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DIREITO DO TRABALHO II – material 04

(Lázaro Luiz Mendonça Borges)

4. Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS:

O regime do FGTS entrou em vigor no Brasil em 1967 (Lei n. 5.107/1966), e era optativo ao
trabalhador, sendo que o obreiro podia escolher entre o regime do o Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço (chamado “optante”) ou o regime da estabilidade decenal (chamado “não
optante”).

Apesar de ter sido instituído como uma opção do empregado, na prática, a escolha pelo
FGTS, em muitas vezes, era tacitamente ‘sugerida’ pelos empregadores, já que eles tinham de
fazer os depósitos também para os não-optantes, a fim de garantir a indenização por
antiguidade àqueles trabalhadores não-optantes.

Com a Constituição Federal de 1988, o FGTS passou a ser regime único e obrigatório, não
havendo mais a opção. Todavia, para os empregados estáveis, ou seja, aqueles que já haviam
completado 10 anos de trabalho para o mesmo empregador no regime da estabilidade decenal
no advento da Constituição, fora reconhecido o direito adquirido.

4.1. Definição: trata-se de um Fundo formado por depósitos mensais, efetuados pelos
empregadores em uma conta vinculada ao nome de seus empregados, no valor equivalente
ao percentual de 8% das remunerações que lhes são pagas ou devidas.

4.2. Beneficiários: empregados urbanos e rurais, trabalhadores avulsos e temporários, além


dos empregados domésticos, com o então acréscimo do artigo 3º-A na Lei n. 5.859/1972 –
antiga lei que regia o trabalho doméstico – hoje revogada pela Lei Complementar n. 150/2015
(o referido artigo fora acrescentado pela Lei n. 10.208/2001), em que a inclusão do empregado
doméstico no FGTS constava como ‘facultativa’, mediante requerimento do empregador. A
inclusão do empregado doméstico no FGTS voltou a ser mencionada através da Emenda
Constitucional n. 72, de 02/04/2013, que alterou o parágrafo único do artigo 7º da
Constituição Federal, que passou a ter a seguinte redação:

1
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social:
(...)
III - fundo de garantia do tempo de serviço;
(...)

Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos


os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII,
XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as
condições estabelecidas em lei e observada a simplificação do cumprimento
das obrigações tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação

de trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII,
XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdência social. (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 72, de 2013). (grifei)

A partir da Lei Complementar n. 150, de 1º de junho de 2015, passou a ser obrigatória a


inclusão do trabalhador doméstico no FGTS, conforme previsto em seu artigo 21, que teve
sua regulamentação no prazo de 120 dias a contar da sua promulgação:

Art. 21. É devida a inclusão do empregado doméstico no Fundo de


Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), na forma do regulamento a ser
editado pelo Conselho Curador e pelo agente operador do FGTS, no âmbito de
suas competências, conforme disposto nos arts. 5o e 7o da Lei no 8.036, de 11
de maio de 1990, inclusive no que tange aos aspectos técnicos de depósitos,
saques, devolução de valores e emissão de extratos, entre outros determinados
na forma da lei.
Parágrafo único. O empregador doméstico somente passará a ter obrigação de
promover a inscrição e de efetuar os recolhimentos referentes a seu empregado
após a entrada em vigor do regulamento referido no caput.
Art. 22. O empregador doméstico depositará a importância de 3,2% (três
inteiros e dois décimos por cento) sobre a remuneração devida, no mês anterior,
a cada empregado, destinada ao pagamento da indenização compensatória
da perda do emprego, sem justa causa ou por culpa do empregador, não se
aplicando ao empregado doméstico o disposto nos §§ 1o a 3o do art. 18 da Lei
no 8.036, de 11 de maio de 1990.
§ 1o Nas hipóteses de dispensa por justa causa ou a pedido, de término do
contrato de trabalho por prazo determinado, de aposentadoria e de falecimento
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do empregado doméstico, os valores previstos no caput serão movimentados
pelo empregador. (meus grifos)
§ 2o Na hipótese de culpa recíproca, metade dos valores previstos no caput será
movimentada pelo empregado, enquanto a outra metade será movimentada pelo
empregador.

Segue abaixo decisão recente sobre esse tema (FGTS de empregado doméstico):

17ª TURMA
PROCESSO N° 0000128-93.2015.5.02.0331
RECURSO ORDINÁRIO
RECORRENTE: MARIA LUIZA CESCATO
RECORRIDO: 1. ESPÓLIO DE ALCIDES DA SILVA
2. GISLENE SOARES DA SILVA e OUTROS 4
ORIGEM: 01ª VT de Itapecerica da Serra
RELATORA: THAÍS VERRASTRO DE ALMEIDA
VÍNCULO DE EMPREGO DOMÉSTICO. RECOLHIMENTO DO FGTS.
OBRIGATORIEDADE. EC 72/2013 E LEI COMPLEMENTAR 150/2015.
A EC 72/2013, ao alterar o parágrafo único do art. 7º da Constituição da
República de 1988, condicionou o direito ao FGTS ao atendimento das
“condições estabelecidas em lei”, ou seja, de uma norma integrativa
infraconstitucional que lhe explicitasse o conteúdo e alcance (v.g. alíquota,
forma de recolhimento etc.). Trata-se, pois, de norma constitucional de eficácia
limitada, com aplicabilidade diferida. E a regulamentação só ocorreu com a
publicação da Lei Complementar nº 150/2015, que criou o regime do “Simples
Doméstico”, viabilizando a emissão do DAE (guia única) para pagamento dos
tributos e do FGTS. Assim, a obrigatoriedade do recolhimento do FGTS dos
empregados domésticos só ocorreu a partir do mês de competência de outubro
de 2015.

4.3. Interdependência entre os regimes da estabilidade e do FGTS:

Como, com o advento da Constituição Federal de 1988, o regime do FGTS passou a ser
obrigatório, surgiu então a possibilidade de algumas pessoas estarem enquadradas nos dois
regimes.

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Os empregados que até em 05/10/1988 (entrada em vigor da Constituição Federal), já haviam
trabalhado por 10 anos ou mais para um mesmo empregador, tinham o direito adquirido à
estabilidade no emprego, de forma que, caso fossem dispensados, deveriam receber
indenização em dobro (a indenização normal para dispensa arbitrária – para empregados com
menos de 9 anos de tempo de serviço - era equivalente a um mês de remuneração do obreiro
por ano de serviços prestados ao empregador).

Após a Constituição Federal de 1988, mesmo os não-optantes estáveis passaram a integrar o


sistema do FGTS, mas ainda detinham a estabilidade e o direito à indenização dobrada caso
fossem dispensados sem justa causa.

4.4. Base de cálculo, alíquota e data de recolhimento:

O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço é constituído de uma conta bancária formada


pelos depósitos feitos pelo empregador em nome do trabalhador. Os depósitos devem ter o
valor de 8% da remuneração mensal do obreiro, e feitos até o dia 07 de cada mês.

Quanto aos contratos de aprendizagem, o artigo 15, § 7º da Lei que trata sobre o FGTS
(Lei nº 8.036/1990) estabelece que o percentual dos depósitos será de 2% sobre a
remuneração do aprendiz.

Art. 15 (Lei n. 8.036/1990). Para os fins previstos nesta lei, todos os


empregadores ficam obrigados a depositar, até o dia 7 (sete) de cada mês, em
conta bancária vinculada, a importância correspondente a 8 (oito) por cento da
remuneração paga ou devida, no mês anterior, a cada trabalhador, incluídas na
remuneração as parcelas de que tratam os arts. 457 e 458 da CLT e a
gratificação de Natal a que se refere a Lei nº 4.090, de 13 de julho de 1962, com
as modificações da Lei nº 4.749, de 12 de agosto de 1965.
(...)
§ 7o Os contratos de aprendizagem terão a alíquota a que se refere o caput deste
artigo reduzida para dois por cento. (Incluído pela Lei nº 10.097, de 2000)

Quanto à incidência, o FGTS recairá sobre a remuneração mensal do empregado,


inclusive sobre horas extras e eventuais adicionais, a teor da súmula 63 do Tribunal
Superior do Trabalho, abaixo transcrita:

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SÚMULA 63. FUNDO DE GARANTIA (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20
e 21.11.2003
A contribuição para o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço incide sobre a
remuneração mensal devida ao empregado, inclusive horas extras e adicionais
eventuais.

Incide também sobre parcelas salariais pagas em virtude de trabalho no exterior, conforme
Orientação Jurisprudencial 232 da Seção de Dissídios Individuais-1 do Tribunal Superior do
Trabalho, abaixo transcrita:

OJ-SDI1-232 FGTS. INCIDÊNCIA. EMPREGADO TRANSFERIDO


PARA O EXTERIOR. REMUNERAÇÃO (inserida em 20.06.2001)
O FGTS incide sobre todas as parcelas de natureza salarial pagas ao empregado
em virtude de prestação de serviços no exterior.

Outra hipótese de incidência é sobre a parcela paga a título de aviso prévio indenizado,
uma vez que a indenização do aviso projeta o tempo de serviço do obreiro, a teor da Súmula
305, do Tribunal Superior do Trabalho, que segue abaixo:

SÚMULA 305. FUNDO DE GARANTIA DO TEMPO DE SERVIÇO.


INCIDÊNCIA SOBRE O AVISO PRÉVIO (mantida) - Res. 121/2003, DJ
19, 20 e 21.11.2003
O pagamento relativo ao período de aviso prévio, trabalhado ou não, está sujeito
a contribuição para o FGTS.

Deve ser observado que o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço não incidirá sobre
as férias indenizadas, vez não se trata de verba salarial, mas de indenização, a qual,
diferentemente do aviso prévio indenizado, não tem o condão de projetar o tempo do
contrato.

Entretanto, em decisão proferida pela Quinta Turma do Tribunal Superior do Trabalho,


publicada em 28/09/2018, o TST entendeu que não há incidência da multa de 40% sobre o
FGTS referente ao aviso prévio indenizado:

PROCESSO Nº TST-RR-632200-85.2009.5.12.0050
5
ACÓRDÃO
(5ª Turma)
GMBM/GPR/tor
MULTA DE 40% DO FGTS SOBRE O AVISO PRÉVIO INDENIZADO.
ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL Nº 42, II, DA SBDI-1 DO
TST. O item II da Orientação dispõe que “O cálculo da
multa de 40% do FGTS deverá ser feito com base no
saldo da conta vinculada na data do efetivo pagamento
das verbas rescisórias, desconsiderada a projeção do
aviso prévio indenizado, por ausência de previsão
legal”. Recurso de revista conhecido e provido.

OJ 42 (SDI-1). FGTS. MULTA DE 40% (nova redação em decorrência da


incorporação das Orientações Jurisprudenciais nºs 107 e 254 da SBDI-1) - Res.
129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005
I - É devida a multa do FGTS sobre os saques corrigidos monetariamente
ocorridos na vigência do contrato de trabalho. Art. 18, § 1º, da Lei nº 8.036/90 e
art. 9º, § 1º, do Decreto nº 99.684/90. (ex-OJ nº 107 da SDI-1 - inserida em
01.10.1997)
II - O cálculo da multa de 40% do FGTS deverá ser feito com base no saldo
da conta vinculada na data do efetivo pagamento das verbas rescisórias,
desconsiderada a projeção do aviso prévio indenizado, por ausência de
previsão legal. (ex-OJ nº 254 da SDI-1 - inserida em 13.03.2002)

A incidência do FGTS sobre férias indenizadas seria um bis in idem. Nesse sentido se posiciona
o Tribunal Superior do Trabalho através da Orientação Jurisprudencial nº 195, da Seção de
Dissídios Individuais-1, transcrita a seguir:

OJ-SDI1-195 FÉRIAS INDENIZADAS. FGTS. NÃO-INCIDÊNCIA


(inserido dispositivo) - DJ 20.04.2005
Não incide a contribuição para o FGTS sobre as férias indenizadas.

4.5. Hipóteses de movimentação da conta (artigo 20, e incisos, da Lei 8.036/1990):

A Lei n. 8.036/1990 (que dispõe sobre o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) traz as
hipóteses em que o saldo poderá ser movimentado, ou seja, as situações em que o trabalhador
poderá “sacar” o dinheiro que se encontra em sua respectiva conta.
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4.5.1. Quando houver EXTINÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO:

a) dispensa sem justa causa;


b) rescisão indireta;
c) encerramento das atividades da empresa, inclusive por motivo de força maior
(sendo que, por motivo de força maior, a multa será de 20% - §2º do artigo 18 da Lei n. 8.036/1990);
d) falecimento do trabalhador;

Abaixo, decisão do TST publicada em 24/04/2019:

Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho
PROCESSO Nº TST-RR-1001421-93.2017.5.02.0078
ACÓRDÃO
(8ª Turma)
GMDMC/Jj/Vb/rv/mh
A) AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. RITO
SUMARÍSSIMO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. Dá-
se provimento ao agravo de instrumento, em face da
possível ofensa ao art. 114, I e IX, da CF. Agravo de
instrumento conhecido e provido. B) RECURSO DE
REVISTA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. O
Regional manteve a sentença, a qual concluiu pela
incompetência material desta Especializada para
conhecer do pedido de levantamento da conta do FGTS,
formulado pelo cônjuge em razão do falecimento do de
cujus, e julgá-lo. No entanto, a Súmula nº 176 do
TST, cuja redação preconizava que "A Justiça do
Trabalho só tem competência para autorizar o
levantamento do depósito do Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço na ocorrência de dissídio entre
empregado e empregador", foi cancelada pelo Tribunal
Pleno desta Corte. Logo, a competência material para
apreciar o pedido de expedição de alvará judicial
para fins de saque dos depósitos do FGTS na CEF,
decorrente da relação de emprego havida entre ex-
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empregado e empregador, como na hipótese, pertence à
Justiça do Trabalho, como decorrência do disposto no
art. 114, I e IX, da CF/88 (com redação dada pela EC
nº 45/04). Recurso de revista conhecido e provido.

e) término de contrato a termo;


f) aposentadoria concedida pela Previdência Social;
g) culpa recíproca;
h) quando o trabalhador permanecer por 03 anos ininterruptos fora do regime do
FGTS, podendo o saque, neste caso, ser efetuado a partir do mês de aniversário do titular da conta.
i) Decreto nº 8.989, de 14/02/2017. – até 31/07/2017 – somente para contas
inativas à época;
j) o novo artigo 494-A, da Consolidação das Leis do Trabalho, acrescentado pela
Lei n. 13.467/2017 (Reforma Trabalhista):

Art. 484-A. O contrato de trabalho poderá ser extinto por acordo entre
empregado e empregador, caso em que serão devidas as seguintes
verbas trabalhistas:
I - por metade:
a) o aviso prévio, se indenizado; e
b) a indenização sobre o saldo do Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço, prevista no § 1o do art. 18 da Lei no 8.036, de 11 de maio de
1990;
II - na integralidade, as demais verbas trabalhistas.
§ 1o A extinção do contrato prevista no caput deste artigo permite a
movimentação da conta vinculada do trabalhador no Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço na forma do inciso I-A do art. 20 da Lei
no 8.036, de 11 de maio de 1990, limitada até 80% (oitenta por cento)
do valor dos depósitos. (grifei)
§ 2o A extinção do contrato por acordo prevista no caput deste artigo
não autoriza o ingresso no Programa de Seguro-Desemprego.

E ainda, a Lei n. 8.036/1990 teve de ser alterada pela Reforma Trabalhista para contemplar a
possibilidade acima mencionada, ao acrescentar o inciso I-A ao artigo 20 da referida lei:

Art. 20. .............................................................

8
I-A - extinção do contrato de trabalho prevista no art. 484-A da
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto- Lei
no 5.452, de 1o de maio de 1943;

4.5.2. Na vigência do contrato de trabalho:

a) financiamento habitacional (Sistema Financeiro da Habitação) – pagamento de


parte das prestações, liquidar ou amortizar saldo devedor (com intervalo mínimo de 02 anos para
movimentação – art. 20, V e VI);
b) aquisição de moradia própria (SFH) pagamento total ou parcial (artigo 20, VII);
c) aplicação em quotas de fundos mútuos de privatização (artigo 20, XII);
d) neoplasia maligna do trabalhador ou seus dependentes (artigo 20, XI);
e) portadores do vírus HIV (artigo 20, XIII);
f) doença grave em estágio terminal – trabalhador ou seus dependentes (artigo 20,
XIV);
g) idade igual ou superior a 70 anos (artigo 20, XV);
h) necessidade pessoal, cuja urgência e gravidade decorra de desastre natural.

4.5.3. Medida Provisória n. 889/2019:

Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos

MEDIDA PROVISÓRIA Nº 889, DE 24 DE JULHO DE 2019

Altera a Lei Complementar nº 26, de 11 de setembro de


1975, para dispor sobre a possibilidade de movimentação
das contas do Programa de Integração Social - PIS e do
Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público -
Pasep, e a Lei nº 8.036, de 11 de maio de 1990, para
instituir a modalidade de saque-aniversário no Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço - FGTS, e dá outras
providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 62


da Constituição, adota a seguinte Medida Provisória, com força de lei:

Art. 1º A Lei Complementar nº 26, de 11 de setembro de 1975, passa a vigorar


com as seguintes alterações:

“Art. 4º ..................................................................................................

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§ 1º Fica disponível a qualquer titular da conta individual dos participantes do
PIS-Pasep o saque integral do seu saldo a partir de 19 de agosto de 2019.

.....................................................................................................................

§ 4º Na hipótese de morte do titular da conta individual do PIS-Pasep, o saldo da


conta será disponibilizado aos seus dependentes, de acordo com a legislação da
Previdência Social e com a legislação específica relativa aos servidores civis e aos
militares.

§ 4º-A Na hipótese de o titular da conta individual do PIS-Pasep não possuir


dependentes, o saldo da conta será disponibilizado aos sucessores do titular nos termos
estabelecidos em lei.

§ 5º Os saldos das contas individuais do PIS-Pasep ficarão disponíveis aos


participantes de que tratam o caput e o § 1º ou, na hipótese de morte do titular da conta
individual, aos seus dependentes ou sucessores, observado o disposto no § 4º e no §
4º-A, independentemente de solicitação.

§ 6º A disponibilização dos saldos das contas individuais de que trata o § 1º será


efetuada conforme cronogramas de atendimento, critérios e forma estabelecidos pela
Caixa Econômica Federal, quanto ao PIS, e pelo Banco do Brasil S.A., quanto ao
Pasep.

§ 8º Na hipótese de conta individual de titular já falecido, as pessoas referidas


no §4º e no §4º-A poderão solicitar o saque do saldo existente na conta do titular
independentemente de inventário, sobrepartilha ou autorização judicial, desde que haja
consenso entre os dependentes ou sucessores e que estes atestem por escrito a
autorização do saque e declarem não haver outros dependentes ou sucessores
conhecidos.” (NR)

Art. 2º A Lei nº 8.036, de 11 de maio de 1990, passa a vigorar com a seguinte


redação:

“Art. 13. .................................................................................................

.....................................................................................................................

§ 5º O Conselho Curador determinará a distribuição da totalidade do resultado


positivo auferido pelo FGTS, por meio de crédito nas contas vinculadas de titularidade
dos trabalhadores, observadas as seguintes condições, dentre outras estabelecidas a
seu critério:

I - a distribuição alcançará as contas vinculadas que apresentarem saldo positivo


em 31 de dezembro do exercício-base do resultado auferido, incluídas as contas
vinculadas de que trata o art. 21;

...........................................................................................................” (NR)

“Art. 17-A. O empregador ou o responsável fica obrigado a elaborar folha de


pagamento e declarar os dados relacionados aos valores do FGTS e outras informações
de interesse do Ministério da Economia, por meio de sistema de escrituração digital, na
forma, no prazo e nas condições estabelecidos em regulamento do Conselho Curador.

§ 1º As informações prestadas na forma prevista no caput constituem declaração


e reconhecimento dos créditos delas decorrentes, caracterizam confissão de débito e
constituem instrumento hábil e suficiente para a cobrança do crédito de FGTS.

§ 2º O lançamento da obrigação principal e das obrigações acessórias relativas


ao FGTS será efetuado de ofício pela autoridade competente na hipótese de o

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empregador ou terceiro não apresentar a declaração na forma prevista no caput e será
revisto de ofício, nas hipóteses de omissão, erro, fraude ou sonegação.” (NR)

“Art. 20. .................................................................................................

.....................................................................................................................

XX - anualmente, no mês de aniversário do trabalhador, por meio da aplicação dos


valores da tabela constante do Anexo, observado o disposto no art. 20-D; e

XXI - a qualquer tempo, quando seu saldo for inferior a R$ 80,00 (oitenta reais) e
não tiverem ocorrido depósitos ou saques por, no mínimo, um ano, exceto na hipótese
prevista no inciso I do § 5º do art. 13.

.....................................................................................................................

§ 23. O trabalhador poderá sacar os valores decorrentes da situação de


movimentação de que trata o inciso XX do caput até o último dia útil do segundo mês
subsequente ao da aquisição do direito de saque.

§ 24. O agente operador deverá oferecer, nos termos do regulamento a ser


editado pelo Conselho Curador, em plataformas de interação com o titular da conta,
opções para que este transfira os recursos de que trata o inciso XXI do caput para
conta de sua titularidade em outra instituição financeira ou entidade autorizada a
funcionar pelo Banco Central do Brasil.

§ 25. As transferências de que trata o § 24 poderão acarretar cobrança de tarifa


pela instituição financeira.” (NR)

“Art. 20-A. O titular de contas vinculadas do FGTS estará sujeito a somente uma
das seguintes sistemáticas de saque:

I - saque-rescisão; ou

II - saque-aniversário.

§ 1º Todas as contas do mesmo titular estarão sujeitas à mesma sistemática de


saque.

§ 2º São aplicáveis às sistemáticas de saque de que trata o caput as seguintes


hipóteses de movimentação de conta:

I - para o saque-rescisão - aquelas previstas no art. 20, exceto quanto àquela


prevista em seu inciso XX; e

II - para o saque-aniversário - aquelas previstas no art. 20, exceto quanto


àquelas previstas em seus incisos I, I-A, II, IX e X.” (NR)

“Art. 20-B. O titular de contas vinculadas do FGTS estará sujeito originalmente à


sistemática de saque-rescisão a que se refere o inciso I caput do art. 20-A e poderá
optar por alterá-la, observado o disposto no art. 20-C.” (NR)

“Art. 20-C. A primeira opção pela sistemática de saque-aniversário poderá ser


feita a qualquer tempo e terá efeitos imediatos.

§ 1º Caso o titular solicite novas alterações de sistemática será observado o


seguinte:

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I - a alteração será efetivada no primeiro dia do vigésimo quinto mês
subsequente ao da solicitação;

II - a solicitação poderá ser cancelada pelo titular antes da sua efetivação; e

III - na hipótese de cancelamento, a nova solicitação estará sujeita ao disposto


no inciso I.

§ 2º Para fins do disposto no § 2º do art. 20-A, o saque obedecerá à sistemática


a que o titular estiver sujeito no momento do evento que o ensejar.” (NR)

“Art. 20-D. Na sistemática de saque-aniversário, o valor do saque será


determinado:

I - pela aplicação, à soma de todos os saldos das contas vinculadas do titular,


apurados na data do débito, da alíquota correspondente, estabelecida na tabela
constante do Anexo; e

II - pelo acréscimo da parcela adicional correspondente, estabelecida na tabela


constante do Anexo, ao valor apurado de acordo com o inciso I do caput.

§ 1º Na hipótese de o titular possuir mais de uma conta vinculada, o saque de


que trata este artigo será feito na seguinte ordem:

I - contas vinculadas relativas a contratos de trabalho extintos, iniciado pela conta que
tiver o menor saldo; e

II - demais contas vinculadas, iniciado pela conta que tiver o menor saldo.

§ 2º O Poder Executivo federal, respeitada a alíquota mínima de cinco por cento,


poderá alterar, até o dia 30 de junho de cada ano, os valores das faixas, das alíquotas e
das parcelas adicionais de que trata o caput para vigência no primeiro dia do ano
subsequente.

§ 3º Sem prejuízo de outras formas de alienação, a critério do titular da conta


vinculada do FGTS, os direitos aos saques anuais de que trata o caput poderão ser
objeto de alienação ou cessão fiduciária, nos termos do disposto no art. 66-B da Lei nº
4.728, de 14 de julho de 1965, em favor de qualquer instituição financeira do Sistema
Financeiro Nacional.

§ 4º O Conselho Curador poderá regulamentar o disposto no § 3º, inclusive


quanto ao bloqueio de percentual do saldo total existente nas contas vinculadas e ao
saque em favor do credor, com vistas ao cumprimento das obrigações financeiras de
seu titular.

§ 5º Os saques de que trata o § 3º do art. 20-A serão realizados com


observância ao limite decorrente do bloqueio referido no § 4º deste artigo.

§ 6º Na hipótese de despedida sem justa causa, o trabalhador que optar pela


sistemática saque-aniversário também fará jus ao saque da multa rescisória de que
tratam os § 1º e § 2º do art. 18.” (NR)

“Art. 20-E. Os recursos disponíveis para movimentação em decorrência das


hipóteses previstas no art. 20 poderão ser transferidos, a critério do trabalhador, para
conta de depósitos de sua titularidade em qualquer instituição financeira do Sistema
Financeiro Nacional.

Parágrafo único. As transferências de que trata este artigo poderão acarretar


cobrança de tarifa pela instituição financeira.” (NR)

12
“Art. 23. Competirá à Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do
Ministério da Economia a verificação do cumprimento do disposto nesta Lei,
especialmente quanto à apuração dos débitos e das infrações praticadas pelos
empregadores ou tomadores de serviço, que os notificará para efetuarem e
comprovarem os depósitos correspondentes e cumprirem as demais determinações
legais.

§ 1º ........................................................................................................

.....................................................................................................................

V - deixar de efetuar os depósitos e os acréscimos legais, após ser notificado


pela fiscalização; e

VI - deixar de apresentar, ou apresentar com erros ou omissões, as informações


de que trata o art. 17-A e as demais informações legalmente exigíveis.

§ 2º ........................................................................................................

.....................................................................................................................

c) de R$100,00 (cem reais) a R$300,00 (trezentos reais) por trabalhador


prejudicado na hipótese prevista no inciso VI do § 1º.

...........................................................................................................” (NR)

“Art. 23-A. A notificação do empregador relativa aos débitos com o FGTS, o


início de procedimento administrativo ou a medida de fiscalização interrompem o prazo
prescricional.

§ 1º O contencioso administrativo é causa de suspensão do prazo prescricional.

§ 2º A data de publicação da liquidação do crédito será considerada como a data


de sua constituição definitiva, que será considerada o marco para a retomada da
contagem do prazo prescricional.

§ 3º Todos os documentos relativos às obrigações perante o FGTS, referentes a


todo o contrato de trabalho de cada trabalhador, devem ser mantidos à disposição da
fiscalização por até cinco anos após o fim de cada contrato.” (NR)

“Art. 26-A. Para fins de apuração e lançamento, considera-se não quitado o


FGTS pago diretamente ao trabalhador, vedada a sua conversão em indenização
compensatória.

§ 1º Os débitos reconhecidos e declarados por meio de sistema de escrituração


digital serão recolhidos integralmente, acrescidos dos encargos devidos.

§ 2º Para a geração das guias de recolhimento, os valores devidos a título de


FGTS e o período laboral a que se referem serão expressamente identificados.” (NR)

Art. 3º A Lei nº 8.019, de 11 de abril de 1990, passa a vigorar com as seguintes


alterações:

“Art. 7º Ato do Ministro de Estado da Economia disciplinará os critérios e as


condições para devolução ao FAT dos recursos aplicados nos depósitos especiais de
que trata o caput do art. 9º e daqueles repassados ao BNDES para fins do disposto no
§ 1º do art. 239 da Constituição.” (NR)

“Art. 9º ...................................................................................................

13
.....................................................................................................................

§ 2º A reserva estabelecida no § 1º não poderá ser inferior ao montante


equivalente a três meses de pagamentos do benefício do seguro-desemprego e do
abono salarial de que trata o art. 9º da Lei nº 7.998, de 1990, computados por meio da
média móvel dos desembolsos efetuados nos doze meses anteriores, atualizados
mensalmente pela variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - IPCA,
calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, ou por índice que
vier a substituí-lo.

.....................................................................................................................

§ 8º Ato do Ministro de Estado da Economia disciplinará as condições de


utilização e de recomposição da reserva mínima de liquidez do FAT de que tratam os §
1º e § 2º.” (NR)

Art. 4º Excepcionalmente para o exercício financeiro iniciado em 1º de julho de


2019, permanecerá facultada a retirada das parcelas correspondentes aos créditos de
que tratam as alíneas “b” e “c” do caput do art. 3º da Lei Complementar nº 26, de 1975.

Art. 5º Sem prejuízo das hipóteses de movimentação previstas no art. 20 da


Lei nº 8.036, de 1990, fica disponível aos titulares de conta vinculada do FGTS, até
31 de março de 2020, o saque de recursos até o limite de R$ 500,00 (quinhentos
reais) por conta.

§ 1º Os saques de que trata este artigo serão efetuados conforme cronograma


de atendimento, critérios e forma estabelecidos pela Caixa Econômica Federal,
permitido o crédito automático para conta de poupança de titularidade do trabalhador
previamente aberta na Caixa Econômica Federal, desde que o trabalhador não se
manifeste negativamente.

§ 2º Caso o titular tenha mais de uma conta vinculada, o saque de que trata este
artigo será feito de acordo com o disposto no § 1º do art. 20-D da Lei nº 8.036, de 1990.

§ 3º Na hipótese do crédito automático de que trata o § 1º, o trabalhador poderá,


até 30 de abril de 2020, solicitar o desfazimento do crédito ou a transferência do valor
para outra instituição financeira, conforme procedimento a ser definido pelo agente
operador do FGTS.

§ 4º As transferências para outras instituições financeiras previstas no § 3º


poderão acarretar cobrança de tarifa pela instituição financeira.

Art. 6º No ano de 2019, a opção de que trata o caput do art. 20-C da Lei nº
8.036, de 1990, somente poderá ser solicitada a partir de 1º de outubro e produzirá
efeitos a partir de 1º de janeiro de 2020.

Art. 7º Em 2020, o saque a que se refere o inciso II do caput do art. 20-A da Lei
nº 8.036, de 1990, para os aniversariantes do primeiro semestre, observará o seguinte
cronograma:

I - para aqueles nascidos em janeiro e fevereiro, os saques serão efetuados no


período de abril a junho de 2020;

II - para aqueles nascidos em março e abril - os saques serão efetuados no


período de maio a julho de 2020; e

III - para aqueles nascidos em maio e junho - os saques serão efetuados no


período de junho a agosto de 2020.

Art. 8º A Lei nº 8.036, de 1990, passa a vigorar acrescida do Anexo a esta Medida
Provisória.

14
Art. 9º Ficam revogados:

I - os incisos I ao VI do § 1º, o § 2º, o § 3º e o § 7º do art. 4º da Lei


Complementar nº 26, de 1975;

II - os seguintes dispositivos da Lei nº 8.019, de 1990:

a) os incisos I a III do caput do art. 7º; e

b) os incisos I e II do § 2º do art. 9º; e

III - o inciso III do § 5º do art. 13 da Lei nº 8.036, de 1990.

Art. 10. Esta Medida Provisória entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 24 de julho de 2019;198º da Independência e 131º da República.

JAIR MESSIAS BOLSONARO

Paulo Guedes

Este texto não substitui o publicado no DOU de 24.7.2019 - Edição extra

ANEXO
LIMITE DAS FAIXAS DE SALDO (EM R$) ALÍQUOTA PARCELA ADICIONAL (EM R$)

de 00,01 até 500,00 50% -


de 500,01 até 1.000,00 40% 50,00
de 1.000,01 até 5.000,00 30% 150,00
de 5.000,01 até 10.000,00 20% 650,00
de 10000,01 até 15.000,00 15% 1150,00
de 15.000,01 até 20.000,00 10% 1900,00
acima de 20.000,00 - 5% 2900,00

4.6. Prescrição:

A prescrição quanto à reclamação dos créditos resultantes de depósitos do FGTS ERA


trintenária (entendimento completamente reformulado em recente decisão proferida pelo
Supremo Tribunal Federal a ser tratado mais adiante), observada, todavia, a prescrição bienal
após a extinção do contrato de trabalho. Neste sentido, assim dispõe a súmula 362 do
Tribunal Superior do Tribunal:

Súmula nº 362 do TST


FGTS. PRESCRIÇÃO (nova redação) - Res. 198/2015, republicada em
razão de erro material – DEJT divulgado em 12, 15 e 16.06.2015

15
I – Para os casos em que a ciência da lesão ocorreu a partir de 13.11.2014, é
quinquenal a prescrição do direito de reclamar contra o não-recolhimento de
contribuição para o FGTS, observado o prazo de dois anos após o término do
contrato;
II – Para os casos em que o prazo prescricional já estava em curso em
13.11.2014, aplica-se o prazo prescricional que se consumar primeiro: trinta
anos, contados do termo inicial, ou cinco anos, a partir de 13.11.2014 (STF-
ARE-709212/DF).

Entretanto, ainda que fosse trintenária a prescrição do direito de reclamar contra o não
recolhimento da contribuição para o FGTS, quando esta se tratava de verba acessória, a
prescrição era de cinco anos, seguindo a sorte do principal, conforme se verifica na súmula
206 do TST. Os reflexos do FGTS sobre as parcelas remuneratórias prescrevem junto com
estas, ou seja, em cinco anos nos termos do artigo 7º, inciso XXIX, da Constituição Federal:

SÚMULA 206. FGTS. INCIDÊNCIA SOBRE PARCELAS PRESCRITAS


(nova redação) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003
A prescrição da pretensão relativa às parcelas remuneratórias alcança o
respectivo recolhimento da contribuição para o FGTS.

4.6.1 Novo prazo prescricional do FGTS:

Conforme salientado acima, era trintenária a prescrição para as contribuições do FGTS.


Porém, recente decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal, cujo acórdão fora publicado
em 19/02/2015, mudou-se esse entendimento. A prescrição agora é de cinco anos,
ressaltando o limite de dois anos após a extinção do contrato, assim como as demais verbas
trabalhistas, sendo que essa decisão do Supremo Tribunal Federal provocou a alteração da
súmula 362, do Tribunal Superior do Trabalho (já transcrita acima).

13/11/2014 PLENÁRIO
RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 709.212 DISTRITO
FEDERAL
RELATOR: MIN. GILMAR MENDES
RECTE.(S): BANCO DO BRASIL S/A
ADV.(A/S): JAIRO WAISROS E OUTRO(A/S)
RECDO.(A/S): ANA MARIA MOVILLA DE PIRES E MARCONDES

16
ADV.(A/S): JOSÉ EYMARD LOGUERCIO E OUTRO(A/S)
Recurso extraordinário. Direito do Trabalho. Fundo de Garantia por Tempo de
Serviço (FGTS). Cobrança de valores não pagos. Prazo prescricional.
Prescrição quinquenal. Art. 7º, XXIX, da Constituição. Superação de
entendimento anterior sobre prescrição trintenária. Inconstitucionalidade
dos arts. 23, § 5º, da Lei 8.036/1990 e 55 do Regulamento do FGTS
aprovado pelo Decreto 99.684/1990. Segurança jurídica. Necessidade de
modulação dos efeitos da decisão. Art. 27 da Lei 9.868/1999. Declaração de
inconstitucionalidade com efeitos ex nunc. Recurso extraordinário a que se nega
provimento. (grifei)

ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo
Tribunal Federal, em Sessão Plenária, sob a presidência do Senhor Ministro
Ricardo Lewandowski, na conformidade da ata do julgamento e das notas
taquigráficas, decidir o tema 608 da Repercussão Geral, por maioria, negar
provimento ao recurso, também por maioria declarar a inconstitucionalidade do
art. 23, § 5º, da Lei nº 8.036/1990, e do art. 55 do Decreto nº 99.684/1990, na
parte em que ressalvam o “privilégio do FGTS à prescrição trintenária”, haja
vista violarem o disposto no art. 7º, XXIX, da Carta de 1988. Quanto à
modulação, o Tribunal, por maioria, atribuiu à decisão efeitos ex nunc, nos
termos do voto do relator, ministro Gilmar Mendes.
Brasília, 13 de novembro de 2014.
Ministro GILMAR MENDES
Relator

Há que se ressaltar, contudo, que a decisão proferida pelo Excelso Supremo Tribunal
Federal terá seus efeitos modulados no tempo, de modo a não prejudicar aqueles
trabalhadores que estavam habituados com o antigo prazo prescricional. Abaixo, trechos
do voto do Ministro Relator Gilmar Mendes sobre a modulação dos efeitos da decisão:

(...)
A evolução do entendimento doutrinário e jurisprudencial – uma autêntica mutação
constitucional – passava a exigir, no entanto, que qualquer restrição a esses direitos
devesse ser estabelecida mediante expressa autorização legal.
Com essas considerações, diante da mudança que se opera, neste momento, em
antiga jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, e com base em razões de segurança

17
jurídica, entendo que os efeitos desta decisão devam ser modulados no tempo, a fim de
que se concedam apenas efeitos prospectivos à decisão e à mudança de orientação que
ora se propõe.
(...)
A modulação que se propõe consiste em atribuir à presente decisão efeitos ex nunc
(prospectivos). Dessa forma, para aqueles cujo termo inicial da prescrição ocorra após a
data do presente julgamento, aplica-se, desde logo, o prazo de cinco anos. Por outro
lado, para os casos em que o prazo prescricional já esteja em curso, aplica-se o que
ocorrer primeiro: 30 anos, contados do termo inicial, ou 5 anos, a partir desta decisão.
Assim se, na presente data, já tenham transcorrido 27 anos do prazo prescricional,
bastarão mais 3 anos para que se opere a prescrição, com base na jurisprudência desta
Corte até então vigente. Por outro lado, se na data desta decisão tiverem decorrido 23
anos do prazo prescricional, ao caso se aplicará o novo prazo de 5 anos, a contar da data
do presente julgamento.

DISPOSITIVO
Ante o exposto, fixo a tese, à luz da diretriz constitucional encartada no inciso XXIX
do art. 7º da CF, de que o prazo prescricional aplicável à cobrança de valores não
depositados no Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) é quinquenal.
Por conseguinte, voto no sentido de reconhecer a inconstitucionalidade dos artigos
23, § 5º, da Lei 8.036/1990 e 55 do Regulamento do FGTS aprovado pelo Decreto
99.684/1990, na parte em que ressalvam o “privilégio do FGTS à prescrição
trintenária”, haja vista violarem o disposto no art. 7º, XXIX, da Carta de 1988.
Dessarte, entendo que, no caso, o princípio da segurança jurídica recomenda que
seja mitigado o princípio da nulidade da lei inconstitucional, com a consequente
modulação dos efeitos da presente decisão, de modo a resguardar as legítimas
expectativas dos trabalhadores brasileiros, as quais se pautavam em manifestações, até
então inequívocas, do Tribunal competente para dar a última palavra sobre a
interpretação da Constituição e da Corte responsável pela uniformização da legislação
trabalhista.
Acerca da aplicabilidade da limitação dos efeitos da decisão de
inconstitucionalidade ao controle difuso, reporto-me ao voto que proferi no Recurso
Extraordinário 197.917, Rel. Maurício Corrêa, DJ 7.5.2004.
Assim, com base nessas premissas e tendo em vista o disposto no art. 27 da Lei
9.868/1999, proponho que os efeitos da presente decisão sejam meramente
prospectivos.
Ante o exposto, conheço do recurso, para, no mérito, negar-lhe provimento.

18

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