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Ementa:
O contínuo adensamento das produções dedicadas ao pensamento social brasileiro
parece não ter vindo acompanhado de um incremento, ou de uma superação
metodológica, da disjuntiva entre texto e contexto. No caso das histórias das
Ciências Sociais brasileiras, essa disjuntiva ficou expressa na antinomia entre uma
sociologia da cultura (i.e., da institucionalização de campos disciplinares e do
investimento biográfico dos supostos ‘heróis’ que teriam instaurado tais campos) e
uma sociologia dos intelectuais (i.e., de suas obras e ideias, e dos momentos e
argumentos dessas obras e ideias). Este curso parte de diferentes paradigmas de
elaboração teórica (a saber: história cultural, sociologia da ciência e nova sociologia
das ideias) que, na interface com a história intelectual, podem fornecer alternativas
de objetos e abordagens àquela disjuntiva. Além das três partes intermediárias
dedicadas às contribuições de cada um desses paradigmas, o curso é composto por
uma abertura e por um fechamento. À abertura, são discutidos modelos hoje
consagrados de interpretação da vida intelectual (nessa ordem: Williams, Manhheim,
Ringer, Schorske, Bourdieu), ao passo que no fechamento são discutidas duas
celeumas que foram, no Brasil, protagonizadas pelos ditos ‘heróis’ (Ramos e
Fernandes) e pela pugna de dois intérpretes de nossas Ciências Sociais (Pecaut e
Miceli). No seu todo, nas interfaces de uma história intelectual renovada, o curso
busca por mediações textuais e, sobretudo, extratextuais frente às quais o chamado
‘contexto’ não gira em falso ao redor de uma noção como a de ‘campo’. Tais
mediações, esperamos, podem ser encontradas seguindo a inspiração daqueles
paradigmas: i) no mundo das editoras e dos livros e revistas, de seus leitores, suas
leituras e sociabilidades; ou também ii) na infraestrutura tecnocientífica e nas redes
sociotécnicas que engendram a divisão do trabalho científico e seus achados; ou
ainda iii) nos ideais e projetos, nas apostas e projeções elaboradas por grupos e redes
de pesquisadores que, organizados não só na Universidade mas também na
sociedade civil e em aparelhos de Estado, se engajam em verdadeiras batalhas
político-científico-intelectuais como se fossem... movimentos sociais.
Leitura complementar
SANTOS, W. G. “A imaginação político-social brasileira”, Dados, nº 2/3, 1967.
Leitura complementar
McKENZIE, D. Bibliography and the Sociology of Texts. Cambridge Univ. Press, 1999.
Leitura complementar
CAMIC, Charles; GROSS, Neil. “The New Sociology of Ideas”. In The Blackwell
Companion to Sociology. Londres: Blackwell, 2008
MICELI, Sérgio. (org.). História das Ciências Sociais no Brasil. Vol. 1 & Vol 2. São
Paulo: Editora Sumaré, 2001[1989]; 1995
MICELI, S. Intelectuais brasileiros. O que ler nas Ciências Sociais (1970-1995). Anpocs,
1995.
Leitura complementar
IANNI, O. Sociologia da Sociologia. 3ºed. São Paulo: Ática, 1989.