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Copyright (C) 1998, 2001, 2002 Elvira Souza Lima
fax: (11)50836043
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DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM
NA ESCOLA: ASPECTOS CULTURAIS,
NEUROLÓGICOS E PSICOLÓGICOS
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ções de que participa e das possibilidades de acesso a
informações existentes em seu contexto.
Estas colocações iniciais têm duas im plicações
im portantes para a educação na escola: uma é que a
experiência escolar insere-se em um processo contí
nuo de desenvolvim ento do sujeito que se iniciou antes
de sua entrada na instituição. Todas as experiências
vividas na escola ganharão significado quando articu
ladas ao processo global de desenvolvim ento do indiví
duo e não quando concebidas como um aglom erado de
experiências independentes, vividas exclusivam ente no
âmbito escolar. Outra, decorrente desta, é que a esco
la não é um espaço independente de socialização e
aprendizagem , mas um espaço que vem se som ar aos
outros nos quais o ser humano transita, os quais de
uma forma ou de outra, já im primiram certas marcas
nas formas de atividade que o indivíduo realiza e no uso
que ele faz tanto dos sistemas expressivos, como sim
bólicos. Esta experiência acumulada será trazida para
a escola, irá influenciar a inserção do aluno no contex
to escolar e terá um papel im portante no processo de
escolarização.
A experiência anterior à experiência escolar é, por
tanto, relevante para o desenvolvim ento de todo edu
cando, independentem ente de sua idade. A escola é,
por sua vez, uma das possibilidades de desenvolvim en
to para o ser humano. Como ela se diferencia das opor
tunidades de desenvolvim ento encontradas na vida co
tidiana, se o indivíduo não fo r escolarizado, deixará de
construir determ inadas práticas ou conceitos, mas não
deixará de se desenvolver. E videntem ente, quando
acontece de o indivíduo entrar tardiam ente na escola
ou de freqüentar uma série em defasagem com sua ida
de, o processo de desenvolvim ento seguiu seu curso.
Este fato tem im plicações im portantes para a form ula
ção e desenvolvim ento do currículo e o planejam ento
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das ações pedagógicas. Alguns processos essenciais
em um determ inado período de form ação estarão su
perados em um outro período ou estarão m odificados
pela dinâmica entre a maturação orgânica e a vivência
sócio-cultural. Por exemplo, uma criança de 10 anos
trabalha informações de maneira distinta de uma crian
ça de 7 anos, uma vez que a transm issão interna de
inform ações no cérebro é mais complexa na criança
de 10 anos do que na de 7 devido à maturação de de
term inadas partes do cérebro. Isto implica que a a tivi
dade de estabelecer relações entre áreas do conheci
mento e em relacionar experiências e informações, tan
to lingüísticas quanto imagéticas, vai ocorrer mais “flu
entem ente” na criança mais velha.
A ação pedagógica que não tem como base as
possibilidades de aprendizagem e desenvolvim ento do
período de form ação, nem se utiliza dos instrum entos
culturais possíveis segundo o período de form ação e,
além disso, não se apóia nas formas de pensam ento
presentes do educando será sempre uma ação peda
gógica com pouca probabilidade de sucesso. Os pro
cedim entos pedagógicos terão que, necessariamente,
ser distintos conform e a idade de form ação e o contex
to de desenvolvim ento.
Por outro lado, enquanto meio de desenvolvim en
to humano, a escola tem sua especificidade. O proces
so de escolarização (independentem ente de ser consi
derado um sucesso ou um fracasso) transform a as
experiências concom itantes vividas na comunidade, no
local de trabalho, na fam ília, etc. Há, desta forma, uma
relação dialética entre a vida na escola e fora da esco
la, mas elas diferem entre si em vários aspectos. En
tre eles, um dos mais im portantes é o fato de que, en
quanto as aprendizagens na vida cotidiana trazem ine
rentes a si mesmas seus significados, uma vez que
decorrem das práticas sociais e culturais, das condi
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ções de vida e da organização de cada coletivo hum a
no, as aprendizagens na escola encontram seu sign ifi
cado na história das idéias e no complexo processo de
desenvolvimento da consciência humana, aspectos bem
menos evidentes que os citados no prim eiro caso.
Não há im ediaticidade no conhecim ento organiza
do, ele tem como pressuposto o desenvolvim ento do
pensamento através da aquisição de processos de tra
balho e da construção de conceitos. A im portância do
c o n h e c im e n to , na v e rd a d e , não se g uia p o r sua
a p lic a b ilid a d e im ediata à vida co tid ia n a , mas pela
pertinência dos conceitos e dos processos de constru
ção dos conceitos ao processo global de desenvolvi
mento. É por esta via, a do desenvolvim ento do sujeito,
que o conhecim ento adquirido na escola atinge a práti
ca do cotidiano, na medida em que a forma pela qual o
indivíduo percebe o cotidiano é afetado pelo desenvol
vimento provocado pelas aprendizagens na escola.
Pedagogicamente temos, então, um fato inegável:
cabe sempre ao professor introduzir elem entos novos
para seus educandos. Ele tem a função social e p o líti
ca de expandir os campos possíveis de conhecim ento.
Isto é feito com base na experiência cultural, no desen
volvim ento biológico e na experiência da historicidade
da instituição escolar, pilares do processo de desen
volvim ento do indivíduo na instituição escolar.
Em seguida tratarem os destes aspectos com os
limites impostos pela natureza deste artigo. São temas
complexos e que constituem aspectos de uma to ta lida
de, porém neste texto serão tratados separadam ente
para efeito da exposição de idéias. É im portante que
não se perca de vista que o indivíduo é único e que sua
experiência na escola não deve ser considerada como
isolada de sua personalidade, de sua ação de ser soci
al inserido em um contexto cultural específico. Im por
tante, portanto, estar atento à historicidade tanto do in
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divíduo quanto do meio em que ele se desenvolve.
O e s tu d o do c é r e b ro : p e r s p e c t iv a s a tu a is (2)
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Estudo do cérebro aplicado à educação
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Estudo da cultura. Im plicações para a educação
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a possibilidade de superar esta molécula de ação para
realizar outras, utilizando o conhecim ento adquirido. É
esta a base do processo humano de aprender.
Várias das práticas sociais que o indivíduo cons
trói requerem o desenvolvim ento de habilidades, as
quais, por sua vez, estão relacionadas com o desen
volvim ento das funções psicológicas superiores. Per
cepção, atenção, memória, imaginação são, portanto,
funções presentes na vida cotidiana, e a com preensão
dos mecanismos de aprendizagem na vida cotidiana
informa a ação educativa na escola. A antropologia tam
bém nos ensina que situações cotidianas são com ple
xas, envolvendo tomada de decisões, reações afetivo-
emocionais e a formação de padrões de comportamento
individual e social que orientam a atuação do indivíduo
no meio. Embora a antropologia tenha se ocupado mais
dos períodos da adolescência e vida adulta, estudos
etnográficos revelam o lado da infância em muitas cul
turas. No relato etnográfico da vida cotidiana, é possí
vel detectar as formas de ação humana, usos de lin
guagem (verbal e não-verbal), relação criança-adulto,
existentes em um determ inado grupo, e as variações
existentes entre um grupo e outro.
É neste aspecto que a antropologia interessa ao
educador porque ela revela o contexto de desenvolvi
mento e as práticas correntes na comunidade para en
sinar as crianças. Ela indica, igualmente, a concepção
de infância vigente. O que o indivíduo aprende no seu
contexto cultural convencionou-se cham ar de conheci
mento informal, por contraposição à aprendizagem es
colar, referida como aquisição de conhecim ento formal.
A relação entre estas duas form as de construção de
c o n h e c im e n to é um dos p o n to s p rin c ip a is de
intersecção da antropologia e da pedagogia, de interes
se particular para os educadores.
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Estudo da cultura aplicado à educação
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tas podem, assim, significar o uso de conjuntos dife
rentes de expressão não-verbal, causando conflitos
entre adultos e crianças, entre as crianças e/ou entre
adultos convivendo na instituição.
A compreensão destas dinâm icas no processo de
form ação humana na escola nos remete à pesquisa psi
cológica e à aplicabilidade dos conhecim entos psicoló
gicos em educação.
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NOTAS
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BIBLIOGRAFIA
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