Após a segunda guerra mundial o Japão viu-se limitado frente os recursos
econômicos e dos fatores de produção, obrigando o país ergue-se levando em conta tais restrições. Surge então, a necessidade da indústria reinventa-se adotando novos paradigmas de produção, que possibilitassem o aumento da produtividade e a flexibilização de seus sistemas manufatureiros. Dentro desse contexto nasce o Sistema Toyota de Produção (STP) na década de 1950. De acordo com Womack al. (1992) foram Eiiji Toyoda e Taiichi Ohno, quem introduziram os novos conceitos de produção puxada focados na redução dos desperdícios e das atividades que não agregavam valor as etapas de processamento. Apesar do STP ser consi'derado muitas vezes como algo novo, na verdade, muitos de seus princípios foram adotados de trabalhos realizado por pioneiros como Deming, Taylor e Skinner (JAMES E GIBBONS, 1997).
2. O TERMO PRODUÇÃO ENXUTA /LEAN MANUFACTURING
O termo Produção Enxuta (Lean Manufacturing) passa a existir a partir de
1992, quando então, Womack et al (1992) cunham o termo no livro “A Máquina que Mudou o Mundo” fruto do trabalho realizado por um grupo de pesquisadores do Massachusetts Institute of Technology – MIT. A obra faz uma descrição abrangente de todo o sistema de negócios da Toyota, enfatizando as vantagens dos sistemas de produção enxuta como: enormes ganhos de produtividade, redução do lead time, aumento do lucro operacional e da satisfação dos clientes, eliminação da etapas que não agregam valor. A partir da publicação do livro o termo produção enxuta tornou-se conhecido mundialmente, sendo adotado como modelo de gestão nas maiores montadoras de veiculo do mundo. Entretanto, a manufatura enxuta é adotada atualmente nos mais variados tipos de indústrias manufatureiras, como também em empresas prestadoras de serviço.
3. DESPERDÍCIOS NA PRODUÇÃO ENXUTA
Segundo Ohno (1997) o TPS ou manufatura enxuta está baseado nos
princípios da cultura de melhoria contínua e da redução dos custos. Diferente dos sistemas de produção em massa, conhecido também como produção empurrada. Os sistemas de manufatura enxuta trabalham com foco na produção puxada produzindo somente as quantidades para o cumprimento da demanda de clientes internos ou externos. Essa nova forma de produzir utiliza uma séries de conceitos, ferramentas e métodos descritos mais adiante, formando um conjunto de recomendações e princípios que devem ser adotados por todos os membros da empresa, definido com isso sua cultura organizacional.
No processo de implementação da produção enxuta Liker (2005) cita
como primeiro passo o exame do processo a partir da perspectiva do cliente interno e externo, como tentativa da identificação e análise dos oito tipos de desperdício elencados pelo sistema STP. Os oito tipos de desperdícios definidos são: excesso de produção, tempo de espera (operador ou máquina), transporte desnecessários, excesso de processos ou processos incorretos, excesso de estoque, movimento humano desnecessário, defeitos e suas consequências, subutilização de mão-de-obra. O autor estabelece como passo preliminar à aplicação do TPS, a identificação e eliminação dos desperdícios, salientando que é necessário tempo para o chão de fábrica aprender a mapear as atividades de processo que agregam valor e as que não agregam valor ao produto.
4. FERRAMENTAS E MÉTODOS NA PRODUÇÃO ENXUTA
O pensamento enxuto engloba a adoção de conceitos e princípios os
quais servem como base para a aplicação de ferramentas e métodos necessários ao cumprimento das metas e alcance dos objetivos de melhoria contínua. Esta abordagem ou metodologia é também conhecida como Kaizen. Alguns dos princípios e métodos utilizados de melhoria contínua são: just in time (JIT), (jidoka) autonomação, kanban, mapa da cadeia de valor (VSM), redução dos tempos setup (SMED) entre outros.
O JIT surgiu no Japão, em meados da década de 1970 na Toyota com
objetivo principal de flexibilizar os sistemas produtivos de maneira sistemática, pelo uso de cartões Kanban, produzindo de maneira restrita apenas a quantidade ao cumprimento da demanda do setor requisitante (CORRÊA e CORRÊA, 2009). Já jidoka ou automação tem como foco central o impedimento da geração e propagação de defeitos ao longo do fluxo de produção, utilizando dispositivos automáticos de parada, segurança e a prova de erros, possibilitando que máquina trabalhe sem a supervisão direta do operador (GHINATO, 1996).
Os cartões Kanban como o próprio nome cita são cartões que
especificam quantidades e datas de processamento dos itens que serão produzidos. Estes cartões são caracterizados pelo uso de cores e pela sua disposição visual dentro dos centros de produção, além de estabelecem critérios de produção informando as unidades de processamento o exato momento que deverão produzir o item demandado, sinalizando também a conclusão da operação e disponibilidade do item pronto. De forma resumida, o VSM pode ser definido como uma ferramenta que ajuda a identificar o fluxo de material e informação em cada etapa que agrega valor em um sistema produtivo, possibilitando visualizar a relação entre o fluxo de informação e fluxo de material presente no sistema produtivo, evidenciando com isso seu grau de eficiência. Por fim, o SMED é considerado uma metodologia desenvolvida por Shigeo Shingo no Japão entre os anos de 1950 e 1960, cujo objetivo principal é a redução dos tempos de setup das máquinas, contribuindo com a redução do inventário em processo, aumento da flexibilidade e redução do custo de ineficiência. Ohno descreveu setups na Toyota que foram reduzidos de 3 horas, em 1945, para 3 minutos, em 1971.
Diante do exposto, é possível notar a abrangência e complexidade dos
sistemas de manufatura enxuta, responsáveis pela criação e fundamentação de novos princípios de produção, fornecendo bases ao processo de inovação e melhoria dos sistemas produtivos. O sucesso desta abordagem ou conjunto de princípios, métodos e recomendações, não esta apenas no emprego e reprodução das técnicas desenvolvidas, mas sim na assimilação da importância de enxergar as etapas produtivas como um conjunto de engrenagens, onde os problemas ocorridos devem ser analisados e solucionado no momento em que estes surgem. Dessa forma, a manufatura enxuta pode ser considerada como um novo paradigma a produção de bens e serviços, onde, os atributos dos clientes, a agregação de valor aos produtos ofertados e a velocidade de entrega, norteiam as decisões de planejamento e execução da produção, contribuindo para construção de processos produtivos mais eficientes do ponto de vista operacional e da utilização dos insumos produtivos.
REFERÊNCIAS
JAMES S.M., GIBBONS, A. Is lean manufacturing universally relevant? An
integrative methodology. International Journal of Operations Product Management 17 (9), 899–911. 1997
OHNO, T. O Sistema Toyota de Produção, além da produção em larga escala.
Porto Alegre: Bookman, 1997. 137p.
WOMACK, J.P. / JONES, D.T. ; ROOS D., A Máquina Que Mudou o Mundo - (1992)
CORRÊA H.L.; C.A. CORRÊA, Administracao de Producao e Operacoes, Ano:
2009 Editora: Atlas.
LIKER E MEIER, Sistema Toyota de Produção - Uma Abordagem Integrada ao