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Resumo: Este trabalho tem por objetivo principal exibir de forma inicial
os perfis e comportamentos dos usuários presentes nas salas do Bate-Papo UOL
que, por via de regra, desembocam em discursos e práticas sexuais, dentro ou
fora do ambiente virtual. Criando um panorama recente da apropriação das
tecnologias digitais para facilitar o contato e as relações humanas.
Palavras-Chave: Bate-Papo UOL. Discursos. Práticas sexuais.
Introdução
Ebook IV SIGESEX 11
O Bate-Papo UOL foi criado em 28 de abril de 1996, sendo um dos
pioneiros da comunicação digital no Brasil e chegou a ser responsável pela
maior audiência do site UOL2, detendo 50% do total3 de acessos. O chat é
formado por diversas salas, divididas por temas e com acesso gratuito, sendo
necessário para a entrada apenas um nickname4 ou apelido, e a confirmação
de um código de segurança. Ativo até o presente momento, o chat conta
com usuários de diversas idades, gêneros, etnias, brasileiros e estrangeiros de
diversas regiões do globo terrestre. Essa diversidade de usuários faz do chat
um ambiente sociocultural amplo e fértil, possibilitando diversos tipos de
trocas de diálogos, experiências e informações entre os frequentadores desse
espaço cibernético.
1. Do método de pesquisa
Durante minha presença nas salas percebi que essa forma de abordagem
pública não estava trazendo retorno e decidi conversar com cada usuário
individualmente, terminei com alguns questionários respondidos e algumas
rejeições na colaboração com o trabalho. No dia 4 de março de 2019 percebi
que entrar e esperar que os “curiosos” ou interessados me procurassem seria mais
assertivo e foi a partir desse método que obtive maior número de participações
na pesquisa. As perguntas foram respondidas no próprio chat com o intuito de
não fugir do ambiente e possibilitar ao usuário com questionário respondido
continuar procurando companhias virtuais. Alguns responderam na sala
pública no modo reservado e outros optaram pela sala reservada:
Ebook IV SIGESEX 13
Imagem 1.2: Aplicação do questionário em sala pública no modo reservado
2. Os personagens do chat
Ebook IV SIGESEX 15
uma inusitada surpresa. Fazendo parte do Ensino Básico, cinco participantes
tinham Ensino Médio completo e apenas um deles não completou totalmente.
Trinta e quatro participantes já se formaram no Ensino Superior e apenas sete
ainda estão cursando. Com Ensino Superior completo contabilizam 32,5%
dos usuários e com Pós-Graduação 35% deles. Mas, qual foi a inusitada
surpresa perante esses dados? Predominantemente esses personagens tem
Ensino Superior Completo (67,5%) e existe uma causa para esse fenômeno
vindo em minha direção. Na Física a Lei de Coulomb diz que os corpos
com cargas iguais se repelem e os corpos com cargas diferentes se atraem,
a famosa máxima de que os opostos se atraem. Contudo, já é sabido que
na prática das relações humanas, pessoas diferentes não costumam conviver
muito bem, exceto quando existe um consenso de respeito entre elas. Nesse
sentido, pessoas parecidas tendem a se relacionar com maior facilidade.
Mas o que teria a ver essa ideia com o resultado da pesquisa? Pois bem, vou
fundamentar esse fenômeno.
Partindo da ideia acima exemplificada, o grande número de
participantes com nível superior de instrução aceitando ou procurando
responder o questionário demonstra claramente uma identificação com a
minha personagem apresentada no chat, “Pesquisadora”. Essas pessoas por
certo sabem da importância de pesquisas científicas, da dificuldade de tornar
possível a conclusão de um trabalho acadêmico e, provavelmente já passaram
por essa situação, usando agora de empatia para contribuir com minha
tarefa. Esse grau de afinidade, por vezes, foi tão grande, que alguns pediram
informações sobre onde seriam publicados os resultados, indicaram livros e
fizeram alguns apontamentos sobre a minha investigação. Outros chegaram
a pedir para manter contato comigo, demonstrando tamanha curiosidade e
empolgação pela pesquisa e a área em que ela é desenvolvida.
Entre os motivos que levam essas pessoas a acessarem as salas de bate-
papo, 60% delas declararam ser por solidão ou tédio, a mesma porcentagem
com o intuito de conversar ou se distrair e 65% em busca de um parceiro sexual
ou amoroso. Ou seja, mais da metade deles seja por solidão, tédio, distração,
busca de companhia, parceiro sexual ou amoroso, entram sempre tentando
preencher espaços vazios, assim por dizer. Por que essas pessoas transportaram
para o meio digital a função de serem felizes, ocupadas ou satisfeitas?
Zygmunt Bauman debruça-se sobre os estudos da modernidade líquida e
tem trabalhos significativos nessa temática, um deles intitulado Amor Líquido.
Nessa obra, o autor atribui as ressignificações que o amor sofreu ao longo de
Ebook IV SIGESEX 17
transbordando por todos os lados. Desde a sexualidade das crianças até a dos
loucos, de toda forma tentou-se controlar, catalogar, reprimir, limitar e punir
o sexo, mas falar dele e sobre ele era tão tentador que causava no ouvinte prazer
em ouvir e esse é um fenômeno paralelo a este ponto da pesquisa.
Ainda segundo Foucault - em seu volume A vontade do saber - a sociedade
ocidental ficou condicionada a confissão, ela apenas mudou seus espaços de fala
e interpretação, saindo do confessionário, para as clínicas médicas, consultórios
psiquiátricos e psicológicos e hoje, eu diria, tomando espaço nas plataformas de
relacionamentos sociais. Os “hábitos solitários” citados por Foucault tomam
ressignificações e isso fica comprovado através do fato de esses usuários preferirem
entrar no jogo da caça em busca de um parceiro, à pesquisa direta de seu desejo
em um site de pornografia. Ele não quer mais que sua masturbação seja um ato
solitário, mas que a solidão de outro alguém se junte à dele e dessa forma se anule
através do sexo virtual, causando a falsa sensação de parceria, troca e afeto.
Esse encontro sexual virtual por vezes ocasiona no desejo de um encontro
real – não necessariamente precisa existir o uso da webcam9, o próprio diálogo
desperta desejos sexuais instintivos nos usuários – e isso fica claro na afirmação
de 85% dos usuários, ao confirmarem que teriam um encontro real com alguém
que conheceram no chat. Sendo que, 57,5% dos respondentes não se sentem
confortáveis em ficar nu na frente da webcam e nem para mandar nudes10. Esse
prazer encontrado no discurso sexual faz com que “a intensidade da confissão
relança a curiosidade do questionário” e aura da curiosidade, da confissão, do
prazer, do saber e do poder permeia todo clima do chat, fazendo com que aquele
ambiente seja terreno fértil para encontros de sexualidades periféricas, sexualidades
novas, que encontram sua satisfação no meio virtual das salas de bate-papo.
Conclusões parciais
Como meio de fuga social o Bate-Papo UOL serve para preencher vazios
existentes em todo e cada usuário, que ali se encontram basicamente com os
mesmos objetivos e, que por via de regra, desembocam em algo satisfatório.
O sexo sempre surge em algum momento da conversa e mesmo que esse não
9. É uma câmera de vídeo digital conectada a um computador e é capaz de capturar vídeos, fotos e transmiti-los pela
internet. Acesso em 02 de maio de 2019. Disponível em: https://www.dicionarioinformal.com.br/webcam/
10. Nudes vem do inglês “nude” que quer dizer: pelado, sem roupa, sem vestimento, etc. Então aqui no Brasil se
popularizou o “manda nudes” que é quando alguém está pedindo fotos sua pelada. Acesso em 27 de março de 2019.
Disponível em: https://www.qualeagiria.com.br/giria/nudes/
Referências
DEL PRIORI, Mary. Histórias e conversas de mulher. 2ª ed. São Paulo: Planeta,
2014.
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Percursos iniciais de uma pesquisa em
andamento: levantamento bibliográfico
referente à produção acadêmica sobre a
prática de sexting
Initial steps of na ongoing research: bibliographic
search regarding the academic studies on sexting
Tássio Acosta11
ABSTRACT: This article carried out a bibliographic search regarding the academic
studies on the subject of sexting in the platforms SciELO, Banco de Teses da Capes (Capes’
Thesis Database), CNPq and Google Scholar with the aim of knowing the contents and
discourses produced. It was observed that concerns were raised about the uses adolescents
make of social media, as well as the need to promote public prevention policies. Few articles
have discussed the fact that these teenagers are subjects who have rights and that sexting is a
new way of experiencing and living their sexualities.
KEYWORDS: sexting, revenge porn, youthful sexuality
1. Docente do Instituto Federal de São Paulo (IFSP), campus Registro, Doutorando em Educação (UNICAMP),
Mestre em Educação (UFSCar), Especialista em Ética, valores e cidadania na escola (USP), Historiador e Pedagogo.
Foi o coordenador deste Grupo de Trabalho (GT), intitulado “Sexualidades e sociabilidades em tempos digitais”, no
Simpósio de Gênero e Sexualidade (Sigesex): “Gêneros, sexualidades e conservadorismos: a política dos corpos, os
sujeitos e a disputa pela hegemonia dos sentidos culturais”, realizado na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
(UFMS). Contato: tassioacosta@gmail.com
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1- Chile
2- México
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sexting entre jovens, publicado na Revista Perinatología y reproducción
humana, voltada para médicos e profissionais da saúde que se interessem
sobre educação sexual e reprodutiva. Ela analisou 2 casos pelos quais foi
responsável como psicóloga: o primeiro foi sobre uma menina de 13 anos
de idade que compartilhou imagens suas com nudez exposta (nu total
frontal) para um menino da mesma escola pelo qual tinha desejos afetivos,
e foi expulsa da escola por esta razão (o estudo não evidenciou se o mesmo
ocorreu com o menino responsável pelos vazamentos). O segundo caso
foi o de uma menina que teve duas fotos vazadas (da cintura para baixo),
e que mantinha conversas de cunho sexual com outros seguidores de seu
Facebook, o que despertou a ira da mãe e fez com que esta a levasse para
a terapia psicológica. Afirmou que mantinha este tipo de conversas por
estar habituada a ver essa forma comunicacional nos sites pornográficos
que frequentava, algo que lhe chamava a atenção. Estes dois casos tinham
analisavam a relação familiar com as questões da sexualidade, a influência
religiosa e as questões de classes, como baixa escolaridade ou empregos
precários. Concluiu que “a largo plazo, las consecuencias de sufrir este tipo
de bullying pueden establecer el desarrollo de casos de estrés postraumático,
con síntomas psicosomáticos, depresión, ansiedad, ideación e intento
suicida, o promover dudas de identidad sexual.” (Soto, 2014: p. 220). A
forte presença da perspectiva biologizante do comportamento humano
ficou explícita ao longo da construção do referido artigo.
AMIGO [org.] (2018) focaram a pesquisa em jovens de 12 a 15 anos
residentes da cidade de Zacatecas, no México, abrangendo um total de 322
estudantes para a identificação de condutas de risco virtual, prática de sexting
e existência de grooming. Durante o artigo foi possível observar a preocupação
das autoras em contextualizar historicamente o período em que os jovens
participantes, de 12 a 15 anos, nasceram: “en la actualidad, los adolescentes han
nacido y crecido en circunstancias tecnológicas específicas, [...] influenciados
por la generación tecnológica, con nuevas herramientas emergentes, que les ha
tocado vivir” (p. 5). Ao categorizar como os jovens faziam uso de suas redes ,
93% afirmaram utilizarem como entretenimento, 4% para fins acadêmicos de
estudos e 3% para uso variado. Destes,
[...] 83% ha tenido algún tipo de ciberacoso, con una tendencia mayor
en el sexo femenino que en el masculino; además, el 81% ha recibido
algún material con connotación sexual; el 72% ha enviado material con
Percebe-se, portanto, que a maioria das meninas fez uso das redes sociais
para o envio de material pornográfico de prática fetichista exibicionista, como
no caso do sexting, enquanto meninos mostraram como tendência o acesso a
sites de conteúdo pornográfico previamente existentes.
3- Colômbia
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por fabricação, disseminação e posse de material pornográfico.
Após um extenso debate sobre as questões locais, a autora traz uma série
de estudos que reconhece na prática como uma forma contemporânea de as
pessoas se relacionarem, inclusive afetando as condutas afetivo-sexuais, por
estarem inseridas em um mundo tecnológico e constantemente cercadas por
dispositivos que contribuem para tal.
Portanto, a forma para lidar com o problema não se dá unicamente
por vias legais que não estão preparadas para a prática de sexting entre jovens,
mas também por pais, professores e instituições de ensino, que precisam
assumir um papel de liderança na gestão deste problema. Continua ainda
que “aqueles com influência devem proporcionar aos jovens conscientização
adequada, supervisão de monitoramento e orientação para o uso responsável
e benéfico da tecnologia para evitar possíveis pesadelos ao longo da vida”, visto
que estas novas formas relacionais dificilmente serão coibidas por legislações
ultrapassadas e que incluem jovens praticantes de sexting na mesma categoria
que homens adultos pedófilos. Sendo as categorias distintas, as suas análises
também deverão sê-la.
4- Espanha
5- Portugal
Ebook IV SIGESEX 25
discussão conceitual sobre cyberstalking e cyberbullying, e como estes dois
fenômenos vitimam adolescentes pelas mais diversas formas de assédio que, de
acordo com elas, ciberagressão, ciberassédio, spamming, sexting e cyberbullying
não podem ser categorizados como cyberstalking, visto que são violências
diversas, impossibilitando-as de colocar num único guarda-chuva conceitual.
Atentam ainda para o fato de que adolescentes costumam ser as maiores
vítimas desses tipos de violência, por estarem mais conectados e por estarem
criando suas relações de afeto e confiança para com outras pessoas. – mas que,
infelizmente, a maioria dos estudos se concentra na população universitária.
Compreendem a importância de estudar “sobre a vitimação online entre
os adolescentes e as suas implicações para a saúde e o bem-estar global dos
mesmos” (p. 59), visto que muito comumente os cyberstalkers costumam ser
ex-parceiros de suas vítimas, embora os violadores ramifiquem o assédio para
as mais diversas pessoas que despertem seu interesse. Abordam rapidamente
o sexting como forma de ataque destes violadores contra suas vítimas, sem se
debruçar conceitualmente sobre as suas ações e ocorrências.
Notaram a similaridade no modus operandi do stalking e do cyberstalking,
afirmando que o “cyberstalking poderá ser um modo complementar de
perseguir e intimidar no mundo real” (p. 65), e realizando a distinção entre
cyberstalking e cyberbullying: “o contexto, a relação entre perpetrador e alvo, a
posição hierárquica destes e a motivação do agressor.” (p. 65).
6- Brasil
Considerações finais
Ebook IV SIGESEX 27
expostas nas redes sociais ainda na maternidade -, deve-se reconhecer que
as formas de vivenciarem seus corpos e sexualidade são diferentes, da mesma
maneira que ocorreu com outras práticas de outras épocas.
Foi observada a importância de que as produções acadêmicas futuras
debatam sobre como outras formas de exercer e vivenciar a sexualidade podem
trazer impactos significativos naquilo que compreendemos enquanto uso dos
prazeres e construções de existência ética entre os sujeitos.
Afirma-se, por fim, que a prática de sexting entre jovens não pode
ser confundida com a de adultos pedófilos, que buscam suprir seus
desejos perante os corpos de jovens menores de idade, que vivenciam a sua
sexualidade desta forma.
Referências
KAUR, P. Sexting or pedophilia? In.: Rev. Crim. vol.56 no.2 Bogotá Jan./May 2014.
Disponível em: <www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1794-
31082014000200006&lang=pt> Visualizado em 14 de maio de 2019.
Ebook IV SIGESEX 29
NEJM, R. Potencialidades e limites das tecnologias na promoção dos direitos
humanos de crianças e adolescentes. In: RIBEIRO, J.C., FALCÃO, T., and
SILVA, T. orgs. Midias sociais: saberes e representações [online]. Salvador:
EDUFBA, 2012, pp. 249-269. ISBN 978-85-232-1734-1. Disponível
em:<books.scielo.org/id/hcmrr/pdf/ribeiro-9788523217341-14.pdf>
Visualizado em 14 de maio de 2019
SOTO, Guillermina Mejía. Sexting: una modalidad cada vez más extendida de
violencia sexual entre jóvenes. In.: Perinatol. Reprod. Hum. vol.28 no.4 México
oct./dic. 2014. Disponível em: <www.scielo.org.mx/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0187-53372014000400007&lang=pt> Visualizado em 14 de
maio de 2019
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Novas configurações familiares e escola: a
busca por uma escola menos excludente
ABSTRACT: The starting point of this research was the trajectory of family
constitutions since the Middle Ages, highlighting the role played by women in each scenario
and how the relationship of these families with the school was established. In this context,
with the emergence of new family configurations emerges a new theme to be analyzed from
the perspective of a less exclusive school.
KEYWORDS: Family, School, Contemporaneity
Introdução
Ebook IV SIGESEX 35
Por outro lado, a família camponesa apresentava uma estrutura bastante
diversa da família aristocrática. Os camponeses se casavam por volta dos trinta
anos e tinham entre quatro e cinco filhos. Como a taxa de mortalidade infantil
era muito elevada, poucas dessas crianças sobreviviam até a idade adulta.
Era possível encontrar na mesma residência até três gerações da mesma
família, sendo forte a proximidade com outros aldeões e parentes. De acordo
com Poster (1979 apud RODRIGUES; ABECHE, 2010, p. 376), “os laços de
dependência com a aldeia eram tão fortes que a sobrevivência não era possível
no nível da unidade familiar [...] as interações cotidianas envolviam toda a
aldeia ou grande parte dela”.
Salvo as diferenças entre os dois modelos, o relacionamento entre os
integrantes dessas famílias se apresentava de modo diverso do que se vivencia
na atualidade. O sentimento de afetividade com relação à criança, por exemplo,
não possuía os mesmos moldes da contemporaneidade. O valor dos filhos, de
modo geral, estava no interesse da perpetuação da linhagem. O intuito era
herdar e transmitir as riquezas da família.
Do mesmo modo, a função primordial da mulher estava em “dar filhos ao
grupo de homens que a acolhe, que a domina e que a vigia” (DUBY, 1989, p. 15).
Assim, por meio do casamento ela era introduzida em outro ambiente no qual
seu pai, irmãos e tios deixavam de ser responsáveis por ela e era subordinada a um
novo grupo de homens (marido, sogro, cunhados, entre outros).
Todos os homens que detêm algum direito sobre o patrimônio [...] con-
sideram [...] como seu direito principal casar os jovens e casá-los bens.
Ou seja, por um lado ceder as moças, negociar da melhor maneira pos-
sível seu poder de procriação e as vantagens que elas podem legar à sua
prole; por outro, ajudar os rapazes a encontrar esposa (DUBY, 1989,
p. 15).
A partir do século XV, a Europa passa por uma série de mudanças que
acabam transformando a estrutura vigente. Emerge nesse período uma nova
classe social, a burguesia, a grande responsável por mediar as relações de troca
e equivalência. Passa a haver a estruturação do mercantilismo e isso implica no
começo da vida urbana (RODRIGUES; ABECHE, 2010).
As autoras mostram ainda que todas essas mudanças são responsáveis
pela transformação geral do modo de pensar e entender a vida. A sociedade
começa, então, a estruturar bases que norteiam a consciência coletiva do
mundo ocidental (RODRIGUES; ABECHE, 2010).
Dessa forma, através do desenvolvimento das cidades, há a migração
de solteiros. Rompendo laços com as famílias extensivas e constituindo sua
própria família, esses indivíduos desenvolvem um novo modelo familiar
conhecido como família nuclear.
A família nuclear burguesa surge como a classe dominante na sociedade
capitalista. Era composta por poucos indivíduos e não tinha mais a intenção
de perpetuar a linhagem ou resguardar as rígidas tradições. Seu intuito era o
acúmulo de capital e a valorização da escolha individual (POSTER, 1979).
Devido aos avanços na medicina e a uma cultura de valorização do indivíduo,
as crianças são submetidas a cuidados extremos. A criança passa, então, a
ocupar o papel central na estrutura desse modelo familiar, no qual a função
social da mãe era garantir a higiene e o bem-estar dos filhos.
A classe trabalhadora, por sua vez, inicialmente possuía uma estruturação
diferente. Como consequência de salários extremamente baixos, os integrantes
dessas famílias eram obrigados a se submeter a jornadas exaustivas e a péssimas
condições de trabalho e, portanto, o cuidado para com os filhos não era tão
rigoroso quanto nas famílias burguesas (POSTER, 1979).
Com a inserção das mulheres no serviço fabril, surgem as mães
mercenárias, que cobravam para dar abrigo e relativos cuidados aos filhos das
operárias, já que as trabalhadoras não tinham com quem deixar as crianças
durante suas jornadas de trabalho (PASCOAL; MACHADO, 2009).
Ebook IV SIGESEX 37
Criou-se uma oferta de emprego para as mulheres, mas aumentaram os
riscos de maus tratos às crianças, reunidas em maior número, aos cui-
dados de uma única, pobre e despreparada mulher. Tudo isso, aliado
a pouca comida e higiene, gerou um quadro caótico de confusão, que
terminou no aumento de castigos e muita pancadaria, a fim de tornar as
crianças mais sossegadas e passivas. Mais violência e mortalidade infan-
til (RIZZO, 2003 apud PASCOAL; MACHADO, 2009 p.80).
Ebook IV SIGESEX 39
está ameaçada. Seja qual for o tempo ou o lugar, é através dela que o indivíduo
recebe subsídios para que se desenvolva.
É demasiadamente difícil definir um modelo familiar da atualidade
porque há diversas novas práticas de relações afetivas que culminam em
diferentes arranjos familiares. Todavia, há que se destacar alguns.
É o caso da família monoparental. Esse termo surge na França em
meados dos anos 1970 e designa as unidades domésticas compostas por
pessoas que vivem sem cônjuges com um ou mais filhos (VITALE, 2002). No
Brasil, é a partir da Constituição Federal de 1988 em seu art. 226, § 4º que
define “Entende-se também como entidade familiar a comunidade formada
por quaisquer dos pais e seus descendentes”.
A esse respeito, é preciso enfatizar que a maior parte dessas famílias são
compostas por mulheres que vivem com seus filhos (DEL PRIORE, 1994). O
que justifica esse fato é que cada vez mais a mulher tem alcançado condições
econômicas suficientes para ter filhos sem a necessidade de possuir um parceiro
comprometido (HINTZ, 2001).
Entretanto, as mulheres de classes sociais mais baixas também possuem
expressiva representatividade dessa configuração familiar. A maioria desses
casos é involuntário. Como por exemplo, a mulher que engravida, não recebe
apoio do pai da criança e por este motivo, precisa assumir o sustento e a
educação do filho sozinha.
A família homoparental é outra configuração que tem ganhado
visibilidade no cenário atual. De acordo com Uziel et al. (2006), em meados
de 1990 passa a eclodir projetos de legalização da união homoafetiva ao redor
do mundo. E, tendo legalizado o casamento, o arranjo constituído por esses
casais e seus filhos, biológicos ou adotivos, passa a ser chamado de família.
Outro arranjo familiar muito comum na contemporaneidade é a família
reconstituída. Essa representa uma união em que um dos envolvidos, ou
ambos, possui pelo menos um filho de um relacionamento anterior. Trata-se,
portanto, de famílias em que um membro, ou mais, fazem parte de mais de um
grupo familiar simultaneamente.
De acordo com Hintz (2001), a família reconstituída não é um
fenômeno novo. Sua origem está relacionada a diversos fatores, como “a
crescente independência econômica das mulheres após a revolução industrial
e as guerras mundiais, a mobilização social, a liberação sexual e a busca pela
felicidade individual” (HINTZ, 2001, p.15).
Para finalizar as configurações aqui destacadas, é preciso traçar a
3- Resultados e discussões
4 - Metodologia
Ebook IV SIGESEX 41
5- Dados obtidos
Ebook IV SIGESEX 43
preconceito ou chacota devido a questões familiares por parte dos alunos e/
ou por parte de professores/ funcionários?”, as duas professoras alegam não
ter presenciado esse tipo de situação por parte dos alunos, tendo em vista que
ambas lecionam para a Educação Infantil.
Em contrapartida, por parte dos professores e/ou funcionários as
duas relatam que há sim situações preconceituosas. Isso fica claro através das
palavras de Paula, “os outros professores dizem se os irmãos são bons alunos,
ou que o pai acabou de sair da cadeia, ou que a mãe abandou os filhos ou mora
sozinha sem marido e esse tipo de comentário. Então, entre os profissionais
acontece sim” (INFORMAÇÃO VERBAL)8.6.
Parece bem claro que há aqui um assunto que requer atenção. Se já está
evidente que a família não é uma instituição estática e que ela se transforma e
cria novas configurações devido aos fatores sociais, econômicos e/ou políticos,
por que a escola permanece exigindo um padrão de pais, uma estrutura de
família e um modelo de aluno?
6- Reflexão
Considerações Finais
Ebook IV SIGESEX 45
Referências
DUBY, Georges. Idade Média, idade dos homens. São Paulo: Companhia das
Letras, 1989.
Ebook IV SIGESEX 47
Representações de gênero no cinema
histórico nacional: a construção da memória
colonial brasileira no ensino de história
Gender depictions in brazilian historical films:
building the memory of colonial times in
history teaching
Maristela Carneiro11
Ebook IV SIGESEX 49
é pensar em filmes que são históricos no sentido que representam eventos
e personagens históricos, ou seja, filmes que possuem temática histórica,
colocando indivíduos – “reais” ou ficcionais – no centro do processo histórico.
Nas palavras de Rosenstone:
Ebook IV SIGESEX 51
tinção masculino/feminino como relacionadas a [...] diferenças ligadas
não só aos fenômenos limitados que muitas associamos ao “gênero”
(isto é, a estereótipos culturais de personalidade e comportamento),
mas também a formas culturalmente variadas de se entender o corpo.
(NICHOLSON, 2000, p. 14)
Ebook IV SIGESEX 53
tomemos como recorte as produções que fazem referência ao período da
colonização da América Portuguesa (1500-1815), ou seja, as narrativas fílmicas
ambientadas no passado colonial, fundamentadas nesse recorte temporal ou
que reportem ao mesmo; mais especificamente, ao passado da colonização da
América Portuguesa, desde a chegada dos portugueses à América, em 1500, até
a elevação do Brasil a reino par de Portugal, em 1815, fim oficial do período
colonial – ainda que o período imperial tenha iniciado oficialmente em 1822,
com a Proclamação da Independência.
Portanto, os filmes históricos selecionados são narrativas históricas
referentes tematicamente ao período da colonização da América Portuguesa,
entre 1500-1815, contando com personagens documentados ou fictícios.
Desse recorte, resultam 22 longas-metragens, produzidos entre 1937 e 2014.
Enredos biográficos, como Xica da Silva (Cacá Diegues, 1976) e Aleijadinho:
paixão, glória e suplício (Geraldo Santos Pereira, 2003), misturam-se a comédias
dramáticas, a exemplo de Carlota Joaquina, Princesa do Brasil (Carla Camurati,
1995). Narrativas de eventos pontuais como Batalha dos Guararapes (Paulo
Thiago,1978) dividem espaço com a adaptação literária Desmundo (Alain
Fresnot, 2003), por exemplo. O conjunto de filmes selecionados foi produzido
a partir de diferentes intencionalidades e denota variadas perspectivas de
narratividade e de enfoque histórico.
A narrativa estruturada em cada um dos filmes eleitos, de O descobrimento
do Brasil (Humberto Mauro, 1937) até Vermelho Brasil (Sylvain Archambault,
2014) é uma teia formada pelos diferentes significados construídos pelos
desenvolvedores, de forma dinâmica e aberta a diferentes tecnologias, conceitos
e fenômenos – dentro dos limites da produção e difusão cinematográfica. Isso
significa que a prática de construir narrativas históricas (no caso, os filmes
históricos) se configura num espaço central da própria experiência de vida
humana, uma vez que esta necessidade e este sentido possível de orientação
temporal constrói uma espécie de conexão com os diferentes entendimentos
do passado e nossas identidades atuais.
Desta maneira, ao se pensar historicamente ou produzir uma narrativa
histórica, ainda que sob a forma de um filme que não possua a pretensão de
desvelar o real, como é o caso das narrativas ficcionais; constrói-se um sentido
para a vivência humana no mundo e o entendimento que se extrai dela –
efetivamente, uma das principais potencialidades para seu uso no ensino de
história. É nessa ótica que é possível explorar os tensionamentos das relações
de gênero no cinema ficcional brasileiro, especificamente no que diz respeito
Ebook IV SIGESEX 55
sujeito cognoscente que se reconhece reflexivamente nos objetos de seu
conhecimento, é por certo um assunto que pertence ao trabalho quotidiano
de qualquer historiador” (RÜSEN, 2001, p. 25).
Isto posto, diante das intertextualidades entre conhecimento histórico
e cinema, faz-se possível examinar as peculiaridades das estruturas estéticas
e diegéticas dos filmes e suas potencialidades e limites em relação à cultura
histórica, a fim de discutir o lugar destas narrativas em seu contexto de
produção, bem como as possíveis contribuições no que diz respeito à discussão
e possível desconstrução das representações de gênero que são apresentadas e
que reificam variadas práticas sociais e culturais na contemporaneidade.
Ainda que pareça haver uma única representação possível do masculino
e do feminino, legitimada pelas relações de poder, o gênero, enquanto categoria
analítica, “fornece um meio de decodificar o significado e de compreender
as complexas conexões entre várias formas de interação humana” (SCOTT,
1995, p. 89). Todavia, essa significação não deve ser lida como algo inscrito
de forma unilateral em um sexo previamente dado, entendido como um
simples suporte, conforme pontua Butler (2013, p. 25). Gênero deve designar
também, no entender desta autora, o aparato de produção e estabelecimento
dos próprios sexos – tão construídos e históricos quanto as relações de gênero
e os conceitos de masculinidade e feminilidade.
As representações de gênero presentes nos filmes em questão, por
exemplo, Como Era Gostoso o Meu Francês (Nelson Pereira dos Santos, 1971)
ou Caramuru, A Invenção do Brasil (Guel Arraes, 2001), decorrem dessa
complexa relação de força e de poder, produtora de sentido. Para observar
como se fazem presentes tais representações, há que se eleger uma perspectiva
interdisciplinar, sem desconsiderar as especificidades dos conhecimentos
históricos, da arte, da cultura visual e da produção cinematográfica.
O estilo de um filme pode desvelar com razoável nitidez as tendências
históricas da visualidade cinematográfica. Um estudo estilístico problematiza
as escolhas feitas pelos cineastas em “circunstâncias históricas particulares”
(BORDWELL, 1997, p. 4), revelando muito sobre como se configura uma
identidade visual dentro de uma conjuntura maior: escolhas da esfera do
micro (o filme enquanto obra individual), que repercutem na esfera do macro
(tendências históricas do cinema). Dentre os aspectos que compõem essa
segunda esfera, está a questão do gênero, no caso, a ficção histórica, responsável
por muitas das decisões criativas que caracterizam uma produção.
Xica da Silva (Carlos Diegues, 1976) é uma cinebiografia altamente
Ebook IV SIGESEX 57
como um agente social que influencia e é influenciado pela estrutura dinâmica
do social, com suas disputas e tensionamentos. Enquanto canal midiático,
constrói suas narrativas tendo como horizonte orientador os referentes sociais
e culturais do meio no qual se insere.
Considerações finais
Referências
Ebook IV SIGESEX 59
NAPOLITANO, M. A escrita fílmica da história e a monumentalização do
passado: uma análise comparada de Amistad e Danton. In: CAPELATO, M.
H.; MORETTIN, E.; NAPOLITANO, M.; SALIBA, E. T. (orgs.). História e
cinema: duas dimensões históricas do audiovisual. São Paulo: Alameda, 2011.
Ebook IV SIGESEX 61
Introdução
Ebook IV SIGESEX 63
e das taxas de participação feminina no Brasil, essa noção de inferioridade
presente no imaginário social ainda persiste.
Abordar o colecionismo e as coleções a partir da perspectiva de gênero
busca questionar a hegemonia androcêntrica presente em diversos museus
brasileiros, o que também resulta na manutenção das desigualdades entre homens
e mulheres em diversos contextos. Esse alargamento do campo de estudo museal
e das categorias patrimoniais ao incluir recortes considerados marginais, permite
o alargamento da investigação sobre temáticas socialmente comprometidas.
Pensar a museologia a partir de uma perspectiva de gênero é um grande
desafio, sendo importante lembrar que é errônea a equiparação de “gênero”
com “mulheres”. Segundo Aida Rechena:
Campo Grande, capital do Estado de Mato Grosso do sul, faz parte das
cidades mais importantes da região Centro-Oeste do Brasil. Fundada em 1899
os seus “desbravadores” , segundo as fontes oficiais, chegaram à localidade
pela primeira vez, no ano de 1872. Barros (2010) descreve a intensificação
migratória após a Guerra do Paraguai (Guerra da Tríplice Aliança), tendo
o gado e a terra fértil como os principais incentivadores, o que acarretou a
motivação da Família Pereira a realizar a mudança da cidade de Monte Alegre,
localizada em Minas Gerais, para o Sul de Mato Grosso.
No final do século XIX, era coerente o pensamento de buscar riquezas em
terras desconhecidas, pois, a partir desses movimentos, quem tinha aptidão e/ou
necessidade, poderia vislumbrar novas possibilidades de negócios. As atividades
de cunho capitalista foram as grandes incentivadoras dos primeiros passos do
processo de formação de inúmeras cidades brasileiras, incluindo Campo Grande,
mesmo o sertão nacional não sendo um dos locais mais atraentes.
Ebook IV SIGESEX 65
Tendo notícia da Vacaria, em 4 de março de 1872 José Antônio Alves
Pereira formou uma comitiva composta por cinco pessoas, dentre estas, seu filho
Antônio Luiz, dois escravos de nome João e Manoel e Luiz Pinto. A pequena
caravana partiu de Minas rumo a estas paragens, e após uma longa caminhada
que durou cerca de três meses ao chegarem na região acampam próximo ao rio
Anhanduí. Posteriormente estabelecem o assentamento original as margens do
córrego Segredo e Prosa, o grupo então dá por finda a excursão.
Fonte: acervo do Museu José Antônio Pereira | Fonte: acervo particular da autora
N. 363
Fazenda Bálsamo
João Luiz da Fonseca e Moraes, intendente geral do
Município de Nioac.
Faço saber aos que o presente titulo verem
ou delle tiverem conhecimento que nesta data, de
conformidade com os artigos 116 e 123 do Reg.° n°
38, approvei por se acharem em devida forma os
documentos que me forão apresentados para registro,
Ebook IV SIGESEX 67
de Antonio Luiz Pereira, de uma posse de terras no
lugar denominado Balsamo, neste município, com a
área de três mil e seiscentos hectares mais ou menos.
Que limita-se: Ao Este com Salatiel José Ferreira,
e Firmo Joaquim Antonio Pereira; Ao Norte, com
Joaquim Antonio Pereira, ao Oeste, com Bernardo
Franco Bais, cuja posse funda-se no artigo 5, § 5°, da
Lei n.° 20 de 9 de Setembro de 1892, e determino que se
expeça ao requerente o presente titulo que lhe permitta
legitimação. Intendência Municipal de Nioac, 15 de
junho de 1894. Eu Jose Nelson de Santiago Escrevente
que o escrevi. Intendente Geral, João Luiz da Fonseca
e Moraes.2
Fonte: acervo do Museu José Antônio Pereira
Essa antiga fazenda foi doada em 1966, pela neta de José Antônio
Pereira, Carlinda Contar, com a intenção de se transformar em um
patrimônio histórico ganhou o nome de Museu José Antônio Pereira. É
registrado pelo Registrado pelo Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM)
e tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(IPHAN), conforme o Decreto Municipal nº 4.934, de 20 de abril de 1983,
o Museu José Antônio Pereira localiza-se na Avenida Guairucus S/N, no
bairro Monte Alegre em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Tombado
como Patrimônio Histórico e Cultural em 1983, o Museu José Antônio
Pereira teve sua primeira reforma em 1999, sob a gestão do Prefeito André
Puccinelli, permitindo assim a visitação pública.
Ebook IV SIGESEX 69
4 - Novas Formas de Abordagem histórica: a utilização das
representações femininas nos Museus regionais.
Fonte: diárioms
Fonte: diárioms
Ebook IV SIGESEX 71
Referências
BURKE, Peter. A escrita da história: novas perspectivas. São Paulo: Editora Unesp,
1992.
FONSECA, Maria Cecília Londres. Para além da pedra e cal: por uma
concepção ampla de patrimônio cultural. In: Memória e Patrimônio: Ensaios
Contemporâneos. Rio de Janeiro: DP&A,2003.
Ebook IV SIGESEX 73
Educar pelo patrimônio museológico:
diferentes perspectivas além da história oficial
Education by museologic patrimony: different
perspectives beyound the oficial history
Victor P. do Prado1
Jaqueline Ap. M. Zarbato2
ABSTRACT: This article is part of the reserch group “ Pesquisa Ensino de História,
Mulheres e Patrimônio” of Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. The study makes a
analysis of the construcion of the history and the culture that involves the Campo-Grandense
patrimony, pursuing to reference the variety of perspectives. In this context, work along with
patrimonial education, and permit the interlace of the regional cultural valorization and the
patrimony, bases in the many different interpretetion of students and teachers.
KEYWORDS: Patrimonial Education; Museum; Cultural Identity.
Ebook IV SIGESEX 75
sociais ganham grande espaço no palco da humanidade. O fim da guerra é um
marco nas representações da sociedade. Os ideais que nasceram no período
moderno, de um só território, com uma só língua em unidade nacional,
estavam sendo minados. (FUNARI & PELEGRINI, 2009)
É nesse contexto de lutas e maiores relações entre os países que nascem
novos conceitos de patrimônio. A diversidade começa a ser pautada a ponto de
reconhecer o patrimônio cultural em diversos grupos sociais, como indígenas,
mulheres e negros. Deixa-se de lado o nacionalismo uno. O conceito de
diversidade ganha espaço dentro das nações. Em meio ao emaranhado de
questionamentos, surgem novas interpretações a respeito do patrimônio. Não
é mais apenas o belo, monumental e material, agora o patrimônio também é
imaterial, não se valoriza só o que é feito como também o modo de fazer, o
tangível e o intangível. (FUNARI & PELEGRINI, 2009)
Segundo o art. 216 da constituição brasileira de 1988, o patrimônio
cultural brasileiro é entendido como os bens de natureza material e imaterial,
tomados como referência da identidade dos grupos formadores da sociedade,
nos quais incluem os modos de criar, fazer e viver, bem como os conjuntos
urbanos paisagísticos, artísticos, arqueológicos, paleontológicos, ecológicos e
científicos. Sendo o patrimônio protegido por lei nos aspectos de restauração,
preservação e utilização para fins de promoção cultural.
Esses elementos favorecem o aprofundamento, a produção de sentido,
o conhecimento das contribuições culturais de diferentes grupos, uma vez
que, no Brasil, temos as contribuições de povos originários com as culturas
advindas de nossos colonizadores, dos escravos, imigrantes europeus, asiáticos
entre outros. Reconhecer e identificar aspectos que compõem a pluralidade
cultural brasileira foi um dos primeiros grandes passos rumo a valorização do
patrimônio.
O patrimônio é detentor de uma história e, portanto, de uma cultura.
Segundo Helena Pinto (2015) “o patrimônio (...) é a expressão de uma
comunidade, da sua cultura, nas suas especificidades e convergências, sendo por
isso um fator identitário”. O bem patrimonial e a identidade são inseparáveis.
Nesse contributo que favorece a cultura de diferentes grupos sociais,
a história local passa a ser valorizada em suas especificidades e nos locais de
memória. Assim, relacionar a história e memória é essencial nesta análise,
pois como afirma Jacques Le Goff (1994, p 477) há memória, onde cresce a
história, que por sua vez a alimenta, procura salvar o passado para servir o
presente e o futuro.
Ebook IV SIGESEX 77
uma linha de investigação que pretende analisar, compreender e discutir as
premissas em torno da formação histórica dos alunos. Logo, a história deve ser
apreendida como uma experiência cultural que coloca objetivos orientativos a
disposição do aluno (Rüsen, 2013).
Segundo Helena Pinto (2015), a visitação nos locais de memória, colocados
em evidencia histórica, contribuem para o despertar da consciência histórica:
Ebook IV SIGESEX 79
Segundo o International Council Of Museums, “o museu é uma
instituição permanente (...) aberta ao público, que adquire, conserva, investiga,
transmite e expõe o patrimônio tangível e intangível da humanidade e de seu
entorno para educação, o estudo e o deleite”. O IPHAN conceitua o museu de
acordo com a LEI N° 11.904, de Janeiro de 2009:
Ebook IV SIGESEX 81
sua ação afirmando ser a “antiga morada do fundador de Campo Grande”,
anteriormente denominada de Fazenda Bálsamo.
Predecessor ao decreto da prefeitura, o jornal Correio do Estado
publicou, em 4 de novembro de 1982, uma matéria intitulada “município
tombará o Museu”:
Foto: Arquivo Pessoal Primeira Reforma da Fazenda Bálsamo em 11 de abril de 1982, Correio
do Estado.
Ebook IV SIGESEX 83
ser de desconhecimento dessa determinada comunidade a necessidade de
invocação. (SOUSA; AZEVEDO NETTO; OLIVEIRA, 2018, p. 39)
Outro mecanismo de proteção do patrimonial cultural é o Tombamento,
previsto no §1º do artigo 216 da Constituição Federal. Esse mecanismo foi
utilizado pela prefeita Nelly Elias Bacha em decreto municipal 4.931, de 18
de abril de 1983. No entanto, a preservação do patrimônio tombado recai,
geralmente, sobre o cidadão, e o trabalho do Estado fica em segundo plano,
culminando, muitas vezes, no ruir do patrimônio por falta de manutenção.
(SOUSA; AZEVEDO NETTO; OLIVEIRA, 2018).
Analisando as divergências históricas da história de Campo Grande, bem
como seus reflexos nos locais de memória da cidade, como realizar atividades
educativas que tenham como objetivo a promoção da identidade e a cultura
campo-grandense, em meio ao emaranhado de conflitos e dúvidas? Afinal, como
se posiciona o estudante diante deste cenário de convergências? Responder esse
questionamento é promover a educação patrimonial na comunidade.
Nesse contexto, trabalhar com a educação patrimonial permite o
entrelace da valorização cultural regional e do patrimônio fundamentado em
diferentes interpretações, além da história oficial, de estudantes e professores,
trazendo toda a divergência historiográfica museológica.
O objetivo é aproximar o museu e a escola. O professor, inicialmente,
é um investigador no museu, analisando sua historicidade e possibilidades de
trabalho com os alunos que irão instigar novas perspectivas problematizadoras,
assim como as possíveis fontes que podem ser utilizadas como base para a
exploração e interpretação dos alunos no local de memória.
Posteriormente, é necessário apresentar o museu, explicando suas
nuances, história e espaço físico, estimulando a exploração de experiências
e quebrando com as frases “não tocar”, “não mexer”, que distanciam os
visitantes do museu. O Educador precisa contextualizar o estudante diante do
patrimônio, levantando aspectos de representatividade e identidade cultural.
Nesse ponto, deve-se adotar uma perspectiva que aproxima o visitante, tendo
este um papel de explorador, fazendo com que ele aprenda através de uma
experiência envolvente com o conhecimento. (SILVA & MORAES, 2015)
Trabalhando a “evidencia” enquanto vestígio do passado que reivindica
interpretações, Pinto (2015, p. 205) traz as experiências de visitação envolvendo
jovens em locais de memória que possam explorar, “respondendo a questões
abertas sobre evidencia (de modo a diferenciarem entre ‘saber’, ‘supor’ e ‘não
saber’), numa atmosfera de expressão livre”.
Ebook IV SIGESEX 85
Referências
Ebook IV SIGESEX 87
SILVA, Poliana Freire; MORAES, Thereza Didier de; O Museu como Espaço
Educacional: um olhar sobre o instituto Ricardo Brennand. Universidade
Federal de Pernambuco, 2009.
SOUSA, Rosilene Paiva Marinho de. & AZEVEDO NETTO, Carlos Xavier. &
OLIVEIRA, Bernardina Maria Juvenal Freire de. A Efetividade Dos Mecanismos
De Proteção Do Patrimônio Cultural Na Preservação Da Memória Coletiva.
InCID: R. Ci. Inf. e Doc., Ribeirão Preto, v. 9, n. 2, p. 27-47, set. 2018/fev. 2019.
ABSTRACT: When analyzing the Jornal da Mulher, printed in the city of Corumbá/
MS, we are faced with discourses that seek to (re) produce gender roles; these discourses
construct representations of the feminine and masculine and permeate the social imaginary.
The purpose of this paper is to problematize the representations of the feminine and to
demonstrate the historicity of the discourses present in the print.
KEYWORDS: women’s press; representations; Corumbá
Introdução
Ebook IV SIGESEX 89
inovações tecnológicas, as mudanças no campo político e cultural do
Brasil podem ser consideradas como as principais características que
resultam no crescimento da imprensa, na diversificação dos periódicos,
numa melhor materialidade (impressão e papéis de melhor qualidade e
inserção de ilustrações) e no crescimento do público leitor. No entanto, é
no século XX que ocorrem as grandes mudanças – período em que surge
a chamada “grande imprensa” ou “empresa-imprensa” –, momento no
qual a imprensa cresce e torna-se dependente do dinheiro da publicidade/
anúncios de produtos e estabelecimentos comerciais e, simultaneamente,
incentiva o consumismo, porém, “ainda que tivessem adentrado o
mundo dos negócios, os jornais não deixavam de se constituir em espaço
privilegiado de luta simbólica, por meio do qual diferentes segmentos
digladiavam-se em prol de seus interesses e interpretações sobre o mundo.”
(LUCA, 2012, p. 108).
As notícias sobre o cotidiano da vida urbana, os discursos que
denunciavam a presença ou a ausência da modernidade, do progresso e da
civilidade eram recorrentes nas páginas dos impressos periódicos da primeira
metade do século XX. (MARTINS, LUCA; 2012). Esses discursos também
apareciam nas páginas dos periódicos que circularam em Corumbá, entre o
final do XIX e as duas primeiras décadas do século XX, como nos informa
João Carlos de Souza (2008).
O município de Corumbá, localizado no atual estado de Mato Grosso
do Sul, iniciou suas atividades relacionadas à imprensa no ano de 1877,
quando Corumbá desfrutava do status de vila e se recuperava da Guerra com o
Paraguai. (SOUZA, 2008). Ressaltamos que a imprensa periódica desta cidade
foi muito produtiva e apresenta uma diversidade de títulos que são utilizados
por vários pesquisadores/as como fonte histórica para tratar de questões
relacionadas a educação e as relações de gênero, enfim, a imprensa periódica
nos dá elementos para apreender a dinâmica da cidade, as representações e as
lutas discursivas de um determinado período.
Considerando a fertilidade do periódico como fonte histórica, elegemos
o Jornal da Mulher para pensar as representações do feminino e evidenciar a
historicidade dos discursos. O periódico circula na cidade de Corumbá desde
08 de março de 2008 e é distribuído gratuitamente em restaurantes e outros
estabelecimentos comerciais que anunciam os seus serviços e, ao mesmo
tempo, contribuem para que o título seja publicado mensalmente.
O título, o design e o subtítulo que apresenta o Jornal da Mulher como
Ebook IV SIGESEX 91
compreender como e por que determinadas representações aparecem com
frequência nas páginas do Jornal da Mulher. O uso dessa categoria nos ajuda
a evidenciar que os discursos disseminados pela imprensa não são neutros e
pretendem construir e impor um ideal, uma imagem que está de acordo com o
imaginário social do indivíduo ou grupo que produz os discursos.
Conforme ressalta Roger Chartier (2009, pp.51/2),
[...] a noção de representação não nos afasta nem do real nem do social. [...]
as representações não são simples imagens, verdadeiras ou falsas, de uma
realidade que lhes seria externa; elas possuem uma energia própria que leva
a crer que o mundo ou o passado é, efetivamente, o que dizem que é.
Ebook IV SIGESEX 93
além de classificar o Jornal da Mulher como “um formato de consultoria”, a
editora aponta que o mesmo é “um projeto inovador na imprensa corumbaense”
e ao longo do editorial traz questões que podem contribuir para a nossa análise
Ebook IV SIGESEX 95
Novos estudos comprovam o que muitos pais já sabem: desde cedo,
cada sexo revela diferenças de gostos, habilidades e formas de aprender.
(Jornal da Mulher, 05/2018, p. 8).
3- Mudanças e permanências
Ebook IV SIGESEX 97
que nunca, absolutamente fundamental. Não que seja fácil, pois as imagens
idealizadas de pai e mãe ainda estão muito fortes em nossas mentes e corações.
” (Jornal da Mulher, 05/2018, p. 12).
A edição do mês de novembro de 2018 sugere como a mulher deve
preparar a casa para as festividades do final de ano, mas também publica um
texto sobre a campanha “16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra
a Mulher” e ainda problematiza a dependência afetiva na matéria “Mulheres
que amam demais”.
Algumas matérias que estão presentes na edição de 08 de março também
chamaram a nossa atenção. O texto “Por que 8 de Março? ” aponta algumas
reivindicações do movimento feminista/movimento de mulheres e tenta explicar
as questões que impulsionaram a criação do Dia Internacional da Mulher.
A matéria “Ícones Femininos” destaca algumas mulheres do cenário
nacional, são elas: Princesa Isabel, Chiquinha Gonzaga, Nísia Floresta, Nair
Teffé, Alzira Soriana, Bertha Lutz, Leila Diniz, Nise da Silveira, Zuzu Angel,
Marília Grabriela e Carmen da Silva. O texto é constituído por uma foto e uma
pequena biografia que ressalta as contribuições de cada uma dessas mulheres
para a sociedade.
(Jornal da Mulher, 03/2018, p. 34).
Considerações Finais
Referências
Ebook IV SIGESEX 99
LUCA, Tânia Regina de. Imprensa feminina: Mulher em revista. In: PINSKY,
Carla Bassanezi; PEDRO, Joana Maria. (Orgs.). Nova História das Mulheres no
Brasil. 1 ed. São Paulo: Contexto, 2013. p. 218-228.
Fontes:
Jornal da Mulher: O Mais Feminino De Todas As Épocas. Edições de 2018 a
2019. (Acervo particular)
ABSTRACT:In the article we try to deal with the recognition of women as subjects
of law. We discuss how modern law was constituted to understand its recognition, first as
historical subject, conditions nine qua nun in modern Law for this to occur. In the recognition
of women’s rights, not all women are included, but women who are considered capable of
establishing contracts, possessing property and goods.
KEYWORDS: Woman. Subject of Law. Modern Law.
Introdução
Considerações Finais
Referências
BEAUVOIR, Simone de. O Segundo Sexo: fatos e mitos. Rio de Janeiro, Nova
Fronteira, 1980.
DEL PRIORE, Mary. História das mulheres: as vozes do silêncio. In: FREITAS,
Marcos C. de (org.). Historiografia em perspectiva. São Paulo: Contexto, 1998.
HAHNER, June E. Honra e distinção das famílias. In: PINSKY, Carla B.;
PEDRO, Joana M. (org.). Nova História das Mulheres no Brasil. São Paulo:
Contexto, 2013.
______. A mulher Brasileira e suas lutas sociais e políticas: 1850-1937. São Paulo:
Brasiliense, 1981.
Introdução
1- Metodologia
A força deste preconceito é tão grande, nessa década que, o jornal Brasil
Mulher, só em seu editorial do seu número seis, é que se autodenomina
feminista. Mesmo apresentando suas matérias e editoriais anteriores,
um conteúdo de defesa dos direitos das mulheres [...] a dificuldade de
3- Pautas do jornal
4- O fim do jornal
O Brasil Mulher resistiu por cinco anos, nem sempre mantendo sua
periodicidade, mas foram cinco anos de 1975 a 1980. Até que no Brasil
da abertura já não era tão importante a imprensa alternativa, outras for-
mas mais institucionalizadas de divulgar ideias feministas, como o jor-
nal Mulherio, apoiado financeiramente pela Fundação Carlos Chagas e
pela Fundação Ford, já era possível (Leite, 2004, p. 288).
Considerações Finais
Introdução
4- Resultado
Considerações finais:
Referências
BIANCHINI, Alice. Lei Maria da Penha – 2 Edição. São Paulo. Saraiva, 2014.
SOUZA, H.L.; CASSAB, L.A. Feridas que não se curam: a violência psicológica
cometida à mulher pelo companheiro. Anais do I Simpósio sobre Estudos de
Gênero e Políticas Públicas. Universidade Estadual de Londrina, 24 e 25
de junho de 2010. Disponível em: http://www.uel.br/eventos/gpp/pages/
arquivos/5.HugoLeonardo.pdf. Acesso em: 10/05; 2019.
ABSTRACT: Based on the reflection of the control mechanisms that pass through
the school, which assigns to it the role of reproducing and reinforcing heteronormativity,
this article discusses the reflexes of an excluding education linked to a thinking model that
operates through a binary logic of understanding the world . On the contrary, the Queer
Theory, with its disturbing character, subverts the dominant order, extending its analysis
beyond sexuality by proposing a pedagogy willing to think the unthinkable.
KEYWORDS: School, Pedagogy, Queer Theory.
Introdução
O termo Queer, que de acordo com Louro (2004, p.38), “[...] pode
ser traduzido por estranho, talvez ridículo, excêntrico, raro, extraordinário”,
foi utilizado pela primeira vez por Teresa de Laurentis, em uma conferência
realizada na Universidade da Califórnia, em Santa Cruz, em fevereiro de
1990, com a finalidade de elucidar o conhecimento sobre as sexualidades
gays e lésbicas, a partir da crítica da categoria gênero, apoiada pela clássica
afirmação de Simone de Beauvoir (2009) de que “não se nasce mulher, tornar-
se”, portanto, gênero, sendo percebido a partir de uma construção social.
Essa visão, embora bem intencionada, mas que percebe o sexo separado
do gênero, passa ser criticada por apresentar um caráter universalista e
reducionista de constituição das identidades, em que a raça, o gênero, classe e
outras, estão imbricadas, sendo assim, impõe limites no seu próprio conceito,
como ressalta Laurentis:
Considerações finais
Referências
BUTLER, Judith. “Corpos que pesam: sobre os limites discursivos do ‘sexo’”. In:
LOURO, Guacira Lopes (Org.). O corpo educado: pedagogias da sexualidade.
Belo Horizonte: Autêntica, 1999. pp. 150-172.
ABSTRACT: The present work aims to contribute with a reflection on sexual diversity
in the field of religiosity, based on the Moral Theology, the preferencial option – reminded by
Liberation Theology – and queer theory. For this purpose were considered the researches and
theorists that go against the outdated ecclesial documents and the fundamentalists readings
of Bible. It was concluded, therefore, that Christians need a praxis convergent with that of
Jesus, whose preferential option for the marginalized is an essential characteristic.
KEYWORDS: Sexual diversity. Liberation Theology. Christian morality.
Introdução
Considerações finais
Referências
HÄRING, Bernhard. Teologia Moral para o terceiro milênio. São Paulo: Paulinas,
1991. 171 p.
JOÃO PAULO II. Carta aos bispos da Igreja Católica sobre o atendimento
pastoral das pessoas homossexuais. Vaticano, 1986.
MESTERS, Carlos. Flor sem defesa: uma explicação da Bíblia a partir do povo.
Petrópolis: Vozes, 1986. 209 p.
MUSSKOPF, André Sidnei. À meia luz: a emergência de uma teologia gay, seus
dilemas e possibilidades. Cadernos IHU ideias. Ano 3, n. 32. São Leopoldo,
2015. Disponível em: <http://www.ihu.unisinos.br/images/stories/cadernos/
ideias/032cadernosihuideias.pdf>. Acesso em: 02 out. 2018.
__________. O caminho aberto por Jesus: Lucas. Petrópolis: Vozes, 2012. 392 p.
Introdução
1- Discussão
“Olha! Tudo o que eu sei sobre os estudantes LGBT na escola; sei por
conta da Zélia (nome fictício de uma estudante que se considera transexual).
Ela é uma aluna bem articulada e se relaciona bem com os alunos da Escola e
com os professores.” (Fala de um professor). Em um outro momento, durante
uma discussão na aula de humanas, um estudante, abre a discussão sobre um
vídeo que abordava a chegada do homem à Lua. “É isso! É a evolução das
espécies querida, o homem ir para a Lua. É o mesmo dos homossexuais, o
homo sapiens era bissexual, com a evolução o homo sapiens sapiens o homem
se torna homossexual e deixa de ser bissexual.” Uma outra aluna objetiva.
“Credo guri, você é doido?” E ele rebate. “Lógico que não. A bissexualidade
é uma falda de evolução, eu sou evoluído, assim como os heteros.” Momentos
de risos. “Mas é professor. Os gays estão no pico da evolução, estão decididos,
sabem o que são. Por isso, sou gay tranquilamente e me aceito.” (Diário de
campo, do dia 18 de abril de 2018)4.
Trazemos à discussão esses dois episódios, que, aparentemente
desconexos e incoerentes entre si; mas que carregam uma base comum. Ambos
discursos ocorrem no espaço escolar. Ambiente que a princípio se espera que
não discuta, não debata e nem traga à baila de discussão, pois, que, a sexualidade
e quaisquer assuntos relacionados a gênero, práticas sexuais, diversidade sexual
é discursivamente inaceitável.
Uma fala se passa em um diálogo conosco com uma professora pelos
corredores da escola e o outro se dá durante uma aula sobre o progresso
científico desde a chegada do homem à Lua. Não iremos trazer neste momento
4. Este diário de campo, é um instrumento de coleta de dados, que foi adotado desde o primeiro momento que aden-
tramos ao campo de pesquisa. Diário esse em que são realizadas todas as anotações referentes ao campo de estudo. O
primeiro contato ocorreu desde março de 2018.
[...] cumpre falar do sexo, como de uma coisa que não se deve simples-
mente condenar ou tolerar, mas gerir, inserir em sistemas de utilidade,
regular para o bem de todos, fazer funcionar segundo um padrão ótimo.
O sexo não se julga apenas, administra-se. (FOUCAULT, 2017, p. 27).
Considerações finais
Referências
ABSTRACT: The article problematizes the education of young people and adults
as devices of agency of the life, scans that cross bodies and unique conditions of existence.
The notions of biopolitics within the Foucaultian referential point out that discourses and
practices forge knowl edge and power through the improvement of uninterrupted mechanisms
of correction and subjection, aiming at possible docilities.
KEYWORDS: youth and adult education; devices; biopolitics.
1. Subsídios teóricos do estudo em andamento intitulado “Efeitos da educação de jovens e adultos: discursos e prá-
ticas como jogos de verdade”, que tem como objetivo, identificar implicações do complexo jogo de expectativas na
perspectiva de egressos desta modalidade de ensino, da Escola Estadual Elvira Mathias de Oliveira, localizada no
município de Campo Grande, no estado de Mato Grosso do Sul; vinculado à Linha de Pesquisa “Educação, Cultura,
Sociedade” do Programa de Pós-Graduação em Educação – Curso de Doutorado, da Faculdade de Educação, da
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (PPGEdu/FaEd/UFMS), sob orientação do Professor Dr. Antônio
Carlos do Nascimento Osório; e ao Grupo de Estudos e de Investigação Acadêmica nos Referenciais Foucaultianos
(GEIARF/UFMS).
2. Cientista Social e Mestre em Educação (UFMS). Doutoranda em Educação (PPGEdu/FaEd/UFMS).
3. Professor e Mestre em Educação (UCDB). Doutorando em Educação (PPGEdu/FaEd/UFMS).
Uma vez cidadãos, eles podem ser governados, ter suas condutas condu-
zidas segundo os mesmos preceitos gerais, reafirmando e valorizando a
soberania nacional. Em outras palavras, escola é apresentada como ins-
trumento da inclusão, da afirmação do dentro do sistema governamen-
talizado. E, na medida em que se procura abarcar toda a diversidade de
culturas e grupos sociais brasileiros, nada resta fora do governo demo-
crático das condutas.
Referências
ABSTRACT: Starting from the work of the anthropologist Gayle Rubin (2015),
in this paper the objective is to reflect on the triggering of the process of “moral panic” in
Brazil. The removal of the word “gender” from the Paraná State Education Plan (2015-2025)
is understood as part of this phenomenon. The arguments used by State representatives to
remove the word “gender” from this document are problematized. Finally, it is proposed
a reflection on the impacts that the exclusion of the gender agenda represents in the daily
school life.
KEYWORDS: Moral panic, “gender ideology”, school.
1. Este artigo tem sua origem na minha dissertação de mestrado (MOTTIN, 2019), que contou com financiamento
da Capes.
2. Doutoranda no Programa de Pós Graduação em Educação, na linha Educação: Diversidade, Diferença e Desigual-
dade Social, pela Universidade Federal do Paraná. Pesquisadora do Laboratório de Investigação em Corpo, Gênero e
Subjetividades na Educação (LABIN). Campus Rebouças, avenida Sete de Setembro 2645, telefone (41) 35356255.
E-mail: karimottin@gmail.com
1- O pânico moral
Durante um pânico moral, esses medos são projetados sobre uma po-
pulação ou atividade sexual desfavorecida. A mídia fica indignada, o
público vira uma multidão furiosa, a polícia é acionada e o Estado pro-
mulga novas leis e regulamentos. Após passar o furor, alguns grupos
eróticos inocentes terão sido dizimados, e o Estado terá ampliado seu
poder para novas áreas do comportamento erótico. (ibidem)
Sr. Presidente, mas tenho aqui em minhas mãos um material que mos-
tra, de forma muito clara, qual o objetivo disso. Parece tão inofensi-
vo, mas quero mostrar à família paranaense esse material que tenho
em minhas mãos. O tema do livro é: “Mamãe, como eu nasci?” E aqui
mostra, nas escolas nossas, ensinando crianças a manipularem os seus
órgãos genitais para poder atingir o prazer. Aqui mostra também, Sr.
Presidente, meninos manipulando os seus órgãos genitais… (...) Família
paranaense, ensinando os adolescentes a fazerem sexo. Isso não é uma
política contra a discriminação. Vemos outro livro: “Aparelho sexual e
companhia. Guia inusitado para crianças descoladas”. Isso ensina para
as nossas crianças nas escolas expondo órgãos genitais e ensinando a
fazer sexo. O livro é “Porta Aberta”, onde mostra um quebra-cabeça,
mostrando outro padrão de família. Cartilha “Menina Esperta”. Tudo
isso do Governo Federal, mostrando meninas descoladas, promovendo
o lesbianismo nas escolas, campanha do Ministério da Saúde ensinando
a usar cachimbo para o crack e ensinando a fazer sexo seguro, homem
com homem. É isso que os nossos filhos estão recebendo nas escolas.
(...) Esse é o material, prestem atenção, a inofensiva ideologia de gênero
diz assim, este material, organizado por Lilian Rossi, do Ministério da
Saúde, diz o seguinte: “Uma educação diferenciada poderá fazer desa-
brochar em todo menino o seu lado feminino e em toda a menina o seu
lado masculino, afinal as crianças nascem para serem felizes”. Família
paranaense, será que isso é luta pela discriminação, ou é promoção ao
homossexualismo? (BRASIL, 2015b)
Outra cartilha foi produzida pelo SUS: ela também chegou às mãos de
crianças da mesma idade. Em vez de ensiná-las a nunca experimentarem
drogas, a cartilha ensina como usá-las. Segundo ela um usuário deve
passar manteiga de cacau nos lábios antes de usar crack para não resse-
car os lábios. Deve também usar canudo de plástico para cheirar coca-
ína, pois canudos de papel têm bactérias. E se for comprar ecstasy, não
pode comprar de qualquer traficante. Dá para acreditar nisso? (LOBO,
2017, s/n, grifos da autora)
Assim como quando disse “ensinando a fazer sexo seguro, homem com
homem”, o deputado Gilson de Souza (PSC) pode estar se referindo a outra
cartilha produzida pelo Ministério da Saúde destinada ao público adulto
masculino, chamada “De homem para homem”. Esta referência também foi
feita por Marisa Lobo em seu livro “Famílias em Perigo” (LOBO, 2017).
Pode-se perceber que nem todas as publicações citadas pelo deputado
tinham “crianças” como seu público alvo, algumas eram destinadas à adultos,
adolescentes e à formação de professores. Mas, para além dos equívocos sobre
o público alvo, a questão central é a produção de uma junção narrativa que se
utilizou de uma série de referências diferentes (que grande parte da população
não tem acesso para analisar e opinar) e que unidas, iria se tornar a “prova” de
que a “ideologia de gênero” não só existiria, mas estaria sendo implementada
nas escolas. Então o deputado conclui:
(...) é que eu postei que o Governo Federal tem um material vasto para
implantar ideologia de gênero, e foi dito que isso era uma piada, que
isso não existe. Piada é subestimar a inteligência desse povo que ama a
família e que respeita os valores cristãos. Existe, sim, um material vasto
para implantar a ideologia de gênero, que entendemos que é um lixo
para a família brasileira e para a família paranaense!” (BRASIL, 2015b)
(...) porque tem Partido de Esquerda - e aqui não me cabe dizer qual
é - que é um que está no Poder hoje, que tenta, a todo custo, destruir as
12. Utilizo a palavra “também” pois a UNESCO é uma agência da ONU, é responsável pelas
ações relacionadas à educação. Como já citado no capítulo 2, as referências conservadoras
citam que a ONU supostamente seria também responsável pela implementação da “ideologia
de gênero”.
13. Na votação do impeachment foi notável a quantidade de vezes que as palavras “deus”
e “família” foram citadas. Ver <https://brasil.elpais.com/brasil/2016/04/18/politi-
ca/1460935957_433496.html> acesso em 23/01/2019.
14. A expressão “combater a ideologia de gênero” foi amplamente citada antes e depois das elei-
ções em outubro de 2018. Cito apenas um exemplo, em entrevista à Rede Gospel de Televisão,
o então candidato afirmou que “se eu for presidente, ideologia de gênero vai deixar de existir”.
Disponível em: <https://www.gospelprime.com.br/jair-bolsonaro-presidente-ideologia-de-
-genero-nao>
2- A escola
Referências
LOBO, Marisa. Famílias em perigo: O que todos devem saber sobre a ideologia
de gênero. Editora Central Gospel, 2017b.
Keo Silva1
2- No espaço de ensino
O nome social pode ser defino como o nome pelo qual uma pessoa
trans é reconhecida em sua comunidade e em todos os âmbitos das relações
sociais. Esse nome, na maioria das vezes é diferente do nome que consta nos
documentos oficiais de identificação. Em casos em que a pessoas trans não
realizou a retificação de nome, ela pode solicitar o nome social nos ambientes
de ensino. Desde 2016 após o decreto2 da então presidenta Dilma Rousseff, o
nome social passou a ser um direito garantido dentro dos órgãos públicos para
o reconhecimento da identidade de gênero de pessoas trans.
Nas universidades o nome social vem sendo utilizado desde 2007. A
Universidade Estadual do Rio de Janeiro foi a primeira universidade a utilizar
a política após a demanda de uma aluna que ingressara. A UFSC só passa a
utilizar o nome social após a implementação da resolução normativa (18/
CUn/2012), é a sexta universidade a utilizar a política em território nacional.
O nome social pode ser pensado como política de acesso e permanência
de pessoas trans na universidade (OLIVEIRA; SILVA, 2017), ao passo que
produz acesso, permanência e também subjetividade (MASSA, 2018) é também
uma política que tem seus limites bem muito definidos, pois funciona apenas em
território universitário, ou seja, o reconhecimento é só no sentido institucional.
Nesses termos, Berenice Bento (2014) aponta que o Brasil tem um “jeitinho”
específico de fazer política no que diz respeito aos direitos das minorias.
Desta forma a autora também destaca o nome social como uma política
que corresponde ao modelo de cidadania precária.
Art. 1.º Fica assegurada a possibilidade de uso do nome social aos tra-
vestis e transexuais nos registros, documentos e atos da vida acadêmica,
na forma disciplinada por esta Resolução Normativa. (Resolução Nor-
mativa (CUn/18/2012)). (Grifos meus)
Só teve algumas vezes que o sistema não se adaptou ao nome. Alguns luga-
res, tipo a B.U, o labUFSC e uma vez que fui fazer a carteirinha do R.U
quando eu entrei. Várias pessoas tiveram esse problema na verdade, que
a carteirinha do RU não identificava o nome social e tal. Mas assim, só
coisinhas burocráticas, o sistema não está totalmente adaptado. Mas
no interpessoal, assim, com as pessoas nunca tive problema. (Grifos meus)
Referências
RUBIN, Gayle. “Thinking sex: notes for a radical Theory of the Politics of sexuality”.
Tradução: Pensando o Sexo: Notas para uma Teoria Radical das Políticas da
Sexualidade Gayle Rubin Tradução de Felipe Bruno Martins Fernandes Revisão
de Miriam Pillar Grossi. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/bitstream/
handle/123456789/1229/rubin_pensando_o_sexo.pdf >Visualizado em
02/05/2019<
ABSTRACT: Theater and Dance as areas of knowledge break down barriers within
the school, can and should provide the student freedom to express themselves, giving them
autonomy and critical positioning for the differences found in the school. Dealing with
homosexuality in education is an important subject to be discussed in contemporary times.
“Fighting” for the recognition of differences is necessary, and the classroom is one of the
places to deal with differences.
KEYWORDS: Homosexuality. Performing Arts. School.
1. Autor mestrando em Educação pela Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul (UEMS), licenciado em Artes
Cênicas: Teatro e Dança pela UEMS/UUCG. Especialista em Arte Educação e Cultura Regional do MS. Gradua-
do em Direito pela UNAES. Docente pela Prefeitura Municipal de Campo Grande – componente curricular arte:
Educação Infantil, fundamental I e II. End.: Av. Dom Antônio Barbosa (MS-080), 4.155, em frente ao Conjunto
José Abrão. CEP 79115-898 Campo Grande – MS. Mestrado Profissional em Educação (67) 3901-4608. (leoarru-
dacalixto@gmail.com).
2. Coautora licenciada em Letras (Português/inglês) pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), mestre
e doutora em Letras pelo Departamento de Teoria Literária e Literatura Comparada da Universidade de São Paulo
(USP). Desde 2006 atua como docente do quadro efetivo da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, onde mi-
nistra disciplinas na área de Literaturas de Língua Portuguesa, Teoria Literária, Literatura infanto-juvenil e Literatura e
outras artes, na Graduação em Letras, e Literatura infantil e Itinerários culturais no Mestrado Profissional em Educação
(Profeduc). End.: Av. Dom Antônio Barbosa (MS-080), 4.155, em frente ao Conjunto José Abrão. CEP 79115-898
Campo Grande – MS. Coordenação Letras Bacharelado (67) 3901-4622. (lucilenecosta@uems.br).
Referências
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direitos de Famílias. 6. ed. rev. atual. e ampl.
São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010.
RODRIGUES, João Carlos. João do Rio: vida, paixão e obra: biografia. Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira, 2010.
ABSTRACT: This research aimed to problematize how the Nucleus of Studies and Research
in Gender and Sexuality (NEPGS) of IFRS/campus Canoas has been acting as an institutional
space to promote affirmative actions and possibilities for understanding about issues of gender
and sexuality in times of movements with slogan of “ideology of gender”.
KEYWORDS: Affirmative Actions. Gender Ideology. NEPGS.
Introdução
Referências
BRASIL. MEC. IFRS. Estatuto do IFRS. [S.l.: s.n.], 2016. Disponível em:
https://ifrs.edu.br/wp-content/uploads/2017/08/Estatuto-IFRS-Atual.pdf.
Acesso em: 1 maio 2019.
ABSTRACT: Access to water and sanitation is not available in the same way for men
and women. Women were considered by the United Nations (UN) as the most affected by
water scarcity. This study aims to demonstrate why women are most affected by the lack of
water in the domestic environment. The study was carried out in the form of a bibliographic
survey, in the databases Scielo, PubMed and Google Scholar, using the descriptors scarcity,
gender and water resources. Brazilian papers published between 2008 and 2019 were
selected, with a total of 27 studies. It is concluded that differences in social roles, attributed
according to gender, influence access to water. Lack of water increases the burden on women,
exposing them to health risks and safety itself. The lack of sanitation and water treatment
actions contributes to aggravate the situation of social vulnerability in which many women
find themselves, especially those located in urban peripheries and rural communities.
KEYWORDS: Gender, scarcity, water resources
Introdução
Conclusão
Referências
BROWN, C.; NEVES-SILVA, P.; HELLER, L. The human right to water and
sanitation: a new perspective for public policies. Ciência & Saúde Coletiva, 21
(3) :661-670, 2016.
FISCHER,I.R.Gestãoderecursoshídricos:facetasdaparticipaçãoerepresentaçãodas
mulheres. 2017. Disponível em: < http://www.en.wwc2017.eventos.dype.com.
br/resources/anais/1496180859_ARQUIVO_Eartigofazendogenero2017.
pdf>. Acessado em: 02 de junho de 2018.
ABSTRACT: This article aims to problematize the issue of sexuality, more specifically
the theme LGBTQI + in the education agenda of public Brazilian schools, in a scenario in
which sexuality still seems to be set up as a problem of large proportions and of harmful
consequences, especially for those who do not fit the standard taken as normal: Man/woman.
In addition, we seek to reflect on the set of norms, values and beliefs that are mobilized in
the school context, such as racism, classism, sexism, heterosexism, homophobia, among
others that are marked by the process of colonization of the being, of Power and knowledge,
1. Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática da Universidade Federal de Mato Grosso
do Sul (PPGEDUMAT/UFMS), Campo Grande, Brasil. E-mail:eduardomariano92@hotmail.com. Bolsista Capes.
2. Pós-Doutora em Estudos Literários, professora do Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática da Uni-
versidade Federal de Mato Grosso do Sul (PPGEDUMAT/UFMS), Campo Grande, Brasil. E-mail: angelaguida.
ufms@gmail.com. Profa. Orientadora.
Introdução
Certa vez ao sair da escola com a minha amiga (lésbica), dois garotos da
nossa sala nos perseguiram até quase chegarmos à minha casa (moro a 5
km da escola). Enquanto corríamos com medo, os dois gritavam coisas
como: aberrações, filhos do capeta, abominação e coisas do tipo. Depois
do ocorrido fui para a escola por mais uma semana, e depois desisti de
estudar aquele ano (2015), pois não me sentia seguro. (depoimento de
estudante de 16 anos, estado do Mato Grosso). (ABGLT, 2016, p. 27).
Considerações Finais
Referências
ABSTRACT: This work seeks to analyze the social movement entitled “fucking
feminism” and the attempt to combat the stigmas correlated to paid sex work, in addition to
showing that the theme concerns all women. In this way, it is understood that the claims of
these activists are not limited only to the search for legitimacy of their work, but in the struggle
against a social imaginary, supported by patriarchy, which developed the pattern of “woman” to
be followed.
KEYWORDS: Prostitution; social movements; gender.
Introdução
1- O movimento
Lutamos por espaço e para que nossa voz seja ouvida a fim de acabar
com o estigma que nos cerca, chegamos aos debates e somos obrigadas
a ver outras mulheres se levantando e virando as costas como forma
de protesto contra nossa presença, somos deslegitimadas o tempo todo
muitas vezes por termos o básico como o acesso e o uso da internet para
nos reafirmamos socialmente. Isso também faz parte da manutenção
do patriarcado a qual somos todas submetidas e parte de mulheres que
muitas vezes dizem estar contra a violência que todas sofremos. Não
se dão conta do quão grave podem se tornar ações que consideram pe-
quenas e inofensivas a nós, como o termo “estupro pago”. Acreditam
que atacam o sistema machista que vivemos dessa forma, no entanto
o que conseguem é alimentar a violência e disparar gatilhos e traumas
fortíssimos para muitas mulheres que foram violentadas por “serem pu-
tas” auxiliando no processo de perpetuação do estigma como forma de
controle sobre as outras mulheres. (LOPEZ, 2017)
Conclusão
Referências
PRADA, Monique. Você pode ser feminista e trabalhadora sexual. Disponível em:
<http://mundoinvisivel.org/voce-pode-ser-feminista-e-trabalhadora-sexual/>
acesso em: 03/11/17.
Introdução
1- Metodologia
Conclusões
Referências
AB’SABER, Aziz Nacib. Carolina Bori: a Essência de um Perfil. In: Psicol. USP.
São Paulo, v. 9, n. 1, p. 35, 1998. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/
psicousp/issue/view/8172>. Acesso em: 21 de Mar. 2019.
WOOLF, Virginia. Um teto todo seu. Trad. Bia Nunes de Sousa; Glauco Mattoso.
São Paulo: Tordesilhas, 2014.
Introdução
Referências
ABSTRACT: This work aims to discuss the interventions of the State regarding the
decisions of women as for reproduction and their bodies. The analysis was based on the laws
that restrict and criminalize abortion in Brazil, limitations on reproductive autonomy, especially
regarding the bureaucracies found about their right to reproduce or not, as well as a documentary
survey to verify the occurrences of the illegal practice in groups of women in the country.
KEYWORDS: Body; Woman; Reproductive autonomy
Introdução
Considerações finais
Referências
ABSTRACT: The school is usually the first contact of the individual with the social
world outside the family environment. Even with brazilian interculturality, we can still
perceive the prevalence of some excludent discourses - among these, the sexism, that, for many
times, is naturalized. The objective of this paper is to analyze how gender appears in one of the
intramural elements of the school: Middle School’s Mathematics textbooks.
KEYWORDS: Gender; Textbooks; Mathematics
Introdução
1- Metodologia
Os livros utilizados para análise foram os livros de matemática dos 6º e
9º anos do Ensino Fundamental da edição “Nos dias de hoje” da editora Leya,
ambos escritos por Marília Centuríon e José Jakubovic e aprovados no PNLD
de 2017, ainda em vigência. A escolha dos anos se deu, considerando o Ensino
Fundamental II, pelo início e fim dessa etapa de ensino.
Realizamos então uma análise quantitativa das imagens com
representações humanas e, dentre essas, analisamos quais reforçam os
estereótipos de gênero e quais vão contra. Além disso, quantificamos o
número de representações de pessoas pensando, perguntando e respondendo,
e o número de professores e professoras. Com base na bibliografia utilizada,
também investigamos de forma qualitativa tais imagens, separando algumas
que chamaram mais atenção no sentido de manutenção ou de oposição a
estereótipos de gênero para uma análise mais concreta.
3- Análise qualitativa
Considerações finais
Referências
________. Matemática nos dias de hoje, 9º ano: na medida certa. 1 ed. São Paulo: Leya. 2015.
PAULINO,W.FifaaumentaadiferençadepremiaçãoentreascopasMasculinaeFeminina.
2018. Disponível em: <https://blogs.ne10.uol.com.br/torcedor/2018/10/26/fifa-
aumenta-a-diferenca-de-premiacao-entre-as-copas-masculina-e-feminina/>
Introdução
[...] não se refere à orientação sexual (onde está o meu desejo) como
lésbicas, gays e bissexuais. Refere-se à identidade de gênero. Incluem-
-se aqui mulheres trans, homens trans, pessoas trans não binárias,
monstras, tenebrosas e que querem mesmo aterrorizar o sistema.
Dentro da população as pessoas também tem orientação sexual. (In-
formação verbal)6
6. Explicação fornecida por Angela Lopes acerca das identidades “Trans” durante a mesa de debate LGBTQIA +
Mínimo Denominador Comum, 2ª CONFERÊNCIA INTERNATIONAL [SSEX BBOX] & MIXBRASIL, no
Centro Cultural São Paulo, São Paulo, em 19 de novembro de 2016.
Foi. Mais difícil para mim. Juntou a duas coisas. Fora essas duas coisas,
juntou outras coisas a mais. Que nem, a família não aceitava muito bem
a minha condição, não queria saber, queria que eu mudasse o jeito, que-
ria mudar tudo. Eu tinha que mudar as coisas todinhas.
[...] seria uma pessoa transexual, a qual o documento define como uma
Pessoa que possui uma identidade de gênero diferente do sexo designa-
do no nascimento. Homens e mulheres transexuais podem manifestar
o desejo de se submeterem a intervenções médico-cirúrgicas para re-
alizarem a adequação dos seus atributos físicos de nascença (inclusive
genitais) a sua identidade de gênero constituída. (s/d, p.17)
Considerações Finais
Referências
ABSTRACT: The present work present takes aim to analyze a female representation
on the sitcom Everybody Hates Chris, who by a masculine look. For this analysis, we will
start from the ideas of Cultural Studies, with Kellner (2001) on media products, which are
pedagogic and play an important role, giving us material that helps us to form identities.
And comedy can be used for the reproduction of speeches, so we will think about the term
‘’politically correct. ‘’ Still for the analysis, we will think with Angela Davis (2013) about the
socio-cultural history of black women in the USA. The analysis will still use as support to the
cinematographic language and the sitcom structure, of Ferreira (2018) and Sedite (2006).
KEYWORDS: Cultural Studies; Woman; Comedy.
1. Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Universitário de Rondonópolis. Localizado na Avenida dos Estu-
dantes, Sagrada Família. 5055. Instituto de Ciências Humanas e Sociais. Programa de Pós-Graduação em Educação,
na linha de pesquisa: Infância, Juventude e Cultura Contemporânea: direitos, políticas e diversidade. Conta PPGe-
du: (66) 3410 4035/ 4038. Sob orientação do Prof. Drº Flávio Vilas-Boas Trovão. Bolsista da CAPES, Coordenação
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, Brasil. E-mail: bruna-loreny@hotmail.com
Nos últimos anos, nos EUA, essa discussão continua. Recentemente Donald
Trump fez piadas e criticou o politicamente correto. O documentário Explained,
no seu quarto episódio, faz um debate muito interessante sobre o esse tema. E
3. Sitcom é uma abreviação de Situation Comedy, ou seja, uma situação cotidiana que envolva humor.
4. Os professores pós-modernos promovem uma estranha ideologia radical que deprecia os Estados Unidos e o Ocidente como
opressivos e que se concentra nos preconceitos reacionários da cultura ocidental [...] os professores pós-modernos se propuse-
ram a minar o estudo tradicional da literatura e das humanidades. [...] eles reduziram a crítica literária a uma tola obsessão por
questões políticas que não pertencem à literatura e a uma estranha preocupação com questões sexuais. Em alguns casos, eles
conseguiram que seus alunos estudassem produtos baratos da propaganda marxista e feminista, em vez das obras-primas da
literatura mundial. Eles atiçam as chamas do descontentamento étnico e sexual entre os estudantes. (Tradução nossa)
5. Os Trapalhões e A Praça é nossa, foram programas humorísticos brasileiros, que se passaram entre os ano
80/90/2000, na tv aberta, nos canais de Rede Globo e SBT, em que eram muito populares e se fazia diversas piadas
com as minorias, devido ao contexto sócio histórico dos períodos em questão.
6. Ambos humoristas estão envolvidos em casos polêmicos. Rafinha Bastos em seus shows de stand up frequentemen-
te fazia piadas sobre estupro, chegando a dizer que “uma mulher feia deveria agradecer por ser estuprada” e também
fez uma piada de estupro com a cantora Wanessa Camargo, em que foi condenado pela justiça a pagar um valor de 150
mil reais. Disponível em: https://veja.abril.com.br/entretenimento/rafinha-bastos-e-condenado-pelo-stj-a-pagar-
-r-150-mil-a-wanessa-marido-e-filho/https://veja.abril.com.br/entretenimento/rafinha-bastos-e-condenado-pelo-
-stj-a-pagar-r-150-mil-a-wanessa-marido-e-filho/. Acesso em 25 de junho de 2019. Já Danilo Gentilli, igualmente
polêmico, frequentemente faz piadas de cunho sexista, recentemente, comentou que a deputada Maria do Rosário
“mereceria sim ser estuprada” fazendo referência a fala de Bolsonaro, em que ele afirmou que a mesma deputada
“não merecia ser estuprada por ele”. Disponível em: https://jovempan.uol.com.br/entretenimento/famosos/danilo-
-gentili-diz-que-maria-do-rosario-merece-ser-estuprada.html. Acesso em 25 de junho de 2019.
Fonte: elaborada pela autora, a partir da captura de imagens da sitcom Everybody Hates Chris. (2005)
Fonte: elaborada pela autora, a partir da captura de imagens da sitcom Everybody Hates Chris. (2005)
Fonte: elaborada pela autora, a partir da captura de imagens da sitcom Everybody Hates Chris. (2005)
7. bell era a única empresa que fornecia linhas telefônicas entre 74 e 84, começaram a chamar de Ma Bell, por ser um
monopólio, fazendo referência a maternidade
Fonte: elaborada pela autora, a partir da captura de imagens da sitcom Everybody Hates Chris. (2005)
Fonte: elaborada pela autora, a partir da captura de imagens da sitcom Everybody Hates Chris. (2005)
Fonte: elaborada pela autora, a partir da captura de imagens da sitcom Everybody Hates Chris. (2005)
Uma arena de lutas que os grupos sociais rivais tentam usar o fim de
promover seus próprios programas e ideologias, e ela mesma reproduz
discursos políticos conflitantes, muitas vezes de maneira contraditória.
Não apenas nos noticiários, mas sim o entretenimento e a ficção articu-
lam conflitos, temores, esperanças e sonhos dos indivíduos e grupos que
enfrentam um mundo turbulento e incerto. (KELLNER, p 31, 2001)
Conclusão
Referências
BERMAN, Paul. Debating PC: The debate over political correctness on college
campuses. Random House Publishing Group. Edição do Kindle. New York,
1992.
RIBEIRO, Djamila Quem tem medo do feminismo negro? 1a ed. — São Paulo:
Companhia das Letras, 2018.
Referências Fílmicas
Everybody Hates Chris, 2005 a 2009. Criadores e Produtores: Chris Rock e Ali
LeRoi.
ABSTRACT:This article analyzes the positive experiences of young dissidents of gender and
sexuality in schools in MS. From the theoretical-methodological point of view, in this research the
post-critical perspective was used. Based on reports collected through a blog, it was possible to point
out practices, considered positive for the reception of the differences: the freedom of manifestations of
affectivity; the moments of discussion and information; the use of the bathroom by gender identity;
the encounter with difference; the use of the social name; offering a critical education.
KEYWORDS: Youth; Education; Differences.
1. Artigo Premiado na 17ª Feira Brasileira de Ciências e Engenharia – FEBRACE - USP com o primeiro lugar em
Ciências Humanas.
2. Fabricio Pupo Antunes, Colégio Novaescola/Bolsista PIBIC-Júnior (fabriciopupo1206@hotmail.com).
Colégio Novaescola – Rua Rio Grande do Sul, 665
3. Tiago Duque, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul/Programa de Pós-graduação em Educação do Campus
Pantanal e Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Faculdade de Ciências Humanas (tiago.duque@
ufms.com). Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – Av. Costa e Silva, s/n.
A pesquisa teve início com o estudo das experiências vividas por Lili
Elbe e contada por meio da obra A Garota Dinamarquesa (EBERSHOFF,
2016). Assim, foi necessário buscar detalhes da sua adolescência no sentido
de entender como se deram as primeiras experiências em relação à gênero e
sexualidade durante a sua juventude. Com o apoio do jornalista dinamarquês
Nikolaj Pors, por intermédio do autor, foi colocado à disposição um material
de pesquisa elaborado por Nikolaj desde o início da década de 1990. O
material “Uma vida através de duas criaturas: Einar Wegener e Lili Elbe” conta
com entrevistas feitas com amigos e parentes de Lili, além da única entrevista
dada por ela em 28 de fevereiro de 1931 ao jornalista dinamarquês Loulou.
Hoje, Nikolaj possui direitos sobre o material que gentilmente foi cedido para
essa pesquisa.
Ter acesso ao material sobre os desafios de Lili quanto a sua sexualidade
na juventude funcionaram como inspiração na análise de experiências
contemporâneas de jovens em escolas do estado de Mato Grosso do Sul. É
preciso que se compreenda, que não se trata de comparação entre pessoas e
nem mesmo lugar ou contexto histórico, mas que, a partir dos enfrentamentos
e vivências de Lili em relação a gênero e sexualidade, foram analisadas essas
experiências contemporâneas.
A etapa seguinte consistiu em um estudo bibliográfico sobre escola,
juventude, gênero e sexualidade, através da leitura de artigos e livros. A busca
2- Resultados e Análises
Considerações finais
Referências
ANTUNES, Fabricio Pupo. Estudo sobre sexo, gênero e orientação sexual a partir
da análise literária da obra A Garota Dinamarquesa de David Ebershoff. 2017, 8
p. Colégio Novaescola, Brasil 2017.
________. “Professora, vem ver! O Paulo vai ter neném!”: gênero, sexualidade e
formação de professores/as. Educação. Santa Maria, v. 39, n. 3, pp. 653-664, set./
dez. 2014
JUNQUEIRA, Rogério Diniz. “Aqui não temos gays nem lésbicas”: estratégias discursivas
de agentes públicos ante medidas de promoção do reconhecimento da diversidade sexual
nas escolas. In: RIBEIRO, Paula Regina C., MAGALHÃES, Joanalira Corpes. Debates
contemporâneos sobre educação para a sexualidade. Rio Grande: Ed. da FURG, 2017. pp.25.
ABSTRACT: I intended to discover how the State, specially the Judiciary field,
presented travestis in the State of Bahia between 2007 and 2017. To achieve that, I constructed
an ethnography of the archive based on “analysis of statements” methodology in decisions of
Bahia Court of Justice. I pointed out the social locus delimited to travestilities by the discursive
praxis of the magistrates, as well as their contradictions linked to binary gender roles.
KEYWORDS: travestility, gender identity, ethnography of archive.
Ao que me parece, o judiciário baiano não concordou que ter sua imagem
vinculada à de uma travesti seja algo tão negativo que valha uma indenização
de duzentos e cinquenta e cinco mil reais6; inobstante, considerou ruim o
suficiente para determinar “o pagamento pelos danos morais no importe de
R$65.160,00, acrescida de juros e correção monetária” (p. 1).
Justificaram os desembargadores da terceira câmara cível do TJ que
“não se pode olvidar que ainda persiste em nossa sociedade, principalmente
no interior do Estado, grande dose de preconceito contra homosexuais,
transformistas, travestis e outros gêneros, ainda que proibida a discriminação
por conta dessas opções” (p. 3), sendo tal acontecimento capaz de “causar
ofensa à reputação, à honra, à imagem ou à dignidade” (p. 4), por isso mesmo
merecedora de tal reparação pecuniária, já “que os clientes do salão, inclusive
o próprio depoente [testemunha no processo], passaram a fazer brincadeiras,
referindo-se ao autor como Priscila Dion e de que estariam agora cortando o
cabelo com um transformista” (p. 5).
Nessa mesma dimensão outra testemunha ouvida no processo aponta
que “se dizia que o mesmo [Renildo] durante o dia trabalhava no salão e à
noite se travestia como travesti, homossexual”, e prossegue: “o fato causou
constrangimentos ao requerente [Renildo] o qual passou a ser alvo de
brincadeiras, gozações, do tipo: você é travesti, você é homossexual, de dia
trabalha e de noite vai fazer programa.” (p. 5).
Escolhi esta última proposição para intitular este trabalho simplesmente
pelo fato de ela evocar tantas camadas de análise numa construção
aparentemente tão simples e ingênua mas que, apesar disso, carrega uma série
de significantes em seu bojo. Vejamos.
Primeiro, a confusão, como se uma só coisa fossem, entre a travestilidade
e a homossexualidade, que continua concebendo as travestis como homens
homossexuais que se travestem, o que atrela essa identidade a uma nuance
fetichista claramente homossexual; em segundo lugar, o elo estabelecido
entre ambas existências dissidentes e uma visão negativista delas, posto que
podem ser usadas para causar constrangimento, gozações e ofensas, o que não
condiria, a priori, com sua imagem de homem, cisgênero, casado, pai de uma
6. Em 2010, quando a ação foi proposta, o salário mínimo médio no Brasil era de R$510,00 (quinhentos e dez reais).
Referências
AGAMBEN, Giorgio. Homo sacer: o poder soberano e a vida nua. 2. ed. Belo
Horizonte: UFMG, 2010.
LEITE JR, Jorge. “Nossos corpos também mudam”: sexo, gênero e a invenção
das categorias “travesti” e “transexual” no discurso científico. 2008. 230f. Tese
(Doutorado em Ciências Sociais) – Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo, São Paulo.
1. Doutorando em Geografia pela Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). E-mail: luiz.felipe.r@outlook.com
2. Mestranda em Geografia pela Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). E-mail: dalila.tavares@hotmail.com
3. Doutoranda em História pela Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). E-mail: joselainesilva_9@hotmail.com
4. Mestrando em Letras pela Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). E-mail: robertoccorreia@hotmail.com
É uma estética que não é estática. É uma estética que se move, que é
trânsito, que é trans. Eu sinto que o meu corpo é um processo inaca-
bado [...] É justamente por isso que eu venho experimentando o meu
corpo nessas diversas instâncias, espaços e territórios: teatro, dança,
performance, rua, casa, palco, música, silêncio. LINN DA QUEBRA-
DA (2016).
OLIVEIRA, Megg Rayara de. Nem o centro, nem a margem: o lugar da bicha
preta na história e na sociedade brasileira. Anais do V Seminário Enlaçando
Sexualidades. Campina Grande, Paraíba: Realize Eventos & Editora, 2017.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Para além do pensamento abissal: das linhas globais
a uma ecologia de saberes. Revista crítica de ciências sociais, n. 78, p. 3-46, 2007.
SILVA, Joseli Maria; ORNAT, Jose Ornat. Corpo como espaço: um desafio
à imaginação geográfica. In: PIRES, Cláudia Luísa Zeferino; HENDRICH,
Álvaro Luiz; COSTA, Benhur Pinós da (Orgs.). Plurilocalidades dos sujeitos:
representações e ações no território. Porto Alegre: Compasso Lugar-Cultura,
2016. p. 56-75.
ABSTRACT: The purpose of this article is to discuss the LGBT diversity embodied
by the Landless Movement and its interculturality and the concern with the gender identity of
the fighting companion. The growing impact of neoliberalism has imposed large-scale changes
in the Movement, focusing on its original struggle for Agrarian Reform, understanding that
the plurality of sexuality and gender make up the revolution.
KEYWORDS: Interculturality - Movement without Land - LGBT
A escola precisa ser vista como um espaço para aprender a viver. É ne-
cessário redescobrir o vínculo entre sala e a vida fora da escola para a
qualificação de ambas. Para tal, é preciso que os cursos de licenciatura
levem em conta tais exigências na formação de novos professores e que
processos de formação continuada se ocupem também de tais dimen-
sões. (XAVIER, 2010, p. 95).
A relação entre professor e aluno sempre nas escolas, seja ela na cidade ou
no campo, é fundamental para a criação de uma sociedade que não discrimine
as diferenças de gênero e de sexualidade.
1- Escola chegay
[...] que a humanidade não tenha que reinventar tudo a cada nova ge-
ração, fato que a condenaria a permanecer na mais primitiva situação, é
preciso que o saber esteja permanentemente sendo passado para as gera-
ções subseqüentes. Essa mediação é realizada pela educação, entendida
como a apropriação do saber historicamente produzido. Disso decorre
a centralidade da educação enquanto condição imprescindível da pró-
pria realização histórica do homem (PARO, 1997b, p. 108).
Conclusão
Referências
DOIMO, Ana Maria. A vez e a voz do popular. Rio de Janeiro: Relume Dumará,
Anpocs, 1995.
GADOTTI, Moacir & Carlos Alberto Torres, 1994. Educação popular: utopia
latino americana. São Paulo: Cortez/Edusp.
PARO, Vitor Henrique. Gestão democrática da escola pública. São Paulo, Ática,
1997b.
ABSTRACT: This article seeks to investigate and comprehend the existent relations
between Boe graphism and the ability to paint the body, as seen in homosexual men of this
ethnicity. Among the diversity of social functions distributed between the Boe, some are
performed only by women, other, only by men. Nowadays it’s possible to observe the transition
of homosexual men in what regards the performance of gender in an ethnic context. The
article tends to value the graphism and empower the indigenous homosexuals.
KEY WORDS: Graphism, Sexuality, Performance, Boe.
Introdução
1- O povo boe
Pelo fato do Bororo ser uma praça onde acontecem os rituais, esse termo
era usado com frequência entre os Boe e para identificá-los como uma etnia foi
colocado esse nome. Esse povo se autodenomina Boe, atualmente preferem
ser chamados dessa maneira e estão em processo de mudança do nome, já que
durante décadas viveram subordinados aos colonizadores em diversos aspectos
culturais. Para Scotti e Boffi (2001, p. 12):
Scotti e Boffi colocam que não houve nenhuma imposição cultural sobre
essa etnia, no entanto discordo desse posicionamento. Ouvi relatos por parte
dos próprios indígenas que quando tiveram contato com os Salesianos eram
obrigados a não praticar a cultura, não falar o idioma e se quisessem realizar
alguma prática cultural naquela época teriam que ir a algum lugar distante.
Ao longo do tempo, esse processo colonizador foi diminuindo, mas ainda
acontecem práticas etnocêntricas, porém de forma mais pacífica e disfarçada.
Na descrição do célebre antropólogo Levi-Strauss (1957, p. 227) acerca
da aparência física do Povo Boe, destaca “os Bororo são os maiores e os mais
belos indígenas do Brasil. Sua cabeça redonda, sua face alongada, com traços
regulares e vigorosos, seus ombros de atleta, evocam certos tipos patagões
aos quais talvez se liguem do ponto de vista racial”. De forma comparativa,
2- O grafismo boe
3- A homossexualidade boe
Outro ponto que merece ser destacado, sobre as primeiras ideias para
a proposta do presente artigo é a homossexualidade em contexto indígena.
Visto que, por ser um assunto pouco discutido e explorado entre os próprios
indígenas, não indígenas e as pesquisas acadêmicas. Os homossexuais
indígenas das aldeias Boe atualmente são vistos na maioria das vezes somente
como pontos negativos e a discriminação é um grande problema enfrentado
por todos, sobretudo a não aceitação da família ou pessoas da comunidade,
pelo fato de terem uma ideologia totalmente cristã. Muitas vezes é grande a
falta de respeito com essas pessoas, trazendo várias consequências aos mesmos.
A desvalorização dessa parcela das comunidades também é muito grande,
muitos os tratam como se não fossem pertencentes à espécie humana. Digo
isso, por ser da indígena, homossexual e ter relação direta com a aldeia.
Em sua pesquisa sobre a homossexualidade indígena no Brasil a partir
de uma perspectiva comparada com os Estados Unidos, Fernandes (2014, p.
161) traz informações sobre o two-spirit:
[...] esse movimento vem buscado recuperar o papel xamânico que in-
divíduos com dois espíritos (de homem e de mulher, daí o nome do
movimento: two-spirit) tradicionalmente ocupavam em suas culturas.
Não muito diferente na cultura dos Boe, essas pessoas eram capazes
de transitar em diversos espaços e as práticas (performances) de gênero. A
diferença é que no povo Boe essas pessoas são enxergadas atualmente de forma
pejorativa. Há relatos de conhecedores da cultura tradicional, que há alguns
anos existiam entre os Boe pessoas transgêneros, que transitavam entre os
espaços masculinos (como poder ver o aije: espíritos, junto aos homens, cujo
mulheres não vêem) e femininos (possibilidade de cantar o canto que somente
as mulheres cantavam). Com aceitação da comunidade, não havendo naquele
período a discriminação, surge após o processo colonizador.
Cariaga (2015, p. 446), relata que de acordo com suas investigações
e entrevistas com “indígenas gays”, “a ideia de que a homossexualidade é um
“traço cultural” dos brancos, que não pode ser vista como uma prática sexual
comum entre os Kaiowa”. Entre os Boe a concepção não é diferente, muitos
acreditam que a homossexualidade é um fruto vindo de braedoge (sociedade
não indígena) e muitas vezes, é visto como uma perda da cultura tradicional.
Esse ponto de vista também pode ser concebido pelas pessoas não indígenas e
alguns indígenas de outras etnias.
Na dissertação do mestrado em Educação de Félix Adugoenau, membro
pertencente ao povo Boe, ele nos coloca a prática homo afetiva entre os Boe
a partir da perspectiva de autores padres salesianos, que por muito tempo
maquiaram suas práticas em relação a vários fatores culturais/tradicionais desta
etnia. Por mais que a imposição sobre a homossexualidade Boe atualmente
tenha diminuído, ela ainda acontece de forma mais pacífica e menos forçada.
Eu, o autor dessa pesquisa falo com propriedade, por ser homossexual desta
etnia e até hoje sofrer por essas imposições religiosas cristãs na aldeia.
Segundo Adugoenau, os autores de sua pesquisa denominaram essa
prática de pederastia2. Nos mostra que Steinen apud Albisetti e Venturelli
(1962, p. 288) “[...] Steinen afirma que não era desconhecida na choupana
central, mas que só a praticavam quando havia grande falta de meretrizes”. Eles
nos colocam que nesse período a prática existia, mas com algumas restrições.
2. Contato sexual entre um homem mais velho e um garoto bem mais jovem. Disponível em: < https://www.dicio.
com.br/pederastia/>. Acesso em: 10. Maio. 2019.
O povo Bororo, que se autodenomina Boe, que ocupava até fins do sé-
culo XVIII grande parte do centro sul do atual estado de Mato Grosso,
após mais de um século de contato intermitente com o entorno regio-
nal e com a atuação de missionários salesianos e de órgãos do Estado,
na atualidade estão reduzidos a um pouco mais de mil pessoas vivendo
em 6 terras indígenas.
Referências
ADUGOENAU, Félix Rondon. Saberes e fazeres autóctones do povo bororo:
contribuições para a educação escolar intercultural indígena. –2015.
ABSTRACT: This text deals with a reflection on prejudice, as well as its respective
attempt of negation accompanied by a qualitative analysis on the subject. We will present
a vignette of a clinical case of a victim of prejudice, analyzed on the theoretical reference
psychoanalytic and the unavoidable dimension of racism to think about our present.
Prejudice, segregation and horror differences are always present in human history. How
does psychoanalysis understand this? We will seek to reflect on denial often reinforces and
camouflages prejudice.
KEYWORDS: racism; denial; prejudice.
1- Racismo (des)velado
3- Resultado e discussões
O homem e sua forma de formar laços sociais sempre foram objeto de reflexão
da psicanálise. Freud questionava sobre aquilo que funda a civilização, em textos
como “Psicologia das Massas e análise do eu”, “Moisés e monoteísmo” percebemos
que existe algo além de corpos que vivem juntos, há algo que liga os sujeitos.
Neste sentido, a segregação seria uma forma de discurso que enlaça a
sociedade atual. Ocorre que, esse discurso atual racista também faz laço social,
que conforme Soler (2016), o laço não se trata apenas das pessoas dividirem
um mesmo espaço físico, uma mesma sociedade, há um inominável, um real
que funda o laço social. “não existe civilização que não seja um tipo de laço”.
Assim Freud utiliza do mito de “Totem e tabu” para designar esse real, essa
perda original e fundadora de toda sociedade, como veremos a seguir.
Foi em “Totem e tabu” que Freud desenvolveu sua tese sobre a união dos
homens, mito este que funda a civilização, a sociedade. Sem utilizar esse termo,
estudou mito formador do laço social, que consiste na existência na horda
primeva de um pai gozador, tirânico, o qual é o detentor do prazer absoluto,
o único que tem o direito a todas as mulheres, e interditando os demais ao
acesso à este gozo com violência. O assassinato do pai primevo, tendo como
consequência o totemismo, evidencia um corte que marca o surgimento do
laço social. Conforme Soler.
Referências
DUARTE, Graciana, Aníbal Faúndes, Ellen Hardy e Maria José Osis. O Risco
para Queixas Ginecológicas e Disfunção Segundo História de Violência Sexual.
Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/rbgo/v22n3/12163>. Acesso em
11 de Out. 2014.
________ . Obras completas vol. 18: O mal estar na civilização, novas conferências
introdutórias à psicanálise e outros textos (1930-1936) / Sigmund Freud:
tradução Paulo César de Souza. – 1ª ed. – São Paulo: Companhia das letras.
ABSTRACT: The artist Lídia Baís is a reference of artistic experiences, that is why
we investigated her history and her creative process. Using it as a base, we elaborated our
investigation, of bibliographical character, highlighting the actions developed by the Collective
The descendants of Lídia. We believe it is a possible way to discuss the empowerment of Latin
American women, conceptualizing her as an active and transforming society and culture being.
KEYWORDS: creative activity, rupture, woman.
Introdução
Referências
Introdução
Considerações Finais
Figura 02
Apresentação da performance no centro da cidade de Campo Grande/MS.
Considerações Finais
Referências
ABSTRACT: The incarcerated transexual women and travestis faces many forms of
violence, including an invisibility condition for the prison system and for the criminal legislation.
However they also creates some space for their resistance. The goal of this work is to show some
considerations raised during the Extension Project I Group of Trans-feminines Dialogues in
Prison, held in 2018 with transexual women incarcerated on the Prison of Dourados-MS.
KEYWORDS: Transexual, Prison, Violence.
Introdução
“Aqui não tem nada pra fazer o dia todo. São 20 horas de cela e 4 de
sol” A.J. - Essa transexual se mostrava sempre agitada, muito falante e por
vezes gritava. Seu comportamento pode ser considerado como o de bode
expiatório para as angústias e aflições que as outras sentiam, uma vez que ela
era considerada rebelde, que não se enquadrava nas normas da instituição e
por vezes não comparecia aos encontros devido a estar cumprindo “castigo”.
“Quando estou aqui estou presa também, quase igual a elas” Agente J.
- Esse desabafo demonstra como o cárcere aprisiona não só quem cumpre as
penas, mas também quem trabalha nesse ambiente.
“Vim pra entender a cabeça dela e também a minha” M. - Em
determinado momento as transexuais e travestis afirmaram que os maridos
tinham ciúmes e não queriam deixar que elas participassem dos encontros.
Considerações Finais
Referências
Íris: Eu nunca quis ser mãe, eu nunca pensei. Não é que eu nunca quis,
eu nunca pensei em ser mãe. Eu nunca tive uma relação assim sólida
a ponto de pensar numa maternidade, mas com a Magnólia foi di-
ferente.
Magnólia: Não, não era uma coisa assim: morro de vontade de ser mãe,
e nem: não de jeito nenhum quero ser mãe. Acho que é bem o que a Íris
falou. Como eu nunca vivi uma relação estável também nunca aflorou
isso. Acho que é uma insanidade pensar num filho com alguém do jeito
Referências
ABSTRACT: This article brings reflections on the stories of migrant women, seeking
to reflect on the diasporic experience of women living in the region of Dourados, Mato Grosso
do Sul, Brazil. In studying the issue of migration, our proposal is to think about some issues such
as violence, the application of the Maria da Penha Law, the appropriation or not of the Brazilian
language and culture and the subjectivity of the researcher who narrates a sensitive history.
KEYWORDS: Women; Migration; Violence against women; Gender Studies.
Referências
SILVA, Maria Salete; WRIGHT, Sonia Jay. Uma reflexão feminista sobre o
conceito de Justiça de Gênero. Teorias da Justiça, da Decisão e da Argumentação
Jurídica, v. V. 2, N. 1, p. 216, 2016.
World Bank Group. 2015. Women, Business and the Law 2016: Getting to
Equal. (Mulheres, Empresas e o Direito 2016: Avançar Rumo à Igualdade).
Washington, D.C.: Grupo Banco Mundial. doi:10.1596/978-1- 4648-0677-3.
Introdução
Referências
MIGUEL, L.F.; BIROLI F. Feminismo e Política. 1ª. Ed. São Paulo: Boitempo,
2014. V.1.
ABSTRACT: The work search to question the roots that motivate corrective rape
and how this violence is the fruit of a society culture that was built with bases that are gap
to “correct” women who do not belong to heterosexual “norm”, evidenced by the temporal
cut of 2008 , the first time that the term appears, until the present time, also collaborating
to question the invisibility of this subject and because the current Brazilian law did not
characterize as aggravating the penalty until September 2018.
KEYWORDS: Corrective rape. Violence. Compulsory Heterosexuality.
Introdução
1- O papel do patriarcado
[...] Homens estão fazendo isso, por causa do tipo de poder que homens
têm sobre mulheres. Esse poder é real, concreto, exercido de um corpo
para outro corpo, exercido por alguém que sente que tem o direito de
5. Alice Rossi, “Children and Work in the Lives of Women”, comunicação apresentada na Universidade do Arizona,
Tucson, fevereiro de 1976.
6. Sentimento de repulsa e/ou aversão às mulheres. Repulsão excessiva do contato sexual com mulheres. (Dicionário
online)
Considerações finais
Referências
CANELA, Kelly Cristina. O “Stuprum per vim” no direito romano. USP. 2009.
CHAUI, Marilena. Conformismo e resistência: aspectos da cultura popular no
Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1986.
https://blogueirasfeministas.com/2013/08/28/lesbicas-invisibilidades-e-
violencias/ Acesso em: 01 de maio de 2019.
ABSTRACT: This article discusses the theme of transphobia with a focus on the
crime committed against the transvestite Cearense Dandara dos Santos. It starts with of the
principle of the right to life and dignity of the human person, it explores the historically
rooted prejudice and violence and, analyzing official data and provided by NGOs, reflects the
lack of public policies and specific legislation.
KEYWORDS: Transphobia; Dandara, Prejudice
Introdução
1- Conceituação e contextualização
Considerações finais
Referências
ABSTRACT: The work presented here was based on the intentionality of verifying
the operability of power in the marital relations between men and women in crimes of
feminicide, corporal injury, threat and rape occurring in the domestic sphere. To reach this
goal, we mapped the denunciations offered by the Public Ministry of the State of Mato
Grosso/Comarca de Várzea Grande-MT from January to December 2017.
KEYWORDS: Domestic Violence, Gender, Power
[...] o homem era o soberano pelo pecado original cometido pela mu-
lher [...], por conseguinte, a sociedade deveria ser mantida e governada
tendo o homem como pilastra. Este por sua vez, deveria ditar as normas
a serem obedecidas por seus vassalos, figura a qual acabava por iden-
Considerações finais
Referências
_________. Gender and Power: Society, the Person and Sexual Politics.
Tradução livre. Cambridge: Polity Press, 1987.
ABSTRACT: This article proposes a reflection on the subaltern situation that many
women live. For that, as a corpus we have two stories that make up the Amora work by Natalia
Polesso. From mothers in love with another women to ladies who love ladies, from literary
cutouts, we will visit the universes of different women-characters. They all have a subaltern
reality that comes to the fore, propelling them, or not, to a reaction. The discussion will be
anchored in such authors as Beverley, Butler, and Spivak.
KEYWORDS: Women; Subalternity; Literature.
Introdução
1- Estar subalterno
O subalterno não pode falar. Não há valor algum atribuído à mulher como
um item respeitoso nas listas de prioridade global. A representação não
definhou. A mulher intelectual como intelectual tem uma tarefa circuns-
crita que ela não deve rejeitar com um floreio (SPIVAK, 2010, p.126).
2- Ser mulher
Tendo brevemente explanado a cerca dos termos necessários para que nos
situemos, adentraremos ao universo dessas peculiares mulheres-personagens.
“As tias” retrata a história de Leci e Alvina, duas mulheres que, após saírem de
um convento, decidem viver juntas.
A história das duas senhoras é narrada por uma sobrinha que relata a
vida pacata das tias que há sessenta anos compartilham uma história, uma
vida repleta de viagens e também julgamentos da família. A tranquilidade do
casal é interrompida quando um acidente vascular cerebral atinge a tia Alvina,
fazendo com que ambas inevitavelmente relembrassem da realidade a qual
faziam parte.
O conto “As tias” nos faz refletir a respeito desta realidade pouco
discutida, que é a homossexualidade na velhice:
Tão peculiar quanto o conto “As tias”, em “Como te extraño, Clara” nos
deparamos com a vida de Fernanda, uma mulher, casada, mãe e apaixonada por
uma mulher mais nova chamada Clara. Ambas vivem uma situação conflituosa
que exige uma tomada de atitude:
Agora é isso. Nós duas. Eu, parte quebrada, tu com essa cara de susto...
E o guri. Clara sente uma mistura de felicidade e medo tão fortes que
chora duas ou três lágrimas. Fernanda ainda perece em choque, pelo
acidente, pelos eventos (Polesso, 2015, p.129).
Referências
POLESSO, Natalia Borges. Amora. Porto Alegre: Não Editora. 2015. 256p
STONEWALL. Lesbian, Gay & Bisexual people in later life. Londres - UK,
2011. Disponível em: https://www.stonewall.org.uk/sites/default/files/LGB_
people_in_Later_Life__2011_.pdf. Acesso em: 30 abr. 2019.
WOOLF, Virginia. Um teto todo seu. Tradução de Vera Ribeiro. São Paulo:
Nova Fronteira, 1985.
ABSTRACT: The objective of the study was to provoke a reflection about the practices,
repressive actions and an idea of normalization of the bodies marked by homosexuality, the
so-called “subversives”, in the period of the Brazilian military dictatorship. Since the period
was marked by the defense of “morals and good manners” and the protection of a family
model considered legitimate, this study analyzed how violent and repressive actions were used
and legitimized by the State and normalized by the society itself. Through research based on
an existing bibliography on the subject and analysis of sources of the military dictatorship
period, such as the periodical Lampião da Esquina, this study intended to demonstrate how
a complex apparatus was created by the State in relation to the bodies that bothered due to
their sexual orientation.
KEYWORDS: Homosexuality – dictatorship – morals and good manners.
1. Graduando em Licenciatura plena em História pela Universidade Federal da Grande Dourados – UFGD. Bolsista
PIBID/CNPq/UFGD. E-mail: thiago.bobeda@outlook.com
Considerações finais
Referêcias
Introdução
Art. 402. Fazer nas ruas e praças públicas exercícios de agilidade e des-
treza corporal conhecidos pela denominação capoeiragem; andar em
correrias, com armas ou instrumentos capazes de produzir uma lesão
corporal, provocando tumultos ou desordens, ameaçando pessoa certa
ou incerta, ou incutindo temor de algum mal: Pena - de prisão cellular
por dous a seis mezes. Paragrapho unico. E’ considerado circumstancia
agravante pertencer o capoeira a alguma banda ou malta. Aos chefes, ou
cabeças, se imporá a pena em dobro. (Código Penal, 1890)7
8. O entendimento sobre o imaginário social caminha junto com a idéia de representação, uma vez que também é
a expressão de um real que se constitui na história, na cultura e na interpretação de uma sociedade. Para Chartier
(2002) e Baczko (1985) o imaginário tende a falar através da linguagem e pode congregar as representações que dão
sentidos as práticas sociais. Assim sendo, para Baczko (1985) o imaginário é produzido por significações, permeadas
pelo poder, que constroem papéis sociais, impõe regras comportamentais e fabrica representações que fortalecem
esses papéis e regras, fazendo com que as pessoas se identificam com determinados espaços e práticas. Ziolkowski, N.
E. Fronteiras do corpo: um estudo sobre as práticas de abortamento de 1970 a 2000 em Mato Grosso do Sul Anais do
XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH • São Paulo, julho 2011.
Vale ressaltar que a proibição não concerne apenas às drogas, mas a ou-
tras temáticas que envolvem a proibição das liberdades individuais e do
corpo em decorrência de parâmetros morais. O aborto também exem-
plifica essa situação em que a proibição atua de forma seletiva, ou seja,
seus resultados serão sentidos de maneira distinta conforme o contexto
sociocultural, de gênero, de raça. Emília Bandeira, 2017.10
Referências
ABSTRACT: This work discusses the articulations between gender, sexuality, identity and
subjectivity, taking as its object bisexuality, which offers a unique perspective to think about these
relations. Based on Judith Butler, bisexuality can be understood as a logical impossibility in a matrix of
cultural intelligibility in which the desire derives from gender and sex. The binary and dichotomous
complementarity of gender is challenged when thinking of subjects whose sexual practices and desires
are directed to more than one gender, making room for other formulations of desire.
KEYWORDS: Bisexuality; gender; sexuality.
Si eres hombre y te gustan las mujeres, bien; si eres mujer y te gustan los
hombres, bien; pero si te gustan las personas de tu mismo sexo, fatal. Y si
te gustan al mismo tiempo las personas de tu propio sexo y del otro, peor
todavía. Porque, en el fondo, dentro de este sistema, a veces es mejor cruzar
la barrera de un lado al otro (de heterosexual a homosexual) que quedarse
en medio. De hecho, las personas bisexuales están más expuestas a sufrir
un tipo específico de homofobia, que se llama «bifobia», que los chicos gays
o las chicas lesbianas, porque al sistema sexo-género no le gusta nada esto
de que la gente esté en medio o esté cambiándose de un lado para outro
(PICHARDO, 2012, p. 115).
Referências
PICHARDO, José Ignacio. “El estigma hacia personas lesbianas, gays, bisexuales
y transexuales”. In GARVIRIA, Elena; GARCÍA-AEL, Cristina; MOLERO,
Fernando (Coord.). Investigación-acción. Aportaciones de la investigación a la
redución del estigma. Madrid: Sanz y Torres, 2012, p. 111-125.
Referências
________. Corpos em aliança e política das ruas. Notas para uma teoria
performativa de assembleia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2017.
LANGDON, Esther Jean. “O dito e o não dito” (...)”. Disponível em: https://
periodicos.ufsc.br/index.php/ref/article/view/16001. Acesso em: 12mai19.
ABSTRACT: The arse has been the most unfortunate organ throughout history. Opening
itself for something “dirty” hasn’t been good for its reputation, so its production is hidden. By
hiding the product, however, we end up hiding the machine itself, forgetting its other power:
pleasure. If every body has an arse and its potential for pleasure is universal masculine bodies,
considered to be penetrating may now be penetrated. Revealing the arse as a pleasure machine
can unsettle the hetetrocentered structures that establish the roles of active/passive in our society.
Key words: Countersexual; rhizome; pleasure.
Apresentação
1.1- O cu e Cuba
Objetos usados: um perfume cujo recipiente e caixa emulam um charuto
cubano, ou seja, um dildo perfumado.
Sujeitos/Corpos falantes: um(a) adolescente curioso(a).
Não me lembro precisamente que idade tinha quando ganhei este
perfume. Sei que passei parte de minha incipiente adolescência usando-o
para emular um charuto, associando diretamente o nome Cuba aos famosos
charutos cubanos.
1-4- 1, 2, 3, 4, 5...
Sujeitos/corpos falantes: ao menos três
As ideias de amor monogâmico e de associação do sexo ao amor acabam
por limitar o sexo a uma relação entre duas pessoas. É incrível notar, na nossa
linguagem, como uma relação com fins sexuais envolvendo uma pessoa
(masturbação), três pessoas (ménage à trois, threesome), quatro (ménage à
quatre, foursome) ou mais (orgia, suruba) sempre possuem nomes específicos,
mas o sexo a dois é simplesmente sexo (ou qualquer variante usada para se
2- O cu liberto
Referências
________. Multidões queer: notas para uma política dos “anormais”. Revista
Estudos Feministas, Florianópolis, v. 19, n. 1, p. 11-20, abr. 2011. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/ref/v19n1/a02v19n1.pdf>. Acessado em: 13 out.
2018
Considerações finais
HEMMINGS, Clare. The Life and Times of Academic Feminism. In: DAVIS,
Kathy; EVANS, Mary; LORBER, Judith. (ed.). Handbook of Gender and
Women’s Studies. London: Sage, 2006. p. 13-34.
KOVÁTZ, Eszter; PÕIM, Maari. (ed.). Gender as symbolic glue: the position
and role of conservative and far right parties in the anti-gender mobilizations in
Europe. Budapest: FEPS, 2015.
PARKE, Caleb. Hungary bans gender studies because it is ‘an ideology not a
science’. Fox News, New York, 17 oct. 2018. Disponível em: https://www.
foxnews.com/world/hungary-bans-gender-studies. Acesso em 15 maio 2019.
ABSTRACT: Men and women are different in their ontological equality, implying
that although they have the same physical imperatives, including the sexual imperatives, each
one experiences them in a singular way because the body is different. This study aims to reflect
on male eroticism, the dynamics of man with regard to the body itself, of society with regard
to the male body, addressing aspects of male intimacy, still little explored.
KEYWORDS: Masculinity; Eroticism; Sexuality.
Introdução
Embora o sexo não seja de modo algum uma coisa nova ou pertinente
apenas aos seres humanos, o orgasmo – no sentido de uma sensação
prazerosa usufruída pelos dois sexos fora de um contexto reprodutivo e
buscado de um modo deliberado e experimentado – é as duas coisas. Na
escala evolucionária, o Homo sapiens é um recém chegado ao mundo, e
o orgasmo um complexo e sofisticado fenômeno quase exclusivo dessas
estranhas e novas criaturas bípedes. (MARGOLIS, 2006, p. 14)
1- Do Corpo ao Prazer
Ser homem se diz mais no imperativo do que no indicativo (...) ser ho-
mem implica um trabalho, um esforço que não parece ser exigido das
À guisa de encerramento
Referências
AURÉLIO, Daniel. O senhor da guerra. São Paulo: Universo dos Livros, 2005.
PALEY, Maggie. O livro do pênis. Trad. Tatiana Antunes. São Paulo: Conrad
Editora do Brasil, 2001.
Introdução
[...] para que uma série de signos exista, é preciso - segundo o sistema
das causalidades - um “autor” ou uma instância produtora. Mas esse
“autor” não é idêntico ao sujeito do enunciado; e a relação de produção
que mantém com a formulação não pode ser superposta à relação que
une o sujeito enunciante e o que ele enuncia. Não tomemos, pois se-
ria demasiado simples, o caso de um conjunto de signos materialmente
moldados ou traçados: sua produção implica um autor; não há, entre-
tanto, nem enunciado nem sujeito do enunciado. Poderíamos lembrar
também, para mostrar a dissociação entre o emissor de signos e o sujeito
de um enunciado o caso de um texto lido por uma terceira pessoa, ou
do ator representando seu papel. Mas esses são casos extremos. (FOU-
CAULT, 2008, n.p.).
Referências
ABSTRACT: This work seeks to analyze how the masculinist discourses present in
the Playboy magazine inferred in a sexual norms for the sexuality of the men in the 1980s.
As a research methodology, the discourse analysis was chosen because it understood that this
journal not only introduced society of his time, but also, through his editorials, designed a
pattern of sexuality.
KEYWORDS: Sexuality, Playboy Magazine, Gender.
Introdução
[...] ‘ser homem’ não era apenas ter um corpo de homem, mas mostra-se
‘masculino’ e ‘macho’ em todos os momentos. (...) Um dos preços da
masculinidade, portanto, era uma eterna vigilância das emoções, dos
gestos e do próprio corpo. (DAMATTA, 1997, p. 37).
IN
Olhar sério para a moça com um ar de elegante deslumbramento;
Levar o café da manhã para a namorada;
Dançar a dois (mostrando que alguns homens ainda gostam);
Flores (porque não engordam);
Telegrama fonado de amor, citando um poema de Drummond;
Pagar à vista (sempre).
OUT
Piscar o olho, e mandar torpedos através do garçom;
Boliná-la debaixo da mesa sem aviso prévio;
Cartão de crédito;
Discoteca;
Esperar que ela lhe traga o café da manhã.
(Revista Playboy, ed. 147, outubro de 1987, p. 25).
Considerações
OLIVEIRA, Nucia Alexandra Silva de. A beleza que se compra... O gênero que
se constrói: uma análise de anúncios publicitários de produtos de beleza para
homens e mulheres (1950-1980). In: BERETA, S; ASSIS, G; KAMITA,A
(Org) Gênero em Movimento: Novos Olhares, Muitos Lugares. Florianópolis:
Ed. Mulheres, 2007.
ABSTRACT: Currently the struggle for the rights and the recognition of the sexual
diversity is present. Understanding the homosexual identity and problematizing the social
imperatives that hinder their formation is undoubtedly relevant. In this way, with a social and
legal analysis, we intend to delineate about the process of identity formation, highlighting the
obstacles, prejudice and social exclusion of homosexual subjects.
KEY WORDS: HOMOAFETIVITY - IDENTITY - HOMOSEXUAL IDENTITY
1. Advogada. Mestranda em Serviço Social pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Bacharela em Direito
pela Faculdade de Direito de Franca (FDF). Especialista em Direito das Famílias e Sucessões. Membro do Grupo de
Pesquisa - Prapes (Unesp/SP). Presidente da Comissão de Diversidade Sexual da 51 subseção da OAB/SP. Vice-Pre-
sidente da Comissão de Direito de Família e Sucessões da 51 subseção da OAB/SP. hvicentinij@gmail.com. Unesp
Franca SP: Av. Eufrásia Monteiro Petráglia, 900 - Jd. Dr. Antonio Petráglia. CEP 14409-160. Telefone 16 3706-8700
2. Professora Assistente Doutora do Departamento de Serviço Social da Unesp Franca SP. Vice líder do GEPEFA - Gru-
po de Estudos e Pesquisas sobre Famílias. Coordenadora do Projeto de extensão FAFAMI - Falar de família é familiar.
Pós doutoranda do Programa de Pós Graduação em Serviço Social da UERJ. nayarahakime@gmail.com. Unesp Franca
SP: Av. Eufrásia Monteiro Petráglia, 900 - Jd. Dr. Antonio Petráglia. CEP 14409-160. Telefone 16 3706-8700
Referências
Introdução
Considerações finais
Referências
HOLTZ. Pág. IV - “Primeiros passos: guia básico para sua transição” [YouTube].
Publicado em 14 de jan de 2017. Disponível em: >https://www.youtube.com/
watch?v=6QBVW-zREZY< Acesso em: 20 nov, 2018.
Introdução
Referências
______. Corpos que pesam: sobre os limites discursivos do “sexo”. In: LOURO,
Guacira Lopes (Org.). O corpo educado: pedagogias da sexualidade. Belo
Horizonte: Autêntica, 1999, p. 151-172.
ABSTRACT: The work based on gender studies, aims to understand the social
representation of teachers on gender diversity, sexuality and the cultural constitution of
the body, based on the resolution 001/99 of the CFP, which advocates an impossibility of
treatment of homosexuality. The data reveal representations marked by the experience in the
patriarchal society and by the binarism of gender and sexuality.
KEYWORDS: psychology, social representations of gender, gay cure.
Introdução
3 - Método
4- Discussão
Considerações finais
Referências
Introdução
5 - Resultados e discussão
Considerações Finais
Pode-se observar que a temática não consta nas DCN para os cursos
de Psicologia, aparece uma única vez “relações de gênero” no PPP, porém no
âmbito da antropologia sem referências que contemplem esta discussão, e a
temática esteve presente em 3 planos de ensino, um único desses referentes a
disciplina obrigatória pertencente ao núcleo comum.
Podemos inferir que a formação acadêmica deste referido curso de
Psicologia é insuficiente e não dá conta de desconstruir conceitos tão arraigados
uma vez que a temática é inexpressiva ao longo dos 5 anos. Diante disso infere-
se que as/os alunas/os se formam sem qualificação mínima necessária para
falar, ouvir e agir de maneira ética, adequada e responsável no que tange às
questões de gênero e sexualidade.
Estar atento às condutas, próprias e alheias, de fala, ação, de documentos,
conforme analisados neste artigo, tem intuito de trazer à tona a questão e
refletir uma vez que problematizar é permitir que dadas representações sociais,
como as que culminam na violência de gênero se alterem, abrindo portas para
novas possibilidades de construções, portanto, novas representações.
Referências
Grupo Gay da Bahia (GGB). População LGBT morta no Brasil: Relatório GGB
2018.
Transgender Europe (TGEU). 30th March 2017: Trans Day of Visibility: Press
Release 2,343 trans people reported murdered in the last 9 years.
ABSTRACT: This study analyzes the increase of homicides of women in Brazil from
the historical series (2006-2016) of the Atlas of Violence from the perspective of gender and
violence studies, considering the Theory of Social Representations, Connell and Hegemonic
Masculinity studies and the concept of New Man, of Nolasco, from the perspective of the cultural
constitution of man. It is discuss that the growth of gender violence directed at women has a lot
to do with the relations of power and domination established by the culture of patriarchy.
KEYWORDS: gender violence, masculinity, feminicide
Introdução
Se as leis e políticas públicas ainda não são suficientes para impedir que
vidas de mulheres sejam tiradas de formas tão brutais, o enfrentamento
a essas e outras formas de violência de gênero é um caminho sem volta.
(IPEA, 2018, p. 44).
No entanto, a mulher que se torna uma vítima fatal muitas vezes já foi
vítima de uma série de outras violências de gênero, por exemplo: vio-
lência psicológica, patrimonial, física ou sexual. Ou seja, muitas mortes
poderiam ser evitadas, impedindo o desfecho fatal, caso as mulheres
tivessem tido opções concretas e apoio para conseguir sair de um ciclo
de violência (ROMIO, 2017, p. 165)
Referências
SCOTT, J. Os usos e abusos do gênero. Projeto História, São Paulo, n. 45, pp.
327-351, 2012
ABSTRACT: This paper proposes to identify elements that make up the identity
processes and the social constitution of the body, thus analyzing the intersectionality that
permeates the notions of gender, body, sexuality, culture and social. When talking about
gender, the question of the body and its articulation with sexuality is evidenced. It is necessary
to take the essentialist conception that naturalizes the constitution of the identity and the
body, and to point out the social, cultural, historical, objective and subjective experiences of
the subject.
KEYWORDS: Body. Identity. Gender. Sexuality.
1. Artigo resultante das discussões e produções da disciplina Identidade e constituição do Sujeito, do programa de
Pós-Graduação em Psicologia – Curso Mestrado, da Linha Psicologia e Processos educativos. PPGPSICO/UFMS
2. Doutora em Psicologia pela Universidade de São Paulo, docente adjunta da Universidade Federal de Mato Grosso
do Sul – UFMS. Contato: zairaal@gmail.com.
3. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Psicologia pela Faculdade de Ciências Humanas da Fundação Univer-
sidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS, Bolsista CAPES/CNPq. Contato: regimorais27@gmail.com.
4. Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Psicologia pela Faculdade de Ciências Humanas da Fundação Uni-
versidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS, Bolsista CAPES/CNPq. Contato: renato.mart@gmail.com.
Falo como psicólogo social que define identidade humana como meta-
morfose, ou seja, o processo permanente de formação e transformação
do sujeito humano, que se dá dentro de condições materiais e históricas
dadas.[...] processo que articula a subjetividade e a objetividade, ela é
metamorfose constitutiva do sujeito, localizando-o no mundo, dando-
-se sempre como relação, tanto sincrônica como diacrônica. Evidente-
mente, não se trata aqui de metamorfose como processo natural (como
a borboleta), mas de processo histórico e social, que se dá fundamental-
mente como produção de sentido (CIAMPA, 1998, p.88-93).
Sabemos que as identidades culturais não são rígidas nem, muito me-
nos imutáveis. São resultados sempre transitórios e fugazes de processos
de identificações. Mesmo as identidades aparentemente mais sólidas,
como a de mulher, homem, país africano, país latino-americano ou
país europeu, escondem negociações de sentido, jogos de polissemia,
choques de temporalidades em constante processo de transformação,
responsáveis em última instância pela sucessão de configurações her-
menêuticas que de época para época dão corpo e vida a tais identidades.
Identidades são, pois, identificações em curso (SANTOS, 1993, p.11).
Conclusão
Referências
BEAUVOIR, Simone de. O Segundo Sexo, v.I, II. Tradução Sérgio Milliet. Rio
de Janeiro: Nova Fronteira, 1980.
ABSTRACT: Taking into account the functions of museums and their essential
relevance, I propose, in this work, to present an analysis, in the light of the museographic
reading from the exhibition Cadafalso, exhibited in the Museum of Contemporary Art of MS
in 2017, by the artist Alessandra Cunha, to Ropre and that it underwent numerous critics,
having a picture seized under the justification that fomented pedophilia.
KEYWORDS: Exposure; Scaffold; Museum
Introdução
2- Exposição Cadafalso
COSTA, Maria Cristina Castilho. Arte, poder, e política: uma breve história
sobre a censura.In: XII Congresso Latinoamericano de Investigadores de la
Comunicación, S.I, S.N. 2014, Lima.
ABSTRACT: The language of Plínio Marcos, more specifically in the play A dança
final (1993), contributes significantly to the discussion about Brazilian dramatic literature
as a privileged field to debate theater through gender struggle. Based on this assumption,
the objective of this article is to perform an analysis of the play from the discourse of the
characters, in order to demonstrate how the narrative highlights the ideological struggle and
power relations between the female and male characters.
KEYWORDS: Gender. Power relations. Dramatic literature.
Referências
________. Dois perdidos numa noite suja. 2. ed. São Paulo: Global Editora,
1979.
1. Autor mestrando em Educação pela Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul (UEMS), licenciado em Artes
Cênicas: Teatro e Dança pela UEMS/UUCG. Especialista em Arte Educação e Cultura Regional do MS. Gradua-
do em Direito pela UNAES. Docente pela Prefeitura Municipal de Campo Grande – componente curricular arte:
Educação Infantil, fundamental I e II. End.: Av Dom Antônio Barbosa (MS-080), 4.155, em frente ao Conjunto José
Abrão. CEP 79115-898 Campo Grande – MS. Mestrado Profissional em Educação (67) 3901-4608. (leoarrudaca-
lixto@gmail.com).
2. Coautora licenciada em Letras (Português/inglês) pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS),
mestre e doutora em Letras pelo Departamento de Teoria Literária e Literatura Comparada da Universidade de São
Paulo (USP). Desde 2006 atua como docente do quadro efetivo da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul,
onde ministra disciplinas na área de Literaturas de Língua Portuguesa, Teoria Literária, Literatura infanto-juvenil e
Literatura e outras artes, na Graduação em Letras, e Literatura infantil e Itinerários culturais no Mestrado Profissional
em Educação (Profeduc). End.: Av Dom Antônio Barbosa (MS-080), 4.155, em frente ao Conjunto José Abrão. CEP
79115-898 Campo Grande – MS. Coordenação Letras Bacharelado (67) 3901-4622. (lucilenecosta@uems.br).
Camuela é uma princesa que ganhou dos bichos do seu reino o apelido
de ‘Princesa Pantaneira’. É alegre, valente e muito esperta. Adora inven-
tar histórias e viver aventuras. Um dia, ao tentar salvar uma princesa,
meteu-se em apuros... Como conseguirá se salvar do reino cor-de-rosa?
(XAVIER FILHA, 2012, p. 38).
Xavier Filha (2012) dá voz a uma menina que foge dos estereótipos
impostos pela sociedade brasileira. Camuela é uma princesa, mas não é branca,
loira, olhos azuis, que vive em um castelo, que será salva por um príncipe, que
usa um vestido cor-de-rosa, é simplesmente uma menina que vive no Pantanal,
não tem medo dos animais da sua região, que joga bola, solta pipa, sobe em
árvore, doma cavalo, salva príncipe preso na torre. Camuela rompe com os
conceitos e preconceitos, “grita” em voz alta quem é ela, mostrando sua
identidade sem que haja vergonha.
Entretanto Camuela um dia conhece uma princesa de contos de
fadas, completamente diferente dela. A princesa do conto de fadas, Rosinha,
apresenta para Camuela o livro chamado: Menina Perfeita, cheio de regras,
logo, a princesa Camuela não se encaixa em nenhuma destas regras. O que
fazer?
Referências
ZILBERMAN, Regina. Como e por que ler a literatura infantil brasileira. Rio de
Janeiro: Objetiva, 2014.
ABSTRACT: This paper aims to discuss elements of the Greek, Yoruba and Judeo-
Christian myths that influenced the imposition of the social role of women, as well as to
demonstrate how unequal relations between women and men are constructed and passed
naturally between generations on the basis of cultural conceptions of each society. Mythology
makes it possible to understand the influence that tales / legends had on the constructed
gender relations, using the devices of power and submission.
KEYWORDS: Myths; Women; Social Construction
Introdução
2- Mitos iorubás
3- Mitos judaico-cristãos
Referências
Introdução
Fomos criados para viver no paraíso, o paraíso estava destinado a nos servir.
Nosso destino foi modificado; que isso tivesse acontecido também com a de-
terminação do paraíso, não é dito em parte alguma. (KAFKA, 2011, p. 202)
1. Graduando em Letras Português / Inglês pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Projeto “A metamorfo-
se metafórica de Franz Kafka”, NECC - Núcleo de Estudos Culturais Comparados. Email: viniciusgs16@gmail.com
2. Doutor em Literatura Comparada pela Universidade Federal de Minas Gerais. Projeto “Paisagens transculturais na
fronteira sem lei”, NECC - Núcleo de Estudos Culturais Comparados. E-mail: ecnolasco@uol.com.br
1- O corpo metamorfoseado
[...] ouviu o gerente soltar um “oh” alto - soava como o vento que zune
- e então Gregor o viu também: era o mais próximo da porta e compri-
mira a mão sobre a boca, enquanto recuava devagar, como se o impelis-
se uma força invisível que continuasse agindo de modo constante. [...]
(KAFKA, 1997, p. 24)
Referências
ANDERS. Günther. Kafka: Pró e Contra. Trad. Modesto Carone. - São Paulo:
Editora Perspectiva S.A, 1969.
SOUZA. Eneida Maria. Crítica Cult. Belo Horizonte: Ed. UMFG, 2002.