1971), 102-103.
Francis A. Schaeffer, Werdadeira Espiritualidade, s.trad. 4" ed. (São José
dos Campos, SP: Fiel, 1993), 131.
George Orwell, 1984, trad. Wilson Velloso (São Paulo: Companhia
Editora Nacional, 1984), 53.
A Nova Versão Internacional traduz erroneamente Romanos 8.6-9,
afirmando que os cristãos “não estão sob o domínio da carne, mas do
Espírito”, frase essa que transmite a idéia de controle. Essa idéia é
mais forte ainda no texto em inglês da NN em que se repete várias
vezes a palavra “control”. A versão Almeida Revista e Atualizada no
Brasil é mais precisa: “Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito”.
A palavra “domínio” não se encontra no original grego.
Toffler, O Choque do Futuro, 215ss, 286ss.
John Kenneth Galbraith, The New Industrial State, ed. rev (New York:
New American Library, 1971), 23, 53.
Gary Henley, The Quiet Revolution (Carol Stream, IL: Creation House,
1970), 46-47.
Capítulo 10
1 O conceito de “ecologia” está baseado na palavra grega para casa ou
família, oikos, uma palavra (assim como "economia", oikonomia) que
possui um rico significado no Novo Testamento. Veja o capítulo 2, “The
Economy of God”, em Liberati 'ig the Church.
Por ser este um capítulo inclui‹ lo na edição revisada do livro, as citações
bíblicas no original são da New International Version, mas na tradução
para o português mantivemos o texto da Almeida Revista e Atualizada
no Brasil.
A igreja às vezes é descrita mais em termos de proclamação (kerfygma),
serviço (diakonia) e adoração (leitourgia). Qualquer concepção de igreja
que não veja a koinonia como oase, porém, é uma distorção do quadro
neotestamentãrio. Também II refiro martyria à kerzygma por sugerir
uma concepção mais abranger te e encarnada do testemunho da igreja,
que inclui diakonia. Sobre a tendência de sobrecarregar a idéia de
kerjvgma veja Green, Evangelização na Igreja Primitiva, 55. Atentando
para a advertência de Green, segundo o qual é muito fácil ser induzido
por algumas palavras específicas a construir sobre elas uma
superestrutura teológica, que nunca se pretendeu que esses vocábulos
2 'Ú NOTAS
designassem, estou sugerindo "adoração", "comunhão" e “testemunho"
como componentes básicos não em função do uso técnico desses termos
na Escritura, mas como categorias gerais que envolvem a revelação e a
narrativa bíblicas acerca da igreja. E instrutivo, ainda, comparar algumas
das contrapartes gregas das palavras em inglês ou português e a maneira
pela qual as três palavras são utilizadas no Novo Testamento. Veja uma
discussão breve e útil sobre leitourgia e outras palavras do Novo
Testamento para adoração em Ferdinand Hand, The Worship of the
Early Church, trad. ingl. David E. Green (Philadelphia, PA: Fortress,
1973), 32-39.
W A. Visser't Hooft, The Renewal of the Church (London: SCM Press,
1956), 97.
A base bíblica incontestável para esse modelo se encontra em Ezequiel
10.10.
Veja o capítulo 4, “The Church as Sacrament”, em Liberating the Church.
Veja discussões úteis sobre o ano cristão em Robert E. Webber, The
Majestic Tapestry (Grand Rapids, MI: Zondervan, 1988). Webber tem
uma seção muito útil sobre a adoração que pode servir como um antídoto
saudável para a superñcialidade de muitos cultos contemporâneos e a
que Webber chama “uma espécie de amnésia evangélica” a respeito do
cristianismo histórico. Por outro lado, Webber, a meu ver, não fornece
justificativas suñcientes para tomar a adoração cristã do segundo século
como modelo principal para a adoração atual.
Richard Foster, Celebração da Disciplina - O Caminho do Crescimento
Espiritual, trad. Luiz Aparecido Caruso (Deerñeld, FL: Vida, 1983), 9
21.
Na Escritura, justiça e retidão estão intimamente ligadas, de modo que
falar de uma envolve a outra. Veja essa discussão em Liberating the
Church, capítulo 1, 'íIustiça, Libertação e o Reino ”.
Veja discussão mais completa em Snyder, The Community of the King,
107- 16.
Capítulo 1 1
Paul Verghese, “A Sacramental Humanism", em Alan Geyer e Denn
Peerman, eds., Theological Crossings (Grand Rapids, MI: Eerdmans,
1971), 137-45.
Mains, Full Circle, 62.
Ibid., 63.
Elizabeth O'Connor, Eighth Day of Creation (Waco, TX: Word, 1971),
42-43.
Veja, por exemplo, C. Peter Wagner, Frontiers in M issionarzv Strategy
(Chicago: Moody Press, 1971) e Stop the World, I Want to Get On.
Noms 241
Capítulo 12
1
Capítulo 13
1
Boa parte do conteúdo desta se‹áo é desenvolvida de modo mais extenso
'J
em The Community of the King.
Donald A. McGavran, “The Dimensions of World Evangelization”. Tese
para Seminário Estratégico, preparada para o Congresso Internacional
de Evangelização Mundial, Lausanne, Suíça, 16-25 de Julho de 1974.
242 NOTAS
L!
Capítulo 14
I
Há uma extensa literatura aqui. Uma boa pesquisa popular é Thomas R
Rausch, Radical Christian Communities (Collegeville, MN: The
Liturgical Press, 1990).
2
Carl E H. Henry A Plea for Evangelical Demonstration (Grand Rapids,
MI: Baker, 1971), 31.
21
Capítulo 15
Alvin Toffler, O Choque do Futuro, 24.
2 Ibid., 24-5.
NOTAS 245
Ben ll. Bagdikian, The Information Machines: Their impact on Men
and the Media (New York: Harper & Row, 1971), 287.
Arnold Toynbee, Change and Habit: The Challenge of Our Time (New
York: Oxford University Press, 1966), 29.
Jacques Ellul, The Technological Society, trad. ingl. John Wilkerson
(New York: Alfred A. Knopf. 1970), 375ss.
Toffler, O Choque do Futuro, 124, 121; John N aisbitt, Megatrends (New
York: Warner Books, 1982, 1984), 211-229.
Toffler (citando Max Weber) lembra-nos que a burocracia, como uma
forma organizacional, surgiu com o crescimento do industrialismo, e
sugere que ela está passando à medida que muitas sociedades se movem
para uma fase pós-industrial (O Choque do Futuro, 110). Se isso for
verdade, pode ser altamente significativo para organizações
denominacionais e outras organizações eclesiásticas e confirma uma
crescente fase “pós-denominacional” para a igreja.
Francis A. Schaeffer, The Church Before the Watching World (Downers
Grove, IL: InterVarsity Press, 1971), 62.
Robert C. Girard, Brethren, Hang Loose! (Grand Rapids: Zondervan,
1972), 73.
Índice
Abraão, 105, 213 na adoração, 145, 146;
Adão, 105, 108 estudo da, 102, 103, 152, 163, 171,
Adoração, 70, 76, 80, 97, 102, 135 172, 177
, 149, 156-158, 175-176, 239 Bird, Warren, 229
Africa, 35 Birkey, Del, 229
Ageu, profeta, 69 Bispos, 195, 243
Agostinho de I-Iipona, 241 ' Blaiklock, E. M., 29, 230
Aliança, 61-65, 69, 109, 138, 149; Bloesch, Donald, 189, 231, 233, 243
celebrações da, 113, Boff, Leonardo, 229
nova, 106, 109, 191, Bonhoeffer, Dietrich, 26, 28, 96, 230
renovação da, 114 Boulding, Kenneth, 213
Amor, 51, 98, 101, 120, 124, 134, Brasil, 36, 46, 112
145, 149-150, 174; Brzezinski, Zbigniew, 34, 35, 231
e dons espirituais, 160, 166 Budismo, 36
América Latina, 17 Buenos Aires, 84
Anabatistas, Anabatismo, 57, 233 Burma (Myanmar), 49
Ano cristão, 146, 240 Buttrick, George A., 236
Antioquia, 30, 197, 199 Byu, Ko Tha, 49
Apocalipse, livro de, 63, 68, 147, 242
Apolo, 243 Caim, 108
Apóstolos, 88, 102, 137, 165, 167, Calvary Chapel, 84
195, 197 Calvino, João, 44, 232
Arca da Aliança, 59, 64-65 Camp meetings (Retiros), 113
Arquitetura, 75-79, 100, 183 Campbell, Ernest, 47, 232
Arrependimento, 114, 143, 147-149 Canções, cantar, 138, 145-146, 211
Astrologia, 36, 218 Capitalismo, 218
Atos, livro de, 31, 98, 109, 138, 140, Carismático, Movimento, 17, 18
197 Carter, Lawrence, 75, 235
Autoconsciência, 124-125, 129 Casamento, 129
Autocontrole, 126, 239 Catedrais, 62, 82
Autoridade, cultural, 35 Católica Romana, Igreja, 17, 40, 57,
Avivamento, 40 185, 243
Avivalismo, 238 Ceia do Senhor (Eucaristia), 62,
138;
Bagdikian, Ben, 215 na igreja primitiva, 138
Bainton, Roland, 57, 233 Celebração, 138, 139, 143-148
Banks, Julia, 229 César Augusto, 32
Banks, Robert, 229, 236 Céu, Paraiso, 62, 68, 98, 187
Batismo, 209 Chambers, Oswald, 172
Batistas, 49 Chesteron, G. K., 44, 232
Barnabé, 197, 243 China, 17, 33, 38, 55
Barreiro, Alvaro, 229 Ciberigreja, 19
Barrett, Lois, 229 Ciberespaço, 175
Beckham, William, 229 Cidades, ministério em, 46-50, 55,
Bell, Daniel, 35 75, 175
Beyerhaus, Peter, 188, 243 Cidade Santa, 64
Bíblia, 103, 114, 115, 210; Classe social, 51-52, 78
como livro da aliança, 109. 114; Clérigos/ leigos, distinção entre, 57
ÍNDICE 247
Clough, John, 49 Davi, rei, 64, 68, 70
Cobb, Clifford, 238 Denominações, denominacionalismo,
Coleman, Robert, 25, 97, 177, 237, 78, 111, 130, 178, 183, 191-197,
241 200-201
Colson, Charles, 25 Descartes, René, 37
Comitês, comissões, 80 Deus, adoração de, 139-140, 144
Comercial, veja Propaganda 148;
Computadores, 38, 119, 126, 221 natureza de, 120;
Comunicação, 100, 125, 172; soberania de, 107, 164, 166, 209
de massa, 33, 170, 172-173 Diáconos, 195, 243
Comunhão, 52, 64, 76, 94-104, 110, Disciplina, 143, 149-150, 196
140-141, 149, 174, 208; ue_¡a Discipulado, 18, 25, 58, 82, 124,
também Comunidade, koinonia 142, 150, 218
Comunhão dos santos, 97 Dízimo, 42
Comunidade (comunhão), 25, 39, Dons do Espírito, 18, 57, 88-89, 94,
76, 83, 90, 93-104, 110, 118, 143, 159-169, 170, 189-190,
129, 135, 140-144, 149-158, 195-199, 208, 223, 243;
190-191, 222; consciência dos, 169;
sacramental, 145 e comunidade, 131-132, 153-154,
Comunidades de base, 17, 229 159-160, 162, 165;
Comunismo, 35, 218 e a cruz, 166-168;
Contracultura, 220 e habilidades, capacidades ou
Conversão, 98, 107, 109, 118, 141, talentos, 163-164
163, 188, 202 Doxologia, 136
Cook, Guillermo, 229 Doze passos, grupos de, 170
Coréia, 18, 36, 38, 112 Drama, 146
Coríntios, cartas aos, 88, 95, 131, DuBose, Francis M., 229
134, 160-161 Durant, Will e Ariel, 32, 231
Corpo de Cristo, 20, 88, 94, 97, 111,
119, 127-134, 141, 152, 157, Eagleson, John, 229
190, 198, 201, 222 East Harlem Protestant Parish
Cosby, Gordon, 162 (Paróquia Protestante do East
Cosmovisões, 28, 34-38, 122, 144 Harlem), 175
145 Ecologia, 108, 216, 224, 239;
Cowan, Michael, 229 da igreja, 133-158
Cox, Harvey, 31, 35, 231 Economia, 205, 216, 239
Crescimento da igreja, 17-18, 25, E-9 Eden, Jardim do, 108
54, 74, 142, 224; Ediñcação, 141, 151, 190, 200, 204
entre os pobres, 46, 48-51; Edifícios de Igrejas, 25, 41, 70-85,
por divisão, 81, 173 172, 183, 191, 196, 207, 234
Criação, 163 235;
Criatividade, 159 significado simbólico de, 75-79
Crime, 39, 217 Edwards, Maldwyn, 244
Cullmann, Oscar, 234 Efésios, livro de, 10, 52, 131, 134,
Cultura, 14, 25, 28-40, 108, 114, 153, 187
130, 212-217; Elias, profeta, 105
americana, 33; Ellul, Jacques, 123, 220, 234, 237,
grega, 32; 238, 244
em relação à igreja, 132, 139, 156, Encorajamento, encorajar, 151
161, 183-201; Ensino, 143, 145; veja também
renovação da, 202 Instrução
Cura, 88, 160, 165, 167 Entretenimento, 139
248 ÍNDICE
Escola Dominical, 26, 76. 80. 90, Futuro, 114-115, 144-145, 188, 212
101 225, 231
Escravos, escravidão, 31, 34, 42,
205 Galbraith, John Kenneth, 126, 239
Espiritismo, 36, 218-221 George, Carl F, 229
Espontancidade, 119-120, 128-129, Girard, Robert, 223, 245
144. 160 Gist, Noel P., 231
Estados Unidos, 121-122 Gitlin. Todd, 37
Espírito Santo, 18, 52, 55, 63-64, Graça, 107, 127, 134, 149, 153-154,
70-72, 89-90, 93-104, 110, 120. 161, 165, 189, 210
138, 141, 144-146, 151-153, _ Graham, Billy, 114
155, 159-169, 171, 179, 204 Green, Michael, 36, 231, 236, 239
205, 223-224; Grigg, Viv, 233
“controle” do, 126, 239, Grupos de pessoas, 17, 39
fruto do, 110, 151-153, 223 Grupos pequenos. 17-18, 54, 81, 84,
Estêvão, 70 103, 115, 129, 131, 147, 151
Estilo de vida, 129 153, 163, 195-197, 207-208,
Estrutura de igrejas, 13-20, 25, 41 241;
57, 87-89, 99-101, 110-116, 12'7 como estrutura básica da igreja,
132, 151, 183-185, 221-222, 170-180, 194-197, 198;
flexibilidade, 80, 129-130, 171-172, limitações de, 111;
221-222, vantagens de, 171-174
orgânica, 132, 157, 193, 197-198, Guerra, 32
222, Guinness, Os, 35, 231, 237
princípios bíblicos, 192-199
Estruturas paraeclesiasticas, 191, Hadaway, C. Kirk, 229
197-200 Haggard, Ted, 230
Europa Ocidental, 122 Halstead, Ted, 238
Eva, 105, 108 Hand, Ferdinand, 240
Evangélicos, 39, 203 Harnack, Adolf, 30, 33, 36, 230,
Evangelização, 17, 25, 47-51, 54, 77, 231, 235
83, 84, 121, 129, 142, 154-158, Hart, Hendrik, 57, 233
164-165, 173, 188 Hauerwas, Stanley, 238
Experiência [também traduzido por Havlik, John, 72, 235
Vivêncial, 121, 204, 218, 223 Hebreus, livro de, 61-62, 71, 93, 151
Expiação, 61, 118, 121, 210 Henley, Gary, 239
Explosão de informações, 217 Henry, Carl F. H., 202, 244
Explosão populacional, 217, 221 Hierarquia, 194-197, 221-222
Ezequiel, profeta, 68 Hinduísmo, 36
História, 28-37, 109-110, 144-148,
Família, vida familiar, 129; 155, 186-189, 191, 196, 201,
família como igreja, 129 231;
Fava, Sylvia Fleis, 231 aprender com a, 202-211
Fé, 107, 127, 144, 147, 173, 204 Hoffer, Eric, 232
Festivais, festas, comemorações, 113, Holiness, Movimento, 171, 240
138 Homossexualismo, 37
F ilxpe, Evangelista, 243 Hospitalidade, 165
Fleming, Daniel J., 99, 237 Hutter, Jakob, 58
Ford, Leighton, 232 Huxley, Aldous, 219
Foster, Richard, 152, 230, 240
Fundação de igrejas, 26, 41 Ideologia, 35-36, 149, 216, 219
Fundamcntalismo morfológica, 93 Idolatria, 149, 221
Igreja, 56-58, 135;
ÍNDICE 249
como carismática, 157, 161, 168, cumpre o tabernáculo, 61-64, 70;
189-192, 201, 221; encarnação, 114, 128;
como organismo, 19, 131-158, 201; ressurreição de, 109, 114, 167,
como sinal do Reino, 135, 188-189; 191;
ecologia da, 133-158; retorno de, 189, 224, 231-252
forma congregacional da, 57; Jesus Movement, 84
forma presbiteriana da, 57; João, Apóstolo, 64, 105, 138
imagens e modelos de, 19, 132 João Batista, 105
135, 184-185, 206, 221; Johnstone, Patrick, 229-230
institucional, 23-24, 38-41, 62, 93 Judaísmo, 38
94, 124, 130, 159-160, 168, 173, Judson, Adoniran, 49
185, 191-193, 206, 222, 242; Justiça, 143, 148, 154-156, 205, 240;
primitiva, 30-37, 48-54, 62, 72, 74, e os pobres, 42
88, 98, 103, 137-138, 171, 224;
propósito da, 135; Kahn, Herman, 29, 119, 230, 238
visão bíblica da, 11, 25, 56-57, 61 Kant, Immanuel, 28, 37
85, 89, 93-169, 183-191, 221 Kelley, Dean, 196, 243
222; Kendrick, Bruce, 45-46, 232
visível/invisível, 184-185, 242 Kittel, Gerhard, 237
Igreja da Inglaterra, 207-210 Koinonia, 64, 76, 93-104, 136, 171
Igrejas em Células, 18, 38, 81, 114, 178, 191, 237, 239;
170, 229 estrutura para, 101-104, 173-174,
Igualdade, ideal de, 34 207-208
Imagem de Deus, 117-125, 144, 151, Kraemer, Hendrik, 96, 236
159 Kraft, Charles, 233
Império Romano, 29-37, 62, 234 Krupat, Edward, 231
India, 49-50 Küng, Hans, 190, 243
Individualidade, 120-122, 128 Kuyper, Abraham, 202
Individualismo, 82-83, 99, 128, 142, Kwanglim, Igreja Metodista de, 112
162-163
Inglaterra, 203-207 Ladd, George Eldon, 242
Institucionalismo, 25, 56, 62, 68, 93, Lar, igrejas no, 17, 19, 39, 74, 79,
173-174, 178, 183, 189, 196, 195, 229;
201 na China, 17, 39
Instrução, 143, 145; seja também Lares, importância dos, 69, 98, 103,
Ensino 104, 137, 170, 176-177, 195,
Intemet, 19, 33, 36; 236
uso cristão de, 19 Latourette, Kenneth Scott, 30, 36,
Irracionalismo, 36-37, 120 230
Isaías, profeta, 69, 148 Leary, Timothy, 218
Islã, 36 Lee. Bernard J., 229
Israel como povo de Deus, 105, 237 Legalismo, 157, 186
Lei Mosaica, 61-63
Japão, 36 Leigos, 106
Jejum, 152 Lewis, C. S., 238, 244
Jeremias, profeta, 68, 163 Liberdade, 101, 119-120, 129, 144,
Jerusalém destruição de, 62,69 216;
Jesus Cristo, 61-64, 96-111, 115 do Espírito, 101, 153
121, 124-132, 134, 140-144, Libertação, teologia da, 232
155, 167, 185, 195-197; Liderança, 19, 86-90, 165, 173, 174,
como sacrifício, 57; 194;
como Sumo Sacerdote, 57; carismática, 194-199, 243
como Verbo (Palavra), 115; Línguas, dom de, 160, 164-165
250 ÍNDICE
241 °
Marston, Leslie R., 207, 244
Materialismo, 26, 78, 144-145, 218
McGavran, Donald, 49-50, 184, 232,
McKenna, David, 46, 232
Megaigrejas, 18, 174
Ocultismo, 218
Oetting, Walter, 74, 235
Oração, 98, 101, 138-139, 152, 165,
171, 179
Oração, movimento de, 18, 230
Ortiz, Juan Carlos, 84, 236
Mello, Manoel de, 112 Orwell, George, 124, 219, 239
Menonitas, 58
Mente de Cristo, 117-132, 151 Palavra de Deus, 115, 125, 128,
Metaigreja, modelo de, 18, 229 130, 145, 210, 218, 225
Metodismo, 112, 171, 179-180, 202 Palmer, Phoebe, 240
211, 240, 244 Pastores, 26, 86-90, 128, 165, 195
Metodista Livre, Igreja, 232 Paulo, Apóstolo, 90, 95, 105-106,
Metodista Unida, Igreja, 241 110, 117, 131-134, 139, 145,
Miller, Keith, 94, 236 150, 161, 185-187, 218, 243
Ministério, 57, 153, 165; Paz mundial, 32
conceito de, 86-89; Pedro, Apóstolo, 90, 106, 138, 185
de todos os crentes, 18, 56, 61 Pentecostalismo, 18, 50, 112, 171
Missão, 99, 106, 108, 154, 169, 170, Pentecostes, 99, 114, 142, 146, 160,
186, 198-200; 191, 231-232
igreja como, 200 Peregrinos, povos, 65, 69-75, 108
Misticismo, 24, 30, 35, 38, 97, 111, Pessoalidade, 118, 131
124, 144, 184, 218, 223 Peters, George, 243
Mitologia, 35 Peters, Stephen, 230
Moisés, 61-65, 70-71 Piedade, 152
Moody, Jess, 109, 174, 238, 241 Pietista, Movimento, 171, 209, 240
Moralidade, 122-124; Pinnock, Clark, 189, 243
declínio da, 37; Platão, 37, 185, 241-242
tecnológica, 123 Plymouth Brethren, 233
Mordomia, 52, 82, 152, 163; Pobres, 34, 78, 149, 156, 232;
dos dons, 165 e o evangelho, 17, 40, 41-58, 156,
Morrison, Philip, 238 205-206, 208-209;
Mudança social, 34, 212; fundação de igrejas e os, 41, 233;
ritmo de, 213, 214, 221, 222 na igreja primitiva, 236;
Mulheres, papéis das, 34, 161 no Antigo Testamento, 42-43
Música, '138, 144-145, 165 Poder, 155;
militar, 149
Naisbitt, John, 221-222, 244 Política, 126, 188, 213-216
Nacionalismo, 149 Pós-modernismo, 37
Nações Unidas, 32 Povo de Deus, 105-116, 141, 185,
Neighbour, Ralph W., 229 190-191, 195, 201
Networking, 197-200, 222 Pregação, 94, 147;
e estrutura da igreja, 197-200 ao ar livre, 206
Niche marketing, “niching” Preparando para o ministério, 131,
(Segmentação do mercado em 178, 195
nichos), 121 Presbiteros, 195
Prior, David, 229
ÍNDICE 251
Produto Interno Bruto (PIB), 238 Roma, 30
Professores, ensino, 88, 145, 165, Rookmaaker, H. R., 238
167, 195; Rowe, Jonathan, 238
mga também Instrução Runyon, Daniel, 233
Profetas, profecia, 88, 160, 167, 195, Rússia, 32
231
Progresso, 122, 216 Sacerdócio, 61-62, 72;
Promise Keepers / Guardiões de igreja como, 105, 233
Promessas, 18-19 Sacerdócio dos crentes, veja
Propaganda 126, 139, 213-215 Ministério de todos os crentes
Propósito, 125, 219 Sacramentos, 145
Prosperidade, 53 Sacrifício, 61-63, 70, 72, 138, 164,
Protestantismo, 56-58, 113, 185, 168
202, 243 Salmos, livro dos, 114, 124, 146
Psicologia, 123-124 Salomão, rei, 64, 67, 70-72
Pureza, 56, 152 Salvação, 56, 58, 97, 107, 190, 204;
pessoal e cósmica, 187
Quakers, 57, 233 Santidade, 110, 151-152, 240;
como semelhança de Cristo, 151
Raça, racismo, 78 152
Raines, Robert, 102, 173, 237, 241 Santificação, 143, 149, 152
Rausch, Thomas, 243 Satanás, estratégia de, 218-221
Rauschenbusch, Walter, 45, 232 Schaeffer, Francis, 120, 124, 222,
Razão, “fuga” da, 36-37 238, 242, 245
Read, William R., 50, 232 Schaller, Lyle, 229
Realidade Virtual, 218, 221 Schmidt, K. L., 241
Reconciliação, 108-110, 150; Secularização, 29, 146
de todas as coisas, 187-189, 200 Seminário, educação no, 89
Reforma, a, 56-58, 171 Septuaginta, 106
Reforma Radical, a, 57, 202 Serviço, 77, 94, 106, 110, 143, 154,
Reforma social, 205, 238 166, 177, 223, 239, 243
Reid, James, 95 Sinagogas, 234-235
Reid, W. Stanford, 241 Skinner, B. F., 123, 238
Reino de Deus, 26, 46, 68-70, 132, Slaughter, Michael, 229
142-145, 148-149, 153-154, 187 Smith, Christian, 229
189, 224; Smith, Chuck, 84, 236
e criação, 132; Smith, Page, 231
em relação à igreja, 135, 144, 158 Smith, Timothy, 238
189;
¬1 Socialismo, 218
presente e futuro, 187 Sociedade, em relação à igreja, 131,
Reissman, Leonard, 31 139, 155, 183-185;
Relativismo, 35-37 transformação da, 203
Religião, religiões, 35-36 Steven, Hugh, 84, 236
Renovação de igrejas, 17, 38, 157, Stoll, David, 231
169, 170 Stott, John, 244
Renovação Radical, significado da, Synan, Vinson, 240
9, 25, 41-43, 50-56, 62, 149,
156-158, 210-211 Tabernáculo, 61-69, 71, 75, 82-83;
Retidão, 155, 205, 240 em contraste com o Templo, 66-68
Revelação, 144; veja também Tecnologia, técnica, 29, 32-33, 38
Palavra de Deus .39, 118-126, 149, 175, 213, 216
Revolução Industrial, 119-120, 203 217, 219-221;
Richards, Lawrence, 175, 233 e moralidade, 122-123
252 ÍNDICE
comportamental, 121, 124; Wiener, Anthony, 29, 119, 230, 238
espiritual, 124 Willimon, William, 237
Televisão, 124, 139, 213-216 Wilson, Mark, 230
Tempo e espaço, 98, 100, 103, 109, Wimber, John, 230
111-112, 185-186, 189, 217 Winter, Gibson, 46, 232
Templo, 61-72, 234 Winter, Ralph, 233, 235
Tenney, Merrill C., 231 Wright, Stuart A., 229
Teologia, 115, 131, 230 Wynkoop, Mildred, 119, 238
Terceira Onda, 18, 230
Tertuliano, 48 Yoder, John Howard, 106, 110, 233,
Testemunho, 94, 106, 109-110, 135- 238
136, 141, 153, 157-158; Yoido, Igreja do Evangelho Pleno
transcultural, 198-201, 233; de, 112
Testemunho social, 54, 84, 205
238, 244 °
Temer, Alvin, 121, 212, 221, 235,
Torres, Sergio, 229
Toynbee, Arnold, 216, 244
Tradição, 90, 130, 154, 179, 210
Trindade, 98, 133;
como modelo de comunhão, 98
Troeltsch, Ernst, 48, 51, 232
Trueblood, Elton, 172, 241
Última ceia, 97-98, 109
Unidade, 98, 118, 141;
e diversidade, 190
Urbanização, 28-32, 46, 55, 122,
175, 217
Howard Snyder (Ph.D. em Teologia Histórica pela Universidade de Notre Dame) foi missionáno no Brasil, amando
como deão do Seminario Teológico Metodista Livre em São Paulo. Atualmente é professor de História c Teologia
de Missões no Asbury Theological Seminary, EUA.