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Rodada #02

Direito Administrativo
Professor Fabiano Pereira

Assuntos da rodada

DIREITO ADMINISTRATIVO

Observação: Conteúdo programático conforme ordem apresentada no Edital. A


ordem do conteúdo nas rodadas pode se alterar para melhor compreensão da
matéria. Bons estudos!

Direito Administrativo: Administração pública: princípios básicos.

Poderes administrativos: poder hierárquico; poder disciplinar; poder de


polícia; uso e abuso do poder.

Serviços Públicos: conceito e princípios.

Ato administrativo: conceito, requisitos e atributos; anulação,


revogação e convalidação; discricionariedade e vinculação.

Organização administrativa: administração direta e indireta; centralizada e


descentralizada; autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de
economia mista. Órgãos públicos: conceito, natureza e classificação.

Improbidade administrativa (Lei n° 8.429/1992).

Licitações e Contratos administrativos: Lei nº 8.666/93: Conceito. finalidade,


princípios, objeto, obrigatoriedade, dispensa, inexigibilidade, modalidades e
procedimentos. Pregão presencial e eletrônico. Lei nº 10.520/2002.
Características do contrato administrativo. Formalização e. fiscalização do
contrato. Sanção administrativa. Equilíbrio econômicofinanceiro. Garantia
contratual.
DIREITO ADMINISTRATIVO

Servidores públicos: cargo, emprego e função públicos. Lei n.º 8.112/90


(Regime Jurídico dos Servidores. Públicos Civis da União): Das disposições
preliminares; Do provimento, vacância, remoção, redistribuição e substituição.
Dos direitos e vantagens: do vencimento e da remuneração; das vantagens;
das férias; das licenças; dos afastamentos; do direito de petição. Do regime
disciplinar: dos deveres e proibições; da acumulação; das responsabilidades;
das penalidades.

Processo administrativo (Lei 9.784/99): das disposições gerais; dos direitos e


deveres dos administrados.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

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DIREITO ADMINISTRATIVO

a. Teoria em Tópicos

Ato Administrativo

1. A Administração Pública edita dois tipos de atos jurídicos: a) atos que são
regidos pelo Direito Público e, consequentemente, denominados de atos
administrativos e b) atos regidos pelo Direito Privado.

2. Não existe uma unanimidade doutrinária sobre a quantidade e as


características de cada requisito ou elemento do ato administrativo. Entretanto,
como o nosso objetivo é ser aprovado no concurso, iremos adotar o
posicionamento do professor Hely Lopes Meirelles, que entende serem cinco os
elementos dos atos administrativos: competência, finalidade, forma,
motivo e objeto.

2.1. Competência ou Sujeito: o ato administrativo não “cai do céu”. É


necessário que alguém o edite para que possa produzir efeitos jurídicos. Esse
alguém é o agente público (também chamado por alguns autores de “sujeito”),
que recebe essa competência expressamente do texto constitucional ou por
meio de lei. Podemos considerar como características da competência o fato de
ser irrenunciável, inderrogável, improrrogável, intransferível e imprescritível.

2.2. Finalidade: trata-se de requisito sempre vinculado (previsto em lei) que


impõe a necessidade de respeito ao interesse público no momento da edição
do ato administrativo. Pode ser entendido como o efeito jurídico mediato
(secundário) que o ato produz.

2.3. Forma: também é requisito vinculado do ato administrativo, a exemplo


dos requisitos da competência e finalidade, podendo ser compreendida em
sentido estrito e em sentido amplo. Em sentido estrito, a forma pode ser
entendida como a exteriorização do ato administrativo, o “modelo” do ato, o
modo pelo qual ele se apresenta ao mundo jurídico (uma portaria, ordem de
serviço, instrução normativa etc.). Em sentido amplo, a forma pode ser
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DIREITO ADMINISTRATIVO

entendida como a formalidade ou procedimento a ser observado para a


produção do ato administrativo. Em outras palavras, entenda que a lei pode
determinar expressamente outras exigências formais que não fazem parte
do próprio ato administrativo, mas que lhe são anteriores ou posteriores
(exigência de várias publicações do mesmo ato no Diário Oficial, por exemplo,
para que possa produzir efeitos).

2.4. Motivo: que também é chamado de “causa”, é o pressuposto de fato


(acontecimento) e de direito (dispositivo legal) que servem de fundamento
para a edição do ato administrativo. O motivo se manifesta através de ações ou
omissões dos agentes públicos, dos administrados ou, ainda, de necessidades
da própria Administração, que justificam ou impõem a edição de um ato
administrativo.

2.4.1. É necessário que você tenha muita atenção ao responder às questões de


prova para não confundir motivo e motivação, que possuem significados
diferentes. O motivo pode ser entendido como o pressuposto de fato e de
direito que serve de fundamento para a edição do ato administrativo. Por outro
lado, a motivação nada mais é que exposição dos motivos, por escrito, no
corpo do ato administrativo.

2.4.2. Segundo a teoria dos motivos determinantes, o motivo alegado pelo


agente público, no momento da edição do ato, deve corresponder à realidade,
tem que ser verdadeiro. Caso contrário, comprovando o interessado que o
motivo informado não guarda qualquer relação com a edição do ato ou que
sequer existiu, o ato deverá ser anulado pela própria Administração ou pelo
Poder Judiciário.

2.5. Objeto: o quinto requisito do ato administrativo, que pode ser


discricionário ou vinculado, é o objeto (também denominado de conteúdo
por alguns autores), entendido como a coisa ou a relação jurídica sobre a
qual recai o ato. Trata-se do efeito jurídico imediato (primário) que o ato
administrativo produz.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

3. Não existe um consenso doutrinário sobre a quantidade de atributos - que


nada mais são do que “características” inerentes aos atos administrativos -,
mas, para responder às questões de provas, é necessário que estudemos a
presunção de legitimidade ou veracidade, a imperatividade, a
autoexecutoriedade e a tipicidade.

3.1. Presunção de Legitimidade: todo e qualquer ato administrativo é


presumivelmente legítimo, ou seja, considera-se editado em conformidade
com o direito (leis e princípios). Essa presunção é relativa (juris tantum),
consequência da confiança depositada no agente público, pois se deve partir
do pressuposto de que todos os parâmetros e requisitos legais foram
respeitados pelo agente no momento da edição do ato.

3.2. Imperatividade: é o atributo pelo qual os atos administrativos se


impõem a terceiros, independentemente de sua concordância ou
aquiescência. Todavia, não está presente em todos os atos administrativos, a
exemplo dos atos enunciativos.

3.3. Autoexecutoriedade: é o atributo que garante ao Poder Público a


possibilidade de obrigar terceiros ao cumprimento dos atos administrativos
editados, sem a necessidade de recorrer ao Poder Judiciário. Nem sempre
os atos administrativos irão gozar de autoexecutoriedade e, para fins de
concursos públicos, a multa (ato administrativo) é o exemplo mais cobrado em
relação à ausência de autoexecutoriedade. Nesse caso, apesar de a aplicação da
multa ser decorrente do atributo da imperatividade, se o particular não
efetuar o seu pagamento a Administração somente poderá recebê-la se recorrer
ao Poder Judiciário.

3.4. Tipicidade: segundo Maria Silvia Zanella di Pietro, podemos entender a


tipicidade como “o atributo pelo qual o ato administrativo deve corresponder a
figuras definidas previamente pela lei como aptas a produzir determinados
resultados”. Resumidamente falando, a professora entende que, para cada
finalidade que a Administração deseja alcançar, existe uma espécie distinta de

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DIREITO ADMINISTRATIVO

ato administrativo e, portanto, é inadmissível que sejam editados atos


administrativos inominados.

4. Em relação à CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS, penso


que o mais sensato é focarmos a classificação do professor Hely Lopes
Meirelles, que tem sido adotada pelas principais bancas examinadoras do país.

4.1. ATOS GERAIS E INDIVIDUAIS - Os atos administrativos gerais ou


regulamentares são aqueles que possuem destinatários indeterminados,
com finalidade normativa, tais como os decretos regulamentares, as instruções
normativas etc. Por sua vez, atos administrativos individuais são aqueles
que possuem destinatários determinados ou determináveis, podendo
alcançar um ou vários sujeitos, sendo possível citar como exemplos os
decretos de desapropriação, a nomeação de servidores, uma autorização ou
permissão etc.

4.2. ATOS INTERNOS E EXTERNOS - são aqueles que produzem efeitos


somente no interior da Administração Pública, e, portanto, não têm o objetivo
de atingir os administrados, sendo possível citar como exemplos uma ordem de
serviço, uma portaria de remoção de servidor etc. Por outro lado, atos
administrativos externos ou de efeitos externos são aqueles que afetam os
administrados, produzindo efeitos fora da Administração, e, por isso,
necessitam de publicação no diário oficial. Como exemplos, podemos citar
um decreto, um regulamento, uma portaria de nomeação de candidato
aprovado em concurso público etc.

4.3. ATOS DE IMPÉRIO, DE GESTÃO E DE EXPEDIENTE

4.3.1. Atos de império ou de autoridade são aqueles praticados pela


Administração no gozo de sua supremacia sobre o administrado. São aqueles
através dos quais a Administração cria deveres aos particulares
independentemente de concordância ou aquiescência, tal como acontece na
aplicação de uma multa de trânsito, na edição de um decreto de
desapropriação, na apreensão de mercadorias etc.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

4.3.2. Atos de gestão são aqueles editados pela Administração sem fazer
uso de sua supremacia sobre o administrado, estabelecendo-se uma relação
horizontal (igualdade) e assemelhando-se aos atos de Direito privado, sendo
possível citar como exemplo a aquisição de bens pela Administração, o aluguel
de equipamentos etc.

4.3.3. Atos de expediente são os atos rotineiros praticados pelos agentes


administrativos no interior da Administração, sem caráter vinculante e sem
forma especial, que têm por objetivo organizar e operacionalizar as
atividades exercidas pelos órgãos e pelas entidades públicas. Para exemplificar,
podemos citar o preenchimento de um documento, a expedição de um ofício a
um particular, a rubrica nas páginas de um processo administrativo etc.

4.4. ATOS VINCULADOS E DISCRICIONÁRIOS - Nas palavras do professor


Hely Lopes Meirelles, “atos vinculados ou regrados são aqueles para os quais a
lei estabelece os requisitos e condições de sua realização”, ao passo que
“discricionários são os que a Administração pode praticar com liberdade de
escolha de seu conteúdo, de seu destinatário, de sua conveniência, de sua
oportunidade e de seu modo de realização”.

4.5. ATO SIMPLES, COMPLEXO E COMPOSTO.

4.5.1. Ato administrativo simples é aquele que resulta da manifestação de


vontade de um único órgão, unipessoal ou colegiado, sendo irrelevante o
número de agentes que participarão da edição do ato. A edição do ato simples
depende da vontade de um único órgão e independe de aprovações ou
homologações posteriores (parecer, despacho de um servidor etc.).

4.5.2. Ato administrativo complexo é aquele que depende da manifestação


de vontade de dois ou mais órgãos para que seja editado. Apesar de ser um
único ato, é necessário que exista um consenso entre diferentes órgãos para
que possa produzir os efeitos desejados. É possível citar como exemplos os atos
normativos editados conjuntamente, por dois ou mais órgãos, tais como as
Portarias Conjuntas editadas pela Procuradoria Geral da Fazenda

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DIREITO ADMINISTRATIVO

Nacional e Receita Federal do Brasil (a exemplo da Portaria Conjunta nº 01,


de 10 de março de 2009, que dispõe sobre parcelamento de débitos para com a
Fazenda Nacional); editadas pelos órgãos do Poder Judiciário (a exemplo da
Portaria Conjunta 01, de 07 de março de 2007, que regulamenta adicionais e
gratificações no âmbito do Judiciário), entre outras.

4.5.3. Ato administrativo composto é aquele em que apenas um órgão


manifesta a sua vontade, todavia, para que se torne exequível, é necessário
que outro órgão também se manifeste com o objetivo de ratificar, aprovar,
autorizar ou homologar o ato. Como exemplo de ato composto, podemos citar a
nomeação dos Ministros do Supremo Tribunal Federal. Nesse caso, nas palavras
da professora Maria Sylvia Zanela Di Pietro, teríamos um ato principal
(nomeação efetuada pelo Presidente da República) e outro ato acessório ou
secundário (aprovação do Senado Federal).

5. Espécies de atos administrativos


5.1. Atos normativos - são aqueles editados com o objetivo de facilitar a fiel
execução das leis, possuindo comandos gerais e abstratos, tais como os
decretos regulamentares, as instruções normativas, os regimentos, entre
outros.

5.2. Atos ordinatórios - decorrem do poder hierárquico e têm o objetivo de


disciplinar o funcionamento da Administração, orientando os agentes públicos
subordinados no exercício das funções que desempenham. Os atos ordinatórios
restringem-se ao interior da Administração e somente alcançam os servidores
que estão subordinados à chefia que os expediu.
5.3. Atos negociais - são aqueles pelos quais a Administração faculta aos
particulares o exercício de determinada atividade, desde que atendidas as
condições estabelecidas pelo próprio Poder Público. Para exemplificar, podemos
citar as licenças, as autorizações, as permissões, as aprovações, as dispensas
etc.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

5.4. Atos enunciativos - Segundo o professor Hely Lopes Meirelles, atos


administrativos enunciativos “são todos aqueles em que a Administração se
limita a certificar ou atestar um fato, ou emitir uma opinião sobre determinado
assunto, sem se vincular ao seu enunciado. Dentre os atos mais comuns dessa
espécie, merecem atenção as certidões, os atestados e os pareceres
administrativos”.

5.5. Atos punitivos - Os atos punitivos são aqueles que contêm uma sanção
imposta pela Administração aos seus agentes públicos ou particulares que
praticarem atos ou condutas irregulares, violando os preceitos administrativos.

6. Extinção dos atos administrativos

6.1. Anulação ou invalidação - Quando o ato administrativo é praticado em


desacordo com o ordenamento jurídico vigente, é considerado ilegal. Assim,
deve ser anulado pelo Poder Judiciário (quando provocado) ou pela própria
Administração (de ofício ou mediante provocação). A anulação de um ato
administrativo opera-se com efeitos retroativos (ex tunc), isto é, o ato perde
os seus efeitos desde o momento de sua edição (como se nunca tivesse
existido), pois não origina direitos.

A partir do momento que o ato ilegal é praticado, passa a ser contado o prazo
de cinco anos para que a Administração Pública possa promover a sua
anulação. Ultrapassado o prazo de cinco anos sem a respectiva anulação, o ato
administrativo será automaticamente convalidado (não poderá mais ser
anulado), desde que o seu destinatário esteja de boa-fé.

6.2. Revogação - ocorre sempre que a Administração Pública decide retirar,


parcial ou integramente do ordenamento jurídico, um ato administrativo válido,
mas que deixou de atender ao interesse público em razão de não ser mais
conveniente ou oportuno. A revogação de um ato administrativo é
consequência direta do juízo de valor (mérito administrativo) emitido pela
Administração Pública, que é a responsável por definir o que é bom ou ruim
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DIREITO ADMINISTRATIVO

para coletividade, naquele momento. Assim, é vedado ao Poder Judiciário


revogar ato administrativo editado pela Administração.

6.2.1. Ao contrário do que ocorre na anulação, que produz efeitos “ex tunc”, na
revogação os efeitos serão sempre “ex nunc” (proativos). Isso significa dizer
que a revogação somente produz efeitos prospectivos, ou seja, para frente,
conservando-se todos os efeitos que já haviam sido produzidos.

6.2.2. Existem alguns atos administrativos que não podem ser revogados,
são eles: 1º) os atos já consumados, que exauriram seus efeitos; 2º) os atos
vinculados; 3º) os atos que já geraram direitos adquiridos para os particulares;
4º) os atos que integram um procedimento; 5º) os denominados meros atos
administrativos.

7. Convalidação de atos administrativos - Segundo a professora Maria


Sylvia Zanella di Pietro, “convalidação é o ato administrativo através do qual é
suprido o vício existente em um ato ilegal, com efeitos retroativos à data em
que este foi praticado”. Na verdade, a convalidação nada mais é que a
“correção” do ato administrativo portador de defeito sanável de legalidade,
com efeitos retroativos (ex tunc).

7.1. Para responder às questões de prova, lembre-se de que a convalidação de


um ato administrativo somente pode ocorrer em relação aos vícios sanáveis
(hipótese em que o ato administrativo será considerado anulável), isto é,
aqueles detectados nos requisitos “competência” e “forma”.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

Poderes da Administração Pública

1. O Professor José dos Santos Carvalho Filho conceitua os poderes


administrativos como “o conjunto de prerrogativas de Direito Público que a
ordem jurídica confere aos agentes administrativos para o fim de permitir que o
Estado alcance seus fins”.

1.1. Os poderes assegurados aos agentes públicos não podem ser considerados
“privilégios”, mas, sim, deveres. Não devem ser encarados como mera
faculdade, mas, sim, como uma “obrigação legal” de atuação sempre que o
interesse coletivo exigir.

1.2. Deveres impostos aos agentes públicos - o exercício da função pública


não se restringe à garantia de prerrogativas aos agentes públicos. Ao contrário,
impõe diversos deveres que, caso não observados, poderão ensejar a
responsabilização civil, penal e administrativa do agente que se omitir, sendo
possível citar entre eles:

1.2.1. Dever de eficiência - a emenda constitucional nº 19, promulgada em


04∕06∕1998, assegurou status constitucional ao princípio da eficiência. Nesses
termos, exige-se que não só a atividade finalística da Administração Pública
seja eficiente, mas também todas as atividades e funções exercidas pelos
agentes públicos.

1.2.2. Dever de prestar contas - a obrigatoriedade de prestação de contas


encontra fundamento no art. 70, parágrafo único, da Constituição Federal de
1988, que é expresso ao afirmar que “prestará contas qualquer pessoa física
ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou
administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda,
ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária”.

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1.2.3. Dever de probidade - as condutas praticadas pelos agentes públicos


devem sempre se pautar na honestidade, boa-fé e probidade administrativa.
Assim, não se permite que as funções públicas sejam exercidas com o único
propósito de satisfazer interesses particulares, sob pena de afronta ao art. 37, §
4º, da Constituição Federal de 1988

1.3. Abuso de poder - nas palavras do professor Hely Lopes Meirelles, o abuso
de poder “ocorre quando a autoridade, embora competente para agir,
ultrapassa os limites de suas atribuições ou se desvia das finalidades
administrativas”. O abuso de poder configura-se por uma conduta praticada
pelo agente público em desconformidade com a lei e pode se apresentar sob
duas formas diferentes:

1ª) quando o agente público ultrapassa os limites da competência que lhe foi
outorgada pela lei (excesso de poder);

2ª) quando o agente público exerce a competência nos estritos limites legais,
mas para atingir finalidade diferente daquela prevista em lei (desvio de
poder ou desvio de finalidade).

1.3.1. Excesso de poder - no excesso de poder, o agente público atua além


dos limites legais de sua competência, ou, o que é mais grave, atua sem sequer
possuir competência legal. O ato praticado com excesso de poder é eivado de
grave ilegalidade, pois contém vício em um de seus requisitos essenciais: a
competência. Exemplo: agente público que aplica multa de valor superior ao
que a lei lhe permite.

1.3.2. Desvio de poder ou finalidade - nos termos da alínea “e”, parágrafo


único, artigo 2º, da Lei nº 4.717/65 (Lei de Ação Popular), o desvio de poder
ou finalidade ocorre quando “o agente pratica o ato visando a fim diverso
daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência”. No
desvio de poder ou finalidade, a autoridade atua dentro dos limites da sua
competência, mas o ato não alcança o interesse público inicialmente desejado
pela lei. Trata-se de ato manifestamente contrário à lei, mas que tem a

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DIREITO ADMINISTRATIVO

“aparência” de ato legal, pois geralmente o vício não é notório, não é evidente.
Exemplo: autoridade administrativa que remove servidor público, ex officio,
com o único propósito de puni-lo (nesse caso, a finalidade do ato foi
desrespeitada).

1.3.3. Abuso de poder por omissão - segundo alguns autores, a omissão de


agentes públicos também pode caracterizar o abuso de poder, porém, penas
quando se tratar de omissão específica. Neste caso fica configurada violação
direta ao texto legal, pois a inércia configura desrespeito a uma obrigação
expressamente prevista em lei (é o que ocorre, por exemplo, quando a
autoridade administrativa deixa de proferir decisão no prazo de trinta dias,
previsto no art. 49 da Lei 9.784/1999). Caracterizada a omissão específica,
isto é, a inércia diante de uma determinação expressamente prevista em lei,
poderá o agente público ser responsabilizado civil, penal e administrativamente,
dependendo do tipo de inércia que lhe é imputada.

2. Poder vinculado - também denominado de poder regrado, é aquele


conferido aos agentes públicos para a edição de atos administrativos em
estrita conformidade com o texto legal, sendo mínima ou inexistente a sua
liberdade de atuação ou escolha. Para que um ato administrativo seja editado
validamente, em conformidade com a lei, é necessário que atenda a cinco
requisitos básicos: competência, forma, finalidade, motivo e objeto. Quando
os cinco requisitos forem apresentados e detalhados na própria lei, ter-se-á
um ato vinculado, pois o agente público restringir-se-á ao preenchimento do
ato nos termos que foram definidos legalmente.

2.1. No poder vinculado, o agente público não se utiliza dos critérios de


conveniência e oportunidade, que lhes são reservados no poder
discricionário, pois a própria lei estabelece “de que forma” o ato deve ser
editado, especificando para a autoridade responsável pela edição do ato a
competência, a forma, a finalidade, o motivo que ensejou a edição e o

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DIREITO ADMINISTRATIVO

objeto sobre o qual recai o ato. Ao completar 75 anos de idade, por exemplo, o
servidor público está obrigado a se aposentar. Não há qualquer margem de
decisão que lhe permita continuar trabalhando no cargo efetivo ocupado.

3. Poder discricionário - nas sábias palavras do professor Hely Lopes


Meirelles, ”discricionariedade é a liberdade de ação administrativa dentro dos
limites permitidos em lei”. É aquele no qual a lei reserva ao agente público
certa margem de liberdade ou escolha dentre várias soluções possíveis,
sempre visando à satisfação do interesse público. Trata-se de poder que a
própria lei concede ao agente público, de modo explícito ou implícito, para a
edição de atos administrativos, autorizando-lhe a escolher, entre várias
alternativas possíveis, aquela que melhor atende ao interesse coletivo.

3.1. No ato discricionário, a lei somente se limitará a detalhar a competência,


a forma e a finalidade, deixando a critério do agente público, que deverá decidir
com base na conveniência e oportunidade da Administração, os requisitos
denominados motivo e objeto.

3.2. É possível afirmar que a discricionariedade é parcial e relativa, pois, ao


editar um ato administrativo, o agente público nunca possuirá liberdade total.
A lei sempre apresentará em seu texto a competência para a prática do ato, a
forma legal de editá-lo e a finalidade, que sempre será a satisfação do
interesse público.

3.3. É discricionária a concessão da licença para tratar de assuntos


particulares. Nesse caso, a Administração irá analisar vários fatores (atual
quantidade de servidores em efetivo exercício, demanda de serviço,
consequências da ausência do servidor etc.) antes de decidir se é conveniente e
oportuno deferir o pedido do servidor.

3.4. Eis aqui um ponto importante: o Poder Judiciário jamais poderá


revogar um ato editado pela Administração, mas somente anulá-lo, quando
for ilegal ou contrariar princípios gerais do Direito. Somente a própria
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DIREITO ADMINISTRATIVO

Administração pode revogar os seus atos, pois essa possibilidade está


relacionada diretamente à conveniência e à oportunidade.

4. Poder hierárquico - na organização da Administração Pública brasileira, os


órgãos e agentes públicos são escalonados em estruturas hierárquicas,
com poder de comando exercido por aqueles que se situam em posição de
superioridade, originando, assim, o denominado “poder hierárquico”. Segundo
Hely Lopes Meirelles, “poder hierárquico é o de que dispõe o Executivo para
distribuir e escalonar as funções de seus órgãos, ordenar e rever a atuação de
seus agentes, estabelecendo a relação de subordinação entre os servidores do
seu quadro de pessoal”.

4.1. O poder hierárquico também se manifesta no âmbito interno das


entidades integrantes da Administração Indireta (que também podem
estruturar-se através da criação de órgãos públicos) e, ainda, do Poder
Legislativo, Judiciário, Ministério Público e Tribunais de Contas.

4.2. É o poder hierárquico que assegura às autoridades administrativas as


prerrogativas de emitir ordens, fiscalizar os atos praticados pelos subordinados,
delegar e avocar, bem como dirimir controvérsias de competências.

4.2.1. A delegação ocorre quando o superior hierárquico transfere ao


subordinado atribuições que, inicialmente, estavam sob a sua
responsabilidade. Por outro lado, a avocação ocorre quando o superior
“chama para si” uma responsabilidade, não-exclusiva, inicialmente atribuída
a um subordinado, devendo ocorrer somente em situações de caráter
excepcional e por motivos relevantes devidamente justificados.

4.2.1.1. É necessário ficar bastante atento, pois o artigo 13 da Lei 9.784/99


apresenta um rol de atos insuscetíveis de delegação: 1º) a edição de atos de
caráter normativo; 2ª) a decisão de recursos administrativos; 3ª) as matérias
de competência exclusiva do órgão ou autoridade.

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4.2.1.2. Um aspecto interessante e que tem sido bastante cobrado em provas


de concursos é o que consta no texto da Lei 9.784/99, mais precisamente em
seu artigo 12, ao afirmar que “um órgão administrativo e seu titular poderão,
se não houver impedimento legal, delegar parte da sua competência a outros
órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente
subordinados, quando for conveniente, em razão de circunstâncias de índole
técnica, social, econômica, jurídica ou territorial.”

5. Poder disciplinar - consiste na prerrogativa assegurada à Administração


Pública de apurar infrações funcionais dos servidores públicos e demais
pessoas submetidas à disciplina administrativa, bem como aplicar
penalidades após o respectivo processo administrativo, caso seja cabível e
necessário. Nas palavras do professor Hely Lopes Meirelles, trata-se de “uma
supremacia especial que o Estado exerce sobre todos aqueles que se vinculam à
Administração por relações de qualquer natureza, subordinando-se às normas
de funcionamento do serviço ou do estabelecimento que passam a integrar
definitiva ou transitoriamente”.

5.1. Para que ocorra a aplicação de uma penalidade com fundamento no poder
disciplinar é necessário que exista um vínculo jurídico entre a Administração
e aquele que está sendo punido. Isso acontece, por exemplo, na aplicação de
uma suspensão a servidor público (vínculo estatutário), bem como na
aplicação de uma multa a concessionário de serviço público (vínculo contratual).

5.1.1. Os particulares que não possuem vínculo com a Administração não


podem ser punidos com respaldo no poder disciplinar, pois não estão
submetidos à sua disciplina punitiva. Caso o particular tenha sido alvo de
penalidade aplicada pela Administração, sem possuir qualquer vínculo
jurídico com a mesma, não estaremos diante do exercício do poder
disciplinar, mas, provavelmente, do poder de polícia.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

5.1.2. Levando-se em consideração o posicionamento do Superior Tribunal de


Justiça, conclui-se que a Administração não possui discricionariedade na
escolha da sanção a ser aplicada, pois a própria lei a estabelece
expressamente. Por outro lado, a discricionariedade existe em relação à
valoração da infração praticada, a exemplo do que ocorre na definição do
prazo da penalidade de suspensão, que pode variar entre 01 (um) e 90
(noventa) dias.

5.2. Cuidado para não confundir as medidas punitivas decorrentes do poder


disciplinar com as medidas decorrentes do poder punitivo do Estado. O
poder punitivo do Estado objetiva a repressão de crimes e contravenções
definidas nas leis penais, sendo exercido pelo Poder Judiciário. Por outro lado,
o poder disciplinar visa resguardar a hierarquia e a eficiência administrativa,
sendo exercido pela Administração Pública com a finalidade de combater os
ilícitos administrativos.

6. Poder regulamentar ou normativo - o professor Diógenes Gasparini


afirma que o poder regulamentar consiste “na atribuição privativa do chefe
do Poder Executivo para, mediante decreto, expedir atos normativos, chamados
regulamentos, compatíveis com a lei e visando desenvolvê-la".

6.1. Em regra, após a publicação de uma lei administrativa pelo Poder


Legislativo, é necessária a edição de um decreto regulamentar (também
chamado de regulamento) pelo Chefe do Poder Executivo com o objetivo de
explicar detalhadamente o seu conteúdo, assegurando assim a sua fiel
execução. O decreto regulamentar encontra amparo no inciso IV, artigo 84, da
CF/88, que dispõe ser da competência do Presidente da República
“sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e
regulamentos para sua fiel execução”.

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6.2. Para responder às questões de prova, deve ficar claro que o decreto
regulamentar é um ato administrativo, portanto, encontra-se subordinado
ao texto da lei, jamais podendo contrariá-la ou inovar no ordenamento jurídico
(criar obrigações ou proibições aos particulares, por exemplo).

6.3. Alguns doutrinadores afirmam que as expressões “poder regulamentar” e


“poder normativo” possuem o mesmo significado. De outro lado, há autores que
afirmam que a expressão poder normativo é mais abrangente que a
expressão poder regulamentar. Os autores que defendem a segunda
corrente, a exemplo da professora Maria Sylvia Zanella di Pietro, alegam que
enquanto o poder normativo pode ser exercido por diversas autoridades
administrativas, a exemplo dos Ministros de Estado e dos dirigentes das
Agências Reguladoras, o poder regulamentar se restringe aos Chefes do
Poder Executivo, nos termos do art. 84, IV, da CF/1988. Nesses termos, a
edição de portarias, resoluções, instruções normativas, deliberações, entre
outros atos administrativos, encontraria fundamento no poder normativo da
Administração e não no poder regulamentar, já que este se resume à edição de
decretos regulamentares.

6.3.1. Para se ter uma ideia melhor sobre o entendimento do CESPE, destaca-
se a seguinte questão:

O poder normativo, no âmbito da administração pública, é privativo do chefe do


Poder Executivo (Juiz Estadual/TJ PI 2007/CESPE). A banca considerou
esta assertiva incorreta.

6.4. É importante destacar que, ao contrário do que ocorre no decreto


regulamentar (que não permite delegação), o Presidente da República pode
delegar a edição de decretos autônomos aos Ministros de Estado, ao
Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da União, que observarão
os limites traçados nas respectivas delegações (CF/1988, art. 84, parágrafo
único).

19
DIREITO ADMINISTRATIVO

7. Poder de polícia - deve ficar bem claro que a Administração utiliza-se do


poder de polícia para interferir na esfera privada dos particulares,
condicionando o exercício de atividades e direitos, bem como o gozo de bens,
impedindo assim que um particular possa prejudicar o interesse de toda uma
coletividade.

7.1. Polícia Administrativa e polícia judiciária - a polícia administrativa,


conforme estudaremos adiante, incide sobre bens, direitos ou atividades
(propriedade e liberdade), sendo vinculada à prevenção de ilícitos
administrativos e difundindo-se por todos os órgãos administrativos, de todos
os Poderes e entidades públicas que tenham atribuições de fiscalização.
Dentre as entidades que exercem o poder de polícia administrativa, podemos
citar o IBAMA (exerce o poder de polícia na área ambiental), a ANVISA (que
exercer o poder de polícia na área de vigilância sanitária) e todas aquelas que
exercem atividades de fiscalização.

Por sua vez, a polícia judiciária incide sobre pessoas (forma repressiva),
atuando de forma conexa e acessória ao Poder Judiciário na apuração e
investigação de infrações penais. É privativa de corporações
especializadas (que integram a segurança pública estatal), a exemplo da
Polícia Civil (com atuação em âmbito estadual) e a Polícia Federal (com
atuação em âmbito nacional). A primeira irá atuar de forma conexa e acessória
ao Poder Judiciário Estadual, enquanto a segunda irá auxiliar o Poder Judiciário
Federal.

7.2. Conceito - o ordenamento jurídico brasileiro, através do artigo 78 do


Código Tributário Nacional, apresenta um conceito legal de polícia
administrativa, nos seguintes termos: “Considera-se poder de polícia a
atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito,
interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou obtenção de fato, em razão
de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos
costumes, à disciplina da produção e do mercado, no exercício das atividades

20
DIREITO ADMINISTRATIVO

econômicas dependentes de concessão ou autorização do poder público, à


tranquilidade pública ou o respeito à propriedade e aos direitos individuais ou
coletivos”.

7.2.1. Em caráter excepcional, o poder de polícia também pode ser exercido por
órgãos do Poder Judiciário. É o que dispõe o art. 41, § 1º, da Lei 9.504/1997,
ao afirmar que “o poder de polícia sobre a propaganda eleitoral será exercido
pelos juízes eleitorais e pelos juízes designados pelos Tribunais Regionais
Eleitorais”.

7.3. Características e limites - a polícia administrativa pode impor ao


particular uma obrigação de fazer (submeter-se e ser aprovado em exame de
habilitação para que possa conduzir veículos automotores, por exemplo),
obrigação de suportar (submeter-se à fiscalização de extintores de incêndio
pelo Corpo de Bombeiros, por exemplo) e obrigação de não fazer (proibição
de pesca durante o período da piracema, por exemplo). Em todos os exemplos
citados, o objetivo maior é o de que o particular se abstenha de praticar
ações contrárias ao interesse coletivo.

7.3.1. Poder de polícia preventivo e repressivo - podemos entender como


poder de polícia preventivo aquele exercido através da edição de normas
condicionadoras do gozo de bens ou do exercício de direitos e atividades
individuais, a exemplo da outorga de alvarás aos particulares que cumpram as
condições e requisitos para o uso da propriedade e exercício das atividades que
devem ser policiadas. Por sua vez, na forma repressiva, o poder de polícia é
exercido por meio da imposição de sanções aos particulares que praticarem
condutas nocivas ao interesse coletivo, constatadas através da atividade
fiscalizatória.

7.3.2. Limites ao exercício do poder de polícia - quando o agente público


competente desconsiderar o princípio da proporcionalidade ou da
razoabilidade no exercício do poder de polícia, ou, o que é pior, desrespeitar
as garantias constitucionais do contraditório e da ampla defesa, estará

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DIREITO ADMINISTRATIVO

cometendo abuso de poder, sujeitando-se à responsabilização civil,


administrativa, criminal e as previstas na Lei 8.429/92 (Lei de Improbidade
Administrativa).

7.4. Competência e possibilidade de delegação - a doutrina majoritária


entende que o poder de polícia não pode ser exercido por particulares
(concessionários ou permissionários de serviços públicos) ou entidades públicas
regidas pelo direito privado, mesmo quando integrantes da Administração
indireta, a exemplo das empresas públicas e sociedades de economia mista.

7.4.1. Por outro lado, o próprio Superior Tribunal de Justiça já decidiu que
apesar de o exercício do poder de polícia ser restrito às entidades regidas pelo
direito público, particulares podem auxiliar o Estado em seu exercício. É o
que acontece, por exemplo, quando o Estado credencia empresas privadas
para fiscalizarem o cumprimento das normas de trânsito, através da instalação
de radares eletrônicos (os famosos “pardais”). Neste caso, a atuação da
empresa privada está restrita à manutenção e instalação de tais equipamentos
(os denominados atos materiais ou atos de execução), não ficando sob a
sua responsabilidade a aplicação da multa em si (que é aplicada pela
Administração).

7.5. Atributos - a doutrina majoritária aponta três atributos ou qualidades


inerentes ao poder de polícia: discricionariedade, autoexecutoriedade e
coercibilidade.

7.5.1. Discricionariedade - este atributo garante à Administração uma


razoável margem de autonomia no exercício do poder de polícia, pois, nos
termos da lei, tem a prerrogativa de estabelecer o objeto a ser fiscalizado,
dentro de determinada área de atividade, bem como as respectivas sanções a
serem aplicadas, desde que previamente estabelecidas em lei.

7.5.1.1. A discricionariedade é a regra geral em relação ao poder de polícia,


mas é válido esclarecer que a lei pode regular, em circunstâncias específicas,
todos os aspectos do exercício do poder de polícia e, portanto, a atividade

22
DIREITO ADMINISTRATIVO

também poderá caracterizar-se como vinculada (é o que ocorre, por


exemplo, na expedição de licenças).

7.5.2. Autoexecutoriedade - a autoexecutoriedade caracteriza-se pela


possibilidade assegurada à Administração de utilizar os próprios meios de que
dispõe para colocar em prática as suas decisões, independentemente de
autorização do Poder Judiciário, podendo valer-se, inclusive, de força policial.

7.5.3. Coercibilidade - o terceiro atributo do poder de polícia é a


coercibilidade, que garante à Administração a possibilidade de impor
coativamente ao particular as suas decisões, independentemente de
concordância deste. A coercibilidade faz-se imprescindível no exercício do
poder de polícia, pois, se a Administração fosse obrigada a obter a autorização
ou anuência do particular antes de aplicar uma sanção, ficaria praticamente
inviável punir algum infrator de normas administrativas. Tal atributo é
indissociável da autoexecutoriedade. O ato de polícia só é autoexecutório
porque dotado de força coercitiva.

7.6. Prescrição da pretensão punitiva - o art. 1º da Lei 9.873/1999 é


expresso ao afirmar que “prescreve em cinco anos a ação punitiva da
Administração Pública Federal, direta e indireta, no exercício do poder de
polícia, objetivando apurar infração à legislação em vigor, contados da data da
prática do ato ou, no caso de infração permanente ou continuada, do dia em
que tiver cessado”. Por outro lado, quando o fato objeto da ação punitiva da
Administração também constituir crime, a prescrição reger-se-á pelo prazo
previsto na lei penal.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

b. Mapas Mentais.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

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DIREITO ADMINISTRATIVO

c. Revisão 01 (questões)

QUESTÃO 01 - FCC – TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRT 11ª REGIÃO – 2017

Rodrigo é servidor público federal e chefe de determinada repartição pública.


Rodrigo indeferiu as férias pleiteadas por um de seus subordinados, o servidor
José, alegando escassez de pessoal na repartição. No entanto, José comprovou,
que há excesso de servidores na repartição pública. No caso narrado,

a) há vício de motivo no ato administrativo.

b) o ato deve, obrigatoriamente, permanecer no mundo jurídico, vez que


sequer exigia fundamentação.

c) inexiste vício no ato administrativo, no entanto, o ato comporta revogação.

d) o ato praticado por Rodrigo encontra-se viciado, no entanto, não admite


anulação, haja vista a discricionariedade administrativa na hipótese.

e) o objeto do ato administrativo encontra-se viciado.

QUESTÃO 02 - FCC – ANALISTA JUDICIÁRIO – TRT 11ª REGIÃO – 2017

Considere a seguinte situação hipotética: o Prefeito de determinado Município


de Roraima concedeu autorização para atividade de extração de areia de
importante lago situado no Município. Cumpre salientar que o ato administrativo
preencheu todos os requisitos legais, bem como foi praticado quando estavam
presentes condições fáticas que não violavam o interesse público. Ocorre que,
posteriormente, a atividade consentida veio a criar malefícios à natureza. No
caso narrado, o ato administrativo emanado pelo Prefeito poderá ser

a) mantido incólume no mundo jurídico, haja vista que a nova circunstância


fática não gera consequências ao ato já praticado.

b) anulado pela Administração pública ou pelo Judiciário, com efeitos ex tunc.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

c) anulado apenas pelo Poder Judiciário e com efeitos ex nunc.

d) convalidado, com efeitos ex tunc.

e) revogado, com efeitos ex nunc.

QUESTÃO 03 - FCC – TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE SP – 2017


A publicação de edital para realização de concurso público de provas e títulos
para provimento de cargos em órgão público municipal motivou número de
inscritos muito superior ao dimensionado pela Administração pública.
Considerando a ausência de planejamento da Administração para aplicação das
provas para número tão grande de candidatos, bem como que a recente
divulgação da arrecadação municipal mostrou sensível decréscimo diante da
estimativa de receitas, colocando em dúvida a concretude das nomeações dos
eventuais aprovados, a Administração municipal

a) pode anular o certame, em razão dos vícios de legalidade identificados.

b) deve republicar o edital do concurso público para reduzir os cargos


disponíveis, sob pena de nulidade do certame.

c) pode revogar o certame, em razão das supervenientes razões de interesse


público demonstradas para tanto.

d) pode revogar o certame municipal somente se tiver restado demonstrada a


inexistência de recursos para fazer frente às novas despesas com as aprovações
decorrentes do concurso.

e) deve prosseguir com o certame, republicando o edital para adiamento da


realização da primeira prova, a fim de reorganizar a aplicação para o novo
número de candidatos, sendo vedado revogar o certame em razão da redução
de receitas.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

QUESTÃO 04 - FCC – TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE SP – 2017

Os atos administrativos são dotados de atributos que lhe conferem


peculiaridades em relação aos atos praticados pela iniciativa privada. Quando
dotados do atributo da autoexecutoriedade

a) não podem ser objeto de controle pelo judiciário, tendo em vista que podem
ser executados diretamente pela própria Administração pública.

b) submetem-se ao controle de legalidade e de mérito realizado pelo Judiciário,


tendo em vista que se trata de medida de exceção, em que a Administração
pública adota medidas materiais para fazer cumprir suas decisões, ainda que
não haja previsão legal.

c) dependem apenas de homologação do Judiciário para serem executados


diretamente pela Administração pública.

d) admitem somente controle judicial posterior, ou seja, após a execução da


decisão pela Administração pública, mas a análise abrange todos os aspectos do
ato administrativo.

e) implicam na prerrogativa da própria Administração executar, por meios


diretos, suas próprias decisões, sendo possível ao Judiciário analisar a
legalidade do ato.

QUESTÃO 05 - FCC – ANALISTA – PGE MT – 2016

Agente público produziu ato administrativo com vício de legalidade. O ato deve
ser

a) revogado pela Administração pública, produzindo a revogação efeitos para o


futuro, isto é, a partir da data em que publicado o ato de revogação.

b) convalidado pela Administração pública, se o vício em questão for sanável,


produzindo a convalidação efeitos apenas para o futuro, a partir da data de
publicação do ato de convalidação.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

c) revogado pela Administração pública, produzindo a revogação efeitos


retroativos à data na qual foi publicado.

d) anulado pela Administração pública, produzindo a anulação efeitos


retroativos à data na qual foi publicado.

e) anulado pela Administração pública, produzindo a anulação efeitos apenas


para o futuro, a partir da data de publicação do ato de anulação.

QUESTÃO 06 - FCC – ADMINISTRADOR – DPE RR – 2015

Os atos administrativos podem ser vinculados ou discricionários, residindo o


cerne da diferenciação entre ambos

a) no controle judicial de mérito aplicável apenas aos segundos.

b) na obrigatoriedade da motivação existente apenas nos primeiros.

c) no controle de legalidade aplicável apenas aos primeiros.

d) no juízo de conveniência e oportunidade próprio dos segundos, que


constituem o seu mérito.

e) na faculdade de revogação atribuída à Administração apenas em relação aos


primeiros.

QUESTÃO 07 - FCC – TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE PB – 2015

A imperatividade que reveste os atos administrativos

a) independe da presença dos elementos ou requisitos, visto que se trata de


mera exteriorização da vontade da Administração pública, que sempre se impõe
ao administrado independentemente de sua vontade.

b) substitui a decisão judicial quanto à possibilidade de se fazer válido,


dependendo apenas da concordância do destinatário.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

c) impõe aos destinatários dos mesmos sua obrigatoriedade, como atributo


destinado a garantir o interesse público, que é a finalidade de toda a atuação da
Administração pública.

d) se vincula diretamente à eficácia, esta que enseja auto-executoriedade a


todos os atos que predica.

e) se relaciona com a eficácia, na medida em que é a exteriorização dos efeitos


do ato, mas distingue-se da exequibilidade, que depende de intervenção
judicial.

QUESTÃO 08 - FCC – TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE PB – 2015

A extinção do ato administrativo pode se dar por diversos fundamentos, sendo


que a extinção dos atos discricionários

a) pode se dar somente por meio de revogação, pois desconstrói elementos de


conveniência e oportunidade.

b) pode se dar pela própria Administração, em razão do poder de revisão de


seus próprios atos, por meio de anulação dos atos ilegais e dos atos
inconvenientes e inoportunos.

c) depende de decisão judicial, por motivo de ilegalidade, tendo em vista que


impacta na esfera jurídica dos administrados e de terceiros.

d) pode se dar por vício de legalidade, caso de anulação, ou por conveniência e


oportunidade fundada em motivos de interesse público, caso de revogação.

e) depende de decisão judicial, tendo em vista que o administrador não pode


rever os motivos de conveniência e oportunidade que o levaram à prática do
ato.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

QUESTÃO 09 - FCC – TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRT 9ª REGIÃO – 2015

O atributo do ato administrativo que permite que ele seja “posto em execução
pela própria Administração pública, sem necessidade de intervenção do Poder
Judiciário" (PIETRO, Maria Sylvia Zanella Di. Direito Administrativo. 28. ed., São
Paulo:Atlas, p. 243), é a:

a) imperatividade, porque cria obrigações e se impõe independentemente da


concordância do destinatário do ato ou de terceiros.

b) autoexecutoriedade, que deve estar prevista em lei, como a autorização para


apreensão de mercadorias e interdição de estabelecimentos.

c) autoexecutoriedade, sempre que a discricionariedade administrativa entender


mais útil ou pertinente agir desde logo, sem aguardar a conclusão das
diligências em curso.

d) imperatividade, que autoriza o emprego de meios próprios de execução dos


próprios atos, indiretamente, como a imposição de multas, ou diretamente, com
a demolição de construções.

e) exigibilidade, que trata apenas de meios diretos de coercibilidade, inclusive


materiais, como interdição de estabelecimentos, apreensão de mercadorias e

demolição de construções.

QUESTÃO 10 - FCC – ANALISTA JUDICIÁRIO – TRT PR – 2015

Não obstante a presunção de veracidade e de legitimidade de que são


predicados os atos administrativos, há vícios que podem eivá-los e, diante
deles, as consequências podem ser diversas.

MARIA SYLVIA ZANELLA DI PIETRO, ao tratar dos vícios relativos aos atos
administrativos, nos traz a seguinte lição: Assim, haverá vício em relação (...)
quando qualquer desses requisitos deixar de ser observado, o que ocorrerá
quando for: 1. Proibido pela lei; por exemplo: um Município que desaproprie

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DIREITO ADMINISTRATIVO

bem imóvel da União; 2. Diverso do previsto na lei para o caso sobre o qual
incide; por exemplo: a autoridade aplica a pena de suspensão, quando cabível a
de repreensão 3. Impossível, porque os efeitos pretendidos são irrealizáveis, de
fato ou de direito; por exemplo: a nomeação para um cargo inexistente; (...)

(Direito Administrativo, 28ª edição. São Paulo, Atlas, p. 287).

Adequada relação de identificação entre o vício tratado pela autora e a


consequência por ele imposta ao ato administrativo é aquela que trata de vício
quanto

a) ao objeto, que eiva de nulidade o ato, pois são atos insanáveis, na medida
em que eventual correção do objeto para hipótese legalmente prevista enseja a
prática de ato distinto, não de convalidação.

b) à finalidade, que pode ser sanado, com a indicação de uma finalidade válida,
ainda que não seja aquela pretendida pela Administração.

c) à competência, que, em regra, não pode ser sanado, tendo em vista que a
divisão de atribuições e competências não admite delegação, salvo expressa
disposição em contrário.

d) à forma, que não pode ser sanado em razão do princípio da formalidade que
impera no processo administrativo e que se presta a tutelar os direitos e
garantias fundamentais dos administrados.

e) aos motivos, que podem ser sanados, desde que o resultado obtido seja
legalmente previsto, pois é possível conformar a motivação da prática do ato
para atingimento daquela finalidade.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

d. Revisão 02 (questões)

QUESTÃO 11 - FCC – ANALISTA JUDICIÁRIO – TRT PR – 2015

Os atos emanados no exercício da função administrativa possuem atributos que


os distinguem dos demais atos jurídicos. Nesse sentido, a Administração edita
atos que constituem terceiros em obrigações, independentemente da vontade
destes. Referido atributo é chamado de

a) imperatividade, que após a constitucionalização do direito administrativo,


que mitigou o poder extroverso da Administração, exige para produção de
efeitos a participação do Poder Judiciário.

b) imperatividade, que não está presente em todos os atos emanados pela


Administração, mas apenas naqueles que impõem obrigações.

c) autoexecutoriedade que está presente em todos os atos emanados pela


Administração, em razão do princípio da supremacia do interesse público sobre
o privado.

d) autoexecutoriedade, que não está presente em todos os atos emanados pela


Administração, mas apenas nos que conferem direitos aos administrados, como,
por exemplo, as licenças e autorizações.

e) presunção de legitimidade ou de veracidade, que encontra seu fundamento


último na submissão da Administração ao princípio da legalidade, o qual
autoriza a produção de efeitos sem a participação do Poder Judiciário.

QUESTÃO 12 - FCC – ADMINISTRADOR – DPE SP – 2015

Acerca dos atos administrativos, é correto afirmar:

a) Todos os atos válidos são necessariamente eficazes.

b) Os atos produzidos com vícios no elemento formal devem ser,


necessariamente, anulados.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

c) Um ato pode ser perfeito e ao mesmo tempo inválido.

d) A autoexecutoriedade é atributo presente em todos os atos administrativos.

e) Somente gozam de presunção de legitimidade os atos acusatórios da


Administração pública.

QUESTÃO 13 - FCC – TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE AP – 2015

Clodoaldo, servidor público e chefe de determinada repartição pública, decidiu


anular ato administrativo, pois detectou vício em um de seus requisitos.
Esmeralda, atingida pela anulação do ato, questionou o ocorrido, alegando ser
hipótese de convalidação e não de anulação do ato administrativo.
Posteriormente, constatou-se que Esmeralda tinha razão. No caso narrado, o
ato administrativo em questão continha vício de

a) objeto, por ser diverso do previsto na lei para o caso.

b) motivo, haja vista conter situação fática que não ocorreu.

c) finalidade, pois desviou-se da finalidade pública.

d) competência, pois não se tratava de competência outorgada com


exclusividade.

e) forma, por ser indispensável à existência do aludido ato.

QUESTÃO 14 - FCC – TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE AP – 2015

Considere a seguinte situação hipotética: o Tribunal Regional Eleitoral do


Amapá emitiu certidão a Ariovaldo, atestando a inexistência de registro de
inscrição (título de eleitor) em nome do interessado perante a Justiça Eleitoral.
No dia seguinte à emissão da certidão e antes de entregá-la a Ariovaldo, o
Tribunal decidiu revogá-la por razões de conveniência e oportunidade. No caso
narrado, a revogação

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DIREITO ADMINISTRATIVO

a) é possível, desde que o Tribunal tenha constatado algum equívoco na citada


certidão.

b) é possível, mas deve ser feita pelo Judiciário e não pelo próprio Tribunal
Regional Eleitoral.

c) é possível, por ter ocorrido antes que a certidão produzisse seus efeitos.

d) não é possível, pois a certidão já produziu seus efeitos.

e) não é possível, pois a certidão é ato administrativo que não comporta


revogação.

QUESTÃO 15 - FCC – ANALISTA JUDICIÁRIO – TRE AP – 2015

Joelma, servidora pública do Tribunal Regional Eleitoral do Amapá, praticou ato


administrativo com vício de motivo. Francisco, particular e atingido pelo ato,
pleiteou sua anulação perante o Poder Judiciário. No caso narrado, é

a) cabível a convalidação do ato, que pode ser feita pela própria Administração
pública ou pelo Poder Judiciário.

b) vedada a anulação pelo Judiciário, vez que o motivo circunda-se na esfera da


discricionariedade do ato, cabendo apenas à Administração pública anulá-lo.

c) vedada a anulação, já que o vício de motivo comporta a revogação do ato


administrativo, por se tratar de mérito do ato (razões de conveniência e
oportunidade).

d) cabível a anulação, que pode ser feita pelo Poder Judiciário, ou pela própria
Administração pública.

e) cabível a convalidação do ato, que pode ser feita apenas pela Administração
pública.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

QUESTÃO 16 - FCC – TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE SP – 2017

Os servidores públicos estão sujeitos à hierarquia no exercício de suas


atividades funcionais. Considerando esse aspecto,

a) o poder disciplinar a que estão sujeitos é decorrente dessa hierarquia, visto


que guarda relação com o vínculo funcional existente e observa a estrutura
organizacional da Administração pública para identificação da autoridade
competente para apuração e punição por infrações disciplinares.

b) submetem-se ao poder de tutela da Administração, que projeta efeitos


internos, sobre órgãos e servidores, e externos, atingindo relações jurídicas
contratuais travadas com terceiros.

c) conclui-se que o poder hierárquico é premissa para o poder disciplinar, ou


seja, este somente tem lugar onde se identificam relações jurídicas
hierarquizadas, funcional ou contratualmente, neste caso, em relação à
prestação de serviços terceirizados.

d) o poder hierárquico autoriza a edição de atos normativos de caráter


autônomo, com força de lei, no que se refere à disciplina jurídica dos direitos e
deveres dos servidores públicos.

e) somente o poder hierárquico e o poder disciplinar produzem efeitos internos


na Administração pública, tendo em vista que o poder de polícia e o poder
regulamentar visam à produção de efeitos na esfera jurídica de direito privado,
não podendo atingir a atuação de servidores públicos.

QUESTÃO 17 - FCC – ANALILSTA JUDICIÁRIO – TRE SP – 2017

Suponha que o Secretário de Transportes de determinado Estado tomou


conhecimento, por intermédio de matéria jornalística, da existência de longas
filas para carregamento dos cartões de utilização dos trens administrados por
uma sociedade de economia mista vinculada àquela Pasta. Diante dos fatos
apurados, decidiu avocar, para área técnica da Secretaria, algumas atividades

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DIREITO ADMINISTRATIVO

de gerenciamento e logística desempenhadas por uma das Diretorias da


referida empresa. Fundamentou sua decisão no exercício dos poderes
hierárquico e disciplinar. Considerando a situação narrada,

a) a atuação do Secretário justifica-se do ponto de vista da hierarquia, porém


não sob aspecto disciplinar, eis que não identificada infração administrativa.

b) a decisão baseia-se, legitimamente, apenas no poder disciplinar, que


compreende o controle e a supervisão.

c) descabe a invocação dos poderes citados, sendo certo que a atuação da


Secretaria deve se dar nos limites do poder de tutela.

d) a decisão somente será justificável, sob o fundamento de poder hierárquico,


se constada a existência de desvio de conduta pelos administradores da
empresa.

e) a decisão extrapolou a competência disciplinar, que somente pode ser


exercida para corrigir desvios na organização administrativa da entidade.

QUESTÃO 18 - FCC – ANALISTA JUDICIÁRIO – TRT 23ª REGIÃO – 2016


Considere:
I. A Administração pública não pode, no exercício do poder de polícia, utilizar-se
de meios diretos de coação, sob pena de afronta ao princípio da
proporcionalidade.

II. O objeto da medida de polícia, isto é, o meio de ação, sofre limitações,


mesmo quando a lei lhe dá várias alternativas possíveis.

III. A impossibilidade de licenciamento de veículo enquanto não pagas as


multas de trânsito corresponde a exemplo da utilização de meios indiretos de
coação, absolutamente válido no exercício do poder de polícia.

Está correto o que consta em

a) I, II e III.

37
DIREITO ADMINISTRATIVO

b) II e III, apenas.

c) I e III, apenas.

d) I, apenas.

e) II, apenas.

QUESTÃO 19 - FCC – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – PGE MT – 2016

Os poderes hierárquicos do Chefe do Poder Executivo compreendem a


possibilidade de

a) dar ordens aos gestores que lhe estejam hierarquicamente subordinados,


desde que compatíveis com o Direito.

b) dar ordens aos gestores públicos, inclusive àqueles que pertençam à


Administração pública indireta.

c) avocar competências de seus subordinados, a exemplo, invariavelmente, das


de caráter normativo.

d) dar ordens aos gestores que lhe estejam hierarquicamente subordinados,


ainda que contrárias ao Direito.

e) demitir, a seu exclusivo critério, gestores que lhe sejam subordinados,


inclusive os estáveis.

QUESTÃO 20 - FCC – ADMINISTRADOR – PGE MT – 2016

Discricionariedade administrativa é o dever-poder da Administração pública de,


diante do caso concreto,

a) tomar duas ou mais decisões, sendo todas elas válidas perante o Direito.

b) decidir, com base em razões de conveniência e oportunidade,


independentemente da lei.

c) decidir, conforme a vontade do agente público.

38
DIREITO ADMINISTRATIVO

d) decidir, nos termos da Constituição Federal.

e) decidir, conforme as melhores razões de Estado.

39
DIREITO ADMINISTRATIVO

e. Revisão 03 (questões)

QUESTÃO 21 - FCC – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – TRT 20ª – 2016


Considere as seguintes assertivas concernentes ao poder disciplinar:

I. A Administração pública, ao tomar conhecimento de infração praticada por


servidor, deve instaurar o procedimento adequado para sua apuração.

II. A Administração pública pode levar em consideração, na aplicação da pena,


a natureza e a gravidade da infração e os danos que dela provierem para o
serviço público.

III. No procedimento administrativo destinado a apurar eventual infração


praticada por servidor, devem ser assegurados o contraditório e a ampla defesa
com os meios e recursos a ela inerentes.

IV. A falta grave é punível com a pena de suspensão e caberá à Administração


pública enquadrar ou não um caso concreto em tal infração.
O poder disciplinar, em algumas circunstâncias, é considerado discricionário. Há
discricionariedade APENAS nos itens
a) I e IV.

b) I e II.

c) I e III.

d) III e IV.

e) II e IV.

QUESTÃO 22 - FCC – ANALISTA ADMINISTRATIVO – TRT 20ª – 2016

Considere as seguintes assertivas concernentes ao poder regulamentar:

I. O regulamento de execução é hieraquicamente subordinado a uma lei prévia,


além de ser ato de competência privativa do Chefe do Poder Executivo.

40
DIREITO ADMINISTRATIVO

II. O poder regulamentar da Administração pública, também denominado de


poder normativo, não abrange, exclusivamente, os regulamentos; ele também
se expressa por outros atos, tais como por meio de instruções, dentre outros.

III. Os atos pelos quais a Administração pública exerce o seu poder


regulamentar, assim como a lei, também emanam atos com efeitos gerais e
abstratos.

IV. O ato normativo, em hipóteses excepcionais, poderá criar direitos não


previstos em lei, sem implicar em ofensa ao princípio da legalidade.

Está correto o que se afirma em

a) I e IV, apenas.

b) I, II, III e IV.

c) I e III, apenas.

d) II e IV, apenas.

e) I, II e III, apenas.

QUESTÃO 23 - FCC – AUXILIAR DE ENFERMAGEM – AL MS – 2016

Rafael, servidor público estadual e chefe de determinada repartição, no


exercício de seu poder hierárquico, editou ato normativo, qual seja, resolução, a
fim de ordenar a atuação de seus subordinados. A propósito do tema, a conduta
de Rafael está

a) correta, pois o poder hierárquico é mais abrangente e sempre engloba o


poder normativo da Administração pública, também denominado de poder
regulamentar.

b) correta, pois insere-se dentro das atribuições próprias do poder hierárquico.

c) incorreta, pois não se insere no âmbito de atribuições próprias do poder


hierárquico, mas sim, do poder disciplinar.

41
DIREITO ADMINISTRATIVO

d) incorreta, pois não se insere no âmbito de atribuições próprias do poder


hierárquico, mas sim, do poder de polícia, que também vigora entre os
servidores e órgãos públicos.

e) incorreta, pois não se insere no âmbito de atribuições próprias do poder


hierárquico, mas sim, do poder normativo.

QUESTÃO 24 - FCC – AGENTE DE APOIO – AL MS – 2016

A Administração pública, após regular processo administrativo, penalizou


servidor seu lotado junto à Secretaria dos Transportes, por ter deixado de
praticar ato de sua competência, sem justificativa juridicamente aceitável. A
hipótese trata do exercício do poder

a) de polícia administrativa, fundamentado na hierarquia e na sujeição geral


que liga os servidores à Administração contratante.

b) disciplinar, que encontra fundamento de validade na lei e é decorrência do


princípio hierárquico.

c) poder regulamentar, uma vez que a punição caracteriza-se como ato geral e
abstrato, exceto no que concerne ao interessado sancionado.

d) de polícia, que encontra fundamento na lei e no princípio da supremacia do


interesse público sobre o privado.

e) disciplinar, que não decorre da hierarquia, mas do fato de o particular estar


sujeito à disciplina administrativa.

QUESTÃO 25 - FCC – AGENTE DE APOIO – AL MS – 2016


A vigilância sanitária, após inspeção realizada em estabelecimento comercial
especializado no fornecimento de refeições, em razão das péssimas condições
de higiene e do desrespeito às posturas municipais, que colocavam em risco
iminente os frequentadores do local, interditou o local. No caso, a
Administração

42
DIREITO ADMINISTRATIVO

a) exerceu irregularmente o denominado poder de polícia, porquanto não


recorreu previamente ao judiciário tampouco possibilitou a prévia defesa do
particular.

b) agiu arbitrariamente, porquanto mesmo frente ao perigo iminente, ante o


princípio da livre iniciativa, tinha a obrigação de conferir ao particular o prévio
exercício do direto de defesa em procedimento específico.

c) exerceu regularmente o poder de polícia, em especial considerando cuidar-se


de medida de urgência, que dispensa o exercício prévio do direito de defesa.

d) agiu dentro da lei, exercendo o poder normativo exteriorizado pela cassação


do alvará de funcionamento do estabelecimento comercial.

e) exerceu irregularmente o poder de polícia, porquanto este se caracteriza por


ser uma atividade negativa, o que implica reconhecer que era vedado, na
hipótese, o exercício de atividade material pela Administração.

QUESTÃO 26 - FCC – AUDITOR FISCAL – SEGEP MA – 2016


O processo disciplinar é derivado dos poderes:

a) hierárquico e disciplinar.

b) regulamentar e de polícia.

c) disciplinar e de polícia.

d) de polícia e hierárquico.

e) hierárquico e regulamentar.

QUESTÃO 27 - FCC – ADVOGADO – PREF. TERESINA – 2016

Nas palavras de José dos Santos Carvalho Filho, quando o “agente que elege a
situação fática geradora da vontade, permitindo, assim, maior liberdade de
atuação, embora sem afastamento dos princípios administrativos”, está se
referindo ao poder discricionário dos agentes públicos, que demanda a

43
DIREITO ADMINISTRATIVO

a) previsão legal das opções postas ao administrador, bem como possibilita


revogação pela própria Administração ou pelo Judiciário, preservado o mérito do
ato administrativo.

b) existência de opções juridicamente válidas para que o administrador possa


exercer seu juízo de conveniência e oportunidade, o que não afasta a
possibilidade de controle dessa atuação, tanto pela Administração, quanto pelo
Judiciário e pelo Tribunal de Contas.

c) revisão dos atos discricionários pela própria Administração ou pelo Poder


Judiciário, não retroagindo efeitos seja no caso da anulação ou da revogação,
em razão da presunção de veracidade que reveste os atos administrativos.

d) possibilidade de anulação de atos discricionários somente pela própria


administração ou pelo Tribunal de Contas, nos casos de atos administrativos.

e) análise pelo Poder Judiciário de todos os aspectos dos atos discricionários,


anulando-os ou revogando-os diante do controle de políticas públicas realizado
por esse Poder.

QUESTÃO 28 - FCC – ANALISTA ADMINIS. – PREF. TERESINA – 2016

Os poderes da Administração pública lhe foram atribuídos para possibilitar o


exercício de suas funções, que sempre devem ser norteadas em benefício da
coletividade. Conferem, portanto, prerrogativas à Administração pública, que
não são ilimitadas. É exemplo disso

a) o poder normativo conferido à Administração, por meio da edição de decreto


autônomo, que somente pode ter lugar sempre que houver lacunas ou ausência
de lei.

b) o poder hierárquico, que atribui dever de subordinação dos servidores aos


seus superiores, cabendo a estes a apuração de infrações e aplicação de
penalidades disciplinares.

44
DIREITO ADMINISTRATIVO

c) o exercício do poder disciplinar, que se estende aos particulares e empresas


contratados pelo poder público para prestação de serviços em repartições
públicas.

d) o exercício do poder de polícia, que pode limitar os direitos individuais com


algum grau de discricionariedade, mas sempre deve ter previsão legal.

e) o exercício do poder normativo-disciplinar, que se exterioriza na edição de


normas de conduta disciplinar, com elenco de infrações e sanções.

QUESTÃO 29 - FCC – PROCURADOR – PREF. CAMPINAS – 2016

A desconcentração e a descentralização são formas de organização


administrativa para exercício das funções executivas. Em relação aos poderes
da Administração e essa forma de organização tem-se que

a) o poder hierárquico mostra-se presente tanto na desconcentração, quanto na


descentralização, na medida em que a Administração Central possui poder para
autorizar ou rever atos praticados pelos órgãos e entes abrangidos por aquela
organização administrativa.

b) o poder normativo evidencia-se por meio dos decretos autônomos,


adequados para instituição de pessoas jurídicas de direito público ou privado,
por meio das quais se opera a descentralização.

c) o poder normativo manifesta-se quando há utilização do método


descentralização, pois é necessária edição de leis para instituição de outras
pessoas jurídicas para as quais serão delegadas competências.

d) o poder hierárquico manifesta-se presente nas relações de desconcentração,


porque há relação de subordinação entre os órgãos da Administração e a
Administração central, o que não se replica com as relações travadas entre esta
e os entes da Administração indireta, ainda que se evidencie o poder de tutela.

45
DIREITO ADMINISTRATIVO

e) a desconcentração não se relaciona com o poder discricionário da


Administração pública, porque este é restrito à Administração e Central, tendo
em vista que os órgãos da Administração não são dotados de autonomia e
personalidade jurídica própria, características que devem estar presentes para o
exercício das atribuições inerentes àquele poder.

QUESTÃO 30 - FCC – TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE PB – 2015

A organização da sociedade exige o estabelecimento de regras para ditar o


convívio harmônico e balizar os diversos interesses contrapostos, incluindo os
titularizados pelos administrados e os interesses públicos, que servem à
coletividade. Para o estabelecimento dessa equação:

a) é necessário haver expressa previsão legal sobre todas as condutas possíveis


para a Administração Pública e todas as vedações impostas aos administrados,
tendo em vista que o exercício do poder de polícia é vinculado.

b) a Administração pública lança mão do poder de polícia, cujo exercício se


destina a limitar e condicionar o exercício de direitos individuais, sempre com
fundamento normativo, ainda que não expresso.

c) a Administração pública se vale do poder discricionário, que se expressa pela


imposição de limitações aos direitos individuais dos administrados, com base na
conveniência e oportunidade do Administrador, independentemente de
fundamento na legislação vigente.

d) é necessário que a Administração se valha de seu poder de polícia, que é


sempre vinculado, nos estritos termos previstos em lei, desde que não inclua a
imposição de penalidades, para o quê é necessária decisão judicial.

e) é fundamental identificar o interesse público envolvido, que tem prevalência


apriorística sobre os interesses individuais, cabendo à Administração pública a
adoção de quaisquer medidas para impor obrigatoriamente o interesse da
coletividade.

46
DIREITO ADMINISTRATIVO

f. Normas (apenas o que mais cai)

Lei 9.784/99.

Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de
vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.

Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que


decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados
da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé.

§ 1º No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência contar-


se-á da percepção do primeiro pagamento.

§ 2º Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de autoridade


administrativa que importe impugnação à validade do ato.

Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse


público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis
poderão ser convalidados pela própria Administração.

Súmula 473, STF: “A administração pode anular seus próprios atos, quando
eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos;
ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os
direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.”

47
DIREITO ADMINISTRATIVO

g. Gabarito

1 2 3 4 5
A E C E D
6 7 8 9 10
D C D B A
11 12 13 14 15
B C D E D
16 17 18 19 20
A C B A A
21 22 23 24 25
E B B B C
26 27 28 29 30
A B D D B

48
DIREITO ADMINISTRATIVO

h. Breves comentários às questões

QUESTÃO 01 - FCC – TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRT 11ª REGIÃO – 2017

Rodrigo é servidor público federal e chefe de determinada repartição pública.


Rodrigo indeferiu as férias pleiteadas por um de seus subordinados, o servidor
José, alegando escassez de pessoal na repartição. No entanto, José comprovou,
que há excesso de servidores na repartição pública. No caso narrado,

a) há vício de motivo no ato administrativo.

b) o ato deve, obrigatoriamente, permanecer no mundo jurídico, vez que


sequer exigia fundamentação.

c) inexiste vício no ato administrativo, no entanto, o ato comporta revogação.

d) o ato praticado por Rodrigo encontra-se viciado, no entanto, não admite


anulação, haja vista a discricionariedade administrativa na hipótese.

e) o objeto do ato administrativo encontra-se viciado.

Comentários

Segundo a teoria dos motivos determinantes, o motivo alegado pelo agente


público, no momento da edição do ato, deve corresponder à realidade, tem que
ser verdadeiro. Caso contrário, comprovando o interessado que o motivo
informado não guarda qualquer relação com a edição do ato ou que sequer
existiu, o ato deverá ser anulado pela própria Administração ou pelo Poder
Judiciário.

O professor Celso Antônio Bandeira de Mello, ao explicar a teoria dos motivos


determinantes, afirma que “os motivos que determinam a vontade do agente,
isto é, os fatos que serviram de suporte à sua decisão, integram a validade do
ato. Sendo assim, a invocação de ‘motivos de fato’ falsos, inexistentes ou
incorretamente qualificados vicia o ato mesmo quando, conforme já se

49
DIREITO ADMINISTRATIVO

disse, a lei não haja estabelecido, antecipadamente, os motivos que ensejariam


a prática do ato. Uma vez enunciados pelo agente os motivos em que se calçou,
ainda quando a lei não haja expressamente imposto a obrigação de enunciá-los,
o ato só será válido se estes realmente ocorreram e o justificavam”.

O motivo utilizado por Rodrigo para indeferir as férias pleiteadas por José foi
falso, com isso o ato administrativo apresenta vício de motivo.

Gabarito: Letra a.

QUESTÃO 02 - FCC – ANALISTA JUDICIÁRIO – TRT 11ª REGIÃO – 2017

Considere a seguinte situação hipotética: o Prefeito de determinado Município


de Roraima concedeu autorização para atividade de extração de areia de
importante lago situado no Município. Cumpre salientar que o ato administrativo
preencheu todos os requisitos legais, bem como foi praticado quando estavam
presentes condições fáticas que não violavam o interesse público. Ocorre que,
posteriormente, a atividade consentida veio a criar malefícios à natureza. No
caso narrado, o ato administrativo emanado pelo Prefeito poderá ser

a) mantido incólume no mundo jurídico, haja vista que a nova circunstância


fática não gera consequências ao ato já praticado.

b) anulado pela Administração pública ou pelo Judiciário, com efeitos ex tunc.

c) anulado apenas pelo Poder Judiciário e com efeitos ex nunc.

d) convalidado, com efeitos ex tunc.

e) revogado, com efeitos ex nunc.

Comentários

A questão informa que o ato administrativo, autorização, preencheu todos os


requisitos legais, estando também de acordo como interesse público.
Entretanto, posteriormente o interesse público foi violado em razão de danos a

50
DIREITO ADMINISTRATIVO

natureza. A situação retratada remete à prerrogativa que a Administração


Pública tem de rever os seus próprios atos, por meio da anulação para atos
ilegais e da revogação, mediante conveniência ou oportunidade.

Como não houve ilegalidade do ato no caso mostrado, mas houve posterior
ofensa ao interesse público, cabe possível aplicação por parte da
Administração da revogação.

A revogação ocorre sempre que a Administração Pública decide retirar, parcial


ou integramente do ordenamento jurídico, um ato administrativo válido, mas
que deixou de atender ao interesse público em razão de não ser mais
conveniente ou oportuno.

Ao revogar um ato administrativo a Administração Pública está declarando que


uma situação, até então oportuna e conveniente ao interesse público, não mais
existe, o que justifica a extinção do ato.

Na revogação os efeitos serão sempre “ex nunc” (proativos). Isso significa


dizer que a revogação somente produz efeitos prospectivos, ou seja, para
frente, conservando-se todos os efeitos que já haviam sido produzidos.

Diante do exposto, afirma-se que o ato administrativo emanado pelo


Prefeito poderá ser revogado, com efeitos ex nunc.
Gabarito: Letra E

QUESTÃO 03 - FCC – TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE SP – 2017


A publicação de edital para realização de concurso público de provas e títulos
para provimento de cargos em órgão público municipal motivou número de
inscritos muito superior ao dimensionado pela Administração pública.
Considerando a ausência de planejamento da Administração para aplicação das
provas para número tão grande de candidatos, bem como que a recente
divulgação da arrecadação municipal mostrou sensível decréscimo diante da
estimativa de receitas, colocando em dúvida a concretude das nomeações dos
eventuais aprovados, a Administração municipal

51
DIREITO ADMINISTRATIVO

a) pode anular o certame, em razão dos vícios de legalidade identificados.

b) deve republicar o edital do concurso público para reduzir os cargos


disponíveis, sob pena de nulidade do certame.

c) pode revogar o certame, em razão das supervenientes razões de interesse


público demonstradas para tanto.

d) pode revogar o certame municipal somente se tiver restado demonstrada a


inexistência de recursos para fazer frente às novas despesas com as aprovações
decorrentes do concurso.

e) deve prosseguir com o certame, republicando o edital para adiamento da


realização da primeira prova, a fim de reorganizar a aplicação para o novo
número de candidatos, sendo vedado revogar o certame em razão da redução
de receitas.

Comentários
a) A questão não apresenta nenhuma situação de ilegalidade no caso narrado,
o que impossibilita prática de anulação do certame. Esse é o teor da súmula
473 do Supremo Tribunal Federal ao afirmar que a “Administração pode anular
os seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornem ilegais”.
Assertiva incorreta.

b) Não existe o dever da Administração Pública republicar o edital do


concurso, bem como a não redução de cargos disponíveis não acarreta pena de
nulidade, que só ocorre diante de ilegalidade. Republicar o edital, reduzir ou
manter os cargos disponíveis, são atos discricionários da Administração Pública,
decorrentes do interesse público. Assertiva incorreta.

c) A revogação ocorre sempre que a Administração Pública decide retirar,


parcial ou integramente do ordenamento jurídico, um ato administrativo válido,
mas que deixou de atender ao interesse público em razão de não ser mais
conveniente ou oportuno.

52
DIREITO ADMINISTRATIVO

Ao revogar um ato administrativo a Administração Pública está declarando que


uma situação, até então oportuna e conveniente ao interesse público, não mais
existe, o que justifica a extinção do ato.

Na situação demonstrada pela questão a Administração Pública pode entender


que razões supervenientes tornaram o certame contrário ao interesse
público, sendo possível a revogação. Assertiva correta.

d) Não é somente a inexistência de recursos para fazer frente às novas


despesas do concurso que pode fundamentar a aplicação da revogação, outros
pontos podem fazer com que o certame deixe de atender ao interesse público,
sendo possível a Administração agir por conveniência ou oportunidade.
Assertiva incorreta.

e) Não existe o dever da Administração Pública prosseguir com o certame,


republicando o edital. Trata-se de ato discricionário da Administração,
decorrentes do interesse público. A revogação é possível por análise de
conveniência ou oportunidade da Administração Pública. Assertiva incorreta.

Gabarito: Letra C

QUESTÃO 04 - FCC – TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE SP – 2017

Os atos administrativos são dotados de atributos que lhe conferem


peculiaridades em relação aos atos praticados pela iniciativa privada. Quando
dotados do atributo da autoexecutoriedade

a) não podem ser objeto de controle pelo judiciário, tendo em vista que podem
ser executados diretamente pela própria Administração pública.

b) submetem-se ao controle de legalidade e de mérito realizado pelo Judiciário,


tendo em vista que se trata de medida de exceção, em que a Administração
pública adota medidas materiais para fazer cumprir suas decisões, ainda que
não haja previsão legal.

53
DIREITO ADMINISTRATIVO

c) dependem apenas de homologação do Judiciário para serem executados


diretamente pela Administração pública.

d) admitem somente controle judicial posterior, ou seja, após a execução da


decisão pela Administração pública, mas a análise abrange todos os aspectos do
ato administrativo.

e) implicam na prerrogativa da própria Administração executar, por meios


diretos, suas próprias decisões, sendo possível ao Judiciário analisar a
legalidade do ato.

Comentários

a) Os atos praticados sob o amparo do atributo da autoexecutoriedade podem


ser revistos pelo Poder Judiciário, sempre que provocado pelos
interessados. Para tanto, basta que os interessados demonstrem que tais atos
foram praticados de forma arbitrária, desproporcional, desarrazoada ou
abusiva, por exemplo, para que o Poder Judiciário possa anulá-los
retroativamente. Dessa forma, cabe controle pelo judiciário. Assertiva
incorreta.

b) Não cabe ao Judiciário o controle de mérito quanto a atos praticados sob o


amparo do atributo da autoexecutoriedade, apenas o controle de legalidade. O
mérito decorre da discricionariedade garantida a Administração Pública.
Assertiva incorreta.

c) A autoexecutoriedade é o atributo que garante ao Poder Público a


possibilidade de obrigar terceiros ao cumprimento dos atos administrativos
editados, sem a necessidade de recorrer ao Poder Judiciário. Não é
exigido que o Judiciário homologue ou autorize a autoexecutoriedade
exercida diretamente pela Administração Pública. Assertiva incorreta.

d) A análise feita pelo controle judicial não abrange todos os aspectos do ato
administrativo, apenas o aspecto da legalidade. Assertiva incorreta.

54
DIREITO ADMINISTRATIVO

e) Na definição de Hely Lopes Meirelles, "a autoexecutoriedade consiste na


possibilidade que certos atos administrativos ensejam de imediata e direta
execução pela própria Administração, independentemente de ordem judicial".
Ao Judiciário cabe o controle quanto a legalidade do ato. Assertiva correta.

Gabarito: Letra E

QUESTÃO 05 - FCC – ANALISTA – PGE MT – 2016

Agente público produziu ato administrativo com vício de legalidade. O ato deve
ser

a) revogado pela Administração pública, produzindo a revogação efeitos para o


futuro, isto é, a partir da data em que publicado o ato de revogação.

b) convalidado pela Administração pública, se o vício em questão for sanável,


produzindo a convalidação efeitos apenas para o futuro, a partir da data de
publicação do ato de convalidação.

c) revogado pela Administração pública, produzindo a revogação efeitos


retroativos à data na qual foi publicado.

d) anulado pela Administração pública, produzindo a anulação efeitos


retroativos à data na qual foi publicado.

e) anulado pela Administração pública, produzindo a anulação efeitos apenas


para o futuro, a partir da data de publicação do ato de anulação.

Comentários

Quando o ato administrativo é praticado em desacordo com o ordenamento


jurídico vigente, é considerado ilegal. Assim, deve ser anulado pelo Poder
Judiciário (quando provocado) ou pela própria Administração (de ofício ou
mediante provocação).

55
DIREITO ADMINISTRATIVO

A anulação de um ato administrativo opera-se com efeitos retroativos (ex


tunc), isto é, o ato perde os seus efeitos desde o momento de sua edição
(como se nunca tivesse existido), pois não origina direitos.

Esse é o teor da súmula 473 do Supremo Tribunal Federal ao afirmar que a


“Administração pode anular os seus próprios atos, quando eivados de vícios que
os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos”.

Se agente público produz ato administrativo com vício de legalidade, o ato deve
ser anulado, com efeitos retroativos à data na qual foi publicado.

Gabarito: Letra D

QUESTÃO 06 - FCC – ADMINISTRADOR – DPE RR – 2015

Os atos administrativos podem ser vinculados ou discricionários, residindo o


cerne da diferenciação entre ambos

a) no controle judicial de mérito aplicável apenas aos segundos.

b) na obrigatoriedade da motivação existente apenas nos primeiros.

c) no controle de legalidade aplicável apenas aos primeiros.

d) no juízo de conveniência e oportunidade próprio dos segundos, que


constituem o seu mérito.

e) na faculdade de revogação atribuída à Administração apenas em relação aos


primeiros.

Comentários

a) O controle dos atos administrativos, exercido pelo Poder Judiciário, não


abrange o respectivo mérito, pois se trata de campo de atuação reservado ao
administrador público. Assertiva incorreta.

56
DIREITO ADMINISTRATIVO

b) Em regra, tanto os atos administrativos vinculados quanto os discricionários


devem ser motivados. Uma das raras exceções de dispensa de motivação é a
nomeação e exoneração para cargos de confiança. Assertiva incorreta.

c) Todos os atos administrativos estão sujeitos ao controle de legalidade, sejam


eles discricionários ou vinculados. Assertiva incorreta.

d) No ato discricionário a Administração possui alternativas ou opções, e,


dentre elas, irá escolher a que seja mais oportuna e conveniente ao interesse
público. Assertiva correta.

e) A prerrogativa assegurada à Administração Pública de revogar os seus


próprios atos administrativos somente alcança os discricionários, pois os atos
vinculados possuem todos os seus requisitos previstos expressamente no texto
legal. Assertiva incorreta.

Gabarito: Letra D

QUESTÃO 07 - FCC – TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE PB – 2015

A imperatividade que reveste os atos administrativos

a) independe da presença dos elementos ou requisitos, visto que se trata de


mera exteriorização da vontade da Administração pública, que sempre se impõe
ao administrado independentemente de sua vontade.

b) substitui a decisão judicial quanto à possibilidade de se fazer válido,


dependendo apenas da concordância do destinatário.

c) impõe aos destinatários dos mesmos sua obrigatoriedade, como atributo


destinado a garantir o interesse público, que é a finalidade de toda a atuação da
Administração pública.

d) se vincula diretamente à eficácia, esta que enseja auto-executoriedade a


todos os atos que predica.

57
DIREITO ADMINISTRATIVO

e) se relaciona com a eficácia, na medida em que é a exteriorização dos efeitos


do ato, mas distingue-se da exequibilidade, que depende de intervenção
judicial.

Comentários

a) Ao contrário do que ocorre na presunção de legitimidade, que não


necessita de expressa previsão em lei, a imperatividade exige autorização legal
e, portanto, não incide em relação a todos os atos administrativos. Assertiva
incorreta.

b) A imperatividade é o atributo pelo qual os atos administrativos se impõem a


terceiros, independentemente de sua concordância ou aquiescência. Assertiva
incorreta.

c) É o atributo da imperatividade que permite à Administração, por exemplo,


aplicar multas de trânsito, constituir obrigação tributária que vincule o
particular ao pagamento de imposto de renda, entre outros. Assertiva correta.

d) A imperatividade é atributo que não alcança todos os atos administrativos,


já que os atos meramente enunciativos ou os que conferem direitos solicitados
pelos administrados não ostentam referido atributo. Assertiva incorreta.

e) A imperatividade realmente se relaciona com a eficácia do ato, pois permite


à sua imposição a terceiros independentemente da concordância. Todavia, da
mesma forma que ocorre em relação à autoexecutoriedade, não necessidade de
autorização judicial. Assertiva incorreta.

Gabarito: Letra C

QUESTÃO 08 - FCC – TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE PB – 2015

A extinção do ato administrativo pode se dar por diversos fundamentos, sendo


que a extinção dos atos discricionários

58
DIREITO ADMINISTRATIVO

a) pode se dar somente por meio de revogação, pois desconstrói elementos de


conveniência e oportunidade.

b) pode se dar pela própria Administração, em razão do poder de revisão de


seus próprios atos, por meio de anulação dos atos ilegais e dos atos
inconvenientes e inoportunos.

c) depende de decisão judicial, por motivo de ilegalidade, tendo em vista que


impacta na esfera jurídica dos administrados e de terceiros.

d) pode se dar por vício de legalidade, caso de anulação, ou por conveniência e


oportunidade fundada em motivos de interesse público, caso de revogação.

e) depende de decisão judicial, tendo em vista que o administrador não pode


rever os motivos de conveniência e oportunidade que o levaram à prática do
ato.

Comentários

a) A extinção dos atos administrativos discricionários não ocorre apenas por


meio da revogação, pois, caso sejam ilegais, também estão sujeitos à anulação.
Assertiva incorreta.

b) Se o ato é ilegal, jamais pode ser revogado. Nesse caso, deve ser anulado
pela própria Administração Pública ou pelo Poder Judiciário. Assertiva incorreta.

c) Nos termos da Súmula 473 do Supremo Tribunal Federal, “a administração


pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais,
porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e
ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial”. Assertiva incorreta.

d) A anulação de um ato administrativo, por razões de ilegalidade, pode ser


realizada pela própria Administração ou pelo Poder Judiciário, produzindo
efeitos ex tunc (retroativos). Por outro lado, a revogação (que ocorre com

59
DIREITO ADMINISTRATIVO

fundamento na conveniência e oportunidade administrativa) somente pode


ser realizada pela própria Administração, produzindo efeitos ex nunc (não
retroativos). Assertiva correta.

e) Se o ato administrativo discricionário não é mais conveniente ou oportuno


para o interesse público a própria Administração Pública possui a prerrogativa
de revogá-lo, independentemente de intervenção judicial. Assertiva incorreta.
Gabarito: Letra D

QUESTÃO 09 - FCC – TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRT 9ª REGIÃO – 2015

O atributo do ato administrativo que permite que ele seja “posto em execução
pela própria Administração pública, sem necessidade de intervenção do Poder
Judiciário" (PIETRO, Maria Sylvia Zanella Di. Direito Administrativo. 28. ed., São
Paulo:Atlas, p. 243), é a:

a) imperatividade, porque cria obrigações e se impõe independentemente da


concordância do destinatário do ato ou de terceiros.

b) autoexecutoriedade, que deve estar prevista em lei, como a autorização para


apreensão de mercadorias e interdição de estabelecimentos.

c) autoexecutoriedade, sempre que a discricionariedade administrativa entender


mais útil ou pertinente agir desde logo, sem aguardar a conclusão das
diligências em curso.

d) imperatividade, que autoriza o emprego de meios próprios de execução dos


próprios atos, indiretamente, como a imposição de multas, ou diretamente, com
a demolição de construções.

e) exigibilidade, que trata apenas de meios diretos de coercibilidade, inclusive


materiais, como interdição de estabelecimentos, apreensão de mercadorias e
demolição de construções.

60
DIREITO ADMINISTRATIVO

Comentários

A autoexecutoriedade é o atributo que garante ao Poder Público a possibilidade


de obrigar terceiros ao cumprimento dos atos administrativos editados, sem
a necessidade de recorrer ao Poder Judiciário.

O referido atributo garante à Administração Pública a possibilidade de ir além


do que simplesmente impor um dever ao particular (consequência da
imperatividade), mas também utilizar força direta e material no sentido de
garantir que o ato administrativo seja executado.

A autoexecutoriedade não está presente em todos os atos administrativos (atos


negociais e enunciativos, por exemplo), ocorrendo somente em duas hipóteses:
1ª) Quando existir expressa previsão legal; 2ª) Em situações emergenciais
em que apenas se garantirá a satisfação do interesse público com a utilização
da força estatal.

Gabarito: Letra B

QUESTÃO 10 - FCC – ANALISTA JUDICIÁRIO – TRT PR – 2015

Não obstante a presunção de veracidade e de legitimidade de que são


predicados os atos administrativos, há vícios que podem eivá-los e, diante
deles, as consequências podem ser diversas.

MARIA SYLVIA ZANELLA DI PIETRO, ao tratar dos vícios relativos aos atos
administrativos, nos traz a seguinte lição: Assim, haverá vício em relação (...)
quando qualquer desses requisitos deixar de ser observado, o que ocorrerá
quando for: 1. Proibido pela lei; por exemplo: um Município que desaproprie
bem imóvel da União; 2. Diverso do previsto na lei para o caso sobre o qual
incide; por exemplo: a autoridade aplica a pena de suspensão, quando cabível a
de repreensão 3. Impossível, porque os efeitos pretendidos são irrealizáveis, de
fato ou de direito; por exemplo: a nomeação para um cargo inexistente; (...)

(Direito Administrativo, 28ª edição. São Paulo, Atlas, p. 287).

61
DIREITO ADMINISTRATIVO

Adequada relação de identificação entre o vício tratado pela autora e a


consequência por ele imposta ao ato administrativo é aquela que trata de vício
quanto

a) ao objeto, que eiva de nulidade o ato, pois são atos insanáveis, na medida
em que eventual correção do objeto para hipótese legalmente prevista enseja a
prática de ato distinto, não de convalidação.

b) à finalidade, que pode ser sanado, com a indicação de uma finalidade válida,
ainda que não seja aquela pretendida pela Administração.

c) à competência, que, em regra, não pode ser sanado, tendo em vista que a
divisão de atribuições e competências não admite delegação, salvo expressa
disposição em contrário.

d) à forma, que não pode ser sanado em razão do princípio da formalidade que
impera no processo administrativo e que se presta a tutelar os direitos e
garantias fundamentais dos administrados.

e) aos motivos, que podem ser sanados, desde que o resultado obtido seja
legalmente previsto, pois é possível conformar a motivação da prática do ato
para atingimento daquela finalidade.

Comentários

a) Para Maria Sylvia Zanella di Pietro, o vício no objeto realmente torna o ato
nulo, insuscetível de convalidação. Todavia, deve ficar claro que José dos
Carvalho Filho tem posicionamento um pouco diferente (e que também já foi
cobrado em provas da FCC). Para o autor, também é possível convalidar atos
com vício no objeto ou conteúdo, mas apenas quando se tratar de conteúdo
plúrimo. Nesse caso, como a vontade administrativa se preordena a mais de
uma providencia administrativa no mesmo ato, é viável suprimir ou alterar
alguma providência e aproveitar o ato quanto às demais, não atingidas por
qualquer vício. Assertiva correta.

62
DIREITO ADMINISTRATIVO

b) Em relação à finalidade, se o ato foi praticado contra o interesse público ou


com finalidade diversa da que decorre da lei, também não é possível a sua
correção; não se pode corrigir um resultado que estava na intenção do agente
que praticou o ato. Assertiva incorreta.

c) O vício de competência no ato administrativo pode ser convalidado


(corrigido), desde que não se trate de competência atribuída com
exclusividade. Se um Ministro de Estado editou ato cuja competência
originária era do Presidente da República, por exemplo, basta que este edite
novo ato ratificando o ato anterior editado por aquele. Todavia, se o Ministro de
Estado tiver editado um decreto regulamentar, por exemplo, o ato
administrativo não poderá ser convalidado, pois se trata de competência
exclusiva do Presidente da República, que não permite delegação. Assertiva
incorreta.

d) Em relação à forma, admite-se a convalidação, desde que não seja essencial


à validade do ato. Assertiva incorreta.

e) Quanto ao motivo, nunca é possível a convalidação. No que se refere ao


motivo, isto ocorre porque ele corresponde a situação de fato que ou ocorreu ou
não ocorreu; não há corno alterar, com efeito retroativo, urna situação de fato.
Assertiva incorreta.
Gabarito: Letra A

QUESTÃO 11 - FCC – ANALISTA JUDICIÁRIO – TRT PR – 2015

Os atos emanados no exercício da função administrativa possuem atributos que


os distinguem dos demais atos jurídicos. Nesse sentido, a Administração edita
atos que constituem terceiros em obrigações, independentemente da vontade
destes. Referido atributo é chamado de

a) imperatividade, que após a constitucionalização do direito administrativo,


que mitigou o poder extroverso da Administração, exige para produção de
efeitos a participação do Poder Judiciário.

63
DIREITO ADMINISTRATIVO

b) imperatividade, que não está presente em todos os atos emanados pela


Administração, mas apenas naqueles que impõem obrigações.

c) autoexecutoriedade que está presente em todos os atos emanados pela


Administração, em razão do princípio da supremacia do interesse público sobre
o privado.

d) autoexecutoriedade, que não está presente em todos os atos emanados pela


Administração, mas apenas nos que conferem direitos aos administrados, como,
por exemplo, as licenças e autorizações.

e) presunção de legitimidade ou de veracidade, que encontra seu fundamento


último na submissão da Administração ao princípio da legalidade, o qual
autoriza a produção de efeitos sem a participação do Poder Judiciário.

Comentários

a) A imperatividade produz efeitos diretos, independentemente da atuação do


Poder Judiciário. Assertiva incorreta.

b) A imperatividade é atributo que não alcança todos os atos administrativos,


já que os atos meramente enunciativos ou os que conferem direitos solicitados
pelos administrados (a exemplo das licenças e autorizações) não ostentam
referido atributo. Assertiva correta.

c) Nem sempre os atos administrativos irão gozar de autoexecutoriedade e,


para fins de concursos públicos, a multa (ato administrativo) é o exemplo mais
cobrado em relação à ausência de autoexecutoriedade. Além disso, não é o
atributo a que o enunciado fez referência. Assertiva incorreta.

d) A autoexecutoriedade não está presente nas licenças e autorizações, que


apenas conferem direitos solicitados pelos administrados. Além disso, não é o
atributo a que o enunciado fez referência. Assertiva incorreta.

64
DIREITO ADMINISTRATIVO

e) O enunciado faz referência ao atributo da imperatividade e não ao da


presunção de legitimidade. Assertiva incorreta.

Gabarito: Letra B

QUESTÃO 12 - FCC – ADMINISTRADOR – DPE SP – 2015

Acerca dos atos administrativos, é correto afirmar:

a) Todos os atos válidos são necessariamente eficazes.

b) Os atos produzidos com vícios no elemento formal devem ser,


necessariamente, anulados.

c) Um ato pode ser perfeito e ao mesmo tempo inválido.

d) A autoexecutoriedade é atributo presente em todos os atos administrativos.

e) Somente gozam de presunção de legitimidade os atos acusatórios da


Administração pública.

Comentários

a) Ato administrativo válido é aquele que foi produzido em conformidade com a


legislação vigente. Todavia, pode ocorrer de o ato ser válido mas ainda não ser
eficaz, pois aguarda a implementação de uma condição ou termo para produzir
efeitos. É o que acontece, por exemplo, quando se finaliza um edital de
concurso público e se programa a publicação para dois dias depois. O edital
somente será eficaz quando ocorrer a publicação, apesar de ter sido editado em
conformidade com a lei (válido). Assertiva incorreta.

b) Em relação ao requisito “forma”, a convalidação é possível se ela não for


essencial à validade do ato administrativo. Assertiva incorreta.

c) Ato administrativo perfeito é aquele que já completou todo o seu ciclo de


formação, superando todas as fases necessárias para a sua produção. A

65
DIREITO ADMINISTRATIVO

perfeição do ato refere-se ao processo de elaboração, ao passo que a


validade refere-se à conformidade do ato com a lei. Assim, pode ocorrer de o
ato ter cumprido o ciclo necessário para a sua produção mas ter desrespeitado
a legislação vigente em algum momento. Assertiva correta.

d) Nem sempre os atos administrativos irão gozar de autoexecutoriedade e,


para fins de concursos públicos, a multa (ato administrativo) é o exemplo mais
cobrado em relação à ausência de autoexecutoriedade. Nesse caso, apesar de a
aplicação da multa ser decorrente do atributo da imperatividade, se o
particular não efetuar o seu pagamento a Administração somente poderá
recebê-la se recorrer ao Poder Judiciário. Assertiva incorreta.

e) Todo e qualquer ato administrativo é presumivelmente legítimo, ou seja,


considera-se editado em conformidade com o direito (leis e princípios). Essa
presunção é consequência da confiança depositada no agente público, pois se
deve partir do pressuposto de que todos os parâmetros e requisitos legais
foram respeitados pelo agente no momento da edição do ato. Assertiva
incorreta.

Gabarito: Letra C

QUESTÃO 13 - FCC – TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE AP – 2015

Clodoaldo, servidor público e chefe de determinada repartição pública, decidiu


anular ato administrativo, pois detectou vício em um de seus requisitos.
Esmeralda, atingida pela anulação do ato, questionou o ocorrido, alegando ser
hipótese de convalidação e não de anulação do ato administrativo.
Posteriormente, constatou-se que Esmeralda tinha razão. No caso narrado, o
ato administrativo em questão continha vício de

a) objeto, por ser diverso do previsto na lei para o caso.

b) motivo, haja vista conter situação fática que não ocorreu.

66
DIREITO ADMINISTRATIVO

c) finalidade, pois desviou-se da finalidade pública.

d) competência, pois não se tratava de competência outorgada com


exclusividade.

e) forma, por ser indispensável à existência do aludido ato.

Comentários

a) Para Maria Sylvia Zanella di Pietro, o objeto ou conteúdo ilegal não pode
ser objeto de convalidação. Com relação a esse elemento do ato
administrativo, é possível a conversão, que alguns dizem ser espécie do gênero
convalidação e outros afirmam ser instituto diverso, posição que nos parece
mais correta, porque a conversão implica a substituição de um ato por outro.
Pode ser definida corno o ato administrativo pelo qual a Administração converte
um ato inválido em ato de outra categoria, com efeitos retroativos à data do ato
original. O objetivo é aproveitar os efeitos já produzidos. Um exemplo seria o
de urna concessão de uso feita sem licitação, quando a lei a exige; pode ser
convertida em permissão precária, em que não há a mesma exigência; com
isso, imprime-se validade ao uso do bem público, já consentido. Assertiva
incorreta.

b) Se a situação fática que justificou a edição do ato realmente não ocorreu,


então o ato administrativo não pode ser convalidado, pois o vício é insanável.
Assertiva incorreta.

c) Em relação à finalidade, se o ato foi praticado contra o interesse público ou


com finalidade diversa da que decorre da lei, também não é possível a sua
correção; não se pode corrigir um resultado que estava na intenção do agente
que praticou o ato. Assertiva incorreta.

d) O vício de competência no ato administrativo pode ser convalidado


(corrigido), desde que não se trate de competência atribuída com
exclusividade. Se um Ministro de Estado editou ato cuja competência

67
DIREITO ADMINISTRATIVO

originária era do Presidente da República, por exemplo, basta que este edite
novo ato ratificando o ato anterior editado por aquele. Todavia, se o Ministro de
Estado tiver editado um decreto regulamentar, por exemplo, o ato
administrativo não poderá ser convalidado, pois se trata de competência
exclusiva do Presidente da República, que não permite delegação. Assertiva
correta.

e) Se a forma é indispensável à validade do ato administrativo não se admite a


respectiva convalidação. Assertiva incorreta.

Gabarito: Letra D

QUESTÃO 14 - FCC – TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE AP – 2015

Considere a seguinte situação hipotética: o Tribunal Regional Eleitoral do


Amapá emitiu certidão a Ariovaldo, atestando a inexistência de registro de
inscrição (título de eleitor) em nome do interessado perante a Justiça Eleitoral.
No dia seguinte à emissão da certidão e antes de entregá-la a Ariovaldo, o
Tribunal decidiu revogá-la por razões de conveniência e oportunidade. No caso
narrado, a revogação

a) é possível, desde que o Tribunal tenha constatado algum equívoco na citada


certidão.

b) é possível, mas deve ser feita pelo Judiciário e não pelo próprio Tribunal
Regional Eleitoral.

c) é possível, por ter ocorrido antes que a certidão produzisse seus efeitos.

d) não é possível, pois a certidão já produziu seus efeitos.

e) não é possível, pois a certidão é ato administrativo que não comporta


revogação.

Comentários

68
DIREITO ADMINISTRATIVO

Ao responder às questões de prova, lembre-se sempre de que existem alguns


atos administrativos que não podem ser revogados, são eles:

1º) os atos já consumados, que exauriram seus efeitos: suponhamos que


tenha sido editado um ato concessivo de férias a um servidor e que todo o
período já tenha sido gozado. Ora, neste caso, não há como revogar o ato que
concedeu férias ao servidor, pois todos os efeitos do ato já foram produzidos;

2º) os atos vinculados: se a lei é responsável pela definição de todos os


requisitos do ato administrativo, não é possível que a Administração efetue a
sua revogação com base na conveniência e oportunidade (condição necessária
para a revogação);

3º) os atos que já geraram direitos adquiridos para os particulares:


trata-se de garantia constitucional assegurada expressamente no inciso XXXVI
do artigo 5º da CF/88;

4º) os atos que integram um procedimento, pois, neste caso, a cada ato
praticado surge uma nova etapa, ocorrendo a preclusão de revogação da
anterior.

5º) os denominados meros atos administrativos, pois, neste caso, os


efeitos são estabelecidos diretamente na lei, a exemplo das certidões e
atestados.

Gabarito: Letra E

QUESTÃO 15 - FCC – ANALISTA JUDICIÁRIO – TRE AP – 2015

Joelma, servidora pública do Tribunal Regional Eleitoral do Amapá, praticou ato


administrativo com vício de motivo. Francisco, particular e atingido pelo ato,
pleiteou sua anulação perante o Poder Judiciário. No caso narrado, é

a) cabível a convalidação do ato, que pode ser feita pela própria Administração
pública ou pelo Poder Judiciário.

69
DIREITO ADMINISTRATIVO

b) vedada a anulação pelo Judiciário, vez que o motivo circunda-se na esfera da


discricionariedade do ato, cabendo apenas à Administração pública anulá-lo.

c) vedada a anulação, já que o vício de motivo comporta a revogação do ato


administrativo, por se tratar de mérito do ato (razões de conveniência e
oportunidade).

d) cabível a anulação, que pode ser feita pelo Poder Judiciário, ou pela própria
Administração pública.

e) cabível a convalidação do ato, que pode ser feita apenas pela Administração
pública.

Comentários

a) Se o vício do ato encontra-se no elemento motivo, não se admite a


convalidação, portanto, o ato é nulo de pleno direito. Assertiva incorreta.

b) Os atos administrativos ilegais podem ser anulados pela própria


Administração Pública ou pelo Poder Judicial, no exercício de seu controle
externo. Assertiva incorreta.

c) Se o ato apresenta vício de motivo, conclui-se que é ilegal. Por sua vez, os
atos administrativos ilegais devem ser anulados e não revogados. Assertiva
incorreta.

d) Os atos administrativos ilegais podem ser anulados pela própria


Administração Pública ou pelo Poder Judicial, no exercício de seu controle
externo. Assertiva correta.

e) A convalidação do ato administrativo realmente só pode ser feita pela


Administração Pública. Todavia, não é cabível no caso em concreto. Assertiva
incorreta.

Gabarito: Letra D

70
DIREITO ADMINISTRATIVO

QUESTÃO 16 - FCC – TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE SP – 2017

Os servidores públicos estão sujeitos à hierarquia no exercício de suas


atividades funcionais. Considerando esse aspecto,

a) o poder disciplinar a que estão sujeitos é decorrente dessa hierarquia, visto


que guarda relação com o vínculo funcional existente e observa a estrutura
organizacional da Administração pública para identificação da autoridade
competente para apuração e punição por infrações disciplinares.

b) submetem-se ao poder de tutela da Administração, que projeta efeitos


internos, sobre órgãos e servidores, e externos, atingindo relações jurídicas
contratuais travadas com terceiros.

c) conclui-se que o poder hierárquico é premissa para o poder disciplinar, ou


seja, este somente tem lugar onde se identificam relações jurídicas
hierarquizadas, funcional ou contratualmente, neste caso, em relação à
prestação de serviços terceirizados.

d) o poder hierárquico autoriza a edição de atos normativos de caráter


autônomo, com força de lei, no que se refere à disciplina jurídica dos direitos e
deveres dos servidores públicos.

e) somente o poder hierárquico e o poder disciplinar produzem efeitos internos


na Administração pública, tendo em vista que o poder de polícia e o poder
regulamentar visam à produção de efeitos na esfera jurídica de direito privado,
não podendo atingir a atuação de servidores públicos.

Comentários

a) O poder disciplinar consiste na prerrogativa assegurada à Administração


Pública de apurar infrações funcionais dos servidores públicos e demais pessoas
submetidas à disciplina administrativa, bem como aplicar penalidades após
o respectivo processo administrativo, caso seja cabível e necessário.

71
DIREITO ADMINISTRATIVO

Em razão da hierarquia administrativa existente no interior da


Administração, é assegurado aos agentes superiores não somente o poder de
comandar e fiscalizar os seus subordinados, mas também a prerrogativa de
aplicar penalidades àqueles que não respeitarem a legislação e as normas
administrativas vigentes. Assertiva correta.

b) Maria Sylvia Zanella Di Pietro explica que “para assegurar que as entidades
da Administração Indireta observem o princípio da especialidade, elaborou-se
outro princípio: o do controle ou tutela, em consonância com o qual a
Administração Pública direta fiscaliza as atividades dos referidos entes, com o
objetivo de garantir a observância de suas finalidades institucionais.”.

Dessa forma, o poder de tutela da Administração não projeta efeitos


internos sobre órgãos e servidores, ele é direcionado precisamente a
fiscalização da Administração Indireta. Assertiva incorreta.

c) O Poder Hierárquico é responsável pelo estabelecimento das relações de


subordinação no interior da Administração Pública, manifestando-se
internamente em todos os poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário).

O Poder Disciplinar fundamenta a apuração e punição de infrações


administrativas praticadas por servidores públicos e particulares que tenham
vínculo jurídico com a Administração (concessionários e permissionários de
serviços públicos, por exemplo).

Quando o poder disciplinar é direcionado a particulares que tenham vínculo


jurídico com a Administração não é possível se falar em poder hierárquico, que
só se aplica nas relações de subordinação no interior da Administração Pública.
Ou seja, o poder hierárquico não é premissa para o poder disciplinar.
Assertiva incorreta.

d) A possibilidade de expedir atos normativos provém do Poder


Regulamentar/Normativo e não do Poder Hierárquico. O professor
Diógenes Gasparini afirma que o poder regulamentar consiste “na atribuição
privativa do chefe do Poder Executivo para, mediante decreto, expedir atos
72
DIREITO ADMINISTRATIVO

normativos, chamados regulamentos, compatíveis com a lei e visando


desenvolvê-la".

Mesmo no âmbito do Poder Regulamentar/Normativo os atos normativos, em


regra, devem se ater ao texto da lei, não inovando na ordem jurídica. Assertiva
incorreta.

e) O Poder Regulamentar/Normativo pode produzir efeitos internos na


Administração Pública, por meio de atos normativos direcionados a
especificar a aplicação de leis voltadas ao trâmite de serviços públicos.
Assertiva incorreta.

Gabarito: Letra A

QUESTÃO 17 - FCC – ANALILSTA JUDICIÁRIO – TRE SP – 2017

Suponha que o Secretário de Transportes de determinado Estado tomou


conhecimento, por intermédio de matéria jornalística, da existência de longas
filas para carregamento dos cartões de utilização dos trens administrados por
uma sociedade de economia mista vinculada àquela Pasta. Diante dos fatos
apurados, decidiu avocar, para área técnica da Secretaria, algumas atividades
de gerenciamento e logística desempenhadas por uma das Diretorias da
referida empresa. Fundamentou sua decisão no exercício dos poderes
hierárquico e disciplinar. Considerando a situação narrada,

a) a atuação do Secretário justifica-se do ponto de vista da hierarquia, porém


não sob aspecto disciplinar, eis que não identificada infração administrativa.

b) a decisão baseia-se, legitimamente, apenas no poder disciplinar, que


compreende o controle e a supervisão.

c) descabe a invocação dos poderes citados, sendo certo que a atuação da


Secretaria deve se dar nos limites do poder de tutela.

73
DIREITO ADMINISTRATIVO

d) a decisão somente será justificável, sob o fundamento de poder hierárquico,


se constada a existência de desvio de conduta pelos administradores da
empresa.

e) a decisão extrapolou a competência disciplinar, que somente pode ser


exercida para corrigir desvios na organização administrativa da entidade.

Comentários

O Poder Hierárquico é responsável pelo estabelecimento das relações de


subordinação no interior da Administração Pública, manifestando-se
internamente em todos os poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário).

O vínculo existente entre as entidades da Administração Pública Direta e


Administração Pública Indireta é apenas de vinculação e não de
subordinação. Assim, aquelas não poderão exercer controle hierárquico sobre
estas.

O Poder Disciplinar fundamenta a apuração e punição de infrações


administrativas praticadas por servidores públicos e particulares que tenham
vínculo jurídico com a Administração (concessionários e permissionários de
serviços públicos, por exemplo). A questão não trata de um particular que
mantém vínculo com a Administração, mas sim de uma Sociedade de
Economia Mista, Administração Pública Indireta.

Na situação apresentada pela questão é cabível a aplicação do Poder de


Tutela e não do Poder Hierárquico ou do Poder Disciplinar. Maria Sylvia
Zanella Di Pietro explica que “para assegurar que as entidades da
Administração Indireta observem o princípio da especialidade, elaborou-se
outro princípio: o do controle ou tutela, em consonância com o qual a
Administração Pública direta fiscaliza as atividades dos referidos entes,
com o objetivo de garantir a observância de suas finalidades
institucionais.”.
Gabarito: Letra C

74
DIREITO ADMINISTRATIVO

QUESTÃO 18 - FCC – ANALISTA JUDICIÁRIO – TRT 23ª REGIÃO – 2016


Considere:
I. A Administração pública não pode, no exercício do poder de polícia, utilizar-se
de meios diretos de coação, sob pena de afronta ao princípio da
proporcionalidade.

II. O objeto da medida de polícia, isto é, o meio de ação, sofre limitações,


mesmo quando a lei lhe dá várias alternativas possíveis.

III. A impossibilidade de licenciamento de veículo enquanto não pagas as


multas de trânsito corresponde a exemplo da utilização de meios indiretos de
coação, absolutamente válido no exercício do poder de polícia.

Está correto o que consta em

a) I, II e III.

b) II e III, apenas.

c) I e III, apenas.

d) I, apenas.

e) II, apenas.

Comentários
Item I - A autoexecutoriedade, atributo do poder de polícia, por meio de uma
subdivisão denominada executoriedade, assegura à Administração a
prerrogativa de implementar diretamente as suas decisões,
independentemente de autorização do Poder Judiciário. Assim, com fundamento
na executoriedade, a Administração pode determinar a demolição de um imóvel
que está prestes a desabar e que coloca em risco a vida de várias pessoas. Se o
particular não providenciar a demolição, a própria Administração poderá
executá-la. Trata-se de um meio direto de coerção. Ou seja, a Administração
tem possibilidade de utilizar meios diretos de coação ao particular.
Assertiva incorreta.

75
DIREITO ADMINISTRATIVO

Item II - O meio de ação da medida de polícia tem limitações, como a


necessidade de atender ao Princípio da Proporcionalidade, ou seja, a medida de
polícia deve ser aplicada ao particular na exata proporção para a proteção do
interesse coletivo, sem excessos. Assertiva correta.

Item III - A autoexecutoriedade, atributo do poder de polícia, assegura à


Administração, por meio da subdivisão da exigibilidade, a prerrogativa de
valer-se de meios indiretos de coerção para obrigar o particular a cumprir
uma determinada obrigação. A situação apresentada na assertiva cabe como
notório exemplo da aplicação de meios indiretos de coerção pela Administração,
impossibilitar a emissão do licenciamento de veículo em razão da existência de
multas de trânsito não pagas. Assertiva correta.

Gabarito: Letra B

QUESTÃO 19 - FCC – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – PGE MT – 2016

Os poderes hierárquicos do Chefe do Poder Executivo compreendem a


possibilidade de

a) dar ordens aos gestores que lhe estejam hierarquicamente subordinados,


desde que compatíveis com o Direito.

b) dar ordens aos gestores públicos, inclusive àqueles que pertençam à


Administração pública indireta.

c) avocar competências de seus subordinados, a exemplo, invariavelmente, das


de caráter normativo.

d) dar ordens aos gestores que lhe estejam hierarquicamente subordinados,


ainda que contrárias ao Direito.

e) demitir, a seu exclusivo critério, gestores que lhe sejam subordinados,


inclusive os estáveis.

76
DIREITO ADMINISTRATIVO

Comentários

a) O Chefe do Poder Executivo realmente pode dar ordens aos subordinados,


cumprindo o preceito de que na organização da Administração Pública
brasileira, os órgãos e agentes públicos são escalonados em estruturas
hierárquicas, com poder de comando exercido por aqueles que se situam
em posição de superioridade, originando, assim, o denominado “poder
hierárquico”. Assertiva correta.

b) Não existe hierarquia entre a Administração Direta e Indireta, mas


somente vinculação. Sendo assim, o Presidente da República não pode emitir
ordens destinadas ao Presidente de uma autarquia federal, por exemplo.
Assertiva incorreta.

c) A lei Nº 9.784/99 que regula o processo administrativo no âmbito da


Administração Pública Federal, estabelece em seu artigo 13, inc. I que: “Art.
13. Não podem ser objeto de delegação: I - a edição de atos de caráter
normativo;”

Dessa forma, não é possível ao Chefe do Poder Executivo avocar


competências de caráter normativo de seus subordinados. Assertiva
incorreta.

d) Os servidores públicos possuem o dever de acatar e cumprir as ordens


emitidas pelos seus superiores hierárquicos, salvo quando manifestamente
ilegais, fato que criará para o servidor a obrigação de representar contra essa
ilegalidade (conforme mandamentos dos incisos IV e XII, art. 116, da Lei
8.112/90). Ou seja, não faz parte das possibilidades do poder hierárquico
do Chefe do Poder Executivo emitir ordens contrárias ao Direito.
Assertiva incorreta.

e) O art. 41, § 1º da Constituição Federal ao tratar sobre o servidor público


estável estabelece o seguinte:

Art. 41 - § 1º - O servidor público estável só perderá o cargo:

77
DIREITO ADMINISTRATIVO

I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado;


II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa;
III - mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei
complementar, assegurada ampla defesa.
Não é possível que servidor público estável seja demitido à critério do
Chefe do Poder Executivo, esses servidores só podem perder o cargo em
uma das hipóteses apresentadas pelo texto constitucional. Assertiva incorreta.

Gabarito: Letra A

QUESTÃO 20 - FCC – ADMINISTRADOR – PGE MT – 2016

Discricionariedade administrativa é o dever-poder da Administração pública de,


diante do caso concreto,

a) tomar duas ou mais decisões, sendo todas elas válidas perante o Direito.

b) decidir, com base em razões de conveniência e oportunidade,


independentemente da lei.

c) decidir, conforme a vontade do agente público.

d) decidir, nos termos da Constituição Federal.

e) decidir, conforme as melhores razões de Estado.

Comentários

a) O poder discricionário permite à Administração escolher entre duas ou


mais opções válidas. Por exemplo, o estatuto dos servidores dispõe que, no
caso de descumprimento de dever funcional, a autoridade competente pode
decidir entre advertência, suspensão ou demissão, conforme os gravames,
atenuantes e antecedentes funcionais. Assertiva correta.

b) o poder discricionário não é um poder arbitrário, desamparado de


legalidade. Ao contrário, é a lei que confere ao Administrador o poder de

78
DIREITO ADMINISTRATIVO

escolha de oportunidade e conveniência quanto ao objeto e ao motivo do ato


administrativo. Assertiva incorreta.

c) o agente público deve agir com impessoalidade, isto é, não pode decidir
conforme sua vontade pessoal. Então, o poder de decisão é do agente público,
mas fundamenta-se na realização do interesse público e não na realização
da vontade do próprio agente público. Assertiva incorreta.

d) os atos administrativos, independentemente de serem decorrentes do poder


vinculado ou do poder discricionário, devem estar de acordo com o que
dispõe a Constituição Federal e demais normas do ordenamento jurídico
vigente. Portanto, esta assertiva, apesar de correta, não é a resposta que
completa o enunciado. Assertiva incorreta.

e) quando a questão diz que é a decisão conforme a vontade do Estado, está


diferenciando este interesse do interesse público. Nem sempre o interesse
público vai coincidir com o interesse do Estado. Na questão, Estado
confunde-se com a ideia de interesses do governo, dos governantes. Assertiva
incorreta.

Gabarito: Letra A

QUESTÃO 21 - FCC – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – TRT 20ª – 2016


Considere as seguintes assertivas concernentes ao poder disciplinar:

I. A Administração pública, ao tomar conhecimento de infração praticada por


servidor, deve instaurar o procedimento adequado para sua apuração.

II. A Administração pública pode levar em consideração, na aplicação da pena,


a natureza e a gravidade da infração e os danos que dela provierem para o
serviço público.

III. No procedimento administrativo destinado a apurar eventual infração


praticada por servidor, devem ser assegurados o contraditório e a ampla defesa
com os meios e recursos a ela inerentes.

79
DIREITO ADMINISTRATIVO

IV. A falta grave é punível com a pena de suspensão e caberá à Administração


pública enquadrar ou não um caso concreto em tal infração.
O poder disciplinar, em algumas circunstâncias, é considerado discricionário. Há
discricionariedade APENAS nos itens
a) I e IV.

b) I e II.

c) I e III.

d) III e IV.

e) II e IV.

Comentários
I – A questão pede que se identifique quando a Administração tem liberdade
para praticar ou não o ato – caracterizando, então o poder discricionário – e
quando está condicionada à prática do ato. No caso do item I, a Administração
não pode escolher se quer instaurar o processo administrativo, logo, estará
obrigada a instaurar. Neste caso, diz-se que o ato é vinculado.

II – A gradação da penalidade é típico exemplo de ato administrativo


discricionário, pois permite à autoridade competente decidir qual penalidade
aplicar. Por exemplo, conforme a gravidade poderá escolher a quantidade de
dias de suspensão de um servidor que tenha praticado infração punível em tal
modalidade.

III – A ampla defesa e o contraditório são garantias constitucionais e,


portanto, não pode a administração decidir se proporciona, ou não, a ampla
defesa aos administrados. Assim, trata-se de ato vinculado.

IV – A suspensão comporta discricionariedade plena no caso de


descumprimento de dever funcional e, quanto à pratica de proibições, permite
escolher quantos dias de suspensão serão aplicados, limitado ao máximo de 90
dias no caso de servidor federal.
Gabarito: Letra E

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DIREITO ADMINISTRATIVO

QUESTÃO 22 - FCC – ANALISTA ADMINISTRATIVO – TRT 20ª – 2016

Considere as seguintes assertivas concernentes ao poder regulamentar:

I. O regulamento de execução é hieraquicamente subordinado a uma lei prévia,


além de ser ato de competência privativa do Chefe do Poder Executivo.

II. O poder regulamentar da Administração pública, também denominado de


poder normativo, não abrange, exclusivamente, os regulamentos; ele também
se expressa por outros atos, tais como por meio de instruções, dentre outros.

III. Os atos pelos quais a Administração pública exerce o seu poder


regulamentar, assim como a lei, também emanam atos com efeitos gerais e
abstratos.

IV. O ato normativo, em hipóteses excepcionais, poderá criar direitos não


previstos em lei, sem implicar em ofensa ao princípio da legalidade.

Está correto o que se afirma em

a) I e IV, apenas.

b) I, II, III e IV.

c) I e III, apenas.

d) II e IV, apenas.

e) I, II e III, apenas.

Comentários

I. O regulamento de execução é o próprio decreto regulamentar que é a


forma pela qual o chefe do executivo explicita a lei para sua melhor aplicação.
O decreto regulamentar não pode inovar no ordenamento jurídico, portanto, na
estrutura de hierarquia do ordenamento jurídico brasileiro, encontra-se
subordinado à lei. correto

81
DIREITO ADMINISTRATIVO

II. Além do poder conferido ao chefe do executivo para expedir o decreto


regulamentar, também chamado de regulamento, deriva deste poder
normativo a possibilidade de outras autoridades expedirem portarias,
resoluções, instruções normativas, orientações normativas, dentre outros.
correto

III. Apesar de mal redigida, a questão pretende dizer que, assim com as leis
manifestam uma norma, geral e abstrata, os atos administrativos oriundos do
poder regulamentar, quanto ao aspecto material, também são de efeitos gerais
e abstratos. correto

IV. Quando a questão afirma que o ato normativo, em hipóteses excepcionais,


poderá criar direitos não previstos em lei, sem implicar em ofensa ao princípio
da legalidade, está fazendo menção ao decreto autônomo previsto no art. 84,
inciso VI da Constituição Federal. correto

Gabarito: Letra B

QUESTÃO 23 - FCC – AUXILIAR DE ENFERMAGEM – AL MS – 2016

Rafael, servidor público estadual e chefe de determinada repartição, no


exercício de seu poder hierárquico, editou ato normativo, qual seja, resolução, a
fim de ordenar a atuação de seus subordinados. A propósito do tema, a conduta
de Rafael está

a) correta, pois o poder hierárquico é mais abrangente e sempre engloba o


poder normativo da Administração pública, também denominado de poder
regulamentar.

b) correta, pois insere-se dentro das atribuições próprias do poder hierárquico.

c) incorreta, pois não se insere no âmbito de atribuições próprias do poder


hierárquico, mas sim, do poder disciplinar.

82
DIREITO ADMINISTRATIVO

d) incorreta, pois não se insere no âmbito de atribuições próprias do poder


hierárquico, mas sim, do poder de polícia, que também vigora entre os
servidores e órgãos públicos.

e) incorreta, pois não se insere no âmbito de atribuições próprias do poder


hierárquico, mas sim, do poder normativo.

Comentários

a) o poder hierárquico não pode ser considerado mais amplo que o poder
normativo da Administração pública, já que o ato normativo da Administração
também pode dirigir-se ao público externo, como nos casos em que um
determinado regulamento dispõe, por exemplo, sobre regras de poder de
polícia. Assertiva incorreta.

b) no caso apontado, o enunciado explica que a resolução externa uma ordem


de serviço aos subordinados, portanto, trata-se de ato administrativo
ordinatório, derivado, por isso, do poder hierárquico. Assertiva correta.

c) o poder disciplinar refere-se à aplicação de sanções ao administrado que


esteja sob a disciplina interna da administração. No caso, o enunciado não
mencionou a aplicação de penalidade ao subordinado. Assertiva incorreta.

d) o poder de polícia refere-se à aplicação de sanções ao administrado que


não está sob a disciplina interna da administração, portanto é de aplicação
externa e não interna. Assertiva incorreta.

e) embora resolução possa ser expressão do poder normativo, no caso


apontado na questão, houve a manifestação de uma ordem de serviço, o que é
um típico exemplo de ato administrativo hierárquico. Assertiva incorreta.

Gabarito: Letra B

83
DIREITO ADMINISTRATIVO

QUESTÃO 24 - FCC – AGENTE DE APOIO – AL MS – 2016

A Administração pública, após regular processo administrativo, penalizou


servidor seu lotado junto à Secretaria dos Transportes, por ter deixado de
praticar ato de sua competência, sem justificativa juridicamente aceitável. A
hipótese trata do exercício do poder

a) de polícia administrativa, fundamentado na hierarquia e na sujeição geral


que liga os servidores à Administração contratante.

b) disciplinar, que encontra fundamento de validade na lei e é decorrência do


princípio hierárquico.

c) poder regulamentar, uma vez que a punição caracteriza-se como ato geral e
abstrato, exceto no que concerne ao interessado sancionado.

d) de polícia, que encontra fundamento na lei e no princípio da supremacia do


interesse público sobre o privado.

e) disciplinar, que não decorre da hierarquia, mas do fato de o particular estar


sujeito à disciplina administrativa.

Comentários
a) o poder de polícia refere-se à aplicação de sanções ao administrado que
não está sob a disciplina interna da administração, portanto é de aplicação
externa e não interna. Na situação apresentada a penalidade foi aplicada a um
servidor público. Assertiva incorreta

b) o poder disciplinar, embora não se limite à imposição de sanções ao


servidor, pode ser relacionado com o poder hierárquico, neste caso, já que a lei
determina que a aplicação da sanção é feita por autoridade hierarquicamente
superior ao servidor indiciado. Assertiva correta.

c) os atos punitivos são de caráter concreto e possuem destinatário


individualizável, por isso, não pode ser confundido com os atos emanados do
poder regulamentar. Assertiva incorreta.

84
DIREITO ADMINISTRATIVO

d) o poder de polícia refere-se à aplicação de sanções ao administrado que


não está sob a disciplina interna da administração. Apesar de se fundamentar
na supremacia do interesse público, não se relaciona com o caso descrito no
enunciado. Assertiva incorreta.

e) o poder disciplinar nem sempre decorre da hierarquia, por isso, não


podemos afirmar que há completa dissociação entre eles. Assertiva incorreta.

Gabarito: Letra B

QUESTÃO 25 - FCC – AGENTE DE APOIO – AL MS – 2016


A vigilância sanitária, após inspeção realizada em estabelecimento comercial
especializado no fornecimento de refeições, em razão das péssimas condições
de higiene e do desrespeito às posturas municipais, que colocavam em risco
iminente os frequentadores do local, interditou o local. No caso, a
Administração

a) exerceu irregularmente o denominado poder de polícia, porquanto não


recorreu previamente ao judiciário tampouco possibilitou a prévia defesa do
particular.

b) agiu arbitrariamente, porquanto mesmo frente ao perigo iminente, ante o


princípio da livre iniciativa, tinha a obrigação de conferir ao particular o prévio
exercício do direto de defesa em procedimento específico.

c) exerceu regularmente o poder de polícia, em especial considerando cuidar-se


de medida de urgência, que dispensa o exercício prévio do direito de defesa.

d) agiu dentro da lei, exercendo o poder normativo exteriorizado pela cassação


do alvará de funcionamento do estabelecimento comercial.

e) exerceu irregularmente o poder de polícia, porquanto este se caracteriza por


ser uma atividade negativa, o que implica reconhecer que era vedado, na
hipótese, o exercício de atividade material pela Administração.

85
DIREITO ADMINISTRATIVO

Comentários

a) o poder de polícia é dotado do atributo da autoexecutoriedade, por isso,


as medidas de poder de polícia, em regra, independem de ordem do Poder
Judiciário. Assertiva incorreta.

b) embora seja assegurado o direito de ampla defesa e contraditório, ele


será assegurado após a medida necessária à imediata preservação do interesse
público. Em caso de conduta ilegal do Estado, será assegurado o direito de
indenização. Assertiva incorreta.

c) a assertiva traduz o oposto do que foi afirmado na anterior e, portanto,


caracteriza regular e necessário exercício do poder de polícia. Assertiva correta.

d) o erro da assertiva consiste em associar a conduta como exemplo de


atuação do poder normativo, já que a cassação do alvará de funcionamento
do estabelecimento comercial é exemplo de poder de polícia. Assertiva
incorreta.

e) quando a doutrina afirma que o poder de polícia caracteriza-se por ser


uma atividade negativa está dizendo que o particular pode fazer tudo que não
seja proibido. Cabe ao Estado dizer o que o cidadão não pode fazer, impõe,
portanto, uma conduta negativa. Assertiva incorreta.

Gabarito: Letra C

QUESTÃO 26 - FCC – AUDITOR FISCAL – SEGEP MA – 2016


O processo disciplinar é derivado dos poderes:

a) hierárquico e disciplinar.

b) regulamentar e de polícia.

c) disciplinar e de polícia.

d) de polícia e hierárquico.

e) hierárquico e regulamentar.

86
DIREITO ADMINISTRATIVO

Comentários

A questão refere-se ao processo disciplinar que é o meio pelo qual a


autoridade administrativa apura infração disciplinar cometida por servidor
público, aplicando-lhe a penalidade prevista no regime disciplinar do servidor.
Assim, é correto associar o processo disciplinar ao poder disciplinar. O
estatuto dos servidores também aponta que a penalidade deve ser aplicada
por autoridade superior àquela que cometeu a infração, portanto, também é
correta associação ao poder hierárquico. O poder de polícia não se confunde
com o disciplinar, porque aquele é externo e este é interno.

Gabarito: Letra A

QUESTÃO 27 - FCC – ADVOGADO – PREF. TERESINA – 2016

Nas palavras de José dos Santos Carvalho Filho, quando o “agente que elege a
situação fática geradora da vontade, permitindo, assim, maior liberdade de
atuação, embora sem afastamento dos princípios administrativos”, está se
referindo ao poder discricionário dos agentes públicos, que demanda a

a) previsão legal das opções postas ao administrador, bem como possibilita


revogação pela própria Administração ou pelo Judiciário, preservado o mérito do
ato administrativo.

b) existência de opções juridicamente válidas para que o administrador possa


exercer seu juízo de conveniência e oportunidade, o que não afasta a
possibilidade de controle dessa atuação, tanto pela Administração, quanto pelo
Judiciário e pelo Tribunal de Contas.

c) revisão dos atos discricionários pela própria Administração ou pelo Poder


Judiciário, não retroagindo efeitos seja no caso da anulação ou da revogação,
em razão da presunção de veracidade que reveste os atos administrativos.

87
DIREITO ADMINISTRATIVO

d) possibilidade de anulação de atos discricionários somente pela própria


administração ou pelo Tribunal de Contas, nos casos de atos administrativos.

e) análise pelo Poder Judiciário de todos os aspectos dos atos discricionários,


anulando-os ou revogando-os diante do controle de políticas públicas realizado
por esse Poder.

Comentários

a) A parte da assertiva que afirma que há “previsão legal das opções postas ao
administrador” está correta, já que o poder discricionário pressupõe uma
escolha dentro dos limites legais. Porém, a revogação não pode ser realizada
pelo Poder Judiciário. O Poder Judiciário apenas pode “anular” atos
administrativos e não “revogar”. A revogação é a escolha de oportunidade e
conveniência de manutenção do ato administrativo, e só pode ser feita pela
própria Administração. Assertiva incorreta.

b) De fato, pressupõe-se a existência de opções juridicamente válidas para


que o administrador possa exercer seu juízo de conveniência e oportunidade. O
ato discricionário deve ser controlado pela própria Administração pelo Poder
Judiciário e pelo Tribunal de Contas em apoio ao Poder Legislativo. Assertiva
correta.

c) A revisão do ato discricionário pela própria Administração importa anulação e


revogação. Já o Poder Judiciário pode apenas anular. A revogação não
retroage efeitos, já a anulação desfaz o ato em sua origem, operando,
portanto, um efeito retroativo no tempo. Assertiva incorreta.

d) A possibilidade de anulação de atos, sejam eles vinculados ou


discricionários pode ser exercida pelo Poder Judiciário e pela própria
Administração. O poder Legislativo, como o apoio do Tribunal de Contas pode
apenas sustar os atos administrativos que exorbitem do poder regulamentar.
Assertiva incorreta.

88
DIREITO ADMINISTRATIVO

e) O Poder Judiciário não pode adentrar o mérito do ato discricionário, o


que significa examinar a escolha de oportunidade e conveniência dentro da
margem de razoabilidade. Também vale lembrar que o Poder Judiciário não
revoga o ato administrativo. Assertiva incorreta.

Gabarito: Letra B

QUESTÃO 28 - FCC – ANALISTA ADMINIS. – PREF. TERESINA – 2016

Os poderes da Administração pública lhe foram atribuídos para possibilitar o


exercício de suas funções, que sempre devem ser norteadas em benefício da
coletividade. Conferem, portanto, prerrogativas à Administração pública, que
não são ilimitadas. É exemplo disso

a) o poder normativo conferido à Administração, por meio da edição de decreto


autônomo, que somente pode ter lugar sempre que houver lacunas ou ausência
de lei.

b) o poder hierárquico, que atribui dever de subordinação dos servidores aos


seus superiores, cabendo a estes a apuração de infrações e aplicação de
penalidades disciplinares.

c) o exercício do poder disciplinar, que se estende aos particulares e empresas


contratados pelo poder público para prestação de serviços em repartições
públicas.

d) o exercício do poder de polícia, que pode limitar os direitos individuais com


algum grau de discricionariedade, mas sempre deve ter previsão legal.

e) o exercício do poder normativo-disciplinar, que se exterioriza na edição de


normas de conduta disciplinar, com elenco de infrações e sanções.

Comentários

89
DIREITO ADMINISTRATIVO

a) Incorreto. o poder normativo conferido à Administração para a edição de


decreto autônomo não é uma margem irrestrita de atuação na ausência de
lei. Trata-se de exceção prevista no texto constitucional, art. 84, VI, que
permite ao Chefe do Poder Executivo extinguir cargos vagos e organizar o
funcionamento da Administração desde que não implique a criação de órgãos
públicos.

b) Incorreto. A assertiva está correta quanto ao poder hierárquico no que se


refere à relação de subordinação dos servidores aos seus superiores, contudo,
nem sempre a apuração de infrações caberá ao superior hierárquico do
servidor. A aplicação de penalidades disciplinares liga-se mais propriamente
ao poder disciplinar.

c) Incorreto. o poder disciplinar, de fato, se estende aos particulares e


empresas contratados pelo poder público, contudo, não se exige que estejam
prestando serviços para as repartições públicas, já que o poder disciplinar
abrange os contratados que prestam serviços diretamente à sociedade.

d) Correto. Quando a assertiva afirma que o poder de polícia comporta grau


de discricionariedade, está remetendo, por exemplo, à possibilidade de
escolha da sanção a ser aplicada ao administrado. Este poder de escolha só
pode ser exercido nos limites previstos na lei.

e) Incorreto. apesar da possibilidade de conjugação dos poderes


administrativos, não há na doutrina uma espécie de poder denominado
normativo-disciplinar.

Gabarito: Letra D

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DIREITO ADMINISTRATIVO

QUESTÃO 29 - FCC – PROCURADOR – PREF. CAMPINAS – 2016

A desconcentração e a descentralização são formas de organização


administrativa para exercício das funções executivas. Em relação aos poderes
da Administração e essa forma de organização tem-se que

a) o poder hierárquico mostra-se presente tanto na desconcentração, quanto na


descentralização, na medida em que a Administração Central possui poder para
autorizar ou rever atos praticados pelos órgãos e entes abrangidos por aquela
organização administrativa.

b) o poder normativo evidencia-se por meio dos decretos autônomos,


adequados para instituição de pessoas jurídicas de direito público ou privado,
por meio das quais se opera a descentralização.

c) o poder normativo manifesta-se quando há utilização do método


descentralização, pois é necessária edição de leis para instituição de outras
pessoas jurídicas para as quais serão delegadas competências.

d) o poder hierárquico manifesta-se presente nas relações de desconcentração,


porque há relação de subordinação entre os órgãos da Administração e a
Administração central, o que não se replica com as relações travadas entre esta
e os entes da Administração indireta, ainda que se evidencie o poder de tutela.

e) a desconcentração não se relaciona com o poder discricionário da


Administração pública, porque este é restrito à Administração e Central, tendo
em vista que os órgãos da Administração não são dotados de autonomia e
personalidade jurídica própria, características que devem estar presentes para o
exercício das atribuições inerentes àquele poder.

Comentários

a) o poder hierárquico mostra-se presente apenas na desconcentração.


Na descentralização ocorre o rompimento do vínculo hierárquico. Na
descentralização, a relação entre a administração direta e indireta denomina-se
vinculação. Assertiva incorreta.

91
DIREITO ADMINISTRATIVO

b) o poder normativo até pode evidencia-se por meio dos decretos autônomos,
nos limites previstos no art. 84, VI da CF. A instituição de pessoas jurídicas
de direito público ou privado depende da edição de lei. Assertiva
incorreta.

c) o poder normativo não se manifesta apenas quando há utilização da


descentralização. Ademais, a transferência de competências para as pessoas
jurídicas instituídas pelo Poder Público ocorre por meio de outorga e não de
delegação. Assertiva incorreta.

d) Em exata consonância com o conceito de órgãos, o poder hierárquico


manifesta-se presente nas relações de desconcentração, porque há
relação de subordinação. Já nas relações de descentralização, não há
subordinação. Apenas existirá um poder de tutela, também denominado
controle finalístico. Assertiva correta.

e) o poder discricionário da Administração pública, que é o poder de escolha


de oportunidade e conveniência, pode manifestar-se tanto em órgãos como em
entidades, bastando a previsão legal. Portanto, não há ligação direta entre
este poder e o fato de da entidade ter ou não personalidade jurídica. Logo, o
poder discricionário independe da descentralização ou da desconcentração.
Assertiva incorreta.

Gabarito: Letra D

QUESTÃO 30 - FCC – TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE PB – 2015

A organização da sociedade exige o estabelecimento de regras para ditar o


convívio harmônico e balizar os diversos interesses contrapostos, incluindo os
titularizados pelos administrados e os interesses públicos, que servem à
coletividade. Para o estabelecimento dessa equação:

a) é necessário haver expressa previsão legal sobre todas as condutas possíveis


para a Administração Pública e todas as vedações impostas aos administrados,

92
DIREITO ADMINISTRATIVO

tendo em vista que o exercício do poder de polícia é vinculado.

b) a Administração pública lança mão do poder de polícia, cujo exercício se


destina a limitar e condicionar o exercício de direitos individuais, sempre com
fundamento normativo, ainda que não expresso.

c) a Administração pública se vale do poder discricionário, que se expressa pela


imposição de limitações aos direitos individuais dos administrados, com base na
conveniência e oportunidade do Administrador, independentemente de
fundamento na legislação vigente.

d) é necessário que a Administração se valha de seu poder de polícia, que é


sempre vinculado, nos estritos termos previstos em lei, desde que não inclua a
imposição de penalidades, para o quê é necessária decisão judicial.

e) é fundamental identificar o interesse público envolvido, que tem prevalência


apriorística sobre os interesses individuais, cabendo à Administração pública a
adoção de quaisquer medidas para impor obrigatoriamente o interesse da
coletividade.

Comentários

a) A discricionariedade é a regra geral em relação ao poder de polícia, mas é


válido esclarecer que a lei pode regular, em circunstâncias específicas, todos os
aspectos do exercício do poder de polícia e, portanto, a atividade também
poderá caracterizar-se como vinculada. Assertiva incorreta.

b) Resumidamente falando, deve ficar bem claro que a Administração utiliza-se


do poder de polícia para interferir na esfera privada dos particulares,
condicionando o exercício de atividades e direitos, bem como o gozo de bens,
impedindo assim que um particular possa prejudicar o interesse de toda uma
coletividade. Assertiva correta.

c) O poder que se expressa pela imposição de limitações aos direitos individuais


dos administrados é o poder de polícia e não o poder discricionário. Assertiva

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DIREITO ADMINISTRATIVO

incorreta.

d) A professora Maria Sylvia Zanella di Pietro afirma que, em algumas


hipóteses, a lei já estabelece que, diante de determinados requisitos, a
Administração terá que adotar solução previamente estabelecida, sem
qualquer possibilidade de opção. Nesse caso, o poder de polícia será
vinculado. O exemplo mais comum do ato de polícia vinculado é o da licença.
Todavia, deve ficar claro que, regra geral, o poder de polícia é discricionário.
Assertiva incorreta.

e) O poder de polícia nunca será ilimitado, pois o seu exercício deve ser feito
nos estritos temos da legislação vigente, respeitando, ainda, os princípios da
razoabilidade, proporcionalidade e moralidade, entre outros. Assertiva
incorreta.

Gabarito: Letra b.

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