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Estratégias de Promoção de
Saúde do Idoso: noções de
nutrição aplicada

Iara Gumbrevicius
© 2018 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro

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Editorial
Leonardo Ramos de Oliveira Campanini
Mariana de Campos Barroso
Paola Andressa Machado Leal

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Gumbrevicius, Iara
G974e Estratégias de promoção de saúde do idoso: noções
de nutrição aplicada / Iara Gumbrevicius – Londrina:
Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2018.
101 p.

ISBN 978-85-522-0652-1

1. Saúde do Idoso. 2. Nutrição aplicada. I. Gumbrevicius,


Iara. II. Título.

CDD 610

Thamiris Mantovani CRB: 8/9491

2018
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
SUMÁRIO

Tema 1: Aspectos nutricionais do envelhecimento.................... 5

Tema 2: Nutrição do idoso frágil


segundo critérios de fragilidade.................................................... 18

Tema 3: Distúrbios nutricionais ligados


à composição corporal.................................................................... 31

Tema 4: Distúrbios relacionados


ao sistema digestório e nutrição................................................... 43

Tema 5: Preditores de desnutrição no idoso............................... 59

Tema 6: Avaliação nutricional do idoso....................................... 71

Tema 7: Necessidades nutricionais do idoso............................... 89

Tema 8: Nutrição do paciente grave............................................ 101


APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

A disciplina Estratégias de Promoção de Saúde do Idoso: noções de nutrição


aplicada, aborda os principais aspectos nutricionais que têm grande impacto
durante o processo de envelhecimento. Inicialmente, serão abordados os
aspectos nutricionais do envelhecimento, com foco nos cuidados que os
profissionais de saúde devem se atentar e promover mais qualidade de vida
aos idosos, no que tange a alimentação saudável para essa população alvo.

Em seguida, será apresentado a você, o quanto e como a nutrição pode


contribuir para esse grupo de indivíduos, face os critérios de fragilidade a que
eles estão expostos. Será apresentado, na sequência, alguns distúrbios nutri-
cionais e fatores de risco para o estado nutricional adequado dessas pessoas,
por exemplo, caquexia, obesidade, baixo peso, entre outras condições
clínicas. Serão discutidos, também, alguns problemas relacionados às alte-
rações fisiológicas que promovem uma má alimentação e nutrição do idoso,
como disfagia, disgeusia, refluxo gastroesofágico e constipação intestinal.

Dando continuidade aos conteúdos, você saberá quais são os preditores


de desnutrição no idoso, condição que está associada diretamente a maior
risco de morbimortalidade nessa faixa etária. Em seguida, serão contem-
plados os processos de avaliação nutricional e necessidades energéticas
do idoso. A disciplina será finalizada com a apresentação dos aspectos
nutricionais do paciente grave, condição encontrada com frequência nas
unidades de terapia intensiva dos hospitais.

Ao término destas aulas, você será capaz de conhecer a grande impor-


tância da nutrição no processo de envelhecimento e terá oportunidade de
atuar em equipe multiprofissional, com uma maior carga de conhecimento
a respeito desse sábio e experiente grupo frágil.
1 Aspectos
nutricionais do
envelhecimento
Objetivos Específicos
• Conhecer os aspectos nutricionais envolvidos no processo do envelhecimento.

• Entender quais necessidades nutricionais devem ser monitoradas no período de envelhecimento.

• Avaliar e aplicar os conceitos da nutrição para estabelecer a necessidade de tratamento e/ou

acompanhamento nutricional durante o envelhecimento.

• Compreender os aspectos relacionados à alimentação saudável de forma a promover uma

nutrição adequada durante o processo de envelhecimento.

• Melhorar a qualidade de vida de pessoas idosas, por meio de recomendações e cuidados nutri-

cionais práticos. 

Introdução
O processo de envelhecimento é totalmente natural, contudo, atualmente tem sido um desafio

para a área da saúde, pois é um fenômeno crescente e global, tanto considerando países desenvol-

vidos – que classificam o indivíduo como idoso a partir dos 65 anos de idade – quanto em países em

desenvolvimento – que consideram uma pessoa idosa já a partir dos 60 anos de idade.

Estima-se que, entre os anos de 2010 e 2050, o número de hispânicos idosos aumentará de 2,8

milhões para 17,5 milhões. No Brasil, a pirâmide etária foi invertida nas últimas 7 décadas e espera-

se, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que o número de idosos

com 80 anos ou mais alcance mais de 19 milhões de indivíduos (BRASIL, 2016).

Alguns indivíduos se adaptam muito bem ao processo de senescência, enquanto outros desenvolvem

doenças, fragilidades, entre outras condições indesejáveis, constatando, assim, a senilidade. Diante

desse contexto, é importante sabermos que deverá haver um planejamento dietético diferenciado para

cada condição e é essencial que o profissional da saúde saiba a importância desse tipo de cuidado.

O envelhecimento pode ocorrer de diversas formas, com funções fisiológicas e demais alterações

em constantes mudanças durante esse processo. Estas condições determinarão o risco nutricional e,

consequentemente, a qualidade de vida do idoso.

6
Sendo assim, o cuidado nutricional é singular, uma vez que esta área representa potencial papel

na redução de riscos de doenças, principalmente as doenças crônicas não transmissíveis, assim

como na terapêutica para indivíduos com idade mais avançada. O envelhecimento pode impactar,

de forma negativa, no estado nutricional do idoso, não só em relação ao consumo alimentar, mas

também na absorção dos nutrientes (macronutrientes e micronutrientes). Assim sendo, é de suma

importância conhecer os aspectos nutricionais desse processo, a fim de promover mais saúde e qua-

lidade de vida aos idosos.

1.1 Mudanças fisiológicas e


alterações no processo de
envelhecimento
Além dos aspectos econômicos, psicossociais, geográficos e das condições clínicas pré-existen-

tes, uma das grandes preocupações no processo de envelhecimento são as alterações fisiológicas e

metabólicas do próprio processo de envelhecer, as quais podem aumentar o risco nutricional.

No Quadro 1, você poderá conhecer os determinantes fisiológicos e metabólicos potenciais das

necessidades e ingestões de nutrientes em adultos com idade mais avançada. Esses fatores influen-

ciam fortemente as necessidades nutricionais do idoso e devem ser rotineiramente considerados

nessa fase da vida.

7
QUADRO 1 - Determinantes fisiológicos e metabólicos potenciais das necessidades e ingestões de nutrientes
em adultos com idade mais avançada

Variações Fator ou condição Efeito sobre as necessidades dietéticas

Necessidade energética reduzida; maior


Redução do gasto energético total e da
necessidade de dietas densamente ricas
atividade física
em nutrientes

Necessidade de maior ingestão proteica;


Perda de massa e força muscular comprometimentos funcionais que podem
limitar o acesso aos alimentos
Mudanças
fisiológicas Possível aumento na necessidade de ferro,
Declínio do processo imune
zinco e outros nutrientes

Modificações bucais prejudiciais ou


Redução na quantidade e na qualidade da
nocivas
ingestão de nutrientes
Aumento nas necessidades nutricionais de
Distúrbios gastrintestinais, como gastrite
cálcio,  ferro, vitaminas K,  B9 e B12
atrófica

Menopausa Redução no consumo de ferro

Menor síntese cutânea de vitamina


D3;  ativação renal prejudicada ou
Maior necessidade de vitamina D e cálcio
comprometida da 1,25 (OH)2D e baixa
resposta intestinal a essa vitamina

Maior retenção de vitamina


Menor necessidade de vitamina A
Alterações A;  metabolismo hepático modificado
metabólicas Necessidades hídricas possivelmente
Reduzida capacidade na regulação do
aumentadas ou diminuídas; necessário
equilíbrio hídrico
monitoramento de fluidos

Aumento das necessidades de vitaminas


Aumento do estresse oxidativo
A, E e C

Aumento da concentração de Aumento das necessidades de vitaminas


homocisteína B6, B9 e B12.

FONTE: Adaptado de Blumberg (1997 apud FERREIRA,  2012); Bales e Johnson (2016).

8
Em relação às alterações metabólicas, temos alguns aspectos que envolvem a terapia nutricional,

a saber: as necessidades energéticas, com o avançar da idade, são reduzidas. Em alguns casos, as

necessidades proteicas podem estar aumentadas, principalmente quando há perda de massa magra,

desnutrição ou alguma doença que exija maior aporte proteico.

De acordo com estudos, a suplementação de vitamina D, com ou sem cálcio, associa-se com

menor risco de fraturas em idosos. Com o envelhecimento, muitos indivíduos apresentam déficits

de vitaminas B12, folato (B9) e B6. A deficiência de vitamina B12 tem alta prevalência em idosos e

pode ser atribuída à presença de gastrite atrófica – cuja prevalência chega a alcançar cerca de 30%

dos idosos –, ressecção gástrica, presença da bactéria Helicobacter pylori, anemia perniciosa, uso

de determinados fármacos, como bloqueadores de secreção ácida gástrica e inibidores de bomba de

prótons, dentre outros fatores.

Os minerais como zinco, por exemplo, merecem atenção, pois embora não seja muito frequente

sua carência, quando esta ocorre, o sistema imune do idoso - que normalmente apresenta um declí-

nio com o avançar da idade, pode ser comprometido. Nesse caso, o indivíduo

estará mais suscetível a infecções e doenças.

A suplementação de micronutrientes

deve ser feita após comprovação de sua

deficiência e tem a finalidade de reduzir o 


Para saber mais
risco de desenvolvimento de doenças ou em nutrição, são utilizadas tabelas de
recomendações nutricionais que estabelecem a ne-
somente para manutenção da vida. O uso cessidade nutricional que cada indivíduo apresen-
ta, seja macro e/ou micronutrientes, fibras e água.
prolongado de suplementos vitamínico- Você verá, com muita frequência, o uso das Dietary
Reference Intakes (DRI), que são os níveis de In-
mineral não é indicado para todos os ido- gestão Diária Recomendada (IDR). Para conhecer
sua aplicabilidade e seus valores de recomendações
sos e o profissional de saúde deverá sempre nutricionais, leia o artigo de PADOVANI, Renata
Maria et al., Dietary reference intakes: aplicabili-
avaliar os riscos e os benefícios dessa con- dade das tabelas em estudos nutricionais.  Revista
de Nutrição, 2006. Disponível em <http://bvsms.
duta. É importante que você saiba, caro(a) saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_terapia_nu-
tricional_atencao_especializada.pdf>. Acesso em:
aluno(a), que toda decisão sobre quais-
10 maio 2018.
quer procedimentos relacionados ao uso de 

9
nutrientes, acima das recomendações preconizadas por órgãos competentes, deve ser amparado

por estudos científicos.

A perda de massa magra, das capacidades sensoriais, problemas bucodentários, alterações no

trato digestório, anorexia, desidratação, entre outras alterações fisiológicas no indivíduo idoso serão

apresentadas a você, prezado(a) aluno(a), nos temas subsequentes, em que trataremos, individu-

almente, cada caso. Entretanto, a partir de agora, você vai conhecer algumas orientações que o

Ministério da Saúde preconiza para oferecer melhor qualidade de vida aos idosos, em relação à ali-

mentação saudável, por meio do documento “Alimentação saudável para a pessoa idosa: um manual

para profissionais de saúde” (BRASIL, 2009). De acordo com esse manual,

são contempladas, por exemplo, as seguintes orientações para a promoção

de uma melhor alimentação ao idoso:

• Tornar o ambiente de preparo e de



refeições agradável ao idoso. Exemplificando
a leitura dos rótulos de alimentos deve ser uma
• Observar atentamente a procedên- prática rotineira para quaisquer indivíduos, prin-
cipalmente pelos idosos, a fim de se buscar pro-
cia, prazo de validade, característi-
dutos mais saudáveis. A leitura deve ser feita com
cas gerais dos alimentos, conserva- atenção, pois, desta forma, poderá ser observada
a presença de quantidades de sódio, carboidratos,
ção das embalagens e temperatura, no gorduras totais e seus respectivos tipos, presença
ou não de glúten, fenilalanina, assim como o valor
momento da aquisição destes. calórico referente à cada porção, além das infor-
mações relacionadas a produtos especiais, como
• Analisar os rótulos dos alimentos. diet, light, entre outras informações.
Desde o ano de 2006, as indústrias de alimentos,
• Atentar aos cuidados relacionados ao no Brasil, são obrigadas a declarar
em seus produtos as seguintes informações: quan-
armazenamento e manuseio dos ali- tidade de energia, carboidratos, proteínas, gordu-
ras totais, gorduras saturadas, gorduras trans, fi-
mentos, envolvendo tanto aspectos de bra alimentar e sódio.
Como o idoso pode apresentar problemas relaciona-
higiene pessoal, quanto na manipula- dos à leitura dos rótulos, é importante orientá-lo a
solicitar ajuda de colaboradores do estabelecimen-
ção dos produtos. to de venda ou contatar o fabricante via serviço de
atendimento ao consumidor - SAC ou, ainda, pelo
• Fracionar a alimentação do idoso em 5 Disque Saúde (0800 61 1997), o qual oferece um
serviço de teleatendimento que poderá auxiliá-lo
ou 6 refeições diárias. em suas dúvidas.


10
• Realizar suas refeições em companhia

de familiares, amigos ou cuidador,

sempre que possível. 


Para saber mais
• Mastigar muito bem os alimentos e a alimentação diária deve ser composta por re-
feições básicas que são divididas em: desjejum, al-
consumi-los sem pressa. moço e jantar, e complementares, que devem ser
intercaladas com duas ou três outras pequenas re-
• Manter a saúde bucal em condições feições, denominadas de lanches: colação (lanche
leve pela manhã) e outros dois lanches, sendo estes
adequadas. o lanche da tarde e a ceia. Essa distribuição con-
tribui para o bom funcionamento intestinal e im-
• Estimular a hidratação durante o dia, pede beliscos fora de hora. É importante que sejam
estabelecidos horários regulares para todas essas
incentivando o consumo de água, não refeições, com intervalos que atendam às carac-
terísticas do trato digestório do idoso. Não podem-
esperando a sensação de sede para os nos esquecer, prezado aluno, que a digestão do
idoso, mesmo considerando condições fisiológicas
ingerir líquidos.
normais, é mais lenta que dos adultos abaixo dessa
faixa etária. Para a pessoa idosa, o correto fracio-
• Atentar à temperatura de consumo
namento das refeições colabora para o oferecimen-
dos alimentos, evitando os extremos to energético e nutricional, além de proporcionar
conforto e manutenção do apetite.
(muito quentes e muito frias). 

• Apresentar as refeições de forma atra-

tiva ao idoso.

• Selecionar os talheres e utensílios adequados a cada caso.

É importante, caro(a) aluno(a), que você

saiba que quaisquer recomendações forne- 


Link
cidas ao idoso deve ser feita após criteriosa para você aprofundar um pouco mais seu conhec-
imento sobre o processo de envelhecimento, con-
avaliação do seu estado de saúde, e sem- heça uma abordagem especial: idosos com Sín-
drome de Down (SD). Atualmente, não é incomum
pre que necessário, devem ser adaptadas a
indivíduos com SD chegarem a idades mais avança-
cada caso em específico. das e há que se conhecer o papel da alimentação e
suplementação nesses casos. Leia o artigo de TOR-
Em relação ao número e tamanho das RES, Andreia Araujo Lima. Aspectos nutricionais as-
sociados ao envelhecimento de indivíduos com sín-
porções indicadas nos guias e manu- drome de Down: uma revisão integrativa.  Revista
Brasileira de Ciências do Envelhecimento Humano,
ais de alimentação saudável para o idoso, v. 13, n. 3, 2017. Disponível em: <http://seer.upf.
br/index.php/rbceh/article/view/5798/pdf>. Aces-
este deve ser orientado a procurar um so em: 05 maio 2018.


11
profissional nutricionista, que é quem será

responsável pela avaliação do estado nutri-

cional do indivíduo, estabelecimento de 


Assimile
suas necessidades energéticas e nutricio- os 10 passos para uma alimentação saudável para o
idoso, segundo o documento “Alimentação saudável
nais, elaboração de um planejamento die- para a pessoa idosa: um manual para profissionais
de saúde” (BRASIL, 2009) são:
tético adequado e acompanhamento nutri- 1- Fazer 3 refeições básicas e no mínimo 2 lanches
intermediários ao dia, não pulando nenhuma re-
cional durante o período que for necessário feição.
2- Incluir 6 porções do grupo de cereais, de preferên-
para cada situação. cia na forma integral e mais natural. São exemplos
de cereais: arroz, milho, trigo (pães, macarrão),
tubérculos (batatas), raízes (mandioca, também
conhecida como aipim ou macaxeira).
3- Consumir, no mínimo, três porções de legumes
Questão para reflexão e verduras e três porções ou mais de frutas, diari-
amente.
4- Consumir arroz e feijão, no mínimo, cinco vezes
No Guia Alimentar para a População por semana e, preferencialmente, todos os dias, em
função do ajuste proteico completo que essas duas
Brasileira (BRASIL, 2014), você encon- preparações proporcionam.
5- Consumir três porções diárias de leite e derivados
tra diversas recomendações para a rea- e uma porção de carnes magras (a gordura apar-
ente, assim como as peles, devem ser retiradas an-
lização de uma alimentação saudá- tes do preparo).
6- Utilizar, no máximo, uma porção de gorduras
vel (disponível, na íntegra, no ende- (óleo vegetal, margarina, manteiga ou azeite) ao
dia.
reço <http://www.paho.org/bra/index. 7- Consumir produtos industrializados, no máximo,
duas vezes por semana.
php?option=com_docman&view=- 8- Diminuir a quantidade de sal nas refeições e re-
tirar o saleiro da mesa.
document&category_slug=seguran- 9- Ingerir, no mínimo, 2 litros de água por dia, pref-
erencialmente, nos intervalos das refeições.
ca-alimentar-e-nutricao-997&alias=- 10- Praticar, no mínimo, 30 minutos de atividade
física diariamente e evitar o fumo e consumo de
1509-guia-alimentar-para-a-populacao
bebidas alcoólicas.
-brasileira-9&Itemid=965>. Acesso em: 

05 maio 2018). Pensando no indivíduo

idoso, de que forma esse Guia poderia contribuir para o estabelecimento de uma alimentação

saudável para esses indivíduos, no decorrer do processo de envelhecimento?

12
Considerações Finais
• O processo de envelhecimento requer cuidados nutricionais específicos e individuais, dado as

alterações fisiológicas e metabólicas que o organismo sofre nesse ciclo da vida.

• O profissional de saúde deve conhecer e considerar, no ato de sua atuação profissional, os

determinantes fisiológicos e metabólicos potenciais das necessidades e ingestões de nutrientes

em adultos com idade mais avançada.

• As necessidades energéticas, com o avançar da idade, são reduzidas, contudo, alguns nutrien-

tes devem ser suplementados, conforme a necessidade de cada indivíduo, frente à sua condi-

ção clínica.

• O cuidado nutricional, assim como suas respectivas orientações em relação à alimentação sau-

dável para o idoso, deve ser feito considerando desde a aquisição dos alimentos até seu con-

sumo por profissional habilitado.

Glossário
Senescência: envelhecimento. Por extensão, enfraquecimento devido à velhice.

Senilidade: velhice e, por extensão, diminuição das faculdades físicas e intelectuais no idoso.

Risco nutricional: risco de morbimortalidade em função do comprometimento do estado nutricional.

Macronutriente: relacionado aos carboidratos, proteínas e lipídios.

Micronutriente: relacionado às vitaminas e minerais.

13
Verificação de leitura

QUESTÃO 1- De acordo com o documento “Alimentação saudável para a pessoa idosa: um


manual para profissionais de saúde”, do Ministério da Saúde (2009), “A orientação nutri-
cional deve ser um dos componentes da atenção à saúde da pessoa idosa, uma vez que a
alimentação saudável contribui para a promoção da saúde e para a prevenção de doenças.
Os benefícios dessa orientação também se estendem àquelas pessoas idosas que, em
função de algum comprometimento do estado de saúde, requerem cuidados alimentares
específicos. Na atenção à pessoa idosa, a consulta ao nutricionista favorece o planeja-
mento e a adoção de uma alimentação saudável, contribuindo para a segurança alimentar
e nutricional e para a qualidade de vida dessas pessoas” (BRASIL, 2009).

É correto afirmar que o número mínimo de refeições diárias para o idoso deve ser de:
a) 4 a 5.

b) 3 a 4.

c) 5 a 7.

d) 3 a 6.

e) 5 a 6.

QUESTÃO 2- Além das complicações clínicas e outros fatores relacionados às condições


socioeconômicas a que o idoso está sujeito, as necessidades de alguns nutrientes podem
se apresentar alteradas durante o processo de envelhecimento, o que contribui para um
maior risco nutricional.

São exemplos de mudanças fisiológicas e alterações metabólicas que o indivíduo idoso


apresenta, respectivamente:
a) Diminuição do gasto energético e aumento na síntese de vitamina D.

b) Declínio do sistema imune e menor regulação do equilíbrio hídrico.

c) Aumento da força muscular e redução na síntese de vitamina D.

d) Alterações bucais prejudiciais e redução na retenção de vitamina A.

e) Distúrbios gastrintestinais e aumento da absorção intestinal de vitamina D.

14
QUESTÃO 3-O cuidado nutricional ao indivíduo idoso é singular, uma vez que esta área repre-
senta potencial papel na redução de riscos de doenças, principalmente as doenças crônicas
não transmissíveis, assim como na terapêutica para indivíduos com idade mais avançada.

I. O envelhecimento pode impactar, de forma negativa, no estado nutricional do idoso.

PORQUE

II. Não só o consumo alimentar do idoso pode ser restrito, não se apresentado adequado
às suas recomendações nutricionais, mas também a absorção dos nutrientes pode ser ina-
dequada, dadas as alterações metabólicas e fisiológicas que este grupo apresenta.

Avalie as asserções e a relação entre elas proposta. A respeito dessas asserções, qual a
alternativa a seguir corresponde a afirmação correta?
a) A asserção I é uma proposição verdadeira e a II é uma proposição falsa.

b) As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II não é justificativa da I.

c) As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II é uma justificativa da I.

d) As asserções I e II são proposições falsas e a II não justifica a I.

e) A asserção I é uma proposição falsa e a II é uma proposição verdadeira.

15
Referências Bibliográficas
BALES, C. W.; JOHNSON, M. A. Nutrição em adultos com idade mais avançada. In: ROSS,
A. C. et al. Nutrição Moderna de Shills: na saúde e na doença. 11. ed. Barueri: Manole,
2016. Cap. 56. p. 747-759.

BRASIL. Governo Federal. Em 2060, Brasil terá 19 milhões com mais de 80 anos.
Governo do Brasil, 2016. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/economia-e-em-
prego/2016/10/em-2060-brasil-tera-19-milhoes-com-mais-de-80-anos>. Acesso em:
05 maio 2018.

______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção


Básica. Alimentação saudável para a pessoa idosa: um manual para profissionais de
saúde. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2009. 36 p. Disponível em: <http://
bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/alimentacao_saudavel_idosa_profissionais_saude.
pdf>. Acesso em: 05 maio 2018.

______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção


Básica. Guia alimentar para a população brasileira. 2. ed., 1. reimpr. Brasília: Ministério
da Saúde, 2014. 156 p.

FERREIRA, M. J. L. L. Carências Nutritivas no Idoso. 2012. 83 f. TCC (Graduação) - Curso


de Gerontologia Social, Unidade Curricular de Supervisão de Estágio e Estágio em Insti-
tuições de Saúde Ou Turismo, Escola Superior de Educação João de Deus, Lisboa, 2012.
Disponível em: <https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/3565/1/TeseMariaJoao-
Ferreira.pdf>. Acesso em: 05 maio. 2018.

MANUILA, L. et al. Dicionário médico MEDSI. Médica e Científica, 2003.

16
Gabarito

QUESTÃO 1- Alternativa E.
A alimentação diária deve ser composta por refeições básicas que são divididas em: desjejum,

almoço e jantar, e complementares, que devem ser intercaladas com duas ou três outras pequenas

refeições, denominadas de lanches: colação (lanche leve pela manhã), e outros dois lanches, sendo

estes o lanche da tarde e a ceia. Esse fracionamento contribui para o bom funcionamento intestinal

e impede beliscos fora de hora.

QUESTÃO 2- Alternativa B.
São exemplos de mudanças fisiológicas e alterações metabólicas que o indivíduo idoso apresenta,

respectivamente: declínio do sistema imune e menor regulação do equilíbrio hídrico.

O sistema imunológico do idoso apresenta uma queda da imunocompetência, que pode ser expli-

cada pelo aumento na necessidade de ferro, zinco e outros nutrientes, cujas fontes alimentares des-

ses nutrientes podem ser consumidas em menor quantidade que o recomendado. Já em relação

a alteração metabólica que os idosos podem sofrer – pertinente a menor regulação do equilíbrio

hídrico – pode se dar pela necessidade maior ou menor dessas necessidades e também pela falta de

monitoramento constante frente a alterações que possam ocorrer nesse ciclo da vida.

QUESTÃO 3- Alternativa C.
Com o avançar da idade, o consumo alimentar se apresenta, geralmente, diminuído, o que inter-

fere diretamente na ingestão nutricional recomendada. Além disso, a absorção dos nutrientes, mui-

tas vezes, apresenta-se comprometida, pois com o envelhecimento, as alterações metabólicas e

fisiológicas se tornam cada vez mais presentes, comprometendo seu funcionamento normal.

17
2 Nutrição
do idoso
frágil segundo
critérios de
fragilidade
Objetivos Específicos
• Conhecer os aspectos relacionados à fragilidade do idoso.

• Identificar os parâmetros de diagnóstico clínico da fragilidade do idoso.

• Reconhecer condições ligadas à insegurança alimentar nessa população alvo.

• Reconhecer a importância da alimentação adequada na redução do risco nutricional do idoso.

Introdução
A síndrome da fragilidade é o resultado de alterações biológicas, que são características da idade

avançada, e estas podem se desenvolver em função da presença de uma ou mais doenças. Os ido-

sos podem ou não serem classificados como frágeis. A junção dos fatores fisiológicos e etiológicos

da condição de incapacidades resulta na síndrome da fragilidade que pode ou não se relacionar a

condições de incapacidades e comorbidades.

A alimentação inadequada é um dos fatores determinantes na síndrome de fragilidade do indiví-

duo idoso e essa condição interfere diretamente no estado nutricional nessa fase da vida. Um indiví-

duo idoso frágil terá maiores chances de desenvolver doenças crônicas que, se não forem monitora-

das, serão responsáveis pela ocorrência de outras doenças associadas e, consequentemente, maior

risco de mortalidade.

Idosos são propensos a desenvolver doenças, como diabetes, hipertensão, doenças cardiovascu-

lares, neurológicas, renais, osteoporose, entre outras, e a alimentação é fundamental para reduzir o

risco dessas ocorrências. A nutrição do idoso frágil deve ser acompanhada por profissional nutricio-

nista, em conjunto com uma equipe multidisciplinar, de maneira efetiva e durante todo o processo de

envelhecimento, seja com intuito de promover reeducação alimentar, seja como forma de melhorar

sua qualidade de vida.

19
2.1 Influência do estado nutricional
na fragilidade do idoso
Na década de 80, o termo fragilidade começou a ser citado nos estudos científicos e, somente

no início do ano 2000, foi definido o fenótipo da fragilidade, pelo grupo de

pesquisas da Dra. Linda Fried (2001). Segundo esses pesquisadores, fragili-

dade é o resultado de alterações biológicas

que se associam à idade, resultado de uma



ou mais doenças. Para saber mais
prezado(a) aluno(a), não confunda fragilidade com
Fried et al. (2001) englobou, para auxiliar
incapacidade e comorbidade. Incapacidade pode
no diagnóstico do fenótipo da fragilidade, a ser conceituada como a presença de uma ou mais
dificuldades para realizar atividades do dia a dia,
percepção do idoso para sensação de fra- como, tomar banho, andar, alimentar-se, vestir-se,
entre outras. Já a comorbidade é referenciada
queza, redução da capacidade de conseguir quando há presença de, no mínimo, duas doenças
diagnosticadas na mesma pessoa, independente do
fazer atividades e diminuição do desempe- impacto que essas enfermidades causem, sejam de
ordem clínica ou funcional.
nho físico, que podem promover a incapa- 

cidade funcional. De uma forma geral, são

considerados os seguintes critérios para

diagnóstico da fragilidade (FRIED et al., 2001 apud TOMMASO, 2016):

• Perda de peso não intencional: ≥ 4,5

kg ou 5% ou mais do peso corporal no

último ano. 
Assimile
• Redução da força de preensão palmar, o Índice de Massa Corpórea (IMC) é obtido por meio
da fórmula:
medida com dinamômetro e ajustada

para gênero e índice de massa corpo-



ral (IMC).

• Diminuição da velocidade de marcha

em segundos.

20
• Exaustão a queixas: “eu sinto que faço todas as minhas atividades com muito esforço” e/ou

“eu não consigo continuar minhas atividades”.

• Baixo nível de atividade física medida pelo dispêndio semanal de energia em Kcal (com base no

autorrelato das atividades e exercícios físicos específicos realizados) e ajustada conforme o gênero.

Os pontos de corte utilizados para o diagnóstico clínico são:

Presença de:

a. 3 ou mais critérios = frágeis.

b. 1 ou 2 critérios = pré-frágeis.

c. nenhuma alteração= robustos.

Fonte: Tommaso (2016, on-line).


Exemplificando
Com base nessas informações, o profis-
o Sr. Carlos tem 72 anos de idade e passou por uma
consulta com um médico geriatra, Dr. Roberto, a
sional de saúde tem a possibilidade de clas-
pedido da nutricionista, Dra. Suzana. O Dr. Roberto
sificar o indivíduo como mais ou menos vul- aplicou o questionário preconizado por Fried et al.
(2001), sobre fenótipo da fragilidade. O Sr. Carlos
nerável e, assim, saber quais estão mais relatou ao Dr. Roberto que pesava 58 Kg e, neste
momento, um ano depois dessa última pesagem,
preparados para as adversidades da vida. ele está com 54 Kg e não teria motivos aparentes
para essa perda de peso. O paciente também rela-
Idosos frágeis ou pré-frágeis estarão mais tou sentir-se muito exausto, não conseguindo re-
alizar suas atividades, pois se cansa demais. Estes
dispostos a apresentar complicações clínicas foram alguns dos motivos pelos quais a Dra. Suzana
solicitou que o Sr. Carlos procurasse o Dr. Roberto.
frente a situações de infecções, internações, Com base somente nessas informações, o Dr. Ro-
berto já poderia determina que o Sr. Carlos apresen-
desequilíbrios hídricos, dentre outras. Esses ta fragilidade? O que deverá ser feito nesse caso?
Caro(a) aluno(a), em primeiro lugar, a perda de peso
indivíduos necessitam de mais tempo para do Sr. Carlos foi de mais de 5% em um ano (peso an-
terior a um ano = 58 Kg e peso atual = 54 Kg, logo,
voltarem à sua condição funcional, pois per- a perda foi de 6,9%). As queixas sobre a exaustão do
Sr. Carlos, ao realizar suas atividades, também é um
dem massa muscular, apresentam maiores agravante do seu estado geral. Assim, como foram
encontrados dois critérios positivos, pode-se con-
chances de desenvolverem condições volta-
siderar que o Sr. Carlos apresenta uma situação de
pré-fragilidade, e todas as medidas de cuidados de-
das a estados inflamatórios e trombóticos e
verão ser imediatamente tomadas, a fim de evitar
apresentam maior risco nutricional. que sua condição clínica evolua para uma condição
de fragilidade.


21
Dentre os critérios adotados para diagnóstico da fragilidade, existem outros instrumentos que

podem ser utilizados, como a Escala de Fragilidade de Edmonton (EFE). Outras ferramentas avaliam

a capacidade funcional do idoso, porém não focam a fragilidade, sendo elas:

• Escala de Katz - avalia as atividades básicas da vida diária (ABVD).

• Escala de Lawton - avalia as atividades instrumentais da vida diária (AIVD).

• Escala Internacional de Eficácia de Quedas.

• Miniexame do Estado Mental.

• Medida de Independência Funcional - avalia o desempenho e a capacidade funcional de idosos.

Um estudo sobre a fragilidade de idosos Brasileiros, feito com 3075 voluntários de seis cidades

brasileiras, utilizou as seguintes variáveis na pesquisa: idade, gênero, índice de massa corpórea

(IMC), circunferência de cintura, relação cintura-quadril e classificação da fragilidade, baseada no

fenótipo físico. Os resultados mostraram que a fragilidade foi mais frequente a partir dos 75 anos de

idade, em voluntários idosos com IMC < 23 kg/m2 e também em idosos com valores altos de relação

cintura-quadril e muito altos para circunferência da cintura.

A conclusão que os autores chegaram foi de que a fragilidade teve relação com pessoas de idades

mais avançadas, desnutrição e elevada concentração de gordura abdominal. Esse estudo comprovou

a necessidade, durante a prática clínica, da realização de avaliação nutricional, dada sua importância

na identificação dos estados nutricionais relacionados à incapacidade funcional e morbimortalidade

(MORETTO et al., 2012).

Uma pesquisa qualitativa, desenvolvida na cidade de Porto Alegre, em 2014, com idosos de idade

média de 88 anos, portadores de mais de três comorbidades, teve como objetivo avaliar as caracte-

rísticas dos idosos frágeis, a fim de fornecer assistência integral, servindo de subsídio para a imple-

mentação de estratégias, programas e políticas de saúde pública destinadas à essa população alvo.

Os resultados obtidos assinalaram diversos fatores que podem predispor a desnutrição no idoso,

como: dificuldade no acesso a compra e preparo de alimentos (em função da dependência de outras

pessoas), solidão ao realizar suas refeições, falta de motivação para o autocuidado, baixa ingestão

22
hídrica, uso de próteses sem ajuste ade-

quado, disfagia, problemas associados a sua

vida social, entre outros. 


Para saber mais
Essa pesquisa, feita em uma Unidade de Mais: com o processo de envelhecimento, o peso
corporal geralmente aumenta, porém, a partir dos
Saúde em que 14% da população ali atendida 75 anos de idade, esse processo é revertido e ocorre
perda de peso e aumento do risco de desnutrição.
apresenta mais de 60 anos de idade, mostra Praticamente todas as modificações durante o env-
elhecimento contribuem para a ocorrência de alter-
a necessidade de se desenvolver políticas e ações na composição corporal. As maiores tendên-
cias durante esse período são: obesidade, perda de
programas públicos destinados à população massa magra (massa livre de gordura) e água cor-
poral, além do comprometimento da elasticidade e
idosa para proporcionar melhor qualidade de modificações no tecido conjuntivo (DE CÁSSIA DE
AQUINO et al., 2015).
vida e um processo de envelhecimento sau- 
dável (BERTOLINI, 2014).

As doenças mais comuns associadas ao

envelhecimento são: hipertensão arterial, diabetes, dislipidemias, doenças cardiovasculares, osteo-

porose, osteoartrite, doenças renais e neurodegenerativas. Neste contexto, as recomendações nutri-

cionais devem ser específicas para cada caso e o profissional nutricionista deverá fazer o acompanha-

mento nutricional periódico, em conjunto com a equipe multidisciplinar. A insegurança alimentar deve

ser considerada sempre, uma vez que apresenta riscos potenciais em adultos

acima de 60 anos de idade e é associada a vários problemas de saúde.

Você conhecerá, prezado(a) aluno(a), as

recomendações energéticas em um dos pró-

ximos temas da disciplina e saberá, também, 


Link
quais parâmetros são importantes na ava- conheça a caderneta de saúde da pessoa idosa, um
instrumento importante para todo profissional de
liação nutricional do idoso. O conhecimento saúde, que deve ser utilizado durante o acompan-
hamento do idoso.
desses conteúdos é fundamental para a Brasil. Ministério da Saúde. Caderneta de Saúde da
Pessoa Idosa. 3. ed. Brasília, 2014. Disponível em:
obtenção de qualidade de vida durante o http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cader-
neta_saude_pessoa_idosa_3ed.pdf. Acesso em: 05
envelhecimento, principalmente quando é maio 2018.

diagnosticada a síndrome da fragilidade.

23
Em estudo feito com voluntários idosos para avaliar o perfil clínico-nutricional e alimentar, na

cidade de Ouro Preto, Minas Gerais, observaram-se os seguintes resultados: a maioria dos idosos

apresentou excesso de peso, adiposidade na região abdominal e alterações na glicemia e hiperten-

são. Em termos nutricionais, os voluntários tinham alto consumo de produtos alimentícios ultrapro-

cessados e de alto índice glicêmico, embora consumissem, no seu dia a dia, alimentos saudáveis,

como arroz, feijão, frutas e hortaliças. Esses resultados mostram a importância de se elaborar e apli-

car intervenções alimentares específicas, de fundo educativo, aos idosos com fragilidade, e também

aos idosos em geral, para se obter controle e redução de riscos de doenças crônicas correlacionadas

às práticas alimentares impróprias (DE ANDRADE PREVIATO et al., 2015).

Programas de assistência alimentar e nutricional para idosos são muito importantes e se desti-

nam aos indivíduos que se apresentam em situação de vulnerabilidade social e insegurança alimen-

tar. Os idosos frágeis são predispostos a modificações nutricionais, devido às alterações fisiológicas e

sociais, presença de doenças crônicas, uso de medicações, problemas com a alimentação, depressão

e alterações de mobilidade com dependência funcional.

Questão para reflexão


A fragilidade se torna mais evidente com o avançar da idade e tem forte relação com a com-

posição corporal que, quando se apresenta em proporções inadequadas, o torna mais predisposto

ao desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis, a exemplo do diabetes, hipertensão,

doenças cardiovasculares, entre outras. Pensando na importância do acompanhamento nutricional

durante todo o processo de envelhecimento, qual idade você, caro(a) aluno(a), julga importante ini-

ciar esse tipo de cuidado? Como a nutrição pode colaborar no processo de envelhecimento? Em que

situações o conhecimento do estado nutricional do idoso pode ser importante?

24
Considerações Finais
• Todas as alterações que ocorrem no organismo humano devido ao envelhecimento e a quali-

dade desse processo estão relacionadas a diversos fatores, sendo o cuidado nutricional um dos

fatores mais importantes desse conjunto.

• Há necessidade veemente de se implantar e atualizar programas de assistência alimentar e

nutricional para idosos, uma vez que essa população é altamente vulnerável a modificações

que impedem uma adequada qualidade de vida.

• Atualização constante sobre protocolos de assistência nutricional e redução de riscos de doen-

ças aos idosos devem ser implantados, uma vez que esse grupo exige cuidados constantes.

• O estado nutricional do idoso tem forte relação com a fragilidade e com cuidados nutricionais,

podendo atenuar os índices de fragilidade e, até mesmo, reduzir muito o seu desenvolvimento.

Glossário
Disfagia: sensação consciente da passagem dos alimentos através do esôfago e que pode estar

associado a doenças inflamatórias, motoras, entre outras.

Comorbidade: estado do que é doente; doença.

Osteoartrite: termo empregado ao processo degenerativo da cartilagem articular, com sintomas

de dor ao movimento, derrame articular, entre outros.

Fonte: Dicionário médico (2014, on-line).

25
Verificação de leitura

QUESTÃO 1- A fragilidade do idoso não é identificada de forma fácil e rápida e, em muitos


casos, só é diagnosticada após a perda de capacidades funcionais. Linda Fried, em 2001,
estabeleceu alguns critérios que auxiliam no diagnóstico da fragilidade do idoso.

Em relação ao peso corporal, é correto afirmar que a perda de peso não intencional, para
se caracterizar um critério de identificação de fragilidade biológica, deve ser:
a) ≥ 5,0 kg ou 5% ou mais do peso corporal no ano anterior.

b) ≤ 4,5 kg ou 5% ou mais do peso corporal no ano anterior.

c) ≥ 5,4 kg ou 6% ou mais do peso corporal no ano anterior.

d) ≥ 5,0 kg ou 6% ou mais do peso corporal no ano anterior.

e) ≥ 4,5 kg ou 5% ou mais do peso corporal no ano anterior.

QUESTÃO 2-O envelhecimento é um processo dinâmico e progressivo, que apresenta al-


terações morfológicas, funcionais, bioquímicas e psicológicas, com crescente perda da
capacidade de adaptação do idoso ao meio ambiente. Analise as afirmações a seguir:

I- Nessa fase pode haver maior prevalência de doenças, porém estas não se relacionam a
maiores inabilidades com as perdas que se manifestam.

II- As modificações no processo de envelhecimento, que podem levar o indivíduo a casos


de fragilidades, incluem seu papel social, financeiro, posição social, independência e es-
trutura anatômica.

III – A fragilidade no idoso é marcada por uma síndrome clínica cujos sinais e sintomas são
preditores de muitas complicações em sua saúde, aumentando o risco nutricional.

IV- A fragilidade do idoso é uma condição muito importante que pode ser facilmente evi-
tada, não sendo considerada como um problema de saúde pública.

Estão corretas somente as afirmações:

26
a) I e II.

b) I e III.

c) II e III.

d) I, II e IV.

e) I e IV.

QUESTÃO 3- Programas de assistência alimentar e nutricional para idosos são muito im-
portantes, principalmente na vigência de um quadro de síndrome de fragilidade. Imagine
que você é um profissional da saúde e irá atender um grupo de idosos de 85 anos de idade.
Esses idosos são propensos a desenvolver modificações nutricionais, que podem ocorrer
devido às alterações fisiológicas e sociais, presença de doenças crônicas, uso de medica-
ções, depressão e alterações de mobilidade com dependência funcional, além de:
a) Melhora de suas condições físicas.

b) Problemas com a alimentação.

c) Discussões com colegas no local de trabalho.

d) Maior autonomia para se alimentar.

e) Menor risco nutricional.

27
Referências Bibliográficas
BERTOLINI, C. M. Idoso frágil: percepções sobre alimentação e nutrição. 2014.
DE ANDRADE PREVIATO, H. D. R. et al. Perfil clínico-nutricional e consumo alimentar de
idosos do Programa Terceira Idade. Demetra: Alimentação, Nutrição & Saúde, Ouro
Preto, v. 10, n. 2, p. 375-387, 2015.
DE CÁSSIA DE AQUINO, R. et al. Planejamento dietético no envelhecimento. In: TUCUN-
DUVA PHILIPPI, S.; DE CÁSSIA DE AQUINO, R. Dietética: princípios para o planejamento
de uma alimentação saudável. São Paulo: Manole, 2015. cap. 12, p. 341-370. v. 1.
DICIONÁRIO Médico. [S.l.: s.n.], 2014. Disponível em: <http://www.xn--dicionriomdico-
0gb6k.com/>. Acesso em: 05 maio. 2018.
FRIED, L. P. et al. Frailty in older adults: evidence for a phenotype. The Journals of
Gerontology Series A: Biological Sciences and Medical Sciences, v. 56, n. 3, p. M146-
M157, 2001.
MORETTO, M. C. et al. Relação entre estado nutricional e fragilidade em idosos brasi-
leiros. Rev Bras Clin Med, v. 10, n. 4, p. 267-71, 2012.
TOMMASO, A. B. G. D. O conceito de síndrome da fragilidade: será que todo idoso é
frágil? Gen Medicina, 2016. Disponível em: <http://genmedicina.com.br/2016/08/24/o-
conceito-de-sindrome-da-fragilidade-sera-que-todo-idoso-e-fragil/>. Acesso em: 05
maio 2018.

28
Gabarito

QUESTÃO 1- Alternativa E.
Em relação ao peso corporal, é correto afirmar que a perda de peso não intencional, para se

caracterizar um critério de identificação de fragilidade biológica, deve ser ≥ 4,5 kg ou 5% ou mais do

peso corporal no ano anterior.

QUESTÃO 2-Alternativa C.
O envelhecimento é um processo dinâmico e progressivo, que apresenta alterações morfológicas,

funcionais, bioquímicas e psicológicas, com crescente perda da capacidade de adaptação do idoso

ao meio ambiente. Em relação às afirmações, as análises devem ser:

I- Nessa fase pode haver maior prevalência de doenças, porém estas não se relacionam a maiores

inabilidades com as perdas que se manifestam – está incorreto, pois a prevalência de doenças se

relacionam a inabilidades com essas perdas.

II- As modificações no processo de envelhecimento e que podem levar o indivíduo a casos de fra-

gilidades, incluem seu papel social, financeiro, posição social, independência e estrutura anatômica

– está correto.

III – A fragilidade no idoso é marcada por uma síndrome clínica cujos sinais e sintomas são predi-

tores de muitas complicações em sua saúde, aumentando o risco nutricional – está correto.

IV- A fragilidade do idoso é uma condição muito importante que pode ser facilmente evitada, não

sendo considerada como um problema de saúde pública - está incorreto, pois além de não ser tão

facilmente evitada, ela é um problema de saúde pública, pois gera muitos cuidados clínicos, na pre-

sença de doenças, principalmente as crônicas.

29
QUESTÃO 3- Alternativa B.
Programas de assistência alimentar e nutricional para idosos são muito importantes, principal-

mente na vigência de um quadro de síndrome de fragilidade. Imagine que você é um profissional da

saúde e irá atender um grupo de idosos de 85 anos de idade. Esses idosos são predispostos a modifi-

cações nutricionais, que podem ocorrer devido às alterações fisiológicas e sociais, presença de doen-

ças crônicas, uso de medicações, depressão e alterações de mobilidade com dependência funcional,

além de problemas com a alimentação.

30
3 Distúrbios
nutricionais
ligados à
composição
corporal
Objetivos Específicos
• Determinar as condições que levam o idoso ao desenvolvimento do baixo peso.

• Conhecer a importância da informação acerca dos distúrbios nutricionais mais comuns entre

os idosos.

• Identificar os fatores de risco para desnutrição e conhecer os conceitos de caquexia e sarcopenia.

• Saber identificar os riscos nutricionais e as doenças associadas ao sobrepeso e obesidade.

Introdução
Como já sabemos, com o avançar da idade, os indivíduos idosos apresentam alterações impor-

tantes voltadas ao consumo alimentar e, consequentemente, ao seu estado nutricional. A redução

do metabolismo basal, alterações na composição corporal, modificações no trato digestório que

envolvem o metabolismo e absorção dos nutrientes, presença de enfermidades e uso de medica-

mentos diversos, além de reduzida sensibilidade às sensações, por exemplo de sede, corroboram

para déficits nutricionais que devem ser investigados e acompanhados pelos profissionais da saúde,

de forma efetiva e contínua.

O baixo peso, assim como o sobrepeso e a obesidade, são condições que levam o idoso a maior

risco de complicações clínicas. Não só o baixo peso, mas o sobrepeso e a obesidade devem receber

atenção especial dos profissionais de saúde, uma vez que essas condições representam maior risco

nutricional e de morbimortalidade.

A caquexia e a sarcopenia são condições que prejudicam significativamente a qualidade de vida do

idoso, deixando-o mais frágil e cada vez mais, se não tratado com urgência, desnutrido. A desnutrição é

um potencial agravante de óbito em idosos e pode ocorrer por diversos fatores nesse ciclo da vida, sejam

eles voltados às restrições alimentares e/ou socioeconômicas, sejam decorrentes de fatores secundários,

como presença de determinadas doenças, anorexia, inabilidade para se alimentar, dentre outros.

A atuação do profissional de saúde deve ser, preferencialmente, de caráter preventivo, a fim de

evitar que esses distúrbios nutricionais ocorram, porém, essa conduta não é uma prática comum em

32
nosso país e, muitas vezes, somos obrigados a fazer a intervenção clínica de forma curativa. Ainda

assim, é primordial que todos os profissionais de saúde deem total atenção a todo e qualquer tipo de

distúrbio nutricional, pois, independente do fator causador, sabe-se que a presença deste desequilí-

brio nutricional em idosos está relacionada à redução da qualidade e expectativa de vida.

3.1 Baixo peso


O baixo peso pode estar relacionado a diversos fatores no idoso, e em relação aos fatores nutri-

cionais tem-se, por exemplo, a falta de ânimo para preparar suas refeições, passando a consumir

preparações mais rápidas, pobres em nutrientes importantes para sua fase etária e, por outro lado,

ricas em nutrientes calóricos e de baixo teor nutricional.

Algumas condições que também podem interferir na boa alimentação do idoso são: redução da

produção salivar, ausência de dentição completa, entre outros fatores que provocam alterações

importantes no hábito alimentar desses indivíduos. A produção de saliva pode se apresentar alte-

rada em função de alguns tipos de doenças ou pelo uso excessivo de medicamentos diversos, cau-

sando uma condição denominada xerostomia. Na vigência dessa alteração salivar, o idoso não sente

o gosto dos alimentos de forma adequada, possui certa intolerância a determinadas preparações

menos úmidas e acaba reduzindo o consumo de vários alimentos e/ou preparações culinárias.

Segundo Busnello (2007), o baixo peso afeta, de forma importante, a população idosa brasileira,

tanto por sermos um país em desenvolvimento, quanto pela necessidade de melhorias nos serviços

de assistência à saúde dessa população. Em um estudo transversal e quantitativo, com 20 idosos

de Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI), em Erechim-RS, Sperotto e Spinelli (2010)

encontraram alta prevalência de desnutrição (35%) e risco de desnutrição (65%). Souza et al. (2014),

em estudo transversal com 233 idosos de ILPI de Uberlândia/MG, mostrou que o baixo peso teve

associação com a dependência funcional, cerca de 20% acima do encontrado em idosos eutróficos.

A incapacidade funcional tem forte correlação com o baixo peso, uma vez que compromete o

autocuidado, a mobilidade do idoso, a autoestima, entre outros fatores que se relacionam aos cui-

dados nutricionais. É muito comum encontrarmos idosos com desnutrição e incapacidade funcional.

33
2.1.1 Desnutrição
O risco de desnutrição pode ser originado não só por déficits nutricionais e falta de conhecimento

acerca de uma alimentação balanceada, mas também por condições de restrições orçamentárias,

limitações financeiras, redução das capacidades físicas e psicológicas, afastamento social, presença

de doenças, dentre outras. Da mesma forma, agentes secundários podem promover quadros de des-

nutrição em idosos, como inabilidade para se alimentar corretamente, falta de apetite, má absor-

ção nutricional, disfunções orgânicas, aumento da necessidade de aporte nutricional por qualquer

motivo, interação entre nutrientes e/ou entre drogas e nutrientes, dificuldades para mastigar e/ou

engolir, doenças neurológicas, falta de acompanhamento profissional multi-

profissional, entre outros.

A desnutrição é uma das condições nutri-

cionais que mais preocupa os profissionais



da saúde e é uma condição relacionada com Para saber mais
segundo Ramirez-Zea e Caballero (2016), o termo
o aumento da morbimortalidade e natural desnutrição, tecnicamente, inclui a subnutrição e
a supernutrição (obesidade). A maioria das orga-
queda na qualidade de vida do idoso. Um nizações utiliza essa palavra para definir as defi-
ciências nutricionais ou o peso inadequado do cor-
idoso desnutrido tem importante perda de po. O termo desnutrição proteico-calórica (DPC)
é descrito pela depleção das reservas energéticas
massa muscular, deficiências cardiorrespi- e proteicas corporais, em geral, em conjunto com
deficiências de micronutrientes. A DPC pode ser
ratórias, maior susceptibilidade a doenças advinda de uma ingestão alimentar inadequada ou
causada por doenças recorrentes associadas à ab-
infecciosas e estará mais propenso a apre- sorção imprópria no trato gastrintestinal, anorexia
e/ou necessidades nutricionais maiores, sejam por
sentar ou agravar a incapacidade funcional. quaisquer motivos.

Como podemos observar, este é um ciclo

vicioso e que, se não for muito bem cui-

dado, torna-se cada vez mais agressivo, reduzindo muito a qualidade e expectativa de vida no pro-

cesso de envelhecimento.

34
3.2 Caquexia
A caquexia é uma “síndrome metabólica complexa associada a doença subjacente e caracterizada

por perda de musculatura, com ou sem perda de massa adiposa, diferente da inanição e da perda

de massa muscular relacionada com a idade” ou sarcopenia (EVANS, 2008 apud BALES; JOHNSON,

2016, p. 756).

É importante você saber, prezado aluno, que há diferença conceitual entre sarcopenia e caquexia.

A sarcopenia é designada aos pacientes que apresentam perda de massa, função e força muscular

de tal forma que leva ao comprometimento funcional. É uma condição comum em idosos e durante

a continuidade do processo de envelhecimento. Já a caquexia, ocorre em associação a outras enfer-

midades, sejam estas agudas (exemplos: queimaduras graves, insuficiência renal aguda) ou crônicas

(exemplos: câncer, doenças cardíacas).

É de extrema necessidade realizar o processo de triagem nutricional em pacientes idosos, inde-

pendentemente de apresentarem algum tipo de doença, mas, principalmente, na vigência destas,

a fim de reduzir o risco de perda de massa muscular e demais intercorrências relacionadas à má

nutrição. Assim, podem ser proporcionadas intervenções nutricionais precoces que possam colabo-

rar com um melhor estado nutricional desses indivíduos. Na impossibilidade de reduzir os riscos e na

vigência destas condições clínicas, é singular que o nutricionista seja acionado de forma emergen-

cial, o quanto antes, para proceder com a terapia nutricional adequada, ajustada a cada caso em

específico e em conjunto com procedimentos dos outros profissionais da saúde.

Idosos com caquexia apresentam maior risco de morbimortalidade e devem ser tratados com

muita atenção e cuidado. Quando a ingestão de alimentos por via oral se torna insuficiente ou não

praticável, o nutricionista deverá acionar a equipe médica e esta, por sua vez, deverá avaliar as pos-

sibilidades de uso de terapia nutricional enteral ou, até mesmo, terapia nutricional parenteral. Essa

é uma decisão que deve ser tomada o quanto antes, para evitar a progressão dos distúrbios nutri-

cionais no idoso. Esses tipos de terapias nutricionais podem ser administradas tanto em regime hos-

pitalar quanto domiciliar e devem ser acompanhadas rotineiramente pela equipe multiprofissional,

35
seguindo protocolos rígidos de implantação

e controle de uso dessas técnicas.


Link

3.3 Sobrepeso e conheça as recomendações do Projeto Diretriz-


es para Terapia Nutricional para Pacientes na
Senescência (Geriatria). Nesse documento, são
obesidade abordadas questões sobre o quanto a senescên-
cia influencia o estado nutricional e metabólico do
idoso, a importância da triagem nutricional na se-
Muitos idosos passam a consumir uma nescência, os objetivos da terapia nutricional para
esta população, entre outros aspectos relacionados
grande gama de produtos industrializados, aos cuidados nutricionais.
Fonte: CELANO, R. M. G.; LOSS, S. H.; NEGRÃO, R. J.
como biscoitos, pães, doces e outros ali- N. Terapia Nutricional para Pacientes na Senescên-
cia (Geriatria). Associação Médica Brasileira e Con-
mentos, no lugar de refeições principais que selho Federal de Medicina, 2011. Disponível em:
<https://diretrizes.amb.org.br/_BibliotecaAntiga/
devem ser diversificadas e mais completas, terapia_nutricional_para_pacientes_na_senescen-
cia_geriatria.pdf>. Acesso em: 05 maio 2018.
em termos nutricionais. Essas escolhas se 

dão, muitas vezes, pela praticidade e rapi-

dez na hora de se alimentar. O problema é

que, não raramente, esses idosos apresentam excesso de peso corporal por

fazerem esse tipo de escolha, levando-os a um estado nutricional de sobre-

peso e deixando-os mais vulneráveis ao

desenvolvimento de doenças crônicas. 


Exemplificando
É comum idosos apresentarem redução
um indivíduo idoso, muitas vezes, irá preferir jan-
de massa muscular e aumento da gordura tar pão com manteiga e café com leite no lugar de
um prato com arroz, feijão, carne e legumes, por
corporal, principalmente na região abdomi- exemplo. Muitos idosos trocam uma refeição com-
pleta, balanceada nutricionalmente, por biscoitos
nal. Diversos estudos com idosos de várias ou outros produtos industrializados e uma xícara
de leite. Com essas escolhas, a deficiência nutricio-
faixas etárias mostram que essa popula- nal será evidente e poderá causar sérios danos ao
organismo do idoso, principalmente se este já apre-
ção-alvo possui altos índices de obesidade sentar alguma condição clínica indesejável.

abdominal e estado nutricional de sobre- 

peso, principalmente no gênero feminino.

Desta forma, essas condições fisiológicas do

36
idoso estão relacionadas a um maior risco de doenças cardiovasculares (DCV) e, por conseguinte,

maior risco de morbimortalidade.

Em estudo feito por Martins et al. (2016), foi avaliado o consumo alimentar de 402 idosos aten-

didos pela Estratégia de Saúde da Família de Viçosa/MG, e foi constatada associação direta entre

o maior consumo de carboidratos e ascensão do Índice de Massa Corpórea (IMC) nesses idosos. Os

resultados dessa pesquisa concluíram que a alteração no padrão alimentar desses voluntários cola-

borou para um pior estado nutricional e complicações voltadas ao sobrepeso.

Na pesquisa de Cardozo et al. (2017) , feita com idosos de 11 Unidades Básicas de Saúde de um

município do Rio Grande do Sul (n=119), foi constatado que a maioria dos voluntários apresentavam

sobrepeso, segundo o IMC, e obesidade abdominal, diagnosticada pela cir-

cunferência da cintura.

A obesidade vem crescendo entre os ido-

sos nas últimas décadas, com prevalência de

30% entre idosos atendidos em ambulató- 


Para saber mais
rios brasileiros (ARONOW; AHN, 2002 apud o diabetes mellitus tipo 2 é uma doença crônica mui-
to frequente entre os idosos e pode se desenvolver
GRAVINA et al., 2010). em função do aumento excessivo de peso, princi-
palmente com maior depósito de tecido adiposo na
Diversas pesquisas mostram que os valo- região abdominal. O diagnóstico clínico nessa faixa
etária pode ser dificultado, uma vez que seus sin-
res do Índice de Massa Corpórea (IMC) se tomas podem se apresentar de forma inespecífica,
como queda de energia, tontura, confusão mental,
associam a maiores taxas de morte, sejam dores musculares, infecção geniturinária etc. A hip-
erglicemia no idoso se associa a déficit cognitivo.
quais forem as causas, sendo maior quando Todo profissional de saúde deve estar atento ao
surgimento do diabetes e deve ser feito esse tipo
se refere às DCV, principalmente em não
de controle em exames de rotina.

fumantes com mais de 75 anos de idade

(PERES, 2005). O uso do IMC será discutido

mais à frente, na aula sobre avaliação nutricional do idoso, entretanto, caro(a) aluno(a), saiba que os

estudos utilizam essa ferramenta de avaliação muito frequentemente.

Independentemente do instrumento utilizado nas pesquisas, é fato que, ao analisar a expectativa

de vida do idoso, verifica-se uma correlação negativa com a obesidade. Todo profissional da saúde

37
deve oferecer atenção especial e contínua

aos idosos, uma vez que essa população,

por si só, já se apresenta mais vulnerável às 


Assimile
intercorrências clínicas distintas que podem a obesidade central está relacionada a maior in-
cidência de desenvolvimento de fatores de risco
reduzir seu tempo de vida e/ou sua quali- relacionados a doenças cardiovasculares, doenças
estas que são a maior causa de morte no Brasil e
dade de vida. no mundo


Questão para reflexão


É sabido que o excesso de peso tem relação direta com o aparecimento de enfermidades crôni-

cas, especialmente as doenças crônicas não transmissíveis, a exemplo das doenças cardiovascula-

res, diabetes, entre outras.

A obesidade é um problema de saúde pública e sua prevalência, tanto no Brasil como no mundo,

tem alcançado índices alarmantes e crescentes. Diante desse cenário, que importância você julga

ter questões relacionadas aos hábitos alimentares, atividade física, educação alimentar e cuidados

com a saúde de forma rotineira? Pensando nos distúrbios nutricionais em geral, quais medidas você

proporia, em nível de saúde pública, aos órgãos relacionados à saúde, a fim de oferecerem, à popu-

lação, melhores condições de saúde durante o processo de envelhecimento?

Considerações Finais
• A incapacidade funcional está relacionada com o baixo peso, sendo muito comum a presença

de incapacidade funcional e desnutrição de forma concomitante nessa população.

• A desnutrição é uma das condições que preocupa os profissionais da saúde e está relacionada

ao aumento de morbimortalidade e a natural queda na qualidade de vida do idoso.

• A sarcopenia é uma condição do processo de envelhecimento, na qual ocorre perda de massa

e força muscular, de tal forma que promove comprometimento funcional.

38
• A caquexia ocorre em associação com enfermidades, sejam estas agudas ou crônicas.

• O sobrepeso e a obesidade estão diretamente relacionados ao aumento de morbimortalidade

na população idosa.

Glossário
Xerostomia: boca seca.

Eutrófico: relativo a peso dentro da normalidade.

Inanição: “Estado que leva um ser vivo à morte por falta de alimento ou de certos tipos de ali-

mento”. (DICIO, [2018], on-line).

Terapia nutricional enteral: alimentação oferecida por meio de sondas e/ou ostomias.

Terapia nutricional parenteral: alimentação oferecida por via endovenosa.

Verificação de leitura

QUESTÃO 1-A sarcopenia é uma condição clínica comum durante o processo de enve-
lhecimento, porém, o profissional de saúde deve estar atento para esse fato, a fim de
promover cuidados que reduzam o risco desta doença ou que promova a recuperação da
massa muscular dentro das possibilidades terapêuticas. É sabido que o processo de enve-
lhecimento promove mudanças na composição corporal e que uma destas é a progressiva
redução da massa magra. Nos dias atuais, a sarcopenia é definida como uma síndrome,
marcada por uma perda gradual de __________ e também de __________ e __________.
Diversas pesquisas mostram que a sarcopenia tem relação direta com a ocorrência de in-
capacidades __________.

Complete as lacunas em branco e assinale a alternativa que representa a sequência cor-


reta de preenchimento.
a) Massa gorda – força muscular - função muscular – intelectuais.

b) Massa gorda – massa muscular - vitaminas – intelectuais.

c) Proteínas – vitaminas – minerais – fisiológicas.

d) Massa muscular – força muscular - função muscular – físicas.

e) Massa muscular – proteínas – minerais – metabólicas.

39
QUESTÃO 2-A obesidade é um problema de saúde pública e, no Brasil, atinge cerca de
30% dos idosos. Esta é uma grande preocupação dos profissionais de saúde, uma vez que
obesidade é doença e apresenta forte relação com o desenvolvimento de:
a) Doenças infecciosas.

b) Doenças crônicas.

c) Doenças do trato geniturinário.

d) Dependência física e intelectual.

e) Deficiências vitamínicas e minerais.

QUESTÃO 3- O risco de desnutrição pode ser originado por diversos fatores na população
idosa. São exemplos desses fatores: déficits nutricionais, falta de conhecimento acerca de
uma alimentação balanceada, restrições orçamentárias, limitações financeiras, redução das
capacidades físicas e psicológicas, afastamento social, presença de doenças, dentre outros.

São outras condições relacionadas ao maior risco de desenvolvimento de desnutrição em


idosos:
a) Falta de apetite e de vontade/estímulo para fazer suas refeições.

b) Funcionamento gastrintestinal acelerado, com maior absorção de nutrientes.

c) Menor necessidade de aporte nutricional.

d) Ausência de doenças relacionadas a absorção de nutrientes.

e) Apetite acentuado para doces e demais produtos industrializados.

40
Referências Bibliográficas
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A. C. et al. Nutrição Moderna de Shills: na saúde e na doença. 11. ed. Barueri: Manole,
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Nutrição Moderna de Shils: na saúde e na doença. 11. ed. São Paulo: Manole, 2016. cap.
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instituição de longa permanência no município de Erechim-RS. Perspectiva, Erechim, v.
34, n. 125, p. 105-116, 2010.

41
Gabarito

QUESTÃO 1- Alternativa D.
A sarcopenia é uma condição clínica comum durante o processo de envelhecimento. Nos dias atu-

ais, a sarcopenia é definida como uma síndrome, marcada por uma perda gradual de massa muscu-

lar e também de força muscular e função muscular. Diversas pesquisas mostram que a sarcopenia

tem relação direta com a ocorrência de incapacidades físicas.

QUESTÃO 2- Alternativa B.
A obesidade é uma grande preocupação dos profissionais de saúde, uma vez que obesidade é

doença e apresenta forte relação com o desenvolvimento de doenças crônicas, a exemplo das doen-

ças cardiovasculares, diabetes, entre outras.

QUESTÃO 3- Alternativa A.
O risco de desnutrição pode ser originado por diversos fatores no idoso, conforme citado.

Entretanto, a falta de apetite e de vontade/estímulo para fazer suas refeições são outras condições

relacionadas a maior risco de desenvolvimento de desnutrição em idosos.

42
4 Distúrbios
relacionados
ao sistema
digestório e
nutrição
Objetivos Específicos
• Reconhecer os distúrbios do sistema digestório em idosos.

• Conceituar termos relacionados à disfagia, acalasia, refluxo gastroesofágico e constipação

intestinal.

• Conhecer a importância dos cuidados clínicos e nutricionais que a equipe multidisciplinar deve

ter, frente aos distúrbios do sistema digestório em idosos.

Introdução
Alguns distúrbios muito comuns em idosos, relacionados ao sistema digestório, apresentam forte

relação com os aspectos nutricionais, uma vez que esses órgãos são essenciais à manutenção da

vida, por meio da alimentação.

Condições clínicas, como disfagia e refluxo gastroesofágico, são comuns nessa faixa etária e

podem levar o idoso a um estado nutricional desfavorável. Essas alterações promovem perda de

peso – que pode ocorrer devido à redução do consumo alimentar, frente à dificuldade de deglutir,

desidratação e desenvolvimento de outras doenças, por exemplo esofagite, além de outras conse-

quências. Engasgos também são comuns nessa idade e podem provocar aspiração pulmonar e até o

quadro de pneumonia aspirativa. Caso o idoso não seja tratado o mais rápido possível, essas condi-

ções poderão se agravar, tornando-o frágil e, assim, susceptível ao aparecimento de mais complica-

ções que poderão retardar sua expectativa e qualidade de vida.

A constipação intestinal (CI) é outro problema grave no idoso e, no que tange os aspectos nutri-

cionais, pode ter seu risco diminuído com a mudança de hábitos alimentares, consumindo refeições

ricas em fibras alimentares e melhorando a hidratação. É importante saber que a CI não é definida

somente pela presença de fezes endurecidas e que existem instrumentos de avaliação do funcio-

namento intestinal validados na Língua Portuguesa, que podem auxiliar muito os profissionais da

saúde no diagnóstico da CI.

44
4.1 Aspectos gerais dos
compartimentos digestórios

FONTE: <https://www.istockphoto.com/br/foto/sistema-digestivo-humano-cutaway-gm153818049-15563861>. Acesso em: 05 maio 2018 .

O processo digestório ocorre em seis compartimentos que se comunicam e apresentam fluxos de

entrada e saída, proporcionando modificações funcionais dos conteúdos provenientes da alimenta-

ção. Esses 6 compartimentos são denominados (DOUGLAS, 2002):

1. Bucal: recebe o alimento e, após o processo de mastigação que envolve a ação salivar, envia

o produto, denominado bolo alimentar, ao compartimento seguinte.

45
2. Faríngeo-esofágico ou deglutitório: o bolo alimentar passa pela faringe e, em seguida, pelo

esôfago, sendo transportado até o estômago, no processo denominado deglutição. Nesse

compartimento não há alteração digestória, sendo sua função somente o transporte do bolo

alimentar para o estômago.

3. Gástrico: ao chegar no estômago, com ação da secreção gástrica, o bolo alimentar sofre alte-

rações transformando-o em quimo.

4. Duodeno-intestinal: é o compartimento mais importante do trato gas-

trintestinal, uma vez que promove alterações digestórias no quimo,

que permite absorção de grande parte dos nutrientes presentes nesse

material.

5. Intestino grosso proximal: o conteúdo



intestinal é transformado em fezes, as Para saber mais
para você conhecer mais sobre como ocorre o pro-
quais são compostas por: 30% de resí- cesso de digestão dos alimentos, com base nas es-
truturas dos compartimentos, na ação das enzimas
duos alimentares não digeridos e absor- que nosso organismo produz, entre outras consid-
erações, acesse o vídeo “Fisiologia de digestão:
vidos – praticamente na forma de fibras enzimas”. Disponível em: <https://eaulas.usp.br/
portal/video.action;jsessionid=8CA002179EF66E-
e celulose – 30% de células descama- 2F7A9B97A01097D152?idPlaylist=5964>. Acesso
em: 05 maio 2018.
tivas intestinais, 30% de massa bacte- 

riana saprófita e 10% de muco e água.

Assim que as fezes são formadas, estas

se dirigem para o último compartimento do sistema digestório.

6. Intestino grosso distal: a função deste

compartimento é o armazenamento 
Exemplificando
das fezes até o momento da evacuação. o processo de deglutição envolve 4 fases: oral, prepa-
ratório, faríngea e esofágica. Um idoso que apre-
sente alterações, por exemplo, na fase faríngea da
deglutição, apresentará dificuldades nesse processo,
logo, ele apresenta disfagia. Todas essas fases, quan-
do deprimidas por quaisquer motivos, podem estar
relacionadas a dificuldades na alimentação.


46
4.2 Disfagia e engasgos
Disfagia é a dificuldade apresentada em qualquer etapa do processo de deglutição, exigindo condi-

ções de funcionamento ideal de um intricado de mecanismos neuromotores.

A disfagia é classificada em orofaríngea e esofágica. Apresenta ocorrência muito comum em ido-

sos, em consequência do processo de envelhecimento, o qual desencadeia a redução da secreção

salivar, modificações na peristalse faríngea e no funcionamento dos esfíncteres esofágicos, além de

maior necessidade de tempo para formação do bolo alimentar, entre outras condições. Estima-se

que cerca de 30% a 60% dos idosos atendidos em domicílio sejam portadores de disfagia. Em uni-

dades de terapia intensiva (UTI), quaisquer pacientes intubados por mais de 48h apresentam grande

risco de desenvolver disfagia, assim como complicações posteriores a introdução da alimentação

após extubação (CARUSO, 2014).

As complicações mais frequentes em pessoas com disfagia, independente da causa, são: desidra-

tação, alterações negativas no estado nutricional, maior risco de aspiração, pneumonia, entre outras.

Na disfagia orofaríngea, ao iniciar o processo de deglutição, a presença de engasgos é muito

comum. Esse fato se dá porque o mecanismo neuromuscular de controle do funcionamento do palato,

faringe e esfíncter esofágico superior (EES) apresentam irregularidades no seu funcionamento, não

apresentando, dessa forma, funcionamentos adequados. Algumas doen-

ças contribuem para esse mau funcionamento, como: doenças neurológicas

(Parkinson, esclerose lateral amiotrófica, esclerose múltipla etc.), acidentes

vasculares cerebrais, alguns tipos de câncer

e distúrbios neuromusculares diversos. 


Assimile
Na disfagia esofágica, ocorrem alterações
acalasia é um termo que refere um distúrbio de mo-
tilidade motora esofagiana, que promove redução
no esôfago que promovem dificuldades na
da inervação colinérgica da musculatura esofágica.
propulsão desse órgão, ao propagar o bolo Essa condição faz com que o esfíncter esofágico in-
ferior (EEI) não seja capaz de relaxar e abrir duran-
alimentar para o estômago. O peristaltismo te a deglutição.

esofágico é controlado por um complexo

47
neuromuscular e pode ser alterado por neoplasias, modificações manométricas, espasmos, distúrbios

de motilidade ou, ainda, ser secundário a alguma doença de base. A acalasia, por exemplo, pode levar

ao quadro de disfagia.

A triagem para disfagia deve ser feita o mais precocemente possível. Os profissionais da saúde

mais próximos, a exemplo do médico e enfermeiro, devem identificar as situações de risco para dis-

fagia, segundo critérios de risco que podem ser observados na Figura 1.

FIGURA 1 - Fatores de risco para disfagia a serem investigados na triagem

FONTE: Myrian Najas (2011, p. 33).

Com base em uma avaliação rigorosa do grau de disfagia, feita pelo fonoaudiólogo, a terapia nutricio-

nal visa adequar a via de administração nutricional que seja mais segura ao paciente, assim como adaptar

a alimentação via oral ao grau de disfagia, para manter ou recuperar o estado nutricional do indivíduo.

48
O grau de disfagia determinará a consistência (textura) e a viscosidade do que será consumido

pelo idoso. Pode haver necessidade de espessar um alimento mais líquido ou uma bebida, a fim

de evitar riscos de engasgos e aspirações. Para espessar um líquido ou uma preparação culinária,

podem ser utilizadas farinhas à base de amido, gomas feitas com fibras solúveis, produtos à base de

algas ou, ainda, espessantes industrializados, que não alterem o sabor. Em muitos casos, há neces-

sidade do uso das terapias nutricionais enteral (TNE) e/ou parenteral (TNP).

O fluxograma de avaliação de terapia nutricional (TN), de acordo com o grau de disfagia, é muito utilizado

e auxilia na decisão do tipo de administração nutricional. O modelo de fluxograma mais utilizado é o preconi-

zado pela Diretriz da Sociedade Europeia de Nutrição Parenteral e Enteral - ESPEN (2004): Dysphagia, food

and nutrition: from clinical evidence to dietary adaptation (MYRIAN NAJAS, 2011). (Figura 2).

FIGURA 2 – FLUXOGRAMA DE AVALIAÇÃO DE TN DEPENDENDO DO GRAU DE DISFAGIA

FONTE: ESPEN (2004 apud MYRIAN NAJAS, 2011, p. 67).

49
A partir do grau de disfagia, as características da dieta são definidas (Figura 3), sendo realizada ava-

liação do idoso periodicamente. Para os líquidos, as consistências propostas são em 4 níveis (Figura 4).

FIGURA 3 - Características da dieta e graus de disfagia

FONTE: Myrian Najas (2011, p. 48).

FIGURA 4 - Consistências dos líquidos

FONTE: Adaptado de Crary et al. (2005 apud Myrian Najas, 2011, p. 49).

50
4.3 refluxo gastroesofágico (RGE)

FONTE: <https://ebsco.smartimagebase.com/view-item?ItemID=3736>.

O RGE ocorre em função da diminuição da pressão do EEI, a qual permite que parte do conteúdo

gástrico retorne ao esôfago. Muitas vezes, essa condição promove o desenvolvimento de esofagite,

que é a inflamação da mucosa esofágica. Além disso, o sintoma mais prevalente apresentado por

um indivíduo com RGE é a queimação dolorosa epigástrica e retroesternal. O controle da pressão do

EEI é feito pelos hormônios gastrina (aumenta a pressão), colecistocinina (CCK) e secretina (ambas

diminuem a pressão). Algumas substâncias alteram a pressão do EEI, a exemplo da cafeína, teobro-

mina – presente no chocolate –, xantinas, álcool, os quais diminuem a pressão do esfíncter e, con-

sequentemente, contribuem para o RGE.

51
A terapia nutricional tem como objetivos:

reduzir a irritação da mucosa esofágica (fase

aguda), diminuir os riscos do RGE, contribuir 


Link
para o aumento da pressão do EEI e manter prezado(a) aluno(a), conheça um trabalho muito
interessante sobre RGE que, não só descreve sua
ou restabelecer o estado nutricional do por- condição clínica, mas foca a atuação do profissional
de odontologia no acompanhamento de uma equi-
tador de RGE. pe multiprofissional.
ONDERBERG, R.  Refluxo gastroesofágico e as
Algumas recomendações para o tra- consequências orais. 2017. Tese de Doutorado.
Disponível em: <https://comum.rcaap.pt/bit-
tamento do RGE incluem: ingerir líquidos
stream/10400.26/18951/1/Onderberg_Romain.
pdf>. Acesso em: 05 maio 2018.
somente entre as refeições maiores, fracio-

nar as refeições em 6 a 8 vezes, em peque-

nos volumes, fazer as refeições em posição

ereta e no máximo 2 horas antes de se deitar, não se recostar após as refeições, não usar roupas e

acessórios apertados e manter a cabeceira da cama elevada.

4.4 constipação intestinal (CI)


O diagnóstico de CI é feito não somente com base na presença de fezes endurecidas (ou em cíba-

las), mas também pela frequência menor que 3 evacuações semanais, peso diário das fezes menor

que 35 g, esforço para evacuar em mais que um quarto das evacuações ou tempo de trânsito intes-

tinal prolongado, além de sensações subjetivas, como esforço ao evacuar, ausência de eliminação

de fezes ou sensação de evacuação incompleta (MISZPUTEN, 2008; SPILLER; THOMPSON, 2012).

Outros instrumentos importantes e que, da mesma forma, podem ser utilizados no diagnóstico

da CI são o questionário sobre funcionamento intestinal (GSRS) (SOUZA et al., 2012) e a Escala de

Bristol. A Escala de Bristol exibe imagens de sete tipos de fezes, de acordo com sua forma e consis-

tência, permitindo a identificação por parte do paciente (MARTINEZ; AZEVEDO, 2012). Essa escala

foi traduzida e validada para o português, apresentando fácil entendimento e aplicação em quais-

quer áreas da saúde.

52
A CI causa um impacto econômico impor-

tante nos serviços de saúde e tem sido uma

das principais queixas entre mulheres, ido- 


Para saber mais
sos e pessoas de nível socioeconômico e conheça o questionário Gastrointestinal Symp-
tom Rating Scale (GSRS), um instrumento impor-
educacional reduzidos (COLLETE; ARAÚJO; tante, validado para a Língua Portuguesa (SOUZA
et al., 2012), utilizado para, dentre outros sintomas
MADRUGA, 2010; BASILISCO; COLETTA, gastrintestinais, avaliar o funcionamento intesti-
nal. Apêndice 1, páginas 96-97. GUMBREVICIUS,
2013). Esse problema pode ser amenizado, Iara. Efeito da farinha de banana verde sobre o fun-
cionamento intestinal de pacientes diabéticos, con-
em muitos casos, incluindo modificações na stipados, com doença renal crônica, submetidos a
tratamento de hemodiálise. 2016. Dissertação (Me-
dieta e nos hábitos alimentares, a exemplo strado em Nutrição Humana Aplicada) - Nutrição
Humana Aplicada, Universidade de São Paulo, São
de um maior consumo de fibra alimentar. Paulo, 2016. Disponível em: <http://www.teses.
usp.br/teses/disponiveis/89/89131/tde-07122016-
Para esse tipo de mudança alimentar, o pro-
170137/>. Acesso em: 05 maio 2018.

fissional nutricionista deverá ser procurado.

É importante ressaltar que o idoso pode

apresentar CI devido ao uso de medicamentos diversos, uma vez que esses remédios podem apre-

sentar a CI como efeito colateral. Dessa forma, a pouca mobilidade e determinadas doenças podem

fazer com que o idoso apresente a CI como sintoma secundário.

Questão para reflexão


Um idoso que tenha constantes queixas de constipação intestinal poderá desenvolver doenças

em decorrência desse sintoma? Nessas condições, prezado(a) aluno(a), como você poderia avaliar a

qualidade de vida desse indivíduo? Existem situações que poderão torná-lo um idoso frágil, na pre-

sença da constipação intestinal? Como o profissional da saúde poderá contribuir para a melhora do

quadro de constipação intestinal?

53
Considerações Finais
• A avaliação nutricional é fundamental na avaliação clínica do idoso, contribuindo para a iden-

tificação precoce da disfagia.

• As complicações mais frequentes da disfagia, como desidratação, maior risco de aspiração,

pneumonia, entre outras, podem levar ao prejuízo do estado nutricional do idoso, colocando-o

em risco nutricional e em risco de desenvolver desnutrição.

• O Refluxo Gastroesofágico ocorre em função da diminuição da pressão do esfíncter esofágico

inferior, a qual permite que o conteúdo gástrico retorne ao esôfago. Essa condição pode oca-

sionar esofagite e levar o idoso a um maior risco nutricional.

• A constipação intestinal (CI) é uma condição que não só pode agravar a qualidade de vida do

idoso, mas também levar ao desenvolvimento de doenças que terão grande impacto na sua

vida. Diante disso, é fundamental o acompanhamento do idoso com CI, promovendo mudanças

nos seus hábitos alimentares e indicando outras formas de combater esse sintoma.

Glossário
Saprófita: organismos que vivem da absorção de matérias orgânicas em decomposição.

Peristalse: movimento de contração do tubo digestório.

54
Verificação de leitura
QUESTÃO 1-O sistema digestório é constituído por estruturas que contemplam desde a
ingestão do alimento até sua digestão e absorção dos nutrientes. Para que todo esse pro-
cesso seja realizado, são utilizados 6 compartimentos digestivos, descritos a seguir.
Associe as duas colunas e assinale a alternativa que representa a associação correta entre elas.

(A) Bucal (1) Transporta o bolo alimentar até o estômago.


(B) Faringe-esôfago (2) Armazenamento do bolo alimentar.
(3) Compartimento mais importante, por absorver os nu-
(C) Estômago
trientes.
(D) Duodeno-intestinal (4) Local de formação do bolo alimentar.
(E) Intestino grosso proximal (5) Armazenamento de fezes.
(F) Intestino grosso distal (6) Formação de fezes.
a) A1 – B4 – C2 – D3 – E5– F6.

b) A1 – B4 – C3 – D5 – E2– F6.

c) A4 – B1 – C2 – D3 – E6 – F5.

d) A4 – B4 – C3 – D5 – E5– F6.

e) A1 – B3 – C4 – D2 – E6– F5.

QUESTÃO 2-O refluxo gastroesofágico (RGE) é uma condição clínica muito importante e
que deve ser observada pelos profissionais da saúde de forma precoce. Quando não trata-
do, o RGE poderá ocasionar:
a) Constipação intestinal.

b) Diarreia.

c) Acalásia.

d) Esofagite.

e) Dermatites.

55
QUESTÃO 3-A paciente Sra. P. L. M., de 72 anos de idade, foi diagnosticada com disfagia
pela equipe médica que a atende no hospital de sua cidade. Foi indicado que ela consuma
somente alimentos e com espessantes para evitar, inclusive, risco de aspiração.

Assinale o alimento que a Sra. P .L. M. poderá consumir em um lanche da tarde:


a) Leite com café.

b) Mingau de aveia.

c) Leite puro.

d) Chá preto.

e) Suco de laranja.

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fisiologia aplicado à nutrição. São Paulo: Robe Editorial, 2002. cap. 27, p. 467-472. v. 1.

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mento de hemodiálise. 2016. Dissertação (Mestrado em Nutrição Humana Aplicada) -
Nutrição Humana Aplicada, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2016. Disponível em:
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em: 05 maio 2018.

56
MARTINEZ, A. P.; AZEVEDO, G. R. The Bristol Stool Form Scale: its translation to
Portuguese, cultural adaptation and validation. Revista latino-americana de enfer-
magem, v. 20, n. 3, p. 583-589, 2012.

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MYRIAN NAJAS, S. I. Consenso Brasileiro de Nutrição e Disfagia em Idosos Hospitali-


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SOUZA, G. S. et al. Adaptação Cultural e Validação do Questionário “Gastrointestinal


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SPILLER, R. C.; THOMPSON, W. Grant. Transtornos intestinais. Arquivos de Gastroente-


rologia, v. 49, p. 39-50, 2012.

57
Gabarito

QUESTÃO 1- Alternativa C.
(A) Bucal: (4) Local de formação do bolo alimentar.

(B) Faringe-esôfago: (1) transporta o bolo alimentar até o estômago.

(C) Estômago: (2) armazenamento do bolo alimentar.

(D) Duodeno-intestinal: (3) compartimento mais importante, por absorver os nutrientes.

(E) Intestino grosso proximal: (6) Formação de fezes.

(F) Intestino grosso distal: (5) Armazenamento de fezes.

QUESTÃO 2-Alternativa D.
O refluxo gastroesofágico é uma condição clínica muito importante e que deve ser observada

pelos profissionais da saúde de forma precoce, uma vez que, quando não tratado, poderá ocasionar

esofagite. Constipação intestinal, diarreia e dermatites não tem relação com RGE. Quanto a acalasia,

esta é uma condição que causará o RGE e não é causada pelo RGE.

QUESTÃO 3-Alternativa B.
A preparação que a Sra. P. L. M. poderá consumir em um lanche da tarde, já que necessita usar

espessantes em sua alimentação, é o mingau de aveia. As demais alternativas contemplam alimen-

tos muito líquidos e que podem promover aspiração, sendo assim, contraindicadas.

58
5
Preditores de
desnutrição
no idoso
Objetivos Específicos
• Conhecer os índices preditores de desnutrição no idoso.

• Conhecer alguns parâmetros bioquímicos que podem auxiliar no diagnóstico de risco nutricional.

• Saber identificar perdas de peso importantes para a avaliação do estado nutricional do idoso.

• Entender a relação entre desnutrição e sarcopenia.

Introdução
A desnutrição em idosos é um quadro potencialmente agravante da qualidade de vida e maior

risco de morbidades e mortalidade. Um dos grandes problemas que ocorrem com essa população é a

falta de diagnóstico de desnutrição, pois comumente, a perda de peso é tratada como uma condição

normal do processo de envelhecimento. Dessa forma, os fatores preditores de desnutrição devem ser

investigados exaustivamente pelos profissionais de saúde.

A perda de peso é uma das principais variáveis observadas no desenvolvimento da desnutrição

no idoso. Em algumas pesquisas, estuda-se o percentual de perda de peso associado a valores de

albumina e contagem total de linfócitos como variáveis associadas à desnutrição. A perda de peso

depende não somente da informação do indivíduo, mas também de uma observação efetiva e con-

tínua por parte dos profissionais de saúde. Por esse motivo, é fundamental que o peso seja aferido

em todos os atendimentos realizados pelo profissional.

Outros fatores como menor ingestão de alimentos, uso de medicamentos, desordens no processo

de mastigação e menor capacidade de recuperar as perdas nutricionais são condições que podem

levar o idoso a desenvolver desnutrição. Portanto, é de extrema importância que o profissional de

saúde esteja atento aos fatores preditivos de desnutrição e realize o monitoramento destes de forma

contínua e detalhada, a fim de proporcionar ao idoso, dentro de suas possibilidades, melhor quali-

dade de vida e menor risco de morbimortalidade.

60
5.1 Preditores de desnutrição
Os idosos apresentam características próprias associadas ao estado nutricional, consumo alimen-

tar e resposta a terapia nutricional. A desnutrição é o distúrbio nutricional mais importante que aco-

mete os idosos, e não é incomum observar ausência desse diagnóstico nessa população.

Salvo exceções, esse segmento populacional é hospitalizado com maior frequência e também

permanece por mais tempo internado, quando comparado a outras populações. Esse fato se dá em

função de um maior risco de incapacidade e doença. Estima-se que mais de 80% desse grupo apre-

sente algum tipo de doença crônica e 30% tenha duas ou mais doenças associadas, que podem estar

relacionadas ao seu estado nutricional (SILVA, 2009).

Dadas as mudanças fisiológicas relacionadas ao processo de envelhecimento, como alteração

da capacidade renal e respiratória, de água corporal total e síntese proteica reduzidas (Figura 1), é

comum que deficiências nutricionais sejam mascaradas e, desta forma, não seja diagnosticada a

desnutrição. Idosos desnutridos apresentam aumento significativo de morbimortalidade, indepen-

dentemente de outros fatores de complicação clínica.

61
FIGURA 1 - Alterações fisiológicas e progressivas com o envelhecimento

FONTE: Silva (2009. p. 1176) Informações: no eixo “x”, temos idades entre 30 a 80 anos, enquanto no eixo “y”, a porcentagem, de

0% a 100% de cada um dos quatro componentes apresentados (capacidade renal, respiratória, água corporal total e síntese proteica).

Observa-se que, com o avançar da idade, as porcentagens diminuem consideravelmente, o que demonstra a participação do processo

de envelhecimento nos processos biológicos..

Algumas variáveis fisiológicas/metabólicas que deprimem o idoso e que podem contribuir para o

desenvolvimento ou manutenção de um quadro de desnutrição nessa classe, podem ser observadas

a seguir (adaptado de SILVA, 2009; MORAES et al., 2008):

• Densidade óssea reduzida.

• Menor biodisponibilidade da vitamina D.

• Hemoglobina e albumina diminuídas.

• Tendência à intolerância à glicose.

62
• Atividade da amilase salivar reduzida.

• Redução da acidez gástrica, com alteração na absorção de determinados micronutrientes.

• Xerostomia.

• Menor síntese protéica.

• Redução da atividade de enzimas proteolíticas.

• Água corporal total reduzida.

• Alterações no peso corporal.

• Capacidade respiratória diminuída.

• Menor capacidade renal.

• Dentição prejudicada.

• Problemas com salivação – maior viscosidade.

• Sensibilidades gustativa e olfativa reduzidas.

• Menor acuidade visual.

• Menor capacidade motora.

• Absorção e motilidade gastrintestinal reduzidas.

Além disso, outras características devem

ser consideradas para o aumento do risco de

desnutrição no idoso, como: menor inges- 


Para saber mais
tão de alimentos, uso de medicamentos que a redução na sensibilidade olfativa e gustativa do
idoso decorre de uma redução dos botões e das
tem a anorexia como efeito colateral, desor- papilas gustativas que se localizam sobre a lín-
gua. Com essa diminuição da sensibilidade, o idoso
dens no processo de mastigação e menor apresenta maior chance de desenvolver anorexia
e, consequentemente, consome menor volume al-
capacidade de recuperar as perdas nutricio- imentar em suas refeições, o que pode contribuir
para redução do peso corporal e comprometimento
nais. Neste contexto, em 1990, um estudo da sua saúde.

de Chernoff já havia demonstrado que

somente 10% dos idosos conseguem recu-

perar seu estado nutricional, com correção dos déficits nutricionais, com terapia nutricional.

Em relação aos parâmetros bioquímicos, a hipoalbuminemia pode sugerir desnutrição no idoso,

mas os profissionais de saúde devem se atentar ao fato de que essas concentrações podem se

63
apresentar alteradas na desidratação, em alterações na síntese e distribuição da albumina, e tam-

bém na presença de alterações hepática e renal. A albumina pode apresentar-se reduzida cerca

de 3% a 8%, a cada década, a partir dos 70 anos de idade. Assim, esse parâmetro bioquímico é

um importante índice prognóstico de morbidade, permanência hospitalar e mortalidade em idosos

(SILVA, 2009).

Na presença de hematócrito e hemoglobina reduzidos, devem ser inves-

tigadas causas nutricionais e não nutricionais. Em relação à função linfo-

citária, há um aumento de linfócitos T-supressores e diminuição de linfó-

citos T-auxiliadores. Essa condição pode

explicar o aumento da incidência de doen- 


Para saber mais
ças autoimunes, infecções diversas e alguns a célula T, quando ativada, sintetiza linfocinas e es-
tas, por sua vez, estimulam a produção de anticor-
tipos de câncer nessa população (SILVA, pos, além de aumentarem as vias microbicidas das
células responsáveis pelo processo de fagocitose.
2009). Esses dados podem estar relaciona- Os linfócitos citotóxicos, a exemplo dos linfócitos
T-auxiliadores e supressores, quebram as células
dos à desnutrição e refletem indiretamente
dos hospedeiros (lise celular) que foram invadidas
o estado nutricional do idoso, uma vez que a por micro-organismos.
Fonte: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publi-
ingestão de nutrientes de forma inadequada cacoes/manual_terapia_nutricional_atencao_espe-
cializada.pdf>. Acesso em: 05 maio. 2018.
pode acarretar imunossupressão. 

Outro indicador utilizado no seguimento

nutricional é a proteína transportadora de

retinol, porém deve-se ter cuidado na aná-

lise, pois esse parâmetro poderá se apre-

sentar reduzido em hepatopatias, infecção e 


Assimile
estresse grave (MORAES et al., 2008). o conhecimento da perda de peso auxilia no diag-
nóstico de risco nutricional e pode ser considerado
Estudos mostram que a idade é um fator um preditivo de desnutrição. Neste caso, deve ser
considerado como base o peso atual do idoso, que
preditivo de desnutrição, quando a idade é o peso obtido no momento da avaliação. O peso
habitual ou usual, que é o peso ao qual o indivíduo
em questão se refere às mais avança- refere, baseado na sua memória, só é considerado
na avaliação de mudanças recentes de peso ou
das (CROGAN, 2002). Em 2002, Crogan e quando não há condição de aferição do peso atual.


64
colaboradores estudaram 306 idosos admitidos no Nursing Home Residents (EUA) e observaram três

variáveis preditivas de desnutrição: perda de peso recente e involuntária, ingestão alimentar dimi-

nuída e inabilidade motora e/ou psiquiátrica.

Embora não haja um consenso geral para definir qual o percentual de perda de peso que deva ser

considerado significativo, a recomendação que é muito utilizada e tem sido recomendada é a preco-

nizada por Blackburn et al. (1977 apud COELHO; AMORIN, 2014) (Tabela 1).

TABELA 1 – CLASSIFICAÇÃO DA PERDA DE PESO EM RELAÇÃO AO TEMPO

Tempo Perda significativa de peso (%) Perda grave de peso (%)

1 semana 1a2 >2

1 mês 5 >5

3 meses 7,5 > 7,5

6 meses 10 > 10

FONTE: Blackburn et al. (1977 apud COELHO; AMORIN, 2014).

A sarcopenia, osteopenia e redução da água corporal refletem poten-

cialmente no estado nutricional do idoso. O idoso tem redução de 20% a

30% da água corporal total e, com o enve-

lhecimento há diminuição de 20% a 30% da



massa muscular e da massa óssea, causa- Exemplificando
um idoso que tinha 62 Kg de peso há 1 mês atrás
das por mudanças neuroendócrinas e falta e agora está com 58 Kg apresenta perda grave de
peso, pois o percentual de perda foi de 6,45%.
de atividade física (MORAES et al., 2008). 

A sarcopenia, que tem etiologia multifa-

torial, é caracterizada pela redução da quan-

tidade e capacidade das proteínas contráteis exercerem tensão suficiente para vencer a resistência

externa à prática de uma atividade. A perda muscular é quantitativa e qualitativa.

65
A desnutrição acelera o processo de sar-

copenia, o qual é um dos indicadores de

fragilidade nos idosos, levando frequente- 


Para saber mais
mente a quedas, declínio funcional e preju- na sarcopenia, ocorre preferencial a perda das fi-
bras tipo II, as quais são fibras de contração rápida,
ízo da mobilidade física. responsáveis pelo trabalho de força. As fibras tipo I
são fibras de contração lenta.
A avaliação nutricional deve ser implan- 

tada como forma de avaliação rotineira, a

fim de reduzir o risco de desnutrição. Da

mesma forma, a terapia nutricional, quando indicada, deve ser realizada o mais precocemente pos-

sível e controlada de forma rigorosa.

No próximo tema, avaliação nutricional do idoso, você conhecerá quais parâmetros são impor-

tantes para diagnóstico do estado nutricional dessa faixa etária. Além disso,

iremos estudar a importância da avaliação nutricional no monitoramento

da saúde do idoso, a fim de reduzir os ris-

cos de desnutrição ou, ainda, no acompa-



nhamento do tratamento nutricional desse
Link
quadro clínico. para conhecer um pouco mais sobre alguns méto-
dos preditores de risco nutricional de idosos, leia o
A observação do risco de desnutrição artigo a seguir, que realiza um comparativo desses
métodos em: DE OLIVEIRA, L. M. S. M. et al. Com-
em idosos a partir de variáveis preditivas é paração entre Métodos Utilizados Como Preditores
do Risco Nutricional de Idosos Residentes em Insti-
o primeiro passo para oferecer apropriado tuição de Longa Permanência. In: CONGRESSO IN-
TERNACIONAL DE ATIVIDADE FÍSICA, NUTRIÇÃO E
cuidado nutricional, com o objetivo de dimi- SAÚDE. 2016. Disponível em: <https://eventos.set.
edu.br/index.php/CIAFIS/article/view/3243/1220.
nuir a presença deste quadro clínico, assim Acesso em: 05 maio 2018.

como suas complicações. Os profissionais de

saúde devem conhecer e identificar os fato-

res mais prevalentes em sua população, elaborar protocolos de triagem nutricional, que sejam vali-

dados para esse grupo e aplicar em todos os idosos atendidos em suas instituições.

66
Questão para reflexão
Diante da alta prevalência de distúrbios nutricionais no idoso, os quais acarretam consequente

ampliação de morbimortalidade, além da necessidade de estabelecimento de parâmetros de consenso

geral na avaliação do estado nutricional do idosos, o que o profissional de saúde pode implantar como

rotina de trabalho durante os atendimentos a essa classe, a fim de reduzir o risco de desnutrição?

Considerações Finais
• O idoso sofre uma série de alterações fisiológicas, as quais são consequências naturais ao processo

de envelhecimento. Contudo, em determinadas condições, quando exacerbam a normalidade,

podem afetar sua saúde e torná-lo mais frágil ao desenvolvimento de distúrbios nutricionais.

• Fatores, como idade avançada, perda de massa muscular, problemas relacionados à alimenta-

ção, menor capacidade de funcionamento de órgãos, entre outros, podem agravar o estado de

saúde do idoso e levá-lo à morte.

• A desnutrição acelera o processo de sarcopenia que, por sua vez, fragiliza ainda mais o idoso,

criando um ciclo vicioso e gravemente perigoso para a vida do idoso.

• É de extrema importância que os profissionais de saúde avaliem e observem o estado nutri-

cional do idoso, como rotina em seus atendimentos, uma vez que esse grupo populacional é

muito susceptível à desnutrição.

Glossário
Linfocinas: substâncias que são produzidas por linfócitos, em reação a um antígeno. Fonte:

<http://www.dicionarioinformal.com.br>. Acesso em: 05 maio 2018.

Citotóxico: tóxico para a célula. Fonte: <https://www.dicio.com.br/citotoxico/>. Acesso em: 05

maio 2018.

67
Verificação de leitura

QUESTÃO 1-O estudo de Rauen et al. (2008), “Avaliação do estado nutricional de idosos
institucionalizados”, mostrou uma prevalência de 66,5% de idosos com estado nutricional
inadequado, sendo que 45,5% destes apresentavam baixo peso.

O baixo peso pode ser considerado um preditor de desnutrição no idoso, e uma das análi-
ses feitas para conhecer a participação do peso no processo de desenvolvimento da des-
nutrição é:
a) Controle diário do peso usual.

b) Monitoração semestral do peso.

c) Perda de peso usual e ganho de massa gorda.

d) Controle anual do peso usual.

e) Percentual de perda de peso em relação ao tempo.

QUESTÃO 2-Os exames bioquímicos são muito úteis no auxílio do diagnóstico de desnu-
trição do idoso. Um exemplo de exame que deve ser solicitado para acompanhamento do
risco de desnutrição nessa população é:
a) Transferrina.

b) Albumina.

c) Creatinina.

d) Ureia.

e) Glicemia de jejum.

68
QUESTÃO 3-A desnutrição em idosos hospitalizados apresenta alta prevalência no Brasil
e no mundo e ocorre em consequência de diversos fatores. Em idosos, são exemplos de
variáveis preditivas de desnutrição:
a) Perda de peso recente e involuntária, ingestão alimentar diminuída e inabilidade motora
e/ou psiquiátrica.

b) Perda de peso voluntária, baixa absorção de ferro, inabilidade motora.

c) Perda de massa muscular, obesidade, excessiva prática de atividade física.

d) Perda de peso recente e voluntária, consumo alimentar rico em proteínas e pouca habili-
dade física.

e) Ganho de massa gordurosa em excesso, dieta rica em proteínas, baixa atividade física.

Referências Bibliográficas
CHERNOFF, R. Invited Review: Physiologic Aging and Nutritional Status. Nutrition
in Clinical Practice, v. 5, n. 1, p. 8-13, 1990.

COELHO, M. A. S. C.; AMORIM, R. B. Avaliação nutricional em geriatria, In: DUARTE, A. C.


G. Avaliação nutricional: aspectos clínicos e laboratoriais, São Paulo: Atheneu, 2007,
cap, 15, p, 155-176.

CROGAN, N. L.; CORBETT, C. F.; SHORT, R. A. The minimum data set: predicting malnu-
trition in newly admitted nursing home residents. Clinical Nursing Research, v. 11, n. 3,
p. 341-353, 2002.

DICIO. Citotóxico. Disponível em: <https://www.dicio.com.br/citotoxico/>. Acesso em:


05 maio 2018.

DICIONÁRIO INFORMAL. Linfocinas. Disponível em: <http://www.dicionarioinformal.


com.br>. Acesso em: 05 maio 2018.

MORAES, E. N. et al. Avaliação clínico-funcional do idoso. In: ______. Princípios básicos


de geriatria e gerontologia. Belo Horizonte: Coopmed; 2008, p. 63-84.

69
RAUEN, M. S. et al. Avaliação do estado nutricional de idosos institucionalizados Nutri-
tional status assessment of institutionalized elderly. Revista de Nutrição, v. 21, n. 3, p.
303-310, 2008.

SILVA, M. L. T. Geriatria. In: WAITZBERG, D. L. Nutrição oral, enteral e parenteral na


prática clínica. 4. ed. São Paulo: Atheneu, 2009. cap. 71, p. 1175-1186.

Gabarito

QUESTÃO 1- Alternativa E.
O baixo peso pode ser considerado um preditor de desnutrição no idoso e uma das análises feitas

para conhecer a participação do peso no processo de desenvolvimento da desnutrição é o percentual

de perda de peso em relação ao tempo. As demais alternativas (controle diário do peso usual; moni-

toração semestral do peso; perda de peso usual e ganho de massa gorda; controle anual do peso

usual), não são considerados preditores de desnutrição.

QUESTÃO 2- Alternativa B.
Um exemplo de exame que deve ser solicitado para acompanhamento do risco de desnutrição

nessa população é a albumina. Os demais exames não se aplicam à investigação de desnutrição.

QUESTÃO 3- Alternativa A.
Em idosos, são exemplos de variáveis preditivas de desnutrição: perda de peso recente e involun-

tária, ingestão alimentar diminuída e inabilidade motora e/ou psiquiátrica.

70
6
Avaliação
nutricional do
idoso
Objetivos Específicos
• Conhecer os principais instrumentos de avaliação do estado nutricional de idosos.

• Conhecer os parâmetros básicos de avaliação que devem ser observados nos exames físico e

específico do idoso.

• Saber calcular o Índice de Massa Corpórea de idosos e classificar seu estado nutricional com

base nesse indicador.

Introdução
A avaliação geriátrica engloba aspectos clínicos, psicossociais e capacidade funcional. Em relação

aos aspectos clínicos, a avaliação nutricional de idosos é de extrema importância, uma vez que esta

pode reduzir riscos de morbimortalidade e/ou complicações de enfermidades que essa população

possa apresentar.

Inicialmente, após um breve diálogo entre as partes, para se saber o objetivo da consulta, é feito

um exame físico geral e específico para a idade e condição clínica do indivíduo. Na sequência, devem

ser feitos todos os procedimentos referentes à avaliação antropométrica – determinação do peso,

estatura, índice de massa corpórea, circunferências, dobras cutâneas e, por fim, segue-se com a

determinação da composição corporal – por exemplo, com uso da bioimpedância elétrica. Com base

nessas informações, é possível classificar, parcialmente, o estado nutricional do idoso. Para dar con-

tinuidade à determinação do diagnóstico nutricional, devem ser avaliados, também, os parâmetros

bioquímicos e inquéritos dietéticos.

É muito importante que o profissional de saúde faça uma anamnese detalhada - com a própria pes-

soa, seu cuidador ou parente, com base na idade e condição de saúde do idoso. Em relação às questões

relacionadas à sua história alimentar, todas as exposições são importantes e devem ser consideradas.

O profissional de saúde e sua equipe multiprofissional deve estabelecer os protocolos de atendi-

mento clínico nutricional que serão utilizados, uma vez que existem várias ferramentas disponíveis

para uso nesse tipo de avaliação, e estes devem ser adaptados às condições de saúde do idoso. É de

72
suma importância que seja utilizado o maior número de instrumentos e nunca um só indicador do

estado nutricional, pois as avaliações se completam. Esse procedimento permite, ao profissional, o

correto estabelecimento do diagnóstico nutricional, proporcionando, assim, melhores condições para

indicar a terapia nutricional e realizar o acompanhamento clínico individual do idoso.

6.1 Avaliação nutricional


Dentre os aspectos clínicos da avaliação geriátrica, a avaliação nutricional é fundamental, pois o

estado nutricional do idoso tem forte relação com morbimortalidade.

Ao iniciar a avaliação do idoso, devemos pesquisar sua história clínica,  realizar exame físico,  antro-

pometria, determinando sua composição corporal,  investigar sua história alimentar atual, antece-

dentes alimentares  e solicitar/avaliar exames bioquímicos que demonstram sua condição de saúde

e  possibilitam a análise de possíveis carências nutricionais.

6.1.1 Exame Físico


Inicialmente, o profissional de saúde deve observar a expressão facial do idoso (fácies), o padrão

respiratório, seu comportamento e atitudes, presença de atividade física, realização ou não de ati-

vidades diárias,  dependência de um cuidador,  necessidade de auxílio em atividades do dia a dia,

dentre outras considerações.

O exame físico a ser realizado no atendimento do idoso pode ser dividido em geral e específico.

Um modelo desse tipo de roteiro de exame é o preconizado por Coelho e Amorim (2007):

Exame físico geral

Avaliar:

• estado geral;

• estado de consciência;

• saúde emocional;

73
• se o idoso se apresenta corado ou hipocorado:  avaliar mucosas, palma das mãos e lóbulo da orelha;

• estado de hidratação;

• eupneico ou dispneico;

• acianótico ou cianótico;

• anictérico ou ictérico;

• afebril ou febril: medida axilar;

• pele e anexos;

• orientação no tempo e no espaço ou não;

• frequência cardíaca e respiratória;

• pressão arterial;

• sinais de depleção nutricional;

• capacidade funcional;

• impressão geral:  estado geral,  consciência,  irritabilidade, postura, tônus, fácies, compleição

física, atividade avaliação subjetiva do estado nutricional.

• adiposo e redução da massa muscular.

Exame físico específico:

• Cabeça

• Face - expressão, perda de tecido subcutâneo.

• Olhos - mobilidade.

• Boca - lesões labiais, mucosas, afecções da cavidade oral, dentes (higiene bucal, cáries,

perda de dentes, uso de próteses), dor e dificuldade para mastigar e deglutir – que podem

estar associadas com desnutrição.

• Tórax

• sistema respiratório: padrão respiratório, dispneia.

• abdômen: forma, aspecto, movimentos peristálticos;

• palpação superficial e profunda, percussão, ascite.

74
Extremidades

• Simetria, mobilidade, desvios, dor, perda de tecido subcutâneo (tríceps, coxas), edema.

• Neurológico

• Consciência, orientação, contato, atitude, marcha, motilidade, equilíbrio, tônus, força mus-

cular, coordenação, sensibilidade.

É comum, no exame físico, considerarmos a presença de características fisiológicas específicas

a cada faixa etária, sendo consideradas as seguintes faixas: 60 a 69,9 anos; 70 a 79,9 anos e mais

de 80 anos.

6.1.2 Antropometria e Composição Corporal


A antropometria é uma forma de avaliação nutricional que determina o

tamanho corporal e suas proporções, sendo

considerada um indicador direto do estado

nutricional. As medidas mais utilizadas nesse 


Assimile
tipo de avaliação são: peso, estatura, pre- nenhum indicador de avaliação do estado nutricio-
nal deve ser utilizado de forma única. Todo profis-
gas cutâneas, circunferências e bioimpedân- sional de saúde deve usar o máximo de instrumen-
tos para classificar o estado nutricional do idoso,
cia elétrica. desde que validados cientificamente.


6.1.2.1 Peso Corporal


O peso é a soma de todos os componentes do corpo e deve ser avaliado conforme a situação clí-

nica do indivíduo. Podem ser utilizados, em uma avaliação nutricional, os seguintes tipos de peso:

atual, usual, ideal ou desejável, adequação do peso, peso ajustado, peso ideal para amputados, esti-

mativa de peso e mudança de peso.

A obtenção do peso corporal deve ser feita com balança de precisão, preferencialmente digital,

eletrônica, com capacidade máxima de 150 Kg e com divisões de 100 g e precisão de 0,1 Kg. Para

75
aferir o peso do idoso, este deve permanecer no centro da base da balança, em posição ortostática,

sem sapatos, com o mínimo de vestes e sem objetos de adorno. Quando não for possível o caminhar

até a balança, por exemplo em função de limitações por enfermidades diversas ou no caso do idoso

estar acamado e imóvel, deverá ser utilizada a estimativa de peso, que é determinada pela equação

de Chumlea (1985 apud COELHO; AMORIM, 2007). Esta equação é específica em função do gênero,

conforme destacado a seguir:

Homem=(0,98xCP)+(1.16xAJ)+(1,73xCB)+(0,37xDCSE)-(81,69)

Mulher=(1,27xCP)+(0,87xAJ)+(0,98xCB)+(0,4xDCSE)-(62,35)

Legendas: CP = circunferência da panturrilha; AJ = altura do joelho; CB =

circunferência do braço; DCSE = dobra cutâ-

nea subescapular.

É muito comum realizarmos a adequação do Exemplificando
o Sr. Carlos, 68 anos de idade, apresenta-se aca-
peso atual em relação ao peso ideal ou desejá- mado e imobilizado. Ao ser realizada sua avaliação
antropométrica, obteve-se os seguintes dados: CP
vel. Para isso, utilizamos a seguinte equação: = 25 cm, AJ = 52 cm, CB = 28 cm e DCSE = 6 mm.
Qual deve ser seu peso estimado?
O peso estimado será de 53,79 Kg.
Homem=(0,98xCP)+(1.16xAJ)+(1,73xCB)+(0,37x-
Adequação do peso(%) = peso atual (kg) x DCSE)-(81,69)
Homem=(0,98x25)+(1.16x52)+(1,73x-
100/peso ideal ou desejável (kg)
28)+(0,37x6)-(81,69)
Homem=24,5+60,32+48,44+2,22-81,69 →
Homem=53,79 Kg
De acordo com a adequação do peso, classi- 

fica-se o estado nutricional do idoso (Quadro 1).

QUADRO 1 – CLASSIFICAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL, DE ACORDO COM A ADEQUAÇÃO DO PESO

CORPORAL

Adequação do peso corporal (%) Estado nutricional

≤ 70 Desnutrição grave

70,1 – 80 Desnutrição moderada

80,1 – 90 Desnutrição leve

76
90,1 – 110 Eutrofia

110,1 – 120 Sobrepeso

> 120 Obesidade

FONTE: Blackburn e Thornton (1979 apud COELHO; AMORIM, 2007).

Em casos de perda de peso corporal, é importante que o profissional de saúde investigue a exten-

são dessa modificação, em função do maior risco de mortalidade. Para isso, é necessário determinar

a porcentagem de perda de peso em relação ao tempo, conforme visto no tema 5, quando foram

abordados os preditores de desnutrição no idoso.

6.1.2.2 Estatura
A estatura se apresenta inalterada, em condições normais, praticamente, até os 40 anos de

idade, e a partir dessa fase, ocorrem reduções de cerca de 1 a 2,5 cm  para cada década de vida do

indivíduo, sendo que essa redução pode se apresentar  de forma mais acentuada em idades avança-

das. De acordo com estudos, as diferenças entre as populações são, em média, de 1,9 a 6,7 cm em

homens e 2 a 6 cm em mulheres (COELHO; AMORIM, 2007).

A redução da estatura é decorrente da perda do tônus muscular, achatamento dos corpos verte-

brais, redução dos discos intervertebrais e alterações posturais, como cifose dorsal, lordose ou esco-

liose. No gênero feminino ocorre, também, com mais frequência que no gênero masculino, o arque-

amento dos membros inferiores e achatamento do arco plantar, favorecendo a redução da estatura

corporal (COSTA, 1987; CARVALHO, 1993 apud COELHO; AMORIM, 2007).

A estatura deve ser medida utilizando-se antropômetro vertical ou estadiômetro para adultos. O

idoso deve ficar de pé, descalço, em posição ortostática, com o corpo erguido em extensão máxima,

com a cabeça ereta, olhando para frente, em posição de Frankfurt (arco orbital inferior alinhado em

um plano horizontal com o pavilhão auricular), com as costas e a parte posterior dos joelhos encos-

tados ao antropômetro e  mantendo os pés juntos.

77
Idosos acamados podem ter a estatura aferida mesmo deitados, em superfície plana. Em caso de

necessidade de estimar a estatura, quando ele não consegue se manter em pé, utiliza-se a altura

do joelho (AJ). Essa medida não é alterada com a idade e tem forte relação com a estatura. Para

obtenção dessa medida, o idoso deve estar deitado em posição supina, a perna deve ser flexionada,

formando com o joelho um ângulo de 90 graus e posicionando a base da régua abaixo do calcanhar,

com a haste pressionando a cabeça da fíbula.

Uma alternativa na avaliação antropométrica do idoso, para obter sua estatura, é utilizar a

medida da envergadura do braço. Esta deve ser realizada quando o idoso

apresentar impossibilidades de aferição pelas formas anteriormente men-

cionadas. A envergadura do braço é feita

mantendo o braço estendido, sem flexionar



o cotovelo, com a medida do comprimento Para saber mais
caro(a) aluno(a), você já deve ter ouvido algumas
entre a extremidade distal do 3º quirodác- pessoas dizendo:
- Vou tirar a altura; tirar o peso; tirar a circunferên-
tilo direito e a extremidade distal do 3º qui- cia etc.
Por favor, não use essa expressão. O profissional de
rodáctilo esquerdo, sendo aferida com uso saúde deve usar a palavra aferir!
Da mesma forma, você vai ouvir, frequentemente,
de uma trena metálica – na ausência de um pessoas se referirem a unidade de medida de mas-
sa “grama”, como feminino, como por exemplo:
antropômetro – para avaliação de grandes cinquenta quilos e duzentas gramas → Isso está
incorreto! Todo profissional de saúde deve saber
segmentos corporais. que grama, no sentido de medida de massa, deve
ser usado no gênero masculino, portanto, o correto
Uma outra alternativa é o uso da meia nesse caso é, por exemplo, dizer: cinquenta e três
quilos e oitocentos gramas.
envergadura do braço, que é feita com 
idoso deitado, no nível do segmento cen-

tral da incisura jugular do osso esterno até a

extremidade do terceiro quirodáctilo direito, desconsiderando a unha. A altura será o dobro do valor

encontrado nesta medida.

78
6.1.2.3 Índice de Massa Corpórea (IMC)
Com os dados da estatura e do peso corporal, calcula-se o índice de massa corpórea (IMC), tam-

bém conhecido como Índice de Quetelet, em homenagem ao seu criador, Lambert Quetelet, no

século XIX. O cálculo é obtido pela fórmula:

IMC(kg/m2)=Peso (kg) / Altura (m)2

Com o avançar da idade, é comum haver uma redução desse indicador nutricional por volta dos

70 a 75 anos (OMS, 1995 apud COELHO; AMORIM, 2007).

Uma das restrições em utilizar o IMC é que ele não considera a gordura corporal, a qual pode estar

associada a maior morbidade, na presença de obesidade. Entretanto, ainda é utilizado e recomen-

dado para idosos, em função da falta de outro indicador que seja tão simples e que disponibilize um

banco de dados extenso de estudos quanto esse instrumento.  

Os pontos de corte para o IMC de idosos (Quadro 2) é diferente dos recomendados para a popu-

lação adulta. Você irá observar, caro(a) aluno(a), que os pontos de cortes são maiores e a explicação

para essa diferença se dá pela alteração corporal específica do envelhecimento -  aumento da massa

de gordura corporal, principalmente na região visceral, e redução de massa magra. O ponto de corte

mínimo, para considerar um idoso eutrófico, permite uma intervenção nutricional com a finalidade

de evitar riscos de desnutrição, déficits nutricionais importantes e complicações de enfermidades.

QUADRO 2 – CLASSIFICAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE IDOSOS, POR MEIO DO IMC

Estado nutricional IMC (Kg/m2)

Desnutrição ou magreza < 22

Eutrofia 22 - 27

Obesidade ou excesso de peso > 27

FONTE: AAFP (1997 apud COELHO; AMORIM, 2007).

79
6.1.2.4 Circunferências
As circunferências (conhecidas em algumas obras literárias como perímetros) mais utilizadas na

população idosa são:

• Circunferência da cintura (CC): essa medida tem correlação com o IMC e pode ser utilizada para

predizer o depósito de gordura visceral na região abdominal,  porém, a Organização Mundial

de Saúde recomenda que o profissional de saúde use-a com cautela, dada a variabilidade de

pontos de corte em populações distintas (COELHO; AMORIM, 2007). Embora não existam parâ-

metros específicos para a população idosa, a CC é utilizada em função de ser prática e útil para

monitorar o estado nutricional de idosos que apresentam gordura na região abdominal. É uma

medida empregada para o cálculo da Razão Cintura-Quadril, em idosos, e tem como vanta-

gem identificar a distribuição intra-abdominal de tecido adiposo. A presença de gordura abdo-

minal é associada ao aumento do risco de desenvolvimento de doen-

ças cardiovasculares, diabetes e hipertensão arterial.

• Circunferência de quadril (CQ): utili-

zada para determinar a razão cintura-



quadril. Embora o uso dessa medida Link
leia o artigo PAGOTTO, V. et al. Circunferência da
seja questionada em adultos, para panturrilha: validação clínica para avaliação de
massa muscular em idosos.  Revista Brasileira de
idosos é utilizada. Enfermagem, v. 71, n. 2, 2018. Disponível em:
<http://web.a.ebscohost.com>.
• Circunferência do braço (CB): essa Acesso em: 05 maio 2018.
medida considera a soma dos teci-

dos ósseo, muscular e gorduroso do

braço. A redução da CB reflete a redu-

ção de massa magra e, com base nesses valores, o profissional de saúde calcula a circunferência

muscular do braço (CMB) e a área muscular do braço (AMB), sendo essas medidas, muito impor-

tantes para a determinação da massa muscular total do idoso. Valores abaixo da referência para

AMB podem indicar grave depleção das reservas proteicas somáticas. Com os valores de CMB e

80
AMB é feito o cálculo da área adiposa do braço (AAB), cujos dados, quando abaixo do valor de

referência, podem indicar depleção das reservas energéticas.

• Circunferência da panturrilha (CP): feita na panturrilha esquerda do idoso, é a melhor e mais

sensível medida utilizada para avaliar a massa muscular, sendo mais recomendada e efetiva do

que a medida de CB. É um dos parâmetros de avaliação que consta na Caderneta de Saúde da

Pessoa Idosa (Figura 1). O ponto de corte é determinado com base em 3 classificações: acom-

panhamento de rotina, atenção e ação. Medidas abaixo de 31 cm indicam redução de massa

muscular e se associam a maior risco de sarcopenia.

FIGURA 1 – CIRCUNFERÊNCIA DA PANTURRILHA

FONTE: Brasil (2017, on-line).

81
6.1.2.5 Dobras cutâneas (Pregas cutâneas)
As dobras cutâneas tricipital (DCT) e subescapular (DCSE) são indicadores da quantidade de tecido

adiposo subcutâneo e tem boa correlação com a gordura corporal total, podendo ser utilizadas em

idosos, ainda que as medidas de circunferências sejam mais indicadas para esse fim. Assim sendo, é

importante que, nessa população, sejam realizadas as medidas de dobras e circunferências, ressal-

tando a importância de considerar os efeitos das mudanças corpóreas associadas à idade.  

Essas dobras são utilizadas para monitorar o estado nutricional do idoso. Redução de DCT e DCSE

indicam déficit crônico na ingestão calórica, sendo considerados parâmetros adequados para avalia-

ção da desnutrição em idosos.  

• DCT - é considerada a dobra mais representativa da camada subcutânea de gordura em ido-

sos, sendo comparada a padrões de referência e classificadas por meio do uso de percentil.

• DCSE - Essa medida é correlacionada com estado nutricional do idoso e, em combinação com

outras dobras, é utilizada para estimar o tecido adiposo subcutâneo.

6.1.3 Composição corporal – utilização da bioimpedância elétrica


Existem contraindicações com relação ao uso de dobras cutâneas para determinar a composição

corporal de idosos. Esse método é contraindicado, principalmente, devido a uma redistribuição do

tecido adiposo, com maior concentração de gordura subcutânea interna no tronco e menor acúmulo

nas extremidades,  além de ocorrer redução da elasticidade e hidratação da pele e diminuição do

tamanho das células de gordura durante o envelhecimento.

Pesquisadores recomendam uso de circunferências ou bioimpedância para determinar a compo-

sição corporal nos idosos. Os aparelhos de bioimpedância elétrica determinam o percentual de água,

gordura e massa magra, com base em equações gravadas para idades específicas. As equações uti-

lizadas realizam essas avaliações com idosos de até 94 anos de idade.

Existem outras formas de determinar a composição corporal de idosos, como o uso de hidro-

densitometria, absortometria de Raios-X de dupla energia - DEXA e interactância de infravermelho,

82
porém são métodos de maior custo, não sendo facilmente encontrados nas unidades de atendimen-

tos clínicos.

6.1.4 Inquéritos Dietéticos


Esses instrumentos são muito importantes para o diagnóstico nutricional do idoso, podendo

demonstrar diversos tipos de deficiências nutricionais. Entretanto, sua utilização depende de fatores,

como: memória, comunicação, condições socioeconômicas e educacionais, além dos objetivos que

se quer alcançar com esta avaliação, sejam eles qualitativos ou quantitativos. Os principais métodos

utilizados são: recordatório de 24 horas, registro alimentar, questionário de frequência alimentar e

anamnese alimentar.

6.1.5 Avaliação Bioquímica


Os indicadores bioquímicos são muito utilizados para avaliar o estado nutricional do idoso, sendo

úteis não só para determinar o risco nutricional, como também para monitorar o impacto da terapia

nutricional prescrita.

Os parâmetros bioquímicos mais utilizados para avaliação nutricional de idosos são:  hemoglo-

bina, hematócrito, albumina, transferrina, índice creatinina-altura, glicemia, ureia, creatinina, ácido

úrico, retinol plasmático, proteína ligada ao retinol, colinesterase, vitamina B12, ácido fólico, zinco,

triglicerídeos, colesterol total e frações.

6.1.6 Miniavaliação Nutricional (MAN)


A Miniavaliação Nutricional é frequentemente aplicada por profissionais da saúde. Apresenta fácil

aplicação, não exige muito tempo e inclui medidas antropométricas, avaliação global, avaliação die-

tética e avaliação subjetiva.

A classificação é feita da seguinte forma:

Estado nutricional adequado = MAN > 24; Risco de desnutrição = MAN entre 17 e 23,5; Desnutrição

= MAN < 17.

83
Questão para reflexão
Com base no que foi exposto, fica clara 
Para saber mais
a importância da avaliação nutricional no para você conhecer a MAN na íntegra e saber quais
questionamentos e análises devem ser realiza-
diagnóstico do estado nutricional do idoso e, das em idoso, consulte o formulário completo dis-
ponível em: <http://www.mna-elderly.com/forms/
consequentemente, no seu estado de saúde.
MNA_portuguese.pdf>. Acesso em: 05 maio 2018.
A respeito dessas ferramentas de avaliação,

qual deve ser o critério utilizado para sua

utilização? Como devem ser escolhidos os

instrumentos de avaliação para uma determinada população-alvo?

Considerações Finais
• A avaliação do estado nutricional de idosos é singular para o estabelecimento e acompanha-

mento do seu estado de saúde.

• O uso de instrumentos adequados de avaliação nutricional devem ser definidos em função da

idade e condição clínica do idoso.

• Para avaliação antropométrica, são utilizados peso, estatura, circunferências, dobras cutâneas

e, sendo disponível, exame de bioimpedância elétrica.

• Na impossibilidade de aferir o peso e estatura, caso o idoso esteja acamado e imóvel, devem

ser realizadas as suas respectivas estimativas.

• Os inquéritos dietéticos são importantes para auxiliar no diagnóstico nutricional do idoso,

porém, há que se observar se a fonte de informações serão fidedignas.

Glossário
Ortostática: posição ereta do corpo.

Eupneico: que apresenta respiração normal, sem problemas.

84
Acianótico: que não apresenta coloração azul ou azulada da pele, produzida por uma oxigenação

insuficiente do sangue.

Anictérico: que não apresenta icterícia, que é observada pela coloração amarelada da pele, das

mucosas, dos olhos, sendo provocada pelo aparecimento excessivo de pigmentos provenientes da bile.

Ascite: acúmulo de líquidos na cavidade abdominal.

Fonte: Dicio (2018], on-line).

Verificação de leitura

QUESTÃO 1-A avaliação nutricional do idoso é de fundamental importância, uma vez que
o estado nutricional dessa população tem forte correlação com maior risco de morbimor-
talidade. A avaliação antropométrica, uma parte da avaliação nutricional, é realizada com
análise dos seguintes parâmetros:
a) Peso, história alimentar, estatura, bioimpedância elétrica e recordatório 24 horas.

b) Peso, estatura, IMC, circunferências e dobras cutâneas e bioimpedância elétrica.

c) Peso, estatura, IMC, dobras cutâneas, bioimpedância elétrica e recordatório 24 horas.

d) Peso, estatura, bioimpedância elétrica, recordatório 24 horas e questionário de frequência


alimentar.

e) Peso, história alimentar, estatura, bioimpedância elétrica e exames bioquímicos.

QUESTÃO 2-O índice de massa corpórea (IMC) é um parâmetro muito utilizado na avalia-
ção do estado nutricional de idosos.

Dados os pontos de corte a seguir, para um paciente idoso, de 68 anos de idade, com peso
atual de 59 Kg e 170 cm de estatura, qual deve ser seu IMC e respectivo estado nutricional?

Classificação do estado nutricional de idosos, por meio do IMC.

85
Estado nutricional IMC (Kg/m2)

Desnutrição ou magreza < 22

Eutrofia 22 - 27

Obesidade ou excesso de peso > 27

Fonte: AAFP (1997 apud COELHO; AMORIM, 2007).


a) IMC: 20,41 Kg/m2 ; Estado Nutricional: eutrofia.

b) IMC: 17,35 Kg/m2 ; Estado Nutricional: desnutrição ou magreza.

c) IMC: 17,35 Kg/m2 ; Estado Nutricional: eutrofia.

d) IMC: 20,41 Kg/m2 ; Estado Nutricional: desnutrição ou magreza.

e) IMC: 27,1 Kg/m2 ; Estado Nutricional: obesidade ou excesso de peso.

QUESTÃO 3-Para determinação da composição corporal de idosos, podem ser utilizados


instrumentos que são de alto custo ou outros de menor custo.

Pesquisadores recomendam uso de __________ ou __________ para determinar a compo-


sição corporal nos idosos.
a) Bioimpedância e hidrodensitometria.

b) Circunferências e bioimpedância.

c) Circunferências e absortometria de Raios-X de dupla energia – DEXA.

d) Bioimpedância e interactância de infravermelho.

e) Circunferências e hidrodensitometria.

86
Referências Bibliográficas
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde (Org.). Caderneta De Saúde
da Pessoa Idosa. Brasília, 2017. Disponível em: <http://portalarquivos2.saude.gov.br/
images/pdf/2017/setembro/27/CADERNETA-PESSOA-IDOSA-2017-Capa-miolo.pdf>.
Acesso em: 5 maio. 2018.

COELHO, M. A. S. C.; AMORIM, R. B. Avaliação nutricional em geriatria. In: DUARTE, A. C.


G. Avaliação nutricional: aspectos clínicos e laboratoriais, São Paulo: Atheneu, 2007,
cap, 15, p, 155-176.

Dicio. Disponível em: <https://www.dicio.com.br>. Acesso em: 05 maio 2018.

DOS SANTOS, T. F.; DELANI, T. C. O. Impacto da deficiência nutricional na saúde de idosos.


Revista Uningá review, v. 21, n. 1, 2018.

87
Gabarito

QUESTÃO 4- Alternativa B.
A avaliação antropométrica, uma parte da avaliação nutricional, é realizada com análise dos

seguintes parâmetros: peso, estatura, IMC, circunferências e dobras cutâneas, bioimpedância elétrica.

Questionário de frequência alimentar, história alimentar, recordatório 24 horas e exames bioquímicos

fazem parte da avaliação do estado nutricional, porém, não são itens da avaliação antropométrica.

QUESTÃO 5- Alternativa D.
Para um paciente idoso, de 68 anos de idade, com peso atual de 59 Kg e 170 cm de estatura, o seu IMC

e respectivo estado nutricional serão: IMC: 20,41 Kg/m2; Estado Nutricional: desnutrição ou magreza.

→ → → 20,41Kg/m2.

QUESTÃO 6- Alternativa C.
Para determinação da composição corporal de idosos, pesquisadores recomendam uso de cir-

cunferências ou bioimpedância. Os demais instrumentos podem ser utilizados, mas, por serem de

alto custo, há pouca disponibilidade nos locais de atendimento, sejam hospitais, ambulatórios e/ou

consultórios.

88
7
Necessidades
nutricionais
do idoso
Objetivos Específicos
• Mostrar ao aluno a composição básica dos alimentos.

• Enfatizar a importância dos nutrientes na saúde do idoso.

• Caracterizar a importância da água para a saúde do idoso.

• Promover conhecimento geral sobre a função dos prebióticos na saúde do idoso.

Introdução
Os idosos são considerados, de acordo com a literatura científica, uma população vulnerável, e a

nutrição tem papel fundamental na redução de riscos de desenvolvimento de doenças e complica-

ções clínicas diversas.

As necessidades nutricionais desse grupo de indivíduos não são muito diferentes dos adultos,

porém, há circunstâncias que tornam o idoso mais propenso a não atingir as recomendações nutri-

cionais adequadas para sua idade, por exemplo, menor consumo de determinados alimentos, uso de

medicamentos diversos que apresentam efeitos colaterais relacionados a menor absorção de alguns

tipos de nutrientes, presença de doenças, dentre outros.

Em relação aos macronutrientes (proteínas, carboidratos e lipídios), deve-se ter cuidado para que

haja adequada distribuição destes, a fim de evitar, por exemplo, que um nutriente seja utilizado para

outro fim, que não seja a sua principal função. Um exemplo muito comum dessa situação é o baixo

consumo de carboidratos, que faz com que a proteína seja utilizada como fonte energética, quando

sua principal função é, dentre outras, de reparação tecidual.

As concentrações de vitaminas e minerais devem ser monitoradas constantemente, pois o idoso,

geralmente, não consome quantidades adequadas desses nutrientes. A água e as fibras são itens

importantes que também devem ser monitorados, pois o baixo consumo de ambos pode levar o

idoso a sentir diversos desconfortos, como constipação intestinal, dores abdominais, entre outros,

além de promover o desenvolvimento de doenças e condições clínicas graves, que colocam sua vida

em risco, por exemplo diverticulite.

90
Neste contexto, o profissional de saúde deve investigar, tratar e monitorar as concentrações de

micronutrientes nessa população, assim como recomendar o consumo adequado de macronutrien-

tes, água e fibras, a fim de promover uma melhor saúde e qualidade de vida aos indivíduos idosos.

7.1 Necessidades
nutricionais do
idoso 
Para saber mais
Para manter todos os processos biológi- resumidamente, metabolismo energético é a uti-
lização de todas as vias do organismo para adquirir
cos em funcionamento, o organismo neces- e utilizar energia química, advinda do rompimento
das ligações químicas dos nutrientes, encontrados
sita de energia e, para isso, o metabolismo nos alimentos.

energético é acionado de forma contínua.

Assim, por meio de reações anabólicas e

catabólicas, que realizam a quebra das ligações químicas dos nutrientes, a energia necessária para

o funcionamento do organismo é obtida.

Os alimentos, de forma geral, são compostos, na sua maioria, por:

• Macronutrientes: fornecem energia e são divididos em proteínas, carboidratos e lipídios.

• Micronutrientes: não fornecem energia, porém são essenciais para diversas reações biológi-

cas. São classificados em vitaminas e minerais.

• Fibras alimentares: não são digeríveis pelo organismo humano.

• Água: primordial para a manutenção da vida.

Dessa forma, com base em estudos científicos, tanto de intervenção como epidemiológicos, são

propostas recomendações dietéticas para esses componentes alimentares. Tais recomendações são

estabelecidas de acordo com a idade e gênero dos indivíduos.

91
7.1.1 Macronutrientes
Exceto o açúcar e as gorduras, praticamente todos os alimentos têm em sua composição, car-

boidratos, proteínas e lipídios, mas, para que a energia contida nesses nutrientes seja utilizada, é

necessário que ocorram os processos de digestão, absorção e transporte. A seguir, iremos estudar

cada um desses macronutrientes de forma detalhada.

7.1.1.1 Proteínas
O consumo proteico reduz com a idade, embora  a ingestão dietética recomendada para esse

macronutriente não sofra modificações com o envelhecimento (ROSS et al., 2016).

A falta de apetite, condição muito comum em idosos,  principalmente aqueles que utilizam medi-

camentos e que são portadores de determinadas enfermidades (relacionadas com o desenvolvi-

mento de anorexia) ou apresentam distúrbio de ordem digestória, pode prejudicar o consumo de

proteína, assim como de outros nutrientes que são considerados essenciais. Assim, é muito impor-

tante que o idoso consuma o que é preconizado para proteínas, pois, desta forma, irá reduzir o risco

de perda de massa muscular, queda no sistema imunológico e, consequentemente, de fragilidade.

Idosos devem consumir carnes magras, leite e derivados – com pouca gordura, ovos, legumino-

sas (lentilha, ervilha, grão de bico, etc.), entre outros alimentos que sejam ricos em proteínas. Caso

o idoso esteja desnutrido ou abaixo do peso, as refeições devem ser ricas em proteínas e energia,

considerando-se, inclusive, em alguns casos, o uso de suplementos entre as refeições principais.

7.1.1.2 Carboidratos
É muito importante que a quantidade de carboidratos da dieta do idoso seja suficiente para que

o conteúdo ingerido de proteína não seja utilizado como fonte de energia.

Deve ser dada preferência aos alimentos integrais, como pão integral, macarrão integral, arroz

integral, entre outros. Os alimentos integrais também são ricos em fibras, vitaminas e minerais, por-

tanto, seu consumo proporcionará maior aporte nutricional às refeições do idoso.

92
7.1.1.3 Lipídios
A ingestão de gorduras deve ser, para o

idoso, moderada, pois, quando em excesso,

pode contribuir para o desenvolvimento 


Link
de diversas doenças, como aterosclerose, para conhecer um estudo que analisou o balanço
de macronutrientes na dieta de mais de quatro mil
e quando abaixo da recomendação poderá idosos brasileiros, leia o artigo PREVIDELLI, A. N.;
GOULART, R. M. M.; AQUINO, R. C.. Balanço de mac-
privar o idoso de nutrientes essenciais e ronutrientes na dieta de idosos brasileiros: aná-
lises da Pesquisa Nacional de Alimentação 2008-
levar à perda de peso. 2009.  Rev Bras Epidemiol, v. 20, n. 1, p. 70-80,
2017. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/
É importante orientar o idoso a não con- rbepid/v20n1/1980-5497-rbepid-20-01-00070.
pdf>. Acesso em: 05 maio. 2018.
sumir produtos ricos em gorduras trans, pois 
esse tipo de gordura não oferece nenhum

benefício, ao contrário, aumenta riscos de

desenvolver hipercolesterolemia, doenças cardiovasculares, entre outras.

7.1.2 Micronutrientes
Os micronutrientes são essenciais para diversas funções do organismo e para a manutenção ade-

quada da saúde dos idosos, sendo classificados em vitaminas e minerais.

7.1.2.1 Vitaminas e Minerais


A alimentação do idoso geralmente não apresenta-se variada, a ponto de fornecer todos os

micronutrientes necessários para seu organismo. Por isso, o profissional de saúde deve sempre

investigar possíveis déficits de vitaminas e minerais. Algumas deficiências nutricionais são muito

comuns neste grupo populacional, como de vitamina B12, vitamina D, cálcio e ferro.

A gastrite atrófica é uma alteração muito comum em idosos, sendo caracterizada por uma infla-

mação crônica no estômago que ocorre em função da diminuição ou menor produção de ácido clo-

rídrico e de fator intrínseco -  ambos de grande importância para a absorção da Vitamina B12. O

93
comprometimento da absorção dessa vitamina pode levar o idoso a maior susceptibilidade a infec-

ções, menor síntese de hormônios e de neurotransmissores, provocar fadiga crônica, depressão,

problemas digestivos, dentre outras consequências.

Com o envelhecimento, pode haver uma redução da capacidade da pele em formar a vitamina D,

assim como o rim apresenta menor habilidade para convertê-la para sua forma ativa. Dessa forma,

uma grande preocupação é que, além do baixo consumo desta vitamina, o idoso pode apresentar

uma necessidade maior desse nutriente. O leite enriquecido com vitamina D apresenta a quanti-

dade satisfatória deste nutriente,  entretanto, o consumo desse alimento, entre os idosos, é muito

pequeno ou inexistente. Além disso, idosos institucionalizados apresentam maior déficit de vitamina

D, em função da limitada exposição ao sol, aumentando assim, o risco de osteoporose, depressão,

câncer de próstata, entre outros.

O cálcio é importante, principalmente, para mulheres idosas que já passaram pela menopausa,

pois esse mineral atua na redução de risco de osteoporose.  Geralmente, idosos não atingem a reco-

mendação diária de cálcio, tanto pelo menor consumo de leite e derivados como pela falta de orien-

tação sobre a importância desse mineral para a saúde. Uma forma de aumentar o consumo de cálcio

na alimentação do idoso é incorporar em diversas preparações culinárias, o leite em pó, de preferên-

cia, rico em cálcio, por exemplo no purê de batatas, na vitamina de frutas, no arroz doce etc.

A deficiência de ferro em idosos é mais frequente em casos em que há baixo consumo de alimen-

tos ricos em proteínas – animais e vegetais –, pois normalmente essa população apresenta armaze-

namento elevado desse nutriente. Outros fatores que podem promover déficit de ferro no idoso são:

perda crônica de sangue em função de doenças, o uso de determinados medicamentos e a absor-

ção deficiente desse mineral, que pode ocorrer tanto por reduzida concentração de ácido clorídrico

no estômago, como pelo uso constante de antiácidos. Havendo a deficiência desse mineral, o idoso

poderá desenvolver anemia ferropriva.

7.1.3 Água
Muitos idosos referem não sentir sede ou não perceber necessidade de ingerir água. O profis-

sional de saúde deve se precaver para evitar a desidratação nesse grupo de pessoas, pois é um

94
grande risco para essa população. Normalmente, a água total do corpo diminui conforme o indiví-

duo envelhece, logo, qualquer alteração no organismo, seja direta ou indireta, pode levar à desidra-

tação, como presença de febre ou o próprio clima quente. Segundo estudos,

o idoso desidratado é mais suscetível a infecções do trato urinário, pneumo-

nia, lesão por pressão, confusão e desorien-

tação (WHITNEY; ROLFES, 2008).


Exemplificando
7.1.4 Fibra alimentar o profissional de saúde deve orientar o idoso a in-
gerir água durante todo dia, em pequenas quanti-
A ingestão de fibra alimentar (FA) por ido- dades, e não fazê-lo somente após a sensação de
sede, pois, nesse caso, já se considera um quadro
sos é baixa e estes não atingem, facilmente, de desidratação. Um exemplo de hábito que facilita
a ingestão de água, é o uso de produtos que mel-
sua recomendação nutricional. Um dos pro- horam o sabor da água, por exemplo, acrescentar
em garrafas de 500 mL de água, folhas de alecrim
blemas que o idoso pode ter, em função do ou de manjericão, rodelas de limão ou de laranja,
pedaços de abacaxi ou gengibre ou, ainda, fazer
consumo reduzido de FA – carboidrato não chás da preferência do idoso e servir gelado.

disponível – é a constipação intestinal.

O envelhecimento proporciona um dese-

quilíbrio da microbiota intestinal, sendo de suma importância que o profissional de saúde habilitado

para esse tipo de avaliação considere o uso de prebióticos, probióticos ou simbióticos, em condições

em que a alimentação não é suficiente para manter a saúde intestinal adequada. Vamos destacar,

nesse tema, o uso de prebióticos.

A definição de prebióticos é dada pela Associação Científica Internacional para Probióticos e

Prebióticos (International Scientific Association for Probiotics and Prebiotics – ISAPP) (SANDERS,

2010): “Prebiótico é um substrato que é seletivamente utilizado pelos microrganismos do hospe-

deiro, proporcionando benefícios para saúde”. Esses compostos contribuem para a manutenção da

saúde intestinal e apresentam efeitos positivos para a saúde. Contudo, outros resultados vêm sendo

pesquisados e comprovados com o uso desses produtos, a exemplo de:

• promover maior biodisponibilidade de cálcio;

• reduzir a concentração de colesterol sanguíneo;

95
• melhorar o funcionamento intestinal;

• reduzir quadros de constipação intestinal;

• proporcionar a saúde dos colonócitos, entre outros.

Os carboidratos não disponíveis, que têm efeitos positivos e comprovados sobre o hospedeiro, são

(GIBSON et al., 2017):

• frutanos;

• galacto-oligossacarídeos (GOS);

• oligossacarídeos do leite humano (HMOs).

Segundo Gibson et al. (2017), alguns compostos exibem potencial para comprovação desses efei-

tos benéficos, mas ainda não estão comprovados cientificamente, necessitando, assim, de mais

estudos a respeito. São eles:

• manano-oligossacarídeos (MOS);

• xilo-oligossacarídeos (XOS);

• polifenóis;

• ácido linoleico conjugado (CLA);

• ácidos graxos poli-insaturados.

Além disso, acredita-se que o prebiótico

poderia ser capaz de agir em outras micro-



biotas, que não a intestinal, como a da pele. Para saber mais
há algum tempo, os micro-organismos consider-
Entretanto, prezado(a) aluno(a), essa defini- ados colonizadores da microbiota intestinal eram
as bifidobactérias e lactobacilos, mas essa consid-
ção ainda não foi oficializada por nenhuma eração é, atualmente, errônea, uma vez que, por
meio de outros tipos de micro-organismos, podem
agência regulatória, embora tenha sido ser adquiridos benefícios à saúde.

sugerida por estudiosos especializados

nesse campo de atuação.

No Brasil, os frutanos – fruto-oligosacarídeos (FOS) – e a inulina têm aprovação de alegação fun-

cional e são considerados prebióticos pelas definições internacionais.

96
Questão para reflexão
Prezado(a) aluno(a), como o profissional 
Assimile
de saúde poderia implantar políticas públi- os frutanos podem ser obtidos por meio da alimen-
tação. Esses compostos são encontrados em vários
cas de saúde para os idosos, a fim de pro- alimentos de origem vegetal, como: cebola, alho,
yacon, aveia, banana, mel, raiz da chicória, al-
mover uma alimentação adequada e equili-
cachofra, aspargo, dentre outros.

brada para esse grupo de pessoas? De que

forma nosso país trabalha esses conceitos

nessa população?

Considerações Finais
• Os alimentos são compostos, na maioria, por macronutrientes, micronutrientes, água e fibra

alimentar.

• O consumo proteico reduz com a idade, e a ingestão diária desse nutriente deve ser monito-

rada para evitar, por exemplo, perda de massa muscular.

• O idoso deve preferir consumir alimentos integrais, como pão, macarrão, arroz, entre outros,

pois esses alimentos são fonte de carboidratos ricos em fibras, vitaminas e minerais.

• O consumo de gorduras deve ser feito de forma moderada, a fim de se evitar o desenvolvi-

mento de doenças, principalmente as relacionadas ao sistema cardiovascular.

• O profissional de saúde deve monitorar frequentemente as concentrações de vitaminas e

minerais dos idosos, assim como a ingestão diária de líquidos.

Glossário
Probióticos: organismo ministrado vivo que, na dosagem certa, causa um efeito positivo no organismo.

Simbióticos: produto composto por prebióticos mais probióticos.

Fonte: Dicio ([2018], on-line).

97
Verificação da Leitura

QUESTÃO 1- O consumo de alimentos variados é importante para oferecer, ao idoso, nu-


trientes essenciais ao bom funcionamento do organismo e à sua saúde. Entretanto, esses
indivíduos podem apresentar déficits nutricionais em função de diversas condições do
envelhecimento ou pelo baixo consumo alimentar.

Associe as colunas a seguir e assinale a alternativa que corresponde a associação correta.


(A) Gastrite atrófica (1) Deficiência de vitamina D
(B) Osteoporose (2) Deficiência de ferro
(C) Anemia ferropriva (3) Deficiência de vitamina B12
(D) Menor exposição ao sol (4) Deficiência de cálcio

a) A-2; B-4; C-1; D-2.

b) A-2; B-4; C-3; D-1.

c) A-3; B-4; C-1; D-2.

d) A-1; B-4; C-2; D-3.

e) A-3; B-4; C-2; D-1.

QUESTÃO 2- Os prebióticos são substratos que são utilizados pelos micro-organismos do


hospedeiro, a fim de promover benefícios para saúde. No Brasil, os _____________ e a
inulina têm aprovação de alegação funcional e são considerados prebióticos pelas defini-
ções internacionais.

A palavra que completa o espaço em branco corretamente, é:


a) Polifenóis.

b) Frutanos.

c) Xilo-oligossacarídeos (XOS).

d) Ácido linoleico conjugado (CLA).

e) Ácidos graxos poli-insaturados.

98
QUESTÃO 3- Os prebióticos são compostos que contribuem para a manutenção da saúde
intestinal e apresentam efeitos positivos para a saúde. Uma das suas funções, que pode
ser muito importante para a saúde do idoso, é aumentar a biodisponibilidade de determi-
nados nutrientes. Assinale a alternativa que corresponde a um exemplo desses nutrientes:
a) Vitamina B12.

b) Proteínas.

c) Cálcio.

d) Ferro.

e) Vitamina C.

Referências Bibliográficas
DICIO. Disponível em: <https://www.dicio.com.br>. Acesso em: 05 maio 2018.

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WHITNEY, E.; ROLFES, S. R. Nutrição 2: aplicações. 10 ed. São Paulo: Cengace Learning,
2008.

99
Gabarito

QUESTÃO 1-Alternativa E.
A associação correta entre as colunas deve ser:

(A) Gastrite atrófica → (3) deficiência de vitamina B12.

(B) Osteoporose → (4) deficiência de cálcio.

(C) Anemia ferropriva → (2) deficiência de ferro.

(D) Menor exposição ao sol → (1) deficiência de vitamina D.

Portanto, a alternativa correta é: A-3; B-4; C-2; D-1.

QUESTÃO 2-Alternativa B.
Os prebióticos são substratos que são utilizados pelos micro-organismos do hospedeiro, a fim de

promover benefícios para saúde. No Brasil, os FRUTANOS e a inulina têm aprovação de alegação

funcional e são considerados prebióticos pelas definições internacionais.

A palavra que completa o espaço em branco corretamente é: frutanos. As demais alternativas se

referem a compostos que, embora tenham potencial para serem considerados prebióticos, ainda não

têm comprovação oficializada.

QUESTÃO 3-Alternativa C.
Uma das suas funções dos prebióticos, que pode ser muito importante para a saúde do idoso, é

aumentar a biodisponibilidade de determinados nutrientes, a exemplo do cálcio.

100
8
Nutrição
do paciente
grave
Objetivos Específicos
• Entender o que é um paciente grave.

• Saber quais ferramentas são utilizadas em UTI para triagem nutricional.

• Conhecer os tipos de terapias nutricionais em UTI.

Introdução
É considerado paciente grave, todo indivíduo admitido em uma Unidade de Terapia Intensiva

(UTI). Na maioria das vezes, esses pacientes apresentam potencial risco de desnutrição ou já apre-

sentam essa condição instalada no momento da admissão hospitalar.

A desnutrição é muito frequente em idosos e, além disso, durante a internação em UTI, ele sofre

diversas alterações biológicas em seu organismo. Dentre essas alterações, destaca-se a produção

de fatores inflamatórios, hipermetabolismo, hipercatabolismo, entre outras situações que o levam a

perda de massa muscular e complicações clínicas secundárias à sua doença de base, contribuindo,

de forma geral, para um pior prognóstico.

Dessa forma, é de extrema importância que os profissionais de saúde façam, em idosos de UTI,

a triagem nutricional, a fim de garantir a estratificação do risco ou a identificação da desnutrição já

presente no paciente. Com base nos resultados obtidos, deve-se planejar e indicar a melhor terapia

nutricional para cada caso, a fim de amenizar o risco de agravamento da desnutrição e suas respec-

tivas consequências ou, de preferência, preveni-la. Assim, o objetivo da triagem nutricional é identi-

ficar, de forma precoce, os pacientes que poderiam se beneficiar da terapia nutricional.

Em grande parte dos pacientes idosos em UTI, são utilizados dois tipos de terapias: enteral e/ou

parenteral. A terapia nutricional enteral (TNE) é administrada no paciente por meio de sondas ou

ostomias, enquanto a terapia nutricional parenteral (TNP) é aplicada por meio de acessos venosos,

que podem ser periféricos ou centrais.

O idoso admitido em UTI por mais de dois dias, em uso de alimentação enteral ou parenteral, é

considerado paciente em risco nutricional e, cabe a toda equipe multiprofissional, atuar de forma

incisiva no seu tratamento, a fim de promover melhores condições para sua recuperação.
102
8.1 Aspectos nutricionais do paciente
grave
O conceito de paciente grave, também conhecido como paciente gravemente enfermo, está dire-

tamente relacionado a pacientes que são admitidos em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) (DE

SOUSA NUNES, 2016). As UTIs são unidades destinadas ao acolhimento de pacientes em estado

grave de saúde, os quais carecem de monitorização e suporte contínuo de suas funções vitais.

De acordo com o Guidelines for the provision and assessment of nutrition support therapy in

the adult critically ill patient: Society of Critical Care Medicine (SCCM) and American Society for

Parenteral and Enteral Nutrition (ASPEN) (McCLAVE et al., 2016), o paciente grave exibe quadros

clínicos de estresse catabólico que provocam uma resposta inflamatória sistêmica ligada a complica-

ções de morbidade infecciosa elevada, disfunção de múltiplos órgãos, tempo de permanência hospi-

talar aumentado e elevados índices de mortalidade.

A desnutrição é muito presente nesses pacientes, principalmente em função dos processos infla-

matórios, estresse metabólico, hipermetabolismo, hipercatabolismo, instabilidade hemodinâmica,

entre outros problemas. O elevado risco de apresentar, por exemplo, infecções respiratórias, do trato

urinário, sepse contribuem para maior risco de morbimortalidade.

O paciente gravemente enfermo sofre muitas alterações metabólicas, como alterações hormonais

que causam intolerância à glicose, resistência à insulina, hipercatabolismo proteico, dentre outras

implicações que contribuem para a perda de massa magra e o desenvolvimento da desnutrição, con-

dição esta, que ocorre, por exemplo, com a gliconeogênese.

Os pacientes em UTI, geralmente, passam por períodos de jejum e, nesse caso, quando esse perí-

odo se prolonga, a produção de energia, dada pelo processo de gliconeogênese (também conhecido

como neoglicogênese), passa a ser dependente do uso de aminoácidos. Como você já deve ter per-

cebido, caro(a) aluno(a), essa condição promove depleção muscular, que ocorre pela excreção da

ureia (obtida da conversão dos grupos amino) e, assim, tem-se um balanço nitrogenado negativo,

consequentemente, provocando perda de massa muscular.

103
O hipermetabolismo é caracterizado por

alto gasto energético, assim como aumento

do consumo de oxigênio e do débito cardí- 


Assimile
aco. O hipercatabolismo está relacionado idosos internados em UTI produzem grandes quan-
tidades de fatores inflamatórios, mediados por ci-
com a proteólise, que tem por finalidade tocinas inflamatórias, proporcionando elevado es-
tresse metabólico, causado pelas funções orgânicas
gerar substrato energético para o orga- deficientes, uso de grande número de fármacos,
restrição ao leito, condições iatrogênicas, dentre
nismo. Esse quadro colabora, em conjunto outras condições.

com o hipermetabolismo e o jejum, para o

desenvolvimento da desnutrição, situação

clínica que está diretamente relacionada com aumento das taxas de morbimortalidade do paciente

grave. A prevalência de desnutrição em pacientes de UTI oscila entre 38% a 70% e pode alcançar

100% dos pacientes internados, de acordo com alguns levantamentos (MORAES; LIMA; LUZ, 2015).

A presença de complicações clínicas no idoso, em função da sua doença, como edemas, ascite,

entre outras, promovem alterações no organismo que podem mascarar o diagnóstico do estado

nutricional. É muito importante que o profissional de saúde utilize um instrumento eficaz, de triagem

nutricional, para investigar e identificar o risco nutricional do paciente.

Como visto, o risco nutricional se relaciona ao desenvolvimento de complicações clínicas do

paciente, correlacionadas ao seu estado nutricional (OLIVEIRA et al., 2008). Assim, o paciente admi-

tido em UTI por mais de 48 horas, em uso de alimentação enteral ou parenteral, é imediatamente

reconhecido como paciente em risco nutricional.

Nesses casos, a triagem nutricional é essencial para garantir a estratificação do risco ou a identi-

ficação da desnutrição, quando já presente no paciente. Com esses resultados é planejada a melhor

terapia nutricional para cada caso, com o objetivo de reduzir o risco do agravamento da desnutrição

e suas respectivas consequências. A triagem nutricional proporciona, de forma precoce, a identifica-

ção dos indivíduos que poderiam se beneficiar da terapia nutricional.

Toda a avaliação nutricional deve ser feita por meio de protocolos reconhecidos cientificamente

e os instrumentos utilizados devem ser validados, a fim de garantir qualidade no processo e no

104
diagnóstico nutricional. A avaliação da gravidade e evolução da doença, tanto de base, como as suas

respectivas complicações e também o funcionamento do trato gastrintestinal, são singulares no pro-

cesso de avaliação nutricional do paciente grave (GUMBREVICIUS, 2017).

Ainda nos dias atuais, a avaliação do estado nutricional e do risco nutricional em pacientes de UTI

é um desafio, uma vez que as ferramentas disponíveis são limitadas. A avaliação antropométrica e

os resultados dos exames laboratoriais devem ser analisados com atenção especial e muito cuidado,

dadas as alterações clínicas que os pacientes graves sofrem rotineiramente. O risco nutricional deve

ser definido pela avaliação do estado nutricional e da gravidade da doença.

O Ministério da Saúde, que reconhece a importância do risco nutricional e sua relação com as

comorbidades, obriga a implantação de protocolos para seu rastreamento, assim como a avaliação

nutricional, em hospitais atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS); desta

forma, esses hospitais são remunerados pela terapia nutricional oferecida

aos pacientes em questão.

O Nutrition Risk in Critically III (NUTRIC



score) é uma ferramenta utilizada para tria- Para saber mais
as ferramentas utilizadas para identificar o estado
gem nutricional de pacientes graves, que nutricional e também o risco nutricional utilizadas
em UTI são: Nutrition Risk Screening (NRS-2002) e
considera, além dos aspectos nutricionais, Nutrition Risk in Critically III (NUTRIC). Esta última
ferramenta citada foi criada recentemente e valida-
a gravidade da doença. Esse questionário, da no Brasil, tendo como finalidade rastrear o risco
nutricional de pacientes em UTI (ROSA et al., 2016,
validado em português por Rosa e cols., in press). Conforme apresentado no Tema 6, a Mini
Avaliação Nutricional (MAN) também é uma ferra-
2016 (in press), deve ser implantado no pro- menta muito utilizada para idosos.

tocolo de atendimento de pacientes graves.

O questionário é constituído pelas seguin-

tes variáveis: idade, APACHE II, SOFA, número de comorbidades, dias de internação hospitalar até

entrada na UTI e IL-6 (ROSA, 2016).

Para a soma total de pontos, a IL-6 poderá ou não ser considerada, uma vez que sua concen-

tração pode não estar disponível, já que este não é um exame de rotina. Ao considerar os valo-

res de IL-6, a pontuação total considerada será de zero a dez, enquanto que, sem ponderar essas

105
concentrações, a pontuação será de 0 a nove. Após a soma dos pontos, os resultados são divididos

em duas categorias: escore alto (6-10) e escore baixo (0-5) quando a IL-6 for considerada, ou escore

alto (5-9) e escore baixo (0-4) quando a IL-6 não for considerada. O escore alto está associado aos

piores desfechos clínicos, sendo esses pacientes, os que se beneficiariam com uma terapia nutri-

cional agressiva; o escore baixo classifica os pacientes que apresentam baixo risco de desnutrição

(ROSA, 2016) (Figura 1).

FIGURA 1- Nutrition Risk in Critically III (NUTRIC score)

FONTE: Rosa et.al., (2016, on-line).

A avaliação do estado nutricional em pacientes graves deve ser feita o mais breve possível, de

preferência logo após sua admissão hospitalar. Durante o período de internação, deve ser diária, a

fim de se escolher a melhor terapia nutricional para cada caso e, também, monitorar se os objetivos

do suporte nutricional estão ou não sendo alcançados.

106
Havendo a indicação de alimentar o

paciente, e na impossibilidade de fazê-lo por

via oral – o que é muito comum em pacien- 


Exemplificando
tes graves –, a terapia nutricional enteral um idoso de 68 anos de idade, admitido em UTI há
2 dias, com APACHE de 25, SOFA de 9, com 3 co-
(TNE) é a primeira escolha a ser feita, uma morbidades e IL-6 de 450 tem escore de categoria
alta, pois a soma de pontos é igual a 7,0. Esses pa-
vez que sempre devemos priorizar a utiliza- ciente está associado aos piores desfechos clínicos
e é o que mais provavelmente se beneficiaria com
ção do trato digestório. Em casos que esse uma terapia nutricional agressiva

tipo de terapia nutricional for contraindi-

cada, a alternativa será o uso da terapia

nutricional parenteral (TNP).

Em TNE, o termo enteral está relacionado ao uso do trato gastrintestinal (TGI) e seu acesso pode

ser feito por meio de sondagem à beira do leito, em unidades de endoscopia e radiologia ou, ainda,

no centro cirúrgico, para realização de acessos por meio de ostomias (AGUILAR-NASCIMENTO;

DOCK-NASCIMENTO, 2009).

A terapia nutricional precoce deve ser prescrita sempre que possível, sendo esta recomendação

deliberada por vários consensos e diretrizes de sociedades, tanto brasileiras como internacionais.

O profissional de saúde pode utilizar um algoritmo que define os passos para uso da nutrição

enteral (NE) ou nutrição parenteral (NP) (Figura 2). Resumidamente, quando o paciente na UTI pode

ser alimentado e a NE é indicada, mas existe algum impedimento de uso da via oral, será usada

a sonda para alimentá-lo. A posição da sonda deve ser definida pelo médico responsável. O obje-

tivo é atingir 80% dos requerimentos nutricionais em 72 horas e, havendo sucesso nessa conduta,

o próximo passo é alcançar 100% das recomendações. Caso a dieta não seja bem tolerada ou não

se alcance a recomendação mínima em 72 horas, considera-se uma associação desta com nutrição

parenteral e reavaliação da nutrição enteral em 24 horas. Se o objetivo for atingido, aumenta a dieta

para 100% das necessidades, mantendo o volume para atingir os requerimentos nutricionais.

107
FIGURA 2 – ALGORITMO PARA NUTRIÇÃO ENTERAL PRECOCE EM PACIENTES GRAVES

LEGENDAS: NP: nutrição parenteral; NE: nutrição enteral; TGI: trato gastrintestinal; SNE: sonda nasoentérica;

UTI: unidade de terapia intensiva.

FONTE: Adaptado de Aguilar-Nascimento e Dock-

Nascimento (2009 apud GUMBREVIICUS, 2017, p. 803).


Para saber mais
o protocolo de assistência nutricional da UTI deverá
considerar as possibilidades de posicionamento da
sonda para administração da NE, com base no flux-
ograma de posicionamento (Figura 3).

108
FIGURA 3 – FLUXOGRAMA DE POSICIONAMENTO PARA ADMINISTRAÇÃO DE NUTRIÇÃO ENTERAL

FONTE: adaptado de Loser et al. (2005 apud GUMBREVICIUS, 2017).

A nutrição parenteral (NP), de acordo com a legislação vigente, é definida como

[...] solução ou emulsão, estéril e apirogênica, composta basicamente de carboidratos, ami-


noácidos, lipídios, vitaminas e minerais, estéril e apirogênica, acondicionada em recipiente
de vidro ou plástico, destinada à administração intravenosa em pacientes desnutridos ou
não, em regime hospitalar, ambulatorial ou domiciliar, visando a síntese ou manutenção dos
tecidos, órgãos ou sistemas (BRASIL, 1998).

A nutrição parenteral (NP) é utilizada quando não há possibilidade de uso do trato gastrintestinal,

quando não é possível atingir as necessidades nutricionais do indivíduo com uso da via digestiva ou,

ainda, na impossibilidade ou redução da absorção de nutrientes. Sempre que falarmos em NP, lem-

bre-se, prezado(a) aluno(a), que estamos abordando infusão ministrada por via venosa, sendo estes

acessos divididos em vias periférica (para NP parcial) e central (para NP total).

109
A NP total é assim chamada quando são

administrados todos os nutrientes essenciais

em quantidades adequadas para o paciente, 


Link
logo, inclui: carboidratos, lipídios, aminoáci- para conhecer as responsabilidades dos profission-
ais envolvidos na terapia nutricional enteral e de-
dos, vitaminas, minerais, oligoelementos e mais informações a respeito dessa técnica, acesse
o link disponível em: <http://www.saude.mg.gov.
eletrólitos. Já a NP parcial é utilizada como br/images/documentos/RDC%2063%20NUTRI-
CaO%20ENTERAL.pdf>. Acesso em: 05 maio 2018.
complemento, geralmente da via enteral, Para conhecer as responsabilidades dos profission-
ais envolvidos na terapia nutricional parenteral e
com soluções de baixa osmolaridade e por
outras considerações sobre o uso deste tipo de nu-
curto período de tempo. trição, leia a Portaria 272, que fixa os regulamen-
tos mínimos para seu uso. Disponível em: <http://
Ambas as técnicas de alimentação (ente- www.saude.mg.gov.br/images/documentos/POR-
TARIA_272.pdf>. Acesso em: 05 maio 2018.
ral ou parenteral) apresentam vantagens e 

desvantagens e cabe à equipe multiprofis-

sional realizar essas análises de forma minu-

ciosa, caso a caso, para a tomada da decisão a respeito da sua prescrição ao paciente grave.

Situação-problema
Esta disciplina contempla diversos fatores relacionados ao cuidado nutricional do paciente idoso,

de tal forma que promove, ao aluno, condições de estabelecer estratégias de promoção de saúde

para essa população alvo, com base nos conhecimentos de nutrição aplicada.

Atualmente, todo profissional de saúde observa e vivencia o crescimento da população de idosos,

assim como sua expectativa de vida. Sendo assim, é fundamental que esses profissionais estejam

preparados para oferecer um atendimento clínico de excelência a essas pessoas que, com tantas

experiências, poderão usufruir de mais qualidade de vida, se tratadas com competência, segurança,

conhecimentos atualizados e muito amor.

Após a observação desses fatos e, para um melhor entendimento da prática do profissional de

saúde, com foco no oferecimento de estratégias de promoção de saúde aos idosos e baseado nos

aspectos que envolvem a nutrição aplicada, vamos conhecer o caso do Sr. Carlos Eduardo. Esse

110
cliente é um senhor de 68 anos de idade, sedentário, portador de gastrite atrófica e refluxo gastro-

esofágico, altura de 167 cm, peso atual de 57 Kg, peso há 3 meses, segundo relatado, de 62,5 Kg,

que procurou ajuda no Hospital Santa Casa de Misericórdia, de sua cidade natal, após ter sofrido uma

queda na escada de sua casa, com aparente fratura no braço direito.

O Sr. Carlos Eduardo deu entrada no hospital e, ao responder os questionamentos do profissional

de saúde que o atendeu primeiramente, observou-se as seguintes características: presença de fra-

queza constante, perda de peso, infecções repetidas, falta de apetite, pouca sensibilidade ao pala-

dar, realiza 3 refeições ao dia, sendo elas divididas em almoço (11h), lanche da tarde (15h) e ceia

(20h), indo dormir imediatamente após esta última refeição, ingere café com pouco açúcar durante

todo o dia, apresenta disfagia grau 3 e frequentemente se engasga ao se alimentar, sente uma forte

queimação epigástrica e retroesternal, no seu entendimento tem constipação intestinal, pois evacua

2 vezes por semana somente, com fezes bem endurecidas, apresenta início de desidratação, porém,

faz todas as suas refeições utilizando a via oral.

Com base nas informações, reflita sobre os questionamentos a seguir:

1. Quais seriam os motivos que levaram o paciente Sr. Carlos Eduardo a sentir fraqueza, infecções

repetidas, anorexia, entre outros relatos?

2. O Sr. Carlos Eduardo pode ser considerado um indivíduo frágil?

3. Existe algum tipo de programa que os profissionais de saúde poderiam indicar para o Sr. Carlos

Eduardo participar, caso se confirme a situação de vulnerabilidade?

4. Quais distúrbios nutricionais o Sr. Carlos Eduardo pode apresentar, após análise de seus relatos?

5. Como deve ser sua dieta, considerando a disfagia grau 3?

6. Em função do relato de queimação dolorosa epigástrica e retroesternal, que condição clínica o

paciente pode estar apresentando?

7. Que orientação deve ser dada a esse paciente, em relação ao consumo diário de café?

8. Que instrumentos podem ser utilizados para diagnóstico de constipação intestinal deste

paciente? Somente o relato dele é suficiente para esse diagnóstico? O paciente teria indicação

de uso de prebiótico?

111
9. Como poderia ser classificada sua perda de peso?

10. Qual o estado nutricional do Sr. Carlos Eduardo, com base no seu IMC? Seria interessante esse

paciente realizar o exame de bioimpedância tetrapolar, uma vez que, neste hospital, a equipe

multiprofissional possui o aparelho?

11. O paciente tem indicação de uso de terapia ou parenteral?

Questão para reflexão


Caro(a) aluno(a), a realização da triagem nutricional em pacientes graves é de extrema importân-

cia e necessidade. Há grande dificuldade em adotar um único tipo de instrumento para realização

desse processo. A que você atribuiria essa dificuldade? Afinal, quais são os motivos que impedem a

adoção de um único protocolo de triagem nutricional, seja para avaliação do risco nutricional, seja

para obtenção do diagnóstico do estado nutricional desses pacientes?

Considerações Finais
• O paciente grave é aquele indivíduo admitido em unidade de terapia intensiva (UTI), o qual

sofre muitas alterações metabólicas que contribuem potencialmente para o desenvolvimento

da desnutrição.

• É muito importante que os profissionais de saúde utilizem protocolos de triagem nutricional em ido-

sos graves e apliquem esse instrumento, preferencialmente, no momento da admissão hospitalar.

• Na impossibilidade de alimentação por via oral, a nutrição do idoso grave pode ser feita com

uso de terapia nutricional enteral e/ou parenteral, dependendo das condições do trato gastrin-

testinal e presença de outras doenças.

• Sempre que possível, deve ser dada preferência ao uso da terapia nutricional enteral, a fim de

usar o trato digestório.

112
Glossário
Estratificação do risco: é feito por profissionais de saúde, a fim de demonstrar os riscos do

paciente durante toda a sua assistência clínica.

Gliconeogênese: produção de glicose a partir de substratos que não são carboidratos. Exemplo:

aminoácidos.

Hipercatabolismo: “Aumento dos processos de transformação metabólica de qualquer substân-

cia, em particular ou de um tecido orgânico no sentido genérico.”

Fonte: Infopédia ([2018], on-line).

APACHE: é uma ferramenta recomendada pelo Ministério da Saúde, que determina a estimativa

de morte em pacientes internados em UTI, nas primeiras 24 h, por meio de dados clínicos, labora-

toriais e fisiológicos.

SOFA: é um instrumento de triagem, empregado à beira do leito e que tem por finalidade, iden-

tificar pacientes adultos que estão sob maior risco de desfechos clínicos desfavoráveis, na presença

de infecção.

Verificação de leitura

QUESTÃO 1- Segundo Oliveira et al. (2008), o risco nutricional relacionado a complicações


clínicas do paciente, associadas ao seu estado nutricional, é uma condição muito comum
em pacientes idosos graves.

Complete a frase a seguir, relacionada ao conceito de risco nutricional:

O paciente admitido em UTI por mais de __________, em uso de alimentação __________


ou ___________, é prontamente reconhecido como paciente em risco nutricional.
a) 36 horas; enteral; parenteral.

b) 48 horas; enteral; parenteral.

113
c) 72 horas; enteral; parenteral.

d) 48 horas; via oral; via enteral.

e) 72 horas; enteral; via oral.

QUESTÃO 2- A realização da triagem nutricional é fundamental e deve ser incisivamente


realizada em todos os pacientes idosos graves.
O instrumento utilizado para realizar a triagem de risco nutricional em pacientes graves, validado

em pacientes de UTI, no Brasil é denominado de:


a) Avaliação antropométrica.

b) Nutrition Risk Screening - NRS-2002.

c) Avaliação subjetiva global – ASG.

d) Mini avaliação nutricional – MAN.

e) Nutrition Risk in Critically III – NUTRIC.

QUESTÃO 3- Quando o paciente na UTI pode ser alimentado e a nutrição enteral é indica-
da, mas existe algum impedimento de uso da via oral, será usada a sonda para alimentá
-lo. A posição da sonda deve ser definida pelo médico responsável.

Qual é o objetivo de uso da NE nessas circunstâncias?


a) Atingir 80% dos requerimentos nutricionais em 24 horas.

b) Atingir 100% dos requerimentos nutricionais em 48 horas.

c) Atingir 100% dos requerimentos nutricionais em 24 horas.

d) Atingir 60% dos requerimentos nutricionais em 72 horas.

e) Atingir 80% dos requerimentos nutricionais em 72 horas.

114
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maio 2018.

116
Gabarito

QUESTÃO 1- Alternativa B.
O risco nutricional se relaciona ao desenvolvimento de complicações no quadro clínico do paciente,

correlacionadas ao seu estado nutricional, sendo essa condição muito comum em pacientes idosos

graves. Considerando o conceito de risco nutricional, a frase deve ser completada com as palavras:

48 horas; enteral; parenteral.

O paciente admitido em UTI por mais de 48 horas, em uso de alimentação enteral ou parenteral,

é prontamente reconhecido como paciente em risco nutricional.

QUESTÃO 2- Alternativa E.
O instrumento utilizado para realizar a triagem de risco nutricional em pacientes graves, validado

em pacientes de UTI, no Brasil é denominado de Nutrition Risk in Critically III – NUTRIC. As demais

alternativas não correspondem a ferramentas validadas no Brasil em pacientes de UTI.

QUESTÃO 3- Alternativa E.
Quando o paciente na UTI pode ser alimentado e a nutrição enteral é indicada, mas existe algum

impedimento de uso da via oral, será usada a sonda para alimentá-lo. O objetivo de uso da NE, nes-

sas circunstâncias, é atingir 80% dos requerimentos nutricionais em 72 horas.

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