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A SÍNDROME DE BURNOUT
São Paulo
2019
Definição
A palavra estresse foi utilizada primeiramente na Física, que a caracterizou como
sendo o desgaste sofrido por materiais expostos a pressões ou forças. A partir dos
séculos XVIII e XIX, o termo aparece relacionado aos conceitos de força, esforço e
tensão. O estresse pode ser definido como um desgaste do organismo, que, por sua vez,
causa alterações psicofisiológicas, que ocorrem quando o indivíduo é forçado a
enfrentar situações que o excitem, irritem, amedrontem, ou até mesmo o façam
imensamente feliz. O processo de estresse passa por três fases que podem ser
identificáveis como um conjunto de três estágios que representam a síndrome de
adaptação geral. A primeira fase seria a de alarme, o indivíduo se mobiliza frente a
uma ameaça, o segundo estágio consiste na fase da resistência, o indivíduo parece ter
se adaptado mais se mantém, na ativação geral (alarme) e o terceiro estágio trata-se da
fase da exaustão que seria o resultado de uma exposição prolongada à mesma situação
de estresse, esta fase seria aquela a qual o indivíduo deixa de ser capaz de ultrapassar a
ameaça e no decorrer do processo, fragiliza os recursos fisiológicos. O estresse
vinculado ao trabalho, chamado de estresse ocupacional, refere-se à falta de capacidade
do trabalhador de se readaptar às demandas existentes no trabalho e àquelas que ele
próprio percebe. O estresse ocupacional ou laboral pode ainda, referir-se ao conjunto de
perturbações de cunho psicológico e ao sofrimento psíquico associado às experiências
de trabalho, cujas demandas ultrapassam as capacidades físicas ou psíquicas do sujeito
para enfrentar as solicitações do meio ambiente profissional. Os principais fatores que
desencadeiam o estresse no ambiente de trabalho envolvem os aspectos da organização,
da administração, do sistema de trabalho e da qualidade das relações humanas.
Burnout é uma palavra inglesa utilizada para se referir a algo que deixou de funcionar por
exaustão. Há equipes profissionais, pela própria natureza e características de seu
trabalho, revela-se suscetível ao fenômeno do estresse ocupacional em decorrência da
responsabilidade pela vida e a proximidade com os clientes para os quais o sofrimento
é quase inevitável. Exige-se destes profissionais a dedicação no desempenho de suas
funções, o que aumenta a possibilidade de ocorrência de desgastes emocionais em altos
níveis de estresse, tornando-os vulneráveis à cronificação do estresse ocupacional que
se denomina de Síndrome de Burnout (SB). O Burnout surgiu como uma resposta ao
estresse laboral crônico, e, por isso, não deve ser entendida como sinônimo do mesmo.
Causas
Essa síndrome é um fenômeno que consiste em uma experiência subjetiva que inclui
cognições, emoções e atitudes e que tem um aspecto claramente negativo para o
sujeito, pois resulta em alterações, problemas e disfunções psicofisiológicas com
conseqüências nocivas para a pessoa e para a organização (GIL-MONTE e PEIRÓ, 2000).
Ha vários fatores que contribuem para esta síndrome, chamamos de desajustes. O
processo dos desajustes pode aparecer em uma ou mais áreas, sendo definidas da
seguinte forma:
a) sobrecarga: apresenta-se quando as demandas no trabalho excedem os limites
humanos. As pessoas têm muitas coisas para fazer e pouco tempo para realizá-
las, podendo atingir um estado em que não é possível recuperar a energia;
b) falta de controle: acontece quando as pessoas têm pouco controle sobre o
trabalho que executam;
c) recompensas insuficientes: refere-se à falta de incentivos tanto externos, como
por exemplo, o salário, quanto internos (reconhecimento e valorização do
trabalho);
d) ausência de coleguismo: ocorre quando as pessoas perdem o sentido de
relacionamentos positivos com os outros no trabalho;
e) falta de justiça: apresenta-se quando existe iniquidade e ausência de
procedimentos justos no local de trabalho, e
f) conflito de valores: envolve a discrepância entre os valores declarados e as práticas
organizacionais.
O termo stress recebeu sua significância no âmbito da saúde pela primeira vez com
Hans Selye em 19262. Durante o atendimento a seus clientes, Selye identificou que todos
os indivíduos expostos a uma ameaça produziam mecanismos de defesa que se
assemelhavam entre si. Eram sintomas como dores nas articulações, problemas digestivos,
falta de apetite, febre, hepato e esplenomegalia e patologias dermatológicas, que não
podiam caracterizar uma doença especifica.
Suas experiências em ratos mostraram que se o organismo animal for exposto a
agentes não específicos agudos, tais como a exposição ao frio ou exercício muscular
excessivo, sintomas típicos aparecem. Os sintomas são independentes da natureza do
agente prejudicial ou do tipo farmacológico da droga empregada, e se apresentaram como
uma resposta aos danos. Em estudos que correlacionaram estes dados aos humanos,
observou-se que as demandas de caráter social e as ameaças do ambiente no qual o
indivíduo estava inserido requeriam capacidade de adaptação, provocando a presença do
stress.
Diante dos sintomas típicos acerca do esforço generalizado do organismo em se
adaptar a novas circunstâncias, descriminou-se a “Síndrome Geral da Adaptação” (SGA).
Desta forma, foram descritas três fases para a presença do stress: Reação de Alarme, Fase
de Resistência e Fase de Exaustão.
Na reação de alarme, o organismo está enfrentando uma situação a qual se sente
ameaçado, provocando o que se chama de quebra da homeostase, ou quebra do equilíbrio
orgânico interno. A sintomatologia é notada de forma a ajudar o organismo neste primeiro
momento, não sendo prejudicial à saúde do individuo. Se não for excessivo, na fase Alarme
o indivíduo encontra motivação, entusiasmo, energia e produtividade.
A fase de resistência ocorre quando o estressor perdura por um período muito
prolongado. Nessa fase, o organismo tenta readquirir a homeostasia e utiliza suas reservas
de energia adaptativa. É nesta fase que o individuo pode readquirir o equilíbrio interno sem
maiores danos. Assim, os sintomas da primeira fase tendem a cessar. Havendo persistência
dos fatores estressores em frequência ou intensidade, haverá uma quebra na resistência do
organismo e ele passa à fase de “quase-exaustão”. A observação desta fase permitiu a
ampliação o sistema trifásico para uma sistematização quadrifásica do stress. Nesta fase, o
processo de adoecimento se inicia e não apenas a resistência orgânica, mas também a
mental mostra sinais de desgaste. A depressão passa a fazer parte do quadro de sintomas,
que se prolongam na “fase de exaustão” caso não haja remoção dos estressores ou uso de
estratégias de enfrentamento.
Porém, quando o organismo não consegue adaptar-se ou mesmo, como o próprio
nome sugere, tenta resistir aos fatores estressores, o processo de stress pode desenvolver-se
até o ponto mais crítico, que é fase de exaustão.
Nesta fase de Exaustão, o organismo já não tem energia para se adaptar à situação
de stress, tornando-se mais exposto aos agentes estressores. O stress torna-se mais intenso
e, em consequência, faz esgotar a energia adaptativa do organismo.
O estado prolongado de stress pode interferir no bem-estar psicológico e na
qualidade de vida das pessoas. O stress, se gerenciado de forma eficaz, propicia um
ambiente social, familiar e laboral saudável e produtivo.
Visto que existe a quebra da homeostase orgânica e psicológica de um indivíduo, a
análise do processo de stress por uma ciência que não trata a doença, e sim o padrão
energético desarmônico que a causa, se faz relevante. Neste sentido, a Medicina
Tradicional Chinesa (MTC), pode ser instrumento terapêutico valioso de avaliação e
tratamento da presença de stress.
Processo Terapêutico da Medicina Tradicional Chinesa
A MTC toma como base a existência de uma estrutura energética integrada ao corpo
físico, por onde a energia circula em canais, chamados meridianos. Os meridianos são vias
que interligam os diversos sistemas energéticos do corpo, por onde circula a energia vital
(Qi) ou patogênica (Xie), os quais agem diretamente sobre o organismo e abrigam pontos
específicos. Estes pontos, ao serem estimulados, reorganizam a circulação energética de
todo o corpo. A doença, por sua vez, é sempre a desorganização da energia funcional que
controla e dinamiza os meridianos. Todo este sistema, que se desenvolveu de
experimentação e aperfeiçoamento há milhares de anos, pode ser equilibrado através da
Acupuntura.
A base de tudo é o Qi, a força vital. Mas não se trata apenas da força vital do ser
humano ou do animal, sendo essa uma energia universal que cerca e permeia todas as
coisas, animadas e inanimadas, e que circula no organismo através dos meridianos. Os
chineses, portanto, encaram todo o funcionamento do organismo e da mente como
dependente do fluxo normal das energias do organismo ou da força vital, a que se denomina
Qi.
Para a fisiologia ocidental, a Acupuntura é uma técnica que atua na modulação
nervosa em três instâncias: local, espinal/segmentar ou supraespinal/suprasseguimentar. A
visão da Medicina Tradicional Chinesa descreve a técnica como a estimulação dos pontos
energéticos distribuídos pelos canais, baseado na teoria do Yin e Yang. São usados como
principais instrumentos: agulhas de acupuntura, dedos (acupressão), ventosa ou pelo
aquecimento promovido por moxa (um bastão de Artemísia em brasa, que é aproximado
à pele para aquecer o ponto de acupuntura), dentre outros.
A Organização Mundial de Saúde tornou a Acupuntura uma referência de
tratamento mundial. Essa organização emitiu uma lista em que reconhece a eficácia deste
tratamento em diversas enfermidades. Entretanto, a diagnose, as avaliações e o tratamento
devem ser realizados por um profissional com formação adequada e comprovada.
O desequilíbrio propiciado pelo stress desencadeia uma série de prejuízos nos
diversos setores da vida dos indivíduos. Além disso, o stress pode desencadear o
desenvolvimento de inúmeras doenças e proporcionar um prejuízo para a qualidade de vida
e produtividade do ser humano. Diante deste contexto, o presente estudo pretende ampliar o
horizonte terapêutico para o tratamento do stress sob a ótica da Medicina Tradicional
Chinesa.
Sintoma 5: Insônia
A Insônia foi relatada pelos sujeitos expostos a estressores ocupacionais e
patológicos e descrita como um sintoma de Exaustão. A gravidade da insônia ocasionada
por um processo de stress se mensura através de sua frequência. Seu estágio mais
preocupante é descrito ao perceber que o sintoma ocorreu “sempre” ou “quase sempre” nas
últimas duas semanas antes da entrevista do sujeito da pesquisa.
Para a Medicina Chinesa, a insônia está relacionada a um distúrbio do “Espírito do
Coração”, denominado Shen; um conceito tradicional muito próximo do que a ciência
ocidental chama de “Mente”. Neste sentido, etiologicamente, pode-se afirmar que a
síndrome energética relacionada à Insônia se assemelha à relacionada à Ansiedade.
Esta síndrome energética tem, entre seus fatores etiopatogênicos, o “ferimento
interno provocado pelas emoções”. É uma descrição subjetiva, construída pela literatura
especializada em referência à desarmonia orgânica provocada pelo stress no indivíduo. Este
sintoma energético foi denominado de Vazio do Yin do Coração. Complementando esta
diagnose, descreve-se o Fogo no Coração provocado pelos estressores como fonte deste
Vazio do Yin. Sendo assim, a síndrome principal para o distúrbio orgânico da insônia é
descrita como Fogo no Coração que Consome o Yin.
Ainda relacionando a insônia a um desequilíbrio do Shen, outra relação sintomática
pode ser percebida, desta vez associada ao Sangue. A Medicina Chinesa destaca que o
Sangue é a morada da mente, sendo governado pelo Coração. Sua função energética
principal é carregar ao organismo um conjunto diverso de matéria nutriente. Nesse sentido,
a Medicina Chinesa observa que a deficiência de Sangue no Coração poderá acarretar em
empobrecimento nutricional, desequilibrando a relação homeostática entre o Shen e o
corpo, causando insônia e sono pouco reparador. Este desequilíbrio é chamado na literatura
tradicional de Vazio de Sangue do Coração.
Massoterapia
A Massoterapia Chinesa - massagem terapêutica - combate as tensões e estresse decorrentes
do excesso de trabalho e, por isso, é uma forte aliada da medicina oriental na prevenção e
no tratamento do DORT. A técnica de massagem conhecida como Tui Na permite atingir
pontos específicos dos meridianos chineses para cada distúrbio, levando à liberação de
neuropeptideos com ação analgésica e sedativa como as endorfinas. A medicina oriental
tem apresentado excelentes resultados, com sessões de massoterapia duas a três vezes na
semana. Além de proporcionar um profundo relaxamento da musculatura envolvida na
lesão, a Tui Na atua sobre todos os canais energéticos do organismo. Essa terapia também
age preventivamente, combatendo as tensões e estresses decorrentes do excesso de
trabalho.
Há várias técnicas de massagem, dentre elas podem ser citadas shiatsu, quick
massage dentre outras. Todas as técnicas de massagem tentam promover um equilíbrio
físico, mental e energético (Bertollettl. A; Martta. R. 2006).
Dança bioenergética
Através de movimentos de expressão corporal, cria-se um processo de harmonia com o
corpo, mente e espírito.
Aromaterapia
É um tratamento feito a base de odores. Alguns odores causam prazer ajudando a
restabelecer a saúde.
Cromoterapia
É um tratamento feito com cores. As ondas eletromagnéticas que as cores emitem, ativam a
imaginação, trazendo uma reação positiva ao organismo. As cores indicadas para o estresse
são: verde, violeta e azul.
Conclusão
Tendo em vista a compreensão do relacionamento entre os valores
organizacionais e a síndrome de burnout, tal como e o objetivo anunciado do presente
estudo, os resultados corroboram a existência do referido relacionamento conforme
apontado na bibliografia consultada. A palavra estresse no pode ser confundida com
burnout no que se refere aos conceitos e diferenças, pois estresse ocorre a partir de
reações do organismo aos agressores de origens diversas, capazes de perturbar o
equilíbrio interno do ser humano. Em contrapartida, burnout é a resposta do estresse
laboral crônico que envolve atitudes e alterações compartimentais negativas
relacionadas ao contexto de trabalho com desconsideração do lado humano. No caso
de trabalhadores de enfermagem, atinge os clientes, organizações e o próprio trabalho
quando os métodos de enfrentamento falham ou sao insuficientes. Freudenberg (1974)
define Síndrome de Burnout como um estado relacionado como experiência de
esgotamento, decepção e perda do interesse pela atividade de trabalho que surgem em
profissionais que trabalham em contato direto com pessoas na prestação de serviços,
Como conseqüência deste contato diário no trabalho. Estas definições são divididas em
quatro: Clinica, Sociopsicologica, organizacional e socio-histórica.
Três componentes sao características da Sindrome de Burnout:
1- Exaustão emocional: Caracteriza-se por falta de energia acompanhada de
esgotamento emocional. A manifestação pode ser física, Psíquica ou uma
combinação entre os dois. Os trabalhadores percebem que já nao tem mais
energia para o atendimento ao cliente como pessoas que necessitam de
cuidados especiais, falavam que devido à exaustão, muitas vezes desejavam
nem acordar para nao ter que ir ao trabalho, sentia-se incapazes e derrotados.
2- Despolarização: Tratar os clientes, colegas e a organização como objetos,
coisificando a relação. Endurecimento afetivo ou a insensibilidade
emocional por parte do trabalhador prevalecendo o cinismo e a dissimulação
afetiva sao manifestação comuns, a ansiedade o aumento de irritabilidade,
perda de motivação, redução de metas de trabalho comprometimento com os
resultados e redução de idealismo.
3- Falta de Envolvimento Pessoal: Sentimento de inadequação pessoal e
profissional, ha uma tendência do trabalhador se auto-avaliar de forma
negativa que acaba afetando a habilidade para a realização do trabalho e o
atendimento.
Considerações Finais
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