Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
Norma desempenho de
edificações habitacionais:
Desempenho
Térmico
Arquitetura | Desempenho Térmico
Sumário
Introdução ������������������������������������������������������������������������������������������������������������������ 2
1. Aspectos iniciais e informações importantes ���������������������������� 3
2. Avaliação das adequações das habitações ��������������������������������� 4
3. Avaliação simplificada de desempenho técnico �������������������� 6
4. Simulação computacional ����������������������������������������������������������������������� 8
5. Requisitos de desempenho: verão ������������������������������������������������� 11
6. Requisitos de desempenho: inverno ������������������������������������������� 12
7. Edificações em fase de projeto ��������������������������������������������������������� 13
8. Avaliação do desempenho térmico –
Procedimento 2 �������������������������������������������������������������������������������������������������� 15
Conclusão ��������������������������������������������������������������������������������������������������������������� 17
1
Arquitetura | Desempenho Térmico
Introdução
A
NBR 15.575 ou norma de desempenho traz consigo uma característica marcante, que
é buscar justamente atender aos requisitos dos usuários, independente do sistema
construtivo, do número de pavimentos e dos materiais que constituem as edificações
habitacionais. E quem não atender a esses critérios mínimos, estará sujeito a ações
indenizatórias, uma vez que a existência dessa norma despertou o interesse de
advogados no setor da construção civil.
Dentre os requisitos e critérios mínimos a serem atendidos para garantir o conforto do usuário,
está o desempenho térmico das habitações, que será tema deste Ebook devido sua importância e
aplicabilidade em nosso país, que é tão amplo e possui uma variação significativa de temperatura.
É importante ressaltar que o conteúdo deste ebook é de autoria QiSat e da professora
Elaine Guglielmi Pavei, e faz parte do terceiro capítulo da série de desempenho de edificações
habitacionais - requisitos gerais.
Boa leitura!
2
Arquitetura | Desempenho Térmico
1. Aspectos iniciais e
informações importantes
Inicialmente, deve-se esclarecer que a Norma ABNT NBR 15.575 não trata de condicionamento
artificial como refrigeração ou calefação. Ou seja, todos os critérios de desempenho foram estabelecidos
com base em condições naturais de insolação, ventilação e demais condições.1
Este requisito trata dos aspectos relacionados ao planejamento e à concepção do projeto do
empreendimento, considerando-se, principalmente, as ações relativas à adaptação da edificação às
condições climáticas e às características físicas e geográficas locais.2
1
Guia orientativo para atendimento à norma ABNT NBR 15.575/2013
2
Selo Casa Azul, 2010
3
Arquitetura | Desempenho Térmico
Procedimento 1 A – Simplificados
• Este procedimento é obrigatório.
• Verifica o atendimento aos requisitos e critérios para o envelopamento da obra.
Tem como base a transmitância térmica (U) e capacidade (CT) das paredes de fachada e
das coberturas.
Transmitância térmica: transmissão de calor em unidade de tempo e através de uma área
unitária de um elemento ou componente
construtivo; neste caso, dos vidros e dos
componentes opacos das paredes externas e
coberturas, incluindo as resistências superficiais
interna e externa, induzida pela diferença de
temperatura entre dois ambientes.
Capacidade térmica: quantidade de
calor necessária para variar em uma unidade a
temperatura KJ/(m².K).
Procedimento 1 B –
Simulação por software
Para os casos em que os valores obtidos
para a transmitância térmica e/ou capacidade
térmica se mostrarem insatisfatórios frente aos critérios e métodos estabelecidos nas partes 4 e 5 da norma
NBR 15.575, o desempenho térmico global da edificação deve ser avaliado por simulação computacional.
3
Selo Casa Azul, 2010
4
Arquitetura | Desempenho Térmico
Fim
4
Selo Casa Azul, 2010
5
Arquitetura | Desempenho Térmico
3. Avaliação simplificada de
desempenho técnico
As paredes de fachada e a cobertura da edificação habitacional devem reunir características
que atendam aos critérios de desempenho requeridos, considerando-se a zona bioclimática em que
a obra se localizar (Selo Casa Azul, 2010).
6
Arquitetura | Desempenho Térmico
Generalidades
A edificação habitacional deve reunir
características que atendam aos requisitos de
desempenho térmico, considerando-se a zona
bioclimática definida na ABNT NBR 15220 – 3
(Norma brasileira de desempenho térmico
para edificações).
A ABNT NBR 15.575 – Parte 1 apresenta
as zonas bioclimáticas brasileiras, anexo A
A.
Requisitos normativos
ABNT NBR 15.575-4
Requisito 1
Adequação de paredes externas.
Critérios: a) Transmitância térmica de paredes externas (U);
b) Capacidade térmica de paredes externas (CT).
Requisito 2
Aberturas para ventilação.
Critério: Observância de áreas mínimas de aberturas para ventilação interna do ambiente.
7
Arquitetura | Desempenho Térmico
4. Simulação computacional
Para a realização das simulações computacionais, devem ser utilizadas como referência as
Tabelas A.1, A.2 e A.3 – anexo A da NBR 15.575-1, que fornecem informações sobre a localização
geográfica de algumas cidades brasileiras e os dados climáticos correspondentes aos dias típicos de
projeto de verão e de inverno.
Na falta de dados para a cidade onde se encontra a habitação, recomenda-se a utilizar os dados
climáticos de uma cidade com características climáticas semelhantes e na mesma zona bioclimática brasileira.
• Nota: Arquivos climáticos gerados por instituições de reconhecida capacitação técnica
(universidades ou institutos de pesquisa) podem ser utilizados, desde que a fonte seja
devidamente referenciada e os dados sejam de domínio público.
Dia típico de projeto de verão: Dia definido como um dia real, caracterizado pelas seguintes
variáveis: temperatura do ar, umidade relativa do ar, velocidade do vento e radiação solar incidente
para o dia mais quente do ano segundo a média do período dos últimos dez anos. A Tabela A.2
apresenta os dados para algumas cidades.
Dia típico de projeto de inverno: Dia definido como um dia real, caracterizado pelas seguintes
variáveis: temperatura do ar, umidade relativa do ar, velocidade do vento e radiação solar incidente
para o dia mais frio do ano segundo a média do período dos últimos dez anos. A Tabela A.3 apresenta
os dados para algumas cidades.
PA 8 Belém 1. 45 S 4 8 . 47 W 10
MS 6 Campo Grande 20 . 45 S 5 4 . 62 W 53 0
PR 1 Cu r i t i b a 2 5. 42 S 49. 27 W 924
SC 3 Fl o r i a n ó p o l i s 27. 5 8 S 4 8 . 57 W 2
CE 8 Fo r t a l e z a 3.77 S 38.6 W 26
PB 8 J o ã o Pe s s o a 7.1 S 3 4 . 87 W 7
AP 8 Macapá 0 . 03 N 51. 05 W 14
A ABNT NBR 15.575 – Parte 1 apresenta, no anexo A, a Tabela A.1, ao qual oferece dados de
algumas cidades brasileiras, dentre quais, as zonas bioclimáticas destas cidades.
8
Arquitetura | Desempenho Térmico
Brasília 31, 2 12 , 5 20 ,9 4 62 5 4
Florianópolis 32 ,7 6,6 24 , 4 7
João Pessoa 3 0 ,9 6 ,1 24 , 6 5 5 42 6
Macapá 33, 5 9 2 5, 8 7
Esta tabela oferece dados de algumas cidades brasileiras, dentre quais, a temperatura máxima diária e a radiação solar
Belém 20 , 4 10 , 0 2 5, 5 4 161 6
Brasília 10 , 0 12 , 2 14 , 8 4 24 6 3
Fortaleza 21, 5 7, 0 24 , 0 5 3 01 5
Goiânia 9, 6 14 ,9 16 , 2 1 292 3
Esta tabela oferece dados de algumas cidades brasileiras, dentre quais, a temperatura mínima diária e a radiação solar
9
Arquitetura | Desempenho Térmico
Simuladores
Para a realização das simulações computacionais, recomenda-se o emprego do programa
EnergyPlus. Outros programas de simulação podem ser utilizados, desde que sejam validados pela
ASHRAE Standard 140 e permitam a determinação do comportamento térmico de edificações sob
condições dinâmicas de exposição ao clima, sendo capazes de reproduzir os efeitos de inércia térmica.
De forma geral, os softwares de simulação do comportamento térmico de edificações devem
reunir algumas características básicas:
Processo
• Temperaturas do ar;
Início
• Umidade relativa do ar;
• Radiação solar;
• Direção e velocidade do vento.
Levantamento das informações climáticas
• Recintos típicos;
• Posição geográfica;
Levantamento das informações • Orientação Solar;
sobre a edificação • Dimensões.
• Condutividade térmica;
Levantamento das informações sobre as • Massa específica;
propriedades térmicas dos materiais • Calor específico;
e componentes • Absortância, refletância e
transmitância solar;
• Emissividade;
Determinação dos ganhos de calor devido • Resistência térmica dos espaços de ar.
à radiação solar
• Equações referentes à geometria
solar e à distribuição da radiação;
Determinação dos ganhos de calor por • Data do cálculo.
condução em regime transitório
• Método dos fatores de resposta
térmica;
Determinação dos ganhos de calor devido • Método das diferenças finitas;
Cálculos horários
Fim
10
Arquitetura | Desempenho Térmico
Para a geometria do modelo de simulação, deve ser considerada a habitação como um todo,
considerando cada ambiente como uma zona térmica. Na composição de materiais para a simulação,
deve-se utilizar dados das propriedades térmicas dos materiais e/ou componentes construtivos:
• Obtidos em laboratório, através de método de ensaio normalizado. Para os ensaios de
laboratório, recomenda-se a utilização dos métodos apresentados na Tabela 1;
• Na ausência destes dados ou na impossibilidade de obtê-los junto aos fabricantes, é permitido
utilizar os dados disponibilizados na ABNT NBR 15220-2 como referência.
Propriedade Determinação
5. Requisitos de
desempenho: verão
Requisitos: Adequação apresentar condições térmicas no interior do edifício habitacional
melhores ou iguais às do ambiente externo, à sombra, para o dia típico de projeto de verão.
Critério: Valores máximos de temperatura. O valor máximo da temperatura do ar interior de
recintos de permanência prolongada, como salas e dormitórios, sem a presença de fontes internas de
calor (ocupantes, lâmpadas, outros equipamentos em geral), deve ser sempre menor ou igual ao valor
máximo diário da temperatura do ar exterior.
O nível para aceitação é o M (denominado mínimo), ou seja, atende ao critério mostrado na
Tabela 2, abaixo:
Critério
Nível de desempenho
Zonas 1 a 7 Zona 8
M Ti,máx. ≤ Te,máx. Ti,máx. ≤ Te,máx.
11
Arquitetura | Desempenho Térmico
Critério
Nível de desempenho
Zonas 1 a 7 Zona 8
M Ti,máx. ≤ Te,máx. Ti,máx. ≤ Te,máx.
6. Requisitos de
desempenho: inverno
Requisitos: Apresentar condições térmicas no interior do edifício habitacional melhores que
do ambiente externo, no dia típico de projeto de inverno, nas zonas bioclimáticas 1 a 5. Nas zonas 6,7
e 8 não é necessário realizar avaliação de desempenho térmico de projeto para inverno.
Critério: Valores mínimos de temperatura. Os valores mínimos da temperatura do ar interior de
recintos de permanência prolongada, como salas e dormitórios, no dia típico de projeto de inverno,
devem ser sempre maiores ou iguais à temperatura mínima externa acrescida de 3ºC.
O nível para aceitação é o M (denominado mínimo), ou seja, atende ao critério mostrado na
Tabela 3, abaixo:
Critério
Nível de desempenho Zonas bioclimáticas Zonas bioclimáticas
1a5 6, 7 e 8
Nestas zonas, este critério
M Ti,mín. ≥ (Te,mín. + 3ºC)
não pode ser verificado
Ti,mín. é o valor mínimo diário da temperatura do ar no interior da edificação, em graus Celsius.
Te, mín. é o valor mínimo diário da temperatura do ar exterior à edificação, em graus Celsius.
NOTA: Zonas bioclimáticas de acordo com a ABNT NBR 15220-3.
12
Arquitetura | Desempenho Térmico
Critério
Nível de desempenho Zonas bioclimáticas Zonas bioclimáticas
1a5 6, 7 e 8
M Ti,mín. ≥ (Te,mín. + 3ºC)
Nestas zonas, este
I Ti,mín. ≥ (Te,mín. + 5ºC) critério não pode ser
verificado
S Ti,mín. ≥ (Te,mín. + 7ºC)
7. Edificações em fase
de projeto
Avaliação em fase de projeto deve ser realizada para edificações habitacionais:
• Unidades habitacionais isoladas;
• Conjuntos habitacionais;
• Edifícios multipiso.
Análise de edificações em fase de projeto.
13
Arquitetura | Desempenho Térmico
Procedimento de avaliação
Ambientes avaliados: simular todos os recintos da unidade habitacional, considerando as trocas
térmicas entre seus ambientes e avaliar os resultados dos recintos, dormitórios e salas, considerando:
• Na entrada de dados, considerar que os recintos adjacentes, de outras unidades
habitacionais, separados, portanto, por paredes de geminação ou entrepisos, apresentem a
mesma condição térmica do ambiente que está sendo simulado;
• Na entrada de dados, considerar que os recintos adjacentes, de outras unidades
habitacionais, separados, portanto, por paredes de geminação ou entrepisos, apresentem a
mesma condição térmica do ambiente que está sendo simulado;
• A edificação deve ser orientada conforme a implantação. A unidade habitacional desta
edificação escolhida para a simulação deve ser a mais crítica do ponto de vista térmico;
• Caso esta orientação da edificação não esteja definida, esta deve ser posicionada de tal
forma que a unidade avaliada tenha a condição mais crítica do ponto de vista térmico.
14
Arquitetura | Desempenho Térmico
Dados
Taxa de ventilação do ambiente, inclusive da cobertura, adotada deve ser de 1 ren/h (renovações
do volume de ar do ambiente/hora).
A absortância (α) à radiação solar das superfícies expostas deve ser definida conforme a cor e as
características das superfícies externas da cobertura e das paredes expostas:
-- Cobertura: valor especificado no projeto;
-- Parede: correspondente a cor definida no projeto;
cor clara (α = 0,3) / cor média (α = 0,5) / cor escura (α = 0,7)
Observações finais
A unidade habitacional que não atender aos critérios pré-estabelecidos para verão deve ser
simulada novamente, considerando-se as seguintes alterações:
-- Ventilação: assumir 5,0 ren/h e janelas sem sombreamento;
-- Sombreamento: inserção de proteção solar externa ou interna da esquadria externa,
capaz de cortar no mínimo 50% da radiação solar direta que entraria pela janela, com
taxa de 1 ren/h.
-- Ventilação e sombreamento: combinação das duas estratégias anteriores, ou seja,
inserção de dispositivo de proteção solar e taxa de renovação do ar de 5,0 ren/h.
8. Avaliação do
desempenho térmico –
Procedimento 2
Procedimento 2 (Mediação in loco):
Para edificações em escala real (1:1) ou
protótipos. Caráter informativo.
Procedimento 2: Medir a temperatura
de bulbo seco do ar, no centro dos recintos
dormitórios e salas, a 120 cm do piso.
Para as medições de temperatura, seguir
as especificações de equipamentos e montagem
dos sensores, apresentadas na ISO 7726.
15
Arquitetura | Desempenho Térmico
Procedimento - Protótipos
Construídos com as seguintes condições:
• Nas regiões bioclimáticas 6 a 8 (ABNT NBR 15.220- 3), com janela do dormitório ou sala
voltada para o oeste.
• Nas regiões bioclimáticas 1 a 5 (ABNT NBR 15.220- 3) com o atendimentos dos requisitos:
• Condição de inverno: janela do dormitório ou sala voltada para o sul e outra parede
exposta voltada para o leste;
• Condição de verão: janela do dormitório ou sala voltada para o oeste e outra parede
exposta voltada para o norte.
Considerações importantes
Quando possível, as paredes e janelas, dos protótipos devem ser desobstruídas (sem presença
de edificações ou vegetações nas proximidades que modifiquem a incidência de sol e/ou vento).
Período de medição: o dia tomado para análise deve corresponder a um dia típico de projeto,
de verão ou de inverno, precedido por pelo menos um dia com características semelhantes.
Recomenda-se, como regra geral, trabalhar com uma sequencia de três dias e analisar os dados
do terceiro dia.
Para efeito da avaliação por medição, o dia típico é caracterizado unicamente pelos valores da
temperatura do ar exterior medidos no local.
16
Arquitetura | Desempenho Térmico
Conclusão
Neste ebook, vimos de forma didática, os requisitos e critérios mínimos a serem
atendidos para garantir o conforto do usuário quanto ao desempenho térmico da habitação,
regulado pela NBR 15575.
Lembramos que todo o conteúdo é baseado na parte 1 da NBR 15.575, que trata dos
requisitos gerais da norma. É de suma importância que você, profissional da construção civil,
esteja alinhado com as premissas básicas da associação brasileira de normas técnicas (ABNT)
antes que conceber seu projeto.
Para saber mais sobre projetos de construção civil, sugiro que você acompanhe
as novidades do blog “Mais Engenharia”. Participe também comentando nossos artigos e
esclarecendo suas dúvidas.
17
© Todos os direitos autorais e de reprodução total ou parcial desta apostila estão reservados à
Elaine Guglielmi Pavei e ao QiSat o canal de cursos da engenharia