Sunteți pe pagina 1din 67

CARTILHA DA MANIPUEIRA

USO DO COMPOSTO COMO INSUMO


AGRÍCOLA
JOSÉ JÚLIO DA PONTE
Livre-Docente de Fitopatologia
Professor-Emérito da Universidade Federal do Ceará
Presidente da Academia Cearense de Ciências
Medalha de Ouro do Mérito Fitopatológico
Medalha de Ouro do Mérito da Educação Agrícola Superior
Bolsista da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimen-
to Científico e Tecnológico (FUNCAP)
Membro da Academia de Ciências de New York

CARTILHA DA MANIPUEIRA
USO DO COMPOSTO COMO INSUMO
AGRÍCOLA

3a Edição

Banco do Nordeste do Brasil


Fortaleza
2006
Presidente:
Roberto Smith
Diretores:
Augusto Bezerra Cavalcanti Neto
Francisco de Assis Germano Arruda
João Emílio Gazzana
Luiz Ethewaldo de Albuquerque Guimarães
Victor Samuel Cavalcante da Ponte
Superintendência de Comunicação e Cultura
José Maurício de Lima da Silva
Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste – ETENE
Superintendente: José Sydrião de Alencar Júnior
Coordenadoria de Estudos Rurais e Agroindustriais – COERG
Maria Odete Alves
Editor: Jornalista Ademir Costa
Normalização Bibliográfica: Rodrigo Leite Rebouças
Diagramação: Franciana Pequeno
Cliente Consulta: 0800.783030
Tiragem: 2.000 exemplares

Depósito Legal junto à Biblioteca Nacional, conforme Lei 10.994 de 14/12/2004


Copyright © by Banco do Nordeste do Brasil

Ponte, José Júlio da.


P811c Cartilha da manipueira: uso do composto como insumo
agrícola/José Júlio da Ponte. – 3. ed. – Fortaleza: Banco do
Nordeste do Brasil, 2006.
66 p.
ISBN 85-87062-67-0
1. Agricultura. 2. Insumos agrícolas. 3. Manipueira. I. Título.
CDD 581.69

Impresso no Brasil/Printed in Brazil


TRIBUTOS DO AUTOR

de Gratidão:
Ao Doutor Francisco Ariosto Holanda, a quem a gente excluída
dos processos produtivos do novo Ceará deve, com a idealização
e implantação dos Centros Vocacionais Tecnológicos (CVTs), o
mais competente instrumento de resgate da cidadania; e a quem
devo, em particular, o estímulo para produzir esta Cartilha;

de Agradecimento:
Aos que, ungidos com a essência do mesmo ideal, fizeram-se
romeiros da mesma fé, dedicados colaboradores de minhas
tantas pesquisas sobre manipueira.
Às instituições que me deram apoio logístico – Universidade
Federal do Ceará (UFC), Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq) e Fundação Cearense de
Amparo à Pesquisa (FUNCAP), estas em importantes etapas
do “Projeto Manipueira”; aquela, minha oficina de trabalho,
o tempo todo;

de Reconhecimento:
À pesquisadora Maria Erbene Góes Menezes, dileta e infatigável
companheira das mais recentes (e ousadas) experiências com
manipueira – incluindo a formulação da manipueira em pó – e
grande incentivadora desta nova edição da Cartilha e, máxime,
de sua versão para o inglês, dando uma dimensão internacional
a este livro.
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO.................................................................................. 9
1 – INTRODUÇÃO............................................................................... 11
2 – MANIPUEIRA: UM “NÃO” AOS AGROTÓXICOS............... 15
3 – MANIPUEIRA COMO NEMATICIDA..................................... 19
3.1 – Recomendações Práticas e Posologia....................................... 22
3.2 – Informações Adicionais.............................................................. 23
4 – MANIPUEIRA COMO INSETICIDA E ACARICIDA............ 25
4.1 – Recomendações Práticas e Posologia....................................... 28
4.1.1 – Manipueira como formicida................................................... 29
5 – MANIPUEIRA COMO FUNGICIDA E BACTERICIDA......... 31
5.1 – Recomendações Práticas e Posologia....................................... 33
6 – MANIPUEIRA COMO HERBICIDA.......................................... 35
7 – MANIPUEIRA COMO ADUBO.................................................. 39
7.1 – Recomendações Práticas e Posologia....................................... 40
7.2 – Informações Adicionais.............................................................. 41
8 – OUTRAS SERVENTIAS................................................................ 43
9 – COMO TER MANIPUEIRA O ANO TODO............................. 45
10 – MANIPUEIRA EM PÓ................................................................. 47
REFERÊNCIAS...................................................................................... 49
ANEXOS ................................................................................................ 55
8
APRESENTAÇÃO

A Cartilha da Manipueira versa sobre o uso do composto


como insumo agrícola, sendo destinada aos que desejam conhecer
ou trabalhar com agricultura livre de agrotóxicos.
No decurso de dez anos (1976/85), cresceu em mais de 500%
o consumo de agrotóxicos no Brasil, enquanto, no mesmo período, a
rentabilidade da produção agrícola brasileira crescia em apenas 5%.
A discrepância entre estes dados atesta, em linhas gerais, o malogro
econômico de tão elevado investimento.
O emprego abusivo de agrotóxicos, que tem demonstrado ser
um empreendimento de elevado custo, até mesmo antieconômico
em muitos casos, constitui, em função da alta toxicidade da maioria
desses compostos, um permanente risco à ecologia e, sobretudo, à
saúde humana. Consciente desses graves inconvenientes, o Setor
de Fitopatologia da Universidade Federal do Ceará criou, há mais
de dez anos, uma linha de pesquisa direcionada para a descoberta
de defensivos agrícolas não-convencionais, a partir de extratos ou
derivados vegetais. Nesse particular, sobressaiu-se a manipueira
(nome indígena brasileiro designativo do extrato líquido das raízes
de cassava, Manihot esculenta Crantz), um subproduto da fabricação
da farinha de mandioca que, até então, era praticamente desprezado,
sem qualquer aproveitamento econômico. Este composto, uma vez
testado como nematicida e, posteriormente, como inseticida, revelou
extraordinária eficiência e notável economicidade, sem os riscos de
toxidez dos produtos comerciais.
Iniciada em 1979, esta linha de pesquisa, intitulada “Utilização
da Manipueira como Defensivo Agrícola”, já produziu doze trabalhos
científicos, dez dos quais relativos à primeira etapa do projeto
(utilização como nematicida), reunindo um acervo de resultados
positivos. Os dois outros trabalhos correspondem à segunda etapa
(utilização como inseticida) e relatam pesquisas recentes que atestam
a eficácia do composto no combate, também, a insetos fitoparasitos.

Na Cartilha da Manipueira, o prof. José Júlio relata, de forma

9
sumariada, todas as experiências científicas desenvolvidas por ele,
usando a manipueira como adubo foliar e defensivo agrícola em
suas mais variadas especificações. Apresenta a Manipueira como
Nematicida, Inseticida, Acaricida, Fungicida, Bactericida e Herbicida,
mostrando, inclusive, suas fases experimentais e as recomendações
práticas para uso e posologia.
Pela importância do conteúdo e linguajar utilizado, de fácil
entendimento mesmo por leigos no assunto, o documento tem
tido excelente circulação entre técnicos extensionistas, produtores
orgânicos e agricultores familiares, fato que justifica o investimento
do BNB em sua 3ª edição.

José Sydrião de Alencar Júnior


Superintendente do Escritório Técnico de Estudos
Econômicos do Nordeste - ETENE

10
1 – INTRODUÇÃO

A manipueira – vocábulo indígena incorporado à língua


portuguesa – é o líquido de aspecto leitoso e cor amarelo-clara que
escorre das raízes carnosas da mandioca (Manihot esculenta Crantz),
por ocasião da prensagem das mesmas para obtenção da fécula ou
farinha de mandioca. Portanto, é um subproduto ou resíduo da
industrialização da mandioca, que, fisicamente, se apresenta na forma
de suspensão aquosa e, quimicamente, como uma miscelânea de
compostos: goma (5 a 7%), glicose e outros açúcares, proteínas, células
descamadas, linamarina e derivados cianogênicos (ácido cianídrico,
cianetos e aldeídos), substâncias diversas e diferentes sais minerais,
muitos dos quais fontes de macro e micronutrientes para as plantas
(MAGALHÃES, 1993).
No Nordeste do Brasil, principal centro produtor de mandioca
do país, grande parte dessa produção destina-se à alimentação
humana, em consonância com o fato de ser a farinha de mandioca
um dos alimentos básicos de subsistência das populações regionais
de baixa renda, justo a maioria dos habitantes. O restante é destinado
à alimentação de animais domésticos, especialmente bovinos.
Na citada região, a fabricação da farinha de mandioca é
competência, na maioria dos casos, de pequenos produtores rurais
que, a este fim, utilizam processos rudimentares, cujos fundamentos
remontam à época colonial. Eis as etapas desse processo industrial
(ver ilustrações em ANEXOS):
a) as raízes de mandioca são, primeiramente, lavadas e
descascadas em operação manual;
b) as raízes descascadas são trituradas em caititu – moinho
movido manualmente ou por energia elétrica;
c) a massa pastosa obtida a partir dessa trituração é, em
seguida, fortemente prensada, utilizando-se, no geral,
prensa de madeira, acionada manualmente;
d) a massa que fica retida na prensa é, de imediato, esfarelada
em peneira de malha grossa, e

11
e) por fim, levada ao forno para secagem, após o que se tem
a farinha – um pó branco, granuloso, de variável finura e
sabor peculiar. (Convencionalmente, o forno é uma grande
estrutura circular, construída de tijolo e cimento, cuja
plataforma mede de 3 a 5 metros de diâmetro).
Durante a prensagem da massa pastosa – etapa relatada no item
“c” –, flui uma suspensão aquosa de tonalidade bege ou amarelada
e odor ativo, mas agradável – é a manipueira. Este subproduto jorra
com abundância, haja vista que o mesmo é contido na proporção
de 3:1; ou seja, 1 litro de manipueira para cada 3 kg de raízes de
mandioca prensadas. A par de abundante em todas as regiões de
cultivo e industrialização de mandioca, a manipueira é, no geral,
cedida graciosamente, pois ainda se trata de um resíduo descartável
em sua quase totalidade, com esporádicos e restritos aproveitamentos
em molhos de pimenta e de tucupi (este no Estado do Pará) e no
fabrico da tiquira, bebida alcoólica de consumo praticamente limitado
ao Estado do Maranhão. Mas esse desprestígio da manipueira tende
a desaparecer, a fazer parte do passado, quando se atentar para a
excelência dos seus préstimos como insumo agrícola, seja como
pesticida ou adubo, consoante os resultados de numerosas e pacientes
pesquisas conduzidas pelo autor e objetos de relato nesta cartilha.
Com efeito, a manipueira contém um glucosídeo cianogênico
– a linamarina –, de cuja hidrólise (por ação da linamarase) provém
a acetona-cianohidrina, da qual resultam, por ação enzimática
(a-hidroxinitrila-liase) ou por quebra espontânea, o ácido cianídrico
(bastante volátil) e os cianetos, além de aldeídos (Tabela 1). São
estes cianetos que respondem pelas ações inseticida, acaricida e
nematicida do composto, enquanto o enxofre, presente em larga
quantidade (cerca de 200 ppm), garante-lhe a destacada eficiência
como fungicida, sem embargo da presença, em menor escala, de
outras substâncias que exercem, também, ação antifúngica, tais como
cetonas, aldeídos, cianalaninas, lectinas e outras proteínas tóxicas,
inibidoras de amilases e proteinases, que atuam como ingredientes
ativos complementares. Ademais, o enxofre tem, também, ação
inseticida-acaricida. Na atualidade, a manipueira, quando investida
nas funções de pesticida, vem sendo empregada em sua forma
natural, tal como é recolhida da prensa, na casa-de-farinha. Não sofre

12
qualquer beneficiamento, quer físico ou químico, salvo eventuais
diluições em água, quando necessárias ou aconselháveis, a fim de
se obter maior rendimento ou para prevenir efeitos fitotóxicos em
plantas de compleição mais delicada. Isto não invalida, obviamente,
a possibilidade de a manipueira vir, em futuro próximo, a ser
industrializada para uso como pesticida. E, neste sentido, o primeiro
passo já foi dado pelo Autor deste livro, em parceria com Erbene
Góes, pesquisadora-assistente da Clínica de Planta “Dr. Júlio da
Ponte”, os quais formularam a manipueira em pó – ainda em fase de
reconhecimento de patente –, produto que oferece algumas vantagens
em relação à manipueira natural (líquida), conforme comentários
inseridos no capítulo 10.

Tabela 1 – Composição química da manipueira (média de 20 amostras


analisadas)
Componente Quantidade
(ppm)
Nitrogênio (N) 425,5
Fósforo (P) 259,5
Potássio (K) 1853,5
Cálcio (Ca) 227,5
Magnésio (Mg) 405,0
Enxofre (S) 195,0
Ferro (Fe) 15,3
Zinco (Zn) 4,2
Cobre (Cu) 11,5
Manganês (Mn) 3,7
Boro (B) 5,0
Cianeto livre (CN-) 42,5
Cianeto total (CN) 604,0*
Fonte: Ponte (1992).
Nota: *55,0 mg/litro, em média.

Por outro lado, considerando que a manipueira, em


sua complexa composição química, encerra todos os macro e
micronutrientes (salvo o molibdênio) necessários à nutrição das
plantas superiores, e que os possui em teores geralmente expressivos,
ela poderá ser utilizada, pura ou diluída, como fertilizante, seja em
adubação convencional (aplicação no solo), seja por via foliar, esta

13
com maiores proveitos, tanto pelo menor desperdício de manipueira
como pelo provimento de respostas mais rápidas por parte da planta,
pois a síntese deste processo nutricional passará a demandar menos
energia e tempo.

14
2 – MANIPUEIRA: UM “NÃO” AOS AGROTÓXICOS

Relatório da Organização das Nações Unidas para a Agricultura


e Alimentação (FAO) classifica o Brasil como o terceiro maior
consumidor de agrotóxicos do mundo e o primeiro, disparadamente,
da América Latina, com o emprego anual de 1,5 kg de ingrediente
ativo por hectare cultivado. Isto em média global, considerando
todo o universo agrícola nacional, pois, em determinados tipos de
lavoura, a aplicação é bem maior. Na horticultura, por excelência,
onde o consumo médio anual excede a 10 kg/ha; particularmente,
na cultura do tomate, o exagero é extremamente alarmante, eis que,
para cada safra, aplicam-se, em média, 40 kg/ha. Coincidentemente
ou não, em matéria de mortalidade por câncer, o Brasil é o terceiro
no ranking mundial e o primeiro no contexto latino-americano.
Mas o câncer não é a única doença grave causada por pesticida,
conquanto seja a mais aterrorizante. Na longa esteira de suas terríveis
conseqüências, incluem-se a cirrose hepática, o aborto ou deformações
fetais, a impotência e esterilidade sexuais, fibrose pulmonar (rigidez
dos tecidos dos pulmões), braquicardia (lentidão do ritmo cardíaco)
e distúrbios do sistema nervoso central, implicando em depressão,
loucura e/ou paralisias parciais. A extensa lista prossegue com
arritmia, arteriosclerose, pancreatite, tireoidite, hepatite, diabetes,
gastrite, úlcera, leucopenia, atrofia medular, atrofia testicular, acne,
alergia e variados tipos de distúrbios audiovisuais, implicando em
surdez parcial e, até mesmo, em cegueira.
A esses tormentos maiores, somam-se as intoxicações de
menor monta, induzindo irritações cutâneas, cefaléias, tonturas,
salivação e transpiração excessivas, além de outras indisposições
passageiras. A estas pequenas mazelas, geradas por intoxicações
instantâneas, estão mais sujeitos aqueles que lidam diretamente com
agrotóxicos no campo – os operadores ou “dedetizadores” –, ao passo
que os consumidores de agroprodutos envenenados, máxime os
vegetarianos, estão mais expostos aos efeitos cumulativos que geram
os grandes males enumerados acima. Não obstante, as intoxicações
instantâneas podem ser graves ou, até mesmo, letais, sobretudo
quando ocorre a soma de dois fatores: a alta toxicidade do veneno

15
e a falta de equipamentos básicos de proteção, recomendados para
o ato de aplicação.
Por mais paradoxal que possa parecer, esse exagerado
investimento em agrotóxicos, crescente a cada ano, não correspondeu,
em nosso país, a uma redução significativa das perdas agrícolas
devidas a pragas e doenças. Em muitos casos, os resultados foram,
até mesmo, contraproducentes, em função da intensidade dos
desequilíbrios biológicos causados pelo coquetel de pesticidas
utilizados, culminando com o extermínio dos inimigos naturais dos
agentes de pragas e fitomoléstias.
Em correspondência com a assertiva acima exposta, tal
investimento foi, em linhas gerais, economicamente frustrante. Com
efeito, no período de dez anos (1976/85), cresceu em 500% o consumo
de agrotóxicos no Brasil, enquanto, no mesmo período, registrava-se
um aumento de produtividade de apenas 5%, ganho que, além de
irrisório, não pode ser creditado, exclusivamente, aos pesticidas. A
enorme discrepância entre tais números sinaliza o malogro de tão
pesado investimento em agrotóxicos. Não obstante, por força de uma
campanha tenaz e massificante, indo da persistente propaganda na
mídia à corrupção de pesquisadores e técnicos, o faturamento das
multinacionais dos agroquímicos continua em alta. Assim, de 1993
a 1997, as vendas cresceram em 104%, passando de U$ 1,050 bilhão
para U$ 2,161 bilhões (GALLI, 1998, p. 3-8). Em oposto, os ganhos de
produtividade continuaram irrelevantes, enquanto relevantes foram
os impactos ambientais, a contaminação de alimentos e as intoxicações
causadas em agricultores e consumidores. Com efeito, no mesmo
período, os casos de intoxicações instantâneas – sem considerar,
portanto, as conseqüências a médio e longo prazos – cresceram em
65%. Mas, seguramente, no doce embalo dos polpudos faturamentos,
isto pouco importou aos fabricantes de pesticidas. Mesmo que seus
produtos sejam comprovadamente cancerígenos. À guisa de exemplo,
cite-se o captafol (produto comercial Orthodifolatan), o qual, durante
duas décadas, prevaleceu como o fungicida mais consumido no
país, até ser proscrito do mercado, quando da comprovação de tal
periculosidade. O mais preocupante é que o citado produto não
constitui um exemplo isolado, pois também são cancerígenos vários
derivados do carbofuram, ditiocarbamato e captan, sem esquecer a

16
forte suspeição que pesa sobre outros grupos químicos usados na
mesma indústria.
Os fatos e dados, ora relatados, são irrefutáveis. Não obstante,
o atual presidente da Associação Nacional de Defesa Vegetal,
fiel escudeiro desses fabricantes, declarou, cinicamente, que “o
crescimento das vendas de produtos fitossanitários vem resultando
em aumento da produtividade agrícola” (GALLI, 1998, p. 3-8). Seria
cômico, se não fosse trágico. Os pesticidas biológicos, exaltados pelo
citado presidente no mesmo pronunciamento, são ainda restritos
e têm faixa de atuação bastante limitada, posto que específicos
para determinadas pragas. A verdade é bem outra, porquanto os
agrotóxicos de última geração, em sua maioria, são mais caros e
mais tóxicos, acréscimos estes que resultam, respectivamente, em
aumento do custo da produção e em crescente ameaça para a saúde
humana e para a ecologia, dizimando fauna e flora, envenenando
lençóis freáticos e desertificando solos.
Consciente da gravidade do problema, o Autor do presente
trabalho instituiu, junto à Universidade Federal do Ceará, desde
1979, uma linha de pesquisa que objetiva a descoberta de defensivos
naturais, a partir de extratos e derivados vegetais. No decurso
desse programa, dezenas de compostos já foram testados, com
alguns resultados bem gratificantes. A infusão das raízes do tipi
(Petiveria alliacea L.) destacou-se como nematicida, no tratamento
de solos infestados de nematóides fitoparasitas (PONTE; FRANCO;
SILVEIRA-FILHO, 1996). Todavia, os melhores resultados foram
obtidos com a manipueira (extrato líquido ou sumo das raízes de
mandioca), um resíduo industrial abundante e gratuito em todas as
regiões onde se cultiva essa planta.
A manipueira foi, sucessivamente, testada como nematicida,
inseticida, fungicida e acaricida, mostrando excelentes resultados
para todas essas finalidades, a ponto de superar, nos ensaios
experimentais, os melhores pesticidas comerciais dos respectivos
gêneros. Mais recentemente, a partir do pleno conhecimento
da composição química da manipueira (rica em todos os macro
e micronutrientes requeridos pelas plantas, com exceção do
molibdênio), resolveu-se testá-la como adubo foliar (tese de mestrado
orientada pelo Autor), com respostas sumamente positivas. Assim,

17
nessa oportunidade, plantas de tomate, quiabo e gergelim, então
adubadas (via foliar) com manipueira, cresceram e produziram bem
mais do que aquelas adubadas com um fertilizante sintético dos mais
conceituados e que fora escolhido como testemunha ou referencial.
Os resultado dessas pesquisas envolvendo manipueira foram
e vêm sendo difundidos em periódicos científicos, revistas de
divulgação técnica e reportagens em jornal e televisão. Em função
disto, muitos agricultores já a usam regularmente, sobretudo como
inseticida, e o mesmo já se faz em muitos países do terceiro mundo,
consoante centenas de cartas que o autor tem recebido. A mais curiosa
delas procede de Bahia Blanca, Argentina, escrita pelo Secretário de
Saúde daquele município platino. A carta suplicava informações
mais detalhadas sobre o uso da manipueira como defensivo, a fim
de minimizar, ali, o consumo de agrotóxicos que, de tão exagerado,
vinha sobrecarregando a saúde pública com numerosos casos de
envenenamento, inclusive em berçários, vitimando criancinhas
que se alimentavam do leite materno contaminado por resíduos de
pesticidas.
Eis, portanto, o surgimento de um pesticida natural inócuo à
saúde humana e do mais baixo custo, pois se trata de um resíduo
industrial abundante em todas as regiões de cultivo de mandioca;
abundante e gratuito, pois ainda se trata de um produto descartável
em sua quase totalidade. A notoriedade dessas pesquisas vem
merecendo repercussão em diversos países, particularmente nos
países essencialmente agrícolas do terceiro mundo, para o que
muito contribuíram os trabalhos publicados pelo Autor em língua
estrangeira (PONTE, 1988, 1989, 1993).
Os tópicos que se seguem abordam, por ordem seqüencial
das pesquisas desenvolvidas pelo Autor, as diversas utilidades da
manipueira como insumo agrícola, enfocando os seus fundamentos
científicos e modo de uso.

18
3 – MANIPUEIRA COMO NEMATICIDA

O projeto “Investigação sobre o Aproveitamento da Manipueira


como Defensivo Agrícola”, idealizado e coordenado pelo Autor,
junto ao Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do
Ceará, Brasil, teve início em 1979, com a etapa “Uso da Manipueira
como Nematicida”.
Àquele ano, a manipueira foi originalmente testada como
nematicida (PONTE; TORRES, FRANCO, 1979), justamente no
tratamento de solos infestados de nematóides das galhas (Meloidogyne
spp.), vermes que se situam entre os mais tolerantes aos nematicidas
comerciais (PONTE, 1992).
Esclareça-se que a opção por tais nematóides, como objeto
das primeiras pesquisas, não se fez apenas em razão dessa aludida
tolerância, mas, sobretudo, em nome de sua destacada expressão
econômica, visto que se sobrelevam como integrantes do mais
importante gênero de nematóides fitoparasitas. Com efeito, embora
se reconheça a importância de outros grupos, tais como Heterodera,
Pratylenchus, Radopholus e Ditylenchus, os nematóides das galhas
prevalecem em patamar de maior destaque, com respaldo em três
argumentos: 1) larga dispersão geográfica; 2) elevado polifagismo, e
3) habitual gravidade de seu parasitismo. Relativamente ao primeiro
ponto, compete afirmar que esses nematóides, embora mais presentes
na faixa tropical do globo, porquanto mais afeitos a climas quentes,
acham-se difundidos pelas mais diversas regiões, mesmo naquelas
de clima frio, onde se notabilizam pelos prejuízos que impõem
às culturas de estufa (LORDELLO, 1968). Em relação ao segundo
item, basta afirmar que o número de hospedeiros de Meloidogyne,
entre plantas cultivadas e silvestres, é inigualável, excedendo a dois
milhares (PONTE, 1977; PONTE; HOLANDA; ARAGÃO, 1996). E,
no tocante ao terceiro argumento, pertinente às conseqüências de sua
patogenicidade, a literatura fitonematológica é pródiga em notificações
que se estendem às mais variadas culturas e que se difundem por
todos os recantos do planeta. A estes fortes argumentos, somam-
se, ainda, as eventuais intromissões de outros fitoparasitas que
interagem com a associação planta/nematóide das galhas, a exemplo

19
do conhecido sinergismo Fusarium + Meloidogyne (LORDELLO,
1968), que se há notabilizado por graves implicações econômicas a
determinadas culturas, máxime às do algodão (Gossypium spp.) e
tomate (Lycopersicon esculentum Mill.). Acrescentando-se, ademais,
as grandes dificuldades que, habitualmente, se opõem ao controle
desses vermes, ter-se-á, por fim, uma clara idéia da dimensão de
sua extraordinária importância econômica. Mui justificável, por
conseguinte, que as investigações sobre uma possível ação nematicida
da manipueira começassem pelos nematóides das galhas.
Logo na primeira investigação, Ponte; Torres e Franco (1979), a
manipueira já revelava uma enérgica potencialidade nematóxica. Este
teste preliminar envolveu o cultivo de plantas de quiabo (Hibiscus
esculentus L.) em solos envasados que haviam sido previamente
infestados com ovos e larvas de nematóides das galhas e, dez dias
depois, tratados com manipueira. Na ocasião, a partir de crescentes
dosagens de manipueira – 0, 500, 750 e 1000 ml por vaso, com 6 litros
de solo –, os autores obtiveram decrescentes percentagens de plantas
atacadas por Meloidogyne: 100, 60, 50 e 30%, respectivamente.
Dois anos depois, Ponte e Franco (1981) comprovaram essa
potencialidade nematóxica através de resultados ainda mais positivos
do que os obtidos no comentado experimento pioneiro. Com
efeito, para a dosagem de 1000 ml/vaso, a percentagem de plantas
atacadas, que fora de 30% no primeiro ensaio, caiu para 0% (Tabela
2). Segundo os citados autores, este melhor desempenho deveu-se
ao uso exclusivo de manipueira extraída a partir, exclusivamente, de
cultivares de mandioca brava e não de uma mistura de mandiocas
brava e mansa (macaxeira), como houvera acontecido no primeiro
experimento. Com efeito, a mandioca brava garante um teor bem
maior de cianetos, justo os ingredientes ativos da manipueira. Neste
segundo ensaio, o tomateiro cv. “Santa Cruz” foi admitido como
planta-teste, haja vista a sua condição de hospedeiro da mais alta
suscetibilidade ao parasitismo de nematóides do gênero Meloidogyne.
Já no ano seguinte, Sena e Ponte (1982), confirmando os
resultados obtidos em casa-de-vegetação, constataram um excelente
controle de meloidoginose em canteiros de cenoura (Daucus carota L.):
nos canteiros tratados com manipueira (1 litro/m2), a par da leve
infestação de nematóide das galhas constatada à época da colheita,

20
a produção de cenoura foi 100% superior à obtida nos canteiros
não tratados, onde a incidência da meloidoginose se fez severa e
generalizada.

Tabela 2 – Infestação de nematóides das galhas (meloidogyne spp.)


em raízes de tomateiros (lycopersicon esculentum mill.),
cultivados em vasos contendo solo previamente infesta-
do e, posteriormente, tratado com diferentes dosagens de
manipueira, extraída apenas de mandioca brava
Infestação
Dosagens (1)
Grau Médio(2) Classe
0 4,0 forte
500 1,3 muito fraca
1000 0,0 nula
1500 0,0 nula
Fonte: Ponte; Torres; Franco (1979).
Notas: (1) ml de manipueira por vaso, contendo 6 litros de solo infestado com cerca
de 10.000 espécimes de nematóides das galhas.
(2)
Média de 16 plantas por tratamento, distribuídas em quatro vasos.Notas
atribuídas conforme o seguinte critério: 0 - ausência de galhas; 1 - 1 a 3 galhas
por sistema radicular; 2 - 4 a 6 galhas; 3 - 7 a 12 galhas; 4 - 13 a 20 galhas;
5 - mais de vinte galhas, correspondendo, respectivamente, às infestações
nula, muito fraca, fraca, moderada, forte e muito forte.

No decurso desta primeira fase do projeto, a qual se estendeu


por 13 anos (1979 a 1992), o Autor e seus colaboradores desenvolveram
mais de dez trabalhos de pesquisa – resenhados em Ponte (1992) – a
cerca do aproveitamento da manipueira como nematicida. Na esteira
dessas pesquisas, não só provaram e comprovaram a grande utilidade
do composto para tal finalidade, calcado em um vigor nematóxico
que excede ao dos nematicidas comerciais, mas abordaram, também,
vários pontos correlatos (dosagem, tempo de estocagem, interferência
com bactérias fixadoras de N, efeitos residuais e influência na
fertilidade do solo), todos à guisa de subsídios para o uso prático da
manipueira em condições de campo.
Alguns dos aspectos então esclarecidos constituíram tema
de uma tese de mestrado (Franco, 1986) orientada pelo Autor.
Louve-se, no tocante a esses esclarecimentos complementares, a
determinação da dosagem mínima de manipueira para tratamento de

21
solos infestados, quer para um tratamento extensivo a toda a área de
cultivo (PONTE; FRANCO; PONTES, 1987; FRANCO; PONTE, 1988;
FRANCO et al., 1990), quer para uma aplicação restrita, direcionada
exclusivamente aos sulcos de plantio (PONTE et al., 1995). Importante,
também, foi a mensuração do tempo de estocagem do composto, à
temperatura ambiente (25-32°C), sem perda de sua ação nematicida;
esse tempo é de apenas três dias (PONTE; FRANCO, 1983b). A partir
do quarto dia, o processo de fermentação da manipueira vai abatendo
os teores de compostos cianogênicos (MELO, 1999) e, por conseguinte,
vai minando, gradativamente, a nematoxicidade. Releve-se, ademais,
a abordagem feita a cerca das implicações da manipueira sobre a
população rizobiana (Rhizobium spp.) do solo (PONTE; FRANCO,
1983a), fato que assume importância quando o solo a tratar destina-
se ao plantio de leguminosas. A propósito, os mencionados autores
concluíram que, mesmo induzindo uma redução populacional
dessas bactérias, em escala inversamente proporcional à quantidade
de manipueira aplicada, o tratamento, ainda assim, é vantajoso,
pois o aumento do grau de fertilidade do solo, proporcionado pelo
composto, compensa a perda numérica de rizóbios.

3.1 – Recomendações Práticas e Posologia


Com base nos resultados dessas pesquisas, eis, abaixo, a
dosagem e outras recomendações pertinentes ao emprego da
manipueira como nematicida, no tratamento de solos infestados.
a) Tratamento Total da Área de Cultivo
- Usar a manipueira em diluição aquosa, na proporção de
1:1;
- Com auxílio de um regador ou vasilhame similar, aplicar
de 4 a 6 litros dessa diluição por m2 de terreno;
- Deixar o solo tratado em repouso, durante, no mínimo,
oito dias, e
- Revolver o solo antes de voltar a cultivá-lo.
b) Tratamento Restrito às Linhas de Cultivo
- Usar a manipueira em diluição aquosa, na proporção de
1:1;
- Aplicar, no mínimo, 2 litros dessa diluição por metro de
22
sulco;
- Observar um período de repouso semelhante ao prescrito
para a modalidade de tratamento anterior, e
- Revolver o solo, operação que, no caso, restringir-se-á à
terra inerente e adjacente à linha de cultivo.

3.2 – Informações Adicionais


A manipueira pode ser estocada, à temperatura ambiente,
por um período de três dias, sem prejuízo de sua potencialidade
nematicida ou pesticida em geral (PONTE; FRANCO, 1983b).
Todavia, em refrigerador (8 a 10°C), o período de estocagem pode
estender-se por 60 ou mais dias, sem que haja fermentação do
composto e, por conseqüência, sem perda dessa potencialidade
(MAGALHÃES, 1993).
O revolvimento do solo, decorridos oito dias da data de
aplicação, é importante no sentido de prevenir efeitos residuais
fitotóxicos, conforme Franco (1986).
A diluição em água, na proporção indicada (1:1), é recomendável,
a fim de tornar o composto menos viscoso e, assim, prover uma maior
penetração da manipueira no solo, ampliando-se, destarte, o seu raio
de difusão no substrato. O tratamento com manipueira pura tem,
na prática, um rendimento inferior, pois a densidade do composto,
consoante comprovação experimental (PONTE, 1992), impede uma
maior dispersão, restringindo-lhe, por conseguinte, a abrangência
da ação nematicida.

23
24
4 – MANIPUEIRA COMO INSETICIDA E ACARICIDA

Esta segunda etapa do projeto teve início em 1988, mediante


um teste preliminar conduzido por Ponte, Franco e Santos (1988) e
envolvendo cochonilhas de carapaça-marrom (Coccus hesperidum L.).
Na oportunidade, uma única pulverização com manipueira pura (não
diluída em água), sobre copas de limoeiro-galego (Citrus aurantifolia
Swingle) praguejadas por tais cochonilhas, foi suficiente para eliminar
toda a população desses coccídeos ali presente.
Seguiram-se vários outros testes, todos igualmente bem
sucedidos, envolvendo, inclusive, insetos-pragas de maior porte, a
exemplo da lagarta-peluda (Agraulis spp.) das passifloráceas, a par
de outras pragas que se notabilizaram por marcante tolerância aos
inseticidas tópicos em geral.
Em trabalhos recentes, um deles publicado em Cuba, Ponte
e Santos (1997; 1998) controlaram duas importantes pragas da
citricultura, ambas bastante assíduas em todo o país: o pulgão-negro
(Toxoptera citricidus Kirk) e a cochonilha “escama-farinha” (Pinnaspis
aspidistrae Sign.), usando manipueira pura e manipueira diluída
em igual volume de água (1:1). Mesmo nesta diluição, o composto
revelou-se tão eficaz quanto o inseticida à base de parathion-metílico
que fora usado, nos ensaios, como referencial de controle químico, e
muito mais econômico do que este, sobre ser uma opção isenta das
agressões que os agrotóxicos costumeiramente cometem à ecologia e à
saúde humana. À mesma época, uma cultura de tomate, severamente
atacada pela traça Scrobipalpula absoluta (Meirink), foi recuperada
mediante três pulverizações, a intervalos semanais, com manipueira
em diluição aquosa ainda menos concentrada, na proporção de
uma parte do composto para quatro partes de água, atendendo à
sensibilidade do tomateiro à manipueira. Os resultados deste teste
foram relatados por Ponte e Miranda (1997).
Com a difusão dos resultados dessas tantas pesquisas, o uso da
manipueira como inseticida vem se tornando prática rotineira em vários
recantos do território brasileiro, bem assim em determinados países
do terceiro mundo, a exemplo de Madagascar, África, onde, segundo
Razafindrakoto (1997), a manipueira é assiduamente empregada no

25
controle de cochonilhas, sobretudo em culturas de subsistência. A
propósito, ensaios desenvolvidos, simultaneamente, em Madagascar e
no Brasil (RAZAFINDRAKOTO, 1999), demonstraram a excelência da
manipueira no tratamento de estacas (manivas) de mandioca densamente
atacadas por duas espécies de cochonilhas. Com efeito, a imersão desses
propágulos vegetativos em manipueira pura, durante 1 h, foi tão eficiente
quanto à termoterapia (imersão em água quente, 47°C/30 min), seguida
de quimioterapia (imersão em solução de benomyl a 20%/30 min), além
de ser um ato operacional bem mais simples, menos dispendioso e sem
qualquer afetação ao poder germinativo das estacas. Os resultados então
obtidos podem ser extrapolados, em nível de recomendação de prévio
tratamento, para outros propágulos vegetativos usuais: tubérculos,
bulbos, rizomas etc.
Duas outras comprovações da extraordinária eficácia da
manipueira como inseticida ocorreram já neste século, quando
Ponte (2001) a testou no controle de Stenodiplosis sp. – agente
de cecídias em folhas de cajueiro (Anacardium occidentale L.) – e,
principalmente, quando Ponte (2002) a avaliou contra a cochonilha
“piolho-branco” (Orthezia insignis Browe), praga que se destaca por
sua elevada agressividade (assíduo fator limitante da longevidade e
produtividade da cultura da acerola, Malpighia glabra L.) e, também,
por sua notável resistência aos inseticidas sintéticos, só sendo
controlada por compostos sistêmicos da maior toxicidade, daqueles
que exigem seis meses de carência. No caso do inseto das cecídias, a
manipueira, nas concentrações 1:0 e 1:1 (pura e em diluição aquosa
a 50%) e em quatro pulverizações a intervalos semanais, determinou
95 e 86% de mortandade, respectivamente (Tabela 3); no caso da
Orthezia, as mesmas concentrações induziram, após igual número de
aplicações, 100 e 95% de mortandade, resultado da maior relevância,
dadas as razões acima expostas. Em ambos os experimentos,
acrescentou-se 1% de farinha de trigo à manipueira para efeito de
melhor aderência.
Independentemente de recomendações calcadas em novos
testes e ensaios científicos, os agricultores já identificados com o
uso da manipueira a vêm usando no controle de uma extensa gama
de insetos-pragas. De outra parte, a Clínica de Planta “Dr. Júlio da
Ponte”, em sua dinâmica operacional, há recomendado o mesmo

26
composto no controle alternativo de pragas, sem o antecipado apoio
de resultados experimentais, mas sempre com ótimas referências de
seus clientes.

Tabela 3 – Comportamento de agentes causais de algumas doenças e


pragas do cajueiro ao tratamento com manipueira pura ou
em diluição aquosa 1:1.
Folhas Índice de
Doença/Praga Tratamento
Sadias Atacadas Controle
Antracnose Manipueira 1:0 117 1 99,16%
Manipueira 1:1 302 0 100%
Oídio Manipueira 1:0 44 0 100%
Manipueira 1:1 111 0 100%
Cecídia Manipueira 1:0 41 2 95,35%
Manipueira 1:1 94 15 86,24%
Ácaro-amarelo Manipueira 1:0 59 1 98,34%
Manipueira 1:1 118 2 98,34%
Fonte: Ponte (2001).

Era presumível a eficácia da manipueira como inseticida-


acaricida, não apenas pelos cianetos (principais ingredientes ativos)
presentes em sua composição, mas, também, em razão da presença
de elevados teores de enxofre, elemento tradicionalmente identificado
na luta contra insetos e ácaros.
No tocante, particularmente, ao controle de ácaros fitoparasitas,
a manipueira já vinha sendo usada, com muito sucesso, para tal
finalidade, antes mesmo da comprovação científica, fato só ocorrido
bem mais tarde, em experimento de campo envolvendo um plantio
de mamoeiro (Carica papaya L.) severamente infestado pelo ácaro-
branco (Polyphagotarsonemus latus Banks). Na oportunidade, o ataque
foi totalmente debelado mediante três aplicações de manipueira, em
diluição aquosa da ordem de 1:3, ministradas a intervalos semanais
(Ponte, 1996b).
Já neste século, ao ensejo da execução do projeto “Investigação
sobre o Uso da Manipueira no Controle da Antracnose do Cajueiro”,
estudo desenvolvido, sob encomenda, pela Clínica de Planta “Dr.
Júlio da Ponte” (em Fortaleza, Estado do Ceará), Ponte (2001), além
de testar a eficiência da manipueira em relação à citada doença,
27
estendeu suas observações de controle a algumas outras importantes
fitomoléstias e pragas que atacam a cultura do caju no Nordeste,
incluindo o ácaro-amarelo (Tenuipalpus anarcadii De Leon, 1965). E,
conforme os resultados exibidos na Tabela 3, a manipueira impôs
à população do referido ácaro uma taxa de mortandade superior a
98%, seja na concentração de 1:0 ou de 1:1. A mesma tabela expõe os
índices de controle pertinentes às demais pragas e doenças avaliadas,
sendo todos bem expressivos, variando de 86 a 100%. A eficiência
da manipueira como acaricida ficou demonstrada, também, na área
da pecuária, conforme experimento conduzido por Ponte (2000) e
direcionado ao controle do carrapato Boophilus microplus Canestrini,
1887, persistente praga do gado bovino e de outros rebanhos
domésticos. O ensaio envolveu vacas severamente infestadas
de carrapatos, as quais receberam três aplicações do composto a
intervalos semanais. Acrescentou-se óleo de rícino à manipueira
(1:1), como veículo aderente e repelente à lambida da vaca e, assim,
evitar eventuais reações tóxicas. A manipueira revelou-se tão eficiente
quanto o carrapaticida comercial (cresolfenol) usado como referencial
de controle. Ambos induziram 100% de mortandade aos carrapatos,
só que a manipueira o fez a um custo baixíssimo.
Por oportuno, ressalta-se que, em quase todos esses testes
e experimentos direcionados ao aproveitamento da manipueira
como inseticida ou acaricida, optou-se pela adição de um adesivo
ao composto, preferentemente a farinha de trigo, na proporção
de 1%, a fim de prover-lhe maior aderência. Mas, no ensaio como
carrapaticida, usou-se óleo de rícino.

4.1 – Recomendações Práticas e Posologia


À luz dos resultados obtidos ao longo desta segunda etapa
do projeto – “Uso da Manipueira como Inseticida e Acaricida” –,
eis as recomendações para o uso da manipueira, com vistas a tais
finalidades:
- O tratamento deve constar, no mínimo, de três ou quatro
pulverizações, ministradas a intervalos semanais;
- Acrescentar à manipueira, pura ou diluída, o correspondente
a 1% de farinha de trigo, a fim de garantir-lhe uma melhor

28
aderência;
- Usar manipueira pura ou, por outra, diluída em água, de
conformidade com a praga e, sobretudo, com a cultura a ser
tratada. Assim, no tratamento de árvores (citros, abacateiro,
jambeiro etc), usar manipueira pura ou em diluição 1:1;
para arbustos (murici, maracujá etc.), deve prevalecer a
diluição 1:1 ou, até mesmo, 1:2, esta para controlar ácaros
ou insetos mais sensíveis, tais como traças e pulgões; para
plantas herbáceas de maior porte (pimentão, berinjela etc),
recomendam-se as diluições 1:2 e 1:3 e, para aquelas de menor
porte, mais delicadas, usar a diluição 1:4. Todavia, para os dois
últimos casos, ou seja, para as herbáceas em geral, é sempre
conveniente fazer, antes do tratamento definitivo, um teste
preliminar, envolvendo um pequeno lote de plantas, a fim de
ajustar a diluição à sensibilidade da planta a ser tratada e da
praga a ser controlada, e
- Para o caso específico de tratamento de propágulos
vegetativos (estacas, rizomas etc.) praguejados, imergi-
los em manipueira pura durante 1h, sendo dispensável
o acréscimo de farinha de trigo. A fim de usá-la como
carrapaticida, acrescentar 20 a 50% de óleo de rícino, dadas
as razões expostas anteriormente.

4.1.1 – Manipueira como formicida


Já em 2005, testou-se a manipueira no combate às saúvas (Atta
sp.), atendendo a repetidos pedidos de agricultores. Realizaram-se
dois ensaios, conduzidos simultaneamente (junho-julho/05), nos
municípios de Acopiara e Russas, Estado do Ceará, ambos encravados
no Semi-árido nordestino.
Na ocasião, aplicou-se cerca de 1 litro de manipueira pura (não
diluída) em cada “olho” dos formigueiros. Nos dois ensaios, um
único resultado: a desativação dos sauveiros.

29
30
5 – MANIPUEIRA COMO FUNGICIDA E BACTERICIDA

Esta terceira fase do projeto teve início em 1993, a partir de um


trabalho de tese (mestrado) desenvolvido pela Professora. Adélia
Benedito Coelho dos Santos, da Faculdade de Ciências Agrárias
do Pará (FCAP), Belém, Estado do Pará, sob orientação do autor
deste livro. Na oportunidade, Santos (1993); Santos e Ponte (1993)
estudaram a ação fungicida da manipueira no controle do Oídio
do urucu (Bixa orellana L.), doença causada pelo fungo Oidium bixae
Viégas, um ectoparasita de marcante patogenicidade, haja vista ser
a enfermidade por ele ocasionada a mais importante dentre as que
afetam a citada planta em todo o Nordeste (PONTE, 1996a).
O experimento pertinente ao estudo em referência foi
conduzido em condições de casa-de-vegetação e reuniu quatro
tratamentos: testemunha (plantas não tratadas), manipueira pura
(100%), manipueira em diluição aquosa (50%) e um fungicida à base
de pyrazophos que, por ser específico contra os fungos do gênero
Oidium, foi incluído como referencial de controle químico. Ao final
do experimento, constatou-se que a manipueira foi tão eficiente
quanto o fungicida sintético, então usado como parâmetro de
controle. Os autores admitiram que a ação oidicida da manipueira
é devida ao elevado teor de enxofre (cerca de 200 ppm) presente em
sua composição, a exemplo do que ocorre com o pyrazophos e com
a maioria dos fungicidas recomendados para o controle curativo ou
preventivo de oídios, cujo ingrediente ativo é o enxofre. É evidente,
com fundamento em tais resultados, que a manipueira poderá muito
bem substituí-los, com a vantagem adicional da economicidade
devida à sua condição de subproduto quase sempre descartável,
sem esquecer, também, a inocuidade com relação à saúde humana
e a ausência de riscos ao ambiente.
Na tese em questão, a par do controle do Oídio, observou-
se que o tratamento com manipueira proporcionou, de um modo
estatisticamente significativo, um maior crescimento das plantas de
urucu, fato que deve ser atribuído menos ao controle da doença e
mais à adubação foliar proveniente dos macro e micronutrientes que
integram a sua composição, incluindo o enxofre, o qual tem efetiva

31
participação na síntese e constituição de aminoácidos essenciais, tais
como cisteína, cistina e metionina. Vale recordar que a deficiência
de S nos vegetais superiores assemelha-se, em suas conseqüências,
à carência de N, uma vez que impede, igualmente, a formação de
proteínas.
Dois outros oídios – Oidium anacardii Noack e Oidium sp.,
fungos patogênicos ao cajueiro a à ciriguela (Spondias purpurea L.),
respectivamente – foram rigorosamente controlados pela manipueira
pura ou em diluição aquosa (1:1), conforme notificaram, pela ordem,
Ponte (2001) e o fitopatologista Francisco das Chagas de Oliveira
Freire, este em programa rural de TV. No primeiro caso, o Oídio do
cajueiro foi objeto de um controle curativo absoluto (100%), conforme
dados expostos na Tabela 3. Acresça-se que este estudo fez parte
de um projeto (citado anteriormente) envolvendo a manipueira no
controle de doenças e pragas do cajueiro e desenvolvido na Clínica
de Planta “Dr. Júlio da Ponte”.
Independentemente de outros testes de avaliação da
manipueira como oidicida, é claro que os resultados desses
experimentos pioneiros podem ser extrapolados e prescritos para os
oídios de um modo geral, os quais constituem um importante grupo
de fitomoléstias para muitas culturas, a exemplo das anacardiáceas,
rosáceas e curcubitáceas, além do citado urucu. E tal prescrição
equivaleria a um tratamento tão eficaz quão econômico, haja vista as
razões acima enumeradas, máxime a supressão de riscos ao ambiente
e à saúde humana, tão próprios dos agrotóxicos em geral.
Duas outras bem sucedidas avaliações da manipueira como
fungicida ocorreram em datas recentes, sendo relatadas por Ponte e
Góes (2000) e Ponte (2001), envolvendo, respectivamente, fungos de
“ferrugem”e “antracnose”: Uredo crotonis (P. Henn.) e Glomerella
cingulata (Ston.) Spauld. & Schrenk., sobre plantações de cróton-de-
jardim (Croton variegatus L.) e cajueiro (Anacardium occidentate L.).
No primeiro caso, a manipueira foi usada em diluição aquosa 1:1,
com 1% de farinha de trigo à guisa de adesivo. Uma única aplicação
do composto foi suficiente para prevenir, durante três semanas, o
surgimento de novas pústulas de ferrugem. No segundo caso, a
manipueira, sem ou com adição de água (1:1), também acrescida
de farinha de trigo (1%), mediante seis aplicações a intervalos

32
semanais, suprimiu praticamente o aparecimento de novas lesões
foliares (mancha ou crestamento) de Antracnose nas plantas de caju
submetidas ao tratamento. Os resultados desta segunda pesquisa
estão sumariados na Tabela 3 e foram obtidos com o projeto
“Investigação sobre o Uso da Manipueira no Controle da Antracnose
do Cajueiro”, elaborado e executado pela Clínica de Planta “Dr. Júlio
da Ponte”.
Mas a avaliação fungicida continua em aberto, ainda longe de
ser concluída. Com efeito, a manipueira ainda deverá ser testada
no controle de diversas outras doenças, de muitos outros grupos
de fungos fitopatogênicos, tais como os agentes de cercosporioses,
cancros, carvões, míldios, fusarioses e podridões de frutos, para
citar alguns dos mais assíduos em culturas tropicais (PONTE, 1980;
1996c). Tais testes estariam cercados de expectativas otimistas, haja
vista que, além do enxofre e cianetos, a manipueira contém outras
substâncias antifúngicas (MAGALHÃES, 1993), com destaque para
cetonas, aldeídos, tioninas, fitoalexinas, quitinases, lectinas e outras
proteínas de baixo peso molecular. Eis, portanto, um sugestivo
filão que se oferece aos pesquisadores igualmente interessados em
minimizar o uso de agrotóxicos.
Até hoje, a única experiência de controle de fitobacteriose com
manipueira é a que se fez envolvendo a Galha de Coroa do urucu,
doença causada por Agrobacterium tumefaciens (E.F.Sm. & Towsend)
Conn., a qual foi preventivamente controlada com aplicações
semanais desse composto, na diluição de 1:1 (PONTE; HOLANDA,
1995). Todavia, neste caso, a ação de controle foi mais de natureza
inseticida, pois exercida sobre o percevejo-grande (Leptoglossus
gonagra Fabr.) que, nas circunstâncias experimentais, atuava como
ativo agente disseminador da bactéria. Não obstante, os testes
laboratoriais, envolvendo a mesma bactéria, demonstraram um
enérgico poder bactericida da manipueira, fato a ser reiterado em
experimentos vindouros.

5.1 – Recomendações Práticas e Posologia


Para o uso da manipueira como fungicida e bactericida devem
ser observadas as mesmas recomendações prescritas para o seu uso
como inseticida.
Assim, o tratamento deve estender-se por, no mínimo, três ou
33
quatro semanas, com uma pulverização a cada sete dias. Prevalece,
também, a recomendação no sentido de acrescentar-se 1% de farinha
de trigo ao composto, a fim de dar-lhe mais aderência, uma condição
particularmente importante no trato de doenças, haja vista a prevalên-
cia do controle preventivo sobre o curativo. E, no tocante à dosagem,
as prescrições pertinentes são, também, as mesmas. Desta forma, a
opção pelo uso da manipueira pura ou diluída (diluições aquosas de
1:1, 1:2, 1:3 e 1:4) fica na dependência, sobretudo, do porte e tolerância
da planta, reiterando-se a conveniência, no caso de tratamento de
plantas delicadas, de proceder-se a um prévio teste de sensibilidade.

34
6 – MANIPUEIRA COMO HERBICIDA

Quem visita uma casa-de-farinha observa a total ausência de


vegetação rasteira, de plantas ruderais ou invasoras, na faixa de
terreno que ladeia a vala externa por onde escorre a manipueira.
Este fato, amplamente conhecido por quantos lidam com farinha-
da, é um atestado eloqüente da ação herbicida desse composto,
independentemente de comprovação científica. Tal comprovação
seria prefaciada pelo trabalho de Fioretto (1994), especulando sobre
o efeito da manipueira sobre diversas plantas daninhas, quando a
usou em fertirrigação.
Tais informações eram alvissareiras, mas não suficientes para
fins de uso prático. Com efeito, o aproveitamento da manipueira
como herbicida estava a exigir mais pesquisas, um aprofundamento
do estudo no propósito de dimensionar a sua exata potencialidade em
tal especialidade, de esclarecer o espectro de sua ação sobre plantas
de folhas largas e estreitas, de aferir possíveis efeitos residuais etc.
Enfim, o esclarecimento de muitos pontos que pudessem subsidiar e
disciplinar o seu emprego em substituição aos herbicidas comerciais.
E valeria a pena explorar esse veio de investigação científica,
não apenas pelo apelo da economicidade, mas, sobretudo, no zelo
da preservação do meio ambiente, haja vista os graves e constantes
impactos ambientais devidos aos herbicidas convencionais, cuja toxi-
cidade é, em regra, bem superior à dos demais grupos de agrotóxicos.
Enfim, em 2001, fez-se a primeira avaliação, dentro do devido
rigor científico, da manipueira como herbicida. Eis que a Companhia
Energética do Ceará (COELCE), por determinação dos órgãos oficiais
de saúde pública e preservação ambiental, viu-se impedida de pros-
seguir com o uso de herbicidas sintéticos nas áreas físicas de suas
subestações elétricas, sob a alegativa, absolutamente procedente, de
que tais compostos iriam envenenar os lençóis freáticos subjacentes,
pondo em risco a saúde da população circunvizinha, a par de outros
graves impactos ambientais. Diante disto, a citada empresa passou a
buscar um substitutivo para os herbicidas comerciais, já que deveria
ter continuidade a eliminação de plantas invasoras em suas unida-
des, pois este mato abriga passarinhos, répteis, lacertílios, insetos e
outros pequenos animais que, com certa freqüência, danificam as
instalações elétricas por provocarem curto-circuitos. Assim, a Coel-

35
ce encomendou à Clínica de Planta “Dr. Júlio da Ponte” um estudo
sobre a viabilidade do uso da manipueira como herbicida. Então, a
Clínica elaborou o projeto “Investigação sobre a Utilização da Mani-
pueira como Herbicida nas Subestações da Coelce”. Consoante este
projeto, a manipueira pura (sem diluição em água) foi, com auxílio
de regadores, aplicada, por três vezes, na área experimental (qua-
drilátero de terreno onde estão fincadas as torres do instrumental
elétrico da empresa), a intervalos de 24 horas e na proporção de 5
litros por m2 de solo. Ali, estavam presentes 17 diferentes espécies de
plantas invasoras. Conforme Ponte e Góes (2002b) que conduziram
os trabalhos, 12 dentre as 17 espécies de ervas (70,58%) comporta-
ram-se como suscetíveis, logo fenecendo ao impacto do tratamento;
três outras espécies (17,64%) posicionaram-se como moderadamente
suscetíveis, apresentando graves sintomas de atrofia e crestamento
foliar, embora sobrevivessem (mas, segundo os autores, as chances
de sobrevivência seriam mínimas, caso o tratamento prosseguisse
com mais uma ou duas aplicações do composto); por fim, apenas
duas espécies (11,76%) – no caso, o ciúme ou flor-de-seda (Calotropis
procera R. Br.) e a salsa (Ipomoea asarifolia Roem. & Schult.) – compor-
taram-se como resistentes, mostrando-se infensas ao tratamento. Tais
resultados, expostos no Quadro 1, revelam uma outra qualificação
da manipueira no âmbito de sua utilização como defensivo agrícola:
uma apreciável ação herbicida. Aliás, como defensivo, a manipueira
sobreleva-se em relação a qualquer outro composto, por sua abran-
gência, pela amplitude de seu leque de opções, atuando como inse-
ticida, acaricida, fungicida, nematicida e, também, como herbicida.

36
Planta Comportamento
Nome Científico Nome Vulgar
Alternanthera tenella Moq. Quebra-pedra
Aster chinensis L. Raínha Margarida
Boerhaavia coccinea Mill. Pega-pinto
Cenchrus echinatus L. Carrapicho-de-boi
Chamaesyce hyssopifolia
(L.) Small Erva-de-leite Suscetíveis
Chloris gayana Kunth Capim Rhodes
Croton sp. Marmeleiro
Cyperus rotundus L. Capim-junco
Evolvulus argenteus Pursch Dinheiro-em-penca
Malva silvestris L. Malva
Priva echinata Juss. Verbena-encarnada
Schrankia leptocarpa DC. Malícia-roxa

Eragrostis ciliaris Link. Capim-fino ou grama-fina Moderada-
Solanum paniculatum L. Jurubeba mente
resistentes
Turnera subulata Sm. Chanana

Calotropis procera R. Br. Ciúme ou flor-de-seda
Ipomoea asarifolia Roem. Resistentes
& Schult. Salsa

Quadro 1 – Plantas invasoras presentes na área experimental (Subes-


tação Elétrica da Companhia Energética do Ceará – Coel-
ce) e seu comportamento em relação ao tratamento com
manipueira (extrato líquido das raízes de mandioca)
Fonte: Ponte e Góes (2002).

37
38
7 – MANIPUEIRA COMO ADUBO

Este capítulo aborda um outro programa de pesquisa. Em verdade,


paralelamente ao projeto “Investigação sobre o Aproveitamento da
Manipueira como Defensivo Agrícola”, o Autor, a partir dos anos
oitenta, criava um novo e original projeto, intitulado “Investigação
sobre o Aproveitamento da Manipueira como Fertilizante”, estimulado
pelos bons resultados obtidos com este composto para a mencionada
finalidade, logo ao ensejo do primeiro teste, quando Franco e Ponte
(1988) observaram que plantas de milho (Zea mays L.), cultivadas em
solo adubado com manipueira, apresentavam, em confronto com
o milho semeado em solo não tratado (testemunha), crescimento,
peso verde e produção significativamente superiores: 20, 100 e 65%
a mais, respectivamente.
Mais tarde, desde quando se passou a conhecer, com exatidão,
a composição química da manipueira – potencialmente rica em
macronutrientes (K, N, Mg, P, Ca e S, pela ordem quantitativa) e
com suficientes teores de todos os micronutrientes requeridos pelas
plantas, salvo o molibdênio –, o Autor iria priorizar as pesquisas sobre
a utilização deste subproduto como fertilizante foliar, por ser uma
modalidade de adubação mais apropriada a um substrato líquido,
sem subestimar, naturalmente, as vantagens inerentes a esta forma
de suprimento de adubo, tais como menor desperdício do composto
e, em relação à planta tratada, economia de tempo e energia, visto
que o nutriente é entregue “na porta da fábrica”, isto é, diretamente
sobre a folha, local-sede da fotossíntese.
No tocante a esta linha de pesquisa, o teste preliminar, Ponte
et al. (1997), logo mostrou a procedência da hipótese, através da
revelação de resultados bastante sugestivos, uma vez que plantas de
gergelim (Sesamum orientale L.) adubadas foliarmente com manipueira,
em diluição aquosa 1:6, mediante seis pulverizações a intervalos
semanais, responderam com uma produção estatisticamente superior
à das plantas-testemunhas, fosse em número ou peso totais de frutos,
com 67,3 e 52,1% a mais, respectivamente.
Estimulado pelo sucesso desse teste inicial, o autor elegeria o
mesmo tema para a dissertação de mestrado (ARAGÃO, 1995) que,

39
pouco depois, iria orientar e para a qual projetou, naturalmente, um
experimento de maior amplitude, envolvendo duas culturas (tomate
e quiabo) e quatro diluições de manipueira (1:4, 1:6, 1:8 e 1:10),
também aplicadas seis vezes, a intervalos semanais. Este trabalho
viria comprovar a eficiência da manipueira como fertilizante foliar,
pois as plantas com ela tratadas, indiferentemente à diluição testada,
apresentaram produção significativamente superior àquela obtida
com a aplicação de um fertilizante sintético de grande aceitação
comercial e que fora escolhido como referencial de nutrição via foliar
(ARAGÃO; PONTE, 1995).
Na esteira do mesmo filão, seguiu-se o trabalho de Ponte et al.
(1998), envolvendo cultivo de sorgo forrageiro (Sorghum bicolor (L.)
Moench.), sob condições de solo paupérrimo (com baixos teores de
N, P e K). As plantas de sorgo forrageiro foram adubadas, via foliar,
com manipueira (diluição 1:6), acrescida ou não de um coadjuvante
adesivo, no caso a farinha de trigo. Em ambas as situações, isto é,
com ou sem este adesivo, a adubação com manipueira, praticada
seis vezes, a intervalos semanais, induziu uma produção de massa
verde estatisticamente superior à da testemunha, com aumentos da
ordem de duas e três vezes mais, respectivamente. Aliás, a inclusão
da farinha de trigo não melhorou o rendimento da manipueira
como adubo foliar; pelo contrário, restringiu-lhe a eficiência, com
retorno em ganho de peso verde estatisticamente inferior ao que se
obteve sem esse adesivo. Provavelmente, o aumento da densidade
do composto, pela incorporação da farinha, dificultou, em parte, a
sua absorção pelas folhas.
A mais nova experiência da manipueira como fertilizante
foliar fez-se em data recente, já envolvendo um significativo avanço
tecnológico em torno deste composto – sua formulação em pó. Os
resultados (excelentes) então obtidos e as características do novo
formato do produto serão comentados mais adiante, no capítulo 10,
totalmente reservado à manipueira em pó.

7.1 – Recomendações Práticas e Posologia


À luz dos resultados ora relatados, conclui-se que a manipueira,

40
para efeito de adubação, pode ser usada por vias foliar e edáfica, o que
implica em recomendações distintas para tais modalidades de uso.
a) Fertilização do solo
- Usar a manipueira na diluição 1:1;
- Aplicá-la ao solo, justo na linha de cultivo, com o auxílio
de um regador ou vasilhame similar, na razão de 2 a 4
litros da diluição por metro de sulco;
- A aplicação deve preceder ao plantio – adubação de
fundação –, e o solo, após o tratamento, deve ficar em
repouso por 8 ou mais dias, e
- Revolver levemente o solo que compõe e margeia a linha
de cultivo, antes de proceder à semeadura.
b) Fertilização foliar
- As diluições mais apropriadas são 1:6 e 1:8, a menos que
haja, simultaneamente, necessidade de controle de pragas
ou doenças, optando-se, em tais casos, por diluições mais
concentradas, de acordo com as recomendações apostas
nos capítulos correspondentes a tais controles;
- Fazer o mínimo de seis e o máximo de dez pulverizações,
preferentemente a intervalos semanais, e
- Quando do uso da manipueira com a finalidade exclusiva
de fertilização foliar, não adicionar farinha de trigo,
ingrediente só recomendável nos casos de controle de
pragas e doenças.

7.2 – Informações Adicionais


Com vistas à adubação do solo, as recomendações ora
enumeradas são, exatamente, aquelas prescritas para a utilização
do mesmo composto como nematicida, no tratamento de linhas de
cultivo, em solo infestado de fitonematóides, conforme o exposto
no item b, do tópico 3.1. Portanto, ao fazermos uma adubação de
fundação com manipueira, estaremos, também, efetuando o controle
dos nematóides fitoparasitas porventura presentes no mesmo
solo. São, por conseguinte, operações simultâneas, o que releva o
aproveitamento da manipueira como fertilizante. Destacamos a

41
conveniência da diluição do composto em água (1:1), a fim de torná-
lo mais fluido e, assim, garantir-lhe uma maior penetração no solo.
No zelo dessa finalidade, a adição da farinha de trigo ou de qualquer
coadjuvante-adesivo seria contraproducente, sobre ser desnecessária.
Do mesmo modo, ao fazermos o controle de pragas e doenças
foliares mediante pulverizações com manipueira, estaremos,
qualquer que seja a diluição utilizada, fazendo, simultaneamente,
uma fertilização foliar, fato que torna ainda mais rentável a opção
pelo uso desse composto como defensivo agrícola.

42
8 – OUTRAS SERVENTIAS

Os projetos sob responsabilidade do Autor objetivam,


exclusivamente, o aproveitamento da manipueira como insumo
agrícola. Mas não fica apenas nisto, o que já seria de grande
importância, o repertório de préstimos deste composto. A manipueira
pode ter uma serventia bem mais ampla, conforme indicam os
resultados de pesquisas recentes, coordenadas por outros autores.
Cabello e Leonel (1994) obtiveram, a partir da manipueira, o
ácido cítrico, composto utilizável nas indústrias farmacêutica e de
alimentos, máxime na produção de refrigerantes. Da mesma fonte,
Cereda (1994) obteve uma biomassa oleaginosa de boa qualificação,
dados os elevados teores de proteínas e lipídios ali presentes e bem
afeitos a fins alimentares. O mesmo trabalho faz alusão, também, ao
uso da manipueira como meio de cultura apropriado ao cultivo de
microrganismos benéficos em fecularia.
Outras serventias, embora não tão divulgadas, são relatadas
na literatura. Eis alguns exemplos: a) na produção de álcool, a
partir da fermentação dos açúcares presentes na goma residual do
composto (CEREDA, 1994); b) na indústria da borracha, prestando-
se como coagulante do látex da seringueira (CEREDA, 1994); c) na
fabricação de tijolos, substituindo a água e ensejando um tijolo mais
resistente, que não precisa ser queimado (MAGALHÃES, 1993); d)
o tradicional emprego na culinária paraense, constituindo o afamado
molho condimentar denominado tucupi, bem assim na culinária
nordestina, substituindo o vinagre ou a cachaça na preparação do
molho de pimenta, e e) na produção da bebida alcoólica tiquira, muito
comum no Maranhão.
Este leque de utilidades é bem um atestado da potencialidade
industrial que a manipueira encerra e que não vem sendo, até hoje,
convenientemente explorada.

43
44
9 – COMO TER MANIPUEIRA O ANO TODO

Nas regiões de clima tropical, a principal limitação ao uso da


manipueira como insumo agrícola diz respeito à indisponibilidade
deste composto em determinada época do ano. No nordeste brasileiro,
por exemplo, via-de-regra não se faz farinhada durante a estação das
chuvas (de fevereiro a maio ou junho, nos anos normais), atividade só
exercida ao longo do verão, época em que as raízes estão “enxutas”,
provendo, por conseguinte, um maior rendimento de farinha.
Portanto, sendo a manipueira um subproduto da fabricação
da farinha de mandioca, ela normalmente estará em falta durante
a estação chuvosa, justo quando se faz mais requisitada para
desempenhar a sua principal finalidade, ou seja, o seu emprego
como pesticida. Com efeito, é nessa época que se intensifica a
atividade agrícola, com a prática do tradicional “plantio das águas”
e, correspondentemente, quando se faz mais assídua e severa a
ocorrência dos agentes de pragas e doenças, para cujo controle
destaca-se, com eficácia e economicidade, a manipueira.
E como superar tal limitação, de sorte a ter-se manipueira, em
disponibilidade, em qualquer época do ano?
Uma das alternativas seria conservá-la em refrigerador,
evitando-se a fermentação do composto. Mas seria uma solução pouco
prática, seja porque o grande volume de manipueira a conservar
iria ocupar muito espaço no refrigerador, seja porque a maioria dos
agricultores de baixa renda não dispõe desse eletrodoméstico. Mas
seria uma solução viável para o tratamento de pequenos cultivos de
jardim e quintal.
Outra alternativa, bem mais simples e prática, seria manter,
na propriedade agrícola, um cultivo permanente de mandioca, só
para a extração de manipueira, sempre que se fizesse necessário
o seu emprego como pesticida ou adubo foliar. Seria uma espécie
de “farmácia viva” para a lavoura. Para tal fim, bastaria uma área
relativamente pequena (não mais de 5% da gleba) e de menor
fertilidade, pois a mandioca é uma cultura rústica, pouco exigente.
A terceira alternativa, de fundamentação industrial e, portanto,
de maior validade prática, é a “manipueira em pó”, matéria enfocada
no capítulo seguinte.
45
46
10 – MANIPUEIRA EM PÓ

A formulação da manipueira em pó é, sem dúvida, a alternativa


mais prática para se ter a manipueira o ano todo e por mais tempo
ainda. A esta formulação chegaram Ponte e Góes (2002a) mediante
liofilização, isto sem prejuízo das qualificações do composto natural
(manipueira líquida), porquanto mantendo, em semelhantes
proporções, todos os seus componentes químicos, sejam os macro e
micronutrientes que lhe garantem a excelência como adubo, sejam
os cionetos que, como principais ingredientes ativos, garantem sua
vigorosa ação pesticida (Tabela 4).
A manipueira em pó veio para anular a principal limitação da
manipueira líquida, justamente a sazonalidade comentada no capítulo
anterior. Em forma de pó, ela estará disponível a qualquer época, pois
independe do imediatismo da fabricação da farinha de mandioca.
Outras limitações serão, também contornadas: a perecibilidade, pois
a manipueira líquida vai perdendo sua potencialidade pesticida a
partir do quarto dia pós-extração, conforme Ponte e Franco (1983b);
a dificuldade de transporte, fato inerente ao deslocamento de grande
massa líquida para o tratamento de extensos cultivos, e a dificuldade
de comercialização, em decorrência da sazonalidade e da pouca
durabilidade do composto líquido. Em oposto, a manipueira em pó,
além de sua disponibilidade a qualquer tempo, terá uma longevidade
bem expressiva, enquanto sua transportação e comercialização
tornar-se-ão bem mais ágeis, por força do menor volume (cada 100
litros do composto líquido gera de 6 a 8 kg de manipueira em pó).
Este novo produto, embora ainda esteja em via de
reconhecimento de patente, já foi submetido ao primeiro teste de
campo. Góes e Ponte (2002) o testaram como fungicida e fertilizante
foliar e os resultados confirmaram a hipótese lógica, aquela ditada
pela composição química da formulação em pó, semelhante à da
manipueira líquida.
No aludido experimento pioneiro, Góes e Ponte (2002), a
manipueira em pó foi testada, em amendoim (Arachis hypogaea
L.), como adubo foliar e fungicida, no controle de Mycosphaerella
arachidicola W. A. Jenkins, agente da Mancha Castanha. Usaram-se
duas dosagens de manipueira em pó: 1 e 2 colheres de sopa por
47
litro de água (cada colher contendo cerca de 20g do composto),
comparando-as com a manipueira líquida em diluição aquosa 1:1 e
a testemunha (água + 1% de farinha de trigo, componente adesivo
também incluso nos demais tratamentos). Todos os tratamentos
foram ministrados quatro vezes, mediante pulverizações a intervalos
semanais. A incidência da Mancha Castanha foi praticamente nula nas
plantas tratadas com manipueira em pó e os efeitos deste composto
como fertilizante foliar, especialmente na dosagem de 2 colheres/
litro, foram excelentes, aumentando, de um modo estatisticamente
significativo, tanto a produção (peso total de vagens) como o porte
vegetativo (peso fresco) das plantas de amendoim.
Novos experimentos com manipueira em pó – investigando-a
como inseticida, acaricida etc. – estão sendo programados, mas já
cercados de uma expectativa otimista, haja vista o sucesso deste
ensaio pioneiro.

Tabela 4 – Composição química da manipueira em pó comparada à


da manipueira líquida
Manipueira
Componente
em pó líquida
Macronutrientes % ppm
Potássio (K) 6,72 1.183,5
Nitrogênio (N) 1,00 425,5
Magnésio (Mg) 0,37 405,0
Fósforo (P) 0,29 259,5
Cálcio (Ca) 0,28 227,5
Enxofre (S) 0,10 195,0
Micronutrientes mg/kg ppm
Ferro (Fe) 5.355,00 15,3
Manganês (Mn) 109,00 3,7
Zinco (Zn) 22,00 4,2
Cobre (Cu) 4,50 11,5
Boro (B) 2,00 5,0
Cianetos % ppm
Livre 9,30 42,5
Total 86,40 604,0
Fonte: Análises procedidas na UNESP, Campus de Botucatu, São Paulo.

48
REFERÊNCIAS

ARAGÃO, M. L. Investigação sobre o aproveitamento da


manipueira como fertilizante foliar. 1995. 36 f. Dissertação
(Mestrado em Ciências Agrárias) - Universidade Federal do Ceará,
Fortaleza, 1995.
ARAGÃO, M. L.; PONTE, J. J. da. O uso da manipueira (extrato
líquido das raízes de mandioca) como adubo foliar. Ciência
Agronômica, Fortaleza, v. 1/2, n. 26, p. 45-48, 1995.
CABELLO, C.; LEONEL, M. Produção de ácido cítrico a
partir da manipueira. In: CEREDA, M. P. (Ed.). Resíduos de
industrialização da mandioca no Brasil. São Paulo: Paulicéia,
1994. p. 109-118.
CEREDA, M. P. Caracterização dos resíduos da industrialização da
mandioca. In: CEREDA, M. P. (Ed.). Resíduos da industrialização
da mandioca no Brasil. São Paulo: Paulicéia, 1994. p. 11-50.
FIORETO, R. A. Uso direto da manipueira em fertirrigação. In:
CEREDA, M. P. (Ed.). Resíduos da industrialização da mandioca
no Brasil. São Paulo: Paulicéia, 1994. p. 51-80.
FRANCO, A. Subsídios à utilização da manipueira como
nematicida. 1986. 53 f. Dissertação (Mestrado em Ciências
Agrárias) - Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 1986.
FRANCO, A.; PONTE, J. J. Subsídios à utilização da manipueira
como nematicida: dosagem e interferência na fertilidade do solo.
Nematologia Brasileira, Piracicaba, v. 12, n. 1, p. 35-45, 1988.
FRANCO, A. et al. Dosagem de manipueira para tratamento
de solo infestado por Meloidogyne: II) segundo experimento.
Nematologia Brasileira, Piracicaba, v. 14, n. 1, p. 25-32, 1990.
GALLI, F. Agrotóxico. Folha de São Paulo, São Paulo, p. 3-8, 03
mar. 1998. Caderno Agrofolha.
GÓES, E.; PONTE, J. J.da. Manipueira em pó: estudo pioneiro
sobre sua ação como fungicida e fertilizante foliar. In:

49
COBRADAN, 2., 2002, Fortaleza. Anais ... Fortaleza, 2002.
LORDELLO, L. G. E. Nematóides das plantas cultivadas. São
Paulo: Nobel, 1968. 141 p.
MAGALHÃES, C. P. Estudos sobre as bases bioquímicas da
toxicidade da manipueira a insetos, nematóides e fungos. 1993.
117 f. Dissertação (Mestrado em Ciências) - Universidade Federal
do Ceará, Fortaleza, 1993.
MELO, P. R. A. Níveis dos compostos cianogênicos conforme
o tempo de estocagem da manipueira. 1999. 34 f. Monografia
(Graduação em Agronomia) - Universidade Federal do Ceará,
Fortaleza, 1999.
PONTE, J. J. da. Cassareep. Spore, Wageningen, v. 21, p. 10, 1989.
______. Cassareep: an unconventional nematicide. Cassava
Newsletter, West Yorshire, v. 12, n. 2, p. 9, 1988.
______. Clínica de doenças de plantas. Fortaleza: Edições UFC,
1996a. 873 p.
______. Eficiência da manipueira como carrapaticida: teste
preliminar. In: COBRADAN, 1., 2000, Fortaleza. Anais ... Fortaleza,
2000.
______. Eficiência da manipueira no controle do ácaro-branco do
mamoeiro. Revista de Agricultura, Piracicaba, v. 71, n. 2, p. 259-
261, 1996b.
______. Fitopatologia: princípios e aplicações. São Paulo: Nobel,
1980. 250 p.
______. Histórico das pesquisas sobre a utilização da manipueira:
extrato líquido das raízes de mandioca como defensivo agrícola.
Fitopatol. Venezolana, Macaray, v. 5, n. 2, p. 2-5, 1992.
______. Investigação sobre o uso da manipueira no controle da
Antracnose do cajueiro: relatório de projeto. Fortaleza: Clínica de
Planta Dr. Júlio da Ponte, 2001. 9 p.
______. Investigação sobre o uso da manipueira no controle da

50
cochonilha Orthesia insignis em acerola: relatório de projeto.
Fortaleza: Clínica de Planta Dr. Júlio da Ponte, 2002. 12 p.
______. Manipueira: es desechable este subproduto de la yuca?.
Yuca, Cali, v. 17, n. 1, p. 8, 1993.
______. Nematóides das galhas: espécies ocorrentes no Brasil e
seus hospedeiros. Mossoró: ESAM, 1977. 100 p.
______. Os principais grupos de fitomicoses tropicais. Fortaleza:
Academia Cearense de Ciências, 1996c. 13 p. (Publicação Técnica,
n. 1).
PONTE, J. J. da; FRANCO, A. Implicações da manipueira: um
nematicida não convencional sobre a população rizobiana do solo.
Publicação da Sociedade Brasileira de Nematologia, Piracicaba,
v. 7, p. 125-128, 1983a.
______. Influência da idade da manipueira na preservação do
potencial nematicida do composto. Publicação da Sociedade
Brasileira de Nematologia, Piracicaba, v. 7, p. 237-240, 1983b.
______. Manipueira, um nematicida não convencional de
comprovada potencialidade. Publicação da Sociedade Brasileira
de Nematologia, Piracicaba, v. 5, p. 25-33, 1981.
PONTE, J. J. da; FRANCO, A.; PONTES, A. E. L. Estudo sobre a
potencialidade da manipueira, como nematicida, em condições de
campo. Nematologia Brasileira, Piracicaba, v. 11, n. 1, p. 42-47,
1987.
PONTE, J. J. da; FRANCO, A.; SANTOS, J. H. R. Teste preliminar
sobre a utilização da manipueira como inseticida. Revista
Brasileira de Mandioca, Cruz das Almas, v. 7, n. 1, p. 89-90, 1988.
PONTE, J. J. da; FRANCO, A.; SILVEIRA-FILHO, J. Investigação
preliminar sobre a potencialidade nematicida do tipi (Petiveria
alliacea). Fitopatologia Venezolana., Maracay, v. 9, n. 1, p. 14-15,
1996.
PONTE, J. J. da; GÓES, E. Composição química da manipueira em
pó. In: COBRADAN, 2., 2002, Fortaleza. Anais ... Fortaleza, 2002a.

51
______. Investigação preliminar envolvendo a manipueira no
controle de ferrugem. In: COBRADAN, 1., 2000, Fortaleza. Anais
... Fortaleza, 2000.
______. Utilização da manipueira como herbicida. Revista de
Agricultura, Piracicaba, 2002b. Aceito para publicação.
PONTE, J. J. da; HOLANDA, Y. C. A. Incidência e controle da
Galha de Coroa (Agrobracterium tumefaciens) em plantas de colorau
(Bixa orellana). Fitopatol. Venezolana, Macaray, v. 8, n. 1, p. 15-17,
1995.
PONTE, J. J. da; HOLANDA, Y. C. A.; ARAGÃO, M. L. Adendo
ao catálogo de plantas hospedeiras de Meloidogyne no Brasil.
Nematologia Brasileira, Piracicaba, v. 20, n. 1, p. 73-81, 1996.
PONTE, J. J. da; MIRANDA, E. Eficiência da manipueira no
controle da traça. Fortaleza: UFC, 1997. 3 p. (Boletim Técnico).
PONTE, J. J. da; SANTOS, J. H. R. Eficiência da manipueira no
controle de duas pragas da citricultura. Fortaleza: UFC, 1997. 7 p.
(Boletim Técnico).
______. Eficiência da manipueira no controle de Toxoptera
citricidus: o pulgão negro dos citros. Fitosanidad, La Habana, v. 2,
p. 3-5, 1998.
PONTE, J. J. da; TORRES, J.; FRANCO, A. Investigação sobre uma
possível ação nematicida da manipueira. Fitopatologia Brasileira,
Brasília, v. 4, p. 431-435, 1979.
PONTE, J. J. da et al. Dosagem de manipueira para tratamento de
linhas de cultivo em solo infestado de Meloidogyne. Nematologia
Brasileira, Piracicaba, v. 19, n. 1/2, p. 81-85, 1995.
______. Ensaio preliminar sobre a utilização da manipueira
(extrato líquido das raízes de mandioca) como fertilizante foliar.
Revista de Agricultura, Piracicaba, v. 72, n. 1, p. 63-68, 1997.
______. Fertilização foliar de sorgo com manipueira: extrato
líquido das raízes de mandioca. Revista de Agricultura,
Piracicaba, v. 73, n. 1, p. 101-109, 1998.
RAZAFINDRAKOTO, C. Étude sur l’utilisation du manipueira
52
comme pesticide biologique. [S.l.]: Ambatondrazaka, Centre
National de la Recherche Apliquée au Developpement Rural, 1997.
18 p. (Bull. Technique).
RAZAFINDRAKOTO, C. et al. Manipueira e termoterapia no
tratamento de estacas de mandioca atacadas por cochonilhas.
Revista de Agricultura, Piracicaba, v. 74, n. 2, p. 127-133, 1999.
SANTOS, A. B. C. Investigação sobre a ação fungicida da
manipueira no controle de Oídio. 1993. 39 f. Dissertação
(Mestrado em Ciências Agrárias) - Universidade Federal do Ceará,
Fortaleza, 1993.
SANTOS, A. B. C.; PONTE, J. J. da. Ação fungicida da manipueira
no controle de Oídio. Fitopatologia Brasileira, Brasília, v. 18, p.
302, 1993.
SENA, E. S.; PONTE, J. J. da. A manipueira no controle da
meloidoginose da cenoura. Publicação da Sociedade Brasileira de
Nematologia, Piracicaba, v. 6, p. 95-98, 1982.

53
ANEXOS
56
Foto 1 – Descascamento manual de raízes de mandioca
Fonte: Sebastião da Ponte.

Foto 2 – Trituração de raízes de mandioca em moinho elétrico (caiti-


tu).
Fonte: Sebastião da Ponte.

57
Foto 3 – Massa pastosa de mandioca, após a trituração.
Fonte: Sebastião da Ponte.

Foto 4 – Aposição de massa de mandioca em prensa de madeira de


acionamento manual
Fonte: Sebastião da Ponte.

58
Foto 5 – Prensagem da massa de mandioca em prensa de madeira
de acionamento manual
Fonte: Sebastião da Ponte.

Foto 6 – Secagem da massa em forno de alvenaria: última etapa da


farinhada
Fonte: Sebastião da Ponte.

59
Foto 7 – Manipueira: extrato líquido das raízes de mandioca, um
subproduto da farinhada
Fonte: Sebastião da Ponte.

Foto 8 – Oídio (oidium bixae) em folha de urucu


Fonte: Sebastião da Ponte.

60
Foto 9 – Haste de urucu infectada pela bactéria Agrobacterium tume-
faciens, agente causal da Galha de Coroa
Fonte: Sebastião da Ponte.

61
62
O AUTOR1 

JOSÉ JÚLIO DA PONTE, com 46 anos


de tráfego pelas sendas da Fitopatologia,
é um dos mais experientes e competentes
fitossanitaristas da atualidade. Experiência
materializada em mais de 500 trabalhos
publicados (livros, capítulos de livro,
teses, artigos e comunicações científicas,
monografias e conferências) no Brasil e no
exterior; competência reconhecida e laureada
nos muitos títulos e comendas que ilustram
o seu esplêndido curriculum: presidente
da Academia Cearense de Ciências (ACECI) e ex-presidente da
Sociedade Brasileira de Fitopatologia (SBF) e da Sociedade Brasileira
de Nematologia (SBN); bolsista-pesquisador nível I-A do CNPq;
Medalha de Ouro do Mérito Fitopatológico (SBF), Medalha de Ouro
do Mérito da Educação Agrícola Superior (1º lugar em concurso de
títulos promovido pela ABEAS e envolvendo representantes de todas
agrofaculdades do país) e Medalha “Boticário Ferreira” (Câmara
Municipal de Fortaleza); diploma do Mérito Científico Professor
Prisco Bezerra e comendas de Honra ao Mérito outorgadas pela SBF,
SBN e Prefeitura Municipal de Fortaleza (Destaque da Ciência/1992);
eleito “Man of the Year/1997” (Homem do Ano/1997) pelo American
Bibliographical Institute (USA); reconhecimento internacional da
Organização dos Estados Americanos (OEA) e da New York Academy
of Sciences; Livre-Docência em Fitopatologia, e o título que mais
contempla o seu coração – o de Professor-Emérito, a maior honraria
universitária, a qual, com sobras, ele fez por merecer.
Desde os primeiros passos de sua longa e infatigável

 1
Apresentação parcialmente extraída do texto escrito por Osvaldo de Oliveira
Riedel – médico e membro da ACECI, prefaciando um dos livros de José Júlio da
Ponte.

63
peregrinação científica, ele fez da luta contra os agrotóxicos a
preocupação maior de suas investigações, fosse através da criação
de variedades resistentes, fosse mediante a busca de defensivos
agrícolas naturais, insistência esta premiada com a “descoberta”
da manipueira. Este trabalho, a “Cartilha da Manipueira”, é uma
paciente e minuciosa dissecação de tudo quanto já fez em prol
do aproveitamento da manipueira como insumo agrícola, em
substituição aos famigerados agroquímicos.
Vale a pena conhecê-lo.

64
65
SUPERINTENDÊNCIA DE LOGÍSTICA
Ambiente de Recursos Logísticos
Célula de Produção Gráfica
OS 2006-01/0677 - Tiragem: 2.000

S-ar putea să vă placă și