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UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO

FACULDADE DE CIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE ENSINO E IINVESTIGAÇÃO DE BIOLOGIA
REPARTIÇÃO DE MICROBIOLOGIA

TRABALHO DE FIM DO CURSO DE LICENCIATURA EM BIOLOGIA

DETECÇÃO DOS PRINCIPAIS AGENTES BACTERIANOS ISOLADOS NAS


INFECÇÕES DO SISTEMA URINÁRIO NO PERÍODO COMPREENDIDO ENTRE 2011
A 2015 E DETERMINAÇÃO DOS PERFIS DE SUSCEPTIBILIDADE AOS
ANTIMICROBIANOS.

JOSÉ HILÁRIO FRANCISCO DA ROSA


(Nº 91177)

Luanda, 2018
TRABALHO DE FIM DO CURSO DE LICENCIATURA EM BIOLOGIA

DETECÇÃO DOS PRINCIPAIS AGENTES BACTERIANOS ISOLADOS NAS


INFECÇÕES DO SISTEMA URINÁRIO NO PERÍODO COMPREENDIDO ENTRE 2011
A 2015 E DETERMINACAO DOS PERFIS DE SUSCEPTIBILIDADE AOS
ANTIMICROBIANOS.

ORIENTADOR: FERREIRA PAULO AFONSO, M.SC. – FCUAN.


CO-ORIENTADOR: MANUEL VANGAJALA SOQUI, Ph.D - FCUAN.
LUANDA, 2018
Detecção dos principais agentes bacterianos isolados nas infecções do sistema urinário no período compreendido entre 2011 a 2015 e
determinação dos perfis de susceptibilidade aos antimicrobianos.

EPÍGRAFE

Escute o cumprimento do amanhecer,


olhe este dia porque é a verdadeira vida.
Em seu breve curso está a realidade da nossa existência,
a bênção de crescer, o esplendor da beleza.
Porque o passado é só um sonho e o amanhã, uma visão.
Mas se você aproveitar bem o dia de hoje,
o passado será um sonho de felicidade,
e o amanhã, uma visão de esperança.

-Canto sânscrito

José Hilário Francisco da Rosa Página i


Detecção dos principais agentes bacterianos isolados nas infecções do sistema urinário no período compreendido entre 2011 a 2015 e
determinação dos perfis de susceptibilidade aos antimicrobianos.

DEDICATÓRIA

 Aos meus pais, Alexandrino e Esperança (in memoriam),


que ensinaram-me a importância dos estudos.

 Aos meus irmãos, Maria Narcisa, Ana Maria, Celma, Adelaide, Catarina,
Mariza, Sebastião, Francisco, Tavira e Anacleto,
pela união que nos dá forças para continuar.

 À minha mulher Mena Domingos,


pelo seu amor carinho, e cumplicidade.

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determinação dos perfis de susceptibilidade aos antimicrobianos.

AGRADECIMENTOS

A realização do presente trabalho foi possível com o apoio e a colaboração de diversas


pessoas e instituições que, directa ou indirectamente, contribuíram para o seu
desenvolvimento.
Foi também o culminar do meu percurso académico, no qual contei com o apoio e amizade
de colegas (Gimbinza, Anastácio, Celestino, Ferreira, Francisco Dias, Matondo Tando,
Álvaro Dombaxe, Wind Duarte, Manuel Júnior, Santos Capita, Ândria Rosalina, Joana
Kienda...), amigos e familiares. Todos os que estiveram envolvidos quer no meu percurso
académico, quer na elaboração do presente trabalho são igualmente merecedores de todo o
meu apreço e gratidão e a quem expresso o meu mais sincero agradecimento.
Um especial agradecimento à Professora Doutora Yolanda Cardoso e ao Doutor Moisês
Francisco pela disponibilidade e pela oportunidade que me concederam de poder realizar o
meu estágio no Instituto Nacional de Saúde Pública.
Ao professor Doutor Manuel Vangajala Soqui, pela constante atenção e orientação na busca
pelas condições de estágio.
Ao Doutor Luis Miguel e a todos os técnicos da Serologia (o Feliciano, a Marina e a
Graciete), os da Microbiologia (Domingos, Ândria, Marina, Dona Alda, Nelma e São), e a
todos os técnicos da Hematologia, com muito apreço.
Aos amigos Jojó, Abraão, Pedro Eliseu, Mesênquima, Fortunato, Daniel, Ricardo e Frisco,
pela grande amizade, companheirismo, pelos bons momentos, pelo apoio e encorajamento
constantes e por mostrarem interesse pelo meu trabalho, dando-me ânimo para continuar.
Aos meus falecidos pais, Alexandrino da Rosa e Esperança Clemente, e aos meus irmãos,
uma palavra especial pelo enorme apoio, carinho, paciência, incentivo, compreensão que em
todas as ocasiões mostraram, não só durante todo o meu percurso académico, mas ao longo
de toda a minha vida. Pela oportunidade que me deram e pelos esforços que efectuaram para
que eu pudesse chegar aonde cheguei. Aos meus tios e restante família, pelo seu carinho,
força, companhia, compreensão, e infinita paciência com que sempre me presentearam
durante estes anos académicos e pela constante preocupação.
À minha mulher, Mena, um agradecimento especial por todo o seu amor, carinho,
cumplicidade, apoio incondicional e compreensão nas horas mais difíceis, pela sua presença e
incentivo constante, por me fazer acreditar que era possível.
Por último, todos aqueles que não foram mencionados e contribuíram de alguma forma para a
realização deste trabalho são igualmente merecedores de todo o meu apreço. Foram a base da
motivação para continuar e chegar ao fim.

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Detecção dos principais agentes bacterianos isolados nas infecções do sistema urinário no período compreendido entre 2011 a 2015 e
determinação dos perfis de susceptibilidade aos antimicrobianos.

RESUMO

A infecção do tracto urinário (ITU) é uma das mais comuns na clínica médica. Estas
infecções podem ser identificadas de diversas formas, sendo a urocultura a melhor forma de
diagnóstico, que não só permite a quantificação dos germes existentes na urina, como define

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Detecção dos principais agentes bacterianos isolados nas infecções do sistema urinário no período compreendido entre 2011 a 2015 e
determinação dos perfis de susceptibilidade aos antimicrobianos.

o agente etiológico da infecção. As infecções do tracto urinário são doenças infecciosas


bastante comuns que podem estar associadas com substancial morbidade e gastos
significativos. A resistência bacteriana é problema frequente e importante no ambiente
hospitalar. Nesse contexto, várias bactérias apresentam habilidade de desenvolver
mecanismos de resistência enzimáticos. No presente estudo foram analisados todos os
resultados de exames de urocultura com antibiograma, realizados no período compreendido
entre janeiro de 2011 a Dezembro de 2015. Estas bactérias isoladas através do exame
urocultura foram submetidas ao Teste de Sensibilidade a Antibióticos (TSA) quando o
crescimento bacteriano foi significativo, com o propósito de identificar a sua resistência aos
antibióticos testados. Dos 981 resultados analisados, 272 resultados foram positivos (27,73%)
com crescimento microbiano significativo, sendo a maioria do sexo feminino (60,29%), 709
culturas negativas (72,27%). Dos 272 microrganismos isolados, foram encontrados seis
gêneros, sendo três os mais representativos. Escherichia sp. esteve presente em 120
resultados, o que representou (44,11%) das infecções, enquanto Enterobacter sp foi o
microrganismo causador da ITU em 75 resultados, representando (27,57%) seguido de
Klebsiella sp com 50 ocorrências, representando (18,38%), Staphylococus sp e Pseudomona
sp., com 11 e 10 ocorrências, representando (4,04%) e (3,67%) respectivamente e Proteus sp,
com 6 ocorrências, representando (2,20%). No presente estudo foi obtido um percentual de
27,73% de uroculturas positivas. Com este estudo, pode-se concluir que Escherichia sp., foi o
microrganismo mais frequente (44,11%) causador de infecção do tracto urinário. Verificamos
também que as mulheres em idade de actividade sexual são as mais frequentemente
acometidas por ITU. Neste estudo, os microrganismos se mostraram mais frequentemente
resistentes a Ampicilina e Ácido Nalidíxico.

Palavras-chave: ITU, antibiograma.

ABSTRACT

A urinary tract infection (UTI) is one of the most common infectious diseases in clinical
medicine. These infections can be identified by several ways, and the urine culture is the best

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Detecção dos principais agentes bacterianos isolados nas infecções do sistema urinário no período compreendido entre 2011 a 2015 e
determinação dos perfis de susceptibilidade aos antimicrobianos.

way to diagnosis, which not only allows the quantification of existing germs in the urine,as
well as defined the etiologic agent of infection. Urinary tract infections are fairly common
infectious diseases that may be associated with substantial morbidity and significant costs.
Bacterial resistance is frequent and important problem in the hospitals around the world. In
this context, several bacteria have ability to develop enzymatic mechanisms of resistance.
Inthe present study were analyzed the antibiogram results, with or without urine culture in the
period between Junuary 2011 and December 2015. These isolated bacteria by examining
urine culture were submitted to the Antibiotic Sensitivity Test (AST) when bacterial growth is
significant with the purpose of identifying its resistance to antibiotics. Of the 981 analyzed
results, 272 (27,73%) were positive results with significant microbial growth, most of them
from women (60,29%), 709 negative cultures (72,27%). Of the 272 microorganisms isolated,
has returned were found six gendres. Escherichia sp was present in 120 results, which
represented (44,11%) of infections, while the Enterobacter sp causing UTI in 75 results
representing (27,57%), followed by Klebsiella sp with 50 occurrences, representing
(18,38%), Staphylococus sp and Pseudomona sp, with 11 and 10 occurrences, representing
(4,04%) and (3,67%) respectively and Proteus sp, vith 6 occurrences, representing (2,20%).
In the present study we found a percentage of 27,73% of positive urine cultures. With this
study, we can conclude that the organism Escherichia sp was the most frequent (44,11%)
causing urinary tract infection. We also found that women in the age of sexual activity are
more often affected by the UTI. In this study, microorganisms were more frequently resistant
to Ampicilin and Nalidicic Acid.
Keywords: UTI, antibiogram.

ÍNDICE

Lista de Figuras e Tabelas................................................................................................... viii


Glossário das Abreviaturas.................................................................................................. ix
1. Introducção........................................................................................................... 01

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Detecção dos principais agentes bacterianos isolados nas infecções do sistema urinário no período compreendido entre 2011 a 2015 e
determinação dos perfis de susceptibilidade aos antimicrobianos.

1.1. Classificação das infecções do trato urinário....................................................... 01


1.2. Etiologia da infecção do tracto urinário (ITU)..................................................... 03
1.3. Epidemiologia....................................................................................................... 04
1.4. Diagnóstico........................................................................................................... 05
1.4.1. Diagnóstico Microbiológico das Infecções urinárias........................................... 06
1.5. Antibioterapia....................................................................................................... 07
1.6. Prevenção.............................................................................................................. 09
1.7. Identificação Laboratorial de Bacillus Gram-negativos....................................... 09
1.8. Coloração diferencial: técnica de Gram............................................................... 10
1.9. Enquadramento taxonómicos dos isolados em estudo............................................................. 13
1.9.1. Géneros: Escherichia, Enterobacter, Klebsiella, Staphylococus, Peudomonas e 15
Proteus..................................................................................................................
1.10. Teste de suscepetibilidade aos Antimicrobianos.................................................. 18
1.11. Mecanismos de acção dos antibióticos................................................................. 18
1.11.1. Inibidores da parede celular.................................................................................. 19
 -Lactâmicos........................................................................................................ 19

 Cefalosporinas...................................................................................................... 19

 Carbapenemos....................................................................................................... 21

 Monobatamos....................................................................................................... 21

 Glicopeptídeos...................................................................................................... 22

 Aminoglicosídeos................................................................................................. 22

 Macrolídeos.......................................................................................................... 23

1.11.2. Inibidores da Síntese do Ácido Nucleico.............................................................. 23


 Quinolonas............................................................................................................ 23

1.11.3. Inibidores dos Processos Metabólicos.................................................................. 24


1.12. Teste de susceptibilidade aos antibioticos: Método de Disco-difusão (Kirby-
Bauer).................................................................................................................... 24
1.13. Categorias e Interpretação do Antibiograma........................................................ 25
1.14. Resistência Bacteriana: Intriseca e Adquirida...................................................... 26
2. Objectivos............................................................................................................. 29
3. Material e Métodos............................................................................................... 30
3.1. Metodologia casuística......................................................................................... 30
3.2. Método de amostragem......................................................................................... 30
4. Apresentação e Discussão dos Resultados............................................................ 31
4.1. Análise Qualitativa e Quantitativa dos Resultados Obtidos................................. 31
4.2. Análise dos Resultados Positivos em Relação ao Sexo e Faixa Etária................. 33
4.3. Perfil de susceptibilidade (resistência) dos géneros estudados............................. 35

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determinação dos perfis de susceptibilidade aos antimicrobianos.

5. Conclusões............................................................................................................ 39
6. Recomendações.................................................................................................... 40
7. Referências Bibliográficas.................................................................................... 41
8. Anexos.................................................................................................................. 46

LISTA DE FIGURAS E TABELAS

Figura 1.1. Infecção das vias urinárias baixas e das vias urinárias altas..................... 02
Figura 1.2. Infecção da bexiga por bactérias entéricas................................................ 03
Figura 1.3. Esquema ilustrativo da técnica de coloração de Gram.............................. 11
Figura 1.4. Esquema ilustrativo da estrutura membranar A e de parede celular B de
bactérias..................................................................................................... 11
Figura 1.5. Fluxograma de identificação de bactérias gram negativas........................ 12
Figura 1.6. Fluxograma de identificação de Bacillus Gram Negativos....................... 13
Figura 1.7. Árvore filogenética dos seres vivos baseada em estudos comparativos de
sequências de rDNa 16S e 23S............................................................. 14
Figura 1.8. Estrutura molecular da penicilina e Cefalosporina com anel -lactâmico
a vermelho............................................................................... 22

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determinação dos perfis de susceptibilidade aos antimicrobianos.

Figura 1.9. Estrutura molecular de um aminoglicosídeo............................................. 23


Figura 1.10. Estrutura molecular de quinolona: ciprofloxacina.................................... 23
Figura 1.11. Principais Mecanismos de acção de antibióticos sobre as bactérias. 24
Figura 1.12. Teste de sensibilidade aos antibióticos. A: Difusão em Agar; B: curva de
regressão da correlação entre a CIM e o halo de inibição.................... 25
Figura 1.13. Esquema ilustrativo dos mecanismos de resistência bacteriana aos
antimicrobianos......................................................................................... 28
Figura 4.1. Análise qualitativa das 981 amostras de urina cultivadas......................... 31
Figura 4.2 Frequência dos principais agentes etiológicos isolados das infecções do
tracto urinário............................................................................................ 32
Figura 4.3. Distribuição dos indivíduos com cultura de urina positiva, em função do
sexo...................................................................................................... 33
Figura 4.4. Perfis de resistência /susceptibilidade aos antimicrobianos testados. A:
Género Escherichia spp., B: Género Enterobacter spp............................ 36
Figura 4.5. Perfis de resistência /susceptibilidade aos antimicrobianos testados. A:
Género Klebsiella sp.; B: Género Staphylococus sp................................. 36
Figura 4.6. Perfis de resistência /susceptibilidade aos antimicrobianos testados. A:
Género Pseudomonas sp.; B: Género Proteus spp................................... 37
Tabela 1.1. Parâmetros de bacteriúra significativa....................................................... 07
Tabela 1.2. Principais antibióticos utilizados na realização de um antibiograma.......... 03
Tabela 1.3. Padrões interpretativos de diâmetros dos halos de inibição para isolados
da familia enterobacteriaceae......................................................................
26
Tabela 4.1. Frequência de isolamento dos agentes etiológicos nas Infecções do tracto
urinário......................................................................................................... 34
Tabela 4.2. Ocorrência de agentes etiológicos das infecções do tracto urinário,
segundo Faixa Etária...................................................................................
34
Tabela 8.1. Antibióticos Inibidores da Síntese da Parede Celular................................. 24
Tabela 8.2. Percentual de agentes etiológicos das infecções do tracto urinário
complicadas.................................................................................................. 47
Tabela 8.3. Percentual de agentes etiológicos Gram negativos causadores da infecção
do tracto urinário não complicada................................................................ 47
Tabela 8.4. Porcentual dos principais agentes etiológicos das infecções do tracto
urinário (ITU) encontrados..........................................................................
47

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Detecção dos principais agentes bacterianos isolados nas infecções do sistema urinário no período compreendido entre 2011 a 2015 e
determinação dos perfis de susceptibilidade aos antimicrobianos.

GLOSSÁRIO DAS ABREVIATURAS

AMP – Ampicilina.
AUG – Augumetrim.
CF – Ceftryaxona.
CIP – Ciprofloxacina.
ERI – Eritromicina.
FMUAN – Faculdade de Madicina da Universidade Agostinho Neto.
ITU – Infecção do Tracto Urinario.
NA – Ácido Nalidíxico.
TSA - Teste de Sensibilidade aos Antibióticos
TOB – Tobramicina.
UPEC – Escherichia coli Extra – Intestinal.
UFC – Unidade Formadora de Colónias.

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Detecção dos principais agentes bacterianos isolados nas infecções do sistema urinário no período compreendido entre 2011 a 2015 e
determinação dos perfis de susceptibilidade aos antimicrobianos.

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determinação dos perfis de susceptibilidade aos antimicrobianos.

1-INTRODUÇÃO

A infecção do tracto urinário (ITU) é definida como a invasão e multiplicação de


microrganismos nos tecidos das vias urinárias (HONER et al, 2015). As regiões afectadas
variam desde a uretra, rim, pelve renal, bexiga e ureteres, até estruturas adjacentes nos
homens, como a próstata e o epidídimo (SATO et al, 2015). Esse tipo de infecção é de
extrema importância no estudo das ciências médicas e biológicas, uma vez que representa
uma parte significativa das consultas nos serviços médicos públicos, num problema de saúde
público (HASENACK et al, 2014 e CAMARGO et al, 2013).
A infecção urinária pode apresentar-se de várias formas clínicas: assintomática, diagnosticada
mediante a realização de exames laboratoriais, apresentando bacteriúria. Esta forma de
infecção representa uma “colonização” das vias urinárias baixas. Por outro lado, as bactérias
podem penetrar profundamente na bexiga, levando à febre e dor na micção (disúria). Estas
são as manifestações clínicas da cistite, (KUNIN, 2014). (Figura 1.1).

Em alguns indivíduos, as bactérias na bexiga podem atingir as vias urinárias altas produzindo
a pielonefrite aguda, que pode desencadear calafrios, febre e dor intensa (ROCHA, 2013). A
infecção do tracto urinário (ITU) é uma patologia frequente que pode ocorrer em todas as
idades, desde o neonato até ao idoso; mas durante o primeiro ano de vida, devido a um maior
número de malformações congênitas, especialmente a má formação da válvula de uretra
posterior, acomete preferencialmente aos rapazes. A partir deste período e principalmente na
fase pré-escolar, as raparigas são acometidos 10 a 20 vezes mais em relação aos rapazes
(ZAMAN, 2013).

1.1. CLASSIFICAÇÃO DAS INFECÇÕES DO TRACTO URINÁRIO

As infecções do tracto urinário são classificadas como não complicadas quando ocorrem em
pacientes com estrutura e função do tracto urinário normal; são adquiridas fora do ambiente
hospitalar. As condições que se associam as infecções do sistema urinário complicadas
incluem as de causas obstructivas, anatomo-funcionais, uso prolongado de catéter ou
qualquer tipo de procedimento invasivo (SANTOS 2013). As infecções complicadas ocorrem
em indivíduos que apresentam alguma anormalidade estrutural e/ou funcional do sistema
urinário, presença de cálculos renais, doenças com predisposição à infecção renal ou na
vigência de cateterismo vesical. Pelo maior risco, as infecções do sistema urinário alto em
crianças, gestantes e idosos são consideradas infecções complicadas (OPLUSTIL, 2013).

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determinação dos perfis de susceptibilidade aos antimicrobianos.

Figura 1.1. Infecção das vias urinárias baixas (cistite) e das vias urinárias altas
(pielonefrite). Fonte: https: //www.google.co.ao

O exame microbiológico da urina é um dos métodos mais frequente e mais dificil de executar
correctamaente, pois vários interferentes relacionados à colheita, transporte e manipulação do
material biológico reflectem na determinação do resultado (MOURA 2014). Normalmente, a
urina não deve apresentar nenhum microrganismo; a presença de qualquer microrganismo
pode levar ao desenvolvimento da infecção urinária. Os indivíduos do sexo feminino em
especial, podem apresentar bactérias na urina e desenvolverem infecções do tracto urinário
assintomática. Estas manifestações denominam-se “bacteriúria assintomática” e adquirem
especial importância nas gestantes, pois além da diminuição das defesas durante a gestação,
há um aumento da progesterona o que causa o relaxamento da bexiga e favorece a estase
urinária, (dificuldade de esvaziamento total da bexiga) (MURRAY, 2013).

Existem três possibilidades para um microrganismo alcançar o tracto urinário e causar


infecções:

 Pela via ascendente, quando o microrganismo atinge a uretra, bexiga, ureter e o rim.
Esta é a via mais frequente, principalmente em mulheres (pela menor extensão da uretra) e
em indivíduos submetidos a procedimentos invasivos do trato urinário;

 Pela via hematogênica, ocorre devido à intensa vascularização do rim, podendo o


mesmo ser comprometido em qualquer infecção sistêmica sendo a mais comum nos neonatos;

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 Pela via linfática, é rara, embora haja possibilidade do microrganismo alcançar o rim
pelas conexões linfáticas entre o intestino e o rim e/ou entre o tracto urinário inferior e
superior (RUBIN, 2015).

O tracto urinário pode ser invadido por uma grande diversidade de microrganismos, como
bactérias, vírus e fungos. A natureza do microrganismo invasor depende, na maior parte da
história da infecção, dos factores subjacentes dos hospedeiros, uso de agentes
antimicrobianos e a instrumentação do tracto urinário (SATO, 2015).

De um modo geral, nas primeiras infecções encontramos apenas um género infectante, como
é o caso das infecções agudas. Já nas infecções crônicas podemos encontrar dois ou mais
géneros de microrganismos; estas últimas incidem em indivíduos com disfunção vesical
grave de origem neurogênica, que permanecem muito tempo cateterizados (GRAHAM,
2014). A maioria das infecções urinárias é causada por bactérias Gram negativas e o isolado
mais comum de acordo com MURRAY, 2014 é Escherichia coli, que pode ocorrer em cerca
de 80 a 90% tanto nas infecções bacterianas agudas complicadas como não complicadas.

Figura 1.2. Infecção da bexiga por bactérias entéricas. Fonte: https:


//www.google.com.br.

1.2. ETIOLOGIA DAS INFECÇÕES DO TRACTO URINÁRIO (ITU).

No geral, os isolados bacterianos que mais causam as infecções do tracto urinário pertencem
à família Enterobacteriaceae, e os membros desta família incluem os géneros Escherichia,
Klebsiella, Proteus, Enterobacter, Serratia, e bactérias Gram-negativas não fermentadoras
como Pseudomonas aeruginosa. Entre os agentes causadores da ITU temos também as
bactérias Gram-positivas como Enterococcus sp., Staphylococcus sp., e Streptococcus do
grupo -hemolytica (ZORC 2015, LINDSAY 2013-2015, ECHEVARRÍA 2015).

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determinação dos perfis de susceptibilidade aos antimicrobianos.

1.3. EPIDEMIOLOGIA

A infecção do tracto urinário é a terceira infecção mais comum nos humanos ficando atrás
somente das infecções respiratórias e gastrointestinais (NAJAR et al., 2013). No mundo, são
descritos aproximadamente 150 milhões de casos por ano, com uma maior incidência em
mulheres jovens sexualmente activas. Nos Estados Unidos as infecções do tracto urinário são
a causa de cerca de 8 milhões de consultas médicas por ano, dando como resultado um gasto
de mais de 6 milhões de dólares anuais em atenção médica (STAMM & NORRBY, 2013;
FOSTER, 2015). Esta incidência permite entender o impacto que este grupo tem em termos
de morbidade e custo econômico (WEICHHART et al., 2015). No Brasil, um total de 80%
das consultas clínicas está relacionado com infecção do tracto urinário, com maior número de
casos de cistites nas mulheres (POLETTO & REIS, 2015). Estes autores relatam ainda que
cerca de 38,56 % das consultas está relacionada com ITU na Etiópia e estimam cerca de 86%
para África de um modo geral.

É importante indicar que uma das complicações das infecções do tracto urinário na faixa
neonatal é a meningite, que ocorre em aproximadamente 10% dos pacientes bacteriémicos
(BONACORSI et al., 2013). Estima-se pelo menos 8% dos indivíduos do sexo feminino e 2%
dos indivíduos do sexo masculino, desenvolvam ao menos um episódio de infecção urinária
durante a infância, facto de grande importância clínica, já que pode produzir “cicatrizes” nos
rins e levar ao longo do tempo a uma insuficiência renal crônica com hipertensão
(MOHKAM et al., 2014; FARSHAD et al, 2013).

As infecções do tracto urinário voltam a apresentar na adolescência, com o início da


actividade sexual, com maior incidência nas mulheres (SOLIS, 2013). Na idade adulta, as
infecções do tracto urinário (ITU) são importantes por sua alta prevalência na mulher
sexualmente activa, que tem 50 vezes mais chance de adquirir a doença do que os homens
(JARBAS, 2014). Aproximadamente 50-70% das mulheres apresentam pelo menos um
episódio de ITU em suas vidas, sendo que 25 a 30% delas apresentam episódios recorrentes
não relacionados com nenhuma anomalia funcional ou anatômica do tracto urinário
(HOOTON, 2014; WEICHHART et al, 2014) e 5% desenvolvem uma infecção crônica,
recorrente (ZHANG & FOXMAN, 2013).

Durante o período gestacional, aproximadamente 2-7% dos indivíduos do sexo femininos


apresentam ITU em alguma etapa da gravidez ou ITU recorrentes durante todo o período
gestacional. Além disso, 17-20% das mulheres grávidas apresentam bacteriúria assintomática

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determinação dos perfis de susceptibilidade aos antimicrobianos.

que, se não tratada, pode resultar em infecção urinária acometendo as vias superiores. Este
quadro ocorre com maior frequência no segundo trimestre da gravidez, sendo o mais
frequente a pielonefrite aguda, aumentando a morbidade na gestante e o risco de parto
prematuro com ruptura prematura das membranas (MAC LEAN, 2014; VALLEJOS et al.,
2015).

Os individuos com doenças metabólicas como diabetes mellitus apresentam uma alta
prevalência e incidência de bacteriúria assintomática e infecção de tracto urinário, com
predomínio nos indivíduos do sexo feminino. Isto faz com que estes tenham um foco para
infecções sistêmicas, com aumento da morbidade e mortalidade (GEERLINGS et al., 2015;
LUDWIG E, 2015).

Considerando-se as infecções hospitalares em Unidades de Tratamento Intensivo, as


infecções do tracto urinário correspondem de 20 a 50% do total e estão associadas à presença
de cateteres urinários. Neste contexto as ITUs hospitalares, em alguns hospitais, são mais
frequentes que a pneumonia nosocomial e a bacteremia associada aos dispositivos intra
vasculares (LOPES & CORTES, 2014)

Em geral, na população idosa, a infecção do tracto urinário (ITU) é a segunda maior causa de
infecção e constitui cerca de 25% de todas as infecções identificadas nesta idade. Da mesma
forma, a bacteriúria assintomática afecta cerca de 50% das mulheres idosas e 30% dos
homens nesta faixa etária (FOXMAN, 2015). Na população de idade avançada, as ITU são
consideradas, por vezes, como ITU complicadas, em um tracto urinário que já não tem um
funcionamento fisiológico normal. Nas mulheres idosas, as cirurgias prévias do tracto
urinário e as anomalias tais como a cistocele têm sido associadas à infecção urinária. Nos
homens idosos, a hipertrofia prostática é um importante factor de risco para a infecção
urinária. Em ambos os sexos, factores neurológicos como a bexiga neurogênica contribuem
para a infecção urinária (NICOLLE, 2013; MAGLIANO et al, 2015).

1.4. DIAGNÓSTICO

A avaliação de uma infecção do tracto urinário (ITU) deve ser feita analisando-se parâmetros
clínicos e laboratoriais. (SATO et al, 2015). A manifestação clínica mais comum de infecção
do tracto urinário nos primeiros anos de vida é a febre, factor de grande importância
diagnóstica uma vez que os parâmetros de localização da infecção, como por exemplo, a dor
hipogástrica, são quase que inexistentes ou pouco específicos antes dos 4 anos de idade. Em

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determinação dos perfis de susceptibilidade aos antimicrobianos.

recém-nascidos, a presença de icterícia fisiológica prolongada é um factor relacionado a ITU


em cerca de um terço dos casos de infecção urinária nessa fase da vida. (MACHADO et al,
2015) Após os 4 anos de idade, os sintomas na criança começam a aparecer, evidenciando-se
frequentemente disúria, dor abdominal, irritabilidade e falta de apetite. (ALPER; CURRY,
2015). Nos adultos, disúria, aumento da frequência urinária, dor abdominal e urgência
miccional são os principais sintomas observados, tanto na cistite como na pielonefrite, sendo
esta última acompanhada adicionalmente por febre e dor lombar forte (HEILBERG, SCHOR;
2013). Por fim, nos idosos, a infecção urinária assintomática é a mais comum, podendo
apresentar dor abdominal e distúrbios de comportamento ao urinar, comuns nessa faixa etária.
Essa infecção assintomática é resolvida sem medicamento. (FOXMAN, 2014; HEILBERG,
SCHOR; 2015).

1.4.1. DIAGNÓSTICO MICROBIOLÓGICO DAS INFECÇÕES URINÁRIAS

Quanto ao diagnóstico laboratorial das infecções do tracto urinário, a metodologia


considerada como padrão ouro é a cultura microbiológica (HORNER et al, 2016), que
representa cerca de 40% a 70% dos pedidos enviados aos Laboratórios Clínicos. (HORNER
et al, 2016). Nessa técnica, após a colheita, o material é semeado em meios de cultura
padronizados, o Ágar MacConkey e o Agar C.L.E.D, utilizando alça calibrada de 0,001 ml. O
Ágar MacConkey é selectivo e diferencial, específico para o crescimento de bactérias Gram-
negativas. A contagem das colônias é realizada e o número UFC (unidade formadora de
colónias)/ml corresponderá ao número total de colônias presentes na placa observada,
multiplicado pelo factor da diluição (MACHADO et al, 2015).
Como critérios de avaliação de bacteriúria considerável, utilizam-se, na práctica, dois
critérios: o de Kass e o de Stamm et al.

O critério de diagnostico tradicional de Kass (1956) determina a contagem 100.000 UFC/ml


como limite indicativo de infecção urinaria. Contudo, no caso de indivíduos do sexo feminino
apresentando infecção urinaria sintomática não complicada, esse limite corresponde a uma
alta especificidade e uma baixa sensibilidade. Enquanto que Stamm considera amostras
compactíveis com ITU aquelas com contagem de colónias igual ou maior a 100 UFC/ml. O
critério auxilia a diferenciar casos de contaminação dos resultados de ITU, porém, não é,
atualmente, muito apreciado pelos microbiologistas devido ao elevado índice de resultados
falso negativos, demonstrando a alta especificidade, e, também, a baixa sensibilidade. Sendo,

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por isso, mais utilizados para crianças e mulheres jovens (STRASINGER; DI LORENZI,
2009; HENRY, 2008).

A utilização deste ou daquele critério, é da competência do clínico a cada situação isolada


como, por exemplo, pacientes idosos e o uso de antimicrobianos, já que o de Kass é mais
específico, enquanto o de Stamm é mais sensível. Os parâmetros estabelecidos de bacteriúria
significativa podem ser observados na Tabela 1.1.

Estas excepções são importantes para que não se exclua a hipótese de uma infecção urinária
mesmo com contagens baixas de culturas, possibilitando o tratamento necessário para essa
infecção. Somado a este ponto de relevância, está também o facto de que muitos dos sintomas
clínicos similares àqueles dos portadores de ITU, bem como um resultado significativo de
urina positiva, podem representar outras patologias clínicas. Ainda é valioso ressaltar que
uma vez que a urocultura é um exame demorado, no atendimento ambulatorial, o diagnóstico
de ITU não complicada em mulheres adultas é baseado na anamnese (entrevista),
proporcionando assim um tratamento mais imediato. (HASENACK et al, 2014).

Tabela 1.1. Parâmetros de bacteriúria significativa (ERICHSEN et al,


2015).
Pacientes Bacteriúria significativa
Mulher sintomática > 102 UFC/ ml
Homem sintomático > 103 UFC/ ml
Indivíduo assintomático em > 105 UFC/ ml
duas
Amostras consecutivas
Paciente cateterizado > 102 UFC/ ml
Punção Suprapúbica Qualquer crescimento

1.5. ANTIBIOTERAPIA

Para uma escolha terapêutica adequada é necessário avaliar a susceptibilidade dos agentes
etiológicos aos antimicrobianos realizando o antibiograma, teste que se constitui numa das
provas mais importantes solicitadas ao laboratório microbiológico (TENOVER et al, 2014).
Criado por BAUER et al (2005), o teste é realizado com a utilização de pequenos discos de
difusão impregnados com antibióticos, que são posteriormente colocados em meio contendo
o microrganismo em estudo. A partir do tamanho do halo de inibição do crescimento
bacteriano, cujo diâmetro é inversamente proporcional à concentração inibitória mínima, é
possível classificar o isolado em sensível, intermédio ou resistente a cada antibiótico (SEJAS

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et al, 2014) Os antibióticos usados podem variar de acordo com o tipo de bactéria a ser
testada, os principais utilizados estão listados na tabela abaixo.

Tabela 1.2. Principais antibióticos utilizados na realização de um antibiograma


(VIEIRA et al, 2015).

Bactérias Gram-Negativas Bactérias Gram-Positivas


Ampicilina Ciprofloxacina
Cefalotina Cloranfenicol
Cefotaxima Clindamicina
Cefoxitina Eritromicina
Ceftazidima Gentamicina
Ciprofloxacina Nitrofurantoína
Gentamicina Penicilina
Nitrofurantoína Rifampicina
Norfloxacina Oxacilina
Tobramicina Tetraciclina
Sulfametoxazol-Trimetropina Sulfametoxazol-Trimetropina

Muitos estudos já foram realizados comparando os perfis de susceptibilidade aos


antimicrobianos dos isolados prevalentes na comunidade (RIEGER et al, 2014; VIEIRA et al,
2013; CAMARGO et al, 2013). A pesquisa estruturada por CORREIA et al (2014), por
exemplo, detectou que E. coli, apresenta uma baixa susceptibilidade ao grupo das Quinolonas
(Ác. Nalidíxico, Norflorxacina e Ciproflorxacina), Cefalosporinas (Cefalotina e Ceftazidima),
Penicilinas (Amoxicilina e Piperaciclina) e uma elevada sensibilidade ao Imipenem,
Amicacina e Nitrofurantoína.

Um grande factor de preocupação na área médica nos últimos anos tem sido a diminuição da
susceptibilidade dos microrganismos aos antimicrobianos, devido ao aumento do uso
indiscriminado e exagerado e por vezes desnecessário de antibióticos de amplo espectro
(LOPES; TAVARES, 2014). Apesar de ser um facto por muitas vezes relacionado com as
infecções hospitalares, isolados multirresistentes também são fortemente encontradas em
pacientes da comunidade, podendo resultar em falha terapêutica e desenvolvimento de
quadros clínicos de alta morbidade. (BRAOIOS et al, 2013).
Na rotina ambulatorial, quando o médico se depara com pacientes que apresentam sintomas
urinários suspeitos de infecção não complicada, a terapia empírica com antibióticos é
usualmente a opção utilizada, levando sempre em consideração as peculiaridades de
indicação para cada faixa etária, sexo e condições específicas do paciente. (BOMBARDÓ et
al, 2013) A terapia empírica, portanto, permite tomar decisões clínicas e terapêuticas antes do
diagnóstico laboratorial de ITU ser confirmado. (ALPER; CURRY, 2015) Assim, a adoção
desse tipo de conduta, requer o conhecimento dos principais agentes etiológicos envolvidos,

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assim como o perfil de sensibilidade aos antimicrobianos desses possíveis agentes


(BAERHEIM, 2014), destacando-se a necessária atenção para as variações existentes devido
ao histórico comportamental de cada região. (WARREN et al, 2014).

1.6. PREVENÇÃO

Segundo FALCÃO (2015), para prevenir a ITU deve-se ingerir quantidade adequada de
líquidos (média de dois litros por dia), não reter a urina, manter relações sexuais protegidas e
evitar o uso de antibióticos sem indicação médica. Como as mulheres, após a infância, estão
mais propensas a adquirir ITU, os métodos de prevenção como a higiene adequada da região
perianal, limpando-se sempre da frente para trás, após usar o toalete; evitar o uso de
absorventes internos; evitar o uso constante de roupas íntimas de tecido sintético (preferir as
de algodão) e usar roupas mais leves para evitar transpiração excessiva na região genital,
podem auxiliar na prevenção.

GUIDONI & TOPOROVSKI (2014), explicam que o tratamento da ITU visa,


principalmente, a erradicação da bactéria no tracto urinário, com consequente
desaparecimento dos sintomas. As orientações gerais, tais como carácter recorrente da ITU;
aporte hídrico adequado; e correcções dos hábitos miccional e intestinal são importantes,
aumentando a eficácia do tratamento medicamentoso e o intervalo entre as eventuais
infecções. A terapêutica medicamentosa deve ser escolhida criteriosamente, levando-se em
consideração a repercussão que pode advir sobre a flora intestinal normal, uma vez que esse é
o principal reservatório das bactérias uropatogênicas. O antibiograma actua
complementarmente à cultura de urina e informa o antibiótico mais adequado ao combate do
uropatógeno (WARREN et al, 2014).

1.7. IDENTIFICAÇÃO LABORATORIAL DE BACILLUS GRAM NEGATIVOS


A identificação de bactérias baseia-se na análise morfológica da célula, nas caracteristicas
culturais, fisiológicas, serológicas e caracteristicas moleculares. A forma da bactéria,
observada ao microscópio após coloração diferencial, a forma da colónia obtida após cultura
em meio sólido apropriado, a capacidade de metabolização de substratos particulares, são
alguns dos indicadores utilizados na identificação de uma bactéria. Um teste bioquimico
utilizado para distinguir uma dada espécie, pode não ser significativo na identificação de
outra espécie. Assim o facto da Escherichia coli fermentar a lactose com produção de gás,

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constitui um dos testes importante para distinguir esta bactéria de outros microrganismos
Gram negativos com forma de bastonete. Esta reacção particular é importante entre as
bactérias entéricas, mas sem significado para outros grupos de bactérias.

1.8. COLORAÇÃO DIFERENCIAL: TÉCNICA DE GRAM

As técnicas de coloração, por aumentarem o contraste entre as bactérias e o meio permitem


estudar as características morfológicas das bactérias (forma, dimensão, modo de
agrupamento) ou determinadas estruturas da célula bacteriana como cápsula, esporos ou
flagelo. Estas técnicas classificam-se em Colorações simples ou negativas e colorações
diferenciais:

 Nas colorações simples aplicam-se geralmente uma única camada de corante. O


corante utilizado, ou tem afinidade para a célula bacteriana e observam‐se os
microrganismos corados contra um fundo transparente, ou cora o meio envolvente
ficando os microrganismos transparentes (MURRAY et al., 2014).
 As colorações diferenciais exigem a aplicação de mais do que um corante e, por vezes
de outros reagentes. Permitem evidenciar estruturas celulares como cápsula, esporos,
flagelos, núcleo, etc., ou classificar as bactérias em grupos; coloração de Gram e
coloração de álcool (MURRAY et al., 2014).

A técnica de Gram, também conhecida como coloração de Gram, é um método de coloração


de bactérias desenvolvido em 1884 pelo médico dinamarquês Hans Christian Joachim Gram.
A técnica permite classificar as bactérias em Gram positivas, quando possuem grossa camada
de peptidoglicanos e a parede celular não possui lípidos ou o seu teor é baixo e Gram
negativas, quando a parede celular destas bactérias possui um elevado teor em lípidos na
membrana externa e uma camada muito fina de peptidoglicanos que circunda a membrana
plasmática, tendo como base a diferente estrutura da parede celular (MARTINEZ; TADEI,
2015).

O método consiste em tratar sucessivamente um esfregaço bacteriano, fixado pelo calor, com
os reagentes cristal violeta, lugol, etanol-acetona e fucsina básica. As bactérias que adquirem
a coloração azul violeta são chamadas de Gram-positivas e aquelas que adquirem a coloração
vermelho são chamadas de Gram-negativas (Figura 1.3).

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Figura 1.3. Esquema ilustrativo da técnica de coloração de Gram (adaptado de Koneman et al, 1993).

O método da coloração de Gram é baseado na capacidade das paredes celulares de bactérias


Gram-positivas de reterem o corante cristal violeta no citoplasma durante um tratamento com
etanol-acetona enquanto que as paredes celulares de bactérias Gram-negativas não o fazem.

A B

Figura 1.4. Esquema ilustrativo da estrutura membranar A e de parede celular B de bactérias (adaptado de Menezes et al, 2003).

Para a identificação dos isolados pode-se utilizar testes já preparados e submetidos a controle
de qualidade, e estes podem ser adquiridos no mercado em forma de kits acompanhados dos
respectivos esquemas de identificação; pode-se utilizar também métodos de identificação
automatizados, estes em geral utilizam as mesmas provas bioquímicas e ampliam o número
de testes podendo caracterizar com maior segurança e melhor poder de discriminação a nível
do gênero e espécies não comuns. Os métodos rápidos em geral utilizam substratos
cromogênicos para detecção de enzimas produzidas pelos microrganismos e que se revelam

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após 4 a 6 horas de incubação. Na rotina bacteriológica, existem várias alternativas e, com


base em conjuntos ou sistemas simplificados de provas bioquímicas, é possível realizar a
triagem e identificação presuntiva dos principais gêneros de interesse clínico. Deste modo, as
enterobactérias isoladas apartir de amostras clínicas, cerca de 90% podem ser perfeitamente
identificadas através destes esquemas de identificação.

As principais provas para a identificação das enterobactérias de importância clínica incluem a


fermentação da glicose, lactose e sacarose, motilidade, utilização de citrato de Simmos,
descarboxilação da lisina, produção de sulfureto de hidrogênio (H2S), produção de gás
carbónico (CO2), oxidase, produção de indol, produção de urease; provas complementares de
Identificação como fermentação de outros carboidratos: sacarose, maltose, arabinose,
salicina, dulcitol, manitol, etc (Figura 1.5).

Figura 1.5. Fluxograma de identificação de bactérias gram negativas (Koneman et al, 1993).

O meio IAL (INSTITUTO ADOLFO LUTZ) foi elaborado para triagem de enterobactérias e
consta de nove provas em apenas um tubo de ensaio, que consistem em: indol (tampa),
fermentação da sacarose, glicose e produção de gás, fenilalanina, uréia, H2S, Lisina,
Motilidade. Baseado nestas provas é possível identificar microrganismos como: E. coli,
Shigella (indol positiva), Shigella (indol negativa), E. aerogenes, K. pneumoniae, Klebsiella
spp. (sacarose negativa), E. cloacae, Providencia spp. (uréia positiva) ou M. morganii,
Providencia spp. (uréia negativa) P. mirabilis, P. vulgaris, Salmonella spp. – Salmonella

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typhi, C. freundi complexi, Serratia marcescens (provas complementares), V. cholerae, Vibrio


spp., como mostra a figura seguinte.

Figura 1.6. Fluxograma de identificação de Bacillus Gram Negativos. (ANVISA, 2010)

1.9. ENQUADRAMENTO TAXONÓMICOS DOS ISOLADOS EM ESTUDO

Em 1977 Carl Woese & Fox (1977) publicaram um trabalho sobre o uso de sequências do
cronômetro RNAr 16S para a reconstrução da Árvore da Vida. Subsequentemente, se
demonstrou que o RNAr 16S seria extremamente útil na afiliação filogenética de bactérias
em espécies, gêneros e famílias (Woese, 1987). O uso do RNAr 16S foi prontamente
incorporado à taxonomia polifásica (Stackebrandt & Goebel, 1987). O desenvolvimento
rápido dos métodos de sequenciamento de DNA e o acúmulo da informação de sequências
em bases de dados públicas de livre acesso (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/) têm permitido o
sequenciamento comparativo de genes homólogos entre linhagens microbianas e é agora
procedimento padrão em sistemática microbiana.
A aplicação de conceitos e práticas de taxonomia polifásica, a qual apresenta forte
embasamento filogenético, teve um efeito profundo na classificação microbiana em todos os
níveis da hierarquia taxonômica. Em particular, a crença na divisão dos seres vivos em 5
reinos proposta por Whittaker em 1969 foi desafiada pelo trabalho de Carl Woese e
colaboradores, baseado no sequenciamento comparativo de moléculas de RNAr e evidência
genômica e bioquímica associada. Foi então proposto que a classificação dos seres vivos
fosse substituída por um esquema baseado em 3 reinos ou Domínios: Bacteria, Archaea e
Eucarya, sendo os dois primeiros exclusivamente microbianos e compostos por células
procarióticas. O terceiro Domínio, Eucarya, engloba todos os organismos eucariontes,
incluindo os microrganismos fungos e protozoários.

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Figura 1.7. Árvore filogenética dos seres vivos baseada em estudos comparativos de sequências de rDNa 16S e
23S (Tortora et al, 2012 ).

As classificaçôes taxonómicas propostas por Bergey´s (1984) e Trevisan (1885) agrupam os


microrganismos em três domínios: Archaeae, Bacteria e Eukarya. Cada um destes domínios é
dividido em filos, estes em classes, as classes em ordens, as ordens em famílias, as famílias
em géneros, os géneros em espécies e as espécies em estirpes. Na 9ª edição do Bergey´s
Manual of Sistematic Bacteriology, as bactérias são identificadas e classificadas com base
nos critérios como: composição da parede celular, morfologia, coloração diferencial e
exigencias nutricionais.
Segundo aquele manual, os microrganismos identificados como pertencentes aos géneros
Escherichia spp., Enterobacter spp., Klebsiella spp., Staphylococcus spp., Pseudomonas e
Proteus spp., ocupam as seguintes categorias taxonómicas:

Domínio: Bacteria
Reino: Monera
Filo: Proteobacteria
Classe: Gammaproteobacteria
Ordem: Enterobacteriales
Família: Enterobacteriaceae
Géneros: Escherichia, Enterobacter, Klebsiella e Proteus.

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Reino: Bacteria

Filo: Firmicutes

Classe: Bacilli

Ordem: Bacillales

Família: Staphylococcaceae

Género: Staphylococcus

Domínio: Bacteria

Filo: Proteobacteria

Classe: Gammaproteobacteria

Ordem: Pseudomonadales

Família: Pseudomonadaceae

Género: Pseudomonas

1.9.1. GÉNEROS: ESCHERICHIA, ENTEROBACTER, KLEBSIELLA, STAPHYLOCOCUS,


PEUDOMONAS E PROTEUS.

Escherichia é um gênero de bactérias bacilares gram-negativas, não formadoras


de esporos, anaeróbicas facultativas, da família Enterobacteriaceae. Habita o tracto
gastrointestinal de animais de sangue quente, excepto pela espécie E. blattae, isolada
do intestino de baratas.

Como pertencentes do 4º grupo de Bergey, estas bactérias são pequenas, e podem ser imóveis
ou móveis por flagelação. Fermentam açúcares, libertando ácidos e gases e reduzem nitratos.
São principais agentes causadores de infecções urinárias nosocomiais. A maioria
das estirpes de E.coli é inofensiva, mas alguns sorotipos podem causar graves intoxicações
alimentares nos seres humanos, e são ocasionalmente responsáveis pela recolha de produtos
alimentícios devido à sua contaminação. As estirpes inofensivas constituem parte da flora
intestinal humana normal, e podem ser benéficas para os seus hospedeiros ao
produzirem vitamina K2, e impedirem que ali se estabeleçam bactérias patogénicas.

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Enterobacter pertence à família Enterobacteriaceae, pertencente ao 5º Grupo de Bergey.


Como resultado disso, abarca bactérias pequenas, gram negativas e anaeróbias facultativas.
Ocorrem a nível de quase toda a natureza, sendo visívies na água doce, solos, esgotos,
vegetais, animais e fezes humanas. Algumas são agentes patogénicos oportunistas, sendo a
causa de queimaduras, ferimentos e infecções urinárias. Ocasionalmente, podem também
provocar septicemia e meningite (EUGENE SANDERS et al 2014).

Assim estes patógenos passaram a serem acompanhados mais de perto, devido à sua
capacidade de se tornarem resistentes aos antimicrobianos, além de sua maior proliferação,
principalmente nos países subdesenvolvidos. Recentemente Enterobacter spp tem se
multiplicado em grande escala atingindo e infectando diversas comunidades, principalmente
envolvendo questões medicinais, como pacientes pós-cirúrgicos (EUGENE SANDERS et al
2014). Outro gênero desta família de Enterobacteraceas que tem causado graves infecções
principalmente em recém-nascidos é o E. sakazakii e E. cloacae onde se tem relatos de
recém-nascidos com casos de meningite BARREIRA et al, (2013). Enterobacter sakazakii é
um bacilo gram-negativo que apenas raramente causa infecções em humanos.

O gênero Klebsiella pertence à família Enterobacteriaceae, que é constituída por bactérias


Gram negativas. Segundo o ØRSKOV et al. (1984), o manual de Bergey´s de Sistemática
Bacteriológica classificou o gênero Klebsiella em cinco espécies, mas actualmente são
identificadas 16 especies no total; esta classificação baseou-se em taxonomia numérica
usando caracteres fenotípicos e moleculares (dados derivados de estudos de hibridação DNA-
DNA): K. pneumoniae, K. oxytoca, K. terrigena, K. ornithinolytica e K. planticola, K.
pneumoniae subsp. pneumoniae, K. pneumoniae subsp. ozaenae e K. pneumoniae subsp.
rinoscleromatis, K. granulomatis, K. michiganensis, K. quasipneumoniae, K.
quasipneumoniae subsp. quasipneumoniae, K. quasipneumoniae subsp. similipneumoniae, K.
variicol, K. mobilis.. As espécies de Klebsiella têm emergido como patógenos oportunistas,
capazes de desenvolver também quadros de infecções adquiridas na comunidade. Entretanto,
a maioria das infecções causadas por estes microrganismos continua sendo de origem
hospitalar, onde causam infecções diversas como as infecções do trato urinário, pneumonia,
infecções intra-abdominais e de corrente sanguínea, em pacientes imunocomprometidos.

As bactérias do gênero Staphylococcus apresentam coloração Gram-positiva e são


consideradas agentes patogênicos para os humanos. Organizam-se em grupos que se
assemelham a cachos de uvas, com formas esféricas de cocos.

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O gênero Staphylococcus é responsável por um grande número de infecções bacterianas no


homem, sendo dividido em dois grandes grupos com base na produção da enzima coagulase.
O primeiro grupo, conhecido como Staphylococcus coagulase-positiva, é representado,
principalmente, pelo Staphylococcus aureus. O segundo grupo, chamado estafilococos
coagulase-negativa (ECN), é compreendido por várias espécies: S. epidermidis, S.
haemolyticus, S. saprophyticus, S. lugdunensis, S. cohnii, S. schleiferi, S. simulans, S.
hominis, S. warneri, S. capitis, S. caprae e S. xylosus.

Staphylococcus é um dos membros patogênicos da microbiota normal do ser humano, em que


existe como persistente ou transitório sem causar qualquer sintoma. É encontrado em várias
partes do corpo, tais como fossas nasais, mãos, garganta, intestinos, sendo as fossas nasais o
principal reservatório da bactéria (DAVIS, B. D. et al 2015).

Pseudomona é um género de bactérias gram negativas, bacilares, amplamente encontradas


em diversos ambientes, da família Pseudomonadaceae. A espécie mais patogénica é a
Pseudomonas aeruginosa que causa infecções respiratórias, urinárias ou bacteriemia
opurtunistas em indivíduos hospitalizados, com cateteres ou imunodeprimidos, otite em
crianças e conjuntivite em quem usa lentes. Possuem ampla resistência, exigindo cultivo e
teste de sensibilidade a antibióticos para decidir o melhor tratamento.

Proteus sp é um bacilo gram negativo entérico (faz parte da flora normal do intestino), faz
parte do grupo de coliformes totais e é responsável por uma boa parte das infecções urinárias,
principalmente em mulheres pela forma incorreta de higiene após a evacuação.
Recentemente, estudos moleculares incluíram quatro espécies bacterianas dentro do gênero
Proteus: P.vulgaris, P.mirabilis, P.myxofaciens e P.penneri. Proteus mirabilis é uma das
espécies mais importantes clinicamente, sendo responsável por 10% de infecções do trato
urinário não complicadas além de ser o quinto patógeno responsável por infecções urinárias
hospitalares (GALES et al., 2015). Pode ainda causar infecções de ferida. P.vulgaris é isolado
com maior frequência em pacientes imunodeprimidos e naqueles que fazem uso prolongado
de antimicrobianos. P.penneri é ocasionalmente isolado e tem sido descrito como um
patógeno hospitalar. P.myxofaciens até o momento não foi relatado como agente causador de
infecções em humanos.

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1.10. TESTE DE SUSCEPETIBILIDADE AOS ANTIMICROBIANOS

Desde muito cedo, antes mesmo de terem sido criadas as bases microbianas das doenças
infecciosas, o homem já utilizava certas substâncias químicas com o objectivo de tentar
retardar quadros clínicos de malária, pelo uso do quinino e da emetina a fim de combater as
amebíases. Só nos finais do século XIX e início do século XX que os pesquisadores
começaram a estabelecer possíveis relações entre moléculas específicas e o controlo de
microrganismos (ANVISA 2014).
Apesar do uso de diversas substâncias no tratamento de doenças infecciosas desde o século
XVII, a quimioterapia como ciência iniciou com Paul Ehrlich que, pela primeira vez,
estabeleceu os princípios da toxicidade selectiva e reconheceu as relações químicas
específicas entre parasitas e antimicrobianos, o desenvolvimento da resistência parasitária aos
medicamentos e o papel da combinação medicamentosa no combate aos parasitas. Em 1935,
com a descoberta das sulfonamidas por Domagk, deu-se um rápido crescimento na
quimioterapia microbiana. Em 1940 Chain e Florey demonstraram que a penicilina,
descoberta por Fleming em 1929, poderia constituir-se numa substância eficaz no controlo
das infecções.
Nos 25 anos subsequentes, a pesquisa quimioterápica foi centralizada em grande parte, nas
substâncias antimicrobianas de origem microbiana, denominadas antibióticos. Ao
isolamento, concentração, purificação e produção em massa da penicilina, seguiu-se o
desenvolvimento da Estreptomicina, Tetraciclina, Cloranfenicol e muitos outros antibióticos.
Embora inicialmente estas substâncias tenham sido isoladas a partir de filtrados do meio nos
quais seus respectivos fungos filamentosos (Streptomyces) haviam crescido, diversas formas
foram posteriormente sintetizadas. Nos últimos anos, modificações químicas nas moléculas
através da biossíntese, têm-se revelado num método notável de aparecimento de novos
antimicrobianos (JAWETZ et al, 2014).

1.11. MECANISMOS DE ACÇÃO DOS ANTIBIÓTICOS

Em 1928 Alexander Fleming fez uma descoberta importante na área farmacológica, ao


verificar a inibição de uma cultura bacteriana de Staphylococcus aureus pela acção do fungo
Penicillium notatum. Surgiu assim a Penicilina que algumas décadas depois passou a ser

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determinação dos perfis de susceptibilidade aos antimicrobianos.

produzida em escala industrial, iniciando assim, uma nova era para a medicina: era dos
antibióticos.
Um antibiótico pode ser classificado segundo o seu espectro e mecanismo de acção:
(1) Inibidor da parede celular – -latâmicos, bacitracina e glicopeptídeos;
(2) Inibidor da membrana plasmática – polimixinas e daptomicina;
(3) Inibidor da síntese protéica – aminoglicosídeos, tetraciclina, cloranfenicol e macrólidos;
(4) Inibidor da síntese de ácidos nucléicos – rifampicina, metronidazol e quinolonas;
(5) Inibidor dos processos metabólicos – Sulfonamidas.

1.11.1. INIBIDORES DA PAREDE CELULAR


A acção farmacológica destes antibióticos relaciona-se com a inibição da síntese de um dos
constituíntes da parede celular das bactérias, designada por peptidoglicano, fazem parte deste
grupo os seguintes antibióticos: -lactâmicos, Cefalosporinas, Carbapenemas,
Monobactamos, Glicopeptídeos, Aminoglicosídeos, Macrolídeos e Quinolonas.

 -LACTÂMICOS
Os β-lactâmicos são a classe de antimicrobianos mais prescritos em todo o mundo e possuem
em comum na sua estrutura o anel -lactâmico. Fazem parte deste grupo quatro grandes
subgrupos: Penicilinas, Cefalosporinas, Carbapenemes e Monobactamos.
Encontra-se dividida em várias subclasses de acordo com o seu espectro de actividade, entre
elas: Penicilinas naturais (benzilpenicilinas e fenoximetil-penicilina), Aminopenicilinas,
Isoxazolilpenicilinas ou penicilinas resistentes às penicilinases, Penicilinas anti-Pseudomonas
ou de largo espectro e Amidinopenicilinas (LABORCLIN 2014).
Mecanismo de acção: interfere a síntese do peptidoglicano que é responsável por manter a
integridade da parede bacteriana. No caso das bactérias Gram negativas, o antibiótico deve
penetrar através das porinas presentes na parede celular e ligar-se a receptores proteicos
bacterianos designados PBPs (Penicillin Binding Proteins) ou transpeptidase e conseguir
inactiva-las. Desta forma impedem a etapa final na síntese da parede celular. Nas bactérias
Gram positivas o polímero de peptidoglicano encontra-se mais à superfície da célula,
permitindo que o antibiótico se ligue mais facilmente as PBP’s (ANVISA 2013).

 CEFALOSPORINAS

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As cefalosporinas são antibióticos -lactâmicos com acção bactericidas e classificadas em


quatro classes - 1ª, 2ª, 3ª e 4ª geração - de acordo com o seu espectro de actividade. São
eficazes na presença de bactérias Gram (+/-), no entanto à medida que se avança nas
diferentes gerações, o espectro para Gram negativas amplia-se (as cefalosporinas de 4ª
geração são as mais activas), mas perde-se alguma actividade para os Gram + (BARROS, E.
2015).

 Cefalosporina de 1ª Geração
O cefadroxil, a Cefatrizina e a Cefradina são os fármacos representantes da 1ºgeração de
cefalosporinas. Exercem acção contra cocos Gram positivos incluindo Estafilococos
produtores de ß-lactamases. No entanto a actividade contra Gram negativos é restrita, embora
muitas estirpes de E. coli, Klebsiella pneumoniae e Proteus spp., sejam susceptíveis. Não
apresentam efeito terapêutico contra Enterococos, Estafilococos resistentes à meticilina e P.
aeruginosa.
A cefatrizina tem a vantagem de não ser degradada pela penicilase, o que representa uma
vantagem em relação à restante subclasse. Estão indicados em infeções urinárias, faringites,
sinusites, infeções respiratórias, amigdalites e infecções da pele, provocadas por estas
bactérias.

 Cefalosporina de 2ª Geração
Com um espectro de acção mais alargado que as cefalosporinas de 1ª geração contra bactérias
Gram negativas (com excepção do cefaclor) são activas contra a maioria das estirpes de
Haemophilus influenzae incluindo as estirpes resistentes à ampicilina, Bacteroides fragilis e
Neisseria gonorrhoeae.
No entanto continuam a não apresentar cobertura sobre Enterococos, Estafilococos
resistentes à meticilina e P. aeruginosa.
Representados pelos fármacos Cefaclor, Cefeprozil, Cefonicida, Cefoxitina, Cefuroxima
estão indicados para infecções do tracto respiratório, urinário e infecções da pele.

 Cefalosporina de 3ª Geração
Esta geração tem a vantagem de serem eficazes contra estirpes Gram negativas
multiresistentes como Citrobacter, Enterobacter, E. coli, Klebsiella, Proteus, Morganella e
Serratia, para além de cobrir todo o espectro bacteriano das gerações anteriores. No entanto,

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tal como as anteriores gerações esta também não é activa em Enterococos e Estafilococos
resistentes à meticilina.

Os seguintes fármacos fazem parte desta subclasse: Cefditoreno, Cefetamet, Cefodizima


sódica, Cefotaxima, Ceftazidima, Ceftriaxona, Cefixima. Esta última tem a vantagem de não
ser degradada pelas enzimas -lactamases.

São usualmente utilizadas no tratamento de infecções graves nosocomiais, infecções


respiratórias e urinárias, meningites bacterianas.

 Cefalosporina de 4ª Geração
Esta geração de cefalosporina foi a última a ser desenvolvida apresentando como único
representante a Cefepima. Tem um espectro sobre Gram negativas mais alargado que as
restantes subclasses actuando ainda sobre P. aeruginosa e algumas Enterobactereaceae que
são geralmente resistentes às cefalosporinas de 3ª geração. No entanto também não é activa
contra Enterococos e Estafilococos resistentes à meticilina. Tem indicação terapêutica
dirigida para o tratamento de infecções nosocomiais graves.

 CARBAPENEMAS
São antibióticos -lactâmicos com um potente efeito bactericida e com um amplo espectro
sendo resistentes à maioria das -lactamases e activos contra Gram positivo, Gram negativo e
anaeróbios. O imipenem, meropenem e ertapenem são os três fármacos representativos. Estão
indicados no tratamento de pneumonias adquiridas na comunidade e nosocomiais, infecções
intra-abdominais, geniturinárias, da pele e tecidos moles e ainda em infecções do pé diabético
(BARROS, E. 2015).

 MONOBACTAMOS
Representados pelo aztreonam esta última classe de ß-lactâmicos monocíclicos caracteriza-se
por ter um espectro limitado a bactérias aérobias Gram negativas, sendo a sensibilidade de P.
aeruginosa variável. Pode ser uma alternativa a aminoglicosídeos. Tem a vantagem de não
ser inactivado pelas -latamases da maioria das bactérias, com excepção de K. pneumoniae e
P. aeruginosa.

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Figura 1.8. Estrutura


molecular da penicilina (acima 1) e
Cefalosporina (abaixo 2) com
anel -lactâmico a
vermelho (Afonso et al, 2017).

 GLICOPEPTÍDEOS
Fazem parte desta classe os fármacos vancomicina e teicoplanina. A vancomicina produzida
por um fungo Streptomyces orientalis é o fármaco de preferência no tratamento de infecções
graves por Gram positivos como S. aureus ou epidermidis resistentes à meticilina. Está
indicada na profiláxia da endocardite bacteriana em doentes de alto risco, pneumonias,
osteomielites, colite pseudomembranosa causada por Clostridium difficile e enterocolite
estafilocócica.
A teicoplanina produzida por Actinoplanes tichomyceticus está indicada em infeções graves
devidas a cocos Gram positivos nomeadamente Estafilococos resistentes à meticilina. A
teicoplanina e a vancomicia actuam na síntese da parede celular ligando-se à porção terminal
D-alanil-D-alanina da cadeia peptídica do peptidoglicano, impedindo as pontes peptídicas
entre as cadeias do peptidoglicano e desta forma lisando a célula.

 AMINOGLICOSÍDEOS
Os aminoglicosídeos são antibióticos bactericidas activos contra a maioria das bactérias
aeróbias Gram negativas incluindo P. aeruginosa, Klebsiella spp., Serratia spp., Enterobacter
spp., Citrobacter spp., Haemophilus spp., e Acinetobacter spp.
Desta classe fazem parte os fármacos gentamicina, neomicina, amicacina, netilmicina,
estreptomicina e tobramicina. O mecanismo de acção inicia-se com a ligação à parede
celular, sendo depois transportado para o citoplasma por um processo dependente de gasto
energético. No citoplasma liga-se a fração 30S do ARNr causando uma leitura errada da
ARNm. Isto conduz a uma sequência errada de proteínas codificadas que ao serem
incorporadas na membrana celular afectam a sua permeabilidade, conduzindo ao efluxo de

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moléculas e iões vitais para a bactéria. Destacam-se ainda nesta classe a Estreptomicina,
Gentamicina e a Amicacina.

Figura 1.9. Estrutura


molecular de um aminoglicosídeo, in:
Afonso et al, 2017).

 MACRÓLIDOS
Os macrólidos apresentam geralmente efeito bacteriostático com inibição da síntese proteica,
mas quando usados em concentrações elevadas, apresentam efeito bactericida. Actuam
ligando-se aos receptores da subunidade 50S do ribossoma, impedindo as reações de
transpeptidação e translocação, com consequente inibição da síntese proteica. Destacam-se
três fármacos nesta classe: a Azitromicina, a Claritromicina e a Eritromicina.

1.11.2. INIBIDORES DA SÍNTESE DO ÁCIDO NUCLEICO

 QUINOLONAS
A sua actividade bactericida resulta da inibição do ADN girase ou topoisomerase II, enzima
essencial à replicação e transcrição do ADN bacteriano. A inibição desta enzima impede o
super-enrolamento do ADN, não ocorrendo à separação das cadeias de ADN, logo inibindo a
transcrição e a síntese proteica.
A ciprofloxacina é o principal representante desta classe e a que apresenta maior actividade
contra P. aeruginosa. Está indicada no tratamento de infecções do tracto respiratório, urinário
e genital. A norfloxacina está exclusivamente indicada no tratamento de infecções urinárias.

Figura 1.10. Estrutura molecular de quinolona: ciprofloxacina, in: Afonso et al, 2017.

1.11.3 INIBIDORES DOS PROCESSOS METABÓLICOS

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determinação dos perfis de susceptibilidade aos antimicrobianos.

As sulfonamidas foram o 1º grupo de fármacos utilizados como antimicrobianos. O fármaco


actualmente em comercialização é uma associação de trimetoprim com sulfametoxazol
designada cotrimoxazol.
O efeito é sinérgico tornando o seu poder bacteriostático mais forte uma vez que actuam em
passos diferentes do metabolismo do ácido fólico. Como são estruturalmente semelhantes ao
PABA (ácido para-aminobenzóico), competem com este para a síntese do diidropteroato
sendo incorporadas em vez dele. Os microorganismos que usam folatos exógenos não lhe são
sensíveis.
O espectro de acção inclui Streptococos pyogenes e S. pneumoniae, Haemophilus influenzae
e H. ducreyi. No entanto apresenta pouca ou nenhuma actividade sobre estafilococos,
meningococos e Pseudomonas. Está indicado na profiláxia e tratamento de infecções
urinárias por E. coli, prostatites, e infecções devidas a Salmonella sp., Pneumocystis carinii,
Isospora belli, e Ciclospora sp.

Figura 1.11. Principais Mecanismos de acção de antibióticos sobre as bactérias (Anvisa, 2010).

1.12. TESTE DE SUSCEPTIBILIDADE AOS ANTIBIOTICOS: MÉTODO DE DISCO-DIFUSÃO


(KIRBY-BAUER)
O teste de disco-difusão em Agar Muller Hinton foi descrito em 1966, por Bauer e Kirby. O
teste fornece resultados qualitativos e, é um dos métodos de susceptibilidade mais simples,
confiável e mais utilizado pelos laboratórios de microbiologia. O seu princípio básico é a
difusão do antimicrobiano na superfície do ágar, a partir de um disco impregnado com o
mesmo antimicrobiano (AFONSO et al, 2017)(Figura 1.12).

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A B

Figura 1.12. Teste de sensibilidade aos antibióticos. A: Difusão em Agar; B: curva de regressão da correlação entre a CIM e o halo de
inibição (Labor Clin in: Afonso et al, 2017).

1.13. CATEGORIAS E INTERPRETAÇÃO DO ANTIBIOGRAMA


A interpretação laboratorial dos resultados de sensibilidade em função dos valores
estabelecidos por diferentes comités realiza-se diariamente nos laboratórios de microbiologia
clínica. Este processo permite o êxito terapêutico com a utilização de antibióticos em
indivíduos infectados com microrganismos sensíveis. O teste de sensibilidade permite avaliar
o perfil de sensibilidade de um microrganismo a um ou vários antimicrobianos, sendo os
resultados um dos factores preditivos da eficácia clínica.
As interpretações como: Sensível, Intermédio ou Resistente de acordo com a medição do
diâmetro dos halos de inibição são feitas como a seguir indicado:
 Sensível (S): Significa que uma infecção por um determinado isolado microbiano
pode ser tratada adequadamente com a dose do agente antimicrobiano recomendada
para esse tipo de infecção e patógeno, exceto quando contra-indicado.
 Intermédio (I): Esta categoria implica baixa eficácia clínica nos sítios corpóreos, onde
os antimicrobianos se concentram fisiologicamente (quinolonas e -lactâmicos na
urina) ou quando for possível utilizar uma dosagem maior do antibiótico que a normal
(-lactâmicos). Essa categoria também inclui uma zona-tampão, a qual deverá
impedir que pequenos fatores técnicos não sujeitos a controlo interno causem
discrepâncias importantes na interpretação, especialmente no caso de antimicrobianos
com pequenas margens de farmacotoxicidade.
 Resistente (R): Os isolados resistentes não são inibidos pelas concentrações
sistêmicas dos agentes antimicrobianos geralmente atingíveis nos regimes
terapêuticos habituais; e/ou podem ter os diâmetros do halo de inibição dentro de uma
faixa de maior probabilidade de ocorrência de mecanismos específicos de resistência
microbiana (-lactamases), além de a eficácia clínica não ter sido confiável nos
estudos terapêuticos.

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determinação dos perfis de susceptibilidade aos antimicrobianos.

Tabela 1.3. Padrões interpretativos de diâmetros dos halos de inibição para


isolados da familia enterobacteriaceae. (Labor Clin).

Diâmetros dos halos de inibição medidos em mm


Antibióticos S I R Classe
Ácido Nalidíxico 10µg ≥ 19 14-18 ≤13 Quinolona
Augumetim 20/10µg ≥ 18 14-17 ≤13 ß-latâmico
Ampicilina 10µg ≥ 17 14-16 ≤19 ß-latâmico
Ceftryaxona 30µg ≥ 23 20-22 ≤15 ß-latâmico
Ciprofloxacina 5µg ≥ 21 16-20 15 Quinolona
Eritromicina 15µg ≥ 23 14-22 ≤13 Macrolídeo
Tobramicina 10µg ≥15 13-14 ≤12 Aminoglicosídeo

1.14. RESISTÊNCIA BACTERIANA: INTRISECA E ADQUIRIDA


No contexto da resistência aos antibióticos, os organismos procarióticos podem apresentar
um dos três fenótipos fundamentais: resistência intrínseca, resistência adquirida ou
susceptibilidade.

A resistência natural é uma característica intrínseca de um microrganismo, que ocorre sem


uma exposição prévia ao antibiótico. O conhecimento da resistência intrínseca das diferentes
espécies ajuda a escolher as estratégias de tratamento empírico. (RICE & BONOMO, 2015)
A resistência das bactérias a determinados antibióticos deve-se a três possíveis razões: A
ausência de um processo metabólico influenciável pelo antibiótico; Existência de enzimas
que apresentem a capacidade de inactivar o antibiótico; Presença de particularidades
inerentes à morfologia bacteriana. (VEIGA, 2014).

A resistência adquirida aos antibióticos, por sua vez, pode resultar da mutação de genes
reguladores ou estruturais, da aquisição de genes de resistência veiculados por elementos
genéticos móveis ou da combinação de ambos os mecanismos. O fenótipo resultante da
resistência adquirida não irá estar presente em todos os indivíduos da mesma espécie, existirá
apenas nos indivíduos de uma linhagem bacteriana que derive de um organismo susceptível.
A aquisição de genes de resistência faz-se, muitas vezes, através de elementos móveis, tais
como plasmídeos, transposões ou integrões. Os genes que codificam β-lactamases surgem
como exemplo de genes que são muitos deles, disseminados por plasmídeos, os quais podem
ser facilmente adquiridos por diversas bactérias patogénicas. Naturalmente, a susceptibilidade
aos antibióticos resulta da ausência total de mecanismos de resistência que possibilitem a
sobrevivência das bactérias na presença de determinados compostos (HARBOTTLE et al.,
2015).

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Existem quatro grandes mecanismos de resistência aos antibióticos que são: a alteração da
permeabilidade, a alteração do local de acção, a bomba de efluxo e o mecanismo enzimático
que altera a estrutura química do antibiótico.

 Alteração da permeabilidade.

A permeabilidade da membrana celular é essencial para que o antibiótico tenha o efeito


desejado, quer seja bactericida quer bacteriostático. (GOODMAN & GILMAN'S, 2008).

Nas bactérias Gram negativas, a membrana interna é constituída por fosfolípidos e a


membrana externa por lípidos. A sua constituição confere uma lenta penetração do fármaco e
a passagem pela membrana externa é realizada através das porinas, que formam canais
hidrofílicos. Os fármacos podem penetrar através da membrana celular de três formas:
através da difusão pelas porinas, por difusão na bicamada fosfolipídica ou por self promoted
uptake. A penetração na bactéria depende das características intrínsecas das moléculas de
antibiótico. Desta forma os compostos hidrofílicos penetram através das porinas (ex. β-
lactâmicos) ou por self promoted uptake (ex. aminoglicosideos). (DZIDIC, SUSKOVIC, &
KOS, 2014; DECLOUR, 2015).

Neste tipo de resistência, a modificação da permeabilidade do antibiótico pode dever-se às


alterações estruturais, do número, da selectividade ou do tamanho das porinas. (RYAN &
RAY, 2013). Os antimicrobianos como os β-lactâmicos, fluoroquinolonas e tetraciclinas
penetram no interior da célula através de porinas presentes na membrana externa. Qualquer
diminuição na função ou quantidade de porinas levará à resistência da bactéria ao antibiótico,
baixando o nível de antibiótico no interior da bactéria (Declour, 2015).

 Alteração do local de acção.


Este tipo de resistência caracteriza-se pela diminuição ou mesmo ausência de afinidade do
antibiótico ao local de ligação. Esta ocorre por alteração da estrutura do peptidoglicano,
interferência na síntese de proteínas ou na síntese de ADN. (RICE & BONOMO, 2015;
FLUIT, VISSER, & SCHMITZ, 2014).

 Bomba de Efluxo
As bombas de efluxo são proteínas presentes nas membranas. Neste tipo de resistência ocorre
um efluxo, isto é, o transporte activo dos antibióticos do meio intracelular para o meio
extracelular. Este mecanismo afecta todas as classes de antibióticos, no entanto, apresenta

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determinação dos perfis de susceptibilidade aos antimicrobianos.

maior eficácia na presença de macrólitos, tetraciclinas e fluoroquinolonas, pois estes inibem a


biossíntese de proteínas e de ADN (DZIDIC, SUSKOVIC, & KOS, 2013).

 Mecanismo enzimático
O mecanismo enzimático de resistência devido a inactivação do fármaco resulta da produção,
pela bactéria, de enzimas que degradam ou inactivam o antibiótico (DZIDIC, SUSKOVIC, &
KOS, 2013).

Figura 1.13. Esquema ilustrativo dos mecanismos de resistência bacteriana aos antimicrobianos (adaptado de
Menezes et al, 2003 in: Afonso et al, 2017)

2. OBJECTIVOS
Com a realização do presente trabalho esperamos alcançar os objectivos seguintes:
2.1. GERAL:

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determinação dos perfis de susceptibilidade aos antimicrobianos.

 Detectar os principais agentes bacterianos isolados nas infecções do sistema urinário


em indivíduos ambulatórios que acorreram ao Laboratório de Microbiologia da
Faculdade de Medicina da UAN.

2.2. ESPECÍFICOS:
 Avaliar a frequência dos principais agentes bacterianos isolados das uroculturas;
 Determinar a frequência dos principais agentes etiológicos quanto ao sexo e faixa
etária;

 Analisar os perfís de resistência aos antimicrobianos produzidos pelos isolados


bacterianos das uroculturas estudadas.

3. MATERIAL E MÉTODOS

3. 1. METODOLOGIA: CASUÍSTICA

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determinação dos perfis de susceptibilidade aos antimicrobianos.

Este trabalho é uma pesquisa retrospectiva conduzida no Laboratório de Microbiologia da


FMUAN. O estudo baseou-se na análise de dados das uroculturas de indivíduos ambulatórios,
que acorreram ao laboratório no período de Janeiro a Dezembro de 2011/2015.

3. 2. MÉTODO DE AMOSTRAGEM
Para a elaboração do presente trabalho realizou-se um estudo retrospectivo, descritivo de
corte transversal, com abordagem quantitativa, em que os dados das culturas de urina obtidos
através dos arquivos de registro, foram categorizados em: positivos e negativos.
Na colheita de dados foram registradas as informações sobre os microrganismos isolados nas
uroculturas, os resultados dos antibiogramas, as idades e o sexo dos indivíduos.
Foram consideradas positivas as amostras com contagem superior a 10 2 UFC/ml, após
incubação em estufa bacteriológica por 24 horas, segundo o método de Stamm.
Para as culturas positivas, foi realizada a identificação bioquímica dos microrganismos e a
determinação do padrão de sensibilidade aos antimicrobianos, pelo método de difusão em
Agar, segundo o preconizado pelo Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI).
Através do tamanho do halo de inibição os microrganismos foram classificados em sensíveis
ou resistentes ao antimicrobiano testado.
Para este teste os discos utilizados foram ampicilina (AMP) 10µg, ácido nalidíxico (NAL)
10µg, augumetim (AUG) 20/10µg, ceftryaxona (CRO) 30µg, ciprofloxacina (CIP) 5µg,
eritromicina (ERI) 15µg e tobramicina (TOB) 10µg.
A partir dos resultados obtidos, a discussão foi direcionada pelos objectivos; os resultados
foram analisados, contrastados com os obtidos por outros autores, fazendo uma comparação
com a revisão bibliográfica. Uma síntese da discussão foi realizada, de maneira a facilitar o
avanço a conclusões, a partir das quais, foram emitidas recomendações.

4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

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determinação dos perfis de susceptibilidade aos antimicrobianos.

Os resultados do presente estudo foram analisados e apresentados sob forma de tabelas e


gráficos acompanhados de algum texto explicativo. Para a construção de tabelas e de
gráficos, foram utilizados os programas Microssoft Wold e Microssoft Excel.

4. 1. ANÁLISE QUALITATIVA E QUANTITATIVA DOS RESULTADOS OBTIDOS


Entre Janeiro de 2011 a Dezembro de 2015, processaram-se, no Laboratório de Microbiologia
da Faculdade de Medicina da UAN, 981 amostras de urina para exame de urocultura,
provenientes de indivíduos ambulatoriais. Num universo de 981 amostras cultivadas, 709
(72,27%) foram negativas e 272 (27,73%) apresentaram resultados positivos no isolamento
dos microrganismos estudados (figura 4.1).

Figura 4.1. Análise qualitativa das 981 amostras de urina cultivadas.

Os resultados positivos obtidos, foram analisados quanto à frequência de isolamento dos


diferentes gêneros de agentes etiológicos de ITU e verificou-se que o género Eschericha sp.,
apresentou maior frequência de isolamento, 120/44,11% do total dos microrganismos
isolados. O segundo género com maior frequência de isolamento foi Enterobacter sp., com
75/27,57%, seguido dos géneros Klebsiella sp., com 50/18,38%, Staphylococus sp., 11
(4,04%), e Pseudomona sp., 10 (3,67%). O género com menor frequência de isolamento foi
Proteus sp., com 6(2,20%), como se observa na figura 4.2.

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Figura 4.2. Frequência dos principais agentes etiológicos isolados das infecções do
tracto urinário.

Estes resultados encontram uma similaridade em relação a outros trabalhos realizados por
KAZMIRCZAR et al (2014), RIEGER et al (2015) em indivíduos ambulatoriais que
acorreram ao laboratorio do Hospital Santa Cruz do Sul-RS, onde a frequência de isolamento
fixou-se em 43 e 46,18% das uroculturas positivas, respectivamente. A maior frequência de
isolamento de Escherichia sp., encontrada em nosso estudo (44,11%), está em concordância
com grande parte dos autores, como MARTINO et al, (2014) e HEILBERG et al, (2013) onde
estes obtiveram 45,31% e 43,50% dos isolados nos respectivos trabalhos. Fazendo uma
abordagem quantitativa podemos dizer que estas percentagens obtidas, contudo, são
inferiores em relação ao estudo realizado por BRANDINO et al, 2013 que apontam E.coli
como responsável por 80% das infecções urinárias na comunidade. O segundo
microrganismo com uma frequência de isolamante significativa neste trabalho foi
Enterobacter sp., com 27,57%. Este resultado obtido em relação a Enterobacter sp.,
assemelha-se a outros obtidos em pesquisa realizadas por VIERA et al (2014) ao trabalhar
com amostras provenientes de pacientes ambulatoriais, em que isolou Enterobacter sp, como
o segundo uropatógeno mais prevalente (26,62%), seguido por Klebsiella pneumoniae
(17,68%). Entretanto, num estudo sobre a caracterização fenotípica de Klebsiella sp.,
realizado por AFONSO et al (2011), utilizando amostras de urina provenientes de indivíduos
internados na Clínica Multiperfil, isolou-se a espécie Klebsiella pneumoniae com três
subspécies (K. pneumoniae subsp. pneumoniae, K. pneumoniae subsp. rhinosclerotomatis e
K. pneumoniae subsp. ozaenae). Tais resultados mostram a necessidade de se realizar
pesquizas sobre os microrganismos causadores de ITUs mais aprofundadas, que vão até ao
nível das espécies e não apenas ao nível do gênero como se verificou em nosso estudo
retrospectivo.

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4.2. ANÁLISE DOS RESULTADOS EM REALÇÃO AO SEXO E FAIXA ETÁRIA

Fazendo uma análise global das amostras positivas 272/27,73%, verificou-se que 108/39,70%
eram indivíduos do sexo masculino enquanto que 164/60,29% corresponde a indivíduos do
sexo feminino (figura 4.2). Os valores obtidos nesta pesquisa diferem dos valores publicados
por Silva et al., (2015) num trabalho realizado no Brasil, onde observou-se percentuais de
positividade muito elevados para o gênero masculino de (75,70%) e (64,73%) para o gênero
feminino. No presente estudo este facto pode ser justificado, por um viés de selecção, que
ocorre quando certos indivíduos têm mais chance de serem selecionados em uma amostra.
Sabe-se que as infecções urinárias acometem mais os indivíduos do sexo feminino, sendo 20
vezes mais frequente; facto relacionado à formação anatómica da genitália externa e ao curto
comprimento da uretra feminina, a localização próxima da abertura anal com o vestíbulo
vaginal e as questões higiênicas, que propiciam a colonização da genitália feminina por
uropatógenos (HORNER et al, 2014).

Figura 4.3. Distribuição dos indivíduos com cultura de urina positiva, em função
do sexo.

A frequência de isolamento dos principais agentes etiológicos das infecções do tracto urinário
(ITU) segundo gênero (sexo), revelou que os isolados do género Escherichia sp.,
Enterobacter sp. e Klebsiella sp., foram os de maior ocorrência, tanto no sexo feminio como
no sexo masculino. O género Proteus sp., foi o que apresentou menor frequência de
isolamento também em ambos os sexos, como mostra a tabeta seguinte. (Tabela 4.2).

José Hilário Francisco da Rosa Página 33


Detecção dos principais agentes bacterianos isolados nas infecções do sistema urinário no período compreendido entre 2011 a 2015 e
determinação dos perfis de susceptibilidade aos antimicrobianos.

Tabela 4.1. Frequência de isolamento dos agentes etiológicos nas Infecções do tracto
urinário.
Sexo N(+)* Agentes (%)
Etiológicos
E. coli 55 (50,92%)
Enterobacter sp 32 (29,62%)
Klebsiella sp 13 (12,03%)
Masculino 108 Pseudomona sp 4 (3,70%)
Staphylococus sp 3 (2,77%)
Proteus sp 1 (0,92%)
E. coli 65 (39,63%)
Enterobacter sp 43 (26,21%)
Klebsiella sp 37 (22,56%)
Feminino 164 Staphylococus sp 7 ( 4,26%)
Pseudomona sp 7 (4,26%)
Proteus sp 5 (3,04%)

Estudos realizados por RODRIGUES, ALVES & LEMOS, (2015) também reportaram
65,67% de positividade das infecções por Escherichia sp., em ambos os gêneros. Nos
indivíduos do sexo feminino Enterobacter sp., apresentou uma frequência de isolamento de
26,21%. Valores similares foram também obtidos no trabalho de VIERA et al (2014) que
obtiveram 27,48%. Nos indivíduos do sexo masculino, o segundo patógeno mais isolado
também foi Enterobacter sp., 29,62%. Segundo a bibliografia consultada, este patógeno está
associado às ITUs, em crianças do sexo masculino (KOCH; ZUCCOLOTTO, 2013) assim
como às infecções do sistema renal. BURALL et al, (2014) apontam 28,98% da prevalência
de ITUs por Enterobacter sp., e 2,11% por Proteus spp. em indivíduos do sexo masculino,
semelhante a encontrada em nosso estudo.

As amostras positivas no isolamento de agentes etiológicos das ITU foram extratificadas em


três grupos de acordo à faixa etária (≤ 15 anos, 16 – 60 anos e ≥ 61 anos) tabela 4.3.

Tabela 4.2. Ocorrência de agentes etiológicos das infecções do tracto urinário,


segundo Faixa Etária (2011-2015). N(+) * - indivíduos com ITU.

Faixa Etária N(+)*(%) Agentes (%)


Etiológicos
E. coli sp. 31 (60,78%)
≤ 15 anos 51 (18,75%) Klebsiella sp. 16 (31,37%)
Staphylococus sp. 4 (7,84%

E. coli sp. 69 (47,58%)


Enterobacter sp. 43 (29,65%)
16 – 60 145 (53,30%) Klebsiella sp. 26 (17,93%)
anos Staphylococus sp. 7 (4,82%)
Enterobacter sp. 20 (26,31%)
E. coli sp. 8 (10,52%)
≥ 61 anos 76 (27,94%) Pseudomona sp. 32
(42,10%)
Klebsiella sp. 10 (13,15%)
Proteus sp. 6 (7,89%)

José Hilário Francisco da Rosa Página 34


Detecção dos principais agentes bacterianos isolados nas infecções do sistema urinário no período compreendido entre 2011 a 2015 e
determinação dos perfis de susceptibilidade aos antimicrobianos.

Segundo NICOLLE, L.E., 2015, indivíduos de ambos os sexos podem ser acometidos por
infecções do tracto urinário em qualquer idade. Neste estudo, a maioria dos indivíduos com
cultura de urina positiva (53,30%) tinha entre 16 - 60 anos de idade. Essa faixa etária
compreende maioritariamente indivíduos do sexo feminino e que podem apresentar factores
de risco como: a má higiene pessoal, a água não potável, a gestação e a actividade sexual
activa.

Em estudo conduzido por RODRIGUES et al em 2014, verificou-se que a maioria dos


indivíduos com ITU tinha entre 15 e 59 anos, dado semelhante ao aqui encontrado e discutido
acima. Naquele estudo, entretanto, isolou-se E. coli na frequência de 51,43% entre os
indivíduos de 0 – 14 anos, 89,42% entre 15 – 59 e 67,71% entre 60 – 84 anos, resultados
superiores aos apresentados em nosso estudo. A diferença significativa nas percentagens de
ocorrência de E.coli entre a população jovem nos dois estudos provavelmente deve-se
também a um viés de selecção, como referido anteriormente.
A prevalência encontrada neste estudo retrospectivo foi semelhante aos resultados
apresentados por BAIL et al (2016), que foi de 56,2% quando analisou os resultados de
indivíduos internados, e de ALON et al (2015) que encontrou 62,7% de prevalência de E. coli
em indivíduos ambulatoriais, prevalência média ao longo de 5 anos de estudo.

4.3. PERFIL DE SUSCEPTIBILIDADE (RESISTÊNCIA) DOS GÉNEROS ESTUDADOS.

A análise do perfil de susceptibilidade / resistência está representada nas figuras seguintes


(figuras 4.4, 4.5 e 4.6). De acordo com os valores de halos inibitórios esperados,
padronizados pela LABORCLIN (2011) para havaliar a resistência microbiana nas
enterobacteriacias, demonstrou que, dos 7 antimicrobianos testados, Escherichia sp., que foi
o género mais prevalente (44,11%) apresentou resistência significativa >20% a um dos 3
antimicrobianos -lactâmicos avaliados, de 85,83% a Ampicilina. 11,66% a Augumetim
“penicilinas” e de 8,33% a Ceftryaxona, uma cefalosporina de 3ª geração.

A análise do perfil de susceptibilidade do género Escherichia sp. revelou ainda resistência de


78,33% e 35% às Quinolonas (Ácido Nalidíxico e Ciprofloxacina) respectivamente, seguidas
do Aminoglicosídio tobramicina 18,33% e do Macrólido Eritromicina com 8,33%.

O perfil de resistência dos isolados de Enterobacter sp.,(27,57%) revelou que estes


microrganismos apresentaram taxas de resistência, também superiores a 20%. De (80%) à

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Detecção dos principais agentes bacterianos isolados nas infecções do sistema urinário no período compreendido entre 2011 a 2015 e
determinação dos perfis de susceptibilidade aos antimicrobianos.

Ampicilina, (52%) Ácido Nalidíxico e Ciprofloxacina (32%). Os valores, ou as taxas mais


baixas foram às apresentadas por Augumetim e Eritromicina, ambos com (8%).

A B

Figuras 4.4. Perfis de resistência /susceptibilidade aos antimicrobianos testados. A: Género Escherichia spp., B: Género
Enterobacter spp.

A análise do perfil de resistência revelou ainda que os isolados de Klebsiella sp., (18,38%)
apresentaram perfil mais baixos de resistência em relação aos dois anteriores. Estes
microrganismos apresentaram frequência de resistência de (48%), >20% a Ampicilina e os
valores mais baixos foram de (2%) a Tobramicina e (0,0%) a Ceftryaxona e Eritromicina
respectivamente.
É de salientar ainda a grande resistência dos isolados de Staphylococu sp., de 90% ao ácido
nalidíxico.

A B

Figuras 4.5. Perfis de resistência /susceptibilidade aos antimicrobianos testados. A: Género Staphylococus sp.; B: Género
Klebsiella sp.

Os isolados de Pseudomona sp., apresentaram significativa resistência de 80% a Ampicilina


e Ácido Nalidíxico respectivamente. O género Proteus sp., apresentou frequência relativa
significativa de 50% ao Ácido nalidíxico e Ciprofloxacina.

José Hilário Francisco da Rosa Página 36


Detecção dos principais agentes bacterianos isolados nas infecções do sistema urinário no período compreendido entre 2011 a 2015 e
determinação dos perfis de susceptibilidade aos antimicrobianos.

A B

Figuras 4.6. Perfis de resistência /susceptibilidade aos antimicrobianos testados. A: Género Pseudomonas sp.; B: Género
Proteus spp.

Neste estudo encontramos frequência de E. coli de 85,83% a Ampicilina, comparável à que


foi relatada por BRAIOS, A. et al (2013), no Brasil, quando analisou a etiologia e padrão de
resistência aos antimicrobianos em amostras de indivíduos ambulatórios.
As prevalências de 80% para Enterobacter sp., e 48% para Klebsiella sp., também são
similares aos estudos conduzidos na Etiópia por MOGES et al (Apud Polleto) (2013).
Em 2013 foi publicado no Brasil um guia para tratamento de infecção não complicada do
tracto urinário, em que é recomendado que o sulfametoxazol + trimetoprim seja o tratamento
empírico de escolha, desde que a prevalência regional de resistência a esse antibiótico não
ultrapasse 20%. Deste modo, esse antimicrobiano não seria mais recomendado para
tratamento empírico na região estudada, sendo necessária a adopção de outros
antimicrobianos.
Se utilizarmos o mesmo critério para todos os antimicrobianos, Ampicilina, Ácido Nalidíxico
e Ciprofloxacina também não deveriam ser indicados (BRAIOS, A et al: in Braz. Patol. Med.
Lab. V. 45, n.6, p.449-456, 2013).

Segundo KORB et al 2013, in: KARLOWSKY e TREND, 2014 & PAULA et al. 2013, E.
coli está relacionada a aproximadamente 50% das infecções nosocomiais, e de 70 a 90% dos
episódios de infecções comunitárias atingindo individuos vulneráveis como crianças, idosos e
gestantes. Escherichia coli comensal, adquiriu resistência à maioria dos antimicrobianos,
especialmente Ampicilina, Tetraciclinas, Sulfametoxazole, Estreptomicina e Carbenicilina.
Na década 90, a resistência à Ampicilina e à Amoxicilina passou de 20 a 40%. Contudo, a
resistência a Nitrofurantoína e fluorquinolonas tem permanecido baixa; porém com um
aumento visível, talves relacionado ao seu uso indiscriminado (PAULA et al. 2013).

PIRES et al (2015) em pesquisa realizada em Brasília, encontraram uma elavada taxa de


resistência para E. coli de (96,59%) a Ampicilina e (85,90) a Ácido Nalidíxico, semelhante à

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Detecção dos principais agentes bacterianos isolados nas infecções do sistema urinário no período compreendido entre 2011 a 2015 e
determinação dos perfis de susceptibilidade aos antimicrobianos.

encontrada em nosso estudo. Os isolados de Enterobacter spp., foram também relatados


como sendo significantemente resistentes aos antibióticos Ácido Nalidíxico (80,06%) e
Ampicilina (92%) por RIEGER et al, 2014, quando analizaram amostras de urina
provenientes de indivíduos ambulatoriais na comunidade de Ribeirão Preto no Brasil.

Segundo AFONSO et al. 2017, a expressão “resistência aos antimicrobianos” geralmente


refere a alterações a nível do genoma, que pode persistir nas culturas e não na adaptação
fenotípica. Os isolados resistentes, também podem surgir por transferência de genes
plasmidiais, por mutações ou selecção; a manifestação da resistência pode envolver vários
mecanismos fenotípicos. É importante sabermos que a resistência aos antimicrobianos pode
depender de diferentes mecanismos, em diferentes isolados. Os factores de transferência de
resistência (FTR) encontrados na natureza especialmente na família Enterobacteriaceae,
transportam uma variedade de combinações de genes para a resistência à vários agentes
antimicrobianos e estes genes codificam enzimas que inativam alguns agentes
antimicrobianos

Os antibióticos encontrados neste estudo com maior porcentagem de resistência foram o


Ácido nalidíxico e Ampicilina. Já, RIEGER et al (2015) encontraram maior resistência aos
antibióticos Amoxicilina e Ampicilina em pacientes ambulatoriais, sem fazer distinção de
sexo e idades. DIAS NETO et al (2013) analisou resultados de pacientes ambulatoriais e
obteve os antibióticos Ampicilina, e Sulfametoxazol + Trimetoprim como os mais resistentes
em seu estudo.
DROMIGNY et al (2015) e SAHM et al (2014) citam que a resistência simultânea a vários
antibióticos de diferentes classes estruturais é uma realidade presente em diversas espécies de
microrganismos, e que pode dificultar a terapia das ITUs.

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Detecção dos principais agentes bacterianos isolados nas infecções do sistema urinário no período compreendido entre 2011 a 2015 e
determinação dos perfis de susceptibilidade aos antimicrobianos.

5. CONCLUSÕES
Com base nos resulatados obtidos nesta pesquisa, concluímos o seguinte:

Escherichia spp., foi o microrganismo mais frequente (44,11%) causador de infecção do


tracto urinário; em ambos os sexos e faixas etárias, sendo o sexo feminino o mais acometido.
Também se observou que a faixa etária entre 16 – 60 anos foi a mais acometida.

 Os genes de resistência para os antimicrobianos -lactâmico e quinolónas, estão sendo


amplamente disseminados no ambiente, devido ao uso intensivo destes
antimicrobianos na saúde pública e na agropecuária (resíduos de antimicrobianos
provenientes de alimentos de origem animal: carne, leite e seus derivados); pois sabe-
se que Angola é um dos principais países responsáveis pela importação de 10% de
carne e lácteos provenientes da Europa e América latina (Fonte:
USDA/ScotConsultoria 2006 in: Afonso et al. 2017).
 As elevadas taxas de resistência de Escherichia spp., Klebsiella spp., e Enterobacter
spp., frente aos antimicrobianos testados nesta pesquisa, dão-nos um alarme de
preocupação, pois a Organização mundia da Saúde recomenda cautelas quando os
índices de resistência aos antimicrobianos se aproximam de 20% em função do
comprometimento de antibioticoterapia sem a prescrição Médica e também em casos
de emergência.
 Deve constituir motivo de preocupação para as autoridades de Saúde Pública no país,
pois os resultados verificados nesta pesquisa assim como em outras pesquisas
consultadas, as resistências em pacientes ambulatóriais foram, na sua maioria
superiores aos de pacientes internados.
 Conhecer o perfil de resistência bacteriana dos isolados estudados, em individuos
ambulatoriais e internados com ITU, e torná-lo acessível ao domínio público, é
fundamental para acções de monitoramento destas resistências e para prescrições sem
antibiogramas e pode auxiliar também na estratégia de elaboaração de programas de
uso racional de antimicrobianos na saúde humana e animal.

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Detecção dos principais agentes bacterianos isolados nas infecções do sistema urinário no período compreendido entre 2011 a 2015 e
determinação dos perfis de susceptibilidade aos antimicrobianos.

6. RECOMENDAÇÕES

 Continuação da monitorização dos perfis de resistência das enterobacteriaceae


uropatogênicas nas infecções comunitárias e nosocomiais.
 Reduzir a utilização indiscriminada de antibióticos que já não apresentem uma boa
acção terapêutica de modos a evitar tratamentos pouco eficazes que possam levar a
recidivas ainda mais severas que a primeira infecção, além de selecionar patógenos
cada vez mais resistentes.
 Procurar novas alternativas de tratamento nas infecções do tracto urinário,
especialmente com antibióticos do grupo dos -lactâmicos, aminoglicosídeos e
quinolónas, os quais são comumente utilizados para o tratamento das ITU; procurar os
determinantes de resistência para este grupo de antibióticos.
 Continuar neste campo de pesquisa relacionado com a resistência antibiótica nas
bactérias, procurando novos agentes causadores de doenças que são de interesse na
saúde pública.

 Acreditamos ainda que a persistência na utilização de antibióticos que já não


apresentem uma boa acção terapêutica é preocupante, exigindo maior atenção das
instituições. Essa utilização levará a tratamentos pouco eficazes, podendo levar a
recidivas ainda mais severas que a primeira infecção, além de selecionar patógenos
cada vez mais resistentes.

7. BIBLIOGRAFIA

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José Hilário Francisco da Rosa Página 44


Detecção dos principais agentes bacterianos isolados nas infecções do sistema urinário no período compreendido entre 2011 a 2015 e
determinação dos perfis de susceptibilidade aos antimicrobianos.

TORTORA, G.J; FUNKE, B.R & CASE, C.L (2005). Microbiologia. 8ª ed. Artmed. Porto
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TORTORA, G.J; FUNKE, B.R & CASE, C.L (2012). Microbiologia. 10ª ed. Artmed. Porto
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ZAMAN, A.B. Disappointing dipstick screening for urinary tract infection in hospital
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José Hilário Francisco da Rosa Página 45


Detecção dos principais agentes bacterianos isolados nas infecções do sistema urinário no período compreendido entre 2011 a 2015 e
determinação dos perfis de susceptibilidade aos antimicrobianos.

8. ANEXOS

TABELA 8.1. ANTIBIÓTICOS INIBIDORES DA SÍNTESE DA PAREDE CELULAR (ANVISA 2014).

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Detecção dos principais agentes bacterianos isolados nas infecções do sistema urinário no período compreendido entre 2011 a 2015 e
determinação dos perfis de susceptibilidade aos antimicrobianos.

Grupos

Quinolonas

Ácido Nalidíxico
Ciprofloxacina
Levofloxacina
Lomefloxacina
Moxifloxacina
Norfloxacina
Prulifloxacina

José Hilário Francisco da Rosa Página 47


Detecção dos principais agentes bacterianos isolados nas infecções do sistema urinário no período compreendido entre 2011 a 2015 e
determinação dos perfis de susceptibilidade aos antimicrobianos.

Macrolídeos

Claritromicina
Azitromicina
Eritromicina
Espiramicina
Roxitromicin
Telitromicina

José Hilário Francisco da Rosa Página 48


Detecção dos principais agentes bacterianos isolados nas infecções do sistema urinário no período compreendido entre 2011 a 2015 e
determinação dos perfis de susceptibilidade aos antimicrobianos.

Aminoglicosídeos

Amicacina
Gentamicina
Neomicina
Netilmicina
Tobramicina
Tobramicina

José Hilário Francisco da Rosa Página 49


Detecção dos principais agentes bacterianos isolados nas infecções do sistema urinário no período compreendido entre 2011 a 2015 e
determinação dos perfis de susceptibilidade aos antimicrobianos.

Glicopeptídeos

Vancomicina
Monobatamos Teicoplanina
ß - Latâmicos

Imipenem
Meropenem

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Cefalosporinas Carbapenemes

1ªGeração: cefadroxil Cefatrizina Cefradina Aztronam

José Hilário Francisco da Rosa


Cefonicida Cefoxitina Cefuroxima Cefeprozil 2ªGeração: Cefaclor

Cefetamet Cefodizima sódica Cefotaxima Ceftazidima Ceftriaxona Cefixima 3ªGeração: Cefditoreno


determinação dos perfis de susceptibilidade aos antimicrobianos.

4ªGeração: Cefepima
Detecção dos principais agentes bacterianos isolados nas infecções do sistema urinário no período compreendido entre 2011 a 2015 e

Página 51
Detecção dos principais agentes bacterianos isolados nas infecções do sistema urinário no período compreendido entre 2011 a 2015 e
determinação dos perfis de susceptibilidade aos antimicrobianos.

Penicilinas

Aminopenicilinas

Penicilinas
Benzilpenicilinas

Izoxazolilpenicilinas
Fenoximetil - Penicilina

Anti-Pseudomonas
Ampicilina,
Augumetim.

Tabela 8.2. Percentual de agentes etiológicos das infecções do


tracto urinário complicadas Fonte: Nicolle,
2014.
Espécie bacteriana Percentual (%)
Gram Negativos
Escherichia coli 21-50
Klebsiella pneumoniae 1,9-17
Enterobacter sp 1,9-9,6
Citrobacter sp 4,7-6,1
Proteus mirabilis 0,9-9,6
Providencia sp 18
Pseudomonas
2-19
aeruginosa
Outros 6,1-20
Gram Positivos
Enterococcus sp 6,1-23
Streptococos do grupo
1,2-3,5
B
Staphylococos
1,4-3,7
coagulase negativo
Staphylococcus aureus 0,9-2,0
Fungos
Candida sp 0-5,0

Tabela 8.3. Percentual de agentes etiológicos Gram


negativos causadores da infecção do tracto
urinário não complicada. Nicolle et al., 2014.

Especie bacteriana Percentual (%)


Escherichia coli 91,80
Klebsiella spp 3,0
Enterobacter spp 0,90
Proteus mirabilis 2
Citrobacter spp 0,70
Pseudomona
0,30
aeroginosa
Outros 0,50

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Detecção dos principais agentes bacterianos isolados nas infecções do sistema urinário no período compreendido entre 2011 a 2015 e
determinação dos perfis de susceptibilidade aos antimicrobianos.

Tabela 8.4. Porcentual dos principais agentes etiológicos das


infecções do tracto urinário (ITU) encontrados
(2011-2015).
Agente Etiológico Frequência Pescentagem
TOB Escheriachia sp. 120 (44,11)
(18,3%) Enterobacter
(9,3%) sp. (2%) 75 (18,2%) (27,57) (0,0%) (0,0%)
Klebsiella sp. 50 (18,38)
Staphylococus sp. 11 (4,04)
Pseudomona sp. 10 (3,67)
Proteus sp. 6 (2,20)
ERI
Total 272 99,97
(8%) (0,0%) (0,0%) (0,0%) (0,0%)

(8,3%)

CIP
(35%) (32%) (12%) (9,1%) (30%) (50%)

CRO
(9,3%) (0,0%) (18,2%) (0,0%) (16,7%)

(8,3%)

AMP
(80%) (48%) (0,0%) (80%) (0,0%)

(85.8%)

AUG
(8%) (8%) (27%) (0,0%) (16,7%)

(11,7%)

NAL
(78,3%) (52%) (18%) (90,9%) (80%) (50%)

Total 120 75 50 11 10 6
Estirpes

Escherichia sp

Enterobacter sp

Klebsiella sp

Pseudomona sp

Proteus sp
Staphylococus sp

Figura 8.5. Prevalência (%) de resistência antimicrobiana dos principais uropatógenos isolados de
indivíduos ambulatoriais no período compreendido entre Janeiro de 2011 à Dezembro de 2015, no
Laboratório de Microbiologia da Faculdade de Medicina da UAN.
R/S – Resistente/Sensível.
Legenda: NA – Ácido Nalidíxico; AUG – Augumetrim; AMP – Ampicilina; CF – Ceftryaxona; CIP – Ciprofloxacina;
ERI – Eritromicina; TOB – Tobramicina.

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