Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
COMPORTAMENTO DO
CONSUMIDOR
AULA 2
Olá, aluno, tudo bem? Nesta segunda aula, abordaremos com mais
propriedade alguns fatores de influência direta no consumo. O primeiro deles é
a cultura como mediadora do consumo. Compreenderemos, então, o papel desta
e das subculturas em que estamos inseridos.
O segundo é a idade como mediadora do consumo. Esse ponto é crucial
para a empresa poder se posicionar conforme a faixa etária dos seus
consumidores. Apresentaremos as principais características do consumo infantil,
dos jovens e adultos (gerações X e Y) e das pessoas da geração Baby Boomer,
que hoje estão na terceira idade.
O terceiro é a classe social como mediadora do consumo, a qual
subdividiremos em consumidores de baixa renda, classe C e de produtos de
luxo, pois cada um tem suas particularidades e todos são igualmente
importantes, apesar de alguns ainda não terem sido devidamente explorados.
Já o último fator discutido nesta aula aborda os grupos como
influenciadores do consumo. Neste ponto, entenderemos quem são as pessoas
que têm o poder de influenciar o comportamento de consumo de outras, como
fazem isso e por quê.
Assim, poderemos compreender melhor como abordar nossos clientes e
verificar as melhores estratégias para cada tipo de consumidor.
CONTEXTUALIZANDO
2
TEMA 1 – CULTURA COMO MEDIADORA DO CONSUMO
3
Se você, por exemplo, tivesse que escolher um lugar para aproveitar o
seu feriado de carnaval e digamos que adora festa, optaria pelo Rio de Janeiro
ou Salvador, ou por Porto Alegre ou, quem sabe, um lugar um pouco mais
distante, como Buenos Aires? As duas primeiras opções certamente são mais
convidativas para quem quer pular o carnaval por vários dias, pois existe uma
cultura relacionada à festa nessas cidades. Isso é utilizar de maneira adequada
a cultura para divulgar e vender seu produto ou serviço.
Dos vendedores ambulantes aos hotéis de luxo, todos nessas cidades
vivem o carnaval durante esse período de maneira intensa, gostando ou não, e
devem procurar utilizar estratégias de marketing para divulgar cada vez melhor
os valores procurados pelos consumidores, como diversão, alegria, amizade e
muita folia. Como esses valores estão envolvidos na dimensão cultural, eles
proporcionam aos indivíduos a possibilidade de ser parte integrante de uma
sociedade específica (Karsaklian, 2000).
A cultura é responsável por mediar o consumo dos produtos que atendam
às suas necessidades para que os consumidores possam estar inseridos
naquele meio e fazer parte do que acreditam como satisfatório para atender às
suas expectativas. As empresas, então, devem utilizar essas referências para
situar a sua marca com esse propósito.
1.1 Subcultura
4
Segundo Fisk (2008 citado por Oliveira, 2016), atualmente os
consumidores estão procurando marcas em que possam confiar e se apegar, em
um mundo em rápida mudança, confuso e intimidador. Muitos consumidores dão
preferência para marcas locais ou que representem a cultura da qual pertencem.
Cada vez mais as pessoas estão se subdividindo nessas subculturas e
consumindo produtos feitos apenas para elas. Vejamos como exemplo um
movimento relativamente novo de pessoas que consomem apenas produtos
veganos. Isso não se restringe apenas à alimentação, e, por isso, muitas marcas
de cosméticos e vestuário também estão modificando ou criando novas linhas
de produtos para atender a esse novo segmento.
Essa subcultura já tem diversos serviços que atendem às necessidades
de seus adeptos e compartilham seus ideais nas redes sociais ou em discursos,
promovendo o que estes acreditam, uma vez que não aceitam consumir produtos
que vão contra seus valores. Trata-se, então, de um mercado que tem crescido
vertiginosamente.
Saiba mais
Veja alguns dados sobre o mercado vegano:
<http://emais.estadao.com.br/blogs/comida-de-verdade/mercado-vegano-
cresce-40-ao-ano-no-brasil/>
<http://www.hypeness.com.br/2016/12/primeiro-acougue-vegano-de-sao-paulo-
vende-mais-de-mil-produtos-em-1-hora/>
<http://revistapegn.globo.com/Revista/Common/0,,EMI130934-17153,00-
CRESCE+O+MERCADO+VEGANO.html>
<http://g1.globo.com/jornal-hoje/noticia/2017/03/mercado-voltado-para-o-
veganismo-cresce-no-brasil.html>
5
As empresas devem estar atentas no modo como esses fatores podem
interferir no consumo e tentar se adaptar às mudanças percebidas em
determinada cultura para poderem rapidamente oferecer respostas adequadas
e não perder mercado.
6
família. E essa influência não é apenas para brinquedos, mas também carros,
roupas, alimentos, eletrodomésticos etc. As crianças têm opinião formada sobre
os melhores itens para sua casa. Existem também exceções, como as
aquisições de planos de seguro, combustível e produtos de limpeza – por
enquanto...
A Figura 1 apresenta alguns dados desse estudo sobre o consumo infantil:
7
Um estudo do SPC Brasil e Meu Bolso Feliz (Consumo..., 2015) aponta
que 46,4% das mães admitem não estipular regras para presentear seus filhos,
enquanto 15,6% afirmam que dão presentes apenas em datas comemorativas e
12,7%, nas ocasiões em que a criança cumpre as regras e obrigações da casa.
Saiba mais
Leia mais sobre o consumo infantil na pesquisa disponível em
<https://www.spcbrasil.org.br/uploads/st_imprensa/analise_consumo_infantil_s
etembro_20151.pdf>.
2.2.1 Geração Y
8
cresceu junto com os avanços tecnológicos (computadores, celulares, tablets) e
busca sempre inovações, é hard user da internet e das redes sociais (Facebook,
Instagram, Snapchat, Whatsapp) e tem maior preocupação com o meio
ambiente. Por ter essa necessidade de novidades, está sempre atrás de novos
desafios profissionais e pessoais.
Apesar de muito jovens, esses indivíduos fazem parte da geração que
mais cria tendências de mercado – basta acompanhar as grandes empresas
digitais e startups que muito frequentemente são dirigidas por esse perfil. Além
de estarem no comando das organizações, também são exigentes na compra de
bens e serviços. Têm a facilidade de buscar informações na internet, para
conhecer novos produtos e pesquisar tudo o que lhes interessa.
Para o marketing e a publicidade, esse perfil de consumidor é um desafio,
pois é preciso se adaptar a trabalhar com esses jovens, dos quais, segundo
pesquisa sobre a geração Y realizada pela Edelman Significa
(https://www.edelman.com.br/):
Saiba mais
Leia mais sobre marketing para a geração Y no blog
<https://blog.rackspace.com/pt/marketing-para-geracao-y-voce-esta-fazendo-
errado-infografico>.
9
2.2.2 Geração X
10
de comunicação, era praticamente impossível alcançar essas pessoas e muito
menos estudar seus hábitos de consumo.
Essa é a geração pós-guerra, compreendida entre 1946 e 1964,
aproximadamente, e que pode estar ainda no mercado de trabalho, com cargos
elevados como diretorias, CEOS e presidências de companhias. Nem pense em
chamá-los de velhinhos: o estereótipo da vovó que passa os dias entre cozinhar
delícias e fazer tricô está bem equivocado para as pessoas dessa geração.
11
77% dos entrevistados afirmaram que comprariam mais se as
empresas investissem mais tempo para compreender e atender suas
necessidades e exigências.
12
apesar de mais modesto, também deve ser considerado, pois é um público que
antes só tinha como opção, para comprar artigos de luxo, ir para o exterior, e
esse mercado cresce cada vez mais no Brasil.
Fonte:
13
inclusive, mais importante que o preço, considera fundamental o ser bem
atendido e ter um ambiente agradável (Parente, 2009).
Essas pessoas têm uma preocupação muito grande em serem bons
pagadores e não gostam se desconfiam da sua honestidade. Costumam
comprar os produtos que desejam, em geral eletrônicos e eletrodomésticos, em
crediários e carnês de lojas com parcelamento em várias vezes. Segundo
Monteiro (2008), “O importante é fazer com que a prestação caiba no bolso do
consumidor. Isso porque o grande impulsionador das compras desse segmento
ainda é a possibilidade de pagar em várias prestações e, preferencialmente, sem
juros”.
Outra característica que atrai os consumidores de baixa renda é o
atendimento diferenciado e de confiança, o que faz com que o modelo de venda
direta, do tipo porta a porta, faça tanto sucesso para esses consumidores. “Há
um pote de ouro à espera de empresas que aprendem a construir modelos de
negócios voltados à base da pirâmide de renda” (Prahalad, 2010).
Segundo dados do Datafolha (2006) sobre o consumo das classes D e E,
houve um aumento de 21 para 27 itens consumidos pelas famílias nos últimos
quatro anos. Os produtos que essas famílias mais desejam, caso tenham
aumento de renda e estabilidade, seriam primeiramente imóveis (64%), seguido
de eletrodomésticos (33%) e alimentos (29%).
De acordo com o jornal Gazeta do Povo (Os desafios..., 2007), algumas
empresas, de olho nesse vasto público, já adotaram algumas estratégias
diferenciadas de marketing e publicidade para se destacarem no mercado
voltado às classes mais baixas:
14
que atualmente tem participação de 23% nesse mercado, fabricado na
região de Pernambuco, o que, além de gerar empregos, reduz custos com
deslocamento e armazenagem.
A Kibon transferiu parte de sua fábrica de São Paulo para Pernambuco e
lançou sabores especiais para os nordestinos, como o de cajá, em versão
picolé Fruttare e pote de 2 litros. Outro produto exclusivo para esse
mercado é o chamado Copão, um pote de sorvete de 400 ml com preço
mais acessível.
A Johnson & Johnson descobriu em pesquisa que a marca era percebida
como destinada apenas às classes com maior poder aquisitivo. Para
desmistificar essa ideia, foram realizadas ações de marketing e o
lançamento de produtos específicos para as classes de baixo poder
aquisitivo, como o absorvente Sempre Livre Especial e a linha Johnson
Soft Lotion.
17
7. Querem ser: compradores impulsivos, que misturam marcas caras que
aparecem em revistas ou blogs de moda, sem serem fiéis à marca, mas,
sim, ao status momentâneo que ela promove. Pertencem à classe média
dos Estados Unidos e Europa (Ocidental e Oriental, mais atualmente).
Saiba mais
Conheça outra pesquisa sobre as preferências e o perfil do consumidor
de luxo na página
<http://www.administradores.com.br/noticias/negocios/pesquisa-revela-
preferencias-e-perfil-do-consumidor-de-luxo/22312/>.
Como seres sociais que somos, vivemos em grupos que podem exercer
maior ou menor influência sobre nosso comportamento. Da mesma forma que
outras pessoas influenciam nossa maneira de ser, também podem igualmente
direcionar nossos mecanismos de consumo, fazendo com que tenhamos maior
ou menor interesse por determinado tipo de produto ou marca, se ele for bem ou
mal aceito por aqueles cuja opinião respeitamos.
Segundo Bearden, Netemeyer e Teel (1989), a influência de outras
pessoas pode ser considerada um fator determinante do comportamento de um
indivíduo. Sem avaliar se a informação transmitida por outros é confiável, muitos
consumidores a consideram fonte para estabelecer e avaliar as suas decisões.
Essa maior afinidade/suscetibilidade do consumidor a ser influenciado por
outras pessoas depende de cada um e sofre variações de acordo com a sua
necessidade de identificação com outras pessoas. Também pode ser
aumentada, caso tenha necessidade de melhorar sua imagem segundo a
opinião de outros, principalmente de pessoas que tenham relevância em sua
vida.
Essas pessoas que exercem influência sobre o comportamento dos
consumidores podem fazer isso de maneira direta ou indireta. Os grupos que
influenciam diretamente as pessoas são chamados de grupos de afinidade, que
podem ser ainda subdivididos em grupos primários e secundários.
Fazem parte dos grupos de afinidade primários família, amigos, vizinhos
e colegas de colégio ou trabalho. Já os de afinidade secundários podem ser
conhecidos da igreja, outros profissionais da empresa ou ainda conhecidos da
18
faculdade, mas que não convivem diretamente, porém exercem alguma
influência sobre essas pessoas.
Já os grupos que influenciam indiretamente as pessoas são aqueles em
que não há contato direto, ou seja, os indivíduos não fazem parte do mesmo
grupo da pessoa que sofre influência. Esses grupos são divididos em grupos de
aspiração, isto é, aqueles em que a pessoa tem o desejo de pertencer, e grupos
de dissociação, que são exatamente o oposto do primeiro, ou seja, são aqueles
cujos valores ou comportamentos são rejeitados pela pessoa.
Como pode um desconhecido influenciar um consumidor? Existem muitas
pessoas, famosas ou não, que estimulam as pessoas a se comportarem como
elas, seja pelo estilo de vida que retratam, pelas suas ideias e opiniões, pelo bom
gosto na hora de se vestir ou ainda pelos lugares que frequenta. Hoje a internet
facilita a descoberta dessas pessoas que não conhecem os seus seguidores,
mas conquistam números impressionantes de pessoas que gostariam de ser
como elas. Essas pessoas indicam produtos e serviços para seus seguidores,
influenciando indiretamente a ascensão ou a queda de determinada marca, de
acordo com a opinião que emitem ou a satisfação que demonstram com estes.
Saiba mais
<http://euadministrador.com/como-aumentar-as-vendasutilizando-os-
grupos-de-referencia/>.
19
Pela importância desse aspecto influenciador do consumo, as empresas
devem estar em busca de identificar quais são os grupos de referência e os
líderes de opinião, e descobrir as influências que eles exercem nas escolhas dos
consumidores, as quais podem ser:
TROCANDO IDEIAS
20
NA PRÁTICA
Estudo de caso
Com o poder de alcance da internet, novas profissões surgiram, e, entre elas, uma de
grande destaque e visibilidade é a de Digital Influencer, ou, em português, Influenciador Digital.
Entre as maiores influenciadoras nos segmentos de moda e beleza do Brasil e do Mundo temos
a brasileira Camila Coelho, com mais de 3 milhões de inscritos no canal do YouTube e mais de
6 milhões de seguidores do Instagram.
Camila Coelho é um caso de sucesso, e com 30 anos conquistou o que muitas moças
de sua idade sonham: incontáveis viagens para os melhores destinos do mundo (Paris, Londres,
Milão, Nova Iorque), um closet enorme recheado de peças de grife e presentes constantes
dessas marcas para deixar a moça ainda mais linda, chique e refinada. Além de todos os quesitos
tangíveis, a Influencer esbanja ainda simpatia, alegria e um estilo de vida simples quando está
em família.
Isso faz com que Camila Coelho seja cada vez mais admirada e influencie seus
seguidores, normalmente do sexo feminino e jovens como ela.
Se quiser conhecer mais sobre Camila, acesse:
Site: <http://camilacoelho.com/>.
Instagram: <https://www.instagram.com/camilacoelho/?hl=pt-br>.
Canal no YouTube: <https://www.youtube.com/user/MakeUpByCamila>.
FINALIZANDO
Espero que, ao final desta aula, você tenha entendido quais abordagens
deve adotar para considerar os fatores certos e alavancar o consumo de sua
marca.
21
Primeiramente, vimos que a empresa precisa considerar a cultura e a
subcultura em que as pessoas estão envolvidas, dependendo da sua
nacionalidade, religião e até mesmo gosto musical, que também pode influenciar
a maneira como cada público-alvo consome.
Na sequência, discutimos a importância de conhecer a idade dos
consumidores para que seja possível promover a correta abordagem, e, para
isso, dividimos os consumidores em crianças, gerações X e Y e geração Baby
Boomer.
Entendemos ainda que a renda das pessoas influencia o modo como elas
consomem, e que isso não quer dizer que baixa renda não precisa de publicidade
por só comprar o básico. Pelo contrário: é um segmento que demanda muita
atenção, pois seus consumidores querem ser reconhecidos e valorizados.
Assim, ficou claro que também devemos investir na classe C, que não é tão fiel
às marcas quanto poderia, tampouco como aqueles consumidores das classes
mais abastadas, que querem qualidade e exclusividade.
Para finalizar esses fatores mediadores do consumo, vimos os grupos
influenciadores do consumo, ou seja, aquelas pessoas que exercem influência
direta ou indireta sobre o comportamento de consumo de outras.
Com base nesses conceitos, poderemos compreender melhor como
abordar nossos clientes e verificar as melhores estratégias para cada tipo de
consumidor.
22
REFERÊNCIAS
COMO atrair o consumidor infantil, atender expectativas dos pais e ainda ampliar
as vendas. InterScience, 2003. Disponível em:
<http://criancaeconsumo.org.br/wp-content/uploads/2014/02/Doc-09-
Interscience.pdf>. Acesso em: 28 nov. 2017.
CONSUMO infantil. Meu Bolso Feliz/SPC Brasil, set. 2015. Disponível em:
<https://www.spcbrasil.org.br/uploads/st_imprensa/analise_consumo_infantil_s
etembro_20151.pdf>. Acesso em: 28 nov. 2017.
23
OLIVEIRA, F. G. B. de. Comportamento do consumidor: os fatores de influência.
Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento, ano 1, v. 9, p
613-630, out./nov. 2016.
24