1. O que não é a ressurreição de Jesus? 1.1. O Senhor ressurreto não é apenas uma influência – a. Por um lado não podemos pensar nele simplesmente como alguém que sobreviveu à morte, como se fosse um fantasma. Lc 24.39 b. Por outro lado, ressurreição não significa a mera sobrevivência de uma influência. Muitos líderes que durante a vida inteira exerceram influência sobre a mente e o coração dos seus contemporâneos continuam vivendo após a morte, no sentido de que a memória do seu exemplo continua sendo uma inspiração. Ex. Che Guevara (os seguidores dizem Che está vivo). c. Será somente isso o que os cristãos querem dizer ao declararem que jesus Vive? Alguns parecem não estar dizendo muito mais do que isso, ou seja, que Jesus exerce seu poder e espalha seu amor pelo mundo. Outros reivindicam para Jesus uma espécie de existência pessoal e constante, de forma que “Jesus anda comigo e fala comigo pelas sendas estreitas da vida”. d. A GRANDE DECLARAÇÃO DO NOVO TESTAMENTO NÃO É QUE ELE VIVE COMO UMA INFLUÊNCIA, MAS QUE ELE RESSUSCITOU. e. A RESSURREIÇÃO SÓ PASSOU A SER UMA EXPERIÊNCIA PARA NÓS PORQUE ELA FOI, ACIMA DE TUDO, UM EVENTO QUE REALMENTE INAUGUROU UMA NOVA ORDEM DE REALIDADE. 1.2 O Senhor ressurreto não é um cadáver ressuscitado. a. Ressurreição significa muito mais do que fazer alguém voltar à vida. Ressuscitar tanto pode significar fazer reviver um paciente que entrou em coma, como trazer novamente à vida alguém que havia sido declarado clinicamente morto. Neste segundo sentido, temos o registro de três ressuscitações feitas por Jesus durante o seu ministério público. - a filha de Jairo - o filho da viúva de Naim - e Lázaro A Ressurreição de Jesus não foi uma ressuscitação, em nenhum dos dois sentidos. Por um lado, ele não foi acordado de um desmaio ou de um coma, pois já estava morta havia umas 36 horas. Por outro lado, ele não foi trazido de volta a esta vida, sendo lhes necessário morrer novamente. Jesus foi elevado a um novo nível de existência, em que Ele já não era mais mortal, mas estava vivo pelos séculos dos séculos. 1.3 O Senhor ressurreto não é uma religião resgatada. Os liberais que não creem na Palavra de Deus como sendo Palavra de Deus, dizem o evento do dia da Páscoa, é de alguma forma, um evento histórico acrescentado ao evento da cruz, ele não passa do crescimento da fé no Senhor Ressuscitado. Em outras palavras eles dizem que a Páscoa não foi um evento, mas uma experiência, não foi a ressurreição histórica e objetiva de Jesus dentre os mortos, mas sim um resgate pessoal e subjetivo da fé nos corações e mentes dos seus seguidores. A Ressurreição é um evento histórico, presenciado primeiramente pelas mulheres depois pelos apóstolos, e depois por algumas centenas de discípulos. 1.4 O Senhor ressurreto não é apenas uma personalidade desenvolvida. “A ressurreição significa que Deus agiu de forma a estabelecer Jesus em sua pessoa, em seus feitos e em sua constante repercussão”. “a própria vida, poder, propósito e personalidade que havia nele foram, na verdade, contínuos... na esfera da história, de tal maneira a fazer dele uma presença e uma possibilidade viva e ressurreta” “Em algum outro lugar, ele alude à ressurreição como uma "explosão" da personalidade de Jesus. De fato, ele se refere constantemente à "personalidade" de Jesus e considera a ressurreição como o "estabelecimento", "liberação" ou "explosão" dessa sua personalidade. Nesse caso, a ressurreição seria uma espécie de evento, mesmo não tendo envolvido o seu corpo. Jenkins acredita no fato de Jesus "ter ressuscitado" e "estar vivo", só que no presente a sua personalidade não está encarnada (a não ser na igreja)” 1.5 O Senhor ressurreto não é meramente uma experiência ativa do Espírito. “Peter Carnley. Assim como Jenkins, ele salienta que nós deveríamos ver a ressurreição como uma experiência presente e não um evento passado, e especialmente como uma experiência do Espírito. ” “Carnley argumenta que na verdade não existiu nenhum evento pós-morte; o verdadeiro acontecimento da Páscoa foi o fato de os discípulos terem chegado à fé” 2. O que é a ressurreição de Jesus? Primeiro, foi um evento histórico e objetivo. Na verdade, foi até um evento "datável": aconteceu "no terceiro dia". Para David Jenkins, trata-se, "não de um evento, mas de uma série de experiências". Mas ela só se tornou uma série de experiências porque antes foi um evento. E, na providência de Deus, as palavras "no terceiro dia" dão testemunho da historicidade da ressurreição de Jesus, assim como as palavras "sob o poder de Pôncio Pilatos" no Credo dos Apóstolos atestam a historicidade do seu sofrimento e morte. Segundo, a ressurreição foi um evento físico: ela envolveu o corpo de Jesus. Agora o argumento é que os quatro verbos (morreu, foi sepultado, ressuscitou e apareceu) têm, todos eles, o mesmo sujeito: "Cristo", uma pessoa física, histórica. No caso dos dois primeiros verbos, isto não deixa dúvida alguma. Foi o seu corpo que morreu e seu corpo é que foi sepultado. A pressuposição natural, portanto, é que o mesmo Cristo físico e histórico é o sujeito do terceiro e do quarto verbos, ou seja, ele ressuscitou e depois apareceu. 3. A ressurreição de Jesus aconteceu mesmo? Digamos que os apóstolos, inclusive Paulo, acreditavam mesmo em uma ressurreição e transformação física, datável e literal de Jesus. Será que eles estavam certos? Será que nós, que vivemos no mundo moderno e sofisticado da astrofísica, da microbiologia e da ciência da computação, também podemos acreditar na ressurreição? E claro que podemos. E devemos. Milhões de pessoas o fazem. Primeiro, temos o desaparecimento do corpo - Todo mundo concorda que o túmulo de Jesus estava vazio, Nós não podemos admitir que Jesus só desmaiou na cruz, e depois reviveu no túmulo e saiu de lá sozinho. Primeiro, porque, tanto o centurião como Pilatos tomaram o cuidado de se certificar de que Jesus estava de fato morto. E depois porque, quando ele reapareceu, a impressão que as pessoas tiveram ao vê-lo foi a de que ele havia vencido a morte, e não que quase fora derrotado por ela e que era agora um homem seriamente doente, precisando de tratamento hospitalar. Portanto, será que as autoridades (fossem elas romanas ou judaicas) removeram deliberadamente o corpo, a fim de evitar que os discípulos espalhassem a notícia de que ele havia ressuscitado? Isto é difícil de acreditar, uma vez que, quando os apóstolos começaram a anunciar "Jesus e a ressurreição", 139 as autoridades poderiam ter abafado imediatamente o novo movimento apresentando o corpo; mas, ao invés disso, elas apelaram para a violência. Neste caso, teriam os discípulos furtado o corpo como parte de um embuste, a fim de enganar o povo, fazendo-o pensar que ele havia ressuscitado? Esta teoria é impossível, pois eles estavam preparados para sofrer e morrer pelo evangelho, e ninguém se dispõe a virar mártir por uma mentira inventada por si mesmo. Nenhuma explicação para o túmulo vazio subsiste, a não ser a que diz que Deus o ressuscitou dentre os mortos Em segundo lugar, temos o reaparecimento do Senhor. O corpo de Jesus desapareceu do túmulo onde tinha sido deixado, e o próprio Jesus continuou reaparecendo durante um período de quase seis semanas. Dizem que ele apareceu para certas pessoas sozinhas (por exemplo, Maria Madalena, Pedro e Tiago), para os Doze, tanto com Tomé como sem ele, e em certa ocasião "foi visto por mais de quinhentos irmãos de uma só vez", muitos dos quais ainda eram vivos quando Paulo escreveu isto, mais ou menos no ano 54 d.C.,140 e bem poderiam ter sido sondados a este respeito. Essas aparições de Jesus ressurreto não podem ser descartadas como mera invenção, já que não resta dúvida alguma de que os apóstolos realmente acreditaram que Jesus havia ressuscitado. As histórias não haviam sido inventadas. Mas também não eram alucinações. Pescadores durões como Pedro, Tiago e João não fazem bem o tipo de personalidade suscetível a tais sintomas de desordem mental. Além do mais, a grande variedade de tempo, lugares e pessoas relacionadas com as aparições, juntamente com a reação inicial de descrença do povo, tornam insustentável a teoria da exploração da ingenuidade popular. A única alternativa para invenções e alucinações é a existência de aparições válidas e objetivas Em terceiro lugar, vem o surgimento da igreja. Alguma coisa deve ter acontecido para transformar os apóstolos e enviá-los em sua missão pelo mundo afora. Quando Jesus morreu, eles ficaram abatidos, confusos e amedrontados. Mas em menos de dois meses saíram do esconderijo, cheios de gozo, confiança e coragem. O que produziu essa transformação tão dramática? Só pode ter sido a ressurreição, juntamente com o Pentecoste, que se seguiu logo depois. Daquele bando de joões-ninguém desiludidos nasceu uma comunidade universal que soma hoje um terço da população do mundo. Seria preciso muita credulidade e muito cinismo até para acreditar que todo o edifício cristão tenha sido construído sobre uma mentira, uma vez que Jesus Cristo nunca ressuscitou dos mortos. O desaparecimento do corpo, o reaparecimento do Senhor e o surgimento da igreja constituem, juntos, um sólido fundamento para se acreditar na ressurreição. 4. A ressurreição de Jesus aconteceu mesmo? Qual a importância da ressurreição? O que nós precisamos indagar sobre a ressurreição não é apenas se ela aconteceu, mas se realmente importa se ela aconteceu ou não. Afinal de contas, se ela aconteceu, foi há cerca de 2000 anos! Como é que um evento tão antigo pode ter tanta importância para nós hoje? Por que cargas d'água os cristãos fazem tanto barulho a seu respeito? Ela não seria irrelevante? Não, não é. Meu argumento agora é que a ressurreição é uma resposta à nossa condição humana. Ela fala às nossas necessidades, como nenhum outro evento distante jamais o fez ou poderia. Ela é o mastro principal da nossa segurança cristã. Primeiro, a ressurreição de Jesus nos garante o perdão de Deus. Já vimos que o perdão é uma das nossas necessidades mais básicas e uma das melhores dádivas de Deus. Conta-se que o chefe de um grande hospital psiquiátrico da Inglaterra disse: "Eu poderia dispensar metade dos meus pacientes amanhã mesmo, caso eles pudessem ter certeza do perdão."141 Afinal, todos nós temos um ou dois esqueletos escondidos em algum armário escuro, memórias de coisas que temos pensado, dito ou feito e das quais, nos nossos melhores momentos, nos sentimos profundamente envergonhados. Nossa consciência nos incomoda, condena, atormenta. Diversas vezes durante o seu ministério público Jesus pronunciou palavras de perdão e de paz e, no cenáculo, ele se referiu ao cálice da comunhão como sendo "o meu sangue, o sangue da aliança, derramado em favor de muitos, para remissão de pecados". Dessa maneira ele estabeleceu uma relação entre o nosso perdão e a sua morte. E como, através das Escrituras, a morte sempre está ligada ao pecado, como a sua merecida recompensa ("o salário do pecado é a morte"),30 ele só poderia estar dizendo que iria morrer em nosso lugar a morte que nós merecíamos morrer, a fim de que nós fôssemos poupados e perdoados. Isso é o que ele disse. Mas como podemos saber se ele estava certo, se com sua morte ele conquistou o que disse que iria conquistar e se Deus aceitou sua morte em nosso lugar como "um pleno, perfeito e suficiente sacrifício, oblação e satisfação para os pecados do mundo inteiro"? A resposta é que, se ele tivesse permanecido morto, se não tivesse ressuscitado de entre os mortos, pública e visivelmente, nós nunca ficaríamos sabendo. Pelo contrário: sem a ressurreição, teríamos que concluir que sua morte foi um fracasso. O apóstolo Paulo viu claramente esta lógica: "Se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação e vã a nossa fé." E, novamente, "se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados. E ainda mais: os que dormiram em Cristo, pereceram." As consequências terríveis da não-ressurreição seriam que os apóstolos são falsas testemunhas, os crentes não estão perdoados e os cristãos mortos pereceram. Mas de fato, continua Paulo, Cristo ressuscitou dos mortos; e, ao ressuscitá-lo, Deus nos garantiu que aprova sua morte expiatória, que ele não morreu em vão e que aqueles que confiam nele recebem perdão livre e pleno. A ressurreição dá validade à cruz. Segundo, a ressurreição de Jesus nos garante o poder de Deus. Nós tanto necessitamos do poder de Deus no presente quanto do seu perdão do passado. Será que Deus pode realmente mudar a natureza humana, que parece tão intratável, transformando pessoas cruéis em pessoas bondosas, egoístas em altruístas, dando domínio próprio a pessoas imorais e tornando doces pessoas amargas? Será que ele pode pegar pessoas que são cegas para a realidade espiritual e torná-las vivas em Cristo? Sim, ele realmente pode! Ele é capaz de dar vida a quem está espiritualmente morto. Ele pode transformar-nos, tornando-nos semelhantes a Cristo. Mas estas afirmações são muito sérias. Será que elas podem ser comprovadas? Podem, sim, mas só em virtude da ressurreição. Paulo ora para que os olhos do nosso coração sejam iluminados, para que possamos saber "qual a suprema grandeza do seu poder para com os que cremos". E, para que compreendamos a medida do seu poder, Deus nos dá não apenas uma iluminação interior pelo seu Espírito, mas também uma demonstração exterior, pública e objetiva desse poder através da ressurreição. Afinal de contas, o poder que hoje está à nossa disposição é o próprio poder que "exerceu ele em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos...". Assim, a ressurreição é retratada como a prova suprema na história do poder criativo de Deus. Nós estamos sempre correndo o risco de baratear o evangelho, de minimizar o que Deus é capaz de fazer por nós e em nós. Nós falamos em tornar-se um cristão como se isto não passasse de virar uma folha na vida, fazendo alguns ajustes superficiais em nossos padrões de comportamento comuns e tornando-nos um pouquinho mais religiosos. Mas é só arranhar o verniz, quebrar a superfície, e pronto! Por baixo nós continuamos a ser o mesmíssimo pagão de sempre, sem nada de redenção nem mudança. Nada disso! Tornar-se um cristão e ser um cristão, de acordo com o Novo Testamento, é algo muito mais radical do que isso. E um ato decisivo de Deus. É nada menos do que uma ressurreição da morte da alienação e do egocentrismo e o começo de uma vida nova e deliberada. Em outros termos: o mesmo Deus do poder sobrenatural que ressuscitou a Jesus da morte física pode ressuscitar-nos da morte espiritual. E nós sabemos que ele pode nos ressuscitar porque sabemos que ele o ressuscitou. Em terceiro lugar, a ressurreição de Jesus nos garante a vitória definitiva de Deus. Uma das maiores diferenças entre as religiões e as ideologias do mundo é quanto a sua visão do futuro. Algumas delas não oferecem esperança alguma; pelo contrário, sucumbem em desespero existencial. Bertrand Russell, quando ainda nos seus trinta anos, expressou sua convicção de que nenhum fogo, nenhum heroísmo, nenhuma intensidade de pensamento e sentimento pode preservar uma vida depois da sepultura; pois todos os lidares dos tempos, toda devoção, todo o brilho ofuscante do gênio humano, são destinados à extinção na vasta morte do sistema solar, e o templo inteiro dos feitos do homem há de ser inevitavelmente sepultado sob os escombros de um universo em ruínas. Outros vêem a história mais em termos circulares do que lineares, como um ciclo interminável de reencarnações, para o qual não há libertação a não ser a não-existência do nirvana. Os marxistas continuam prometendo uma Utopia na terra, mas essa visão perdeu a credibilidade. Os humanistas seculares sonham assumir o controle de sua própria evolução, mas, pelo menos no que depende da manipulação genética, este sonho acaba virando um pesadelo. Os cristãos, por sua vez, são confiantes no futuro, e nossa "esperança" cristã (que é uma expectativa segura) tanto e individual como cósmica. Individualmente, a não ser através de Cristo, o medo da morte e da desintegração pessoal é quase universal. Para nós do Ocidente, Woody Allen tipifica este terror, que para ele acabou virando uma obsessão. É verdade que ele ainda consegue fazer pouco caso disso. "Não é que eu tenha medo de morrer", satiriza ele; "eu só não quero estar por perto quando isso acontecer."146 Mas em geral ele vive apavorado. Num artigo publicado em Esquire, em 1977, ele disse: "A coisa fundamental que se esconde por detrás de toda motivação e de toda atividade é a constante luta contra a aniquilação e a morte. Ela é absolutamente assustadora em seu terror e deixa sem sentido as realizações de qualquer um." Jesus Cristo, porém, liberta os seus discípulos desse horror. Ele não só há de sobreviver à morte, mas também ressuscitou dela. Nós haveremos de receber nossos corpos novos, tal como o seu corpo ressuscitado, 147 com poderes novos e inimaginados.148 Afinal, ele é chamado "as primícias" da colheita149 e também "o primogénito de entre os mortos". 150 Ambas as metáforas dão a mesma garantia. Ele foi o primeiro a ressuscitar, e depois virá todo o seu povo. Nós teremos um corpo como o seu. "Assim como somos semelhantes ao homem feito da terra (Adão), assim também seremos semelhantes ao Homem do céu (Cristo)." Mas a nossa esperança para o futuro também é cósmica. Nós cremos que Jesus Cristo irá voltar em espetacular magnificência, a fim de conduzir a história à sua plenitude na eternidade. Além de ressuscitar os mortos, ele irá regenerar o universo;152 e fará novas todas as coisas. 153 Nós temos convicção de que toda a criação será libertada dessa presente sujeição à corrupção e à morte; que os gemidos da natureza são as dores de parto que prometem o nascimento de um mundo novo;154 e que haverá um novo céu e uma nova terra, onde habita justiça. 155 Portanto, a esperança viva do Novo Testamento é uma expectativa visivelmente "material", tanto para o indivíduo como para o cosmos. Individualmente, o crente tem a promessa, não de uma mera sobrevivência ou mesmo imortalidade, mas de um corpo ressuscitado e transformado. E o destino do cosmos não é um "céu" etéreo, mas um universo recriado. Mas será que existe alguma prova dessa maravilhosa declaração, de que tanto nós quanto nosso mundo seremos totalmente transformados? Sim, a ressurreição de Cristo é o fundamento de todas as nossas esperanças. Ela é a prova pública, sólida, visível e tangível do propósito de Deus de completar aquilo que começou, de redimir a natureza, de dar- nos novos corpos em um mundo novo. Como disse Pedro, Deus "nos regenerou para uma viva esperança mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos". A ressurreição de Cristo foi o começo da nova criação de Deus. Não basta acreditar que a personalidade, a presença e o poder de Jesus persistem. Precisamos saber que seu corpo ressuscitou, pois o corpo ressurreto de Jesus foi a primeira partícula da ordem material a ser redimida e transfigurada. Ela é o penhor divino de que um dia o resto há de ser redimido e transfigurado.157 A ressurreição de Jesus nos dá, pois, a garantia do perdão, do poder e do triunfo definitivo de Deus. Ela nos possibilita encarar o nosso passado (por mais motivos que tenhamos para nos envergonhar dele), confiantes do perdão de Deus através daquele que morreu por nossos pecados e foi ressuscitado; encarar o nosso presente (por mais fortes que sejam as nossas tentações, e mais pesadas as nossas responsabilidades), confiantes na suficiência do poder de Deus; e encarar o nosso futuro (por mais incerto que seja) confiantes na vitória definitiva de Deus, cuja garantia é a ressurreição. A ressurreição, justamente por ter sido um ato decisivo, público e visível de Deus, dentro da ordem material, dá nos a absoluta garantia de um mundo que, de outra forma, seria completamente inseguro.