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TRIBUNAL DE JUSTIÇA

PODER JUDICIÁRIO
São Paulo

Registro: 2014.0000224853

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos do Mandado de Segurança


nº 0171627-24.2013.8.26.0000, da Comarca de São Paulo, em que é impetrante
ANTÔNIO CARLOS BERMEJO CHEDER, é impetrado GOVERNADOR DO
ESTADO DE SÃO PAULO.

ACORDAM, em Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São


Paulo, proferir a seguinte decisão: "REJEITARAM AS PRELIMINARES E
CONCEDERAM A SEGURANÇA. V.U.", de conformidade com o voto do Relator,
que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores


RENATO NALINI (Presidente sem voto), VANDERCI ÁLVARES, ARANTES
THEODORO, TRISTÃO RIBEIRO, ANTONIO CARLOS VILLEN, ADEMIR
BENEDITO, JOSÉ DAMIÃO PINHEIRO MACHADO COGAN, EROS PICELI,
GUERRIERI REZENDE, XAVIER DE AQUINO, ANTONIO LUIZ PIRES NETO,
ANTONIO CARLOS MALHEIROS, ANTONIO VILENILSON, FERREIRA
RODRIGUES, PÉRICLES PIZA, EVARISTO DOS SANTOS, SAMUEL JÚNIOR,
MÁRCIO BARTOLI, JOÃO CARLOS SALETTI, ROBERTO MAC CRACKEN,
PAULO DIMAS MASCARETTI E LUIS GANZERLA.

São Paulo, 2 de abril de 2014

ITAMAR GAINO
RELATOR
Assinatura Eletrônica
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
PODER JUDICIÁRIO
São Paulo

Voto n°: 30707


Mseg. n°:0171627-24.2013.8.26.0000
COMARCA: SÃO PAULO
IPTE. : ANTÔNIO CARLOS BERMEJO CHEDER
IPDO. : GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO

Mandado de segurança. Direito líquido e certo.


Procedimento Administrativo Disciplinar. Policial militar.
Demissão por ato do Comandante Geral. Pedido de revisão
ao Secretário de Segurança. Art. 62, IV, da Lei
Complementar 893/2001. Recurso. Princípio da
fungibilidade. Representação ao Governador do Estado.
Art. 30, §§ 1º ao 3º da Lei Complementar 893/2001.

1. A alteração introduzida no art. 83 da Lei Complementar


nº 893/2001, pela Lei Complementar 915/2002, dispondo
que a decisão disciplinar do Comandante Geral da Polícia é
irrecorrível (salvo na hipótese do § 3º do art. 138 da
Constituição Estadual), não afasta a revisão do ato, prevista
no art. 62, tampouco o direito de representação, previsto no
art. 30, ambos da Lei Complementar nº 893/2001.

2. É atribuição do Governador de Estado, Chefe Supremo


da Polícia Militar, proferir decisão, em última instância,
sobre os requerimentos e recursos apresentados pelos
militares, nos termos do art. 3º da Lei Complementar nº
893/2001.

3. Por força da aplicação do princípio da fungibilidade


recursal, à míngua de previsão específica de recurso em
face da decisão proferida em sede de pedido de revisão de
ato disciplinar, o recurso interposto ao Governador do
Estado contra a decisão proferida pelo Secretário da
Segurança Pública em sede revisional deve ser recebido
como representação, por preencher os seus pressupostos
autorizadores (art. 30, §§ 1º ao 3º, da Lei Complementar
893/2001).

Preliminares rejeitadas. Ordem concedida.

Trata-se de mandado de segurança impetrado em


face de ato omissivo do Governador do Estado de São Paulo
consistente em deixar de apreciar recurso interposto em face do não
conhecimento de pedido de revisão de decisão proferida no processo
administrativo do Conselho de Disciplina SUBCMTPM nº
003/06/10, que culminou com a demissão do impetrante das fileiras

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militares, nos termos do art. 23, II, “c”, pelo cometimento de atos
atentatórios e desonrosos à Polícia Militar e ao Estado,
consubstanciados em trangressões disciplinares de natureza grave,
previstas nos nºs. 36, 37, 77, 79 e 132 do parágrafo único do art. 13,
c.c. os nºs. 1 e 3 do § 2º do art. 12, da Lei Complementar Estadual
nº 893/01.
Alternativamente, caso seja negada a revisão
pretendida, requer seja apreciada a violação de direito líquido e certo
voltado à invalidação da decisão administrativa, em razão de
cerceamento do direito de defesa, consubstanciado na ausência de
intimação para a Sessão do Conselho de Disciplina, e
desproporcionalidade da punição. A tanto, assevera que “a conduta
deflagradora da punição se resumiu no suposto desrespeito adotado
pelo impetrante quando '...proferiu palavras que ofenderam a
Autoridade Militar representada por seu Superior Hierárquico e na
presença de outros Policiais Militares, ...” Contudo, sustenta que
“quando tais palavras foram proferidas o impetrante estava com a
imputabilidade diminuída, eis que embriagado por força de vício
incontrolável que na dicção do laudo de insanidade mental, constante
do processo, caracterizava doença mental.” (fls. 02/37).
A autoridade impetrada prestou informações,
suscitando as preliminares de ilegitimidade passiva “ad causam”,
decadência e incompetência, e a douta Procuradoria Geral de
Justiça manifestou-se pela denegação desta segurança.
É o relatório.
I - De proêmio, afastam-se as preliminares de
ilegitimidade passiva “ad causam”, decadência e incompetência,
suscitadas pela autoridade impetrada.
Com efeito, como anotado pela douta Procuradoria
Geral de Justiça, em parecer da lavra do Promotor de Justiça
Lycurgo de Castro Santos e do Subprocurador Geral de Justiça
Sérgio Turra Sobrane:
“Deve, em primeiro lugar, ser mantido no polo
passivo da demanda o Senhor Governador do Estado de São Paulo.
Diz o artigo 6º, parágrafo 3º, da Lei n.
12.016/2009, que 'Considera-se autoridade coatora aquela que tenha
praticado o ato impugnado ou da qual emane a ordem para a sua
prática'.
No caso em apreço, insurge-se o impetrante não
apenas contra a decisão do Comandante-Geral da Polícia Militar do
Estado de São Paulo, que o demitiu das fileiras da corporação, após
regular processo administrativo (fls. 167), mas também pelo fato de

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não ter apreciado o Recurso Administrativo de Decisão do senhor


Secretário de Segurança Pública no pedido de Revisão da sanção
disciplinar que lhe foi imposta (fls. 42/68).” (fls. 176).

II Da ocorrência de decadência também não se


cogita.

Nos termos do artigo 23, da Lei nº 12.016/09, “O


direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos
120 (cento e vinte) dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato
impugnado”.
No caso dos autos, verifica-se que, embora o
impetrante tenha interposto recurso perante à autoridade impetrada,
buscando a revisão das decisões proferidas no aludido processo
administrativo, pelo Comandante Geral da Polícia Militar, quanto
pelo Secretário da Segurança Pública, a fim de obter a cassação de
penalidade disciplinar e sua consequente reintegração aos quadros
da instituição policial (cf. fls. 42/66), até o momento da impetração
sua postulação não havia sido apreciada, conforme se extrai das
informações de fls. 133/152.
Assim, enquanto não cessada aludida omissão não
há sequer falar-se de início de prazo decadencial.
Neste sentido, no Superior Tribunal de Justiça,
confira-se o seguinte precedente:

"ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL AGRAVO


REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. MANDADO DE
SEGURANÇA. ATO OMISSIVO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE
IMPETRAÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. PRECEDENTE DO STJ. AGRAVO
NÃO PROVIDO.

1. "Restando caracterizada a conduta omissiva


ilegal da Autoridade apontada como coatora, não se verifica a
decadência para a impetração do writ, pois o prazo decadencial
previsto no art. 18 da Lei n.° 1.533/51 se renova continuamente"
(REsp 848.640/PA, Rel. Min. LAURITA VAZ, Quinta Turma, DJe
5/12/11).

2. Hipótese em que a impetrante se insurge contra


ato omissivo do Secretário de Educação do Estado do Ceará,
consistente no não reajustamento dos proventos da Impetrante a fim
de adequá-los ao disposto nos arts. 7º, IV e VI, e 40, §§ 3º e 8º, da

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Constituição Federal (redação dada pela EC 20/98), que veda o


pagamento de proventos inferiores a um salário mínimo.
3. Agravo regimental não provido". (AgRg no Ag
1420487 / CE, Ministro Arnaldo Esteves Lima, Primeira Turma, d.j.
14/08/2012, d.j.e. 22/08/2012).

E, nesta mesma esteira:

"O ato omissivo tem efeitos que se protraem no


tempo, e, enquanto não cessada a omissão, não se inicia o prazo
decadencial" (STJ 1ª Seção, MS 8.301, Min. Eliana Calmon, j .
9.10.02, DJU 2.12.02).

A propósito, de apreciação de situação semelhante,


veiculada no Mandado de Segurança nº
0027629-32.2012.8.26.0000, de relatoria do Desembargador Ribeiro
da Silva, julgado em 05 de dezembro de 2012, deste Colendo Órgão
Especial, extrai-se ementa assim redigida:

“Mandado de segurança contra ato do Sr.


Governador do Estado e Secretário da Segurança Pública do Estado
Demissão de investigador de Polícia Civil Insurgência Decadência
afastada Ato omissivo tem efeitos que se protraem no tempo
Absolvição penal por ausência de provas suficientes para a
condenação não afasta a responsabilidade administrativa Ordem
denegada.”.

Por tal razão, não se operou a decadência.

III Outra sorte não deve merecer a preliminar de


incompetência.
Neste particular, os ilustres representantes do
Ministério Público, acertadamente, consignaram:
“(...) cumpre observar a competência deste c. Órgão
Especial para julgar os mandados de segurança impetrados contra o
Governador do Estado de São Paulo, nos moldes do artigo 74, inciso
III, da Constituição do Estado de São Paulo, combinado com artigo 13,
inciso I, “a”, do Regimento Interno do Tribunal de Justiça do Estado de
São Paulo.
Inaplicável, em virtude da competência ratione
personae, o disposto no artigo 81, parágrafo 2º, da Constituição
Paulista, que trata da matéria de competência do Tribunal de Justiça
Militar.” (fls. 179).

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IV Superadas essas questões, a ordem deve ser


concedida.
Nos termos do art. 1º da Lei nº 12.016/2009 e em
conformidade com o art. 5º, LXIX, da Constituição Federal, "conceder-
se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não
amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que,
ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica
sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de
autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções
que exerça".
Direito líquido e certo, na lição de Hely Lopes
Meirelles, “é o que se apresenta manifesto na sua existência,
delimitado na sua extensão e apto a ser exercitado no momento da
impetração. Por outras palavras, o direito invocado, para ser
amparável por mandado de segurança, há de vir expresso em norma
legal e trazer em si todos os requisitos e condições de sua aplicação
ao impetrante: se sua existência for duvidosa; se sua extensão ainda
não estiver delimitada; se seu exercício depender de situações e fatos
ainda indeterminados, não rende ensejo à segurança, embora possa
ser defendido por outros meios judiciais" (Mandado de Segurança,
Malheiros editores, 26ª ed., p. 36-37).
No caso, o Senhor Secretário de Segurança
Pública do Estado de São Paulo deixou de apreciar o pedido de
revisão do processo administrativo, com fundamento no artigo 83 da
Lei Complementar nº 893/2001, que assim dispõe:
“Recebidos os autos, o Comandante Geral, dentro
do prazo de 45 (quarenta e cinco) dias, fundamentado seu despacho,
emitirá a decisão final, da qual não caberá recurso, salvo na hipótese
do que dispõe o § 3º do artigo 138 da Constituição do Estado.”.
O dispositivo legal por último mencionado, por sua
vez estabelece: “O servidor público militar demitido por ato
administrativo, se absolvido pela Justiça, na ação referente ao ato que
deu causa à demissão, será reintegrado à Corporação com todos os
seus direitos restabelecidos. (...)”.
Essa hipótese excepcional não se aplica ao caso
vertente, um vez que no processo criminal autuado sob o número
49.284/07, que tramitou pela 4ª Auditoria da Justiça Militar do
Estado de São Paulo, o impetrante apenas foi absolvido da
imputação prevista no art. 233 do Código Penal Militar, pois se
manteve a condenação à pena de três meses de detenção, em regime
aberto, por afronta ao artigo 195 do Código Penal Militar, com a
suspensão condicional pelo prazo de 2 (dois) anos (cf. fls. 166).
Não se pode olvidar, contudo, que o impetrante

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pretende conseguir a 'revisão de atos disciplinares', consoante o


permissivo contido no artigo 62, inciso IV da Lei Complementar nº
893/2001, a qual pode inclusive ser concedida de ofício, no prazo de
cinco anos, a contar da publicação do ato que se pretende invalidar
(§ 2º do art. 62). Circunstância que afasta a incidência do
supracitado artigo 83 da Lei Complementar nº 893/2001.
Aliás, nos termos dos artigos 31, inciso I, 32 e 62,
todos da Lei Complementar em foco, possuem legitimidade para
apreciar pedido de revisão o Comandante da Polícia Militar, o
Secretário de Segurança Pública e o Governador do Estado.
Neste passo, como bem lembrado pelos ilustres
representantes do Ministério Público:
“No próprio Pedido de Revisão apontou o
impetrante o disposto no artigo 62, inciso IV, da Lei Complementar n.
893/2001, que cuida da revisão dos atos disciplinares (destacamos):
Artigo 62 As autoridades competentes para
aplicar sanção disciplinar, exceto as ocupantes do posto de major e
capitão, quando tiverem conhecimento, por via recursal ou de ofício, da
possível existência de irregularidade ou ilegalidade na aplicação da
sanção imposta por elas ou pelas autoridades subordinadas, podem
praticar um dos seguintes atos:
I retificação;
II atenuação;
III agravação;
IV anulação.
Cumpre observar que a Lei refere-se às autoridades
competentes para aplicar sanção disciplinar que são, na hipótese, o
Governador do Estado de São Paulo, o Secretário de Segurnaça
Pública e o Comandante-Geral da Polícia Militar do Estado de São
Paulo. Assim dispõe o artigo 31 da Lei Complementar n. 893/2001
(destacamos):
Artigo 31 A competência disciplinar é inerente ao
cargo, função ou posto, sendo autoridades competentes para aplicar
sanção disciplinar:
I o Governador do Estado: a todos os militares do
Estado sujeitos a este Regulamento
Já o artigo 32, inciso I, da Lei Complementar n.
893/2001, dispõe o seguinte (destacamos):
Artigo 32 O Governador do Estado é competente
para aplicar todas as sanções disciplinares previstas neste

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Regulamento, cabendo às demais autoridades as seguintes


competências:
I ao Secretário da Segurança Pública e ao
Comandante Geral: todas as sanções disciplinares exceto a demissão
de oficiais;
Embora o Governador e o Secretário de Segurança
Pública, que têm competência para aplicar todas as sanções
disciplinares previstas neste Regulamento (exceto, para o segundo, a
demissão de oficiais), não tenham aplicado a sanção ao impetrante,
encontram-se ambos legalmente autorizados a conhecer o pedido de
revisão de penas aplicadas por atos infracionais aos seus
subordinados, como preceitua o artigo 62, caput, in fine, da Lei
Complementar n. 893/2001.”.
Oportuno trazer a colação o seguinte trecho do
voto condutor do julgamento do Mandado de Segurança nº
0045568-88.2013.8.26.0000, deste Colendo Órgão Especial, de
relatoria do Desembargador Walter de Almeida Guilherme, julgado
em 14 de agosto de 2013:

“Não foi o Governador do Estado que aplicou a


sanção disciplinar ao impetrante, senão que o Cel PM Comandante
Geral Roberval Ferreira França. Se assim é, teria o Governador
atribuição para rever o ato?

Dispõe o artigo 62 da Lei Complementar n°


893/2001, que institui o Regulamento Disciplinar da Polícia Militar,
que "As autoridades competentes para aplicar sanção disciplinar,
exceto as ocupantes do posto de major e capitão, quando tiverem
conhecimento, por via recursal ou de oficio, da possível existência de
irregularidade ou ilegalidade na aplicação da sanção imposta por elas
ou pelas autoridades subordinadas, podem praticar um dos seguintes
atos: I - retificação; II - atenuação; III- agravação; IV- anulação. ".

De seu turno, o artigo 66 desse mesmo diploma


legislativo estabelece que "Anulação é a declaração de invalidade da
sanção disciplinar aplicada pela própria autoridade ou por autoridade
subordinada, quando, na apreciação do recurso, verificar a ocorrência
de ilegalidade, devendo retroagir à data do ato".

Aprofundando, a Constituição Federal, no artigo


144, § 6º, reza que "As polícias militares e corpos de bombeiros
militares, forças auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se,
juntamente, com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do
Distrito Federal e dos Territórios.".

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Dessa forma, o comando das forças policiais


estaduais (militares e civis) é atribuição do chefe do Poder Executivo:
os Governadores de Estado. A referida autoridade é competente para
nomear as autoridades de direção dos órgãos de segurança pública,
as quais conduzem a gestão e políticas das respectivas corporações.

Relativamente às atribuições administrativas, ao


Governador de Estado, na qualidade de Comandante em chefe da
Polícia Militar, compete, em regra, a destinação de recursos
financeiros e meios logísticos, nomeação, promoção, conferência de
carta patente (título de investidura no ofícialato) e atos de
movimentação de efetivo.

Também é atribuição do Governador de Estado,


proferir decisão, em última instância, sobre os requerimentos e
recursos apresentados pelos militares, estabelecendo, a respeito, o
artigo 3º da mencionada lei complementar que "Hierarquia policial-
militar é a ordenação progressiva da autoridade, em graus diferentes,
da qual decorre a obediência, dentro da estrutura da Polícia Militar,
culminando no Governador do Estado, Chefe Supremo da Polícia
Militar".

Respondendo, então, à indagação acima formulada,


há que se dizer que sim, isto é, ao Governador do Estado cabia
apreciar o pedido de revisão da punição aplicada ao impetrante, como
preceituado no artigo 62, caput, infine, da Lei Complementar n°
893/2001.”.

Nesta ótica, nada impede que a postulação do


impetrante, em observância ao princípio da fungibilidade recursal,
seja recepcionada como pedido de representação, nos termos do
artigo 30, §§ 1º e 3º, da Lei Complementar nº 893/2001, pois
consoante o mencionado dispositivo e respectivos parágrafos:
“Representação é toda comunicação que se referir
a ato praticado ou aprovado por superior hierárquico, que se repute
irregular, ofensivo, injusto ou ilegal.
§ 1º - A representação será dirigida à autoridade
funcional imediatamente superior àquela contra a qual é atribuída a
prática do ato irregular, ofensivo, injusto ou ilegal.
§ 2º - A representação contra ato disciplinar será
feita somente após solucionados os recursos disciplinares previstos
neste Regulamento e desde que a matéria recorrida verse sobre a
legalidade do ato praticado.

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§ 3º - A representação nos termos do parágrafo


anterior será exercida no prazo estabelecido no § 1º, do artigo 62. (...)”
(5 anos, a contar da data da publicação do ato que se pretende
invalidar).

Destarte, considerando-se que o impetrante dirigiu


recurso ao Governador, na qualidade de Comandante Supremo da
Polícia Militar (art. 3º, da Lei Complementar nº 893/2001),
insurgindo-se, dentro do prazo legal, contra decisão da lavra do
Secretário de Segurança Pública, que não conheceu do seu pedido
revisional, conforme decisão publicada no Doário Oficial Executivo
de 03/07/2013 (cf. fls. 69), é imperioso reconhecer que seu
inconformismo recursal deveria ser apreciado, mormente porque a
alteração introduzida no artigo 83 da Lei Complementar nº
893/2001, pela Lei Complementar 915/2002, dispondo que a
decisão disciplinar do Comandante Geral da Polícia é irrecorrível
(salvo na hipótese do § 3º do art. 138 da Constituição Estadual), não
afasta o direito do impetrante à revisão prevista no art. 62, nem ao
direito de representação previsto no art. 30, ambos da Lei
Complementar nº 893/2001.
Ante o exposto, rejeitadas as preliminares,
concede-se a segurança para que o Governador do Estado de São
Paulo aprecie o recurso interposto, recebendo-o como
“representação”, nos termos do art. 30, §§ 1º ao 3º da Lei
Complementar nº 893/2001.

ITAMAR GAINO
Relator

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