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Quem fuma vive menos e vive pior. O tabaco está comprovadamente associado a um conjunto de
doenças que geram perda de qualidade de vida e que contribuem para uma morte mais precoce. Quem
fuma tem maior risco de hipertensão e de aterosclerose, insuficiência cardíaca e respiratória, menos
resistência ao esforço, menor memória, impotência sexual mais precoce, maior risco de enfarte do miocárdio
e de acidente vascular cerebral.
Quase todos os cancros aparecem mais nas pessoas que fumam, mesmo naquelas localizações que
se pensaria não serem influenciadas pelo tabaco, como o intestino e a mama. Não são só, longe disso, o
cancro do pulmão e o da boca que podem surgir nos fumadores.
A prevalência global de fumadores em Portugal ronda os 20 %, consoante as fontes. No entanto, em
torno dos 40 anos, cerca de 40 % dos homens e 20 % das mulheres fuma. Nos últimos anos temos assistido
a um crescimento do número de mulheres fumadoras com aumento do cancro do pulmão (que até aqui
predominava nos homens) e de problemas obstétricos nesta população feminina.
As principais causas de morte, em 2012, ainda eram as doenças cardíacas e vasculares e o cancro.
São causas que se podem evitar com medidas como o abandono do tabagismo. Devido a doenças
relacionadas com o tabaco, em 2011, morreram quase 27 mil das cerca de 100 mil pessoas que morrem
anualmente. Quatro mil morreram antes de completarem 65 anos.
A epidemia do tabagismo é provocada pelo homem. Por isso é responsabilidade nossa combatê-la
e salvar vidas. Foi igualmente o homem a desencadear a reflexão das suas consequências e a meter-se
ao caminho. Na maior parte dos países, o debate partiu da ciência, dos médicos, para a esfera da decisão
política, e tornou-se inflamado e mediático. Fumar já não confere status ou glamour, bem pelo contrário,
os mais pobres e os países mais pobres são os mais afetados.
A maior parte das medidas que é eficaz para combater o tabagismo passa por controlar o acesso ao
tabaco, atuar na publicidade, aumentar os preços, limitar os espaços onde se pode fumar e informar de
forma sistemática sobre os riscos e prejuízos potenciais para quem fume. É preciso proteger as crianças,
os trabalhadores e os não fumadores da exposição passiva ao fumo, ao mesmo tempo que se tem de
investir na ajuda à cessação tabágica, matéria em que a limitação dos espaços disponíveis para fumar tem
um impacto significativo.
Há um conflito irreconciliável entre os interesses da indústria do tabaco, o interesse público e a saúde.
A indústria do tabaco tem poder económico, que usa para interferir com o poder político, exagerar sobre
o seu peso na economia dos países, criar grupos de apoio e de pressão, tentando desacreditar a ciência
e as provas existentes e, em última análise, usando a via judicial para defender os seus produtos nefastos.
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Fichas de trabalho
Segundo a Organização Internacional do Trabalho, há, pelo menos, 200 mil mortes anuais de
trabalhadores relacionadas com a exposição passiva ao fumo de tabaco. Daí a atenção dada à proteção
dos trabalhadores da restauração e dos bares sujeitos à exposição prolongada ao fumo de tabaco. Nos
EUA, a primeira interdição de fumar, a dos aviões comerciais, foi essencialmente exigida pelos sindicatos
do pessoal de cabina. O Livro Verde Por uma Europa sem fumo: opções estratégicas a nível comunitário, da
Comissão Europeia, deixa claro que não há impacto negativo no setor da restauração por restrição de
fumo no interior das instalações.
O estudo da DGS, Infotabac 2011, mostra que a maioria dos inquiridos, mais de 90 %, tinha uma opinião
favorável quanto à restrição de fumar em locais de uso público. A maior parte dos fumadores quer deixar
de fumar e concorda com as medidas que lhes reduzam a oportunidade de consumir tabaco. Dos
fumadores, 99 % começam a fumar antes dos 25 anos, 77 % antes dos 18, 22 % antes dos 15 e 5 % antes
dos 10. A dependência foi estabelecida, na esmagadora maioria dos fumadores adultos, quando eram
crianças ou adolescentes. É neste grupo que precisamos de investir mais e mais cedo. Mais importante
do que abandonar o vício é impedir que ele comece.
Fernando Leal da Costa
Adaptado de publico.pt
1 Quais
são os principais problemas de saúde provocados pelo tabaco?
2 Explica
a afirmação seguinte.
O cancro tem maior incidência nas pessoas que fumam.
3 Qual
é a percentagem de pessoas que morreram, em 2011, devido a doenças relacionadas com o
tabaco?
4 Quantas
pessoas morreram por dia, em 2011, devido a doenças relacionadas com o tabaco?
(Apresenta os cálculos realizados.)
3
5 Qual
é a medida que consideras ser mais eficaz no combate ao tabagismo? Justifica.
Fichas de trabalho
6 O
que é um fumador passivo?
7 Quais
são os riscos que corre um fumador passivo?
8 Como
se pode explicar que as evidências científicas acerca dos malefícios do tabaco não tenham
tido maior efeito no combate ao mesmo?
9 Em
Portugal, é por volta dos 40 anos que existe uma maior percentagem de fumadores.
Explica porque faz sentido realizar campanhas antitabágicas para crianças/adolescentes.