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Tema:
Autor:
Supervisor: Co-Supervisor:
Prof. Doutor Eng.º Dinis Juízo Prof. Doutor Eng.º Clemêncio Nhantumbo
Supervisor da empresa:
FACULDADE DE ENGENHARIA
Tema:
Autor:
Supervisor: Co-Supervisor:
Prof. Doutor Eng.º Dinis Juízo Prof. Doutor Eng.º Clemencio Nhantumbo
Supervisor da empresa:
FACULDADE DE ENGENHARIA
A Chefe de Secretaria
____________________________________
DECLARAÇÃO DE HONRA
Eu, Edny Alfredo Nelson Mucavele, declaro por minha honra que o presente trabalho é
completamente da minha autoria, com base nos conhecimentos adquiridos ao longo do
curso e resulta da pesquisa bibliográfica, trabalho de campo, visitas às instituições
ligadas ao sector de águas e que nunca foi apresentado para a obtenção de qualquer
grau.
O Autor:
____________________________________________
(Edny Alfredo Nelson Mucavele)
DEDICATÓRIA
I
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar à Deus, pelo dom da vida, força, coragem e perseverança durante
toda esta longa caminhada, desde o início desta Licenciatura, a sua presença foi
inequívoca, derramando bênçãos durante a caminhada, e certamente até a sua
conclusão.
II
RESUMO
O presente estudo teve como objectivo avaliar o nível de protecção contido pelo dique
de Nante como uma medida estrutural de resiliência às cheias e inundações. O sistema
localiza-se no Posto Administrativo de Nante, Distrito de Mangaja da Costa, Província
de Zambézia, ao norte de Moçambique, na margem esquerda do rio Licungo. A
metodologia usada foi baseada no estudo de caso. Foi feito um levantamento de
campo, com vista a identificar, avaliar e propor medidas com vista a reposição da sua
estrutura até um nível de protecção pretendido.
Segundo o estudo realizado pela Salomon e HKV (2015), para melhor e promover a
gestão sustentável dos diques em Moçambique, o primeiro passo é fazer um inventário
dos sistemas e desenvolver um cadastro com toda informação sobre os diques. Os
diques vêm se tornando cada vez mais infra-estruturas de grande importância e
preocupação devido às consequências esperadas das mudanças climáticas (como
aumento do nível do mar e eventos climáticos mais extremos).
É neste contexto, que o avanço tecnológico deve ser visto como uma medida
imprescindível com vista a suprir esta necessidade. Neste âmbito, o plugin Cadastro,
que pode ser aberto no software livre Quantum GIS, aprece em forma de resposta a
esta necessidade. No presente estudo, foi usado para avaliar o estado de conservação
do dique e determinar o volume de material necessário para aterrar, com vista a repor a
sua estrutura até ao nível de protecção pretendido.
III
O software permitiu determinar que dos 17,1 km de dique existentes em Nante,
distinguidos em (4) quatro troços principais, nomeadamente Nante-Moneia,
Mundamunda, Intabo e Muquera, quanto ao seu estado actual de conservação no geral
6,4 km encontram num estado bom, 2,9 km razoável e 7,8 km mau. Em função do
mesmo critério de avaliação, destaca-se em bom estado em detrimento da sua
extensão, o dique de Nante-Moneia com 77,4%, Mundamunda 64,1% e Muquera
respectivamente 5,6%.
Quanto ao volume de material necessário para aterrar, foi feita uma projecção (secções
transversais) sobre as condições geométricas do dique, para um caudal de cheia com
período de retorno de 20 anos, onde foi constatado que para repor a estrutura do dique
serão necessários cerca 1 Mm³ de terra.
IV
ÍNDICE
DEDICATÓRIA ................................................................................................................. I
AGRADECIMENTOS ...................................................................................................... II
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 1
1.1 ÂMBITO DO TRABALHO ................................................................................... 3
1.2 JUSTIFICATIVA ................................................................................................. 4
1.3 OBJECTIVOS ..................................................................................................... 6
1.3.1 Objectivo geral: ............................................................................................ 6
1.3.2 Objectivos Específicos: ................................................................................ 6
2. DESCRIÇÃO DA EMPRESA ONDE O ESTUDANTE REALIZOU O ESTÁGIO ...... 7
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................... 12
3.1 Conceitos ......................................................................................................... 12
3.1.1 Projecto de novo dique .............................................................................. 12
3.1.2 Elevação do dique existente ...................................................................... 12
3.2 Critérios de análise e de dimensionamento ...................................................... 13
3.2.1 Medidas estruturais.................................................................................... 13
3.2.2 Medidas não-estruturais ............................................................................ 13
3.2.3 Mecanismos de ruptura de um dique de protecção ................................... 14
3.2.4 Análise da vulnerabilidade de um dique de protecção ............................... 15
3.2.5 Alinhamento ............................................................................................... 17
3.2.6 Altura do dique ........................................................................................... 17
3.2.7 Altura livre do dique ................................................................................... 18
3.2.8 Largura da crista ........................................................................................ 18
3.2.9 Inclinação dos taludes ............................................................................... 19
3.2.10 Bermas ................................................................................................... 19
3.2.11 Terraplanagem ....................................................................................... 19
3.2.12 Compactação ......................................................................................... 20
3.2.13 Selecção de Materiais para o Dique ....................................................... 20
4. METODOLOGIA DO TRABALHO .......................................................................... 23
4.1 Revisão da Literatura ....................................................................................... 23
4.2 Preparação do Levantamento de Campo ......................................................... 23
4.3 Levantamento do Campo ................................................................................. 24
4.3.1 Inspecção do Dique de Protecção ............................................................. 25
V
........................................................................................................................................................ 25
4.4 Processamento de dados ................................................................................. 26
4.4.1 Análise quantitativa da vulnerabilidade estrutural dos diques .................... 26
4.4.2 Classificação geral quantitativa da vulnerabilidade estrutural dos diques . 27
4.4.3 Resultados da classificação geral quantitativa da vulnerabilidade estrutural
dos diques .............................................................................................................. 27
4.4.4 Análise da vulnerabilidade hidráulica e medidas de mitigação .................. 28
Modelo de Elevação Digital (DEM-SRTM-30m) .............................................................. 30
4.4.5 Estimativa do caudal de cheia e determinação do período de retorno ...... 30
4.5 Análise e Discussão dos Resultados................................................................ 31
4.6 Elaboração do Relatório Final .......................................................................... 31
5. CASO DE ESTUDO: Distrito de Maganja Da Costa-Posto Administrativo de Nante
(Baixo Licungo).............................................................................................................. 32
5.1 Contextualização da Área de Estudo ............................................................... 32
5.1.1 Localização geográfica .............................................................................. 32
5.1.2 Divisão administrativa do distrito................................................................ 32
5.1.3 População .................................................................................................. 33
5.1.4 Clima .......................................................................................................... 34
5.1.5 Geologia e relevo ....................................................................................... 34
5.1.6 Recursos hídricos ...................................................................................... 34
5.1.7 Floresta e Fauna Bravia ............................................................................. 35
6. ESCOLHA DE ESTUDO: Bacia de Licungo-Sistema de Diques de Protecção de
Nante ............................................................................................................................. 36
6.1 Características gerais da Bacia do Rio Licungo ............................................... 36
6.1.1 Análise dos eventos hidrológicos da Bacia do Rio Licungo ....................... 37
6.2 Sistema de Diques de protecção de Nante ...................................................... 38
6.2.1 Contextualização dos diques ..................................................................... 38
6.2.2 Localização geográfica dos diques ............................................................ 38
Dique de Nante-Moneia ................................................................................................. 38
Dique de Mundamunda.................................................................................................. 39
Dique de Intabo .............................................................................................................. 39
Dique de Muquera.......................................................................................................... 39
6.2.3 Histórico sobre os rombos ......................................................................... 41
7. RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................. 42
7.1 Estado de Conservação dos Diques ................................................................ 42
VI
7.1.1 Dique de Nante-Moneia ............................................................................. 42
7.1.2 Dique de Mundamunda .............................................................................. 42
7.1.3 Dique de Intabo.......................................................................................... 42
7.1.4 Dique de Muquera ..................................................................................... 43
7.1.5 Aspectos de vulnerabilidade ...................................................................... 44
7.2 Dimensionamento da estrutura dos diques e definição do tipo de intervenção
necessária.................................................................................................................. 48
7.2.1 Dique de Nante-Moneia ............................................................................. 48
7.2.2 Dique de Mundamunda .............................................................................. 48
7.2.3 Dique de Intabo.......................................................................................... 49
7.2.4 Dique de Muquera ..................................................................................... 49
7.2.5 Generalidades............................................................................................ 49
7.2.6 Mapa de quantidades ................................................................................ 51
8. CONCLUSÃO ......................................................................................................... 52
9. RECOMENDAÇÕES .............................................................................................. 54
10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 55
11. ANEXOS ................................................................................................................ 58
VII
Índice de Tabelas
Tabela 1: Critério para o dimensionamento da altura livre do dique mínima requerida. 18
Tabela 2: Critério para o dimensionando da largura da crista de um dique. ................. 19
Tabela 3: Valor padrão da altura para terraplanagem (Extra-aterro). ............................ 20
Tabela 4: Avaliação do material para o dique de protecção. ......................................... 21
Tabela 5: Classificação de cada parâmetro no segmento do dique de protecção contra
cheias. ........................................................................................................................... 26
Tabela 6: Descrição da classificação geral do dique de protecção contra cheias. ........ 27
Tabela 7: Estimativa de caudais para vários níveis de cheias em Intabo. ..................... 30
Tabela 8: Distribuição da população no distrito de Mangaja Da Costa. ........................ 33
Tabela 9: Resumo dos impactos sócioeconómicos das principais cheias na bacia 1977-
2013. ............................................................................................................................. 37
Tabela 10: Descrição do estado actual de conservação dos diques de Nante por troço.
...................................................................................................................................... 45
Tabela 11: Material necessário compactar para um caudal de cheias de 20 anos. ...... 51
VIII
Índice de Figuras
Figura 1: Diques de protecção em leito do rio nas duas bermas. .................................. 13
Figura 2: Mecanismos de ruptura do dique. .................................................................. 14
Figura 3: Desenho representativo e componentes de um dique de protecção. ............. 17
Figura 4: Câmera Sony Cyber-shot Zoom Óptico 16x HD 720 ...................................... 24
Figura 5: GPS Map 76S ................................................................................................ 24
Figura 6: Fita métrica 50m ............................................................................................. 24
Figura 7: Marcação de coordenadas (à esquerda) e registo fotográfico (à direita) em um
ponto de amostragem no dique. .................................................................................... 25
Figura 8: Tabela de atributos (base de dados) do dique de protecção de Nante no
ambiente QGIS e sua respectiva classificação.............................................................. 28
Figura 9: Secções transversais geradas ao longo do dique e camada LIDAR (cor
castanha). ...................................................................................................................... 29
Figura 10: Dimensionamento do dique à partir da secção transversal. ......................... 29
Figura 11: Estação hidrométrica de Nante, na Estacão de Bombagem de Intabo. ....... 31
Figura 12: Localização geral da área de estudo. ........................................................... 33
Figura 13: Classes de uso e cobertura de terra, e sua área. ......................................... 35
Figura 14: Localização geral da bacia de estudo. ......................................................... 36
Figura 15: Localização dos diques de protecção de Nante ........................................... 40
Figura 16: Localização dos Rombos (destacados a vermelho) no dique em
Mundamunda, Intabo e nas vias de acesso. ................................................................. 41
Figura 17: Classificação geral do estado actual de conservação do dique de Nante em
função da sua extensão................................................................................................. 44
Figura 18: Classificação geral do estado actual de conservação do dique de Nante em
termos percentuais. ....................................................................................................... 46
Figura 19: Classificação do estado actual dos do dique de Nante ................................ 47
Figura 20: Secções transversais projectadas ao longo do dique (Mundamunda, Intabo e
Muquera). ...................................................................................................................... 50
IX
Índice de Anexos
X
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
Designação Abreviação
XI
1. INTRODUÇÃO
Contudo, sempre que se regista uma subida do nível do rio, os efeitos das inundações
são devastadores no baixo Licungo. Os efeitos das inundações variam desde a perda
de culturas dos regadios, deslocações das comunidades, destruição de bens e infra-
estruturas socioeconómicas, bem como a destruição da única via de acesso as
comunidades o que dificulta a comunicação em casos de emergência.
Avaliar o Nível de Protecção Contido pelo do Dique de Nante Como uma Medida
Estrutural de Resiliência às Cheias e Inundações.
A Nossa Abordagem
A nossa experiência com consultores de vários quadrantes do mundo tem mostrado
que existe uma grande tendência em concentrar-se na solução antes de o problema
ser bem compreendido. Como uma empresa de engenharia e de consultoria,
orgulhamo-nos da nossa abordagem holística que inclui participação pró-activa e
facilitação na definição do problema, utilização de ideias e opiniões do cliente, do
manancial de saber do sector e a nossa experiência em projectos.
Administração Geral
Hidrometria
Abastecimento Avaliação de
de Água Urbana Impacto
Ambiental e
Estudos e Social
Modelação Pequenos
Hidrológica Sistemas de
Abastecimento Licenciamento
de Água Ambiental
Estudos e
Modelação sobre
Água Subterranea Abastecimento Auditoria
de Água Rural Ambiental
Estudo de Bacias
Hidrográficas Sanidade a Estudos Sociais e
Baixo Custo Institucionais
Desenvolvimento
de Recursos Drenagem e
Hidricos Saneamento Sistemas de GIS
Urbanos
3.1 Conceitos
Segundo Brandt, et al., (2017) dique é uma estrutura de solo, areia ou concreto que
têm o objectivo de manter determinadas porções de terra secas, essa definição é a
mesma considerada pelos especialistas holandeses.
Considera-se também que, o dique é uma infra-estrutura hidráulica que têm a função
de impedir a passagem de água de mares, lagoas e rios para terrenos adjacentes a
serem mantidos secos, geralmente cidades ou estradas, localizadas em áreas sujeitas
a inundações (Brandt, et al., 2017)
O novo dique deve ser projectado para proteger as áreas propensas a inundações.
Tendo em conta a estabilidade da estrutura, o seu alinhamento deve evitar a
instabilidade, o subsolo fraco e a fundação de areia solta para impedir o assentamento.
Representação ilustrativa de
um sistema de dique de
protecção.
LEGENDA:
Ilustração Mecanismo Descrição geral
Galgamento O nível de inundação da água é maior que altura
A
dimensionada do dique.
Deslizamento do talude A água flui sobre o dique causando erosão do lado da
B
jusante terra (jusante) do dique.
Onde:
∞ 𝐻 ∞
𝑃𝑓 = ∫ 𝑃𝐻 ∙ 𝑐𝑃𝐹 𝑑ℎ = ∫ 𝑃𝐻 ∙ 𝑐𝑃𝐹 𝑑ℎ + ∫ 𝑃𝐻 𝑑ℎ 𝑃𝑓 : Probabilide geral de falha;
𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑏𝑎𝑠𝑒 𝐻
𝑃𝐻 : Probabilidade de um nível de
água ocorrer;
𝑐𝑃𝐹 : Probabilidade condicional de
falha ocorrer a um certo nível de
água;
ℎ : Nível de Água;
𝐻 : Altura do dique;
𝐻
∫𝑏𝑎𝑠𝑒 𝑃𝐻 ∙ 𝑐𝑃𝐹 𝑑ℎ ∶ Falha estrutural;
∞
∫𝐻 𝑃𝐻 𝑑ℎ : Falha hidráulica.
A integral da probabilidade de falha (Pf) pode ser dividida em duas partes. É mais fácil
de compreender a probabilidade da falha hidráulica quando a probabilidade condicional
(𝑐𝑃𝐹 ) é igual a 1, ou seja, quando o nível da água h é superior a altura do dique H.
(1)
P 1
(2)
A largura da crista deve ser projectada para o uso polivalente, como para a sua
manutenção durante as inundações e execução de obras de prevenção de inundações
de emergência. No entanto, a crista do dique em si pode ser usada como uma estrada
de manutenção. A estrada de manutenção (bermas) deve ser de 3,0 metros ou mais
(JICA, 2010).
3.2.10 Bermas
Se a altura do dique for superior a 5 metros, deverá ser instalada uma berma ao longo
das encostas (pé do dique) para efeitos de estabilidade, reparação e manutenção. A
largura da berma deve ser de 3 - 6 m (JICA, 2010).
3.2.11 Terraplanagem
A terraplanagem com camada de solo natural, areia e pedra brita é usado para revestir
o dique superficialmente. Ele deve ser projectado com vista à consolidação do dique. O
padrão para a altura extra do aterro é mostrada abaixo (ver Tabela 3).
≤ 3m 20 10
3m a 5m 30 20
5m a 7m 40 30
≥ 7m 50 40
3.2.12 Compactação
A Error! Reference source not found. 4 abaixo, mostra a avaliação geral dos
materiais para a construção dos diques considerando os requisitos acima
apresentados.
Solo e pedra 0
brita
Solo arenoso 0
Nesta fase foi feito o levantamento de material literário necessário e relacionado com o
tema, com vista a elaboração do relatório. As consultas foram feitas em teses de
bacharelato, licenciatura, mestrado e doutoramento, bem como em artigos de revistas
científicas. Foi ainda nesta fase, que foi elaborado o modelo de classificação dos
parâmetros sobre o estado de conservação do dique, ver anexo 1, e o inventário de
inspecção, ver anexo 2 (Cundill, 2016).
Figura 4: Câmera Sony Cyber-shot Figura 5: GPS Map 76S Figura 6: Fita métrica 50m
Zoom Óptico 16x HD 720
Para a verificar e avaliar a integridade do dique foi feita a inspecção percorrendo todo
dique com paragens, se assim for necessário, em pontos de inspecção estratégicos,
nomeadamente: infra-estruturas hidráulicas, pontos de atravessamento e pontos
críticos (ex.: rombos, presença de actividades agrícolas sobre o dique, vegetação, etc.).
O início e o fim, de cada ponto crítico foi registado (coordenadas geográficas e
fotografia), ver figura 7. O percurso sobre o dique foi feito a pé, o sistema foi segregado
em vários segmentos, variando de 500 a 1000 m, cada segmento representa o estado
de conservação do dique naquele troço.
Figura 8: Tabela de atributos (base de dados) do dique de protecção de Nante no ambiente QGIS e sua
respectiva classificação.
Segundo o estudo realizado pela Tecnica (2016), os dados mostram que com o caudal
de 6,328 m³/s, aproximado ao período de retorno de 20 anos estimado para a A-91 em
Mocuba, à montante de Nante, corresponde ao nível de cheia de 4.0 m em Intabo,
tomando como referência a escala hidrométrica de Mundamunda ver tabela 7
(TECNICA, 2016).
H (m) Q (m³/s)
6,27 12,273
5,0 10,233
4,5 8,222
4,0 6,328
3,5 5,143
Fonte: (TECNICA, 2016)
Adicionalmente, foi utilizado o Quantum GIS para gerar mapas e determinar o tipo de
intervenção necessária. Os mapas gerados permitem ilustrar o estado de conservação
do dique, secções transversais projectadas, identificar os pontos críticos com o auxílio
de imagens, nomeadamente locais onde predominantemente verificaram-se
irregularidades sobre o corpo do dique.
O relatório do estágio profissional foi feito com recurso ao Microsoft Word 2010, Excel
2010, a produção de desenhos com detalhes construtivos no AutoCAD-Civil 3D 2018 e
o software livre Quantum GIS (v-2.18).
Mocuba Pebane
Namacurra
Oceano Indico
5.1.3 População
A geologia do posto é mais modificada na região costeira na qual, por um lado, existem
segmentos marinhos sobrepostos de diferentes períodos geológicos, e por outro, a
zona de configuração ondulada, como resultado das dunas costeiras (Manteiga, 2009).
A altitude média acima do nível das águas do mar é de cerca de 70 metros. As zonas
de planícies propensas à inundação, com maior extensão localizam-se em Nante
(Manteiga, 2009).
Sectores
Os dados acima apresentados (ver figura 13), para uma área total do distrito de cerca
de 759.700 ha, mostram que a vegetação em área inundável saiu 106.358 para
165.534 ha, oque representa em termos percentuais 14% para 22% respectivamente,
comprovando a necessidade de serem levadas a cabo medidas estruturais com vista a
mitigar os efeitos das inundações.
A bacia do rio Licungo está situada entre os paralelos 15°18’ e 17° 42’ Sul e os
meridianos 35°45’ e 37°33’ Este, na Província da Zambézia, ver figura 14. Nasce nos
Montes Namuli, perto da cidade de Gurúè, uma área de cerca de 22.800 km², a bacia
tem um escoamento médio de 6 533,80 Mm³/ano, à altitude aproximada de 2.000
metros e desagua no Oceano Indico próximo de vila Valdez, 50 km a Norte da cidade
de Quelimane (Langa, 2002).
A bacia faz limite a Norte com as bacias do rio Raraga, Molócue e Melela, a Sul com as
bacias do rio Zambeze e Namacurra, a Oeste com Nalaua e Lúrio e a Este pelo
Oceano Indico.
O perímetro do rio é de cerca de 798 km e o comprimento é de aproximadamente de
343 km verificando-se contudo, após a confluência com o rio Lugela próximo da cidade
de Mocuba, um estrangulamento progressivo da bacia até à foz (Langa, 2002).
Tabela 9: Resumo dos impactos socioeconómicos das principais cheias na bacia 1977-2013.
Custos
Ano de Mortes Pessoas Pessoas
Cheia/Denominação directos em
Ocorrência causadas deslocadas afectadas
milhões USD
Limpopo 1977 300 3323 400 000 60
Zambeze 1978 45 219 000 102
Maputo, Umbeluzi,
1984 135 47 500 350 000 35
Incomáti
Maputo, Umbeluzi,
Incomáti, Limpopo, 2000 783 500 000 3 000 000 600
Govuro, Save, Búzi
Zambeze, Púnguè 2007 50 90 000 800 000 -
Limpopo, Zambeze,
2013 117 154 000 350 000 550
Licungo
Fonte: (Consultec & Salomon, 2014)
Os diques são compostos por quatro troços principais: (1) Nante-Moneia, (2)
Mundamunda, (3) Intabo e (4) Muquera.
Dique de Nante-Moneia
O dique tem 3,1 km de comprimento, é coberto com solos argilosos e capim elefante,
está destacado pela cor verde na figura 15. O dique atravessa a zona baixa entre
Nante e Moneia, a sul da Lagoa de Tandamela, e serve como principal via de acesso
que liga o Posto Administrativo Sede de Nante e a Localidade de Moneia.
O dique encontra-se neste momento, em toda sua extensão a ser reabilitado pela
DNGRH após destruição causada pelas cheias do ano 2015, as obras já estão na recta
final, faltando apenas a colocação da ponte metálica, no local de passagem natural da
água, designadamente afluente do rio Licungo.
Dique de Intabo
Dique de Muquera
O dique segue à jusante de Intabo, igualmente ligado a si, com cerca de 5,3 km de
comprimento, está destacado pela cor amarela na figura 15. O dique foi construído de
forma artesanal, a fonte da matéria-prima para a sua construção era o solo natural
escavado nas bermas ao longo do dique, e a sua compactação foi feita manualmente.
O dique foi severamente danificado pelas cheias de 2015.
40
Diques de protecção de Nante, Distrito de Maganja Da Costa-Bacia do Rio Licungo
6.2.3 Histórico sobre os rombos
Figura 16: Localização dos Rombos (destacados a vermelho) no dique em Mundamunda, Intabo e nas
vias de acesso.
Fonte: (TECNICA, 2016)
Realçar que, este troço do dique (Muquera) não se beneficiou de nenhuma intervenção
e/ou reabilitação, como foi o caso de Nante-Moneia e Mundamunda, oque coloca o
sistema e zona “protegida” vulnerável a qualquer evento de inundação. A consequência
imediata do abandono, condiciona com que a reposição da sua estrutura seja de
carácter obrigatória e/ou imprescindível.
Duma forma geral, dos 17 km de dique existentes em Nante, cerca de 46%, 17% e
37% se encontram num estado mau, razoável e bom respectivamente (ver figura 17).
Realçar que, a extensão em estado razoável necessita de reabilitação, ao passo que, a
extensão em estado mau carece de uma intervenção urgente, com vista a repor a sua
estrutura ao nível de garantir à devida protecção no próximo evento de cheio e/ou
inundação.
8.0 6,4
6.0
4.0 2,9
2.0
0.0
Bom Razoável Mau Total
Estado de Conservação
Figura 17: Classificação geral do estado actual de conservação do dique de Nante em função da sua
extensão.
Tabela 10: Descrição do estado actual de conservação dos diques de Nante por troço.
100 4.3
90 24.1
18.3
80
Percentagem (%)
70 11.8 64.1
60 72.4 MAU
50 RAZOÁVEL
40 77.4 BOM
30 64.1
15.9
20
22.0
10 20.0
0 5.6
Dique de Nante-
Dique de Nante-
Dique de Nante-
Dique de Nante-
Mundamunda
Muquera
Moneia
Intabo
Figura 18: Classificação geral do estado actual de conservação do dique de Nante em termos
percentuais.
47
Diques de protecção de Nante, Distrito de Maganja Da Costa-Bacia do Rio Licungo
7.2 Dimensionamento da estrutura dos diques e definição do tipo de
intervenção necessária
Nesta fase será feito o dimensionando da estrutura do dique. Para obter informações
sobre a quantidade de material (volume) necessário para repor o dique em condições
desejadas no próximo evento de cheia, secções transversais são úteis (ver figura 20).
O dique de Nante-Moneia tem uma altura de 3,0 m, à partir de nível do terreno natural,
com uma largura da crista de 7,0 m, os taludes têm inclinações típicas que variam entre
1:2 e 1:3 (V:H). Uma vez que, o dique beneficiou recentemente de uma reabilitação de
raiz e este troço não constitui a defesa principal contra subida do nível de água do
Licungo, isto é, não corre ao longo do rio (ver figura 15), este sistema não será objecto
de estudo nesta fase.
O dique de Mundamunda, na secção reabilitada tem uma cota de 6,5 m, a crista com
cerca de 7,0 m de largura. A inclinação dos taludes varia entre 1:2,5 a 1:3 (V:H). Estas
características geométricas estão em conformidade com as exigências mínimas
recomendadas (TECNICA, 2016).
Peso embora, o dique não foi reabilitado no seu todo, o dimensionamento para este
sistema é feito para a secção com cerca de 650 m, mas à jusante da estacão. A sua
projecção é feita com base nas características geométricas do troço reabilitado, uma
vez que, o alteamento do dique nessas condições vai igualmente proporcionar uma
protecção correspondente a um período de retorno de 20 anos.
O dique de Intabo confunde-se a certa altura com a baqueta esquerda do rio Licungo e
mostra-se bastante irregular na altura e largura da crista. A reposição do dique vai
consistir em adoptar uma inclinação suave dos taludes com cerca de 1:2,5 (V:H).
Para tirar proveito dos pontos mais elevados do dique existentes, foi feita a
reconfiguração do dique à cota de 5,5 m. Esta cota da crista vai conferir o dique uma
altura livre de cerca de 1,5 m. A largura da crista do dique será de 6,0 m.
Foi deste modo projectado um dique cuja cota inicial na zona crítica dos primeiros 1,0
km do seu comprimento, é de 6,0 m, ligando-se ao dique de Intabo, mantendo a cota
da crista na casa dos 5,5 m para o restante troço. É projectada uma largura da crista
com 6,0 m, e uma inclinação suave dos taludes que terão 1:2,5 (V:H), em conformidade
com as exigências técnicas mínimas recomendadas.
7.2.5 Generalidades
A projecção dos diques não depende somente das características técnicas acima
mencionadas, outros factores apresentados na revisão bibliográfica são objecto de
análise necessária na sua concepção. Neste contexto, nesta fase é feita uma descrição
geral dessas componentes.
É de notar que, os elementos descritos a seguir fazem parte apenas dos diques
dimensionados, designadamente Mundamunda, Intabo e Muquera.
50
Diques de protecção de Nante, Distrito de Maganja Da Costa-Bacia do Rio Licungo
7.2.6 Mapa de quantidades
Nesta fase será apresentada o volume do material necessária para aterrar em cada
troço, com vista a repor a estrutura do dique até o nível de protecção pretendido. Os
dados a seguir apresentados, são o resultado das condições de projecção acima
apresentados.
O volume estimado em cerca de 1 Mm³ de terra para repor a sua estrutura, deve ser
assumido como um dado de base na definição do tipo de intervenção necessária com
vista à criar maior resiliência aos efeitos das inundações em Nante.
Segundo o relatório produzido pela Salomon Lda, et al., (2018), sobre a inspecção aos
diques existentes ao nível nacional, a intervenção de outros actores dos sectores
governamentais, ligados ou não a repartição de infra-estruturas hidráulicas, é crucial na
gestão sustentável dos diques.
Após o final deste estudo, seguem-se algumas recomendações para trabalhos futuros:
A1
Menos de 3 cruzamentos em mais de 500 metros 1
A2
Sem quebras, furos, rachaduras que resultariam em vazamento 1 A falta de compactação adequada permitirá a infiltração ao longo
significativo de água. As juntas parecem estar fechadas, o revestimento do tubo durante uma inundação.
original no lugar (isto é, asfalto ou galvanização). Para atravessar tubos,
há uma compactação adequada em torno da utilidade e não há
obstruções ou vegetação que diminuem o funcionamento da estrutura.
A3
Eles não invadiram a servidão do dique. 1
A4
Nenhuma actividade agrícola não autorizada presente na área da 1
servidão por pelo menos 3 metros do dedo do pé
A5
1
3
Geometria
5
Material de composição do Argila, limo, areia e / ou cascalho com um teor de humidade médio 3
dique semi-compactados e com diques muito baixos com inclinações mais
planas (não para fins de estabilidade)
A6
Sem rombo 1
Rombo
Com Rombo 5
Estabilidade na inclinação O deslizamento superficial menor que com reparos diferidos não 3
representará uma ameaça imediata a FCW a integridade do dique.
A7
O dique tem uma boa cobertura de grama com pouco (<10% do 1
comprimento do segmento) ou nenhuma vegetação indesejada (árvores,
arbustos ou ervas daninhas indesejáveis). O diâmetro da vegetação é
inferior a 5 cm. Uma zona de 5 metros, livre de toda vegetação lenhosa,
é mantida adjacente ao perno do peru / perno do peru para manutenção
e actividades de combate a inundações. Além disso, uma zona livre de
raiz de 1 metro é mantida para proteger os limites externos da seção
transversal do dique
A8
Anexo 2. Inventário de inspecção dos diques de Nante.
A9
Anexo 3. Estado actual de conservação do dique classificado em função da vegetação.
A10
Anexo 4. Estado actual de conservação do dique classificado em função das práticas agrícolas.
A11
Anexo 5. Estado actual de conservação do dique classificado em função das fissuras.
A12
Anexo 6. Mapa de risco de Inundação detectada por satélite de Janeiro de 2015 na
bacia do Licungo.
Nante
A13
Anexo 8. Mapa da bacia do Licungo, o sombreamento a vermelho indica a
extensão da inundação concretamente em Mocuba e Nante.
A14
Anexo 10. Dados de base sobre a projecção de secções transversais ao longo do dique.
ID ID_Da secção Comprimento (m) Def-Area-T20- (m²) Défice-Volume (m³) Défice-Altura (m)
A15
Anexo 11. Enquadramento Legal dos Diques.
Neste momento, não há regulamentos específicos para a gestão de diques. O quadro legal que rege as
questões relacionadas com os sistemas de diques estão essencialmente incorporados na Constituição
da República, na Política de Águas, na Política Tarifária, na Lei de Águas e no Regulamento de Licenças
e Concessões de Águas.
No que respeita à legislação para a gestão de diques:
Não há instrumentos jurídicos ou institucionais abrangentes específicas para a gestão de diques;
Elementos para a gestão de diques estão incluídos na legislação e regulamentos institucionais
do Ministério das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos e Ministério da
Agricultura e Segurança Alimentar;
I. Em relação à infra-estruturas hidráulicas e diques, a Política de Águas menciona que: O
objectivo principal em relação as infra-estruturas hidráulicas é o de satisfazer o aumento
das necessidades de água relacionado com o desenvolvimento sócio-económico, gerar
novas necessidades, proteger os recursos hídricos e mitigar os impactos negativos de
cheias através da construção de infra-estruturas hidráulicas, particularmente diques de
protecção.
II. Nas cidades e vilas afectadas pelas cheias serão construídos ou reforçados diques de
protecção; Os diques estarão sujeitos a inspecções regulares e manutenção pelos seus
proprietários, com monitorização a ser feita pelas ARAs porque poderão desenvolver-se
secções enfraquecidas que serão pontos de rotura durante as cheias.
III. Será criado e mantido actualizado um cadastro das obras hidráulicas do país que inclui
diques.
Na Política Tarifária de Águas está afirmado que:
I. Uma gestão cuidada e integrada dos recursos hídricos é imperiosa; A cooperação
institucional, técnica e financeira entre os diferentes intervenientes deve permitir o seu
envolvimento na gestão, construção, operação e manutenção de infra-estruturas;
A Lei de Águas está mencionada:
I. Compete ao Estado implementar progressivamente e nas regiões definidas como de
intervenção prioritária, uma política de gestão de águas orientada para a realização da
prevenção e combate contra efeitos nocivos das águas, nomeadamente contra o
controle de cheias e elaboração de legislação destinada a regulamentar.
II. Cabe as Administrações Regionais de Águas aprovar as obras hidráulicas e realizar a
sua fiscalização;
O Regulamento Interno da Direcção Nacional de Águas - (DM 142/2012):
I. Departamento de Obras Hidráulicas - Funções (art.º 10) Contribuir na definição e
adopção de normas sobre projectos, construção e segurança de infra-estruturas
hidráulicas; Elaborar modelos de gestão e de análise dos dados de exploração e
observação das infra-estruturas hidráulicas.
As Administrações Regionais de Águas (ARA’s) são responsáveis pela gestão das bacias
hidrográficas e infra-estruturas hidráulicas. ARA-Sul é responsável pela gestão das principais
barragens, mas não tem qualquer responsabilidade dedicada para a gestão de diques.
As principais responsabilidades da ARA-Sul estão definidas no artigo 2 dos seus estatutos
(Diploma Ministerial nº 134/93, de 17 de Novembro) e resumem-se em:
I. Projecto, construção e operação de estruturas hidráulicas.
II. Autorização e inspecção de estruturas hidráulicas.
III. Outorga de direitos de uso e a imposição de taxas relacionadas.
O Ministério da Agricultura e Segurança Alimentar dirige, planifica e assegura a execução
das políticas nos domínios das terras, agricultura, pecuária, florestas, fauna bravia, hidráulica
agrícola e na área de coordenação do desenvolvimento rural.
O Ministério tem como uma das atribuições, no âmbito da hidráulica agrícola, a coordenação de
acções com vista a utilização racional das potencialidades hidroagrícolas, competindo-lhe criar e
desenvolver infra-estruturas básicas de apoio às actividades económicas no domínio agrário e
de desenvolvimento rural
A16
Anexo 12. Descrição cronológica dos principais eventos resultantes das
inundações ocorridas na bacia do Licungo durante as cheias de 2015.
Data: Observações:
Níveis regulares de água na bacia do Licungo,
por vezes aproximando-se e ultrapassando
ligeiramente o nível de alerta.
9-11 De Janeiro Na noite de 11 de Janeiro: evento de
precipitação extrema;
Na noite de 11 de Janeiro: colapso da
ponte de Nante-Moneia.
Continuação de chuvas intensas em toda a
bacia do Licungo.
O nível de água em Mocuba aumenta
em mais de 5m em menos de 4 horas
12 De Janeiro e atinge um máximo de mais de 12m;
Ponte em Mocuba desmorona,
ceifando vidas humanas;
Ponte em Malei galgada e, é
severamente danificada.
Continuação de chuvas em toda a
bacia do Licungo (mas menos
extremas);
13 De Janeiro
Alerta do nível de água para Mocuba e
em Nante o nível da água atinge o seu
máximo.
A chuva retorna ao normal;
Os níveis de água diminuem em
14-16 De Janeiro
Mocuba e mantêm seu alto nível em
Nante
Os níveis de água em Nante permanecem
altos e alarmantes, verificando-se os
seguintes cenários:
O sistema de dique do baixo Licungo
17 De Janeiro-10 De Fevereiro foi no galgado
O regadio foi na sua extensa área
inundado, cerca de 75%.
Destruição da ponte que liga Nante e
Moneia.
A17