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Resumo Abstract
Este artigo tem o pressuposto de revisitar os The objective of this article is to revisit the “Camin-
monumentos da Serra do Mar, em São Paulo, hos do Mar” (Seaway) monuments, in Serra do
projetados pelo arquiteto Victor Dubugras, e or- Mar, São Paulo, designed by the architect Victor
namentado com murais de azulejos criados pelo Dubugras, and ornamented with tile murals cre-
artista Jose Wasth Rodrigues. A pesquisa rela- ated by the artist, Jose Wasth Rodrigues. The re-
ta as origens das obras construídas em 1922 e search recounts the origins of the works construct-
registra os marcos preservados que hoje con- ed in 1922, and registers the preserved landmarks,
*Artista plástico e arquiteto. tam com uma ação de manutenção graças ao which are maintained due to ecotourism. The
Formado em Arquitetura e turismo ecológico. O Conjunto dos Pousos do works called “Conjunto dos Pousos do Caminho
Urbanismo, Faculdades Braz Caminho do Mar é um complexo arquitetônico do Mar” (Set of Seaway Buildings), comprise an
Cubas (1983). Professor no que propicia momentos de pausa e contempla- architectural complex of monuments and buildings
Curso de Artes Visuais e ção da região e foi tombado pelo Condephaat which offer moments of rest and contemplation of
Arquitetura e Urbanismo do em 1972 devido ao seu valor arquitetônico, que the region. In virtue of its architectural value, the
Centro Universitário Belas determina a preservação do conjunto de monu- “Conjunto dos Pousos do Caminho do Mar” was
Artes de São Paulo, desde mentos artísticos de interesse histórico e turís- not only heritage listed in 1972 by Condephaat ,
2005. Principais exposições tico e foi adicionado ao Patrimônio Histórico do an organ which determines the preservation of the
individuais: Graphias, Ga- Estado de São Paulo em 1985. complex of artistic monuments containing historic
leria SESC Paulista, Galeria Palavras-chave: Monumentos. Arquitetura neo- and touristic interest, but also added to the historic
Paulo Prado, Galeria Arte colonial. Murais artísticos em azulejos. heritage list of the State of São Paulo in 1985.
Infinita. Salões e coletivas no Keywords: Monuments. Neo Colonial architec-
Brasil e exterior. ture. Artistic tile murals.
Introdução
No início do século XX, no Brasil, o estilo ne- lo XVIII, época das mais belas casas e solares
ocolonial, reação contra o ecletismo, caracteri- portugueses e brasileiros. (Lemos, 1974, p.130).
zou-se por uma arquitetura de cunho naciona-
lista, revisitando obras de origem colonial. Esta Nesta conferência, o arquiteto, engenheiro civil e ar-
oposição tendeu a romper com os estilos de ori- queólogo português Ricardo Severo (1869 - 1940),
gens europeias. Nas primeiras décadas surgia considerado o principal porta voz do neocolonial,
uma busca das procedências culturais brasilei- denunciava o ecletismo e defendia uma arquitetura
ras por um círculo de arquitetos e artistas com com expressões regionais de ordens compositivas
ideias vinculadas à negação do caráter histori- vinculadas ao passado colonial brasileiro.
cista. A busca pelas origens só poderia partir de
entusiastas e conhecedores de formação para Severo chegou ao Brasil em 1891, exilado de seu
gerar o movimento artístico neocolonial. país devido a seu envolvimento num movimento
político contra a monarquia em Portugal. Em São
Em afirmação de Carlos Lemos encontramos: Paulo estabeleceu contato com Ramos de Aze-
vedo (1851 - 1928), que o convidou a trabalhar
(...) o neocolonial nasceu oficialmente em 1914, em seu escritório. Retornou a Portugal por um
ano em que o arquiteto e exilado português Ri- breve período e, em 1908, instalou-se definitiva-
cardo Severo pronunciou célere conferência na mente em São Paulo.
Sociedade de Cultura Artística propugnando
pela definitiva adoção dos velhos estilos pátrios, Quase simultaneamente a Ricardo Severo, outro
que tiveram seu ponto alto no barroco do sécu- arquiteto que chegou a São Paulo neste período
e vai contribuir para o neocolonial foi Victor Du- Entre as expressões regionais da arquitetura tra-
bugras (1868 - 1933). Em publicação de Nestor dicional brasileira, os murais de azulejos foram
Goulart Reis Filho encontramos uma breve sínte- resgatados em razão da tradição do uso destas
se de seu percurso: matérias cerâmicas no ambiente colonial origi-
nariamente trazida de Portugal. Ressurge assim,
Ainda criança mudou-se para Buenos Aires, adequando funções para recobrimentos e fazen-
onde iniciou seus trabalhos de arquitetura. Em do reviver expressão imagética, não só como or-
1891 veio para São Paulo. Até 1894 trabalhou dem ornamental, mas também de registro como
no Banco União, sob a direção do arquiteto Ra- veículo informativo narrando visualmente episó-
mos de Azevedo. Entrou em seguida no Depar- dios históricos do Brasil.
tamento de Obras Públicas de São Paulo e co-
meçou a lecionar na Escola Politécnica. A partir Este artigo se propõe em apresentar dois artistas
de 1897 abriu o próprio escritório. Projetou e deste período, na fatura da obra arquitetônica e
construiu incessantemente. Faleceu em 1933, muralista, o Conjunto dos Pousos do Caminho do
em Teresópolis (RJ). (REIS FILHO, 2005.) Mar por Victor Dubugras e Jose Washt Rodrigues.
mo brasileiro do início do século XX. Dubugras para projetar estas obras do con-
junto neocolonial formado pelos pousos e mo-
Foi realizada uma pesquisa de campo por meio numentos.
de registros fotográficos, constatando a preser-
vação das obras arquitetônicas e muralistas. A vi- A origem deste agregado ocorreu num momen-
sita ao local ocorreu em unidade de conservação to em que recursos públicos passaram a ser
estadual denominado Parque Caminhos do Mar, propostos para instalação de rodovias quando
que oferece roteiro histórico-cultural para percor- Washigton Luiz já atuava como Presidente do
rer a Estrada Velha de Santos (SP-148). Estado de São Paulo - 1920-1924. E, por meio
da Secretaria de Agricultura, Comércio e Obras
O conjunto e seus desdobramentos Públicas que foram concretizados.
As obras denominadas Conjunto dos Pousos do Hoje, conhecida como Caminho do Mar, situada
Caminho do Mar é um complexo arquitetônico na cidade de São Paulo, entre os municípios de
contendo monumentos construídos no início da São Bernardo do Campo e Cubatão, a estrada foi
descida da estrada Velha do Caminho do Mar, projetada em 1919 e executada de 1922 a 1925,
São Paulo, em 1922, na ocasião da comemora- construída com procedimento pioneiro de uso de
ção do Centenário da Independência. Importante concreto no pavimento. Foi a primeira rodovia
ressaltar a particularidade dessas obras de Victor brasileira revestida com este material.
Dubugras e Jose Washt Rodrigues, respectiva-
mente, no âmbito da arquitetura e murais artísti- O complexo arquitetônico tem concordância e
cos deste local. coesão formal entre seus marcos, o estilo de
Dubugras ali presente destaca suas expres-
Nas proximidades da data da celebração do sões, possuem particularidades arquitetônicas
Centenário, o então prefeito da cidade de São do neocolonial, mas também não se prendeu
Paulo, Washington Luiz (1869 - 1957), previu ao genuíno tradicional brasileiro. Incorporou
as edificações na Serra do Mar com a fina- outros elementos, como o uso de pedras e ma-
lidade de construir edifícios comemorativos, térias ornamentais em granito e ferro, gradis
evocando a sua história na ligação do litoral de janelas que lembram o estilo Art Nouveau
com o alto da serra e servindo de repousos e lareiras nos ambientes internos. “(...) os ele-
para viajantes com seus veículos automobilís- mentos escultóricos como colunas, arquitra-
ticos. Foram nas viagens pelas cercanias da ves, balcões, são criações de Dubugras” (TO-
cidade de São Paulo que o prefeito designou LEDO, 1985. p.71).
Encontramos nas faces externas destes marcos, de conservação, em 1985 foi fechada para veí-
murais de azulejos de ordem funcional, por pro- culos pelo governo estadual.
teção contra intempéries, tornando-se material
impermeável e ilustrativa, transmitindo narrativas Após 20 anos transformou-se em passeio turísti-
figurais como os primeiros tropeiros nas serras, co apenas para pedestres. Em 2004, a Fundação
representação de cenas da colonização e cate- Energia e Saneamento fez o restauro de monu-
quese dos índios pelos padres jesuítas. Estas mentos, quando gestora de visitações públicas
obras murais foram concebidas por José Wasth no local. Os passeios monitorados ocorreram até
2. A partir da década de Rodrigues, como já citado, artista que partiu para fevereiro de 2011, quando fortes chuvas derruba-
1940, com a inauguração estudos e registros de nossa antiga arte colonial ram barreiras no trajeto. Entre os anos de 2011 e
da Via Anchieta, e, em 1976,
pela tutoria de Ricardo Severo. 2013 esteve em manutenção, em razão de des-
com a inauguração da pri-
meira pista da Rodovia dos lizamentos de terra que destruíram e impediram
Imigrantes, a Estrada foi A via funcionou por quase três décadas e foi a a passagem em partes da pista. No fim de 2013
sendo gradativamente aban-
principal ligação do planalto paulista ao litoral. foi promovido o ecoturismo na região, atividade
donada até ser fechada ofi-
cialmente em 1985 e, em Seu perecimento começou em 1947, devido à turística que utiliza de forma sustentável o patri-
fevereiro de 1994, teve um abertura da via Anchieta e, nos anos 1980, a mônio natural e cultural.
terço de sua extensão des-
estrada foi interditada em razão de falta de ma-
truída por queda de barreira.
Foi reaberta em 17 de abril nutenção e seu progressivo abandono2. O Con- Foi determinado pelo governo estadual, por meio
de 2004 para o trânsito de dephaat, órgão que tombou as obras no ano de decreto de agosto de 2013, designação a um
turistas (a pé) em seu eixo.
de 1972, determina a preservação do conjunto grupo de trabalho para apresentar propostas para
principal para desfrutar da
bela paisagem e relembrar a de monumentos artísticos de interesse histó- a reabertura da região. A partir de dezembro de
história dos antepassados”. rico e turístico e foi adicionado ao Patrimônio 2015, o projeto Ecoturismo Caminhos do Mar pas-
(<www.portal.santos.sp.gov.
Histórico do Estado de São Paulo em 19853. sou para a gestão da Fundação Florestal. Reaber-
br/seduc/e107_files/.../ap_
mat_mod2.pdf>). “A área incluída no tombamento se constitui to ao público, o caminho é um percurso desfiando
3. ESTRADA DO LORENA, de matas originais, localizadas numa faixa de 1 seu passado, reconhecendo a história da cidade,
MONUMENTOS DE VIC-
km de largura de cada lado do eixo da estrada, concretizada pela conservação dos seus bens.
TOR DUBUGRAS E ÁREA
DE MATA CIRCUNDANTE: ao longo de todo o traçado, desde o planal-
Caminho do Mar ou Estrada to até Cubatão, situada entre as coordenadas Dois artistas em conexão
Velha de Santos
UTM 7.361,00-7.360,00 kmN e 354,00-351,00
Processo: 00123/72
Tomb.: Res. de 11/8/72 km E.” (Fonte: Aureliano Leite, L.B.Siciliano, Nos anos de 1903 a 1914, Dubugras utilizou-
D.O.: 12/8/72 M. SavelliA. Dialessandro. <http://www.cultura. -se de dois tipos de experimentação: um ligado
Livro do Tombo Históri-
sp.gov.br/portal/site/SEC/menuitem>). Tornan- ao estilo art nouveau e outro proto-modernista.
co: Inscrição nº 122, p. 21,
3/7/1979. do-se um caminho secundário e com carência Suas obras têm importância significativa, sendo
respeitado como pioneiro e visionário da arqui- Paris, estudou na Escola Nacional Superior de Be-
tetura moderna no Brasil. Em relação aos monu- las Artes. Diante desta trajetória, Wasth Rodrigues
mentos do Caminho do Mar, percebemos alguns já indica e demonstra um artista fundamental con-
elementos distintos do estilo colonial como os cernente ao universo documental da história da
cumes e volutas. Nos projetos realizados para a cidade de São Paulo no início do século XX.
Serra do Mar, o arquiteto propõe deixar visíveis
os materiais como o tijolo de barro e pedra, que Retornando ao Brasil no período da primeira
aparece tanto nos projetos para a Ladeira da Me- guerra, dá continuidade aos estudos históricos,
mória, como nos pousos e monumentos da serra. empenhando-se também nos desenhos arquite-
As obras do conjunto estão intimamente integra- tônicos com finalidades documentais, como as
das com a vegetação, e a ornamentação externa antigas casas, os detalhes de gradis, portões,
culmina com a narrativa histórica por meio dos chafarizes, azulejos, etc. Como já citado anterior-
murais de azulejos de Wasth Rodrigues. Em pu- mente, foi Ricardo Severo, patrocinando viagens,
blicação de Toledo (1985, p.43) é encontrada as que confiou a José Wasth Rodrigues, um levanta-
seguintes afirmações: mento metódico da arquitetura colonial. Torna-se
grande estudioso deste estilo e, como historiador,
“A última fase da obra de Victor Dubugras foi vol- publica diversas documentações arquitetônicas,
tada ao estilo tradicional brasileiro. É necessário entre elas “Documentário Arquitetônico Relativo
um exame mais cuidadoso desta produção para à Antiga Construção Civil no Brasil” (1945).
não se confundi-la com o neocolonial”. “(...) Não
buscava a retomada das soluções formais tanto Das trilhas e calçadas à abertura de uma
mais validas, quanto mais fiéis a modelos anti- rodovia
gos”. (TOLEDO 1985, p. 43)
As trilhas eram os caminhos que permitiam aos
José Wasth Rodrigues, foi um artista que teve in- indígenas se deslocarem. Do planalto até o litoral
tensa produção por meio de diversas linguagens: paulista, um dos caminhos usados pelos nativos
pinturas, desenhos com diversas técnicas, aqua- era a Trilha dos Tupiniquins, percorridos para o
relas e murais de azulejos. Teve aprendizado em provimento de peixes e sal.
pintura com Oscar Pereira da Silva (1867 - 1939),
entre 1908 e 1909. Foi historiador e conselheiro Na conquista ao Brasil, os colonizadores, empre-
do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Na- endendo desenvolvimento, obtiveram o indício
cional. Em 1910 é contemplado pelo governo do das rotas das principais vias, entre elas a gran-
Estado por uma bolsa de estudos na França. Em diosa barreira da Serra do Mar, possibilitando os
deslocamentos entre o litoral e o planalto. Entre sagem dos tropeiros, constituindo a principal via
os exploradores, partindo de São Vicente, em entre o Planalto e o Porto de Santos. Concluída
1532, estavam Martim Afonso, João Ramalho, em 1792, foi um padrão determinante no desen-
e o Padre Manuel da Nóbrega que sobem este volvimento paulista4.
acesso até chegar a São Paulo de Piratininga.
Segundo Denise Mendes, mestre em história
Em 1560 o governador Men de Sá passa tam- social pela Universidade de São Paulo, “O me-
bém por este caminho e constata que uma nova lhoramento do caminho para o mar foi peça fun-
ligação seria necessária para facilitar tal desloca- damental da política de fortalecimento econômi-
mento. Assim, implementa o Caminho do Padre co paulista, na qual a produção e comércio do
José de Anchieta. Aberta de maneira intricada açúcar tinham destaque, e marcou a história da
pelos índios estabelecia, inicialmente, passa- transposição da barreira natural da serra.” (Men-
gem apenas para pedestres. Gradativamente des: http://www.historianet.com.br/conteudo/
essa trilha passou por melhorias com instalação default.aspx?codigo=606).
de pequenas pontes e muros de arrimo para a
possibilidade de transportar mercadorias, mas as Após quase 50 anos, a partir deste ponto da imen-
dificuldades eram grandes para a condução de sa estrada calçada, o Marechal engenheiro Daniel
produtos até o porto da baixada. Pedro Muller dá inicio à montagem de uma es-
4. A empresa Eletropaulo foi trada planejada para atender tráfego de carroças
responsável pela restaura-
ção da Calçada do Lorena,
Mais de dois séculos após, em 1790, Bernardo que conduziam açúcar e café. Concluída em 1841,
através de pesquisas histó- José Maria de Lorena, que governou a Capita- data de 1846 a passagem de D.Pedro II por esta
ricas, arqueológicas e arqui- nia de São Paulo entre 1788 e 1798, determina a via, e é denominada Estrada da Maioridade, em
tetônicas. Finalizou-se em
1992 o processo de reparo
execução de um caminho calçado com pedras. homenagem a sua ascensão ao trono do Brasil.
de três trechos da Calçada, Através de estudos cartográficos, pelos oficiais
dois séculos após sua ori- do Real Corpo de Engenheiros, foi concebida Entrando no século XX, foi em 1913, por intermé-
gem. O trabalho de arqueo-
logia e restauração foi con-
uma calçada de pedras, que faria a ligação entre dio do presidente Rodrigues Alves, que a estra-
duzido pelo historiador Paulo São Paulo e a baixada litorânea, numa distância da passou a ser chamada Caminho do Mar, e foi
Eduardo Zanettini, arqueólo- de nível com mais de 700 metros. Possuía deline- pavimentada com o propósito de circulação de
go responsável pela pesqui-
sa na Calçada do Lorena,
ado sinuoso e com largura aproximada de 3 me- veículos automobilísticos, sob a forma de pedras
e consultor de Arqueologia tros, contendo pedras de até 0,40 m de largura. macadamizadas.
Histórica da Eletropaulo S/A,
Fundação Patrimônio Histó-
rico da Energia, de início de
Finalmente a calçada torna-se importante via de Com o governo de Washington Luís em 1920,
1989 ate julho de 1992. exportação para mercadorias, liberando a pas- sua administração foi designada às estradas para
Em 1922, o governo de Washington Luiz deu Para tanto, espera-se que a iniciativa da Protur
início à construção do Caminho do Mar, primei- e da Prefeitura de São Bernardo do Campo, de
ra estrada pavimentada em concreto armado na alcance incomum, encontre ressonância junto
América Latina, e à construção dos monumen- aos órgãos estaduais e federais interessados
tos projetados por Victor Dubugras: Cruzeiro pelos problemas do lazer metropolitano e da
Quinhentista, Pontilhão da Serra, Belvedere Cir- proteção do patrimônio ambiental e que possa
cular, Padrão do Lorena, Rancho da Maioridade se integrar, com sucesso, no quadro das inicia-
e Pouso de Paranapiacaba. http://www.cultura. tivas do gênero, das administrações dos muni-
sp.gov.br/portal/site/SEC/menuitem. cípios de toda a região.
Assim, o autor já alerta no ano de 1975 para o ram a serra em direção ao planalto e mostram o
cuidado merecido deste magnífico patrimônio progresso da estrada e os transportes.
por órgãos estaduais e federais. O que viria a
ocorrer 30 anos após esta publicação. 1. Pouso de Paranapiacaba.
sistema de bons caminhos por onde possam vir Encontra–se na parte frontal, azulejos criados por
às estações os produtos de toda sorte. A estrada José Wasth Rodrigues representando a subida
de rodagem é hoje em toda parte do mundo civi- da Serra por personagens históricos e políticos
lizado tanto ou mais importante que a via férrea. influentes no século XIX (Figura 8 e 9). Esta fa-
Basta lembrar que o automóvel será o principal chada tem forma convexa projetada por Dubu-
meio de locomoção no futuro (...)” (Tropas e Tro- gras, seguindo a sinuosidade da via. Diante do
peiros, junho 1904. Afonso Arinos). monumento existem resquícios do pavimento de
macadame original.
2. Rancho da Maioridade
Wasth Rodrigues executa uma grande composi-
Este pouso diz respeito à construção da Estrada ção das figuras retratadas8, subindo e descendo
da Maioridade, e à passagem da Família Real em a estrada, conciliando com a curvatura. Situa-se
Figura 2. Mural de azulejos como mapa das Estradas de Ro- 1846. A casa monumento foi construída em 1922, numa parte que permite uma visão em 360º, avis-
dagem. Fonte: foto de Jacques Jesion. e é relativo à data histórica da nomeação de D. tando a Baixada Santista e o complexo industrial
Pedro II ao trono do Brasil, com 14 anos de idade. de Cubatão. (Figuras 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9).
3. Padrão do Lorena
Considerações finais
Figura 13. Cruzeiro Quinhentista, Composição de Azulejos. Figura 14. Cruzeiro Quinhentista, Composição de Azulejos.
Fonte: http://www.panoramio.com/user/44319/tags/Baixa- Fonte: http://www.panoramio.com/user/44319/tags/Baixada%20Santista
da%20Santista
comemorativo da importante ligação entre o pla- ral que tem na arquitetura o seu suporte.
nalto e o litoral, ao mesmo tempo em que con-
figuram marcos na paisagem, recantos de per- Dubugras previa em espaços externos a inter-
manência e condição privilegiada de fruição da venção artística para complementação informa-
paisagem durante o percurso. tiva, histórica e estética. Neste panorama firma-
-se a relação arquiteto e artista em cooperação,
A união sugerida foi inserir junto à construção da arquitetura e arte como espaços poéticos que
rodovia marcos monumentais de pouso e con- se complementam, dois artistas sugerindo des-
templação projetadas pelo arquiteto Victor Dubu- de aí uma integração das artes, termo que será
gras e ornamentadas pelo artista plástico José consolidado no período moderno, na arte, arqui-
Washt Rodrigues, que realiza uma produção mu- tetura e cidade.
Podemos considerar Dubugras como arquiteto KESSEL, Carlos. Vanguarda efêmera: arquitetu-
proto modernista, devido ao uso e a sua maneira ra neocolonial na Semana de Arte Moderna de
particular de construção, ou seja, pode ser consi- 1922,<http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.
derado um precursor do movimento moderno. O php/reh/article/viewFile/2177/1316>
texto tratou em apresentar um conjunto de obras
arquitetônicas, que tiveram importância como LEMOS, Carlos. O que é patrimônio histórico.
marco comemorativo de 1922. Brasiliense: São Paulo, 1987.
<http://www.historianet.com.br/conteudo/de-
fault.aspx?codigo=606>, acessado em 6 de no-
vembro de 2015