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FACULDADE DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA

CURSO DE ENGENHARIA DO AMBIENTE

Relatório de Estágio Profissional

Tema:

AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE PROTECÇÃO DO DIQUE COMO


UMA MEDIDA ESTRUTURAL DE RESILIÊNCIA AS CHEIAS E
INUNDAÇÕES: Caso De Nante-Maganja Da Costa.

Autor:

Edny Alfredo Nelson Mucavele

Supervisor: Co-Supervisor:

Prof. Doutor Eng.º Dinis Juízo Prof. Doutor Eng.º Clemêncio Nhantumbo

Supervisor da empresa:

Eng°. Francisco Paulino Saimone

Maputo, 23 de agosto de 2019


UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE

FACULDADE DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA

CURSO DE ENGENHARIA DO AMBIENTE

Relatório de Estágio Profissional

Tema:

AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE PROTECÇÃO DO DIQUE COMO


UMA MEDIDA ESTRUTURAL DE RESILIÊNCIA AS CHEIAS
E INUNDAÇÕES: Caso De Nante-Maganja Da Costa.

Autor:

Edny Alfredo Nelson Mucavele

Supervisor: Co-Supervisor:

Prof. Doutor Eng.º Dinis Juízo Prof. Doutor Eng.º Clemencio Nhantumbo

Supervisor da empresa:

Eng°. Francisco Paulino Saimone

Maputo, 23 de agosto de 2019


UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE

FACULDADE DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA

TERMO DE ENTREGA DO RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONAL

Declaro que o estudante finalista Edny Alfredo Nelson Mucavele, entregou no


dia___/___/2018 as ___ cópias do relatório do seu Estágio Profissional com a
referência ________ intitulado, ‘‘Avaliação do Nível de Protecção do Dique Como
Uma Medida Estrutural de Resiliência as Cheias e Inundações: Caso de Nante-
Maganja Da Costa.”

Maputo, ____ de _______________ de 2018

A Chefe de Secretaria

____________________________________
DECLARAÇÃO DE HONRA

Eu, Edny Alfredo Nelson Mucavele, declaro por minha honra que o presente trabalho é
completamente da minha autoria, com base nos conhecimentos adquiridos ao longo do
curso e resulta da pesquisa bibliográfica, trabalho de campo, visitas às instituições
ligadas ao sector de águas e que nunca foi apresentado para a obtenção de qualquer
grau.

Maputo, ____ de ______________ de 2018

O Autor:

____________________________________________
(Edny Alfredo Nelson Mucavele)
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus País, Avós e


em especial a minha Filha Primogénita
(Umamy), agradeço aos meus progenitores
que sempre envidaram esforços pela minha
educação, tornando-se numa fonte inesgotável
de inspiração na minha vida, desejo ainda, que
este trabalho sirva de inspiração pra minha
Filha, que em 2040 se torne Engenheira.

I
AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar à Deus, pelo dom da vida, força, coragem e perseverança durante
toda esta longa caminhada, desde o início desta Licenciatura, a sua presença foi
inequívoca, derramando bênçãos durante a caminhada, e certamente até a sua
conclusão.

À toda minha família, especialmente aos meus avós Alfredo Chinhamane


Mucavele e Norita Zibia Mucavele, e aos meus pais Nelson Giziel Alfredo Mucavele e
Sandra Raul Sitoe, Tereza Salamão Bila e Flávio Orlando Zita, aos meus irmãos: Tévia
Zita, Prisilia Mucavele, Júnior Zita, Shelton Zita e Siyabonga Mucavele, aos meus tios e
tias: Nito Paulo Mucavele, Paula Mucavele, Sofia Mucavele, Adelina Bila (em memória),
Inácia Bila, Emílio Bila, Elsa Bila e Florinda Bila, aos meus primos: Salomão, Derito,
Walter, Lewis, Hamilton e Ivanildo, aos meus amigos: Admiro, Noninho, Gabito, Moisés
e Nelo vai o meu muito obrigado.

À Faculdade de Engenharia da Universidade Eduardo Mondlane em particular


ao Departamento de Engenharia Química em destaque ao meu supervisor Professor
Doutor Eng.º Dinis Juízo, e co-supervisor Professor Doutor Eng.º Clemêncio
Nhantumbo, pelos conhecimentos transmitidos, pela disponibilidade, apoio, paciência e
por toda a orientação dada para o desenvolvimento deste trabalho.

Aos docentes e funcionários da Faculdade de Engenharia da Universidade


Eduardo Mondlane que contribuíram para a minha formação, incluindo os meus
colegas de curso, em particular ao Erik Da Silva, Rolf Issufo, Lurdes Gove, Núria
Falume, Manguiza DosTaimo, Pedro Patreque e António Chirindza, vai o meu especial
agradecimento.

À Salomon Lda, em especial ao Professor Doutor Eng.º Dinis Juízo e o Eng.º


Francisco Paulino Saimone, pela oportunidade de estágio profissional, materializando
um sonho e tornando esta pesquisa uma realidade, vai o meu muito obrigado.

A realização deste relatório de estágio profissional foi possível graças a colaboração e


ao contributo, directo ou indirecto de várias pessoas, as quais nunca duvidaram de
mim, sempre acreditaram no meu potencial, e a elas gostaria de expressar o meu
maior reconhecimento. Sou o resultado da confiança e da força de cada um de vocês.

II
RESUMO

Á adaptação as cheias e inundações implementando medidas não-estruturais


(ex.: sistema de alerta, avisos prévios, educação comunitária, etc.) já mostrou-se ser
um procedimento deficiente em Moçambique, em referência a Chókwè e Xai-Xai que
sofrem de forma cíclica com esses eventos. Associado à esta lacuna, está também a
falta de um dispositivo legal no país, que regula os procedimentos de concepção,
construção, manutenção, reabilitação e inspecção dos diques. O que resulta no estado
avançado de degradação em que os diques se encontram actualmente. Em geral, os
diques de protecção são caracterizados como uma medida estrutural de carácter
intensivo

O presente estudo teve como objectivo avaliar o nível de protecção contido pelo dique
de Nante como uma medida estrutural de resiliência às cheias e inundações. O sistema
localiza-se no Posto Administrativo de Nante, Distrito de Mangaja da Costa, Província
de Zambézia, ao norte de Moçambique, na margem esquerda do rio Licungo. A
metodologia usada foi baseada no estudo de caso. Foi feito um levantamento de
campo, com vista a identificar, avaliar e propor medidas com vista a reposição da sua
estrutura até um nível de protecção pretendido.

Segundo o estudo realizado pela Salomon e HKV (2015), para melhor e promover a
gestão sustentável dos diques em Moçambique, o primeiro passo é fazer um inventário
dos sistemas e desenvolver um cadastro com toda informação sobre os diques. Os
diques vêm se tornando cada vez mais infra-estruturas de grande importância e
preocupação devido às consequências esperadas das mudanças climáticas (como
aumento do nível do mar e eventos climáticos mais extremos).

É neste contexto, que o avanço tecnológico deve ser visto como uma medida
imprescindível com vista a suprir esta necessidade. Neste âmbito, o plugin Cadastro,
que pode ser aberto no software livre Quantum GIS, aprece em forma de resposta a
esta necessidade. No presente estudo, foi usado para avaliar o estado de conservação
do dique e determinar o volume de material necessário para aterrar, com vista a repor a
sua estrutura até ao nível de protecção pretendido.

III
O software permitiu determinar que dos 17,1 km de dique existentes em Nante,
distinguidos em (4) quatro troços principais, nomeadamente Nante-Moneia,
Mundamunda, Intabo e Muquera, quanto ao seu estado actual de conservação no geral
6,4 km encontram num estado bom, 2,9 km razoável e 7,8 km mau. Em função do
mesmo critério de avaliação, destaca-se em bom estado em detrimento da sua
extensão, o dique de Nante-Moneia com 77,4%, Mundamunda 64,1% e Muquera
respectivamente 5,6%.

Quanto ao volume de material necessário para aterrar, foi feita uma projecção (secções
transversais) sobre as condições geométricas do dique, para um caudal de cheia com
período de retorno de 20 anos, onde foi constatado que para repor a estrutura do dique
serão necessários cerca 1 Mm³ de terra.

Palavras-chaves: Diques de Protecção, Resiliências às Cheias e Inundações,


Sustentabilidade.

IV
ÍNDICE

DEDICATÓRIA ................................................................................................................. I
AGRADECIMENTOS ...................................................................................................... II
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 1
1.1 ÂMBITO DO TRABALHO ................................................................................... 3
1.2 JUSTIFICATIVA ................................................................................................. 4
1.3 OBJECTIVOS ..................................................................................................... 6
1.3.1 Objectivo geral: ............................................................................................ 6
1.3.2 Objectivos Específicos: ................................................................................ 6
2. DESCRIÇÃO DA EMPRESA ONDE O ESTUDANTE REALIZOU O ESTÁGIO ...... 7
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................... 12
3.1 Conceitos ......................................................................................................... 12
3.1.1 Projecto de novo dique .............................................................................. 12
3.1.2 Elevação do dique existente ...................................................................... 12
3.2 Critérios de análise e de dimensionamento ...................................................... 13
3.2.1 Medidas estruturais.................................................................................... 13
3.2.2 Medidas não-estruturais ............................................................................ 13
3.2.3 Mecanismos de ruptura de um dique de protecção ................................... 14
3.2.4 Análise da vulnerabilidade de um dique de protecção ............................... 15
3.2.5 Alinhamento ............................................................................................... 17
3.2.6 Altura do dique ........................................................................................... 17
3.2.7 Altura livre do dique ................................................................................... 18
3.2.8 Largura da crista ........................................................................................ 18
3.2.9 Inclinação dos taludes ............................................................................... 19
3.2.10 Bermas ................................................................................................... 19
3.2.11 Terraplanagem ....................................................................................... 19
3.2.12 Compactação ......................................................................................... 20
3.2.13 Selecção de Materiais para o Dique ....................................................... 20
4. METODOLOGIA DO TRABALHO .......................................................................... 23
4.1 Revisão da Literatura ....................................................................................... 23
4.2 Preparação do Levantamento de Campo ......................................................... 23
4.3 Levantamento do Campo ................................................................................. 24
4.3.1 Inspecção do Dique de Protecção ............................................................. 25
V
........................................................................................................................................................ 25
4.4 Processamento de dados ................................................................................. 26
4.4.1 Análise quantitativa da vulnerabilidade estrutural dos diques .................... 26
4.4.2 Classificação geral quantitativa da vulnerabilidade estrutural dos diques . 27
4.4.3 Resultados da classificação geral quantitativa da vulnerabilidade estrutural
dos diques .............................................................................................................. 27
4.4.4 Análise da vulnerabilidade hidráulica e medidas de mitigação .................. 28
Modelo de Elevação Digital (DEM-SRTM-30m) .............................................................. 30
4.4.5 Estimativa do caudal de cheia e determinação do período de retorno ...... 30
4.5 Análise e Discussão dos Resultados................................................................ 31
4.6 Elaboração do Relatório Final .......................................................................... 31
5. CASO DE ESTUDO: Distrito de Maganja Da Costa-Posto Administrativo de Nante
(Baixo Licungo).............................................................................................................. 32
5.1 Contextualização da Área de Estudo ............................................................... 32
5.1.1 Localização geográfica .............................................................................. 32
5.1.2 Divisão administrativa do distrito................................................................ 32
5.1.3 População .................................................................................................. 33
5.1.4 Clima .......................................................................................................... 34
5.1.5 Geologia e relevo ....................................................................................... 34
5.1.6 Recursos hídricos ...................................................................................... 34
5.1.7 Floresta e Fauna Bravia ............................................................................. 35
6. ESCOLHA DE ESTUDO: Bacia de Licungo-Sistema de Diques de Protecção de
Nante ............................................................................................................................. 36
6.1 Características gerais da Bacia do Rio Licungo ............................................... 36
6.1.1 Análise dos eventos hidrológicos da Bacia do Rio Licungo ....................... 37
6.2 Sistema de Diques de protecção de Nante ...................................................... 38
6.2.1 Contextualização dos diques ..................................................................... 38
6.2.2 Localização geográfica dos diques ............................................................ 38
Dique de Nante-Moneia ................................................................................................. 38
Dique de Mundamunda.................................................................................................. 39
Dique de Intabo .............................................................................................................. 39
Dique de Muquera.......................................................................................................... 39
6.2.3 Histórico sobre os rombos ......................................................................... 41
7. RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................. 42
7.1 Estado de Conservação dos Diques ................................................................ 42
VI
7.1.1 Dique de Nante-Moneia ............................................................................. 42
7.1.2 Dique de Mundamunda .............................................................................. 42
7.1.3 Dique de Intabo.......................................................................................... 42
7.1.4 Dique de Muquera ..................................................................................... 43
7.1.5 Aspectos de vulnerabilidade ...................................................................... 44
7.2 Dimensionamento da estrutura dos diques e definição do tipo de intervenção
necessária.................................................................................................................. 48
7.2.1 Dique de Nante-Moneia ............................................................................. 48
7.2.2 Dique de Mundamunda .............................................................................. 48
7.2.3 Dique de Intabo.......................................................................................... 49
7.2.4 Dique de Muquera ..................................................................................... 49
7.2.5 Generalidades............................................................................................ 49
7.2.6 Mapa de quantidades ................................................................................ 51
8. CONCLUSÃO ......................................................................................................... 52
9. RECOMENDAÇÕES .............................................................................................. 54
10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 55
11. ANEXOS ................................................................................................................ 58

VII
Índice de Tabelas
Tabela 1: Critério para o dimensionamento da altura livre do dique mínima requerida. 18
Tabela 2: Critério para o dimensionando da largura da crista de um dique. ................. 19
Tabela 3: Valor padrão da altura para terraplanagem (Extra-aterro). ............................ 20
Tabela 4: Avaliação do material para o dique de protecção. ......................................... 21
Tabela 5: Classificação de cada parâmetro no segmento do dique de protecção contra
cheias. ........................................................................................................................... 26
Tabela 6: Descrição da classificação geral do dique de protecção contra cheias. ........ 27
Tabela 7: Estimativa de caudais para vários níveis de cheias em Intabo. ..................... 30
Tabela 8: Distribuição da população no distrito de Mangaja Da Costa. ........................ 33
Tabela 9: Resumo dos impactos sócioeconómicos das principais cheias na bacia 1977-
2013. ............................................................................................................................. 37
Tabela 10: Descrição do estado actual de conservação dos diques de Nante por troço.
...................................................................................................................................... 45
Tabela 11: Material necessário compactar para um caudal de cheias de 20 anos. ...... 51

VIII
Índice de Figuras
Figura 1: Diques de protecção em leito do rio nas duas bermas. .................................. 13
Figura 2: Mecanismos de ruptura do dique. .................................................................. 14
Figura 3: Desenho representativo e componentes de um dique de protecção. ............. 17
Figura 4: Câmera Sony Cyber-shot Zoom Óptico 16x HD 720 ...................................... 24
Figura 5: GPS Map 76S ................................................................................................ 24
Figura 6: Fita métrica 50m ............................................................................................. 24
Figura 7: Marcação de coordenadas (à esquerda) e registo fotográfico (à direita) em um
ponto de amostragem no dique. .................................................................................... 25
Figura 8: Tabela de atributos (base de dados) do dique de protecção de Nante no
ambiente QGIS e sua respectiva classificação.............................................................. 28
Figura 9: Secções transversais geradas ao longo do dique e camada LIDAR (cor
castanha). ...................................................................................................................... 29
Figura 10: Dimensionamento do dique à partir da secção transversal. ......................... 29
Figura 11: Estação hidrométrica de Nante, na Estacão de Bombagem de Intabo. ....... 31
Figura 12: Localização geral da área de estudo. ........................................................... 33
Figura 13: Classes de uso e cobertura de terra, e sua área. ......................................... 35
Figura 14: Localização geral da bacia de estudo. ......................................................... 36
Figura 15: Localização dos diques de protecção de Nante ........................................... 40
Figura 16: Localização dos Rombos (destacados a vermelho) no dique em
Mundamunda, Intabo e nas vias de acesso. ................................................................. 41
Figura 17: Classificação geral do estado actual de conservação do dique de Nante em
função da sua extensão................................................................................................. 44
Figura 18: Classificação geral do estado actual de conservação do dique de Nante em
termos percentuais. ....................................................................................................... 46
Figura 19: Classificação do estado actual dos do dique de Nante ................................ 47
Figura 20: Secções transversais projectadas ao longo do dique (Mundamunda, Intabo e
Muquera). ...................................................................................................................... 50

IX
Índice de Anexos

Anexo 1. Planilha de classificação dos parâmetros do estado do dique. ..................... A1


Anexo 2. Inventário de inspecção dos diques de Nante. .............................................. A9
Anexo 3. Estado actual de conservação do dique classificado em função da vegetação.
................................................................................................................................... A10
Anexo 4. Estado actual de conservação do dique classificado em função das práticas
agrícolas. .................................................................................................................... A11
Anexo 5. Estado actual de conservação do dique classificado em função das fissuras.
................................................................................................................................... A12
Anexo 6. Mapa de risco de Inundação detectada por satélite de Janeiro de 2015 na
bacia do Licungo. ....................................................................................................... A13
Anexo 7. Quantidade de precipitação que cobre toda Bacia de Licungo (a esquerda) e
quantidade de precipitação acumulativa em 4-estações em toda a Bacia de Licungo (a
direita) 2015................................................................................................................ A13
Anexo 8. Mapa da bacia do Licungo, o sombreamento a vermelho indica a extensão da
inundação concretamente em Mocuba e Nante. ........................................................ A14
Anexo 9. Vista geral da banqueta esquerda do rio Licungo em Intabo. ..................... A14
Anexo 10. Dados de base sobre a projecção de secções transversais ao longo do
dique. .......................................................................................................................... A15
Anexo 11. Enquadramento Legal dos Diques. ........................................................... A16
Anexo 12. Descrição cronológica dos principais eventos resultantes das inundações
ocorridas na bacia do Licungo durante as cheias de 2015. ........................................ A17

X
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

Designação Abreviação

ARA-Centro Norte Administração Regional de Águas do Centro-Norte


ARA-Sul Administração Regional de Águas do Sul
ARA-Centro Administração Regional de Águas do Centro
BM Banco de Moçambique
DNGRH Direcção Nacional de Gestão de Recursos Hídricos
DDR-Team Equipe Holandesa de Redução de Risco a Inundação
DNA Direcção Nacional de Águas
GoM Governo de Moçambique
GDMC Governo do Distrito da Maganja da Costa
INGC Instituto Nacional de Gestão de Calamidades
JICA Agência de Cooperação Internacional do Japão
MAE Ministério da Administração Estatal
SDPI Serviço Distrital de Planeamento e Infra-estruturas
SDAE Serviço Distrital de Actividades Económicas
NASA Administração Americana do Espaço e da Aeronáutica
QGIS Quantum Sistema de Informação Geográfica
USGS Pesquisa Geológica dos Estados Unidos
MT Metical
USD Dólar Norte-americano
Mm³/ano Milhões de metros cúbicos por ano
Mm³ Milhões de metros cúbicos
ha Hectares
km Quilómetros
m³ Metro cúbico
m² Metro quadrado
m Metro
mm Milímetros
H Altura Horizontal
V Altura Vertical
% Por cento (percentagem)

XI
1. INTRODUÇÃO

Moçambique é propenso aos efeitos das mudanças climáticas, devido a sua


localização geográfica, a jusante das principais bacias internacionais e uma longa costa
abaixo do nível médio do mar. Segundo o índice de vulnerabilidade as mudanças
climáticas citado no relatório sobre Estratégia Nacional de Adaptação e Mitigação de
Mudanças Climáticas 2013 à 2025, Moçambique é o quinto país mais vulnerável do
mundo.

As cheias de 2000, 2013, 2015 sublinharam a necessidade de proteger as zonas


propensas as cheias e inundações (We Consult, 2015). O Governo de Moçambique
(GM) através da Direcção Nacional da Gestão de Recursos Hídricos (DNGRH), julgou
pertinente, que o país fosse dotado de uma legislação adequada sobre os diques de
protecção contra cheias e inundações. A legislação visa regular os modos de
concepção, projecção, construção, operação, manutenção e inspecção dos diques de
protecção.

O sistema de diques de protecção da província de Zambézia, distrito da Maganja Da


Costa, Posto Administrativo de Nante possui uma extensão de 17,1 Km. O regadio, as
infra-estruturas sócio-económicas e a comunidade de Nante são protegidos pelo dique
quando há subida do caudal do rio Licungo. O dique está sobre a jurisdição da ARA-
Centro e Norte e sob gestão do Serviço Distrital de Planeamento e Infra-estruturas
(SDPI) do Posto Administrativo.

O estado avançado e degradado em que o dique se encontra, uso do material


inadequado para a sua construção, falta da compactação ideal em alguns troços do
dique, erosão progressiva resultante do escoamento de sedimento na baqueta do rio,
relevo do terreno e o facto de Nante se encontrar próximo da foz do rio Licungo,
colocam esta zona vulnerável aos efeitos das cheias e inundações quando há subida
do caudal do rio.

Diques de protecção de Nante, Distrito de Maganja Da Costa-Bacia do Rio Licungo 1


A DRR-Team prestou serviços de consultoria solicitados pelo governo moçambicano,
para avaliar os danos causados pelas inundações na bacia do Licungo durante o
evento do ano 2015. Foi também objectivo do trabalho auxiliar a Direcção Nacional de
Águas (DNA), no desenvolvimento de mapas de inundação e ajudar com um plano
integrado para acções prioritárias e estratégica pós-inundação.

Segundo DRR-Team (2015) os danos causados pelas inundações na bacia do Licungo


destruíram pontes, estradas e vias de acesso. Segundo ainda o relatório do Banco de
Moçambique (BM) os danos aos diques foram estimados em 402 milhões de meticais
no sector agrícola, 4.860 milhões de meticais em culturas, 852 milhões de meticais em
infra-estruturas. Os valores acima mencionados, trazem a reflexão sobre a
necessidade de reduzir os efeitos das inundações na bacia do rio Licungo, e torna
urgente a implementação de medidas estratégicas com vista ao alcance dos Objectivos
do Desenvolvimento Sustentável rectificados pelo país.

Diques de protecção de Nante, Distrito de Maganja Da Costa-Bacia do Rio Licungo 2


1.1 ÂMBITO DO TRABALHO

Um dos requisitos para aquisição do grau de licenciatura pela Faculdade de


Engenharia da Universidade Eduardo Mondlane, segundo o previsto no regulamento
pedagógico é a realização do trabalho de culminação de estudos. O regulamento prevê
duas vias de culminação do curso, o Trabalho de Licenciatura ou Estágio Profissional.
É neste âmbito que no fim do mês de Fevereiro do ano em curso submeti o pedido de
estágio na Salomon, Lda. O pedido de estágio foi aceite. A Salomon, Lda opera no
mercado Moçambicano desde 2001 nos ramos de Gestão de Recursos Hídricos, Água
e Saneamento, e Meio Ambiente. Durante o Estágio Profissional me foi confiada a
missão de participar na elaboração do Cadastro Nacional dos Diques de Protecção
Contra Cheias e Inundações, sendo este parte do conteúdo para elaboração da
Legislação sobre os Diques de Protecção.
Para alcançar os objectivos estabelecidos nos termos de referência do projecto foram
definidas 4 actividades principais, nomeadamente: (1) Preparação do Levantamento de
Campo, (2) Levamento de Campo, (3) Inspecção do dique e (4) Processamento,
Analise e Discussão dos Resultados.

Diques de protecção de Nante, Distrito de Maganja Da Costa-Bacia do Rio Licungo 3


1.2 JUSTIFICATIVA

A bacia de Licungo tem cerca de 27.000 m2 de área drenante. Ela engloba a


região de Gurúè, local de nascente do rio. A região de Gurúè é uma das zonas com
maior pluviosidade em Moçambique e tem uma precipitação média anual de cerca de
2000 mm. O outro grande contribuinte para o caudal do rio Licungo é o seu tributário, o
rio Lugela que nasce numa zona montanhosa de Tacuane também com elevada
precipitação média anual cerca de 2300 mm.

A bacia de Licungo é propensa a inundações. Esse facto foi comprovado e sublinhado


nas cheias de 2013 e 2015, em que uma extensão considerável do dique foi galgada. A
invasão das águas resultou num total de 28 rombos, dos quais 20 ocorreram nos
diques de protecção e 8 nas principais vias de acesso.

Embora a responsabilidade pela manutenção de diques em relação às suas


respectivas funções de uso (como rodovias, aterros e protecção contra inundações)
seja definida, em teoria, na prática a manutenção de diques é quase que inexistente.
Os diques de protecção de Nante têm a função de proteger o regadio do baixo Licungo,
as infra-estruturas socioeconómicas, as machambas da comunidade e serve de
principal via de acesso para as comunidades de Moneia, Mutabune e Lugela.

Contudo, sempre que se regista uma subida do nível do rio, os efeitos das inundações
são devastadores no baixo Licungo. Os efeitos das inundações variam desde a perda
de culturas dos regadios, deslocações das comunidades, destruição de bens e infra-
estruturas socioeconómicas, bem como a destruição da única via de acesso as
comunidades o que dificulta a comunicação em casos de emergência.

Segundo as estratégias do governo, no seu plano director para a redução do risco de


desastres 2017 à 2030, os diques de protecção enquadram-se como uma medida
estrutural convencional para mitigar os feitos das inundações resultantes das chuvas
intensas, oque torna relevante o tema do presente trabalho na determinação do nível
de protecção proporcionado e/ou contido pelo dique.

Diques de protecção de Nante, Distrito de Maganja Da Costa-Bacia do Rio Licungo 4


Mobilizar financiamento para a reabilitação dos diques de Nante em Maganja Da Costa,
constitui o terceiro (3°) objectivo estratégico do Governo, no que tange a construção e
expansão da capacidade das infra-estruturas de armazenamento de água e de
irrigação, segundo o Plano Quinquenal do Governo 2015-2019 (Governo, 2015).

Os resultados do presente estudo, podem ser considerados como dados de base na


tomada de decisão sobre o tipo de intervenção necessária, desde a reabilitação,
manutenção e reposição total da sua estrutura.

As medidas acima mencionadas, tem como principal objectivo salvaguardar a


integridade do dique, dada a sua funcionalidade de proteger as áreas habitadas pelas
comunidades e as principais zonas de potencial económico (regadios).

Diques de protecção de Nante, Distrito de Maganja Da Costa-Bacia do Rio Licungo 5


1.3 OBJECTIVOS

Os objectivos gerais e específicos do presente trabalho são apresentados a seguir:

1.3.1 Objectivo geral:

Avaliar o Nível de Protecção Contido pelo do Dique de Nante Como uma Medida
Estrutural de Resiliência às Cheias e Inundações.

1.3.2 Objectivos Específicos:

 Descrever as características gerais da área e bacia de estudo;


 Descrever os principais critérios técnicos de análise e dimensionamento;
 Verificar o estado de conservação do dique, suas características técnicas,
aspectos de vulnerabilidade, tendo em conta a sua função;
 Identificar o tipo de intervenção necessária em função de um determinado
período de retorno.

Diques de protecção de Nante, Distrito de Maganja Da Costa-Bacia do Rio Licungo 6


2. DESCRIÇÃO DA EMPRESA ONDE O ESTUDANTE REALIZOU O ESTÁGIO

A Nossa Abordagem
A nossa experiência com consultores de vários quadrantes do mundo tem mostrado
que existe uma grande tendência em concentrar-se na solução antes de o problema
ser bem compreendido. Como uma empresa de engenharia e de consultoria,
orgulhamo-nos da nossa abordagem holística que inclui participação pró-activa e
facilitação na definição do problema, utilização de ideias e opiniões do cliente, do
manancial de saber do sector e a nossa experiência em projectos.

Termos de Referência do Cliente

Visão, Políticas, Definição do


A Nossa Experiência
Estratégias e Ideias Problema
do Sector

Para criar um ambiente favorável a essa abordagem holística, esforçámo-nos por


estabelecer uma relação de cooperação e de confiança com os clientes, através de
uma maior aproximação para um “trabalho com o cliente”, em seguida, “trabalhamos
para o cliente”. A nossa forte ligação com a academia e com a investigação garante
que a empresa tenha acesso aos mais recentes desenvolvimentos científicos que
ocorrem no sector.

Diques de protecção de Nante, Distrito de Maganja Da Costa-Bacia do Rio Licungo 7


A Nossa Empresa
A Salomon Lda. foi fundada em 2001, e possui uma equipa de quatro sócios, de várias
especialidades dentro do sector de águas e ambiente bem como ligação com o sector
académico, privado, governo e cooperação para o desenvolvimento.
Este grupo de sócios junto com uma equipa de profissionais do sector de água e
ambiente, que forma a empresa Salomon Lda., tem sido capaz de prestar serviços de
elevada qualidade e objectividade a uma série de clientes.
O escritório da Salomon Lda. está situado na cidade de Maputo, e possui todo o
equipamento técnico e softwares para apoiar qualquer projecto no sector de águas e
ambiente, seja directamente na sua empresa ou através da sua rede de fornecedores
locais e regionais.
Isto inclui:
Equipamento hidrológico e geo-hidrológico;
Imagens aéreas e de satélite;
Equipamento topográfico e GPS;
Software de GIS e de mapeamento e instalações;
Software para modelação diversa de recursos naturais;
Testes de água e serviços laboratoriais.

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Estrutura Organizacional da Empresa

Administração Geral

Recursos Hidricos Água e


Saneamento Ambiente, Socio
( Dr. Dinis Juízo ) Economia e GIS
( Dr. Nelson
Matsinhe ) ( Dr. Mário Souto )

Hidrometria
Abastecimento Avaliação de
de Água Urbana Impacto
Ambiental e
Estudos e Social
Modelação Pequenos
Hidrológica Sistemas de
Abastecimento Licenciamento
de Água Ambiental
Estudos e
Modelação sobre
Água Subterranea Abastecimento Auditoria
de Água Rural Ambiental

Estudo de Bacias
Hidrográficas Sanidade a Estudos Sociais e
Baixo Custo Institucionais

Desenvolvimento
de Recursos Drenagem e
Hidricos Saneamento Sistemas de GIS
Urbanos

Gestão de Gestão de Dados


Recursos Hidricos Tratamento de
Água e de
Residuos
Mapeamento e
Dimensionament
Desenho Gráfico
o e Optimização
de Projectos de
Irrigação

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Experiência Relevante
Como empresa de consultoria a Salomon Lda, participou em inúmeros projectos de
forma individual e também estabelecendo parcerias com empresas nacionais e
estrageiras. Sendo assim, estão listados abaixo alguns dos mais importantes projectos
em que deu o seu contributo.
Recursos Hídricos:
Projecto de Desenvolvimento de Irrigação Sustentável (PROIRRI) - capacidade
de desenvolvimento de serviços de consultoria (2013-2018).
Inspecção aos Diques de Chókwè e Xai-Xai (2015).
Barragem do Alto Malema (2015-2014)
Elaboração dos Planos das Bacias dos rios Inhanombe, Mutamba e Guiua
(2015)
Serviço de Consultoria para a Optimização da Monitoria e Previsão Hidro-
Climatológica Nacional (2015-2014)
Calibração do modelo hidrológico VIC (Variable Infiltration Capacity) e
Elaboração da Base de Dados DIF (Dynamic Information Framework) (2013-
2012).
Água e Saneamento:
Avaliação para Instalação de um Sistema de Água na Nhica do Rovuma e
Avaliação para Instalação de 2 furos em Senga (2018-20107).
Estudo de Viabilidade, elaboração dos Projectos e Fiscalização das obras de
construção dos sistemas de abastecimento de água ás sede das localidades de
Majaua (Milange), Corromana (Molumbo) e Mepuagiua (Gurué), Lote 1 (2018-
2017)
Estudo de viabilidade e elaboração de projectos de sistemas de abastecimento
de água e saneamento de 8 cidades e 40 vilas em Amhara (1), Oromia (3),
Somália (2) e Tigray (2) regiões da Etiópia (2018-2014)
Estudo de viabilidade e projecto executivo do sistema de abastecimento de água
e saneamento da Cidade de Godé, Etiópia (2015-2014)
Fiscalização de Obras de Construção de 10 Furos Positivos de Abastecimento
de Água no Distrito de Matutuíne (2015-2014)

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Ambiente, Sócio-economia e GIS
Serviço de consultoria para a Avaliação da Vulnerabilidade Climática e
Identificação de opções para a construção de Resiliência Climática para a rede
de estradas do Baixo Limpopo na província de Gaza (2015-2017).
Projecto de Reabilitação da Estrada N381/R2151 Entre Mueda E Negonamo
(2015-2013).
Renovação das Licenças Ambientais dos Complexos Turísticos Indigo Bay,
Medjumbe e Matemo (2015-2014)
Requalificação dos Bairros Polana Caniço A e B (2014-2013).
Licenciamento ambiental da Fábrica de Pasta de Tomate de Chaquelane (2014).
Serviço de consultoria para avaliação dos impactos hidrológicos e
hidrogeológicos do Projecto de Electrificação do Posto Administrativo de
Chiurairue, na Província de Manica, através de Mini-hídrica (2010)
Estudo de Definição do Projecto ISO 14001 (2004-2003).

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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Para melhor compreender o conteúdo apresentado no relatório, importa familiarizar-se


sobre alguns principais conceitos e termos técnicos que são referenciados ao longo do
trabalho.

3.1 Conceitos

Segundo Brandt, et al., (2017) dique é uma estrutura de solo, areia ou concreto que
têm o objectivo de manter determinadas porções de terra secas, essa definição é a
mesma considerada pelos especialistas holandeses.

Considera-se também que, o dique é uma infra-estrutura hidráulica que têm a função
de impedir a passagem de água de mares, lagoas e rios para terrenos adjacentes a
serem mantidos secos, geralmente cidades ou estradas, localizadas em áreas sujeitas
a inundações (Brandt, et al., 2017)

A construção do dique pode incluir novo dique ou elevar o dique existente.

3.1.1 Projecto de novo dique

O novo dique deve ser projectado para proteger as áreas propensas a inundações.
Tendo em conta a estabilidade da estrutura, o seu alinhamento deve evitar a
instabilidade, o subsolo fraco e a fundação de areia solta para impedir o assentamento.

3.1.2 Elevação do dique existente

Sempre que houver necessidade de aumentar ou elevar a altura do dique,


considerando a sua posição ou alinhamento o ideal é a sua reposição do lado da terra
(jusante) é o preferido.

Diques de protecção de Nante, Distrito de Maganja Da Costa-Bacia do Rio Licungo 12


3.2 Critérios de análise e de dimensionamento

3.2.1 Medidas estruturais

As medidas estruturais são medidas físicas de engenharia desenvolvidas para reduzir o


risco de inundações. Essas medidas podem ser de carácter extensivo ou intensivo
(Barbosa, 2006).
 As medidas extensivas: são aquelas que agem na bacia (barragens, albufeiras,
etc.);
 As medidas intensivas: são aquelas que agem no rio (diques, canais de desvios,
etc.).

3.2.2 Medidas não-estruturais

As medidas não-estruturais defendem na sua concepção a melhor convivência da


população com as cheias e inundações. Não são projectadas para dar uma protecção
completa, geralmente são empregues como soluções de carácter exclusivamente
preventivo (Barbosa, 2006).

Representação ilustrativa de
um sistema de dique de
protecção.

Figura 1: Diques de protecção em leito do rio nas duas bermas.

Diques de protecção de Nante, Distrito de Maganja Da Costa-Bacia do Rio Licungo 13


3.2.3 Mecanismos de ruptura de um dique de protecção

As diversas causas ou mecanismos de ruptura de um dique (ver figura 2), são


apresentadas para uma melhor compreensão das tipologias de destruição do dique.
Para garantir maior estabilidade a estrutura do dique, devem ser consideradas no
âmbito do seu dimensionamento as probabilidades de falha estrutural e hidráulica.

Figura 2: Mecanismos de ruptura do dique.

LEGENDA:
Ilustração Mecanismo Descrição geral
Galgamento O nível de inundação da água é maior que altura
A
dimensionada do dique.
Deslizamento do talude A água flui sobre o dique causando erosão do lado da
B
jusante terra (jusante) do dique.

C Percolação da água A água penetra sob o dique criando canais.

Erosão do talude O lado do rio do dique se torna instável e desaparece,


D
montante ou seja, sofre a erosão.
Deslizamento do talude Devido á instabilidade e falta da compactação ideal o
E
montante material do dique cede.

F Micro-instabilidade A estrutura está vulnerável.

Diques de protecção de Nante, Distrito de Maganja Da Costa-Bacia do Rio Licungo 14


3.2.4 Análise da vulnerabilidade de um dique de protecção

A vulnerabilidade do dique em cumprir com sua função de protecção contra cheias e


inundações é resultado da falha hidráulica e falha estrutural. A probabilidade geral
da falha do dique em cumprir com sua função de protecção, é resultante da
probabilidade da falha estrutural e falha hidráulica.

A falha hidráulica ocorre quando o nível de água ultrapassa a altura dimensionada do


dique (galgamento), e a falha estrutural quando a água atravessa o corpo do dique,
resultando em rombos ou erosões progressivas. Contudo, os diques podem falhar
mesmo não sendo galgados, quando a sua estrutura tem defeitos de concepção ou
pela falta de manutenção e inspecção.
A probabilidade geral de falha de um dique é dada pelo produto das probabilidades de
falha estrutural e falha hidráulica, conforme a fórmula abaixo (Wojciechowska, et al.,
2015):

Onde:
∞ 𝐻 ∞
𝑃𝑓 = ∫ 𝑃𝐻 ∙ 𝑐𝑃𝐹 𝑑ℎ = ∫ 𝑃𝐻 ∙ 𝑐𝑃𝐹 𝑑ℎ + ∫ 𝑃𝐻 𝑑ℎ 𝑃𝑓 : Probabilide geral de falha;
𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑏𝑎𝑠𝑒 𝐻
𝑃𝐻 : Probabilidade de um nível de
água ocorrer;
𝑐𝑃𝐹 : Probabilidade condicional de
falha ocorrer a um certo nível de
água;
ℎ : Nível de Água;
𝐻 : Altura do dique;
𝐻
∫𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑃𝐻 ∙ 𝑐𝑃𝐹 𝑑ℎ ∶ Falha estrutural;

∫𝐻 𝑃𝐻 𝑑ℎ : Falha hidráulica.

A integral da probabilidade de falha (Pf) pode ser dividida em duas partes. É mais fácil
de compreender a probabilidade da falha hidráulica quando a probabilidade condicional
(𝑐𝑃𝐹 ) é igual a 1, ou seja, quando o nível da água h é superior a altura do dique H.

A probabilidade de falha estrutural é determinada por curvas de fragilidade que toma


em consideração vários factores que afectam a estrutura do dique (material, geometria,
vegetação, etc.). A curva abaixo representa a falha estrutural onde na horizontal temos
a altura da água (h) e na vertical a probabilidade condicional do dique falhar (cPF).

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c𝑃𝑓
1

(1)

Base do Talude Crista do Dique (H)


(Pé do dique)
Altura do da água (h)

A probabilidade de falha hidráulica é maior quanto menor for a altura do dique,


conforme se pode ver abaixo.

P 1

(2)

Altura do dique (H)

A probabilidade total é, portanto, a soma da probabilidade de falha estrutural obtida


H
através da integral da função (1) ou seja ∫base PH ∙ cPF dh e pela probabilidade de falha

hidráulica que é a integral da parte assinalada em (2) ou seja ∫H PH dh.

Diques de protecção de Nante, Distrito de Maganja Da Costa-Bacia do Rio Licungo 16


3.2.5 Alinhamento

Os seguintes pressupostos devem ser considerados na definição do alinhamento:


 O alinhamento deve ser o mais recto possível. Curvas acentuadas devem ser
evitadas, pois essas partes estão sujeitas a ataques directos de fluxo;
 Onde houver espaço suficiente, o dique não deve estar muito próximo do canal
do rio ou das margens dos rios para evitar erosões progressivas;
 Terrenos valiosos, estruturas históricas ou religiosas e alicerces fracos ou
permeáveis devem ser evitados.

Figura 3: Desenho representativo e componentes de um dique de protecção.

3.2.6 Altura do dique

A altura ou cota da crista de um dique deve basear-se no nível de inundação do


projecto mais a altura livre necessária. A capacidade de vazão calculada deve ser
assumida e/ou considerada como sendo a descarga de inundação do projecto para
estabelecer à altura livre do dique (TECNICA, 2016).

Altura do dique = Nível de inundação do projecto + Altura livre

Diques de protecção de Nante, Distrito de Maganja Da Costa-Bacia do Rio Licungo 17


3.2.7 Altura livre do dique

Altura livre é a margem do nível de inundação do projecto, até a cota da crista do


dique. É a margem da altura que não permite o galgamento, inundando a zona
protegida. A altura livre deve basear-se no caudal da cheia projectada, que não deve
ser inferior ao valor indicado na Tabela 1 (TECNICA, 2016).

Tabela 1: Critério para o dimensionamento da altura livre do dique mínima requerida.

Nível de inundação projectado Q (m³/s) Altura livre (m)


Menos de 200 0,6
200 a 500 0,8
500 a 2.000 1,0
2.000 a 5.000 1,2
5.000 a 10.000 1,5
10.000 2,0
Fonte: (JICA, 2010)

Como uma medida de segurança em situações de construção de um dique em um


afluente, a altura livre do dique no trecho de transição e na região de confluência não
deve ser menor do que a do principal.

3.2.8 Largura da crista

A largura da crista do dique, especialmente para o caso de um rio, deve basear-se no


caudal de cheia projectado e não deve ser inferior aos valores indicados na Tabela 2.
Quando o nível do solo é mais alto do que o nível de inundação do projecto, a largura
da crista deve ser de 3 m ou mais, independentemente do caudal de cheia do projecto
(TECNICA, 2016).

A largura da crista deve ser projectada para o uso polivalente, como para a sua
manutenção durante as inundações e execução de obras de prevenção de inundações
de emergência. No entanto, a crista do dique em si pode ser usada como uma estrada
de manutenção. A estrada de manutenção (bermas) deve ser de 3,0 metros ou mais
(JICA, 2010).

Diques de protecção de Nante, Distrito de Maganja Da Costa-Bacia do Rio Licungo 18


Tabela 2: Critério para o dimensionando da largura da crista de um dique.

Nível de inundação projectado Q (m³/s) Largura da crista (m)


Menos de 500 3
500 a 2.000 4
2.000 a 5.000 5
5.000 a 10.000 6
10.000 7
Fonte: (JICA, 2010)

3.2.9 Inclinação dos taludes

Em princípio a inclinação dos taludes de um dique de protecção recomendada deve ser


suave obedecendo uma proporção de 1:2 (V:H). Quando a altura do dique for maior
que 6m, a inclinação do dique deve ser mais suave sendo de 1:3 (V:H) (JICA, 2010).
Uma inclinação de 1:4 (V:H) é normalmente usada para um dique constituído de areia e
deve ser protegido, proporcionando uma cobertura de solo, com pelo menos 300 mm
de espessura. Quando a superfície de um dique é coberta por um revestimento, a sua
inclinação deve ser mais ligeiramente acentuada (JICA, 2010).

3.2.10 Bermas

Se a altura do dique for superior a 5 metros, deverá ser instalada uma berma ao longo
das encostas (pé do dique) para efeitos de estabilidade, reparação e manutenção. A
largura da berma deve ser de 3 - 6 m (JICA, 2010).

3.2.11 Terraplanagem

A terraplanagem com camada de solo natural, areia e pedra brita é usado para revestir
o dique superficialmente. Ele deve ser projectado com vista à consolidação do dique. O
padrão para a altura extra do aterro é mostrada abaixo (ver Tabela 3).

Diques de protecção de Nante, Distrito de Maganja Da Costa-Bacia do Rio Licungo 19


Tabela 3: Valor padrão da altura para terraplanagem (Extra-aterro).

Material para o dique


Altura do dique Material do extra aterro
(m)
Solo Natural (cm) Areia ou Areia e pedra (cm)

≤ 3m 20 10
3m a 5m 30 20
5m a 7m 40 30
≥ 7m 50 40

Fonte: (JICA, 2010)

3.2.12 Compactação

No geral, as características de engenharia dos materiais da terra são melhoradas pela


compactação. Principalmente os diques feitos de matérias terrestres (solo, areia ou
areia e pedra brita) requer indispensavelmente a compactação para aumentar a sua
durabilidade e diminuir a vulnerabilidade a infiltração e erosão. Portanto, a
compactação deve ser especificada no projecto do dique.

3.2.13 Selecção de Materiais para o Dique

Materiais adequados para o dique são seleccionados levando em consideração a


viabilidade económica, construção e estabilidade do dique. Caso os materiais
disponíveis no local sejam inadequados, outras alternativas devem ser consideradas. A
avaliação de Materiais para o dique deve estar em concordância com alguns aspectos
importantes dois quais destaca-se:
Aspecto económico: para garantir as quantidades necessárias de materiais perto do
local onde decorem as obras.
Aspecto de engenharia: é importante que o material esteja em conformidade com os
seguintes pressupostos:
 Bem granulada para alta densidade, alta resistência ao cisalhamento e
estabilidade estrutural;
 Alta impermeabilidade permitindo maior resistência ao alto nível de água durante
a inundação;

Diques de protecção de Nante, Distrito de Maganja Da Costa-Bacia do Rio Licungo 20


 Boa trabalhabilidade durante a construção do dique, especialmente durante a
compactação;
 Durabilidade contra variações ambientais, como a retenção de humidade,
possibilidade de deformação e erosão progressiva;
 Material que não permite falhas no corpo do dique que resultam em rachaduras
ou fissuras no corpo do dique.

A Error! Reference source not found. 4 abaixo, mostra a avaliação geral dos
materiais para a construção dos diques considerando os requisitos acima
apresentados.

Tabela 4: Avaliação do material para o dique de protecção.

Avaliação do Material para


Classificação do solo o Dique Medidas de mitigação
Observações

Material de Pedra brita ∆ A permeabilidade dos A medida de controle de


maior materiais é alta. infiltração e relvado será
granulometria necessária.

Solo e pedra 0
brita

Areia ∆ A permeabilidade dos A medida de controle de


materiais é alta e a infiltração será
inclinação é fácil de necessária.
falhar.

Solo arenoso 0

Material de Lama ∆ Em caso de alto teor de É necessário abaixar o


menor Argila ∆ humidade, é difícil conteúdo húmido
granulometria Solo coesivo ∆ compactar os materiais o secando ou melhorando

vulcânico suficiente. a condição do solo com o


uso de materiais aditivos.

Diques de protecção de Nante, Distrito de Maganja Da Costa-Bacia do Rio Licungo 21


Avaliação do Material para
Classificação do solo o Dique Medidas de mitigação
Observações

Solo orgânico ∆ A maioria dos materiais Além da secagem ou


tem alto teor de melhoria com aditivo,
humidade. Portanto, é também é recomendado
difícil compactar ou misturar com outros
moldar os materiais. materiais bons.

Solo altamente orgânico X É difícil compactar ou


transformar os materiais
devido ao alto teor de
humidade. A formação
compressiva dos
materiais é alta. Além
disso, os materiais têm a
desvantagem da
variação ambiental,
como a análise das
condições seca e
húmida.

Fonte: (JICA, 2010) O- Aplicável


∆- Aplicável com tratamento adequado
X- Não aplicável

Diques de protecção de Nante, Distrito de Maganja Da Costa-Bacia do Rio Licungo 22


4. METODOLOGIA DO TRABALHO

O trabalho foi desenvolvido em 6 fases a saber: (1) Revisão da Literatura, (2)


Preparação do Levantamento de Campo, (3) Levantamento do Campo, (4)
Processamento de Dados, (5) Análise e Discussão dos Resultados e (6) Elaboração do
Relatório Final. Assim sendo, apresenta-se abaixo a descrição de cada uma das fases
mencionadas para a realização do trabalho.

4.1 Revisão da Literatura

Nesta fase foi feito o levantamento de material literário necessário e relacionado com o
tema, com vista a elaboração do relatório. As consultas foram feitas em teses de
bacharelato, licenciatura, mestrado e doutoramento, bem como em artigos de revistas
científicas. Foi ainda nesta fase, que foi elaborado o modelo de classificação dos
parâmetros sobre o estado de conservação do dique, ver anexo 1, e o inventário de
inspecção, ver anexo 2 (Cundill, 2016).

O relatório de inspecção dos diques do Vale de Limpopo (Chókwè e Xai-Xai), realizado


pela Salomon Lda, em consórcio com a HKV (2015), foi fundamental nesta fase
preliminar, permitindo elaborar um modelo ideal e adaptada a nossa realidade.

4.2 Preparação do Levantamento de Campo

Esta fase de preparação do trabalho de campo, foi caracterizada pela preparação do


material de campo e contacto com a direcção da ARA-Centro e Norte. As actividades
desenvolvidas permitiram mais não limitaram-se à:
 Mobilização da Equipa: o contacto com o líder da ARA-Centro e Norte, permitiu
mobilizar um técnico com experiência na inspecção do dique, o técnico foi ainda
acompanhado por um outro técnico local do SDPI do Posto Administrativo de
Nante.
 Organização do material: GPS, máquina fotográfica, e fita métrica.
 Recolha de dados e informações: a pesquisa documental, referente aos dados
de base do dique foi recolhida nesta fase, a informação recolhida inclui, mas não
se limita à:
i. Localização, ano de construção, características técnicas (ex.: extensão e

Diques de protecção de Nante, Distrito de Maganja Da Costa-Bacia do Rio Licungo 23


altura), funções, nível de protecção (período de retorno), infra-estruturas
associadas, vulnerabilidade do dique (ex.: número e localização de
rombos, estado de taludes e crista, zonas rebaixadas ou erodidas), fotos,
áreas protegidas pelo dique, mapas, beneficiários, informação
administrativa (ex.: proprietário, responsável pela manutenção do dique
no nível político e operacional), licenças e concessões ao longo do
sistema de diques, etc.
 Análise dos dados em falta: de forma geral, foi conduzida a análise dos dados
em falta em consulta com diferentes intervenientes na gestão do dique.

Figura 4: Câmera Sony Cyber-shot Figura 5: GPS Map 76S Figura 6: Fita métrica 50m
Zoom Óptico 16x HD 720

4.3 Levantamento do Campo

O levantamento de campo consistiu fundamentalmente na verificação em campo do


estado do dique. A seguinte informação foi recolhida:
 Coordenadas geográficas (ex.: do alinhamento do dique; das infra-estruturas
hidráulicas; rombos, práticas/actividades realizadas ao longo do dique, etc.)
 Registo fotográfico das irregularidades visualizadas sobre o corpo do dique;
 Entrevistas com as partes interessadas (ex.: ARA, Associações de
agricultores, comunidade no geral, etc.).

Diques de protecção de Nante, Distrito de Maganja Da Costa-Bacia do Rio Licungo 24


O primeiro ensaio dos instrumentos de recolha de dados foi feito na bacia do Incomati,
concretamente no dique da Ilha Josina Machel, Maragra e Xinavane (Salomon Lda &
HKV, 2015). Os instrumentos de recolha de dados e os procedimentos foram então
testados e adaptados para fazer o levantamento de forma eficiente também para o
dique de Nante (Bacia do Licungo).

4.3.1 Inspecção do Dique de Protecção

Para a verificar e avaliar a integridade do dique foi feita a inspecção percorrendo todo
dique com paragens, se assim for necessário, em pontos de inspecção estratégicos,
nomeadamente: infra-estruturas hidráulicas, pontos de atravessamento e pontos
críticos (ex.: rombos, presença de actividades agrícolas sobre o dique, vegetação, etc.).
O início e o fim, de cada ponto crítico foi registado (coordenadas geográficas e
fotografia), ver figura 7. O percurso sobre o dique foi feito a pé, o sistema foi segregado
em vários segmentos, variando de 500 a 1000 m, cada segmento representa o estado
de conservação do dique naquele troço.

Finda inspecção, as coordenadas foram projectadas no software Quantum GIS (QGIS)


para avaliar o progresso dos trabalhos e verificar a espacialização dos pontos de
amostragem em todo sistema.

Figura 7: Marcação de coordenadas (à esquerda) e registo fotográfico (à direita) em um ponto de


amostragem no dique.

Diques de protecção de Nante, Distrito de Maganja Da Costa-Bacia do Rio Licungo 25


4.4 Processamento de dados

Nesta fase foram processados e interpretados os dados recolhidos durante a actividade


de levantamento de campo. Os pontos e rotas recolhidas pelo GPS foram usados para
traçar a linha do dique usado QGIS. Para conferir maior precisão do traçado, imagens
satélites do Google foram usadas no fundo.

4.4.1 Análise quantitativa da vulnerabilidade estrutural dos diques

A estabilidade estrutural do dique depende de vários factores, dentre esses destacam-


se: os físicos, geológicos e hidráulicos. As curvas de fragilidade reflectem a sua
contribuição na estrutura (Wojciechowska, et al., 2015). O âmbito deste trabalho, não
contempla a determinação de curvas de fragilidade do dique de Nante. Uma
abordagem qualitativa é proposta para avaliar o estado de conservação do dique.

Vários factores foram considerados na inspecção do estado do dique, foram no total


avaliados 14 parâmetros (ver anexo 1). Em cada segmento do dique, a classificação foi
feita com recurso as observações que constavam na ficha de inspecção (ver anexo 2) e
imagens fotográficas. A classificação sobre o estado de conservação do dique, foi feita
para cada um dos parâmetros em três níveis 1 – aceitável, 3 – razoável e 5 –
inaceitável conforme a tabela abaixo (US Army Corps of Engineers, 2013):

Tabela 5: Classificação de cada parâmetro no segmento do dique de protecção contra cheias.

Pontuação Avaliação Descrição geral

O item inspeccionado está em condições satisfatórias, sem deficiências,


1 Aceitável
e funcionará como pretendido durante o próximo evento de inundação.

O item inspeccionado possui uma ou mais deficiências menores que


Minimamente precisam ser corrigidas. As deficiências não prejudicarão o seu
3
aceite funcionamento severamente, conforme se espera durante o próximo
evento de inundação.

O item inspeccionado possui uma ou mais deficiências graves que


precisam ser corrigidas. As deficiências graves prejudicarão seriamente
5 Inaceitável
o seu funcionamento conforme pretendido durante o próximo evento de
enchente.

Fonte: (Salomon Lda, et al,. 2018)

Diques de protecção de Nante, Distrito de Maganja Da Costa-Bacia do Rio Licungo 26


4.4.2 Classificação geral quantitativa da vulnerabilidade estrutural dos diques

A classificação geral do segmento do dique de protecção, no que tange a


vulnerabilidade estrutural, foi baseada nas definições apresentadas na tabela abaixo:

Tabela 6: Descrição da classificação geral do dique de protecção contra cheias.

Pontuação Avaliação Descrição geral


A maioria dos parâmetros são classificados como aceitável (pontuação 1)
1 BOM apenas um mais parâmetros foi classificados como minimamente aceite
(pontuação 3).

Um parâmetro foi classificado como inaceitável (pontuação 5) e os restantes


3 RAZOÁVEL parâmetros formam classificados como aceitável (pontuação 1) e
minimamente aceite (pontuação 3) de forma aleatória.

Dois (2) parâmetros foram classificados como inaceitável (pontuação 5) e os


5 MAU restantes parâmetros foram classificados como aceitável (pontuação 1) e
minimamente aceite (pontuação 3).

Fonte: (Salomon Lda, et al,. 2018)

4.4.3 Resultados da classificação geral quantitativa da vulnerabilidade


estrutural dos diques

Os resultados da classificação foram projectados para o QGIS, tornando-se a base de


dados e/ou tabela de atributos contendo toda informação sobre o estado do dique para
cada segmento. A tabela de atributos foi preenchida com base nos pressupostos
apresentados nas tabelas 5 e 6, o exemplo da tabela preenchida é apresentada na
figura 8.

Na figura 8, o campo destaco pela letra A é o resultado da classificação de cada


parâmetro do dique por segmento (ver tabela 5), e o campo destacado pela letra B
representa a classificação geral do segmento em função de todos parâmetros (ver
tabela 6).

Diques de protecção de Nante, Distrito de Maganja Da Costa-Bacia do Rio Licungo 27


A B

Figura 8: Tabela de atributos (base de dados) do dique de protecção de Nante no ambiente QGIS e sua
respectiva classificação.

4.4.4 Análise da vulnerabilidade hidráulica e medidas de mitigação

A determinação da falha hidráulica é dependente da determinação precisa da altura do


dique ao longo de toda sua extensão e de um modelo hidráulico que permita
determinar a altura da água para diferentes períodos de retorno. Os estudos recentes
feitos sobre os diques de Chókwè e Xai-Xai (Salomon Lda & HKV, 2015), mostraram
que um bom levantamento topográfico detalhado é extremamente importante.

O plugin Cadastro v-1.1 desenvolvido e actualizado pela Salomon Lda em consórcio


com a WE Consult e Wetgevingswerken (2018), é um scrypt em linguagem python. O
Cadastro no presente estudo foi utilizado em resposta a identificação do tipo de
intervenção necessária. Neste âmbito, a ferramenta foi usada na determinação do
volume de material necessário para aterrar, correspondente a um determinado período
de retorno. A ferramenta foi utilizada no ambiente QGIS.

Diques de protecção de Nante, Distrito de Maganja Da Costa-Bacia do Rio Licungo 28


Segundo o consórcio Salomon Lda, et al, (2018), para se estimar o volume de terra
necessário para aterrar, as informações sobre o estado de conservação do dique (ver
secção 4.1.4.1) e secções transversais são úteis. O Cadastro permite gerar secções
transversais perpendiculares à linha do dique (ver figura 9), as alturas das secções
transversais são extraídas da camada raster (ex.: Lidar, DEM, etc.). (Wojciechowska, et
al., 2015)

À partir das secções transversais geradas, o Cadastro permite fazer o


dimensionamento da estrutura do dique naquela secção, para um determinado
comprimento do dique (ver figura 10). Os dados de entrada necessários e
apresentados na figura 10 são descritos abaixo:
● Altura máxima: à altura do dique que se pretende elevar;
● Largura da crista: partindo do ponto central (y=0);
● Inclinação do dique (taludes): projecção em 1/N [m/m] para o lado direito e
esquerdo;
● Altura da base: altura do dique existente.

Figura 9: Secções transversais geradas ao


longo do dique e camada LIDAR (cor castanha).
Figura 10: Dimensionamento do dique à partir da
secção transversal.

Diques de protecção de Nante, Distrito de Maganja Da Costa-Bacia do Rio Licungo 29


Modelo de Elevação Digital (DEM-SRTM-30m)

O Modelo Digital de Elevação (DEM), descreve a configuração da topografia da


superfície terrestre, os modelos são camadas raster (matriciais) que fazem a
modelação do terreno, permitindo obter cotas, caminhos preferenciais de cursos de
água e limites de bacias (Palalane, 2016). O modelo DEM utilizado no presente estudo,
foi obtido a partir o endereço oficial da NASA EarthExplorer de acordo com padrão da
USGS.

4.4.5 Estimativa do caudal de cheia e determinação do período de retorno

Para o presente estudo a determinação do tipo de intervenção necessária, foi analisada


com base no caudal de cheia e/ou inundação para a bacia do Licungo, concretamente
na região de Nante (Baixo Licungo). Neste contexto, foram considerados os
pressupostos do estudo da Tecnica Engenheiros Consultores, Lda.

Segundo o estudo realizado pela Tecnica (2016), os dados mostram que com o caudal
de 6,328 m³/s, aproximado ao período de retorno de 20 anos estimado para a A-91 em
Mocuba, à montante de Nante, corresponde ao nível de cheia de 4.0 m em Intabo,
tomando como referência a escala hidrométrica de Mundamunda ver tabela 7
(TECNICA, 2016).

Tabela 7: Estimativa de caudais para vários níveis de cheias em Intabo.

H (m) Q (m³/s)
6,27 12,273
5,0 10,233
4,5 8,222
4,0 6,328
3,5 5,143
Fonte: (TECNICA, 2016)

O resultado obtido, quando comparado com os caudais estimados pela Ara-Centro e


Norte para Mocuba, permitiu trabalhar com algum nível de confiança em relação ao
nível de protecção pretendido para o sistema de diques de Nante, e fazer juízo sobre
eventuais necessidades de melhorias na estrutura do sistema, assunto que será
tratado na secção 7.

Diques de protecção de Nante, Distrito de Maganja Da Costa-Bacia do Rio Licungo 30


Figura 11: Estação hidrométrica de Nante, na Estacão de Bombagem de Intabo.

4.5 Análise e Discussão dos Resultados

A análise de dados foi feita compilando toda informação obtida no campo,


designadamente características técnicas, aspectos de vulnerabilidade, dados
históricos, etc. Os critérios do dimensionamento utilizados para a verificarão da
condição de estabilidade dos diques de Nante, foram baseados na publicação conjunta
feita pelo Departamento de Obras Publicas do Japão e a JICA “Technical Standard and
Guidelines for Design of Flood Control Structures”.

Adicionalmente, foi utilizado o Quantum GIS para gerar mapas e determinar o tipo de
intervenção necessária. Os mapas gerados permitem ilustrar o estado de conservação
do dique, secções transversais projectadas, identificar os pontos críticos com o auxílio
de imagens, nomeadamente locais onde predominantemente verificaram-se
irregularidades sobre o corpo do dique.

No geral, os resultados foram analisados com o objectivo de tornar fácil a percepção da


informação apresentada no presente relatório.

4.6 Elaboração do Relatório Final

O relatório do estágio profissional foi feito com recurso ao Microsoft Word 2010, Excel
2010, a produção de desenhos com detalhes construtivos no AutoCAD-Civil 3D 2018 e
o software livre Quantum GIS (v-2.18).

Diques de protecção de Nante, Distrito de Maganja Da Costa-Bacia do Rio Licungo 31


5. CASO DE ESTUDO: Distrito de Maganja Da Costa-Posto Administrativo de
Nante (Baixo Licungo)

5.1 Contextualização da Área de Estudo

5.1.1 Localização geográfica

O distrito de Maganja-da-Costa está localizado a Sul da província da Zambézia, o


Posto Administrativo de Nante faz fronteira à Norte com o Distrito de Ile, a Oeste com
os Distritos de Mocuba e Namacurra, a Sul com o Oceano Índico e a Este com o
Distrito de Pebane ver a figura 12, entre as seguintes coordenadas geográficas:
 Latitude: 16°42’13” e 17°31’44” Sul;
 Longitude: 37°04’38” e 38°00’12” Este;

5.1.2 Divisão administrativa do distrito

O Distrito da Maganja da Costa é constituído por quatro Postos Administrativos e


catorze Localidades, nomeadamente:
 Posto Administrativo de Maganja-Sede: engloba as Localidades de Bala, Cabuir
e Cariua;
 Posto Administrativo de Mocubela: que inclui as Localidades de Mocubela Sede,
Maneia e Muzo;
 Posto Administrativo de Nante-Baixo Licungo: com as Localidades de Nante
Sede, Moneia, Alto-Mutola, Nomiua e Muôloa;
 Posto Administrativo de Bajone: com as Localidades de Nacuda, Naico e Missal.

Diques de protecção de Nante, Distrito de Maganja Da Costa-Bacia do Rio Licungo 32


Ile

Mocuba Pebane

Namacurra

Oceano Indico

Figura 12: Localização geral da área de estudo.

5.1.3 População

O distrito de Maganja da Costa, possui cerca de 282.173 habitantes. A distribuição


territorial da população é bastante irregular ver tabela 8, registando-se maior
concentração em Nante (zona litoral), devido às relativas facilidades naturais
convidativas à população agrícola, é nesta zona onde se instalaram, os grandes
empreendimentos agro-pecuários (ex.: regadios, produção animal, etc.) (Censo, 2007).
Segundo os dados da tabela 8, o Distrito de Maganja-sede é o mais populoso seguido
de Nante (Baixo-Licungo), com cerca de 41,23% e 23,40% respectivamente, do total da
população do Distrito.
Tabela 8: Distribuição da população no distrito de Mangaja Da Costa.

Postos População Densidade Populacional


Administrativos (hab) (%) (hab/km²)
Maganja-Sede 116.125 41,30 15,29
Mocubela 32.334 11,50 4,26
Bajone 56.919 20,20 7,66
Nante 75.795 27,00 9,81
Total 281.173 100 37,02
Fonte: (Censo, 2007)

Diques de protecção de Nante, Distrito de Maganja Da Costa-Bacia do Rio Licungo 33


5.1.4 Clima

O clima do posto é predominantemente do tipo “Tropical Chuvoso de Savana”


(classificação de Köppen), com duas estações distintas, a estação chuvosa e a seca. A
maior queda pluviométrica ocorre sobretudo nos meses de Dezembro de um ano, a
Abril do ano seguinte, e a temperatura média está na ordem dos 27ºC. Em média, a
humidade relativa não ultrapassa aos 60% (MAE, 2014).
O posto chama atenção por uma especificidade típica, ao longo da sua faixa costeira, a
humidade do ar, na espoca chuvosa, chega a atingir por vezes 100%, como
consequência lógica, a precipitação media anual pode atingir valores de 1.500 mm
(GDMC, 2010).

5.1.5 Geologia e relevo

A geologia do posto é mais modificada na região costeira na qual, por um lado, existem
segmentos marinhos sobrepostos de diferentes períodos geológicos, e por outro, a
zona de configuração ondulada, como resultado das dunas costeiras (Manteiga, 2009).
A altitude média acima do nível das águas do mar é de cerca de 70 metros. As zonas
de planícies propensas à inundação, com maior extensão localizam-se em Nante
(Manteiga, 2009).

5.1.6 Recursos hídricos

O Distrito possui um potencial hídrico, com alguns rios de corrente permanente e de


elevado caudal. Com elevado caudal destaca-se o rio Licungo que atravessa o Posto
Administrativo de Nante. Há também pequenos cursos de água de corrente periódica
os quais, são bastante úteis para o desenvolvimento de actividades de produção
agrícola e de criação de gado (Manteiga, 2009).
O distrito de Maganja da Costa é atravessado por 4 rios principais, nomeadamente,
Licungo, Raraga, Nipiode e Muniga e é banhado pelo Oceano Índico.

Diques de protecção de Nante, Distrito de Maganja Da Costa-Bacia do Rio Licungo 34


5.1.7 Floresta e Fauna Bravia

A cobertura vegetal do posto é constituída fundamentalmente por savana tropical


arbustiva com algumas zonas de componente arbórea, havendo variedades de grande
valor económico, tais como, a Umbila, Chanfuta, Murrotho, Jambire, Pau-preto,
Muanga e Theca (GDMC, 2010).
No que concernente à fauna, possui um enorme potencial faunístico composto por uma
variedade de espécies tais como o porco do mato, impalas e gazelas, macacos,
crocodilos, hipopótamos e várias espécies de pássaros (Manteiga, 2009).

Classes do uso e cobertura da terra e sua área, comparação


Área (ha) de 1996-2015
800000
700000
600000
500000
Ano de
400000 1996
300000 Ano de
2015
200000
100000
0

Sectores

Figura 13: Classes de uso e cobertura de terra, e sua área.


Fonte: Adaptado pelo autor, (Manteiga, 2009)

Os dados acima apresentados (ver figura 13), para uma área total do distrito de cerca
de 759.700 ha, mostram que a vegetação em área inundável saiu 106.358 para
165.534 ha, oque representa em termos percentuais 14% para 22% respectivamente,
comprovando a necessidade de serem levadas a cabo medidas estruturais com vista a
mitigar os efeitos das inundações.

Diques de protecção de Nante, Distrito de Maganja Da Costa-Bacia do Rio Licungo 35


6. ESCOLHA DE ESTUDO: Bacia de Licungo-Sistema de Diques de Protecção
de Nante

6.1 Características gerais da Bacia do Rio Licungo

A bacia do rio Licungo está situada entre os paralelos 15°18’ e 17° 42’ Sul e os
meridianos 35°45’ e 37°33’ Este, na Província da Zambézia, ver figura 14. Nasce nos
Montes Namuli, perto da cidade de Gurúè, uma área de cerca de 22.800 km², a bacia
tem um escoamento médio de 6 533,80 Mm³/ano, à altitude aproximada de 2.000
metros e desagua no Oceano Indico próximo de vila Valdez, 50 km a Norte da cidade
de Quelimane (Langa, 2002).
A bacia faz limite a Norte com as bacias do rio Raraga, Molócue e Melela, a Sul com as
bacias do rio Zambeze e Namacurra, a Oeste com Nalaua e Lúrio e a Este pelo
Oceano Indico.
O perímetro do rio é de cerca de 798 km e o comprimento é de aproximadamente de
343 km verificando-se contudo, após a confluência com o rio Lugela próximo da cidade
de Mocuba, um estrangulamento progressivo da bacia até à foz (Langa, 2002).

Figura 14: Localização geral da bacia de estudo.

Diques de protecção de Nante, Distrito de Maganja Da Costa-Bacia do Rio Licungo 36


6.1.1 Análise dos eventos hidrológicos da Bacia do Rio Licungo

As cheias de 2013 e 2015, resultaram em grandes inundações e prejuízos no Posto


Administrativo de Nante, não escapando também o regadio.
Segundo Consultec e Salomon (2014), a bacia do Licungo destaca-se pelos impactos
significativos de cheias. Os dados apresentados a seguir, ver tabela 9, sublinham este
facto.

Tabela 9: Resumo dos impactos socioeconómicos das principais cheias na bacia 1977-2013.

Custos
Ano de Mortes Pessoas Pessoas
Cheia/Denominação directos em
Ocorrência causadas deslocadas afectadas
milhões USD
Limpopo 1977 300 3323 400 000 60
Zambeze 1978 45 219 000 102
Maputo, Umbeluzi,
1984 135 47 500 350 000 35
Incomáti
Maputo, Umbeluzi,
Incomáti, Limpopo, 2000 783 500 000 3 000 000 600
Govuro, Save, Búzi
Zambeze, Púnguè 2007 50 90 000 800 000 -
Limpopo, Zambeze,
2013 117 154 000 350 000 550
Licungo
Fonte: (Consultec & Salomon, 2014)

Diques de protecção de Nante, Distrito de Maganja Da Costa-Bacia do Rio Licungo 37


6.2 Sistema de Diques de protecção de Nante

6.2.1 Contextualização dos diques

Os sistemas de diques de protecção de Nante, foram construídos em 1982, sendo


formados por um conjunto de diques feitos de terras e servindo de acessos também em
terra abatida. Os diques foram concebidos objectivando proteger contra a subida do
nível das águas do Licungo, à comunidade, bens e infra-estruturas sócias, vias de
acesso público, áreas onde predominam actividades agrícolas de subsistência da
comunidade e regadios. Pela sua localização estratégica, ao longo da margem
esquerda do rio, é destacada a fundamental função do dique de proteger o regadio de
Nante, sendo esta a principal fonte segura de renda na região.

A baixa de Nante conta com um regadio de cerca de 6500 ha de terra arável


desbravada, divididos em três blocos, o de Mundamunda com cerca de 3000 ha, o de
Intabo com cerca de 1500 ha, e o de Namoiana com cerca de 2000 ha.

6.2.2 Localização geográfica dos diques

Os diques de Nante localizam-se no Posto Administrativo de Nante, Distrito de Maganja


da Costa, Província de Zambézia, na margem esquerda do Rio Licungo, com no total
cerca de 17,1 km de comprimento.

Os diques são compostos por quatro troços principais: (1) Nante-Moneia, (2)
Mundamunda, (3) Intabo e (4) Muquera.

Dique de Nante-Moneia

O dique tem 3,1 km de comprimento, é coberto com solos argilosos e capim elefante,
está destacado pela cor verde na figura 15. O dique atravessa a zona baixa entre
Nante e Moneia, a sul da Lagoa de Tandamela, e serve como principal via de acesso
que liga o Posto Administrativo Sede de Nante e a Localidade de Moneia.

O dique encontra-se neste momento, em toda sua extensão a ser reabilitado pela
DNGRH após destruição causada pelas cheias do ano 2015, as obras já estão na recta
final, faltando apenas a colocação da ponte metálica, no local de passagem natural da
água, designadamente afluente do rio Licungo.

Diques de protecção de Nante, Distrito de Maganja Da Costa-Bacia do Rio Licungo 38


Dique de Mundamunda

O dique corre ao longo do estacão de bombagem de Mundamunda, com cerca de 4,3


km de comprimento, está destacado pela cor vermelha na figura 15. Uma secção
deste dique serve de acesso público a localidade e igualmente de banqueta esquerda
do canal do rio. Cerca de 3,300 km do dique, foi reabilitado pela DNGRH, a outra parte
da sua extensão, constitui programa do governo continuar com os trabalhos, dada sua
importância, não só de proteger a comunidade e a via de acesso, mas também os
campos de irrigação do regadio.

Dique de Intabo

O dique corre ao longo do estacão de bombagem de Intabo, na continuidade do dique


anterior (Mundamunda), com cera de 4,4 km de comprimento, está destacado pela cor
roxa na figura 15. É um dique antigo em elevado estado de degradação e em certos
troços indetectável, isto é, chega a confundir-se com o nível do terreno natural. Serve
também de acesso público a comunidade, de banqueta esquerda do canal e também
protege aos campos de irrigação do regadio.

Dique de Muquera

O dique segue à jusante de Intabo, igualmente ligado a si, com cerca de 5,3 km de
comprimento, está destacado pela cor amarela na figura 15. O dique foi construído de
forma artesanal, a fonte da matéria-prima para a sua construção era o solo natural
escavado nas bermas ao longo do dique, e a sua compactação foi feita manualmente.
O dique foi severamente danificado pelas cheias de 2015.

O dique foi concebido fundamentalmente objectivando proteger as populações de


Muquera, à jusante do Licungo, e algumas áreas dos campos de irrigação do regadio.

Diques de protecção de Nante, Distrito de Maganja Da Costa-Bacia do Rio Licungo 39


Verificado por: F.Saimone-Salomon Lda

Figura 15: Localização dos diques de protecção de Nante

40
Diques de protecção de Nante, Distrito de Maganja Da Costa-Bacia do Rio Licungo
6.2.3 Histórico sobre os rombos

Segundo o técnico acompanhante da visita, antes das cheias de Janeiro de 2015


tinham sido quantificados cerca de 13 rombos dos quais apenas um, a montante de
Mundamunda, era de proporções consideráveis pois apresentava uma destruição
abaixo do nível do terreno natural, o que não era o caso das restantes 12 que
apresentavam uma destruição parcial do corpo do dique. Contudo, após as cheias de
2015, na qual todos os diques foram galgados, houve um incremento nos estragos
registados, com evidência para os rombos à montante e a jusante da estacão de
bombagem de Mundamunda, e a destruição do dique a jusante da estacão de
bombagem de Intabo. Ao todo na altura, foram quantificados um número considerável
de rombos, resultante da invasão das águas do rio, foram cerca de 15 rombos, a figura
16 representa a localização dos rombos.

Figura 16: Localização dos Rombos (destacados a vermelho) no dique em Mundamunda, Intabo e nas
vias de acesso.
Fonte: (TECNICA, 2016)

Diques de protecção de Nante, Distrito de Maganja Da Costa-Bacia do Rio Licungo 41


7. RESULTADOS E DISCUSSÃO

7.1 Estado de Conservação dos Diques

As cheias de 2015 destruíram os diques de protecção de Nante. No geral os diques


não se encontram em condições de proteger a região, sem que antes, se leve a cabo
medidas que consistiriam na reposição e/ou reposição total da sua estrutura. Nesta
fase, a análise sobre o estado de conservação do dique, é apresentada como resultado
da classificação geral descrita no capítulo anterior, vide capitulo 4.

7.1.1 Dique de Nante-Moneia

O dique de Nante-Moneia encontra-se num estado aceitável de conservação, conforme


ilustra o resultado da classificação apresentado na tabela 10, e figura 19, peso embora,
existe a necessidade de remover a vegetação que cresce nas bermas do dique, facto
que pode comprometer a estabilidade da estrutura, por razões apresentados à seguir
sobre os aspectos da vulnerabilidade dos diques.

7.1.2 Dique de Mundamunda

O dique de Mundamunda encontra-se num estado minimamente aceitável de


conservação, dada a presença predominante da vegetação (capim e arbustos com ~2,5
m de altura) do longo do dique, por razões de varia ordem, até aqui desconhecidos, a
reabilitação do dique não foi ao longo de todo o seu comprimento, destacando-se o
troço mais à jusante da estacão de Mundamunda, conforme ilustra a tabela 10 e figura
19. Dados históricos, comprovam que esta secção do dique sofre constantemente
invasões da água do rio, erosões progressivas, facto que confirma a necessidade
urgente de medidas, no que tange a reposição da sua estrutura.

7.1.3 Dique de Intabo

O dique de Intabo, à jusante de Mundamunda, conforme descrito anteriormente, é um


sistema que encontra-se num estado inaceitável de conservação, isto é, a intervenção
no dique é urgente, antes do próximo evento de inundação (ver tabela 10 e figura 19)

Diques de protecção de Nante, Distrito de Maganja Da Costa-Bacia do Rio Licungo 42


A indispensável intervenção é substanciada por número de rombos identificados,
erosões progressiva no corpo do dique resultante do escoamento das águas do rio,
sendo que este serve de banqueta esquerda principal do canal, a composição da
matéria-prima, a forma insegura (à mão) que foi compactado alguns troços do dique, as
frequentes práticas agrícolas no dique e nas bermas, à presença considerável não só
da vegetação mas também de árvores (com ~5m de altura) nas taludes do dique e
Murros-de-Muchém.

7.1.4 Dique de Muquera

O dique de Muquera, a seguir ao anterior (Intabo), é um sistema que encontra-se


também num estado inaceitável de conservação, os dados apresentados como forma
de resultado na tabela 10 e figura 19, comprovam este facto. O dique sofre
constantemente invasão das águas do Licungo, resultante da subida do nível de água.
A condição actual do dique, não confere a protecção esperada para à comunidade de
Muquera, muito menos para os campos de irrigação do regadio. O seu actual estado, é
o resultado das destintas razões acima mencionadas para o dique de Intabo,
destacando-se o abandono total do dique desde a sua concepção.

Realçar que, este troço do dique (Muquera) não se beneficiou de nenhuma intervenção
e/ou reabilitação, como foi o caso de Nante-Moneia e Mundamunda, oque coloca o
sistema e zona “protegida” vulnerável a qualquer evento de inundação. A consequência
imediata do abandono, condiciona com que a reposição da sua estrutura seja de
carácter obrigatória e/ou imprescindível.

Duma forma geral, dos 17 km de dique existentes em Nante, cerca de 46%, 17% e
37% se encontram num estado mau, razoável e bom respectivamente (ver figura 17).
Realçar que, a extensão em estado razoável necessita de reabilitação, ao passo que, a
extensão em estado mau carece de uma intervenção urgente, com vista a repor a sua
estrutura ao nível de garantir à devida protecção no próximo evento de cheio e/ou
inundação.

Diques de protecção de Nante, Distrito de Maganja Da Costa-Bacia do Rio Licungo 43


18.0 17,1
16.0
14.0
12.0
10.0
7,8
Km

8.0 6,4
6.0
4.0 2,9
2.0
0.0
Bom Razoável Mau Total
Estado de Conservação

Figura 17: Classificação geral do estado actual de conservação do dique de Nante em função da sua
extensão.

7.1.5 Aspectos de vulnerabilidade

No geral os diques apresentam diversas irregularidades, destacados pelos relatórios


técnicos sobre infra-estruturas de controle de cheias e inundações. Neste contexto, as
inconformidades identificadas na estrutura dos diques de Nante, incluem mas não se
limitam à:
 Ao longo do dique são predominantes situações de erosão progressiva e
rombos;
 O solo usado para a construção foi escavado nas bermas do dique
(Mundamunda, Intabo e Muquera);
 A compactação foi feita em alguns troços por um equipamento de terraplanagem
e noutros manualmente (Intabo e Muquera);
 Presença excessiva da vegetação e arbustos (com >1.5 m de altura) e árvores
(com > 3 m de altura) no talude do dique;
 A actual condição do dique não permite que seja transitado de carro devido a
erosão, rombos, vegetação e arbustos (Mundamunda, Intabo e Muquera);

Diques de protecção de Nante, Distrito de Maganja Da Costa-Bacia do Rio Licungo 44


 Presença de Murros-de-Muchém. Segundo DHV (2017) os Morros-de-Muchém
são criados pelas térmites e podem fazer com que o dique tenha pontos de
percolação excessiva, o que não só permite a inundação das áreas protegidas
pelos diques como também pode comprometer a sua estabilidade;
 As comunidades habitam em regiões não protegidas, isto é, na zona de risco do
lado montante do dique, devido as condições convidativas no acesso à água do
rio, para irrigação das suas machambas, consumo e prática da pesca artesanal;
 Falta de procedimentos e normas técnicas ao nível das estruturas locais, sobre
formas de manutenção e/ou reposição do dique.

A tabela 10 mostra o resultado da classificação geral por troço, no que concerne ao


estado de conservação actual dos diques de Nante.

Tabela 10: Descrição do estado actual de conservação dos diques de Nante por troço.

Estado do dique (km)


Bacia Rio Nome do troço Comprimento (km)
Bom Razoável Mau

Nante-Moneia 3,1 2.4 0.6 0.1

Mundamunda 4,3 2.8 0.5 1.0


Licungo Licungo
Intabo 4,4 0.9 0.6 2.8

Muquera 5,3 0.3 1.2 3.8

Total: 17,1 6.4 2.9 7.8

Diques de protecção de Nante, Distrito de Maganja Da Costa-Bacia do Rio Licungo 45


Com vista assegurar uma fácil interpretação e compreensão dos resultados obtidos, no
que tange a determinação do estado de conservação dos diques de Nante, a figura 18
é apresentada à seguir.
A identificação do dique em estado, bom, razoável ou mau de conservação afigura-se
importante, uma vez que essa informação é assumida como dado de base na etapa
subsequente, que consiste em precisar o tipo de intervenção necessária.

100 4.3
90 24.1
18.3
80
Percentagem (%)

70 11.8 64.1
60 72.4 MAU
50 RAZOÁVEL
40 77.4 BOM
30 64.1
15.9
20
22.0
10 20.0
0 5.6
Dique de Nante-

Dique de Nante-

Dique de Nante-

Dique de Nante-
Mundamunda

Muquera
Moneia

Intabo

Nome do troço do dique

Figura 18: Classificação geral do estado actual de conservação do dique de Nante em termos
percentuais.

Diques de protecção de Nante, Distrito de Maganja Da Costa-Bacia do Rio Licungo 46


Figura 19: Classificação do estado actual dos do dique de Nante

47
Diques de protecção de Nante, Distrito de Maganja Da Costa-Bacia do Rio Licungo
7.2 Dimensionamento da estrutura dos diques e definição do tipo de
intervenção necessária

Nesta fase será feito o dimensionando da estrutura do dique. Para obter informações
sobre a quantidade de material (volume) necessário para repor o dique em condições
desejadas no próximo evento de cheia, secções transversais são úteis (ver figura 20).

Destacar que, os diques são dimensionados para um período de retorno de 20 anos e


seus critérios de análise e dimensionamento serão baseados nas normas técnicas da
JICA (2010), ver capítulo 4.

7.2.1 Dique de Nante-Moneia

O dique de Nante-Moneia tem uma altura de 3,0 m, à partir de nível do terreno natural,
com uma largura da crista de 7,0 m, os taludes têm inclinações típicas que variam entre
1:2 e 1:3 (V:H). Uma vez que, o dique beneficiou recentemente de uma reabilitação de
raiz e este troço não constitui a defesa principal contra subida do nível de água do
Licungo, isto é, não corre ao longo do rio (ver figura 15), este sistema não será objecto
de estudo nesta fase.

Realçar que, as características gerais do dique estão em conformidades com as


recomendações técnicas exigidas e vai garantir a protecção pretendida para um
período de retorno de 20 anos.

7.2.2 Dique de Mundamunda

O dique de Mundamunda, na secção reabilitada tem uma cota de 6,5 m, a crista com
cerca de 7,0 m de largura. A inclinação dos taludes varia entre 1:2,5 a 1:3 (V:H). Estas
características geométricas estão em conformidade com as exigências mínimas
recomendadas (TECNICA, 2016).

Peso embora, o dique não foi reabilitado no seu todo, o dimensionamento para este
sistema é feito para a secção com cerca de 650 m, mas à jusante da estacão. A sua
projecção é feita com base nas características geométricas do troço reabilitado, uma
vez que, o alteamento do dique nessas condições vai igualmente proporcionar uma
protecção correspondente a um período de retorno de 20 anos.

Diques de protecção de Nante, Distrito de Maganja Da Costa-Bacia do Rio Licungo 48


7.2.3 Dique de Intabo

O dique de Intabo confunde-se a certa altura com a baqueta esquerda do rio Licungo e
mostra-se bastante irregular na altura e largura da crista. A reposição do dique vai
consistir em adoptar uma inclinação suave dos taludes com cerca de 1:2,5 (V:H).

Para tirar proveito dos pontos mais elevados do dique existentes, foi feita a
reconfiguração do dique à cota de 5,5 m. Esta cota da crista vai conferir o dique uma
altura livre de cerca de 1,5 m. A largura da crista do dique será de 6,0 m.

7.2.4 Dique de Muquera

Pelas condições actuais do dique é evidente que a reposição da sua estrutura é


pertinente. O alteamento do dique vai aproveitar-se também da redução do nível de
água que verifica-se em Muquera, com relação à Intabo, devido ao aumento
progressivo da superfície de inundação e ao alargamento do rio Licungo.

Foi deste modo projectado um dique cuja cota inicial na zona crítica dos primeiros 1,0
km do seu comprimento, é de 6,0 m, ligando-se ao dique de Intabo, mantendo a cota
da crista na casa dos 5,5 m para o restante troço. É projectada uma largura da crista
com 6,0 m, e uma inclinação suave dos taludes que terão 1:2,5 (V:H), em conformidade
com as exigências técnicas mínimas recomendadas.

7.2.5 Generalidades

A projecção dos diques não depende somente das características técnicas acima
mencionadas, outros factores apresentados na revisão bibliográfica são objecto de
análise necessária na sua concepção. Neste contexto, nesta fase é feita uma descrição
geral dessas componentes.

É de notar que, os elementos descritos a seguir fazem parte apenas dos diques
dimensionados, designadamente Mundamunda, Intabo e Muquera.

Terraplanagem: com vista a consolidação do dique contra efeitos indesejados do


tempo, é assumida uma camada de extra-aterro para o revestimento, composta por
solo natural e pedra brita com 30,0 cm de espessura.
Bermas: para efeitos de estabilidade, reparação, inspecção e manutenção é projectada
uma berma com 3,0 m de largura.

Diques de protecção de Nante, Distrito de Maganja Da Costa-Bacia do Rio Licungo 49


Figura 20: Secções transversais projectadas ao longo do dique (Mundamunda, Intabo e Muquera).

50
Diques de protecção de Nante, Distrito de Maganja Da Costa-Bacia do Rio Licungo
7.2.6 Mapa de quantidades

Nesta fase será apresentada o volume do material necessária para aterrar em cada
troço, com vista a repor a estrutura do dique até o nível de protecção pretendido. Os
dados a seguir apresentados, são o resultado das condições de projecção acima
apresentados.

Tabela 11: Material necessário compactar para um caudal de cheias de 20 anos.

Nome do troço Comprimento Período de Altura média em Volume de terra


(Km) Retorno falta (m) necessário (m³)
(anos)

Mundamunda 1,4 20 3,9 79.369,1

Intabo 2,5 20 3,7 174.758,3

Muquera 4,9 20 5,3 800.176,5

Total 8,8 - 12,9 1.054.303,9

Conforme mostram os dados da tabela 11, o Cadastro afigura-se uma ferramenta


importante para definir o tipo de intervenção, estimar a quantidade de material
necessário em função da altura e protecção (período de retorno) pretendido, e com
base nisso mobilizar recursos financeiros com vista a sua reposição.

O volume estimado em cerca de 1 Mm³ permite planificar as intervenções na sua


estrutura, desde a manutenção, reabilitação e correcção.

As cheias de 2015 em Nante, atingiram 6,8 m de altura na estação de bombagem de


Intabo, assumindo a altura média em falta de 12,9 m, cerca de 53% à mais, pode se
afirmar que para um caudal de cheia de 20 anos, as inundações em Nante não
poderão ser contidos pelos diques. E as suas consequências, vão além dos prejuízos
nas culturas dos regadios, bens matérias, infra-estruturas sócias, até a perda de vidas
humanas, como foi registado nos últimos piores eventos de cheia em Nante.

Diques de protecção de Nante, Distrito de Maganja Da Costa-Bacia do Rio Licungo 51


8. CONCLUSÃO

Os diques de protecção actualmente existentes em Nante, Distrito de Maganja da


Costa, na província da Zambézia, encontram-se no estado inaceitável de degradação,
no que concerne a sua conservação e estrutura. A principal causa da degradação dos
diques é a falta de manutenção.

As principais actividades desenvolvidas no Posto administrativo de Nante são a pesca


artesanal e agricultura. Estima-se que cerca de 35.000 habitantes do Posto, oque
corresponde a 46% da população total, entre homens, mulheres e crianças dependem
da qualidade do dique para o desenvolvimento das suas actividades quotidianas. Os
dados avançados pelo BM estimam que os danos causados pelas induções na Bacia
de Licungo em 2015 chegam perto de 6.114 milhões de meticais.

Os diques foram construídos principalmente para proteger o regadio localizado na


baixa de Nante, oque atrai a comunidade à fixaram as suas residências nestes locais
devido as facilidades convidativas no acesso a água para irrigar as suas machambas,
consumo (actividades domesticas), pesca, e porque o regadio é na região a única fonte
de renda segura.

O estado actual de conservação do dique é consequência imediata do seu total


abandono. Este facto é comprovado pelos resultados do presente estudo, passando a
citar a posição dos troços em mau estado de conservação e que necessitam de uma
intervenção urgente, destacam-se em função da sua extensão o dique de Muquera
com 72,4%, Intabo 64,1%, Mundamunda 24,1% e Moneia 4,3%.

O volume estimado em cerca de 1 Mm³ de terra para repor a sua estrutura, deve ser
assumido como um dado de base na definição do tipo de intervenção necessária com
vista à criar maior resiliência aos efeitos das inundações em Nante.

Segundo o relatório produzido pela Salomon Lda, et al., (2018), sobre a inspecção aos
diques existentes ao nível nacional, a intervenção de outros actores dos sectores
governamentais, ligados ou não a repartição de infra-estruturas hidráulicas, é crucial na
gestão sustentável dos diques.

Diques de protecção de Nante, Distrito de Maganja Da Costa-Bacia do Rio Licungo 52


Neste contexto, os exemplos dos países mais desenvolvidos no sector de águas (ex.
Holanda e Suécia) não deixam duvidas sobre a viabilidade de convivência com os
fenómenos da natureza, os diques de protecção são e/ou devem ser assumidos como
uma medida de protecção convencional, proporcionando não só maior resiliência as
cheias e inundações, mais também aos efeitos já vividos no pais sobre as mundanas
climáticas.

Diques de protecção de Nante, Distrito de Maganja Da Costa-Bacia do Rio Licungo 53


9. RECOMENDAÇÕES

Após o final deste estudo, seguem-se algumas recomendações para trabalhos futuros:

 A realização de estudos de viabilidade económica sobre a reposição da


estrutura dos diques;
 A realização de um estudo de impacto ambiental das obras de reabilitação dos
diques, com vista a identificar medidas de mitigação sobre os impactos
significativos da actividade;
 A verificação das características técnicas dos diques (secções transversais) com
recurso a uma camada LiDAR;
 A realização de um estudo de viabilidade sobre um novo alinhamento para o
dique de Intabo, uma vez que serve de baqueta esquerda do rio, oque lhe sujeita
a erosões progressivas constantes;
 A realização de um estudo sobre a implantação das bermas nos diques, uma
vez que esta componente pode resultar em alguns impactos sócias devido as
comunidades que se fixaram ao pé do dique;
 Programas de sensibilização à comunidade local e gestores, sobre a importância
do dique e como preserva-lo;
 A realização de actividades periódicas e frequentes de inspecção e manutenção
do dique.

Diques de protecção de Nante, Distrito de Maganja Da Costa-Bacia do Rio Licungo 54


10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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INUNDAÇÕES URBANAS NA BACIA DO RIO MAMANGUAPE/PB. Paraíba :
João Pessoa .
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3. Brandt, J. R., Pinheirom, M. C., & Carvalho, R. V. (2017). Avaliação das
Condições de Segurança e Estabilidade do Dique Paraíba. LAGOAS DO
NORTE: CONTRATO PMT/SEMPLAN/UGP LAGOAS DO NORTE Nº 15/2016.
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Limpopo. Maputo: We Consult e Wetterskip Fryslân.
6. Consultec & Salomon, L. (2014). AVALIAÇÃO DETALHADA DA SITUAÇÃO
HIDRÁULICA E HIDROLÓGICA DE MOÇAMBIQUE NO CONTEXTO
HISTÓRICO DAS CHEIAS 1977 - 2013. Maputo: Relatório da Etapa II – versão
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7. Cundill, S. L. (2016). Investigation Of Remote Sensing For Dike Inspection. The
Netherlands: ITC Dissertation 283.
8. DHV, R. H. (2017). Estudos e Elaboração de Projectos de Diques de Protecção
na Bacia do Zambeze. Maputo.
9. DNGRH, D. N. (2017). BOLETIM HIDROLÓGICO NACIONAL.
10. DRR-Team Mission Report. (2015). Reduce the Risk of Water Related Disasters.
Zambézia: Mozambique – Licungo Basin.
11. GDMC, G. d. (2010). Plano Estrategico de Desenvolvimento Distrital . Zambézia:
Governo do Distrito.
12. Golder Associates Ltd. and Associated Engineering (B.C.) Ltd. (2003). Dike
Design and Construction Guide Best Management Practices for British Columbia.
British.
13. Governo, D. M. (2015). Proposta do Programa Quinquenal do Governo 2015-
2019. Maputo: Governo de Moçambique.

14. JICA, J. I. (2010). TECHNICAL STANDARDS AND GUIDELINES FOR DESIGN


OF FLOOD CONTROL STRUCTURES. Japan: Strengthening of Flood

Diques de protecção de Nante, Distrito de Maganja Da Costa-Bacia do Rio Licungo 55


Management Function of the DPWH .
15. Langa, J. V. (2002). Gestão integrada Dos Recursos Hídricos em
Moçambique:Caso de estudo-Bacia de Licungo. Maputo: UEM-Departamneto de
Geografia.
16. MAE, M. d. (2014). PERFIL DO DISTRITO DE MAGANJA DA COSTA
PROVÍNCIA DA ZAMBÉZIA. Maputo-Moçambique: Edição 2014.
17. Manteiga, J. B. (2009). Potencialidade de Imagem Satelite no Monitoramento do
Uso e Cobertura de Terra. Maputo: UEM-Departamento de Engenharia Florestal.
18. Palalane, J. (2016). Trabalho Prático nº 1 - Caracterização Fisiográfica de Bacias
Hidrográficas. Maputo: UEM-FENG: Guião de delimitação de bacias
hidrográficas com recurso ao Quantum GIS 1.8.0-Lisboa (qGIS).
19. Peterson, G. (2012). Respondendo as mudanças climáticas em Moçambique:
Tema 5: Água. Maputo: INGC.
20. Salomon Lda, & HKV, C. (2015). Inspection Report for Xai-Xai and Chokwé
Dykes. Maputo e Xai-Xai: DNA.
21. TECNICA, E. C. (2016). Projecto Excutivo para a Reabilitação dos Diques de
Protecção de Nante. Zambézia, Maganja da Costa-Nante: Relatório Final.
22. Tecnica, E. C. (2016). PROJECTO EXECUTIVO PARA A REABILITAÇÃO DOS
DIQUES DE PROTECÇÃO DO POSTO ADMINISTRATIVO DE NATE,
DISTRITO DE MANGAJA DA COSTA, PROVÍNCIA DO ZAMBÉZIA . Maputo:
Projecto N* P607.
23. US Army Corps of Engineers. (2013). The International Levee Handbook.
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24. We Consult. (2015). Proposta para Gestão Sustentável de diques Vale do
Limpopo. Maputo: We Consult e Wetterskip Fryslân.
25. WE Consult Lda, Salomon Lda, & Wetgevingswerken. (2018). Cadastro Nacional
dos Diques de Protecção de Moçambique-Relatório de Inspecção. Maputo:
DNGRH.
26. Wojciechowska, D., K., d. G., K., H., Cundill, S., H. R. G. K., H., M. M., J., et al.
(2015). Flood Control 2015: five years of innovation in flood risk. The
Netherlands: Delft: Foundation Flood Control 2015.

Diques de protecção de Nante, Distrito de Maganja Da Costa-Bacia do Rio Licungo 56


11. ANEXOS

Diques de protecção de Nante, Distrito de Maganja Da Costa-Bacia do Rio Licungo 58


Anexo 1. Planilha de classificação dos parâmetros do estado do dique.

Um número mínimo de furos de confecção e existe um procedimento 1


que preenche o total quando presente (pequenas tocas em menos de
10% do segmento)

Diversas terras não são consideradas uma ameaça imediata à estagnação 3


Tocas da infiltração ou da inclinação (pequenas tocas em menos de 30% do
segmento)

Numerosas tocas que exigem intervenção extremam para evitar a 5


inundação da área de diques até a manutenção estar completa. Existem
tocas de aproximadamente 15 cm de diâmetro em mais de 30% do
segmento

As distorções longitudinais, transversais ou dessecantes menores 1


(condições secas em diques de argila) se fragmentam sem movimento
vertical ao longo do dique. Nenhuma fissura se estende continuamente
através da crista do dique.

Fissuras longitudinais e transversais até 15 cm de profundidade sem 3


movimento verticalmente ao longo da fissura. Nenhuma fissura se
estende continuamente através da crista do dique. As rachaduras
longitudinais não são mais do que a altura do dique.
 Estas rachaduras longitudinais, embora não sejam muito
Rachaduras profundas, estão localizadas no final da crista e podem se
desenvolver com o tempo na falha da inclinação;
 Rachaduras transversais podem levar à falha na inclinação.
As fissuras excedem 15 cm de profundidade. As rachaduras 5
longitudinais são mais longas do que a altura do. As fendas transversais
se estendem através da largura total do dique. Penetração de
terraplenagem e falha na inclinação. Esta foto mostra o que começou
como rachaduras ao longo da crista do aterro e rapidamente se
transformou em uma falha na inclinação. Todas rachaduras localizadas
em um dique ou margem do rio devem ser monitorados de perto.

A1
Menos de 3 cruzamentos em mais de 500 metros 1

Travessias sobre a crista do De 3 a 5 cruzamentos a mais de 500 metros 3


dique
Mais de 5 cruzamentos em mais de 500 metros. 5

Há espalhamentos dispersos, rasos, furos de panela ou outras 1


depressões no dique que não estão relacionados com o assentamento do
dique. A coroa do dique, os aterros e as coroas da estrada de acesso
estão bem estabelecidos e drenam-se adequadamente, sem qualquer
água embaçada.

Existem algumas depressões menores infrequentes com menos de 15 3


cm de profundidade na crista do dique, aterro ou estradas de acesso que
irão lagoa.

 Minimalmente Aceitável água embutida ao longo de uma


Deformação na crista crista de dique

Existem depressões maiores que 15 cm de profundidade que irão 5


condicional a estagnação de água e possíveis lagoas na crista do dique.

As deformações INACEITÁVEL na crista do dique exigem


preenchimento.

A2
Sem quebras, furos, rachaduras que resultariam em vazamento 1 A falta de compactação adequada permitirá a infiltração ao longo
significativo de água. As juntas parecem estar fechadas, o revestimento do tubo durante uma inundação.
original no lugar (isto é, asfalto ou galvanização). Para atravessar tubos,
há uma compactação adequada em torno da utilidade e não há
obstruções ou vegetação que diminuem o funcionamento da estrutura.

Há um pequeno número de pinhões ou fissuras de corrosão que podem 3


derramar água e precisam ser reparados, mas todo o comprimento do
tubo ainda é estruturalmente sadio e não corre o risco de desmoronar. O
formato da tubulação pode ser ovalizado em alguns locais, mas não
parece estar se aproximando de uma inversão de curvatura. Um número
limitado de juntas pode ter aberto e a perda de solo pode estar
começando. Todas as juntas abertas devem ser reparadas antes da
próxima inspecção. Tubulações de metal ondulado, se presente, podem
estar mostrando corrosão e orifícios, mas não há áreas com perda de
Canais de descarga seção total. Para passar pelos tubos, há uma compactação moderada em
torno da utilidade que precisa ser atendida e há poucas obstruções
(debentures e/ou vegetação) que precisam ser removidas. MINIMALMENTE ACEITÁVEL, a vegetação que bloqueia a
calha de concreto deve ser removida.

Conduta teve deterioração e/ou vazamento significativo, em perigo de 5


colapso ou começou a entrar em colapso. Não há boa compactação em
torno do tubo. Perda de seção de 100% em inverter em tubo de metal.
Além disso, há presença de debêntures e/ou vegetação que bloqueia os
portões em aberto e fechado.

 A ponta do lado esquerdo é MÍNIMA ACEITÁVEL com


acumulação de sedimentos dentro da ponta. A ponta do lado
direito é totalmente inaceitável com 2/3 da sua capacidade de
fluxo reduzida por sedimentos e detritos. Este projecto foi
classificado como inaceitável por causa da capacidade de fluxo
reduzida das canalizações.

A3
Eles não invadiram a servidão do dique. 1

ACEITÁVEL. A área de servidão do dique não é enchida.


O campo invade a servidão do dique. 3

MINIMALMENTE ACEITÁVEL. As barreiras de concreto


foram colocadas na crista do dique para restringir o acesso do
Características gerais veículo.

Incapazes que provavelmente inibem as operações de emergência ou 5


afectam negativamente a integridade do dique.

 Um tubo de irrigação privado não autorizado que atravessa no


corpo do dique que compromete a estabilidade do dique. Uma
torre de energia eléctrica autorizada na encosta lateral do dique
compromete a estabilidade do dique.
 Em geral, deficiências que parecem comprometer
significativamente a integridade do dique ou inibir possíveis
actividades de luta contra inundações.

A4
Nenhuma actividade agrícola não autorizada presente na área da 1
servidão por pelo menos 3 metros do dedo do pé

Nenhuma actividade agrícola na crista e talude do dique e o


agricultor ficou de a volta pelo menos 3 metros.

A actividade agrícola não autorizada presente observou que deve ser 3


Práticas agrícolas corrigida, mas não irá inibir operações e operações de manutenção ou
(Machamba) emergência.

O agricultor abriu direito até o pé do dique, e é solicitado que


fique de volta pelo menos 3 metros

A actividade agrícola não autorizada observou que é provável que inibe 5


as operações

 Este fazendeiro plantou nos taludes dos diques e na crista


também.
Este fazendeiro plantou direito ao pé do dique e não permite
operações e manutenção do dique por estar a menos de 3 metros
das árvores revestidas.

A5
1

3
Geometria
5

Argila, limo, areia e / ou cascalho com baixo teor de humidade sendo 1


compactos com declives íngremes ou semi-compactados com
inclinação plana

Material de composição do Argila, limo, areia e / ou cascalho com um teor de humidade médio 3
dique semi-compactados e com diques muito baixos com inclinações mais
planas (não para fins de estabilidade)

O alto teor de humidade pode indicar um solo suave e / ou orgânico 5


com baixa resistência ao cisalhamento / alta compressibilidade.

Não há pedras perdidas ou deslocadas. As protecções existentes do 1


revestimento são devidamente mantida, intacta e claramente visível.

 Adoptável para minimizar a erosão.

Faltam pedras, caules lenhosos e outros materiais. Deslocamento ou 3


deterioração do revestimento menor que não representa uma ameaça
imediata para a integridade do dique. A vegetação indesejada deve ser
limpa ou pulverizada com um herbicida apropriado.
Revestimento
 MINIMALMENTE ACEITÁVEL. Árvores e mudas estão se
estabelecendo dentro de áreas protegidas e ao longo das partes
inferiores do canal do rio, e devem ser removidas.
Deslocamento, deterioração ou exposição ao revestimento de cama 5 INACEITÁVEL. O
significativo observados. A actividade Scour está subestimando os crescimento das
bancos, criando erosão nos taludes ou prejudicando os fluxos dos árvores e dos rebentos
canais, causando turbulência ou silvicultura. A protecção do dentro da protecção de
revestimento é escondida pela presença de árvores densasº um dique de terra.

A6
Sem rombo 1
Rombo
Com Rombo 5

A evidência mostra que a infiltração anterior foi reparada ou mitigada. 1


POUCO ou NENHUMA saturação da inclinação para a terra ou dique
do pé.

Área limitada de pequenas linhas: evidência de infiltração activa que 3


pode ter transportado quantidades menores de material de dique ou
fundação. <25% da altura do dique da inclinação do dique terrestre
saturado ou dente do dique.
Infiltração
Evidência de infiltração activa que transportou uma quantidade 5
significativa de material de dique e / ou sua base, tais como: fervuras
grandes / cones e / ou área grande de pequenas ferritas. Evidência de
erosão interna progressiva: poças em dique, bermas ou fundação. Veja a
página da inclinação para a terra com evidência de transporte de
material maior que 25% da altura do dique da inclinação do dique
terrestre saturado.

Não há slides presentes 1

Estabilidade na inclinação O deslizamento superficial menor que com reparos diferidos não 3
representará uma ameaça imediata a FCW a integridade do dique.

Evidência de deslizamento sentado profundamente que ameaça a 5


integridade do dique. As reparações são necessárias para restabelecer a
integridade do dique.

A7
O dique tem uma boa cobertura de grama com pouco (<10% do 1
comprimento do segmento) ou nenhuma vegetação indesejada (árvores,
arbustos ou ervas daninhas indesejáveis). O diâmetro da vegetação é
inferior a 5 cm. Uma zona de 5 metros, livre de toda vegetação lenhosa,
é mantida adjacente ao perno do peru / perno do peru para manutenção
e actividades de combate a inundações. Além disso, uma zona livre de
raiz de 1 metro é mantida para proteger os limites externos da seção
transversal do dique

Vegetação minúscula de lenha ou ervas daninhas (<30% do 3


comprimento do segmento) com um diâmetro de haste inferior a 5 cm
medido a 15,2 cm acima do nível do solo e / ou escova presente no
dique ou dentro da zona de 5 metros, que não ameaçará a integridade do
dique, mas que precisam ser removidos.
Vegetação

A árvore, a erva daninha e a escova existem no dique ou adjacentes a 5 5


m. Zona (> 30% do comprimento do segmento> 5 cm de diâmetro) que
requer remoção para restabelecer ou verificar a integridade do dique.
(NOTA: Se existe um crescimento significativo no dique, proibindo a
inspecção de tocas de animais ou outros itens de inspecção, então a
inspecção do dique deve ser encerrado até que este item seja corrigido.)
Gramíneas longas e árvores não-aceitáveis nos taludes e do lado
do dique. INACEITÁVEL. O dique é cortado, mas árvores e
gramíneas mais longas dentro da área da servidão do dique. As
árvores são maiores que 5 cm de diâmetro.

A8
Anexo 2. Inventário de inspecção dos diques de Nante.

A9
Anexo 3. Estado actual de conservação do dique classificado em função da vegetação.

A10
Anexo 4. Estado actual de conservação do dique classificado em função das práticas agrícolas.

A11
Anexo 5. Estado actual de conservação do dique classificado em função das fissuras.

A12
Anexo 6. Mapa de risco de Inundação detectada por satélite de Janeiro de 2015 na
bacia do Licungo.

Nante

Fonte: (DRR-Team Mission Report, 2015)

Anexo 7. Quantidade de precipitação que cobre toda Bacia de Licungo (a


esquerda) e quantidade de precipitação acumulativa em 4-estações em toda a
Bacia de Licungo (a direita) 2015.

Precipitação acumulada-Bacia de Licungo


Precipitação (mm)

Estações na bacia do Licungo

Fonte: (DRR-Team Mission Report, 2015)

A13
Anexo 8. Mapa da bacia do Licungo, o sombreamento a vermelho indica a
extensão da inundação concretamente em Mocuba e Nante.

Fonte: (DRR-Team Mission Report, 2015)

Anexo 9. Vista geral da banqueta esquerda do rio Licungo em Intabo.

Fonte: (DRR-Team Mission Report, 2015)

A14
Anexo 10. Dados de base sobre a projecção de secções transversais ao longo do dique.

ID ID_Da secção Comprimento (m) Def-Area-T20- (m²) Défice-Volume (m³) Défice-Altura (m)

1 5.83_P2 715.4 51.5 36872.5 4.0

2 4.77_P3 1087.7 62.5 67881.7 3.6

3 7.63_P1 650.0 65.4 42496.6 3.7

4 0.06_P6 574.3 86.5 49659.6 3.6

5 0.06_P7 1048.0 62.2 65154.3 4.1

6 0.79_P4 1008.5 68.8 69397.1 3.5

7 0.05_P5 380.6 98.5 37479.2 4.1

8 0.01_P8 1263.0 53.8 67899.2 3.6

9 3.66_P9 1161.8 51.2 59511.9 1.8

10 3.6_P10 1224.0 193.5 236850.9 6.3

11 3.52_P11 622.0 516.2 321100.6 12.4

A15
Anexo 11. Enquadramento Legal dos Diques.
Neste momento, não há regulamentos específicos para a gestão de diques. O quadro legal que rege as
questões relacionadas com os sistemas de diques estão essencialmente incorporados na Constituição
da República, na Política de Águas, na Política Tarifária, na Lei de Águas e no Regulamento de Licenças
e Concessões de Águas.
No que respeita à legislação para a gestão de diques:
 Não há instrumentos jurídicos ou institucionais abrangentes específicas para a gestão de diques;
 Elementos para a gestão de diques estão incluídos na legislação e regulamentos institucionais
do Ministério das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos e Ministério da
Agricultura e Segurança Alimentar;
I. Em relação à infra-estruturas hidráulicas e diques, a Política de Águas menciona que: O
objectivo principal em relação as infra-estruturas hidráulicas é o de satisfazer o aumento
das necessidades de água relacionado com o desenvolvimento sócio-económico, gerar
novas necessidades, proteger os recursos hídricos e mitigar os impactos negativos de
cheias através da construção de infra-estruturas hidráulicas, particularmente diques de
protecção.
II. Nas cidades e vilas afectadas pelas cheias serão construídos ou reforçados diques de
protecção; Os diques estarão sujeitos a inspecções regulares e manutenção pelos seus
proprietários, com monitorização a ser feita pelas ARAs porque poderão desenvolver-se
secções enfraquecidas que serão pontos de rotura durante as cheias.
III. Será criado e mantido actualizado um cadastro das obras hidráulicas do país que inclui
diques.
 Na Política Tarifária de Águas está afirmado que:
I. Uma gestão cuidada e integrada dos recursos hídricos é imperiosa; A cooperação
institucional, técnica e financeira entre os diferentes intervenientes deve permitir o seu
envolvimento na gestão, construção, operação e manutenção de infra-estruturas;
 A Lei de Águas está mencionada:
I. Compete ao Estado implementar progressivamente e nas regiões definidas como de
intervenção prioritária, uma política de gestão de águas orientada para a realização da
prevenção e combate contra efeitos nocivos das águas, nomeadamente contra o
controle de cheias e elaboração de legislação destinada a regulamentar.
II. Cabe as Administrações Regionais de Águas aprovar as obras hidráulicas e realizar a
sua fiscalização;
 O Regulamento Interno da Direcção Nacional de Águas - (DM 142/2012):
I. Departamento de Obras Hidráulicas - Funções (art.º 10) Contribuir na definição e
adopção de normas sobre projectos, construção e segurança de infra-estruturas
hidráulicas; Elaborar modelos de gestão e de análise dos dados de exploração e
observação das infra-estruturas hidráulicas.
 As Administrações Regionais de Águas (ARA’s) são responsáveis pela gestão das bacias
hidrográficas e infra-estruturas hidráulicas. ARA-Sul é responsável pela gestão das principais
barragens, mas não tem qualquer responsabilidade dedicada para a gestão de diques.
 As principais responsabilidades da ARA-Sul estão definidas no artigo 2 dos seus estatutos
(Diploma Ministerial nº 134/93, de 17 de Novembro) e resumem-se em:
I. Projecto, construção e operação de estruturas hidráulicas.
II. Autorização e inspecção de estruturas hidráulicas.
III. Outorga de direitos de uso e a imposição de taxas relacionadas.
 O Ministério da Agricultura e Segurança Alimentar dirige, planifica e assegura a execução
das políticas nos domínios das terras, agricultura, pecuária, florestas, fauna bravia, hidráulica
agrícola e na área de coordenação do desenvolvimento rural.
 O Ministério tem como uma das atribuições, no âmbito da hidráulica agrícola, a coordenação de
acções com vista a utilização racional das potencialidades hidroagrícolas, competindo-lhe criar e
desenvolver infra-estruturas básicas de apoio às actividades económicas no domínio agrário e
de desenvolvimento rural

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Anexo 12. Descrição cronológica dos principais eventos resultantes das
inundações ocorridas na bacia do Licungo durante as cheias de 2015.

Data: Observações:
Níveis regulares de água na bacia do Licungo,
por vezes aproximando-se e ultrapassando
ligeiramente o nível de alerta.
9-11 De Janeiro  Na noite de 11 de Janeiro: evento de
precipitação extrema;
 Na noite de 11 de Janeiro: colapso da
ponte de Nante-Moneia.
Continuação de chuvas intensas em toda a
bacia do Licungo.
 O nível de água em Mocuba aumenta
em mais de 5m em menos de 4 horas
12 De Janeiro e atinge um máximo de mais de 12m;
 Ponte em Mocuba desmorona,
ceifando vidas humanas;
 Ponte em Malei galgada e, é
severamente danificada.
 Continuação de chuvas em toda a
bacia do Licungo (mas menos
extremas);
13 De Janeiro
 Alerta do nível de água para Mocuba e
em Nante o nível da água atinge o seu
máximo.
 A chuva retorna ao normal;
 Os níveis de água diminuem em
14-16 De Janeiro
Mocuba e mantêm seu alto nível em
Nante
Os níveis de água em Nante permanecem
altos e alarmantes, verificando-se os
seguintes cenários:
 O sistema de dique do baixo Licungo
17 De Janeiro-10 De Fevereiro foi no galgado
 O regadio foi na sua extensa área
inundado, cerca de 75%.
 Destruição da ponte que liga Nante e
Moneia.

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