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I. INTRODUÇÃO [1]
A. Opção Um: Deus É Amor e Seu Amor É Expresso Pela Sua Vontade de
Salvar a Todos
Obviamente, afirmar a vontade universal salvífica de Deus não coloca dificuldades
para aquele que crê que “Deus é amor” (1João 4:8) sumariza a divina essência. Porém, esta
abordagem logicamente requer universalismo ou algo próximo a isto. isto parece ser
verdadeiro não importando a posição acerca da natureza da resposta humana ao Evangelho.
De fato, por causa de como os teólogos reformados entendem a graça trabalhando na
vontade humana, aqueles que afirmam o amor e desejo genuíno de Deus para salvação de
todos tendem a adotar universalismo mesmo mais prontamente que seus contra-partes
arminianos.
Alguns teólogos arminianos se perguntam se seu ponto inicial teológico não necessita
uma eventual conclusão universalista. Em sua abordagem presidencial à Wesleyan
Theological Society, Al Truesdale examina a questão se a doutrina da punição eterna é
compatível com a afirmação que o amor é “o centro definidor de Deus”[3]. Truesdale começa
com a afirmação que amor é “aquele elemento de Deus que governa todo o resto”[4]. Ele
prossegue um argumento de cinco passos que deduz que a doutrina da danação eterna não
é uma opção para o wesleyano consistente e sugere aniquilacionismo ou salvação post-
mortem como alternativas possíveis[5]. Ele conclui admoestando o leitor com uma citação
de Barth, “Na base da eterna vontade de Deus temos que pensar em cada ser humano
[ênfase original], mesmo o mais estranho, o mais vilanesco ou miserável, como um a quem
Jesus Cristo é Irmão e Deus é Pai”[6]. É notável que Truesdale constrói seu argumento na
premissa que a vontade singular de Deus para salvação de todos é a manifestação da
essência simples indivisível de Deus, que é amor.
Existem diversos teólogos arminianos que, como Truesdale, afirmam a vontade
salvífica e amor universais de Deus mas não chegam às mesmas conclusões. E universalismo
não é encontrado somente no arminianismo. Teólogos reformados que argumentam que a
essencial natureza de amor de Deus compele a uma vontade singular para a salvação de
todos também geralmente atingem o universalismo. Thomas Talbott serve como exemplo
primário. Aonde Truesdale tenta fazer um argumento positivo baseado na natureza amorosa
de Deus, Talbott toma a abordagem negativa apresentando o que ele crê que seriam as
consequências de negar a premissa de que Deus semelhantemente deseje a salvação de
todos.
Em um celebrado debate com John Piper que cobria uma série de artigos, Talbott
argumenta que crer no amor universal de Deus combinado com o entendimento reformado
da soteriologia acarretam universalismo[7]. Ele denuncia a doutrina reformada tradicional da
predestinação como “blasfêmia” e “uma manifestação da depravação humana”[8].
De acordo com Talbott, teologia reformada, com suas usuais distinções entre os
decretos e os comandos de Deus, produz algumas consequências bastante desafortunadas
para o caráter de Deus. Deus nos comanda amar nossos inimigos mas falha em amar seus
inimigos. Isto significa que amor não é uma propriedade essencial de Deus. Soteriologia
reformada, argumenta Talbott, presenteia-nos com um Deus que é menos amoroso que
muitos humanos e deixa-nos com a perturbadora noção que devemos amar nossos filhos
mais que Deus o faz. Talbott confessa que ele acha tal Deus difícil de amar, quanto mais de
adorar. Ele afirma:
Se existe um simples amado meu que Deus poderia [ênfase original] redimir mas não
redime – se for o caso de, por exemplo, Deus falhar em amar minha própria filhinha – então
eu não posso pensar em melhor resposta que uma paráfrase de John Suart Mill: `Não
adorarei tal Deus, e se tal Deus pode me mandar pro inferno por não adorá-lo, então para o
inferno irei’. Obviamente, isto significaria simplesmente que eu não sou um dos eleitos, ou,
se eu sou um dos eleitos, que Deus um dia transformará meu coração de tal forma a que eu
seja tão insensível para com os meus amados assim como ele é. [9]
Insensível ou não, Talbott considera calvinismo como sendo sub-cristão. Daqueles que
regozijam em sua eleição, ele afirma, “Acerca disto a atitude deles é bem diferente daquela
do Apóstolo Paulo; e sobre isto, eles ilustram perfeitamente o egoísmo construído bem em
cima do próprio coração da teologia calvinista”[10]. Em uma troca de dizeres, Talbott desafia
Piper perguntando-o como ele reagiria ao conhecimento de que Deus não elegeu um de seus
filhos. Piper replica,
Mas eu não sou ignorante que Deus pode [ênfase original] não ter escolhido meus
filhos para seus filhos. E, mesmo que eu penso que daria minha vida pela salvação deles, se
eles se perdessem para mim, eu não me oporia ao Todo-Poderoso. Ele é Deus. Eu sou só um
homem. O Oleiro tem direitos absolutos sobre o barro. O meu é curvar-se diante de seu
caráter impecável e crer que o Juiz de toda a terra sempre fez e sempre fará o que é
correto[11].
Apesar de seu comprometimento e candura serem impressionantes, Piper parece
conceder o ponto central de que a teologia reformada ensina que Deus pode não amar
nossos filhos o tanto que nós o fazemos.
Talbott argumenta que desde que a teologia reformada ensina que Deus tem a
capacidade de trazer salvação a todos por uma obra monergística de regeneração mas
escolheu não fazer desta forma, então o calvinismo é culpado de uma série de pecados.
Primeiro, teologia reformada comete blasfêmia – porque atribui qualidades demoníacas a
Deus;
segundo, egoísmo – porque nos ensina a nos preocupar mais com a nossa eleição que a
alheia; e
terceiro, rebelião – pois falha em obedecer o comando de amar o próximo como a nós
mesmos [12].
Talbott conclui que a teologia reformada pode ser resgatada apenas se seus aderentes
combinarem as tradicionais doutrinas de eleição incondicional e graça irresistível com uma
afirmação de amor universal divino. O resultado seria o universalismo e isto se encaixa bem
em Talbott [13].
Apesar de um ser arminiano e o outro calvinista, Truesdale e Talbott fazem
argumentos semelhantes. A natureza amorosa de Deus implica que ele tem apenas um
desejo de para a humanidade – a redenção de todos. Suas conclusões excluem
entendimento do alerta de Jesus em Mc 16:16, “aquele que não crê será condenado”, como
referente à punição eterna.
A maioria dos teólogos, reformados ou não, reconhece que, nas palavras de John
Piper, “A intenção de Deus não é simples mas complexa”[26], ou se a vontade de Deus é
simples, ela é “fragmentada”[27]. Se o soberano Deus deseja a salvação de todos, provê
redenção suficiente para todos, mas nem todos são eventualmente salvos e mesmo assim a
vontade de Deus é ultimamente efetuada, então a vontade de Deus exibe uma complexidade
que requer um entendimento em fases ou estágios. Teólogos têm empregado um
contingente de categorias para descrever as duas vontades de Deus: a vontade divina de
preceito, comando, ou permissão é geralmente contrastada com sua vontade decretal,
soberana, ou eficaz. A maioria das posições são variações de um dos dois paradigmas: ou a
abordagem das vontades oculta e revelada (opção três), ou a visão das vontades
antecedente e consequente (opção quatro). Geralmente, teólogos reformados optam pelo
paradigma das vontades revelada/oculta, enquanto teólogos não-reformados tomam a
última.
IV. CONCLUSÃO
Este artigo considerou quatro opções acerca da voltade salvífica de Deus: Deus tem
uma vontadce que que todos sejam salvos; Deus tem uma vontade que alguns sejam
salvos; Deus tem duas vontades – uma oculta e a outra revelada; e Deus tem duas vontades
– uma antecedente para a salvação de todos e a outra consequente de que fé é condição
para salvação. Nenhuma das quatro posições está livre de dificuldades. Porém, o paradigma
das vontades antecedente/consequente parece ser o que tem os menores problemas
teológicos e ser mais próximo ao testemunho da Escritura.
A Grande Comissão é expressão da vontade divina. Seu desejo é que o mundo inteiro
ouça as Boas Novas tal que aqueles que recebem o Evangelho possam ser salvos.