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APOSTILA DE DIREITO PENAL GERAL iguais e com desigualdade os desiguais, na medida

de cada uma das suas desigualdades isto é a


APONTAMENTOS DE AULAS verdadeira igualdade.
Exemplos: A injúria contra alguém prevista
no artigo 140 do CP, será simples se o injuriado tiver
Professora: Deusdedy 30 anos de idade, caso não haja nenhuma outra
qualificadora, porém se o injuriado for maior de 60
anos e a injúria consistir em elementos relativos à
sua condição de pessoa idosa a pena é mais grave.
DIREITO PENAL Praticar homicídio ou lesão corporal contra maior de
60 anos há um aumento obrigatório de 1/3 na pena
1 Princípios constitucionais e gerais do Direito aplicada.
Penal. Vender uma arma de fogo de calibre
2 A lei penal no tempo. permitido em desacordo com a lei, para qualquer
3 A lei penal no espaço. pessoa é crime previsto na Lei 10.826/03 (artigo 14),
4 Interpretação da lei penal. porém se a pessoa a quem a arma foi vendida for
5 Infração penal: elementos, espécies. menor de 18 anos a pena é bem mais grave e o autor
6 Sujeito ativo e sujeito passivo da infração penal. infringe o artigo 16 da referida Lei.
7 Tipicidade, ilicitude, culpabilidade, Assim podemos verificar que, a lei
punibilidade. penal nesses dois exemplos acima protegeu mais o
8 Excludentes de ilicitude e de culpabilidade. idoso e o adolescente, face à sua maior fragilidade
9 Erro de tipo; erro de proibição. em face dos autores das infrações.
10 Imputabilidade penal.
11 Concurso de pessoas. 2) RESERVA LEGAL: O artigo 1º do Código
Penal estabelece que “não há crime sem lei anterior
que o defina nem pena sem previa cominação legal”,
DIREITO PENAL assim diante de dois princípios previstos neste artigo,
ou seja, o da LEGALIDADE em sentido “stricto
Direito penal é ramo do direito público que sensu” e da ANTERIORIDADE, temos a exigência
estabelece as normas gerais penais, as infrações e do respeito à restrita reserva legal.
suas respectivas sanções. Por mais que o fato seja imoral, ou ilícito em
outros ramos do direito (civil, administrativo,
Normas gerais: elas definem o que é infração penal, comercial), se não houver um tipo penal vigente no
quais as regras de ilicitude, erros, culpabilidade, momento em que a conduta for praticada é
aplicação das penas, dentre outras abordagem da impossível a aplicação de sanção penal, pois a lei não
parte geral do DP. retroage quando criminalizadora da conduta, nem
Infrações penais: quais sãos os crimes e as quando não favorecer o réu.
contravenções penais. Exemplo: O crime de assédio sexual só
Sanções: a pena cominada a cada infração (pode ser passou a ser crime em maio de 2001, conforme
privação de liberdade, restrição de direitos e multa) dispõe o artigo 216-A do CP, se o diretor de uma
empresa houvesse assediado sexualmente sua
PRINCÍPIOS: toda ciência humana é baseada em secretária em abril de 2001, ela não poderia
princípios, bem como todos os ramos jurídicos, apresentar uma queixa-crime (que tem prazo
podemos destacar como princípios constitucionais do decadencial de 6 meses) contra ele em julho do
direito penal. mesmo ano, embora a conduta fosse considerada
crime no dia em que ela apresentou a queixa, não
I) PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO seria punível porque, dois meses antes, no dia em
DIREITO PENAL (CONSTITUCIONAIS E que o agente praticou a conduta o fato era
GERAIS) criminalmente impunível.
Previsto no artigo 5º , XXXIX da CF e no artigo 1º
1) IGUALDADE OU ISONOMIA: a lei penal do Código Penal – “não há pena sem lei anterior que
busca a igualdade, ou seja, tratar de forma igual os
o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.” Este princípio impõe limites ao arbítrio do
(nullum crimen nulla poena sine lege). legislador, sendo o poder incriminador do Estado
Dentro da reserva legal podemos destacar a “ultima ratio” última regra coercitiva, quando os
lex praevia (lei anterior, sempre anterior à conduta outros ramos jurídicos: administrativo e civil não
analisada); lex cripta (a lei deve ser escrita, veda-se conseguem resolver os conflitos entre as relações
utilização de usos e costumes, para tipificar crimes); sociais, assim a criminalização de uma conduta não
lex stricta ( dentro da restrita legalidade, vedando-se pode ser “sola ratio ou prima rátio”, ou seja, única e
a analogia para tipificar condutas, pois tal analogia primeira forma de punição e sim a última fronteira,
seria in mala partem, vedado pelo direito penal) e porque impões as mais duras sanções.
lex certa (a lei penal deve ser a mais precisa possível,
para evitar interpretações distintas para norma 7) PRINCÍPIO DA FRAGMENTARIEDADE
incriminadoras) Este princípio está ao lado do princípio da
intervenção mínima e da reserva legal, porque o
3) INTRANSCEDÊNCIA: A lei penal estabelece a direito penal não constitui um sistema totalmente
responsabilidade penal personalíssima, ninguém amplo de proteção de proteção a todos os bens
responde pelo crime que outra pessoa praticou, jurídicos, o direito penal tem caráter fragmentário,
quando houver o concurso de agentes na prática de não sancionando todas as condutas que violam bens
um ato criminoso, cada um responde, na medida de jurídicos, mas apenas as condutas mais graves,
sua participação, de sua culpabilidade, motivos e perigosas, contra bens jurídicos mais relevantes.
com suas características pessoais.
Se terceira pessoa é responsável civilmente 8) PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO SOCIAL
pelo autor do ilícito (pai em face do filho menor) Segundo Hans Welzel, o Direito penal deve
pode existir a responsabilidade civil transmissível, tipificar as condutas que tenham relevância social,
porém a responsabilidade será civil e não penal. O caso uma conduta seja socialmente adequada, não há
Estado é responsável pelos atos praticados por seus o que se falar em infração penal, e por isso não se
agentes públicos no exercício de suas funções, reveste de tipicidade, uma conduta socialmente
responsabilidade de caráter indenizatório. adequada é atípica. Para que haja tipicidade em um
comportamento humano, segundo Welzel, deve
4) PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA haver desvalor da ação e desvalor do resultado,
assim se uma conduta mesmo adequando-se
A inocência se presume, devendo o Estado formalmente a um tipo, pode ser atípica por ser
provar a culpa de quem quer que seja acusado da socialmente permitido ou tolerado. Segundo Roberto
prática de infração penal, a pessoa é considerada Bitencour (Tratado de Direito Penal, Vol. 1, Ed.
inocente quando se prova a inocência ou quando não Saraiva, 8ª Edição, pág. 18), o princípio da
se prova a culpa, pois neste segundo caso tratando-se adequação social não só da norma mas também da
de ausência de provas o Estado aplica o princípio do própria conduta contextualizada, é possível chegar-se
favor rei, ou seja, “in dublio pro reo”. a resultados fascinantes, como, por exemplo, no caso
do famigerado “jogo do bicho”, pode-se afastar sua
5) LIMITAÇÃO E INDIVIDUALIZAÇÃO DAS aplicação em relação ao “apontador”, por política
PENAS criminal, mantendo-se a norma plenamente válida
A pena por um único crime é limitada em 30 para punir o “banqueiro”, cuja ação e resultados
anos, podendo ultrapassar essa quantidade se a desvaliosos merecem a censura jurídica.
pessoa for condenada por mais de um crime, porém
quando da unificação cumprirá apenas trinta, salvo se 9) PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
praticar uma nova infração penal após a unificação, Tem como defensor Claus Roxin, quando
momento em que será feita uma nova reunificação. afirma que a tipicidade de uma conduta exige ofensa
A Constituição da República veda as penas de alguma gravidade aos bens jurídicos que a lei
de morte, salvo em caso de guerra; de caráter protege, algumas condutas que atingem bens
perpétuo; cruéis; de trabalhos forçados e de jurídicos são tão pequenas que chegam a irrelevância
banimento. e por isso não constituem ofensa ao bem jurídico
(Ex.: subtrair um bombom das Lojas Americanas),
6) PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA segundo este princípio, também conhecido como
princípio da bagatela, é necessário que haja
proporcionalidade entre gravidade da conduta e o c) Teoria mista ou da ubiqüidade – para
“jus puniendi” do estado, não sendo possível para o essa teoria considera-se praticado o delito tanto no
estado punir uma conduta que não apresenta momento da ação como no momento do resultado.
nenhuma relevância material.
O Código penal adotou a teoria da atividade
Vários outros princípios, como o da ou ação – “ Tempo do crime
irretroatividade penal, retroatividade benéfica penal, CP, Art. 4º - Considera-se praticado o crime no
verdade real, territorialidade, dentre outros serão momento da ação ou omissão, ainda que outro seja
vistos no decorrer da exposição da matéria. o momento do resultado.”
As outras teorias descritas na doutrina - do
II) APLICAÇÃO DA LEI PENAL efeito e a da ubiqüidade, não vigoram no nosso
ordenamento jurídico para o tempo do crime.
Fonte imediata: a aplicação da lei penal
brasileira tem sua aplicação conforme descrito nos 1.2) LEIS NOVAS E SUA MOVIMENTAÇÃO
artigos 1º ao 12 do Código Penal. NO TEMPO

1) APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO TEMPO 1.2.1) IRRETROATIVIDADE DA LEI PENAL -


O princípio básico é do “tempus regit Aplica-se a lei que estava em vigor no momento do
actum”, ou seja, a lei do tempo rege os fatos que crime (teoria da ação), motivo pelo qual se outra lei
aconteceram ao seu tempo. Se um crime de tráfico de vier a entrar em vigor no momento em que o
drogas acontece no dia (02 de setembro de 2007) julgamento se realiza ou no momento em que o autor
será aplicada a lei em vigor nesse dia, qual seja a Lei cumpre sua pena, ela não retroagirá ao dia da
11.343/06 (Lei Antidrogas), não vigora a lei anterior conduta do agente, salvo se benéfica, assim a “lex
Lei 6368/76 (antiga Lei Antitóxicos) e nem uma lei gravior” (lei mais grave) para o réu não retroage,
posterior que venha a revogar a que está em vigor no sendo elas:
dia do fato. a) “Novatio legis” criminalizadora (nova lei que
A lei aplicada é a do momento em que o criminaliza uma conduta que antes não era
crime é praticado. E quanto ao momento do crime considerada criminosa, por exemplo, até maio do ano
temos três teorias. de 2001, o assédio sexual não era crime, motivo pelo
qual se alguém em abril daquele ano, houvesse
1.1)MOMENTO DO CRIME praticado assédio sexual, essa conduta seria
penalmente impunível. Essa regra obedece ao
a) Teoria da ação ou da atividade – princípio da reserva legal.
considera-se praticado o crime no momento da ação b) “Novatio legis in pejus” (nova lei que traz
ou da omissão, embora outro possa vir a ser o prejuízo para o réu) , essa lei não criminaliza a
momento do resultado da prática delitiva. conduta, pois a conduta já é considerada crime,
Por exemplo: Paulo atirou em Antônio dia porém agrava as conseqüências da pratica de um fato
22/07/2007, porém Antônio vem a falecer no dia já considerado crime. Por exemplo, o homicídio
30/07/2007, Paulo responderá por crime de qualificado (artigo 121, parágrafo 2º do CP) não era
homicídio consumado, porém de acordo com a lei considerado crime hediondo até o ano de 1994,
que estava em vigor no dia em que ele atirou em quando então nova lei alterou a redação da Lei
Antônio e não de acordo com a lei do dia em que 8.072/90 (lei dos crimes hediondos), passando o
Antônio morreu, mesmo que neste dia (30/07/2007) homicídio qualificado a fazer parte do rol dos crimes
esteja em vigor outra lei que tenha revogado a hediondos, tendo como conseqüência, além das
anterior, que vigorava no dia 22. sanções já previstas a impossibilidade de anistia,
Essa foi a teoria adotada pela legislação graça ou indulto. Assim, alguém que tenha matado
brasileira. outra pessoa até 1994 (antes da nova lei mais
gravosa) pode ser beneficiado com a anistia, após
b) Teoria do efeito ou do resultado – essa não mais.
teoria considera praticado o crime no momento do
resultado. É a teoria inversa da anterior.
1.2.2). RETROATIVIDADE DA LEI PENAL ultra-agem se forem melhores que as novas leis que
BENÉFICA – A Lei penal não retroage, salvo para podem vir após e serem mais graves.
beneficiar o réu, bem como ninguém poderá ser No caso da lei temporária (lei que tem sua
punido por fato que lei posterior deixa de considerar vigência vinculada a um prazo estabelecido na
crime, cessando em virtude dela, inclusive, a própria legislação) e da excepcional (lei que tem sua
execução da sentença penal condenatória. vigência vinculada a uma circunstância existente),
“Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei como são AUTO-REVOGÁVEIS, a lei deu ultra-
posterior deixa de considerar crime, cessando em atividade a elas que não reconhecem a “abolitio
virtude dela a execução e os efeitos penais da criminis”, conforme expresso no código penal –
sentença condenatória. “Lei excepcional ou temporária - art. 3º - A lei
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer excepcional ou temporária, embora decorrido o
modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos período de sua duração ou cessadas as
anteriores, ainda que decididos por sentença circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao
condenatória transitada em julgado.” fato praticado durante sua vigência.”
Leis que retroagem são as “lex mitior” (leis que
minimizam as conseqüências da prática delitiva). 1.4) SITUAÇÕES DE CRIMES DE EXECUÇÃO
a) “Abolitio Criminis” – é lei nova que PERENE.
descriminaliza a conduta delitiva, sendo que
conforme artigo 2º do CP, acima descrito, se uma lei Aplicação da lei penal em face dos crimes
posterior deixar de considerar o fato como crime, permanente ou continuados.
houve descriminalização, motivo pelo qual não há . Os crimes permanentes, cuja execução se prolonga
mais o que se falar em processo ou execução. ao logo do tempo aplica a lei em vigor no dia em
Exemplo: a lei 11.106/05, alterou o Código Penal, que cessar a permanência delitiva.
revogando parcialmente o diploma legal, tendo . Os crimes continuados, cuja execução se repete ao
alguns crimes, tais como: sedução, adultério e rapto logo do tempo, da mesma forma será aplicada a lei
consensual deixado de ser crime. Assim, se alguém em vigor no dia que cessar a continuidade delitiva.
estivesse sendo processado por sedução, o processo
seria extinto por determinação do artigo 107 do CP. 2) APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO ESPAÇO
b) “Novatio legis in mellius” – é lei penal que não
chega a descriminalizar a conduta, porém melhora as Em relação ao LUGAR DO CRIME a
conseqüências da infração penal para o autor da lei brasileira adotou a teoria mista ou da
infração. Conforme o parágrafo único do artigo 2º, ubiqüidade, ou seja, se ocorrer no Brasil, qualquer
lei posterior que de qualquer modo favorecer o parte da execução (ação ou omissão) do crime ou de
agente, aplica-se aos fatos anteriores. sua consumação, o autor da infração será julgado
Exemplo: A nova Lei Antidrogas, minimizou as pela lei brasileira, em razão do crime ter ocorrido no
conseqüências penais para aquele que seja território nacional, independente da nacionalidade do
encontrado portando drogas proibidas para consumo autor, como regra geral.
próprio, não sendo mais possível nenhuma pena “Lugar do crime – CP, artigo 6º -
privativa de liberdade, antes admitida, nem Considera-se praticado o crime no lugar em que
imposição de prisão em flagrante; autorizando, a ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte,
nova lei, apenas penas alternativas (advertência, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o
prestação de serviços etc), assim, se alguém estiver resultado.”
sendo processado por porte de drogas praticado antes
de outubro de 2006, passou a ser regido pela nova 2.1) TERRITORIALIDADE
Lei 11.343/06 (L. Antidrogas) que entrou em vigor
no dia 7 de outubro de 2006, pois ela retroagirá para Pelo princípio da territorialidade, a lei
beneficiar o réu. brasileira será aplicada para qualquer crime que
ocorra em território nacional, salvo os acordos
1.3) ULTRATIVIDADE DA LEI PENAL internacionais, como é o caso das imunidades
diplomáticas (todos os membros do corpo
As leis mais benéficas para o réu retroagem, diplomático e seus dependentes, pela Convenção de
assim como as leis existentes ao tempo do crime Viena de 1961, são imunes à lei brasileira, o
comportamento deles dentro do território nacional
será julgado de acordo com a lei de seus respectivos Fatos que ocorram em outro país, é
países, sendo a recíproca verdadeira com os nossos assunto do país onde o fato ocorreu, porém se o
diplomatas). fato for previsto como de aplicação penal de lei
Agora, se o sujeito ativo do crime é pessoa brasileira extraterritorialmente, pode existir o
nacional ou estrangeira, praticando o fato no Brasil, processo no Brasil. A aplicação extraterritorial da
responde pela lei brasileira, salvo o detentor de lei brasileira pode ser incondicionada (4
imunidade material por tratado de direito situações) ou condicionada (4 situações e 5
internacional. condições).
Território Nacional - considera-se como
território brasileiro, o solo, sub-solo e espaço aéreo a) EXTRATERRITORIALIDADE -
correspondente que se encontre no limite de nossas INCONDICIONADA
fronteiras com os outros países e até 12 milhas As situações estão descrita no inciso I do
marítimas (mar territorial). artigo 7º do Código penal que prevê:
Existe também o que a lei considera como “CP, artigo 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira,
território brasileiro por extensão ou território embora cometidos no estrangeiro:
ficto que são nossas embarcações ou aeronaves, I - os crimes:
quando fora do Brasil, nos limites do que descreve o a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da
§ 1º do artigo 5º do Código Penal – “ Para os República;
efeitos penais, consideram-se como extensão do b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do
território nacional as embarcações e aeronaves Distrito Federal, de Estado, de Território, de
brasileiras, de natureza pública ou a serviço do Município, de empresa pública, sociedade de
governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem economia mista, autarquia ou fundação instituída
como as aeronaves e as embarcações brasileiras, pelo Poder Público;
mercantes ou de propriedade privada, que se achem, c) contra a administração pública, por quem está a
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou seu serviço;
em alto-mar. d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes domiciliado no Brasil”
praticados a bordo de aeronaves ou embarcações Independente de qualquer condição, se
estrangeiras de propriedade privada, achando-se ocorrer qualquer das situações acima descritas haverá
aquelas em pouso no território nacional ou em vôo a aplicação incondicional da lei brasileira, mesmo
no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou que exista um processo contemporâneo, pelo mesmo
mar territorial do Brasil.” fato no país onde ocorreu, pois neste caso não
Assim se um navio ou um avião brasileiro reconhecemos litispendência internacional.
for:
. Do governo – seja no Brasil, em alto-mar PRINCÍPIOS
ou no exterior, tudo que ocorrer a bordo dele será
considerado território brasileiro. . Princípio da Defesa – quando atingem a figura do
. Particular – seja no Brasil ou em alto-mar, chefe do estado brasileiro (Presidente), caso o bem
tudo que ocorrer a bordo dele será considerado jurídico atingido seja de interesse nacional, como é a
território brasileiro, salvo se o navio ou a aeronave situação dos crimes praticados contra o patrimônio
particular brasileira já estiver em território de outro ou a fé pública dos entes do Brasil e por fim quando
país, sendo deste a competência para julgamento. atingem a moralidade da administração pública do
Nesse dois casos acima segue-se o princípio Brasil. (alíneas a, b e c do inciso I, artigo 7º, CP)
do pavilhão ou da bandeira.
Se o navio ou o avião é estrangeiro e estiver . Princípio da Justiça Universal - Ocorre em razão
no Brasil, tudo que ocorre a bordo dele é considerado de poder ser aplicada a lei de qualquer país a fatos
território brasileiro, salvo se ele for do governo que ocorreram em outros países, como é o caso do
estrangeiro, pois nesse caso é território estrangeiro genocídio que será aplicada a lei brasileira,
por extensão, para eles. incondicionalmente, onde quer que tenha ocorrido,
desde que o agente seja brasileiro ou residente no
2.2) EXTRATERRITORIALIDADE Brasil. Alguns doutrinadores do direito penal
entendem que, inclusive, quando o crime for de
genocídio o princípio adotado em primeiro lugar é o
da defesa e posteriormente da justiça universal. 3) PENA CUMPRIDA NO ESTRANGEIRO

b) EXTRATERRITORIALIDADE Pode ser que ocorram dois ou mais processos


CONDICIONADA pela prática de um único crime, em se tratando de
territorialidade por ubiqüidade e extraterritorialidade
SITUAÇÕES incondicionada, pois o país estrangeiro onde ocorreu
parcialmente ou totalmente o fato também tenha
“CP, artigo 7º, inciso II - os crimes: legislação tendente à aplicação da lei estrangeira e
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se assim haverá uma punição no exterior e uma no
obrigou a reprimir; Brasil, assim, obedecendo a um princípio de direitos
b) praticados por brasileiro; humanos a legislação brasileira faz uma espécie de
c) praticados em aeronaves ou embarcações detração penal, se a pena, pelo mesmo fato foi
brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, cumprida no exterior, conforme descrição do artigo
quando em território estrangeiro e aí não sejam 8º.
julgados. “ CP - Art. 8º - A pena cumprida no
Alínea “a” – princípio da justiça universal. estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo
Alínea “b” – princípio da nacionalidade mesmo crime, quando diversas, ou nela é
ativa. computada, quando idênticas.”
Alínea “c” – princípio da representação.
4) EFICÁCIA DE SENTENÇA ESTRANGEIRA
CONDIÇÕES (requisitos que devem ser
observados para que haja possibilidade de se A lei brasileira não permite a homologação
aplicar a lei brasileira ao fato ocorrido no de sentença estrangeira para fins de aplicação de
exterior) pena privativa de liberdade, porém quando se tratar
de reparação civil ou medida de segurança há
“ CP, artigo 7º, § 2º - Nos casos do inciso II, a possibilidade, conforme descreve o artigo 9º do CP
aplicação da lei brasileira depende do concurso das “sentença estrangeira, quando a aplicação da lei
seguintes condições: brasileira produz na espécie as mesmas
a) entrar o agente no território nacional; conseqüências, pode ser homologada no Brasil
b) ser o fato punível também no país em que foi para:
praticado; I - obrigar o condenado à reparação do dano, a
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a restituições e a outros efeitos civis;
lei brasileira autoriza a extradição; II - sujeitá-lo a medida de segurança.
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou Parágrafo único - A homologação depende:
não ter aí cumprido a pena; a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, parte interessada;
por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, b) para os outros efeitos, da existência de tratado de
segundo a lei mais favorável.” extradição com o país de cuja autoridade judiciária
emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de
MAIS UMA SITUAÇÃO e DUAS OUTRAS requisição do Ministro da Justiça.
CONDIÇÕES A homologação de sentença estrangeira no
Brasil é decisão do STJ (na figura de seu Presidente)
“CP, artigo 7º, § 3º - A lei brasileira aplica-se que permite a nacionalização de uma sentença
também ao crime cometido por estrangeiro contra estrangeira, com o objetivo de ser executada no
brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições território nacional.
previstas no parágrafo anterior:
a) não foi pedida ou foi negada a extradição; 5) APLICAÇÃO DA LEI E AS IMUNIDADES
b) houve requisição do Ministro da Justiça.” DIPLOMÁTICAS E PARLAMENTARES
Este parágrafo obedece ao princípio da
nacionalidade passiva.
a) Os representantes diplomáticos têm Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do
imunidade absoluta, em relação aos crimes prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo
praticados no país em que se acha acreditado, calendário comum.
responde pela lei do país que representa, só sendo
possível a renúncia à imunidade da jurisdição pelo Frações não computáveis da pena
país acreditante. Assim o embaixador, os secretários, Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de
técnicos e pessoal administrativo das representações liberdade e nas restritivas de direitos, as frações de
diplomáticas no Brasil, bem como seus filhos, pela dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro.
Convenção de Viena, de 1961, que foi aprovada pelo
Brasil (Dec. Legislativo 103/63, ratificada em 65), Na contagem do prazo penal inclui-se o
têm imunidade diplomática, podemos destacar primeiro dia, de acordo com o calendário comum,
também a imunidade de Chefe de Estado sendo o dia útil ou não útil, desprezando-se o último
Estrangeiro, assim recebido no Brasil e os membros dia, diferentemente do prazo processual penal que
de sua comitiva. Quanto aos empregados particulares inclui o dia do começo e computa-se o dia do final (o
das embaixadas, não são detentores de imunidade, último) levando-se em consideração e que inclusive
quando ao pessoal . Imunidade não é sinônimo, neste tem prorrogação para dias úteis (começo e final).
caso, de impunidade, o agente diplomático responde
pela lei de seu mais. Legislação especial
Os cônsules e funcionários consulares, só Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se
têm imunidade em relação às ações praticadas no aos fatos incriminados por lei especial, se esta não
exercício de suas funções, no limite do distrito dispuser de modo diverso.”
consular. Se a atividade consular for de caráter
honorário, não terá imunidade, nem por atos 6) CONFLITO APARENTE DE NORMAS
praticados no exercício da função. Os familiares,
dependentes do cônsules ou funcionários consulares Ocorre quando uma mesma conduta é
não têm imunidade. descrita como fato típico em mais de uma norma
Os territórios das embaixadas, embora penal, tendo assim um aparente conflito, porém
protegidos da atuação judicial brasileira, não são como já mencionado o conflito é apenas aparente,
considerados territórios internacionais, caso ocorra pois uma norma prevalece sobre a outra na aplicação
um crime no território de uma embaixada no Brasil e quando a tipificação do caso concreto
o autor da infração não for detentor de imunidade
será aplicada a lei brasileira, pelo princípio da A solução dos aparentes conflitos se dá
territorialidade. através dos princípios ou critérios.

b) Os parlamentares têm imunidade interna a) Princípio da especialidade - a lei especial tem


de caráter absoluto, por palavras, votos e opinião aplicação prevalente sobre a lei geral, ou seja, as leis
quanto do exercício de mandato, não podendo especiais (Ex.: Lei de Drogas – 11.343/06, Lei de
responder civil ou criminalmente por isso. Armas 10.826/03, dentre outras) terá aplicação sobre
Os processos criminais contra parlamentares, o Código Penal, a especialidade de verifica por uma
quando instaurados, no foro competente, pode ser particular circunstância, do objeto, da pessoa para
sustado pela Casa Legislativa que o parlamentar adequar para uma maior e menor severidade em
serve. relação à sanção. (Lex specialis derogat generali).
A prisão do parlamentar só ocorrerá se em Porém como descreve o artigo 12 do Código Penal,
flagrante delito de crime inafiançável e a que as regras do CP aplicam-se aos fatos
comunicação da prisão deverá ser feita a Casa incriminados na lei especial, quando omissos, ou
Legislativa, para que esta decida por maioria, no seja, quando não há expressa disposição em
prazo de 24h, sobre a prisão. contrário.
b) Princípio da Subsidiariedade – também
6) CONTAGEM, FRAÇÕES NÃO conhecido como tipo de reserva, considera-se uma
COMPUTÁVEIS E LEIS ESPECIAIS conduta típica subsidiária de outra típica principal,
quando a primeira integra o tipo penal principal,
“Contagem de prazo afastando assim a aplicação de pena para o tipo
subsidiário, podendo a subsidiariedade ser explícita contravenção, a infração penal a que a lei comina,
ou implícita. Por exemplo: matar alguém (art. 121 isoladamente, penas de prisão simples ou de multa,
“caput” do CP), como matar é a interrupção violenta ou ambas, alternativa ou cumulativamente”.
da vida de alguém a lesão corporal, integra o tipo Entretanto a doutrina tenta achar pontos de
penal principal, como subsidiário do principal, que é divergência para uma diferenciação mais acentuada.
matar através, sempre, da lesão corporal. Aqui . Diferenças entre crime e contravenção
verifica-se tipos que contêm outros tipos.
c) Princípio da Consunção – observa o critério da Como dito acima, os doutrinadores não
absorção, ou seja, crime maior abarca o crime-meio identificam uma diferença essencial entre crime, que
para o crime fim, não se confunde com a também pode ser chamado de delito ou a
subsidariedade, porque nesta o tipo subsidiário é contravenção. A contravenção, apelidada por alguns
obrigatório para existência do crime. Na consunção o doutrinadores como “crime-anão” assim como o
fato principal absorve o fato meio, que não delito é a violação de um bem jurídico de terceiro
necessariamente deva existir para caracterizar o (patrimônio, tranqüilidade, paz social, liberdade,
crime, porém se foi a forma de execução o fim etc).
abarca o meio. Por exemplo, ocorre consunção: A contravenção constituiu um fato típico:
quando o homicídio abarca o porte ilegal de arma, o comportamento do agente ativo do crime, ativo ou
estelionato abarca a falsificação de documento omissivo, descrito como contravenção. E que seja
(súmula 17 do STJ) ou quando o furto abarca a antijurídico, não acobertado por uma excludente de
violação de domicílio. ilicitude ou antijuridicidade.
d) Princípio da alternatividade – no momento em
que o legislador aplica a o crime mais grave A lei brasileira só pune a contravenção
(subsdiariedade) ou o crime principal (consunção) praticada no território nacional, enquanto o crime
afasta a aplicação dos outros tipos subsidiários ou admite extraterritorialidade em alguns casos de
meios, não havendo necessidade assim da forma condicionada ou incondicionada (art. 7º do
alternatividade, pois o juiz é obrigado a aplicar os CP).
princípios citados, entretanto quando nos temos um Não é punível a tentativa de contravenção, só
crime de conteúdo variado ou ação múltipla, por há punição quando o fato já se consumou, sendo
exemplo, Art. 33 da Lei 11.343/06 – considera-se que a consumação se dá quando se reúnem na
tráfico, importar, exportar, remeter, fabricar, conduta do agente todos os elementos do tipo
produzir, preparou, transportar, dentro outros núcleos contravencional. ( Art. 2° e 4° da LCP, Dec.-Lei
de conduta típica, assim, se o autor fabricou, 3688/41), ao contrário do crime que após iniciada a
preparou e está transportando para o exterior a execução, mesmo que o fato não venha a ser
substância ilícita entorpecente, dentro de um mesmo consumado, haverá a punição relativa ao crime, com
contexto fático, o juiz irá utilizar o critério da diminuição de 1/3 a 2/3 (Art. 14, inc. II do CP).
alternatividade, sendo que se ele tipificar a conduta Para a existência do crime a conduta
do tráfico pela comprovação da fabricação estarão voluntária do agente deve ser analisa além da
afastados os outros núcleos de conduta típica. finalidade dolosa ou culposa da conduta. A
contravenção, segundo o art. 3º da LCP para sua
III) INFRAÇÃO PENAL existência, basta provar a ação ou omissão
voluntária, sendo que o dolo ou a culpa não precisão
1) ESPÉCIES DE INFRAÇÃO ser provados, salvo se a lei faz depender, de um ou
de outro para efeitos jurídicos.
As infrações penais no Brasil se dividem em O crime, via de regra, é apurado mediante
crimes e contravenções, não existe uma divisão real ação penal pública incondicionada, mas pode ter
do ponto de vista conceitual entre as duas espécies de ação pública condicionada e até mesmo ação de
infração, a visão diferenciada que se faz é relativa à iniciativa exclusivamente privada, enquanto para as
aplicação da pena descrita no artigo 1º da Lei de contravenções a ação penal é sempre pública,
Introdução ao Código Penal “Considera-se crime a devendo a autoridade proceder de ofício.
infração penal a que a lei comina pena de reclusão ou
detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou 2) SUJEITOS DA INFRAÇÃO PENAL
cumulativamente com a pena de multa; 2.1) SUJEITO ATIVO
É o autor da infração o sujeita que tem a ação O sujeito passivo material (eventual) é o
ou omissão prevista no tipo penal, o sujeito deve ter titular do bem jurídico diretamente lesado pela
personalidade, motivo pelo qual animais não podem conduta do sujeito ativo.
ser sujeitos de crime. O sujeito passivo formal ou constante é
Quando a lei exige uma condição específica sempre o Estado, que entra como uma espécie de
do autor, como ser funcionário público, ser homem, vítima secundária o titular direto do bem jurídico.
ser a mãe, etc, temos o que os doutrinado chamam de Exemplos: homicídio, furto, roubo (artigos 121, 155
crimes próprios quanto ao sujeito ativo, sendo e 157 do CP).
exemplos de crimes próprios o peculato (art. 312 do O crime vago quanto ao sujeito passivo é
CP) que exige que o sujeito ativo seja funcionário aquele em que não há uma vítima direta, pessoa
público ou o infanticídio (art. 123 do CP) o qual titular do bem jurídico, sendo que neste caso o
exige que o sujeito ativo seja a mãe. Estado é o único titular do bem jurídico protegido.
A pessoa jurídica como sujeito ativo de Exemplos: tráfico de drogas (art. 33 da Lei
crime: Segundo Guilherme de Souza Nucci há duas 11.343/06) crimes ambientais (Lei 9.605/98).
correntes quando se trata da analise da pessoa
jurídica como sujeito ativo do crime, a primeira que
não admite afirma que a pessoa jurídica não tem EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
vontade suscetível de configurar o dolo ou a culpa,
indispensáveis para o direito penal moderno, que é a 01 (CESPE/AG.POL.) Julgue os itens abaixo:
culpabilidade (nullum crimen sine culpa) afirma, I. A lei posterior que de qualquer modo
ainda, essa corrente que a Constituição Federal não favorece o agente, aplica-se aos fatos anteriores,
autoriza a responsabilidade penal da pessoa jurídica, inclusive aos já decididos por sentença condenatória
pois os dispositivos citados (art. 173, §5º e art. 225, transitada em julgado.
§3º) são meramente declaratórios, com sanções civis II. Aplica-se a lei brasileira,
e administrativas e unicamente à pessoa física a indiscriminadamente, a todos os crimes cometidos
possibilidade de sanções penais. A segunda corrente no território nacional.
entende que a pessoa jurídica pode responder pela III. O princípio da ultra-atividade da lei é
prática de um delito, pois têm vontade, não somente estranho ao Direito Penal.
porque têm existência real, mas porque “elas fazem IV. Sujeita-se à lei brasileira,
com que se reconheça, modernamente, sua vontade, incondicionalmente, o crime contra a Administração
no sentido próprio que se atribuiu ao ser humano, Pública praticado no exterior por quem está a seu
resultante da própria existência natural, mas em um serviço.
plano pragmático-sociológico, reconhecível V. Sujeita-se à lei brasileira, condicionalmente,
socialmente. Essa perspectiva permite a criação de o crime de genocídio praticado por brasileiro, no
um conceito novo denominado “ação delituosa estrangeiro.
institucional”, ao lado das ações humanas Assinale a opção correta.
individuais”(Sérgio Salomão Shecaria) , e para estes A Apenas o item I está certo.
defensores os artigos constitucionais mencionados B Apenas os itens I e IV estão certos.
(173 e 225) são expressos ao admitir a C Apenas os itens II e V estão certos.
responsabilidade penal da pessoa jurídica, D Apenas os itens II, III e IV estão certos.
sustentando a viabilidade de a pessoa jurídica E Apenas os itens II, III e V estão certos.
responder por crime temos a reserva legal prevista na
Lei que trata dos crimes ambientais (Lei 9605/98). 02. Analise a seguinte situação hipotética:
Os elaboradores de provas de concurso se Tristão e Isolda, brasileiros, respectivamente marido
posicionam no sentido de haver a possibilidade da e mulher, embarcam em um navio brasileiro de
pessoa jurídica delinqüir, porém vai depender de turismo para uma 2ª lua de mel. Durante a viagem
como é a assertiva será apresentada na questão. Isolda descobre que Tristão mantinha um
relacionamento amoroso com sua secretária no
2.2) SUJEITO PASSIVO Brasil, inconformada, Isolda sai da suíte do casal e
solicita uma suíte individualizada, o que foi atendido
É a vítima, pessoa titular do bem jurídico que pelo comandante do navio . O navio se encontra em
foi violado, a vida, liberdade, patrimônio, honra, etc. mar territorial estrangeiro em uma das praias de
Cancum no México. Tristão invade a cabine onde a grave.
esposa se encontrava e com ela mantém relação E O momento do crime será o da sua
sexual não consentida, mediante violência, alegando consumação, que, no caso, ocorreu no mês de
que ela era sua esposa e que não retornaria ao Brasil fevereiro. Seria aplicável a pena prevista na antiga
sem realizar o que fora acordado antes da viagem, ou legislação, posto tratar-se de aplicação ulterior de lei
seja, manterem relações sexuais. Com base na mais branda.
situação hipotética apresentada analise os itens
abaixo. 04 (CESPE/AG. PENIT/PCDF) Acerca dos
a. Se o fato de manter relações sexuais com a princípios que regem a aplicação da lei penal do
própria esposa, não for considerado estupro no tempo, assinale a opção correta.
México, mesmo que haja violência para a cópula, A Ninguém pode ser punido por fato que lei
não haverá possibilidade de o fato ser punido no posterior deixa de considerar crime, mas em virtude
Brasil. dela não cessará a execução da sentença penal
b. O crime não será punido no Brasil, nem será condenatória, se já iniciada.
punido no México, pois o coito carnal é uma B A lei posterior que de qualquer modo
obrigação civil do casamento, não sendo admitida a favorecer o agente aplica-se aos fatos anteriores,
ação penal por estupro na constância do casamento. desde que ainda não decididos por sentença penal
c. O país inicialmente competente para julgar e transitada em julgado.
processar Tristão será o Brasil, tendo em vista o C A lei posterior mais gravosa para o agente
autor de o crime ser brasileiro e a vítima ser retroagirá para alcançar os fatos anteriores à sua
brasileira, invocando-se o princípio da vigência, desde que ainda não decididos por sentença
nacionalidade, bem como o navio ser brasileiro, penal condenatória transitada em julgado.
havendo possibilidade de se invocar o princípio do D As leis excepcionais e as leis temporárias são
pavilhão ou da bandeira. ultra-ativas, pois são aplicadas aos fatos praticados
d. O país competente para processar e julgar Tristão durante suas vigências, mesmo depois de revogadas.
será o México, porém se o fato não for julgado E O enunciado segundo o qual “não há crime
naquele país, mesmo que lá sendo considerado sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia
crime, poderá o processo, ser realizado pela Justiça cominação legal” corresponde ao princípio da
brasileira, desde que o agente entre em território legalidade, que não foi acolhido pela lei penal
nacional, dentre outras condições. brasileira.

03 (CESPE/MPU) Em janeiro de 2005, estando 05 (CESPE/ESC. POL. FED) Julgue os itens


em Fortaleza, Pedro remeteu, por via postal, para seguintes.
Gabriel, que mora em Brasília, pacote contendo 1 A individualização e a intranscedência ou
artefato explosivo. O artefato somente chegou a personalidade da pena são princípios constitucionais
seu destinatário no mês seguinte. Entre a data da de Direito Penal.
remessa e o recebimento, entrou em vigência lei 2 Apesar de expirado o prazo de duração de
que agravou a punição aplicável à conduta de uma lei temporária, ela será aplicada aos fatos
Pedro. Em face dessa situação hipotética, assinale constituídos à época da sua vigência.
a opção correta. 3 No que concerne à aplicação espacial da lei,
A Será aplicável a Pedro a pena mais grave o Código Penal (CP) adotou o princípio geral da
prevista na nova lei, haja vista o resultado ter-se territorialidade temperada, segundo o qual a lei penal
produzido quando esta já havia entrando em vigor. brasileira é aplicável às infrações cometidas no
B Será aplicável a Pedro a pena mais grave. território brasileiro, independentemente da
Ainda que se considere que o momento da prática do nacionalidade do autor ou da vítima do delito,
crime tenha sido o da remessa do pacote, aplica-se ressalvados as convenções, os tratados e as regras do
retroativamente a nova legislação. Direito Internacional.
C Considera-se que o crime foi praticado 4 Segundo a teoria da ubiqüidade, legalmente
apenas em Brasília, em face do seu resultado. acolhida para a determinação do lugar do crime,
D Será aplicável a Pedro a pena prevista na lei considera-se como tal aquele em que ocorreu a ação
vigente na data da remessa do artefato. Não se aplica ou o resultado.
a nova lei porque a punição nela prevista é mais 5 Conforme o CP considera-se como tempo do
crime aquele em que ocorreu o resultado. Nessa circunstância, na hipótese de José ser
condenado, não incidirá a causa geral de diminuição
06 (Del.pol. SP/2000) da pena.
01) A chamada abolitio criminis faz cessar, em
virtude dela, D. Se, no interior de uma aeronave das Forças
a. a execução da sentença condenatória, mas não os Armadas do Brasil, no aeroporto internacional de
seus demais efeitos penais. Buenos Aires, Argentina, um cidadão Brasileiro
b. a execução da pena em relação ao autor do crime, praticar um homicídio, a esse caso aplicar-se-á a lei
mas este benefício não se estende aos eventuais co- penal Argentina, em face do princípio da
autores ou partícipes. territorialidade.
c. os efeitos penais da sentença condenatória, mas
não a sua execução. E. Se, em águas territoriais brasileiras, no interior de
d. a execução e os efeitos penais da sentença um navio mercante que ostente a bandeira Argentina,
condenatória. um cidadão argentino praticar um crime de estupro
contra uma tripulante, a essa situação aplicar-se-á a
07. (Cespe. Papiloscopista/PCDF /2000) Acerca lei penal Argentina, em face da bandeira ostentada
da aplicação da lei penal no penal e no espaço, pela embarcação.
assinale a opção correta.
A. Considere a seguinte situação hipotética. 08. (Cesp/Procurador Autárquico) Bruno viajou
Antônio manteve conjunção carnal com ao Paraguai e lá adquiriu várias mercadorias
Maria, que contava com treze anos de idade. Na proibidas. Na época estava em vigor a Lei 02/99, que
época, estava em vigor a Lei n 2.345/62, segundo a tipificava como crime de contrabando importar ou
qual haveria a presunção de violência se a ofendida exportar mercadoria proibida, cominando-lhe pena
fosse menor de quatorze anos. Após Antônio ser de um a quatro anos de reclusão. A Polícia Federal
condenado definitivamente pelo crime de estupro, apreendeu as mercadorias alienígenas, por estarem
entrou em vigor a lei n 9.990/00, segundo a qual, desacompanhadas de documento legal. Bruno foi
para se caracterizar a violência presumida, a vítima preso em flagrante e processado pela prática de
teria de possuir até dez anos de idade. contrabando. Ao ser proferida a sentença, estava em
Nessa situação, a lei nova deverá retroagir, vigor a lei 10/01, que tipificava o mesmo fato como
fazendo desaparecer o crime e acarretando a extinção crime, cominando-lhe uma pena de um a dois anos
da punibilidade. de detenção.

B. Considere a seguinte situação hipotética. Em face da situação apresentada, julgue os itens a


Pedro, por motivo torpe, praticou um crime seguir:
de lesões corporais na vigência da Lei nº 2.345/61.
Durante o processo-crime, entrou em vigor a Lei nº A. Caso seja julgada procedente a pretensão punitiva
9.990/00, que acrescentou o motivo torpe como do Estado, a lei a ser aplicada será a de nº 02/99,
circunstância agravante, não prevista anteriormente. diante do princípio tempus regit actum.
Nesse caso, na hipótese de Pedro ser B. Supondo que Bruno fosse japonês e estivesse a
condenado, incidirá a circunstância agravante na turismo no Brasil há apenas dois dias, a falta de
dosimetria da pena. conhecimento da regra de proibição poderia levar a
exclusão da culpabilidade, se inevitável, ou reduzir o
C. Considere a seguinte situação hipotética. juízo de censurabilidade, se evitável.
José praticou um crime de furto na vigência C. Se Bruno for condenado e, durante a execução da
da Lei nº 2.345/62. Antes do término do inquérito reprimenda, surgir a Lei 20/99, que deixe de
policial José restituiu voluntariamente todos os considerar crime a sua conduta, deverá ser decretada
objetos subtraídos. Nesse ínterim, entrou em vigor a a extinção da punibilidade, cessando os efeitos
Lei 9.990/00, que prevê como causa geral de penais e civis da sentença condenatória.
diminuição de pena a restituição da coisa até o D. Na hipótese de ser funcionário diplomático da
recebimento da denúncia, por ato voluntário do Hungria, a serviço no Brasil em razão da imunidade
agente, tida na lei anterior como atenuante. diplomática Bruno não ficará sujeito à jurisdição
criminal do país em que se acha acreditado.
2) Consideram-se extensão do território nacional as
09 – (Delegado de Policia Civil – PA – 2006 – embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza
Cespe). Julgue os itens seguintes, com relação aos pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer
princípios constitucionais de direito penal: que se encontrem.
I- A decisão acerca da regressão de regime deve ser 3) É aplicável a lei brasileira aos crimes praticados à
calcada em procedimento no qual sejam obedecidos bordo de embarcações estrangeiras de propriedade
os princípios do contraditórios da ampla defesa, privada que se encontrem em alto mar.
sendo sempre que possível indispensável a 4) Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos
inquirição, em juízo, do sentenciado. no estrangeiro, os crimes que, por tratado ou
II- A vigente Constituição da República, obediente a convenção, o Brasil se obrigou a reprimir.
tradição constitucional, reservou exclusivamente a lei Assinale a alternativa correta:
anterior a definição dos crimes, das penas a) Somente as afirmativa 1 e 2 são verdadeiras
correspondentes e a conseqüente disciplina de sua b) Somente as afirmativa 1, 2 e 4 são verdadeiras
individualização. c) Somente as afirmativa 1 , 2 e 3 são verdadeiras
III- O principio da presunção de inocência proíbe a a) Somente as afirmativa 3 e 4 são verdadeiras
aplicação de penas cruéis que agridam a dignidade da a) Somente as afirmativa 2 e 3 são verdadeiras
pessoa humana.
IV- Em virtude do principio da irretroatividade in 12 – (Delegado de policia – ACRE – 2008 –
pejus, somente o condenado é que terá de se CESPE). Ocorre conflito aparentemente de
submeter à sanção que lhe foi aplicada pelo Estado. normas penais quando ao mesmo fato parecem se
aplicáveis duas ou mais normas (ou tipos). A
A quantidade de itens certos é igual a: solução do conflito aparente de normas dá-se pelo
a) 1 emprego de alguns princípios (ou critérios), os
b) 2 quais ao tempo em que afastam a incidência de
c) 3 certas normas, indicam aquela que deverá
d) 4 regulamentar o caso concreto. Os princípios que
solucionam conflitos aparente de normas, segundo
10 – (Policia Civil – MG – 2007 – ACADEPOL). a doutrina penal são: o da especialidade, o da
Sobre a lei penal, é correto afirmar que: subsidiariedade, o da consumação e o da
A) São espécies de extra-atividade da lei penal a alternatividade.
retroatividade in malam partem e a ultra-atividade. Acerca do princípio da especialidade, todas as
B) A lei temporária é exceção ao princípio da alternativa estão corretas, exceto a:
irretroatividade da lei penal, sendo ela ultra-ativa A) O princípio da especialidade determina que tipo
C) A abolitio criminis equivale à extinção da penal especial prevalece sobre o tipo penal de caráter
punibilidade dos fatos praticados anteriormente à geral afastando, desta forma, o bis in idem pois a
edição da nova lei e faz cessar todos os efeitos penais conduta do agente só é enquadrada na norma
e civis da sentença condenatória transitada em incriminadora especial, embora também estivesse
julgado. descrita na geral.
D) Em matéria de prescrição, assim como para B) Para saber qual norma é geral e qual é especial é
determinação do tempo do crime, a teoria adotada preciso analisar o fato concreto praticado, não
pelo Código Penal é a da Atividade. bastando que se comparem abstratamente as
descrições contidas nos tipos penais.
11– (Delegado de Policia – SC – 2008 – ACAFE). C) A comparação entre as leis não se faz da mais
Diz o art. 5º do Código Penal: “Aplica-se a lei grave para a menos grave, nem da mais completa
brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e para menos completa. A norma especial pode
regras de direito internacional, ao crime cometido descrever tanto um crime mais leve quanto um mais
no território nacional” Sobre a lei penal no grave.
espaço, considere as seguintes afirmativas: D) O princípio da especialidade é o único previsto
1) Como regra, são submetidos à lei brasileira os expressamente no Código Penal.
crimes cometidos dentro da área terrestre, do espaço
aéreo e das águas fluviais e marítimas.
13 – (Delegado de policia – ACRE – 2008 – d) Quem, de forma consciente e deliberada, se serve
CESPE). Analise as alternativas a seguir. Todas de pessoa inimputável para a prática de uma conduta
estão corretas exceto a: ilícita é responsável pelo resultado na condição de
A) O ordenamento penal brasileiro é aplicável, em autor mediato.
regra, ao crime cometido no território nacional. O
Brasil adotou o princípio da territorialidade
temperada: aplica-se a lei brasileira ao crime 16 - (Escrivão de Policia – ES. – 2006 – CESPE).
cometido no Brasil, mas não de modo absoluto, pois Julgue os itens a seguir, relativos às normas gerais
ficaram ressalvadas as exceções constantes de e especiais de direito penal e processual penal.
convenções, tratados e regras de direito a) Há crimes em que a pessoa será, ao mesmo tempo,
internacional. o sujeito ativo e o sujeito passivo do delito em face
B) Quanto ao tempo do crime, o Código Penal da sua própria conduta. Assim, se o indivíduo lesa o
brasileiro adotou a teoria da atividade, isto é, próprio corpo para receber o valor de seguro, ele é
considera-se praticado o crime no momento da ação sujeito ativo de estelionato e passivo em face do
ou omissão, ainda que seja outro o momento do dano resultante à sua integridade física.
resultado. b) Em face da adoção do critério tricotômico, no
C) A prescrição, antes de transitar em julgado a Brasil, o gênero infração penal comporta três
sentença final, começa a correr do dia em que o espécies: crime, delito e contravenção.
crime se consumou.
D) A lei excepcional ou temporária, embora 17 - (Escrivão de Polícia – Acre – 2008 –
decorrido o período de sua duração ou cessadas as CESPE)Em cada um dos itens abaixo, é
circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato apresentada uma situação hipotética seguida de
praticado após a sua vigência. uma assertiva a ser julgada, a respeito da lei penal
no tempo e no espaço.
14 - (Delegado de Policia - TO - 2008 – CESPE). a) No dia 21 de outubro de 2003, Amanda praticou
Analise a assertiva a seguir crime de adultério, vindo a ser condenada
Perante o Código Penal vigente, são três as espécies definitivamente, no dia 3 de dezembro de 2003, à
de penas: privativas da liberdade, restritivas de pena de 30 dias de detenção. Posteriormente, no ano
direitos e multa. de 2005, sobreveio uma lei que deixou de considerar
o adultério como crime. Nessa situação, como
15 - (Delegado de Policia - TO - 2008 – CESPE) Amanda já havia sido condenada por sentença
Acerca dos princípios constitucionais que condenatória transitada em julgado, sua situação
norteiam o direito penal, da aplicação da lei penal jurídico-penal não será alterada, de forma que, se
e do concurso de pessoas, julgue os itens: vier a praticar novo crime, será considerada
a) Prevê a Constituição Federal que nenhuma pena reincidente.
passará da pessoa do condenado, podendo a b) Em 10 de outubro de 2007, Caio desferiu cinco
obrigação de reparar o dano e a decretação de disparos de arma de fogo em direção a Túlio, com
perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas intenção de matar. Túlio entrou em coma e veio a
aos sucessores e contra eles executadas, até o limite falecer no dia 10 de janeiro de 2008. Nessa situação,
do valor do patrimônio transferido. Referido considera-se tempo do crime o dia 10 de outubro de
dispositivo constitucional traduz o princípio da 2007.
intranscendência. c) Petrônio ofendeu a integridade física de Régis,
b) Considere que um indivíduo seja preso pela causando-lhe lesões corporais, em crime praticado a
prática de uma nova lei torne mais branda a pena bordo de aeronave norte-americana de propriedade
para aquele delito. Nessa situação, o indivíduo privada que estava em vôo no espaço aéreo
cumprirá a pena imposta na legislação anterior, em brasileiro. Nessa situação, não se aplica a lei penal
face do princípio da irretroatividade da lei penal. brasileira, mas, sim, a norte-americana.
c) Na hipótese de o agente iniciar a prática de um
crime permanente sob a vigência de uma lei, vindo o 18 (Investigador de Polícia – RJ – Cesgranrio –
delito a se prolongar no tempo até a entrada em vigor 2005). É compatível com o Estado de direito e o
de nova legislação, aplica-se a última lei, mesmo que princípio da legalidade:
seja a mais severa. A) proibir edição de normas penais em branco.
B) criar crimes, fundamentar ou agravar penas que não seja previsto como crime em seu país de
através da aplicação de analogia. origem, poderá ser processado e julgado no Brasil.
C) criar crimes e penas com base nos costumes. II - O embaixador de um país estrangeiro que
D) fazer retroagir a lei penal para agravar as penas de praticar um crime contra a vida do presidente da
crimes hediondos. República Federativa do Brasil, neste país, deverá ser
E) proibir incriminações sem vítima direta. processado e julgado segundo as leis brasileiras.
III - Ao crime praticado em sede de embaixada
19 - (Agente de Policia Civil – TO – CESPE – estrangeira no Brasil, por causa da imunidade
2008). Analise a assertiva abaixo diplomática, não se aplica a lei penal brasileira.
O enunciado segundo o qual “não há crime sem lei IV - Segundo entendimento do STF, no caso de
anterior que o defina, nem pena sem prévia ofensa à honra de terceiro de autoria de parlamentar,
cominação legal” traz insculpidos os princípios da só haverá imunidade parlamentar se essa conduta
reserva legal ou legalidade e da anterioridade. tiver nexo funcional com o cargo que o parlamentar
desempenha, ainda quando se trate de ofensa
20 - (Agente de Policia Civil – TO – CESPE – inrrogada dentro do parlamento.
2008). Considere a seguinte situação hipotética. A quantidade de itens certos é igual a
Célio, penalmente imputável, praticou um crime para a) 0.
o qual a lei comina pena de detenção de 6 meses a 2 b) 1.
anos e multa e, após a sentença penal condenatória c) 2.
recorrível, nova lei foi editada, impondo para a d) 3.
mesma conduta a pena de reclusão de 1 a 4 anos e e) 4.
multa. Nessa situação, a nova legislação não poderá
ser aplicada em decorrência do princípio da 23 - (Juiz Substituto/TJMG/ Fundep/2007) A
irretroatividade da lei mais severa. abolitio criminis, também chamada novativo legis,
faz cessar:
21. (Juiz Substituto/TJPI/UnB/ CESPE – 2007) A) os efeitos secundários da sentença condenatória,
Acerca dos tipos de crime e contravenções e das mas não a sua execução.
respectivas penas, assinale a opção correta. B) a execução da pena e também os efeitos
A) Quanto à punibilidade da tentativa, o Código secundários da sentença condenatória.
Penal adotou a teoria objetiva temperada, segundo a C) somente a execução da pena.
qual a pena para a tentativa deve ser, salvo expressas D) a execução da pena em relação ao autor do crime.
exceções, menor que a pena prevista para o crime Entretanto, tratando-se de benefício pessoal, não se
consumado. estende aos co-autores do delito.
B) Nas contravenções penais, a tentativa é punida
com a pena da contravenção consumada diminuída 24) - (ESAF-AGU) - "A", imputável, comete
de um a dois terços. contravenção penal depois de haver praticado um
C) A consumação dos crimes formais ocorre com a crime. Depois de definitivamente condenado por
prática da conduta descrita no núcleo do tipo, contravenção penal, pratica outro crime.
independentemente do resultado naturalístico, que, A hipótese caracteriza:
caso ocorra, será causa de aumento de pena. a) reincidência de contravenção e crime
D) Nenhum ato preparatório de crime é punível no b) reincidência de crime e crime
direito penal brasileiro. c) reincidência de crime e contravenção
E) Nos casos de crimes omissivos próprios, que são d) reincidência de contravenção e contravenção
aqueles que produzem resultado naturalístico, e) inexistência de reincidência
admite-se a tentativa.
25) (Cespe/Unb-Delegado de Pol. Federal/2004)
22 - (Juiz Substituto/TJPI/UnB/ CESPE – 2007) A No item a seguir, é apresentada uma situação
respeito das imunidades diplomática, hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada.
parlamentar e judiciária, julgue os seguintes itens. 1. Um delegado de polícia federal determinou
I - Segundo a intraterritorialidade, se um funcionário abertura de inquérito para investigar crime
da ONU, em serviço, praticar um crime no Brasil, ambiental, apontando como um dos indiciados a
madeireira Mogno S.A. Nessa situação, houve
irregularidade na abertura do inquérito porque culpabilidade, pois se houve uma excludente de
pessoas jurídicas não podem ser consideradas culpabilidade, a pena não poderá ser aplicada.
sujeitos ativos de infrações penais. No conceito tripartido para existência do crime o fato
deve ser típico, antijurídico e culpável, não sendo a
Gabarito culpabilidade apenas pressuposto para aplicação da
pena e sim integrante do conceito do próprio crime.
1. B
2. CEEC O FATO TÍPICO
3. D O fato típico é a conduta do agente que se enquadra
4. D no tipo descrito na norma penal, “Art. 121 – Matar
5. CCCCE alguém, pena: reclusão 6 a 20 anos”, pois não existe
6. D crime se antes não houver uma previsão legal
7. A (princípio da legalidade ou da reserva legal).
8. ECEC Para termos um fato típico é necessário:
9. B a) uma conduta (ativa ou omissiva);
10. B b) uma relação de causalidade (a conduta levou
11. A àquele resultado);
12. B c) um resultado (o fim danoso, tentado ou
13. D consumado);
14. C d) Tipicidade (adequação do fato da vida real ao tipo
15. CECC descrito na norma jurídica).
16. EE
17. ECE 1) CONDUTA
18. C
19. C A análise da conduta sofre uma profunda
20. C diferenciação dependendo da teoria adotada para sua
21. A análise.
22. A
23. B Para a teoria finalista da ação – conduta é toda ação
24. E ou omissão voluntária e consciente, que movimente a
25. E corpo humano, com uma finalidade.

Para a teoria causalista – Conduta é a ação ou


3ª a 6ª aulas omissão voluntária e consciente que movimenta o
corpo humano.
Professores autores: Deusdedy e Demétrius
DO CRIME Para a maioria dos doutrinadores a parte geral do
Conceito de crime direito penal adotou a teoria finalista da ação, motivo
Material – Crime é a ação ou omissão humana que pelo qual estudaremos a conduta em seu aspecto
viola um direito protegido por lei penal, o que motiva objetivo (ação e omissão) e em seu aspecto subjetivo
a aplicação de uma sanção ao infrator. (conduta dolosa – vontade e conduta culposa –
Formal - Crime é o que estiver previsto no normativa).
ordenamento jurídico como tal, nele adequado.
Analítico - O crime é o fato típico e antijurídico ASPECTO OBJEITO DA CONDUTA
para os doutrinadores que defendem o conceito
bipartido do crime, para os que defendem o conceito - AÇÃO
tripartido crime é o fato típico, antijurídico e A conduta ativa gera o crime comissivo, ou
culpável. seja, o tipo penal descreve uma ação como a forma
No conceito bipartido se existir um fato típico e de se praticar a crime . Ex.: matar, lesionar,
antijurídico teremos aí um crime, porém a aplicação constranger, subtrair.
da pena estará vinculada, a mais um elemento que é a
- OMISSÃO
Indireto: quando a vontade do sujeito não se dirige a
OMISSÃO PURA OU PRÓPRIA– é a conduta certo e determinado resultado, possui duas
omissiva propriamente dita que gera o crime formas: o alternativo (quando a vontade do
omissivo próprio, ou seja, o tipo penal descreve uma sujeito se dirige a um ou outro resultado – o
omissão como a forma de se praticar a crime . Ex.: agente desfere golpes de faca na vítima com a
omitir, deixar de, não fazer, não realizar. intenção alternativa de matar ou ferir) o eventual,
O crime omissivo puro é um crime de mera também chamado de condicionado (quando o
conduta e não admite tentativa. sujeito assume o risco de produzir o resultado –
ex.: roleta russa). No dolo eventual temos a teoria
OMISSÃO IMPRÓPRIA – é a conduta omissa do do assentimento ou consentimento.
agente que tem a posição de garantidor, e quando não
age, sua omissão é relevante, podendo ele responder Dolo de dano e de perigo
por um crime naturalmente ativo, através de uma Dano – o agente quer o dano, a lesão ou assume o
omissão. risco de produzi-los.
Ex.: mãe que não amamenta o filho recém-nascido, Perigo – o agente não quer o dano, nem assume o
matando-o. O pai que esquece o bebê dentro do risco de produzido, deseja ou assume o risco de
veículo, levando-o a morte. A babá que vai deixa o produzir um resultado de perigo, o próprio perigo
bebê sozinho e este se machuca. constitui o resultado desejado.
A omissão imprópria, quando o agente age
com dolo, cabe tentativa, dependo do tipo penal. Dolo genérico e específico
Genérico – é a vontade de realizar o fato descrito
na norma penal incriminadora – Ex.: matar
ASPECTO SUJETIVO DA CONDUTA (dolo e alguém;
culpa) Específico – Fim especial. Ex.: expor ou
abandonar recém-nascido com a finalidade de
CRIME DOLOSO E CULPOSO ocultar a desonra própria.

Dolo é a vontade de concretizar as características Erro sucessivo (dolo geral)


objetivas do tipo, sem dolo o fato é atípico. Para a Neste o agente tem a intenção de praticar
doutrina tradicional o dolo é normativo, ou seja, a determinado crime, realiza certa conduta que é
consciência da antijuridicidade já está contida capaz de produzir o resultado e, logo depois, na
nele, porém para a teoria finalista da ação, crença de que o evento já se produziu, empreende
adotada pela doutrina dominante, o dolo é natural, nova ação, sendo esta última a causa do resultado.
corresponde à simples vontade de concretizar os
elementos objetos do tipo, não portando a CRIME CULPOSO
consciência e reprovação da ilicitude, que se
encontra da culpabilidade. Os elementos do fato típico culposo tem: conduta
voluntária, de fazer ou não fazer com inobservância
Elementos do dolo: do dever de cuidado objetivo que se manifesta pela
IMPRUDÊNCIA- falta do dever de cuidado por
Cognitivo: conhecimento dos elementos objetivos fazer o que não deve ser feito, NEGLIGÊNCIA –
do tipo. falta do dever de cuidado por deixar de fazer o que
Volitivo: vontade de realizar o comportamento. deve ser feito, ou IMPERÍCIA - falta da habilidade
técnica do profissional.
Tipos de dolo:
CULPA INCONSCIÊNCIA: O fato é
Direto: O sujeito visa a certo e determinado previsível, ou seja, há previsibilidade objetiva, porém
resultado. Ex: O agente desfere tiros contra a o agente tem ausência de previsão.
vítima com a intenção de matá-la (quer o
resultado). Teoria da vontade. CULPA CONSCIENTE: O agente tem previsão
do resultado, mas acredita que ele não ocorrerá.
Concorrência de culpas: é possível crime. Depois de definitivamente condenado por
Compensação de culpas: via de regra é incabível contravenção penal, pratica outro crime.
em matéria penal. A hipótese caracteriza:
a) reincidência de contravenção e crime
CRIME PRETERDOLOSO ou b) reincidência de crime e crime
PRETERINTENCIONAL c) reincidência de crime e contravenção
d) reincidência de contravenção e contravenção
É aquele em que a conduta produz um resultado mais e) inexistência de reincidência
grave que o pretendido pelo sujeito. O agente quer
um minus e seu comportamento causa um majus, de 05) (FUNIVERSA/Perito Médico/ PCDF/2008)
maneira que se conjugam o dolo na conduta
antecedente e culpa o resultado conseqüente. É um Considerando o dolo e a culpa, assinale a alternativa
misto de dolo e culpa. incorreta:
a) Na seara penal, em analisando a teoria de
compensação de culpas, se duas pessoas
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO agem com imprudência, uma dando causa a
lesões a outra, ambas respondem pelo crime;
01) - (MPU/MPDFT/Promotor de Justiça uma conduta culposa não anula a outra.
Adjunto/2002) Com relação aos crimes omissivos, b) Enquanto no dolo direto o agente visa certo
assinale a opção incorreta. de determinado resultado, no dolo eventual, o
a) Nos crimes omissivos próprios, a omissão é agente assume o risco de produzir o
elementar e do tipo penal. resultado.
b) Nos crimes omissivos impróprios, a omissão c) Da inobservância de um cuidado necessário,
é uma forma de alcançar o resultado. manifestada na conduta produtora de um
c) Para que o autor responda penalmente pela resultado objetivamente possível, por
prática de um crime comissivo por omissão, imprudência, negligência ou imperícia, é que
ele deve ter de impedir o resultado. reside a conceituação da culpa penal.
d) Os crimes omissivos puros dependem da d) No dolo específico, o agente realiza a
ocorrência de um resultado posterior, pois a conduta visando a um fim especial, enquanto
simples omissão normativa é insuficiente o dolo geral ocorre, quando o agente,
para que eles fiquem caracterizados. supondo já ter alcançado o resultado por ele
visado, pratica nova ação que efetivamente o
02) - (MPRJ/Sec. da Procuradoria/2002-UFRJ) a provoca.
única hipótese que NÃO constitui elemento do e) Na culpa consciente, diferentemente do dolo
crime culposo é: eventual, o agente age firme e
deliberadamente visando à obtenção do
a) imperícia; resultado ou assume o risco de produzi-lo.
b) imprevisibilidade; 06) (Cespe/Unb-Delegado de Pol. Federal/2004)
c) resultado involuntário; No item a seguir, é apresentada uma situação
d) nexo de causalidade; hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada.
e) negligência. 1. Um delegado de polícia federal determinou
abertura de inquérito para investigar crime
03) - (Procur. Faz. Nacional) Na culpa consciente, ambiental, apontando como um dos indiciados a
o agente tem: madeireira Mogno S.A. Nessa situação, houve
a) vontade de cometer o crime irregularidade na abertura do inquérito porque
b) previsão do resultado pessoas jurídicas não podem ser consideradas
c) previsibilidade do resultado sujeitos ativos de infrações penais.
d) indiferença quanto ao resultado
e) animus de vingança 07) (MPDFT-Promotor/2002) – Julgue os itens a
seguir:
04) - (ESAF-AGU) - "A", imputável, comete
contravenção penal depois de haver praticado um
1. Com relação ao dolo, o CP adotou a teoria do IV. A conduta omissiva não é considerada elemento
consentimento para o dolo direto, e a teoria da do tipo penal, pois representativa da ausência de
vontade para o dolo eventual. vontade do agente para o crime.
2. No crime culposo, a falta de previsibilidade do V. Para haver fato típico é indispensável a existência
resultado exclui a tipicidade. de relação de causalidade entre a conduta e o
resultado.
08) Analise as assertivas abaixo: É correto o que se afirma APENAS em:
a) I e II
1.O direito penal objetivo é conjunto de normas b) I, II e V
penais em vigor no país, enquanto o direito penal c) I, III e IV
subjetivo é o direito de punir, o “jus puniendi” do d) II, IV e V
Estado que aplicará uma sanção ao infrator da e) III e V
Lei, aquele que pratica uma infração penal.
2.As contravenções penais serão de ação privada ou 11) (FCC -Analista Judiciário TJ/PE-2007)
pública, enquanto os crimes, por serem de Em relação ao dolo e a culpa é incorreto afirmar
natureza mais grave, serão sempre de ação que:
pública. a) É justamente na previsibilidade dos
3.Em certos casos, os crimes cometidos no exterior acontecimentos e na ausência de previsão pelo
podem ser punidos no nosso País, o que não agente que reside a conceituação da culpa penal.
ocorre nas contravenções cometidas no exterior b) Enquanto no dolo direto o indivíduo age por
que nunca serão punidas no Brasil. causa do resultado, no eventual age a pesar do
4.Pelo princípio da exclusividade da lei penal, só ela resultado.
pode definir crimes e cominar penas. c) No campo penal em razão da teoria da
5.No direito penal, se após a utilização de todas as “compensação de culpas” se dois agentes
formas interpretativas da lei, persistir a dúvida, a concorrem culposamente para um resultado ilícito,
questão deverá ser resolvida da maneira mais ambos serão, em tese, responsabilizados.
favorável ao réu, com base do princípio “in dubio d) Na culpa consciente, diferentemente do dolo
pro reo”. eventual, o agente firme e deliberadamente age
visando a obtenção do resultado.
09) (FCC – Delegado de Polícia/MA/2006) e) Dolo é comportamento psíquico contrário à
Quem, embora prevendo o resultado, não o aceita ordem jurídica e como tal deve ser aferido no
como possível, esperando sinceramente que não momento do delito.
ocorrerá, age com
a) dolo eventual GABARITO
b) culpa consciente 1-D
c) dolo indireto 2-B
d) culpa inconsciente 3-B
e) dolo específico 4-E
5-E
10) (FCC – Analista Judiciário- TRE/MS 2007) 6-E
Considere as afirmativas abaixo, relacionadas ao fato 7-E,C
típico e seus elementos. 8-CECCC
I. Há fato típico na ocorrência de resultado lesivo em 9-B
decorrência de caso fortuito ou força maior 10-E
II. São elementos do fato típico, dentre outras, a 11-D
culpabilidade, caracterizada pelo juízo de
reprovabilidade da conduta do agente e o dolo ou a 2) RESULTADO
culpa.
III. O tipo penal é predominantemente descritivo É a modificação causada pela conduta do
porque composto de elementos objetivos, não agente no mundo fático, exterior.
obstante, às vezes, contenha elementos subjetivos ou Evento é qualquer tipo de acontecimento,
normativos. enquanto resultado é a modificação em conseqüência
da conduta voluntária de um ser humano. exemplo quando a lei descreve exigir (no caso da
Para a teoria naturalística a modificação que concussão – art. 316 do CP) como ação delituosa
a conduta criminosa causa no mudo externo é o completa para consumação, independe que o agente
resultado. Exemplo: a lesão corporal quando da consiga o que foi exigido, o recebimento seria o
agressão física (art. 129 do CP) ou a diminuição mero exaurimento que, neste caso, não coincide com
patrimonial no estelionato(art. 171 do CP). a consumação.
Segundo doutrina dominante o Código Penal
adotou a teoria naturalística, sendo possível que haja “ITER CRIMINIS”
crime sem resultado, como nos crimes formais e de
mera conduta. São as fases do crime, que iniciam-se pela
Para a teoria normativa ou jurídica o efeito cogitação passa pelos atos preparatórios que segue
do crime ou o seu resultado encontra-se na órbita para a execução objetivando a consumação.
jurídica, sendo o resultado a lesão ou a possibilidade
de lesão ao interesse protegido por lei, assim sendo,
para esta teoria não haveria crime sem resultado, pois Cogitação→ preparação→execução→consumação
não havendo perigo ou lesão, não há crime. 1ª 2ª 3ª 4ª

CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES A tentativa ocorre quando iniciada a execução do


QUANTO AO RESULTADO crime, este não se consuma por algo alheio a vontade
do agente, externo, que o impede de prosseguir na
execução ou que impeça a consumação após todos os
CRIME MATERIAL: O tipo penal prevê um atos de execução.
resultado natural ou material vinculado à conduta Se o agente houver iniciado a execução e, no
pelo nexo causal. Ex. homicídio in decorrer da mesma, for interrompido quando ainda
CRIME FORMAL: O tipo descreve a conduta como dispunha de meios para continuar na conduta delitiva
momento da consumação do crime, independente do teremos a tentativa imperfeita.
agente alcançar o resultado pretendido. Entretanto, se o agente esgotar todos os meios de
CRIME DE MERA CONDUTA: O tipo descreve que dispunha para consumar o crime e não alcançar
apenas a conduta, sem prevê nenhum resultado. a consumação, teremos o que a doutrina denomina de
tentativa perfeita ou crime falho.
CRIME CONSUMADO E CRIME TENTADO Quanto à lesão ou dano causado pela
tentativa do crime podemos destacar a tentativa
“Art. 14 do CP – Diz-se o crime: branca ou incruenta, onde o crime foi iniciado, mas
I – Consumado, quando nele se reúne todos os não ocorre nenhum tipo de resultado naturalístico,
elementos de sua definição legal; por exemplo: Pedro deflagra seis tiros contra João,
II – tentado, quando, iniciada a execução, não se mas não acerta nenhum deles. A tentativa cruenta ou
consuma, por circunstâncias alheias à vontade do vermelha é aquela que o agente executa o crime, não
agente. chega à consumação, porém há algum tipo de lesão
Parágrafo Único. Salvo disposição em contrário, ou dano, por exemplo: Pedro deflagra dois contra
pune-se a tentativa com a pena correspondente ao João, não o mata, mas o fere.
crime consumado, diminuída de um a dois terços.”
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E
CONSUMAÇÃO ARREPENDIMENTO EFICAZ

Crime consumado ocorre quando o agente Art. 15 do CP – O Agente que, voluntariamente,


pratica todos os elementos do tipo, se o tipo exige desiste de prosseguir na execução ou impede que o
uma conduta independente do resultado, com a resultado se produza, só responde pelos atos já
prática da conduta já estará consumado, se o tipo praticados.
exige um resultado que está descrito na norma como A desistência voluntária se diferencia da
matar, subtrair, obter, concretizando o resultado, tentativa porque na primeira o agente pessoalmente
consuma-se o crime. Nos crimes formais, embora o desiste da ação criminosa e por isso é valorizada pela
agente possa desejar outro resultado, como por lei, ficando o agente ativo responsável apenas pelos
resultados que efetivamente produziu. por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta
No caso da tentativa o agente responde como impropriedade do objeto, é impossível consumar-
se tivesse praticado o crime, apenas com diminuição se o crime.
da pena, porque o crime não se consumou por um ato
alheio a vontade do agente e não por sua voluntária O agente pratica as fases do “iter criminis”
decisão, como é o caso do artigo acima. salvo o resultado que jamais ocorrerá tendo em vista
No arrependimento eficaz o agente ativo do o agente estar utilizando um meio absolutamente
crime que após executar a conduta criminosa se ineficaz, como o caso de alguém que tenta matar
arrepende e realiza ações tendentes a evitar a outro com uma arma municiada com balas de festim.
consumação do delito pode ficar livre da pena ou Há também o crime impossível quando temos
responder pelo resultado que efetivamente provocou. absoluta impropriedade do objeto, o exemplo é uma
Por exemplo: uma mulher oferece um bolo mulher que pratica todos os atos de aborto
envenenado para sua vizinha, que o ingere, porém acreditando estar grávida, mas não está, outro é atirar
antes que a morte aconteça esta se arrepende e lhe dá em um cadáver que o agente que disparou o tiro
o antídoto evitando-lhe a morte. Neste exemplo o acreditava estar apenas dormindo. Em razão da
arrependimento foi eficaz não respondendo a agente impossibilidade de resultado a lei não prevê nenhum
ativa, nem mesmo por tentativa de homicídio, tipo de sanção jurídica penal.
entretanto se a vizinha vier a morrer em razão do
antídoto não evitar a morte, a autora responderá por .x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.
homicídio, pois o arrependimento foi ineficaz,
podendo haver uma atenuante genérica.

Fato importante lembrar que tanto na 3) RELAÇÃO DE CAUSALIDADE


desistência voluntária, quanto no arrependimento
eficaz o agente deve agir com voluntariedade, porque Art. 13 do CP – O resultado, de que depende a
quer, entretanto não precisa ser espontâneo, surgir de existência do crime, somente é imputável a quem
sua própria inspiração, ele pode ceder ao pedido de lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou
alguém, ou seja: sua ação voluntária de desistir ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
praticar novos atos para impedir a consumação pode A relação de causalidade entre
ser provocada pela influência de alguém, um terceiro conduta e resultado, motivo pelo qual os
ou a própria vítima. doutrinadores em sua maioria dizem não ser
necessário a prova no nexo causal nos crimes formais
ARREPENDIMENTO POSTERIOR ou nos de mera conduta. O nexo causal é essêncial
nos crimes materiais, sendo que o resultado danoso
Art. 16 do CP – Nos crime cometido sem violência só pode ser atribuído a quem lhe deu causa, é o
ou grave ameaça à pessoa, reparado o comportamento que faz com que, neste caso, a
dano ou restituída a coisa, até o infração penal exista. Para que esse comportamento
recebimento da denúncia ou da queixa, seja aquele capaz de promover o dano deve existir o
por ato voluntário do agente, a pena será nexo de causalidade, ou seja a relação causal entre a
reduzida de um a dois terços. conduta e o resultado(o tiro que matou, a pedrada
que lesionou), sendo que o resultado de um crime só
Aqui temos a reparação do dano antes de pode ser atribuído a quem lhe deu causa.
iniciada a ação penal, porém só existe o chamado Os doutrinadores indicam que a teoria
arrependimento posterior o qual pode reduzir a pena da equivalência dos antecedentes causais (conditio
aplicada, se o crime for sem violência ou grave sine qua non) foi a adotada pelo art. 13, caput, do
ameaça, não cabe o arrependimento posterior para o CP, sendo que para essa teoria toda e qualquer
crime de roubo ou para o estupro, mas cabe para os circunstância antecedente, sem a qual o resultaria não
crimes de furto, estelionato e apropriação indébita. teria ocorrido para o resultado deve ser apreciada
como causa, porem somente são punidos pelo crime
CRIME IMPOSSÍVEL aquele que tenha agido com dolo ou culpa para a
provocação do resultado, pois o fabricante da arma
Art. 17 do CP – Não se pune a tentativa quando, não pode responder por um homicídio provocado
pela arma produzida, pois o nexo de rompeu e ele aconteceu, o agente só responde pela tentativa do
dela se desvinculou quando de sua entrada no crime e não pelo resultado.
comércio. As causas supervenientes, também podem
Os antecedentes causais – uma causa ser absolutamente independentes, e relativamente
antecedente ou condição antecedente sem a qual o independentes da conduta analisada: quando a causa
resultado não teria ocorrido também é levado em for relativamente independente e por si só produz o
consideração quando da avaliação da relação de resultado, isso exclui a imputação do resultado ao
causalidade surge da ação do sujeito ativo combinada agente, porém se a conduta reunida à conduta que
com uma causa preexistente, sem a qual o resultado gera o resultado teremos a imputação do mesmo ao
não teria ocorrido, ou o resultado teria sido outro. agente.
Este antecedente, esta causa preexiste, pode ser Art 13... § 1º - A superveniência de causa
levada em conta quando da aplicação da lei e pode relativamente independente exclui a imputação
ser também verificado qual o real resultado se a quando, por si só, produziu o resultado; os fatos
mesma não existisse. Para termos a verdadeira anteriores, entretanto, imputam-se a quem os
relação de causalidade. Essas causas podem ser praticou.
absolutamente independentes ou relativamente
independentes.
Por exemplo, uma causa preexistente RELEVÂNCIA DA OMISSÃO
independente seria o fato narrado por Fernando
Capez quando afirma que “ as causas preexistentes § 2º - A omissão é penalmente relevante
atuam antes da conduta. Ex.: “A” atira em “B” e quando o omitente devia e podia agir para evitar o
este não morre em conseqüência do tiro, mas de um resultado. O dever de agir incumbe a quem:
envenenamento provocado por “C” no dia anterior. Tenha por lei obrigação de cuidado, proteção
O envenenamento não possui relação com a conduta ou vigilância; de outra forma, assumiu a
de “A”, sendo diversa a sua origem. Além disso, responsabilidade de impedir o resultado; com seu
produziu por si só o resultado, já que a causa da comportamento anterior, criou o risco da ocorrência
morte foi a intoxicação aguada provocada pelo do resultado.
veneno, e não a hemorragia interna traumática
produzida pelos disparos. Por ser anterior à A omissão só é penalmente relevante,
conduta, denomina-se preexistente.” (Fernando quando o agente devia ou podia evitar o resultado. O
Capez, Direito Penal, Parte Geral, 6ª ed., pág 91). agente deve ter o dever combinado com o poder, e
Mas em outra situação de causa preexistente quem tem a obrigação de agir são: aquele que possui
relativamente independente seria a seguinte: “X” o dever legal (obrigação de proteção e cuidado); a
sabendo ser “Y” portador de hemofilia, corta-lhe , situação de garante (por contrato ou situação de
fazendo uso de uma faca, o músculo superior da fato); e, aquele que criou o risco.
perna , causando a morte de “Y”, face não ter sido Aquele que não devia, mas podia evitar o
socorrido a tempo ao hospital e ter perdido muito resultado está fora da regra do artigo 13, porém
sangue em razão da doença preexistente que impede incorre em um crime autônomo que é a omissão de
a coagulação do sangue. Neste caso embora “X” socorro previsto no artigo 135 do CP.
tenha atingido apenas o músculo da pena que não é
uma parte vital, responderá por homicídio face ter o
conhecimento da causa preexistente que reunida a 4) TIPICIDADE
ação causou a morte. Se a hemofilia não fosse
conhecida de “X” o mesmo não responderia por A tipicidade é a adequação do fato típico e
homicídio doloso e sim por lesão corporal seguida antijurídico, ou seja, adequar a infração penal que
de morte. ocorreu a um caso concreto, a um tipo descrito na
Nesta mesma linha de pensamento também norma. A tipicidade se baseia no princípio penal da
existem as concausas concomitantes ou seja, reserva legal, pois não há crime sem lei anterior que
simultâneas. Se ocorrer de aparecer junto à conduta o defina, nem pena sem prévia cominação legal.
que está sendo analisada aparece uma causa Tipificar uma conduta humana é classificá-la dentro
concomitante e a conduta do agente for irrelevante de um dos tipos penais descritos no Código Penal ou
para o resultado acontecer da forma como nas leis esparsas penais, aos quais são cominados
penas restritivas de liberdade e/ou multa. QUESTÃO 02) (Cespe/Unb-Agente de Pol.
Por exemplo: João usando um pedaço de Federal/2004) Em cada um dos itens seguintes, é
madeira acerta a cabeça de José e o mata. Nesta apresentada uma situação
situação estaríamos diante de um crime de 1. Plínio, utilizando toda a munição de seu revólver,
homicídio, de um crime de lesão corporal seguida de atirou seis vezes contra Túlio, com intenção de matá-
morte ou de um latrocínio (roubo seguido de morte)? lo, mas errou todos os tiros. Nessa situação, houve
Ou outro?. O processo existe para que o Estado-Juiz tentativa branca ou incruenta, devendo Plínio
saiba qual foi o dolo e/ou culpa de João quando responder por tentativa de homicídio.
agrediu José para que possa puni-lo adequadamente 2. Cecília colocou a mão no bolso esquerdo e,
dentro de sua intenção, assentimento e motivos, posteriormente, no bolso direito da roupa de uma
levando-se em consideração, também o resultado, transeunte, com a intenção de subtrair-lhe dinheiro.
pois apenas esta informação descrita, João matou Não encontrou, contudo, qualquer objeto de valor.
José, é insuficiente para a tipificação da conduta, Nessa situação, houve crime impossível e, assim,
haja vista o processo poder provar: um homicídio Cecília não responderá por crime algum.
simples, privilegiado ou qualificado; uma lesão
corporal seguida de morte, uma legítima defesa, o 03. (Delegado Substituto – ES – 2006 – CESP). É
que retiraria a ilegalidade da conduta, dentre outras apresentada uma situação hipotética acerca das
possibilidades de tipicidade da ação praticada por normas pertinentes à parte geral do Código
João. Penal. Julgue o item:
A tipicidade pode ser imediata ou direta, a) Sebastião, com 55 anos de idade, pretendendo
quando se encontra dentro do tipo a descrição da matar sua esposa Maria, comprou um revólver e
conduta delitiva, fazendo-se a adequação perfeita ao postou-se frente a frente com a esposa, apontando-
tipo. A tipicidade indireta ou mediata é aquela que, lhe a arma municiada. Todavia, após fazer pontaria
para a perfeita adequação do fato típico ao tipo para atirar na cabeça de Maria, desistiu do intento de
descrito, deve-se fazer a combinação do tipo com mata-la. Guardou a arma e retirou-se do local. Nessa
outra parte da norma penal, exemplo e a tentativa de situação, Sebastião responderá por tentativa de
homicídio. A classificação é feita com o tipo penal homicídio, uma vez que deu início à execução do
do homicídio combinado com o artigo 14, inciso II, delito.
que prevê a forma tentada dos crimes. b) Considere-se que Mariana, supondo estar grávida,
realizou, em si própria, manobras abortivas, sem que
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO na realidade trouxesse dentro de si uma nova vida em
formação; Jorge ao ver Cláudio, seu desafeto, caído
QUESTÃO 01) (Cespe/Unb-Agente de Pol. em via pública, aproveitou a situação para atropela-lo
Federal/2004) Em cada um dos itens seguintes, é dolosamente. Verificou-se , posteriormente, que
apresentada uma situação hipotética, seguida de uma Cláudio já estava morto por parada cardiorespiratória
assertiva a ser julgada. ocorrida minutos antes de ter sido atropelado. Em
1. Vítor desferiu duas facadas na mão de Joaquim, ambas as hipóteses apresentadas acima, o crime é
que, em conseqüência, passou a ter debilidade impossível em razão da absoluta impropriedade dos
permanente do membro. Nessa situação, Vítor objetos sobre os quais incidiram as condutas de
praticou crime de lesão corporal de natureza grave, Mariana e de Jorge.
classificado como crime instantâneo.
4. Marcelo, com intenção de matar, efetuou três tiros 04 – (Delegado de policia – ACRE – 2008 –
em direção a Rogério. No entanto, acertou apenas um CESPE). “Alpha”, com intenção de matar, põe
deles. Logo em seguida, um policial que passava veneno na comida de “Beta”, seu desafeto. Este,
pelo local levou Rogério ao hospital, salvando-o da quando já está tomando a refeição envenenada,
morte. Nessa situação, o crime praticado por Marcelo vem a falecer exclusivamente em conseqüência de
foi tentado, sendo correto afirmar que houve um desabamento do teto.
adequação típica mediata. No exemplo dado, é correto afirmar que
“alpha” responderá tão somente por tentativa de
homicídio porquanto:
A) O desabamento é causa comitante relativamente 08 - ( Técnico Legislativo – Câmara – Policia
independente da conduta de “Alpha”, que exclui o Legislativa – 2007 – FCC). O crime é culposo
nexo causal entre esta e o resultado “morte” quando:
B) O desabamento é causa superveniente a) O agente quis o resultado.
relativamente independente da conduta de “Alpha”, b) iniciada a execução, não consuma por intervenção
que exclui o nexo causal entre esta e o resultado de outrem.
“morte”. c) O agente desiste, voluntariamente, de prosseguir
C) O desabamento do teto é causa superveniente na execução.
absolutamente independente da conduta de “Alpha”, d) Cometido por imprudência.
que exclui o nexo causal entre esta e o resultado e) Praticado por omissão.
“morte”.
D) O desabamento é causa concomitante 09 - ( Técnico Legislativo – Câmara – Policia
absolutamente independente da conduta de “Alpha”, Legislativa – 2007 – FCC). A tentativa de crime.
que exclui o nexo causal entre esta e o resultado (a) Ocorre quando não se consuma o crime por
“morte”. motivos alheios à vontade do agente,
(b) Não é passível de pena.
05 - (Escrivão de Polícia – SC – 2008 – ACAFE) (c) Recebe a mesma pena do crime, diminuída em
“Marius” tinha um revólver eficiente, municiado um sexto.
com seis projéteis. Com a intenção de matar, (d) Prescreve em dois anos.
efetuou com esta arma dois disparos contra (e) Só se define se houver impedimento do crime
“Tercius”, sem acertá-lo. Podia prosseguir antes da ação ou omissão do agente.
atirando, mas, por vontade própria, não
prosseguiu no seu intento. No exemplo ocorreu: 10 - (Juiz Substituto/TJMG/ Fundep/2007) O filho
a) desistência voluntária. intervém, energicamente, a favor da mãe, diante
b) arrependimento eficaz. das ameaças que o pai, embriagado, fazia à
c) crime-falho. esposa. O pai, bêbado, não se conforma. Vai até
d) arrependimento posterior. ao guarda-roupa, retira de lá uma pistola e, pelas
costas, aciona várias vezes o gatilho, sem que nada
06 - (Investigador de Polícia – RJ – Cesgranrio – acontecesse, pois a mãe, pressentindo aquele
2005). Jorge, maior de idade, subtrai as jóias de desfecho, havia retirado todas as balas da arma.
alto valor que sua mãe (42 anos) guardava Que delito o pai cometeu?
debaixo do colchão. O fato descrito pode ser A) Tentativa imperfeita.
classificado como: B) Crime hipotético.
(A) ilícito, porém atípico. C) Crime impossível.
(B) típico, ilícito e não culpável. D) Crime falho.
(C) típico, ilícito e culpável, mas isento de pena.
(D) roubo qualificado por abuso de confiança. 11 – (Juiz Substituto TJDFT/2006) Tem-se a
(E) apropriação indébita. tentativa branca quando:
0 A) O sujeito ativo pratica todos os atos de
execução do crime, mas este não se consuma por
07 - (Agente de Policia Civil - DF – 2005 – UFRJ- circunstâncias alheias à sua vontade;
NCE). - Entre as teorias que diferenciam os atos 1 B) O sujeito ativo, para a execução do crime,
preparatórios dos atos de execução, aquela que utiliza “arma branca”;
afirma que os atos de execução são os que 2 C) A vítima não sofre lesões;
importam em realização da conduta descrita no 3 D) Menos se aproxima o sujeito ativo da
núcleo do tipo é a teoria: consumação do crime, maior devendo ser a
a) objetiva-formal; atenuação da pena (dois terços).
b) subjetiva;
c) objetiva-material; 1 12 - (Juiz Substituto TJDFT/2006) O
d) social; princípio da adequação social, admitido num caso
e) finalista. concreto, pode constituir causa supralegal de
exclusão da:
0 (A) culpabilidade; b) arrependimento posterior
1 (B) tipicidade; c) desistência voluntária
2 (C) punibilidade; d) arrependimento eficaz
3 (D) antijuridicidade. e) crime impossível
4
13 - (Juiz Substituto/TJMG/Fundep/2007) Questão 17 (Procur. Faz. Nac)
Fulgêncio, com animus necandi, coloca na xícara A reparação do crime, pelo agente, após o
de chá servida a Arnaldo certa dose de veneno. recebimento da denúncia, caracteriza:
Batista, igualmente interessado na morte de a) atenuante
Arnaldo, desconhecendo a ação de Fulgêncio, b) indulto
também coloca uma dose de veneno na mesma c) qualificadora
xícara. Arnaldo vem a falecer pelo efeito d) extinção da punibilidade
combinado das duas doses de veneno e) arrependimento posterior
ingeridas, pois cada uma delas, isoladamente,
seria insuficiente para produzir a morte, segundo
a conclusão da perícia. Fulgêncio e Batista agiram
individualmente, cada um desconhecendo o plano, GABARTO
a intenção e a conduta do outro. Pergunta-se:
A) Fulgêncio e Batista respondem por tentativa de 1. C,C
homicídio doloso qualificado. 2. C,C
B) Fulgêncio e Batista respondem, cada um, por 3. E,C
homicídio culposo. 4. C
C) Fulgêncio e Batista respondem por lesão corporal, 5. A
seguida de morte. 6. C
D) Fulgêncio e Batista respondem, como co-autores, 7. C
por homicídio doloso, qualificado, consumado. 8. D
9. A
14 - (Juiz Substituto TJDFT/2006) Caracteriza-se 10. C
a culpa consciente quando: 11. C
0 (A) O agente não prevê o resultado, malgrado 12. B
seja previsível; 13. A
1 (B) O agente admite e aceita o risco de 14. C
produzir o resultado; 15. 4
2 (C) O agente prevê o resultado, mas espera, 16. C
sinceramente, que ele não aconteça; 17. A
3 (D) O agente prevê o resultado, não se
importando que venha ele a acontecer. ILICITUDE OU ANTIJURIDICIDADE

Questão 15 (Del. Pol. Fed.) 1. CONCEITO:


A tentativa é admissível nos crimes:
1) em que há culpa própria. Antes de iniciarmos o estudo da
2) unissubsistentes. ilicitude, cabe aqui tecer uma critica ao termo
3) omissivos puros “antijuridicidade”.
4) instantâneos. Muito embora a doutrina utilize
largamente esta expressão como sem sinônimo de
Questão 16 (ESAF-AGU) “ilicitude”, não nos parece adequado seu uso. É que
"A", imputável, inicia atos de execução de um crime; o crime constitui inegável fato jurídico, uma vez que
antes de ocorrer o resultado, deixa de praticar os produz efeitos no mundo jurídico. Pois bem, não
demais atos para atingir a consumação. A parece fazer sentido que um fato possa ser ao mesmo
consumação não acontece. tempo “jurídico” e “antijurídico”. Assim sendo
A hipótese configura: preferiremos a utilização do termo ilicitude no trato
a) tentativa do instituto em comento.
Note que não se trata de considerar b) IMPERATIVAS – normas contidas implicitamente
equivocado o termo “antijuridicidade” em uma prova nos tipos penais omissivos (próprios);
de concurso. Seu uso é permitido e largamente c) PERMISSIVAS – normas contidas implicitamente
adotado pela doutrina, mas apenas nossa opção nas causas legais de justificação.
pessoal pelo termo mais tecnicamente apropriado. Quando o agente pratica uma conduta
Muito se discute acerca do que seria que desrespeita uma norma de caráter proibitivo ou
ilicitude: imperativo tem-se uma conduta chamada
Da maneira mais objetiva possível, antinormativa (ou típica em sentido estrito).
conceituamos ilicitude como sendo: A ilicitude decorre do fato de o
A contrariedade da conduta, tendo por foco o agente ter praticado uma conduta contrária ao
ordenamento jurídico como um todo. ordenamento, já a antinormatividade refere-se ao
Note-se que, ao contrario do que descumprimento de norma de caráter penal, prevista
afirmam alguns, a ilicitude é vista sob o prisma de implicitamente nos tipos incriminadores (comissivos
todo o ordenamento jurídico, e não apenas em ou omissivos).
relação às normas de natureza penal. Neste último
caso temos o que a maioria da doutrina denomina 3. ILICITUDE FORMAL E MATERIAL
“ilicitude penal”.
A ilicitude não é um conceito do Há em doutrina quem defenda que o
direito penal, mas da teoria-geral do direito, e pode conceito de ilicitude possui dupla concepção (Teoria
ter caráter administrativo, tributário, civil etc. Dualista da Ilicitude) uma de natureza formal e
Contudo, em se tratando do direito outra de natureza material. Para os defensores desta
penal como ultima ratio na intervenção estatal, corrente a conduta somente seria ilícita se:
podemos afirmar que, do campo de atuação do a) contrariasse formalmente a letra da
direito penal, é de se excluir a conduta que seja lícita lei – ilicitude formal;
em qualquer outro ramo do direito, somente tendo b) a conduta se mostrasse socialmente
relevância quando apresentar contrariedade ao danosa – ilicitude material.
ordenamento como um todo. Entretanto essa posição é minoritária
(o que não lhe retira a necessidade de citação em
2. ANTINORMATIVIDADE E ILICITUDE uma prova subjetiva, por exemplo), tendo
Antes de aprofundarmos no estudo da prevalecido entre nós a chamada Teoria Unitária da
ilicitude, cumpre sublinhar aquilo que a doutrina tem Ilicitude, que não realiza distinção entre o que seja
nominado antinormatividade. formal e materialmente ilícito.
Em se tratando de definir as condutas Na realidade, tem angariado maiores
delituosas, o legislador optou pela adoção da técnica adeptos a argumentação de que toda conduta típica é
do “tipo penal” que prevê de maneira abstrata a socialmente danosa, sendo desnecessário realizar esta
conduta que – caso ocorresse no plano concreto – aferição no momento da ilicitude.
seria típica. Assim, a irrelevância de determinado
Vejamos o artigo 121 do CP: agir mereceria trato em sede de tipicidade e não de
ilicitude, cuida-se daquilo que a doutrina chama
Art. 121: matar alguém adoção do princípio da insignificância, tema de
Pena: reclusão de seis a vinte anos debates no campo da tipicidade.
Desta forma concluímos que a
Note que a lei não traz diretamente a ilicitude deve adotar uma concepção unitária,
proibição contida no comando penal. Na realidade, consistente na simples contrariedade ao ordenamento
existe uma norma por traz do tipo penal, que no caso jurídico.
acima seria “é proibido matar alguém”, tanto é que,
se o agente desrespeitar a norma, a própria lei prevê 4. ILICITUDE E INJUSTO PENAL
uma sanção. Não se devem confundir os conceitos
Assim, as normas penais podem ser: de ilicitude e de injusto penal. A diferenciação entre
a) PROIBITIVAS – normas contidas implicitamente os termos é simples:
nos tipos penais comissivos;
Chamamos injusto penal a conduta ao agente praticar condutas que seriam, em tese,
típica e ilícita, não importando considerações acerca proibidas pelo direito penal sem que pratique com
da existência de culpabilidade. isso ato ilícito.
Ilicitude, por sua vez, é uma das Estas causas estão previstas de
características do injusto penal. maneira geral e especial.
Assim, para os Bipartites (corrente No primeiro caso encontramos a
penal que exclui do conceito de crime a previsão no artigo 23 do Código Penal, onde a Lei
culpabilidade) os elementos “injusto penal” e elenca situações que têm o condão de retirar a
“crime” se equivalem, para os Tripartites, o crime ilicitude de fatos que encontrem subsunção qualquer
seria o “injusto culpável”. tipo penal, em tese.
Há ainda quem defenda não haver São elas:
distinção entre tipicidade e ilicitude, na realidade, a) o estado de necessidade;
estes defendem que a ilicitude é a essência da b) a legítima defesa;
tipicidade e que não haveria fato típico sem que c) o estrito cumprimento de dever
também fosse ilícito (Teoria da Ratio Essendi). legal;
Para esta corrente, há em verdade um d) o exercício regular de direito.
tipo total de injusto, contendo tipicidade e ilicitude
como conceitos inseparáveis, ou seja: ou o fato é 5.1. ELEMENTOS DAS CAUSAS DE
típico (e ilícito) ou simplesmente não é de se JUSTIFICAÇÃO
reconhecer a sua tipicidade.
O direito penal brasileiro tem adotado Segundo doutrina majoritária, as
de forma majoritária a Teoria da Ratio causas de justificação possuem elementos de
Cognoscendi, que compreende o injusto como um natureza objetiva e subjetiva.
conceito composto de dois requisitos independentes, Os elementos objetivos são os
isto é Tipicidade e Ilicitude. requisitos fáticos previstos nos tipos penais
Desta forma, a tipicidade constitui justificadores (v. g., moderação na legítima defesa) e
apenas elemento indiciário da existência do injusto serão estudados passo a passo no trato individual de
penal. É que o fato típico é em tese ilícito, mas pode cada excludente de ilicitude.
ocorrer de ter o agente agido sob o amparo de uma Como elemento subjetivo, tem
causa de justificação, o que tornaria a conduta típica, exigido a doutrina o conhecimento da existência da
porém lícita. situação fática autorizadora da causa de justificação,
Podemos assim resumir: isto é, em se tratando, por exemplo, de legítima
defesa o agente precisa conhecer da agressão, saber
que está sendo agredido. Caso contrário não se
Conduta Típica
Injusto poderá reconhecer em seu favor ter agido amparado
Penal por excludente de ilicitude.
Conduta Ilícita Exemplificando: suponhamos que
Caio, por motivo fútil, resolve ceifar a vida de
Mévio. Para tanto, posta-se de emboscada
aguardando a passagem de seu desafeto. Eis que
5. OS TIPOS PERMISSIVOS LEGAIS surge Mévio acompanhado de Manuela, abraçados
Também chamados excludentes de como se namorados fossem.
ilicitude ou causas de justificação, os tipos Seguindo seu intento Caio desfere
permissivos constituem – dentro do estudo da com precisão um tiro na nuca de Mévio, o que faz a
ilicitude - o campo de maior incidência questões em vítima cair instantaneamente morta ao solo. Neste
concursos públicos. momento Manuela sai gritando em direção a Caio
Como vimos acima, a tipicidade é dizendo: “GRAÇAS AO BOM DEUS VOCÊ
indiciária da presença de um injusto penal. Todavia, SURGIU, MEU HERÓI!”.
pode ocorrer de o agente praticar uma fato típico sem Nesta hora Caio percebe que Mévio
que incida em ilicitude. jazia portando arma de fogo, com o uso da qual
Na realidade, a lei prevê normas submetera a vontade de Manuela – mediante grave
penais permissivas, isto é, situações nas quais é dado ameaça – e a conduzia em direção a local ermo, onde
pretendia constrangê-la à conjunção carnal. Em agiu para evitar o dano vindo de um perigo e não de
outras palavras, Caio, mesmo sem saber, salvara uma agressão.
Manuela de um estupro iminente. Ponto interessante de debate é a
Para a doutrina majoritária, a situação em que aquele que alega em seu favor a
excludente de legítima defesa não pode amparar a legítima defesa, provocara anteriormente o agressor.
conduta de Caio, vez que – muito embora estivessem Em regra, a simples provocação não
presentes os requisitos de natureza objetiva da exclui a legítima defesa, salvo se a própria
justificante – faltou ao agente o conhecimento da provocação já constitui uma agressão ou se a
existência da injusta agressão à liberdade sexual de provocação é um pretexto para a legítima defesa.
Manuela, isto é, carece o autor do elemento subjetivo Ou seja, imaginemos que Caio
da excludente de legítima defesa. provoque Mévio e este venha a agredi-lo. Neste caso,
Caio poderá agir em legítima defesa. Esta é a regra.
5.2 LEGÍTIMA DEFESA – ELEMENTOS Todavia, Caio não atuará sob o
OBJETIVOS amparo da excludente caso ocorra algum dos dois
Reza o artigo 25 do CP: casos citados anteriormente. Por exemplo, se Caio dá
um tapa em Mévio, para provocá-lo, e este revida,
“Art. 25 - Entende-se em Caio não poderá bater em Mévio, sob a alegação que
legítima defesa quem, usando moderadamente dos se encontra em legítima defesa, uma vez que a
meios necessários, repele injusta agressão, atual provocação constituiu-se em verdadeira agressão.
ou iminente, a direito seu ou de outrem.” O segundo ponto a ressaltar é na
Inicialmente, temos a definir o própria definição do instituto, veja-se, tratamos de
que seja INJUSTA AGRESSÃO. Agressão é a defesa legítima, ora para que se considere
conduta que, partido do homem, tem capacidade de determinada conduta como defesa, necessário se faz
destruir bem jurídico de seu sujeito passivo. que o agente atue dentro de certos limites. Onde
Mas a lei não se contenta com a estariam estes limites impostos pelo legislador?
simples agressão, mas exige que se trate de “injusta O CP usa curiosa redação para definir
agressão”. Mais uma vez reforçamos o entendimento os extremos da justificante, utilizando os seguintes
de que a agressão somente pode emanar do homem, termos que devem ser interpretados em conjunto: a)
uma vez que somente a conduta humana é posta sob moderadamente; b) meios necessários; e c) repelir.
o crivo ético do que seja justo ou injusto. Note ao lançar mão do termo
Assim, o fogo, a ação da gravidade e “MEIOS NECESSÁRIOS” o legislador evitou que
um animal feroz não constituem agressão para o o agente pudesse escolher qualquer forma de defesa
Direito Penal, mas autêntica manifestação de do bem jurídico, limitando a ação do sujeito à
“perigo” que interessa ao estudo do estado de utilização do meio que se mostrasse necessário, e não
necessidade. apenas conveniente.
Vejamos a seguinte questão sobre o Desta maneira podemos concluir que
tema, cobrada no concurso para ingresso nas pode agir em legítima defesa aquele que se utilize de
carreiras da Polícia Federal em 2000/CESPE. meio mais gravoso do que aquele que ameaça seu
(adaptada) bem jurídico, desde que se trate do meio necessário.
A doutrina em geral tem feito a seguinte
“Um fazendeiro, durante uma cavalgada pelas simplificação: necessário é o meio idôneo a repelir
matas de suas terras, ouviu um ruído atrás de um a agressão e que se encontra ao alcance do agente.
arbusto e, cem receio de que se tratasse de uma onça, A MODERAÇÃO exigida pelo artigo
atirou na direção do vulto, vindo a descobrir que se 25 do CP tem estreita ligação com o termo repelir –
tratava, na realidade, de um empregado da fazenda. também do mesmo artigo. É que é considerada
O fazendeiro agiu em legítima defesa, pois moderada a ação que cinge-se a repelir a agressão,
imaginava que seria atacado por uma onça.” não ultrapassando o necessário a este intento.
Assim, caso Mévio – perito atirador –
O gabarito trouxe a questão como objetivando defender-se da agressão iminente de
falsa. Com razão a banca. Tício – lutador profissional – desferira-lhe tiro
Ainda que o erro derivasse de culpa certeiro na parte nobre do crânio vindo a causar-lhe
ou fosse mesmo uma onça, é de se notar que o agente morte instantânea, não poderá argüir em seu favor a
presença de legítima defesa, pois teria atuado com Com este raciocínio concluímos que
excesso. Note que o meio utilizado foi apto a gerar a ao agente é dado escolher o caminho da legítima
excludente (meio necessário), mas utilizado sem defesa. Exemplificando, suponhamos que Tício
moderação, uma vez que – sendo expert em armas de anuncia que vai “dar uma surra” em Caio, partindo
fogo – Mévio poderia ter repelido a agressão sem em sua direção. Neste caso, Caio poderá fugir ou
que atingisse seu oponente de forma fatal. optar pela legítima defesa. Imaginemos que eleja o
Por fim, cumpre destacar que embora caminho de se defender.
o agente não dependa da utilização de meio Note que mesmo tendo outra maneira
equivalente ao escolhido pelo agressor, não se de evitar a agressão (correndo por exemplo) o sujeito
reconhecerá a Legítima defesa se ficar demonstrado escolheu a via de defender-se, o que o levou a
ter o sujeito incorrido naquilo que a doutrina praticar um fato típico contra seu agressor. Na
denomina EXCESSO NA CAUSA. situação, Caio agiu amparado pela excludente,
Em verdade, aquele que respondendo, portanto, somente no caso de excesso.
voluntariamente se coloca na posição de agressor Nota: em se tratando de agressão proveniente de
deve esperar retaliação que não precisa ser inimputável a doutrina tem exigido que o agente não
exatamente equivalente à agressão – não nos pudesse evitar a agressão.
esqueçamos de que cuidamos de injusta agressão.
Ademais, o legislador utilizou-se de 5.2.2. LEGÍTIMA DEFESA SUESSIVA e
redação genérica, que permite a interpretação RECÍPROCA
(majoritária em doutrina) de que, em tese, qualquer
bem jurídico pode ser protegido pela legítima defesa. Salientamos acima que cessa a
Contudo, não estão os tipos penais legítima defesa ao cessar a agressão que lhe deu
permissivos a justificar qualquer atitude monstruosa causa. Desta forma, caso o agente continue a ferir
por parte do agente, de modo que o meio utilizado seu oponente, terá ingressado no campo da agressão
para a defesa do bem jurídico não pode ter injusta, o que com que aquele que inicialmente se
conseqüências absolutamente desproporcionais ao fizera agressor, passasse à condição de agredido,
dano causado – ou pretendido – pelo agressor. podendo – inclusive – agir em legítima defesa.
Assim, atua com excesso na causa – e A esta situação a doutrina tem
não em legítima defesa – aquele que, para salvar sua chamado LEGÍTIMA DEFESA SUCESSIVA, isto
“caneta bic” desfere tiro letal no agressor, ainda que é, legítima defesa contra excesso de legítima defesa.
esse disparo seja o único meio de evitar o dano. Situação totalmente diversa é a
O terceiro ponto de comento refere-se LEGÍTIMA DEFESA RECÍPROCA. Neste caso
ao elemento temporal da agressão. Exige a lei seja a teríamos legitima defesa contra legítima defesa.
agressão atual ou iminente. A situação narrada é impossível no
ATUAL – é a agressão presente, direito penal pátrio, uma vez que é elementar do tipo
iniciada, que está ocorrendo. permissivo em comento que o sujeito aja de modo a
IMINENTE – é a agressão que, repelir injusta agressão.
embora não iniciada, encontra-se em vias de Ora, a legítima defesa não é injusta
concretização. Não se trata de mero temor futuro de agressão – caso contrário estaríamos diante de uma
agressão, mas de situação na qual o agente tem como contradição insanável pois teríamos uma conduta
certa a agressão próxima. legítima e injusta ao mesmo tempo, o que não é
Agressão cessada não dá azo à razoável. Desta maneira não pode haver legitima
legítima defesa. defesa contra legítima defesa, descartada pois a
Ao tratar desta forma a exigência possibilidade da excludente recíproca.
temporal do instituto, quis o CP que o agente
pudesse optar pela legítima defesa. 5.3 ESTADO DE NECESSIDADE –
Em verdade, a agressão atual é ELEMENTOS OBJETIVOS
inevitável, enquanto a iminente pode ser evitada
(entendemos que, se uma agressão tornou-se tão Diferente do que acontece com a
próxima que não mais possa ser simplesmente legítima defesa, no estado de necessidade não há
evitada, fez-se atual). ação para repelir agressão injusta, mas sim um
confronto de bens jurídicos postos sob determinado Como se não bastasse, o texto legal
perigo inevitável sinaliza claramente neste sentido, tendo em vista que
Vejamos a definição do legislador no exige que o perigo não possa ser evitado. Ora, o
artigo 24 do CP: perigo iminente (que ainda não iniciou) pode ser
evitado e, caso não o possa, é de se reconhecer que
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade se tornou atual. Não parece razoável que o estado de
quem pratica o fato para salvar de perigo atual, necessidade, devendo ser caminho indeclinável pelo
que não provocou por sua vontade, nem podia de agente, possa receber elastério que permita a aço
outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo frente a um dano futuro – e como todo futuro:
sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável eventual.
exigir-se. Com a maestria que só a ele é
Notemos, ab initio, que se cuida da peculiar, salienta José Frederico Marques1 que “não
prática de Fato típico para resguardar bem jurídico de se inclui aqui o perigo iminente porque a atualidade
PERIGO, não de agressão. O perigo constitui o se refere ao perigo e não ao dano”
risco ao bem jurídico gerado por qualquer causa que No mesmo sentido, vejamos o
não a conduta humana. Caso contrário estaríamos ensinamento do professor Fernando Capez2:
diante de legítima defesa.
Interessante discussão gira em torno “... falar em perigo iminente equivaleria a
do elemento temporal que envolve o perigo e que invocar algo ainda muito distante e improvável,
justifique a ação em estado de necessidade. É que ao assim como uma iminência de um dano que está por
tratar da legítima defesa a lei usa o a expressão vir. Nessa hipótese, a lei autorizaria o agente a
“atual ou iminente”, contudo, ao tratar de estado de destruir um bem jurídico apenas por que há uma
necessidade o legislador reportou-se somente ao ameaça de perigo, ou melhor, uma ameaça de
“PERIGO ATUAL”. ameaça. Em decorrência disso, entendemos que
Formulou-se em doutrina a seguinte somente a situação de perigo atual autoriza o
questão: para o reconhecimento do estado de sacrifício do interesse em conflito”
necessidade, o perigo tem necessariamente de ser Nossa, conclusão portanto é pela
atual ou poderia também ser iminente. exigência de perigo atual (dano iminente) para o
Aqui podemos identificar em doutrina reconhecimento do estado de necessidade –
aqueles que entendam que a diferença tenha excluindo-se a idéia de perigo iminente.
decorrido de mero equívoco de redação. Para estes, a Outra distinção entre a presente
mens legis substantiva penal quer, em verdade dizer excludente e a legítima defesa reside no fato de que,
“perigo atual ou iminente”. em regra, nesta e dada ao agente a escolha pessoal
Em que pesem os argumentos acerca do uso ou não da causa de justificação, em
defendidos no raciocínio acima, ousamos discordar. outras palavras: o sujeito pode optar pela legítima
Na realidade, devemos evitar, a todo custo, a defesa, enquanto que, em relação ao estado de
interpretação que ignore o texto legal. necessidade, a lei diz claramente “NEM PODIA DE
Ademais, nos argumentos daqueles OUTRO MODO EVITAR”.
que defendem a possibilidade de justificação em Não é de causar espécie a posição do
estado de necessidade praticado perante perigo legislador, uma vez que o estado de necessidade
iminente, parece haver confusão entre os conceitos pressupõe ação para salvar bem jurídico, ferindo
de perigo e de dano. direito de terceiro inocente. Não poderia ser
A própria idéia de perigo já diferente, o estado de necessidade não é um caminho
pressupõe, ao menos um dano iminente, este sim à escolha do agente, mas sim uma solução legitimada
justifica o sacrifício de bem pertencente a terceiro pelo direito porque inevitável.
inocente. Todavia, caso estendamos o conceito para Destaque-se que a legislação somente
abarcar até mesmo um perigo iminente (situação em permite a atitude do agente que salva determinado
que sequer há o perigo), estaríamos a admitir o bem de perigo “QUE NÃO PROVOCOU POR
estado de necessidade para a defesa de dano futuro – SUA VONTADE”.
e não dano iminente – uma vez que o perigo atual é 1
in, Tratado de Direito Penal, Ed. saraiva
que traz a iminência do dano. 2
in,Curso de Direito penal – Parte Geral, Ed. Saraiva, 6ª
Edição, pág. 255
Em relação a este ponto a doutrina esta teoria o estado de necessidade pode ter dupla
formula a seguinte questão: pode alegar estado de natureza. Desta forma, quando o agente lograsse a
necessidade aquele que tenha causado o perigo com proteção de bem de valor jurídico superior ao
culpa? destruído estaríamos diante de verdadeira causa de
Tem prevalecido em doutrina o justificação (excludente de ilicitude).
entendimento que a vedação legal estende-se Entretanto, ao proteger bem de igual
somente ao causador do perigo que tenha atuado valor não incidiria o agente em um tipo permissivo
dolosamente, permitindo-se agir em estado de que lhe tornasse justa a conduta, mas sim estaria
necessidade aquele que tenha causado o dano por diante de fato típico, ilícito, mas não-culpável.
imprudência, negligência ou imperícia. Assim, o estado de necessidade excluiria a
Por fim, cumpre lembrar que o culpabilidade (por inexigibilidade de conduta
legislador exige a “RAZOABILIDADE DO diversa, e na a ilicitude).
SACRIFÍCIO CAUSADO”, é que no estado de Resumindo: quando o bem
necessidade dois bens jurídicos são postos sob uma sacrificado fosse de menor valor – estado de
“balança”, devendo o agente optar pelo que tenha necessidade justificante; quando o bem sacrificado
mais valor se distintos os bens, podendo escolher fosse de igual valor: estado de necessidade
qualquer deles casos idênticos. exculpante. Daí o nome de teoria diferenciadora.
Desta forma, o agente em estado de
necessidade deve sempre proceder ao sacrifício de Em que pese o rigor teórico que
bem de menor ou igual valor jurídico àquele que embasa a teoria diferenciadora – que inclusive
pretende salvaguardar, sob pena de incorrer em reputamos mais técnica (obviamente falamos de lege
excesso punível. ferenda) – o artigo 23 do CP fez clara opção pela
Contudo o legislador, no §2º do artigo teoria unitária de modo que em um concurso público
24, abrandou o rigor matemático do sacrifício – sobretudo em se tratando de questão objetiva –
razoável, prevendo redutor de pena quando o bem devemos reconhecer apenas caráter justificante ao
destruído apresenta valor jurídico superior ao estado de necessidade.
protegido. Vejamos a letra da lei: Por fim, cumpre salientar que o
Código Penal Militar, ao contrário do Direito Penal
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício Comum, adota em seu artigo 43 a teoria
do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida diferenciadora. Vejamos a redação da lei castrense:
de um a dois terços.
“Art. 43. Considera-se em estado de necessidade
5.3.1 NATUREZA JURÍDICA DO ESTADO quem pratica o fato para preservar direito seu ou
DE NECESSIDADE alheio, de perigo certo e atual, que não provocou,
nem podia de outro modo evitar, desde que o mal
Ponto de relevo a ser destacado no causado, por sua natureza e importância, é
estudo do estado de necessidade, é o relativo à sua consideravelmente inferior ao mal evitado, e o
natureza jurídica. agente não era legalmente obrigado a arrostar o
Com efeito, tratando do tema a perigo.”
doutrina apresenta duas teorias:
a) Teoria Unitária 5.3.2 ESTADO DE NECESSIDADE
do estado de necessidade – para os defensores desta DEFENSIVO E ESTADO DE
corrente o estado de necessidade teria sempre a NECESSIDADE AGRESSIVO
característica de excludente de ilicitude. Segundo
este pensamento, teríamos sempre estado de A doutrina costuma diferenciar os
necessidade justificante, tanto quando o agente conceitos de estado de necessidade defensivo e
destrói bem de inferior valor jurídico, quanto quando agressivo:
é posto sob sacrifício bem de igual valor. ESTA FOI DEFENSIVO: a conduta do agente
A OPÇÃO TOMADA PELO LEGISLADOR DE volta-se contra a coisa da qual promana o perigo.
1984, portanto a teoria brasileira. Por exemplo, imagine que contra
b) Teoria Tício se dirija cão feroz. Teríamos estado de
Diferenciadora do estado de necessidade – Para necessidade defensivo se aquele, sem ter outra
alternativa, desferisse tiro certeiro em local letal no I - em estado de necessidade;
animal. Note-se que a atitude de Tício foi contra a II - em legítima defesa;
coisa da qual vinha o perigo, isto é, o cão. III - em estrito cumprimento de dever legal ou no
AGRESSIVO: a conduta do agente exercício regular de direito.
volta-se contra a coisa (ou pessoa) distinta da qual
promana o perigo. Contudo, resta salientar o que em
Tomemos como exemplo a mesma doutrina nomeou-se TEORIA DA TIPICIDADE
situação anterior em que contra Tício se dirijia cão CONGLOBANTE, vejamos:
feroz. Caso nosso protagonista não investisse contra Para esta teoria (defendida por
o animal, mas (para defender-se) colocasse na frente Zaffaroni3, dentre outros), enxergar-se o estrito
do cachorro uma criancinha que vinha passando pela cumprimento de dever legal como excludente de
rua, vindo a causar-lhe sérios ferimentos em virtude ilicitude resultaria no contra-senso de se concluir que
das mordidas do bicho, estaríamos diante do estado a lei proíbe e ordena ao mesmo tempo determinada
de necessidade agressivo, pois teria Tício agido conduta.
contra coisa (ou pessoa) diversa da qual vinha o Com muito sentido, o Mestre
perigo. Argentino percebe que se a conduta é ordenada pela
lei, não poderia ser ao mesmo tempo antinormativa
5.3.3 ESTADO DE NECESSIDADE DE 3º E (proibida).
BEM DISPONÍVEL Ora, partindo deste raciocínio, dever-
se-ia excluir da hipótese típica toda conduta que
Ao verificar o tipo legal do estado de fosse decorrente de dever imposto por lei, isto faria
necessidade, notamos que o legislador permite a com que o estrito cumprimento do dever legal
conduta típica na salvaguarda de bem próprio ou de excluísse a tipicidade e não a ilicitude.
terceiro. Segue o raciocínio, afirmando que a
Contudo, destaque-se que a doutrina tipicidade penal seria então composta de dois
tem salientado que, em se tratando de bem de elementos:
terceiro que seja disponível, a atividade em estado de
necessidade depende da autorização do titular do TIPICIDADE FORMAL + TIPICIDADE
bem, isto é, o sujeito só pode proteger o patrimônio GONGLOBANTE = TICIDADE PENAL
alheio (exemplo de bem disponível) caso o seu dono
autorize. A TIPICIDADE CONGLOBANTE
Isto porque estando o bem na esfera seria, por sua vez, também composta de dois
de disposição do agente, pode o sujeito preferir o seu elementos:
sacrifício à destruição de outro bem jurídico em a) TIPICIDADE MATERIAL –
estado de necessidade, (ainda que o outro bem relevância jurídico-material do bem ameaçado ou
juridicamente possua igual valor). atingido pela conduta (princípio da insignificância); e
b) AUSÊNCIA DE
5.4 O ESTRITO CUMPRIMENTO DO DETERMINAÇÂO LEGAL DA CONDUTA –
DEVER LEGAL estaria relacionada ao fato de aquela conduta ser ou
não ordenada pela lei, daí o termo “conglobante”, no
3.1 NATUREZA JURÍDICA sentido de que o ordenamento como um todo deve
Entre nós, inevitável a conclusão de ser observado antes de se concluir pela tipicidade
que o cumprimento de dever legal exclui a penal do fato.
antijuridicidade, isto é, trata-se de causa de A construção descrita é de fato
justificação. Esta conclusão não resulta de análise sedutora sob a ótica técnica, entretanto destoa do
filosófico-científica, mas parte da simples leitura do disposto no artigo 23 do CP, de modo que convém
dispositivo legal inserto no artigo 23 do Código (ao menos para efeito de prova) discordar de suas
Penal. Ante a clara disposição legal não nos resta conclusões, conferindo ao estrito cumprimento do
outra saída. dever legal a natureza de causa de justificação e não
de excludente de tipicidade (conglobante).
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o 3
ZAFFRONI, Raul Eugênio e PIERANGELI, José Henrique, in Manual de
fato: Direito Penal Brasileiro, Parte Geral, Ed. Revista dos Tribunais.
Pergunta-se: o mesmo ocorreria – no
3.2 SUJEITOS exemplo acima – caso da conduta de Caio gerasse
Inicialmente, impende frisar que resultado típico culposamente?
somente o “dever legal” pode gerar a excludente em Acreditamos que não. Explico:
comento, a obrigação decorrente de contrato ou Na realidade o estrito cumprimento
relação jurídica infralegal não gera para o agente a do dever legal, exige atividade plenamente abraçada
causa de justificação em comento. por lei, sem que o agente extrapole os limites de seu
Por esta razão, em doutrina, há quem dever.
defenda que a exclusão de ilicitude derivada do Ora, definindo-se o crime culposo
estrito cumprimento do dever legal somente possa como sendo “quando o agente deu causa ao
aproveitar a quem seja funcionário público4 (em resultado por imprudência, negligência ou
sentido amplo). imperícia5”, não seria razoável a conclusão de que,
Contudo, não parece a conclusão ser mesmo sendo imprudente, o agente agiu em
a mais acertada. É que se olvidam aqueles que ESTRITO cumprimento do dever legal.
defendem o posicionamento acima de que o Imaginemos que, no exemplo supra,
particular – ainda que não investido em função Caio após analisar a situação resolve atirar em
pública – pode ter o dever legal de agir. É o caso dos direção às pernas do criminoso, o que de fato ocorre.
pais em relação à proteção dos filhos, ou o caso do Entretanto, a bala atravessa o criminoso e,
médico em relação a quem necessite de socorro. ricocheteando no solo, vem a atingir também uma
Assim, razão assiste àqueles – criancinha que brincava nas adjacências, causando-
doutrina majoritária entre nós – que advogam a tese lhe a morte.
de que o estrito cumprimento do dever legal não é Em relação ao fato típico doloso –
excludente privativa de funcionário público. lesão causada em Mévio – seria possível o
reconhecimento da causa de justificação do estrito
3.3 ALEGAÇÃO EM CRIMES CULPOSOS cumprimento de dever legal, todavia não seria
Interessante questão é saber se a plausível sua alegação em relação ao fato culposo,
excludente em comento pode ser alegada em favor isto é, ao homicídio culposo da criança.
daquele que haja praticado fato típico culposo.
Ab initio, destaque-se que é 5.5 O EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO
perfeitamente cabível a alegação de estrito O fundamento deste derradeiro tipo
cumprimento do dever legal em se tratando de fatos permissivo legal é o fato de o direito penal possuir
dolosos. Vejamos o seguinte exemplo: caráter meramente fragmentário.
Imaginemos que Caio é o policial É que não se presta o direito penal a
incumbido de realizar a prisão de perigoso bandido – inaugurar proibições, uma vez que cuidando de
Mévio. Suponhamos que ao encontrar o malfeitor medida restritiva de direitos, deve a intervenção
Caio anuncie-lhe a prisão e que, incontinenti, Mévio estatal na liberdade do cidadão constituir medida
empreenda fuga pelas ruas da cidade, obrigando o excepcional que somente tem cabimento diante de
policial a persegui-lo. Durante a busca, Caio – após extrema e comprovada necessidade.
analisar a situação – chega à conclusão de que é Assim, antes de qualquer conduta
necessário pular por sobre o fugitivo para pará-lo. Ao receber a extrema reprovação do direito penal ela
realizar a ação, termina por derrubar o criminoso, precisa constituir ilícito também em relação a outros
causando-lhe lesões leves nos joelhos – em ramos do direito, de maneira que jactais uma conduta
decorrência da queda. permitida por outro direito será objeto de proibição
Note que no exemplo acima foi pelo direito penal, esta é a essência da justificante do
realizada conduta dolosa (ao menos dolo eventual) exercício regular de direito.
de que resultou fato típico correspondente ao crime Ora, diante do princípio da plenitude
de “lesões corporais” (artigo 129, caput, do CP), lógica do direito, não faz nenhum sentido que a lei
entretanto o agente não responderá tendo em vista ter possa permitir e proibir ao mesmo tempo a mesma
atuado em estrito cumprimento do dever legal. conduta. Exemplificando, vejamos o crime previsto
no artigo 32 da Lei 9.605/98:
4
O vetusto termo “funcionário público” encontra assento no direito penal,
especificamente no artigo 327 do CP. Hodiernamente, o termo técnico que lhe
5
equivaleria em significado seria “agente público”. Código Penal, artigo 18, inciso II.
necessário, causando no outro
Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir um dano não autorizado por
ou mutilar animais silvestres, domésticos ou lei. É o caso daquele que,
domesticados, nativos ou exóticos: após repelir a agressão de seu
oponente prossegue agindo de
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. maneira a causar-lhe novos
Imaginemos aquele que possui uma danos.
criação de porcos para o abate (supondo que seja um b) Excesso Culposo: decorre de
criadouro autorizado). Não há como negar que negligência, imprudência ou
aquele que vai abater animais vai feri-los primeiro. imperícia na utilização dos
Porque então os grandes criadores meios adequados à realização
não são punidos? da atitude amparada pela
Na realidade, estes estabelecimentos excludente de ilicitude. Como
agem sob o amparo de um alvará de funcionamento exemplo, imaginemos que
expedido pela autoridade competente, o que lhes dá o Caio, em legítima defesa,
direito de explorar este segmento de mercado. efetue um disparo de arma de
Obviamente, se o direito administrativo (comercial fogo em Tício, buscando
etc.) permite a conduta, não é o direito penal que vai atingi-lo na perna para fazer
proibi-la. cessar a agressão.
Em doutrina os exemplos mais Suponhamos que Caio tenha
comuns da excludente do exercício regular de direito esquecido do fato de que
são: aquela arma que utilizava
a) a violência desportiva dava um enorme “coice” ao
b) a intervenção cirúrgica disparar e, assim termina por
c) a correção dos pais sobre os filhos atingir a cabeça de Tício com
menores um tiro letal, que era
Obviamente a excludente só ampara desnecessário para repelir a
situações REGULARES do exercício de direito, o agressão.
excesso será naturalmente punido, conforme dicção Note-se que o excesso culposo
do parágrafo único do artigo 23 do Código Penal – a pressupõe o concurso de três requisitos: a) que o
ser estudado logo à frente agente inicie a sua conduta dentro de uma excludente
(como no exemplo acima caio iniciou em legitime
5.6 RESPONSABILIDADE PELO EXCESSO defesa); b) que o resultado advenha de negligência,
Reza o parágrafo único do artigo 23 do Código imprudência ou imperícia e c) que o resultado seja
penal: típico na modalidade culposa – uma vez que o §
“O agente, em qualquer das hipóteses deste único do artigo 18 do CP exige previsão expressa
artigo, responderá pelo excesso doloso ou para a modalidade culposa de crime.
culposo”. Poderíamos assim resumir, portanto o
Nota-se, portanto que ainda que haja excesso:
a situação fática autorizadora da causa de
justificação, deve o agente respeitar os limites . Doloso ou consciente
objetivos do tipo penal permissivo, sob pena de ver- Inicial legítima defesa
se responsabilizado pelo excesso que venha a gerar. . Culposo Culpa no excesso
Quanto ao elemento subjetivo, a Resultado culposo típico
doutrina costuma classificar o excesso em:
a) Excesso doloso: decorre de
conduta deliberadamente 5.7 O ERRO NA EXECUÇÃO DAS
excessiva do agente que – por EXCLUDENTES DE ILICITUDE
menosprezo ou indiferença
quanto ao bem alheio – Outro ponto de relevo no estudo da
escolhe a via do excesso tendo ilicitude penal é o da conseqüência jurídico-penal
ciência de que atua além do que teria a atividade do agente que – agindo em
legítima defesa ou em estado de necessidade – viesse Todavia, em se tratando de uma
a causar um dano não desejado por erro na execução situação aberrante (resultado não pretendido pelo
da defesa do bem ameaçado. autor, que deriva de erro na execução) é atingido um
Inicialmente saliente-se que terceiro inocente que nada tem com a agressão que
trabalharemos sempre com a idéia de que o resultado gerou a legítima defesa.
diverso do pretendido pelo autor adveio de erro, Assim, não se pode negar o direito à
nunca de dolo. indenização que esta ao atingido neste caso.
Pois bem, imagine que Mévio – na Obviamente, caberá ação regressiva contra o
intenção de repelir injusta agressão oriunda de Tício causador da agressão injusta.
– venha a efetuar contra seu oponente um disparo de
arma de fogo. Suponhamos que a bala atinja de 6. JUSTIFICAÇÃO SUPRA LEGAL
raspão o agressor no braço e que – atravessando o Inicialmente, a justificação supra
corpo de Tício – venha a ferir mortalmente Caio, legal de condutas típicas teve assento na Alemanha
uma criancinha que brincava nas imediações do ante a omissão no código daquilo que hoje
local. conhecemos como estado de necessidade.
Pergunta-se: Mévio poderá ser Desenvolveu-se a teoria para que se pudesse evitar a
absolvido do homicídio de Caio, alegando em seu punição daquele que pratica o fato para salvar bem
favor ter agido em legítima defesa? jurídico de perigo atual inevitável.
A resposta é afirmativa. Contudo, a construção perde o relevo
Na realidade, não fica excluída a em relação ao direito penal brasileiro, tendo em vista
justificante pelo fato de – em decorrência de erro – que o CP (artigos 23 e 24) trata especificamente do
ter o agente causado dano a pessoa diversa do tipo permissivo denominado estado de necessidade.
agressor. Em outras palavras: mantém-se a legítima Cumpre destacar, todavia, que a
defesa. Da mesma forma o estado de necessidade. teoria da existência de justificações fora do texto da
Entretanto, em relação aos efeitos lei tem extrema importância no trato penal relativo
civis, vale lembrar que caberá indenização ao ao consentimento do ofendido.
terceiro inocente atingido, ainda que se trate Na realidade, a concordância da
inicialmente de legítima defesa. vítima, para que se caracterize como excludente
Em verdade, a atitude em estado de supra legal de ilicitude, exige a presença simultânea
necessidade agressivo naturalmente gera o dever de de 03 requisitos:
indenizar em relação ao terceiro, ainda que não se
trate de situação decorrente de erro. Por exemplo: a) LICITUDE
Caso Mévio, para livrar-se de carro desgovernado b) VALIDADE
que vinha em sua direção, acabe investindo contra c) AUSÊNCIA DO
Tício, que passava de bicicleta, causando-lhe lesões; DISSENSO DA
restará (em que pese a sua absolvição criminal pelo VÍTIMA NA
estado de necessidade) o dever de indenizar o DEFINIÇÃO
terceiro (Tício) – cabendo logicamente ação de LEGAL DO
regresso contra o responsáel pela causação do perigo. CRIME
Contudo, o mesmo não ocorre em se
tratando de legítima defesa. Justifica-se o Em relação à LICITUDE,
posicionamento pelo fato de que a legítima defesa observamos que o consentimento tem de ser dado em
volta-se necessariamente contra o agressor. relação a bem disponível, visto que a concordância
Ora, aquele que se presta a praticar da vítima, em relação à destruição de bem
injusta agressão contra outrem, deve preparar-se para indisponível é, em tese, irrelevante para o direito.
suportar a retaliação da vítima, sem que disso lhe Assim, o eventual consenso da vítima
surja pretensão indenizatória próspera, isto é, aquele no crime de homicídio (por exemplo) não produz
que resolve agredir outra pessoa não pode pretender qualquer efeito, devendo o agente responder pelo
receber indenização daquele que apenas se defendia. resultado causado por sua conduta
Por isso afirmamos que (ao menos em tese) a Em se tratando se VALIDADE, o
legítima defesa não gera o dever de indenizar, como consentimento deve ser realizado por pessoa capaz
o faz o estado de necessidade. de consentir, de modo que não tem qualquer
relevância a concordância realizada por criança ou a chave de casa no escritório. Assim, já sem mais
por um louco (por exemplo). poder esperar, autoriza que Caio, seu amigo, arrombe
Por fim, exige a doutrina que o a porta para que possa pegar o documento.
dissenso da vítima não constitua elementar do tipo Neste caso temos uma conduta que se
penal. amolda perfeitamente à norma penal incriminadora
É que existem tipos que trazem como (fato típico), mas que carece de ilicitude, ante à
requisito essencial à definição do crime a presença da excludente supra legal do consentimento
discordância da vítima. Nestes delitos, o fato do ofendido.
praticado em acordo com a vontade do titular do bem Desta forma, podemos resumir os
ameaçado é atípico por não completar todos as efeitos do consentimento válido dado sob bem
elementos de definição legal do crime. disponível:
Exemplificando: o crime de estupro a) Em se tratando de
(CP, art. 213) tem a seguinte redação: tipo penal em que o
dissenso da vítima
Art. 213 – Constranger mulher à conjunção constitui elementar
carnal mediante violência ou grave ameaça. do crime –
Pena - reclusão, de seis a dez anos. excludente de
tipicidade;
Note-se que o núcleo do tipo (o verbo b) Em se tratando de
“constranger”) traz de maneira intrínseca o dissenso tipo penal em que o
do sujeito passivo, uma vez que constranger é – a dissenso da vítima
grosso modo – obrigar uma pessoa a fazer o que ela não constitui
não quer. elementar do crime
Assim, caso Tício pratique uma – excludente de
conjunção carnal consentida com Manuela, ilicitude supra
estaríamos diante de um fato atípico, e não diante de legal.
um fato típico amparado por excludente de ilicitude
supra legal. EXERCÍCIOS
É de se perceber que, neste caso, o
consentimento da vítima excluiu a tipicidade e não a 01 – (Policia Civil – MG – 2007 – ACADEPOL).
ilicitude. Quanto às causas de justificação é CORRETO
A situação é entretanto distinta afirmar que:
quando – em se tratando de crime que cuida da
proteção de bem disponível – a vítima capaz vem a a) Na administração da justiça por parte dos agentes
consentir na prática da conduta típica. estatais é meio legitimo o uso de armas com o intuito
Tomemos de exemplo o crime de de matar individuo que tenta evadir-se de cadeia
dano (artigo 163 do CP): pública.
b) O policial ao efetuar prisão em flagrante tem sua
Art. 163 – Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa conduta justificada pela excludente do exercício
alheia: regular de direito.
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. c) Pode ser causa de exclusão da ilicitude o
consentimento do ofendido nos delitos em que ele é
Notemos que no tipo penal acima não o único titular do bem juridicamente protegido e
está contido – como circunstância elementar – o pode dele dispor livremente.
dissenso da vítima. O crime de dano pode inclusive d) A obrigação hierárquica é causa de justificação
ser praticado na clandestinidade que continuará a que exclui a ilicitude da conduta de agente público.
constituir ilícito penal.
Pois bem, imaginemos que Mévio – 02 - (Policia Civil – MG – 2007 – ACADEPOL).
apressado para importante reunião –tenha esquecido Com relação às causas excludentes de ilicitude, é
indispensável relatório em sua residência. CORRETO afirmar que:
Ao perceber o descuido, Mévio
dirige-se a seu lar. Chegando, nota que tenha deixara
a) Não existem causas supra legais de exclusão da
ilicitude, uma vez que o art. 23 do Código Penal 05 - ( Delegado de Policia – ACRE – 2008 –
pode ser entendido como numerus clausus. CESPE). Analise as alternativas a seguir e
b) Não se reconhece como hipótese de legítima assinale a correta:
defesa a circunstância de dois inimigos que supondo A) São requisitos da legitima defesa : a) existência
que um vai agredir o outro, sacam suas armas e de um perigo atual, b) perigo que ameace direito
atiram pensando que estão se defendendo. próprio ou alheio, c) conhecimento da situação
c) São requisitos para configuração do estado de justificante e d) não provocação voluntária da
necessidade a existência de situação de perigo atual situação de perigo pelo agente.
que ameace direito próprio ou alheio, causando ou B) O Código Penal adotou a teoria diferenciadora
não voluntariamente pelo agente que não tem dever para definir a excludente de ilicitude do “estado de
legal de afasta-lo. necessidade”. Assim sendo, atual, que não provocou
d) Trata-se de estrito cumprimento de dever legal a por sua vontade, nem podia de outro modo evitar,
realização, pelo agente, de fato típico por força do direito próprio ou alheiro de valor superior que o
desempenho de obrigação imposta por lei. sacrificado exclui-se a ilicitude. Entretanto, se os
bens em conflito forem equivalentes, ou se o bem
03 - (Delegado Substituto – ES – 2006 – CESPE). preservado for de valor inferior ao sacrificado, não
É apresentada uma situação hipotética acerca das incidirá a excludente.
normas pertinentes à parte geral do Código C) São elementos da culpabilidade, segundo a Teoria
Penal. Julgue o item: Finalista da Ação: a) imputabilidade, b) potencial
consciência da ilicitude e c) exigibilidade de conduta
A lei não permite o emprego da violência física diversa.
\como meio para repelir injúrias ou palavras D) O oficial de justiça que executa uma ordem
caluniosas , visto que não existe legitima defesa da judicial de despejo age no exercício regular de um
honra. Somente a vida ou a integridade física são direito.
abrangidas pelo instituto da legítima defesa.
GABARITO
04 – (Delegado de Policia – SC – 2008 – ACAFE). 1-C
As causas de exclusão de ilicitude, previstas no 2-D
artigo 23 do Código Penal, devem ser entendidas 3-E
como cláusulas de garantia social e individual. 4-B
Sobre as excludentes, considere as seguintes 5-C
afirmativas:
RESUMO DE AULAS
1) Atua em legítima defesa quem repele ataque de
pessoa inimputável ou de animal descontrolado Professores: Deusdedy/Demétrius.
2) Não pode alegar estado de necessidade quem tinha
o dever legal de enfrentar o perigo. DA CULPABILIDADE
3) Considera-se em estado de necessidade quem
pratica o fato mediante existência de perigo atual, CONCEITO:
involuntário e inevitável.
4) O estrito cumprimento do dever legal pressupõe A idéia da culpabilidade surge a partir da
que o agente atue em conformidade com as percepção pelos penalistas de que, sendo a penal a
disposições jurídico-normativas e não simplesmente mais grave das punições, não faria sentido a
morais, religiosas ou sociais. atribuição de sanção penal ao agente sobre o qual
não recaísse um juízo de reprovabilidade.
Assinale a alternativa correta: Assim, constituiu-se a culpabilidade como
a) Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras. sendo o juízo de reprovabilidade que recai sobre o
b) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras. autor do injusto.
c) Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras. Ocorre que, ao passar dos tempos, a
d) Somente as afirmativas 1 e 3 e 4 são verdadeiras. culpabilidade foi sendo acrescida de critérios
e) Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras. normativos e tomando um contorno muito mais
técnico que traz o conceito que hoje é adotado pela culpa inconsciente (em que não há relação
maioria doa autores e que corresponde à doutrina psicológica entre o autor e o fato), nem o da
finalista de Hans Welzel (1931). imputabilidade (note-se que o doente mental, v.g.,
Segundo o escólio de Zaffaroni e Pierangeli, a mantém uma relação psicológica com o delito).
culpabilidade é a reprovabilidade do injusto ao
autor. TEORIA PSICOLÓGICO-NORMATIVA DA
Um injusto (fato típico e ilícito) é culpável CULPABILIDADE
quando reprovável ao autor a realização desta
conduta. Isso decorre do fato de o agente não se ter Passado o tempo, notou-se que a culpabilidade
arrimado na norma, quando isto lhe era exigível. não poderia ocupar-se apenas de aspectos
Ao não ter agido conforme o direito (quando psicológicos, uma vez que seria necessário excluí-la
podia e lhe era exigível), o autor mostra uma índole quando – diante de situações anormais – ao agente
que contraria o ordenamento. Este é o conceito não fosse exigível ação conforme o direito. Surgia a
normativo de culpabilidade. inexigibilidade de conduta diversa como elemento da
Desta forma, no atual panorama do direito culpabilidade.
penal a culpabilidade pode ser conceituada como É no início do séc. XX que – atrelada ao
sendo: pensamento neokantiano (Goldschmidt, Freudenthal
e Mezger) – ganha força a teoria em comento.
O juízo de reprovação que recai sobre o Sob esta ótica a culpabilidade passou a possuir
agente do fato que – no momento da conduta – o seguinte aspecto:
tinha a capacidade de entender e de querer, e de
quem se poderia exigir agisse conforme o direito, e CULPABILIDADE: (Teoria Psicológico-
não agiu. Normativa) IMPUTABILIDADE / DOLO E CULPA
Adiante trabalharemos pormenorizadamente / EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA
cada um dos elementos deste conceito. Nesta concepção o dolo contém a consciência
da ilicitude (elemento normativo – chamado de dolus
TEORIAS DA CULPABILIDADE malus), isto é na conduta dolosa deveria haver a
TEORIA PSICOLÓGICA PURA DA intenção de praticar os elementos do tipo penal (dolo
CULPABILIDADE natural) e a consciência de que estaria sendo violado
o ordenamento jurídico.
Atrelada ao causalismo de Von Liszt e Beling, No Brasil, esta concepção de culpabilidade
surgiu no séc. XIX a chamada teoria psicológica pura somente foi abandonada definitivamente em 1984.
da culpabilidade.
Podemos a grosso modo resumir sua TEORIA NORMATIVA PURA DA
construção afirmando que a culpabilidade era medida CULPABILIDADE
pela posição psicológica do agente em face do bem Resultante da teoria finalista da ação (Hans
jurídico atingido da vítima. Welzel – 1931), surge a Teoria Normativa Pura da
Assim, verificando ter o agente atuado com culpabilidade, abandonou-se totalmente o caráter
desprezo ou indiferença para com o bem tutelado, psicológico restando apenas elementos normativos.
teríamos uma “culpabilidade dolosa”, caso sua Segundo o próprio Welzel, a culpabilidade “é
posição fosse de apenas descuido, estaríamos diante uma qualidade valorativa negativa da vontade de
de uma “culpabilidade culposa” (que por sua vez ação e não a vontade em si mesma”, estava
poderia ser leve, grave ou gravíssima). registrada a crítica às demais teorias. Vislumbrou-se
Desta forma, a culpabilidade tinha somente que não havia caráter subjetivo ou psicológico na
aspectos pscicológicos (o dolo ou a culpa), possuindo culpabilidade, mas que “um estado anímico pode ser
como pressuposto a imputabilidade, apresentando o portador de uma culpabilidade maior ou menor, mas
seguinte aspecto: não pode ser uma culpabilidade (maior ou menor)”.
Isto é, não se pode confundir o juízo que se faz
CULPABILIDADE: (Teoria Psicológica pura) - acerca de um fato, com o próprio fato.
IMPUTABILIDADE / DOLO E CULPA Desta forma, todos adotou-se uma
As principais críticas que se faz a esta teoria culpabilidade despida do caráter psicológico,
consistem em que não se resolveria o problema da seguindo agora com três elementos quais sejam:
a) Imputabilidade; conduta, totalmente incapaz de entender o caráter
b) Exigibilidade de conduta diversa; ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
c) Potencial consciência da ilicitude do fato; esse entendimento.”
Em relação a este último, cumpre salientar que
resultou da desvinculação da consciência da ilicitude Na realidade, presume-se a imputabilidade do
do desejo puro e simples de praticar os elementos do agente, somente concluindo ordenamento pela sua
tipo penal (dolo natural). não responsabilização quando diante de alguma das
Na realidade, (como havíamos salientado) o causas de exclusão.
dolo continha um aspecto psicológico (intenção de
praticar os elementos do tipo penal) e um normativo MENORIDADE
(consciência de estar violando o ordenamento). Com São penalmente inimputáveis os menores de 18
o advento do Finalismo, o aspecto subjetivo migrou anos. A Constituição Federal prevê a causa em
para a conduta (que passou a ser uma ¨conduta comento em seu artigo 228, enquanto no CP
final¨), restando na culpabilidade apenas o seu encontramos o trato legal da menoridade no artigo
aspecto normativo que deu origem ao que hoje 27, com a seguinte redação:
conhecemos como ¨potencial consciência da ilicitude
do fato¨. “Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos
são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às
IMPUTABILIDADE normas estabelecidas na legislação especial.”

CONCEITO Como se nota, os menores de 18 anos sujeitam-


Para Aníbal Bruno a imputabilidade seria: se, às medidas sócio-educativas previstas no Estatuto
da Criança e do Adolescente (Lei 8069/90), no caso
“conjunto das condições de maturidade e da prática de ato infracional (conduta definida como
sanidade mental que permitem ao agente conhecer crime na Lei Penal).
o caráter ilícito do seu ato e determinar-se de A Lei Penal consagra o chamado CRITÉRIO
acordo com esse entendimento”. PURAMENTE BIOLÓGICO, também
denominado ETÁRIO. Nestes casos, parte-se da
Assim, em outras palavras, teríamos a presunção absoluta de que aquele que ainda não
culpabilidade como sendo a capacidade pessoal do possui 18 anos não tem capacidade de compreender o
agente de responder penalmente pelo injusto que haja caráter ilícito do fato, sendo, portanto, inimputável.
cometido Segundo doutrina majoritária, o sujeito torna-se
Essa capacidade compreenderia dois aspectos: imputável a partir da 00:00h do dia de seu
a) intelectivo – capacidade de aniversário de 18 anos, não tendo relevância penal o
compreender o caráter ilícito do fato; momento do nascimento do agente.
b) volitivo – capacidade de portar-se de De acordo com o artigo 155 do CPP, a prova da
acordo com este entendimento – autodeterminação. menoridade deve ser feita nos mesmos moldes da lei
civil, isto é, mediante certidão do registro
CAUSAS DE EXCLUSÃO: competente. Entretanto o STJ (súmula 74) tem
abrandado o rigor do dispositivo permitindo que a
Note-se que Código Penal não conceitua a prova da menoridade se dê por (qualquer) documento
inimputabilidade. hábil – como, v. g., uma certidão de batismo.
Contudo, partindo dos artigos 26 e seguintes,
que definem as situações de inimputabilidade, ENFERMIDADE MENTAL
seguindo uma interpretação a contrario sensu, A deficiência de ordem mental no direito penal
poderíamos conceituar (conceito “legal”) da seguinte pode manifestar-se principalmente de 2 maneiras:
forma:
a) Doença mental – alteração mórbida da
“considera-se inimputável o agente que, por saúde mental, independentemente de sua origem.
menoridade, embriaguez fortuita ou patológica, Ex.: paralisia cerebral progressiva, esquizofrenia,
doença mental ou desenvolvimento mental psicose maníaco-depressiva, epilepsia grave,
incompleto ou retardado, era, ao tempo da demência senil, paranóia) – art. 26, CPB.
feito até o restabelecimento do acusado (CPP,
b) Desenvolvimento mental incompleto ou artigo 152);
retardado – Ex.: oligofrenias – idiotia, imbecilidade, III) Caso o agente seja inimputável no
debilidade mental, psicopatia etc. 6 momento da conduta, mas se restabeleça
posteriormente, será absolvido em relação ao fato,
Adota a lei um CRITÉRIO não havendo medida de segurança.
BIOPSICOLÓGICO, isto é, alem da verificação da O sistema Brasileiro (Vicariante) se
enfermidade mental é necessário que o agente tenha contrapõe ao sistema “duplo binário” que
diminuída sua capacidade de “entender ou de vigorava no Brasil até 19848. Nesta época era
querer”. possível que, para o mesmo fato fosse aplicada
Desta forma faz-se tripla exigência: pena e medida de segurança. O agente somente
Temporal: a enfermidade deve abater o agente no iniciava esta quando aquela cessasse.
momento da conduta. Caso ao sujeito da conduta b) SEMI-IMPUTÁVEL - quando o agente,
sobrevenha doença mental, não teremos o caso de em decorrência da enfermidade, não possuía a inteira
inimputabilidade. capacidade de compreender o caráter ilícito do fato
Conseqüencial: é necessário que da enfermidade ou de portar-se de acordo com este entendimento.
advenha incapacidade de compreender o caráter Nesta hipótese o agente será condenado pelo
ilícito do fato ou incapacidade de determinar-se de fato, mas terá em sua PENA uma redução de 1/3 a
acordo com este entendimento. 2/39. A medida de segurança para o semi-imputável,
Quantitativo: como a lei penal adota o critério bio- caso haja, será em caráter substitutivo da pena.
psicológico, admite-se gradação em relação ao NOTA: segundo o artigo 96 do CP, as
problema mental que atinge o agente. Vejamos: medidas de segurança são de Internação em
hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou,
Assim, concluímos que o agente do fato pode à falta, em outro estabelecimento adequado e de
ser: sujeição a tratamento ambulatorial.
a) INIMPUTÁVEL - quando a enfermidade Caso o agente inimputável tenha cometido
lhe atinge de tal maneira que ele se mostra um crime punível com reclusão (hipótese em que
inteiramente incapaz de compreender o caráter ilícito a lei presume a periculosidade), o juiz
do fato ou de portar-se de acordo com este determinará sua internação. Se, todavia, o fato
entendimento. previsto como crime for punível com detenção,
Nesta hipótese o agente será absolvido7 - por poderá o juiz submetê-lo a tratamento
ausência de culpabilidade - mas (se perigoso) estará ambulatorial10.
sujeito a medida de segurança (vide Súmula 422 do
STF). EMBRIAGUEZ
NOTA: Adotamos no Brasil o chamado Cuida-se da “intoxicação por álcool ou
sistema vicariante. Este não admite, no mesmo substância de efeitos análogos”.
processo, a aplicação simultânea de pena e A embriaguez pode ser:
medida de segurança, assim: a) PREORDENADA – hipótese em que o
I) Caso o agente seja imputável no momento agente se embriaga para o cometimento do
da conduta, mas lhe sobrevenha doença mental no delito.
curso da execução, haverá a substituição da pena Neste caso, além de a embriaguez não refletir na
pela medida de segurança (LEI 7.210/84, artigo imputabilidade do agente, ela é agravante11 da pena.
183); b) VOLUNTÁRIA – que por sua vez pode ser:
II) Caso o agente seja imputável no b.1) Dolosa – nesta hipótese o agente não se
momento da conduta, mas lhe sobrevenha doença embriaga com o intuito de cometer o delito, mas
mental no curso do processo, haverá suspensão do apenas com a intenção de permanecer embriagado. É

6
A Oligofrenia ou retardamento mental é uma deficiência mental que abarca 8
Vide original redação do CP/1940, artigo 82 – antes da
graves defeitos de inteligência, consistente, em termos gerais, da falta de reforma de 1984.
desenvolvimento das faculdades mentais. A Idiotia é um defeito congênito do 9
desenvolvimento dessas faculdades e a Imbecilidade, em sentido estrito, é uma CP, Art. 26, parágrafo único.
10
parada desse desenvolvimento. CP, Art. 97.
7 11
CP, Art. 26, caput. CP, Art. 65, inc. II, alínea l.
o famoso “hoje eu vou beber todas!” que nós f
ouvimos dizer diariamente. o
b.2) Culposa – neste caso o agente bebeu r
voluntariamente, mas sem a intenção de cometer o t
crime ou de se embriagar. Ocorre que o sujeito é u
negligente em relação à quantidade de álcool (ou i
substância de efeitos análogos) que vai ingerir, o que t
termina por gerar a intoxicação culposa do agente. o
No caso de embriaguez voluntária – seja ela dolosa
ou culposa – o agente responde pelo crime como se o
sóbrio estivesse. u
Isso se explica pela adoção no CP da teoria da
“ACTIO LIBERA IN CAUSA”. Isto é, aquele que, d
com ação livre na causa, voluntariamente se coloca e
na posição de inimputável, não Pode alegar em seu
favor a sua própria incapacidade de compreensão ou f
autodeterminação. o
No direito brasileiro, em regra, entende-se que r
aquele que não possui a capacidade de compreender ç
o caráter ilícito do fato ou de portar-se de acordo a
com este entendimento não deve responder pelo
crime que haja cometido. m
A teoria da actio libera in causa constitui a a
única exceção no ordenamento, em que – mesmo que i
não entenda o que faz – o sujeito deverá sem o
penalmente responsabilizado. r
a) F .
O b) P
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a qualquer que tenha sido a infração penal praticada,
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do
L fato ou de determinar-se de acordo com esse
e entendimento deverá ser isento de pena (absolvido).
i Note que neste caso não haverá medida de
6 segurança, senão em relação àquele que cometera
. crime embriagado em decorrência de dependência12.
3 Por outro lado, se – em razão do mesmo fato o
8 agente apenas não possuía a inteira capacidade de
/ entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se
7 de acordo com esse entendimento deverá ser
6 condenado e a sua pena ser reduzida de 1/3 a 2/3.
) EMOÇÃO E PAIXÃO
q A emoção e a paixão, embora afetem o ânimo
u do agente, não lhe retiram a capacidade de entender e
e querer - não constituem excludentes da
imputabilidade (art. 28, I, CP).
r Não significa, todavia, que são irrelevantes
e para o direito penal, podendo constituir atenuante
s genérica a violenta emoção, provocada por ato
u injusto da vítima (art. 65, III, “c”), ou causa especial
l de diminuição da pena.13,
t
a A POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA
ILICITUDE DO FATO
d
e ERRO DE DIREITO – também tratado como
“desconhecimento da lei”, o erro de direito – bem
d como a equivocada interpretação da norma – não
e aproveitam ao agente, pois, “a ninguém é dado
p desconhecer a lei”. A própria lei penal deixa claro
e que “o desconhecimento da lei é inescusável14”.
n ERRO DE PROIBIÇÃO – dispõe a lei penal
d (CP, art. 21, segunda parte):
ê “O erro sobre a ilicitude do fato, se
n inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá
c diminuí-la de um sexto a um terço.”
i Note-se que aqui não tratou o legislador do
a simples desconhecimento da lei, mas do
: desconhecimento do caráter ilícito do fato – ao
Nestas duas últimas hipóteses, a embriaguez pode ser agente não sabe que está fazendo “coisa errada”,
completa ou incompleta: pensa agir conforme o direito.
embriaguez incompleta – fase da excitação (a partir É o exemplo daquele que – após receber ordens
de 0,8 g por mil de sangue); médicas para que somente consumisse açúcar de
embriaguez completa – fase da depressão (cerca de beterraba, Mévio resolve plantar a leguminosa em
3 g por mil de sangue); seu quintal e produzir, por si mesmo seu açúcar.
embriaguez comatosa – fase de letargia, equiparada Mesmo sem saber que fazia “coisa errada” ele
legalmente á completa (cerca de 4 a 5 g por mil de cometeu fato descrito como crime no Decreto-Lei n.º
sangue). 16/66.
Assim, se o agente praticou o fato embriagado, 12
Lei 6.368/76, artigo 19 c/c 29.
em razão da dependência, ou de caso fortuito ou 13
V. g., arts. 121, § 1.º e 129, § 4.º, ambos do CPB.
força maior e era, ao tempo da ação ou da omissão, 14
CP, art. 21, primeira parte.
Note-se que muito embora o simples “Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo
desconhecimento da lei não exima o agente, é de se do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a
reconhecer que – muitas vezes – a ignorância da lei punição por crime culposo, se previsto em lei.”
leva ao desconhecimento do caráter ilícito do fato.
O erro de proibição pode ser de três principais Note o leitor que este erro por sua vez não
maneiras: atinge a culpabilidade.
É que, depois do finalismo (Welzel, 1931), o
a) DIRETO – erro que recai sobre o conteúdo de dolo passou a ser o elemento subjetivo da conduta,
norma penal proibitiva (norma que define os migrando da culpabilidade para a estrutura do tipo
chamados crimes comissivos), como é o caso do penal15.
agente acima; Uma vez que o dolo é “a intenção de praticar
b) MANDAMENTAL – recai sobre o conteúdo de os elementos do tipo penal16”, é forçoso concluir que,
uma norma imperativa (norma que define os tipos se o agente desconhece elemento do tipo penal que
penais omissivos próprios), como é o exemplo do pratica, não pode agir dolosamente.
médico que acredita desnecessária a comunicação de Como exemplo, imaginemos que Caio receba
doença de notificação obrigatória à autoridade de Mévio um livro para que entregue a Tício.
sanitária, tendo em vista que seu vizinho (que possui Suponhamos ainda que este é um livro falso, que –
consultório a poucos quilômetros do seu), já efetivara fechado – parece um livro, mas que – na realidade –
a comunicação dos fatos ao órgão competente. constitui um repositório da substância entorpecente
Mesmo sem saber, o médico praticou a conduta denominada “cloridrato de cocaína” (o que é
descrita no artigo 269 do CP. desconhecido por Caio). Pergunta-se, se Caio
c) INDIRETO – recai sobre norma penal permissiva transportar o suposto “livro”, teria ele cometido o
(normas que estabelecem as chamadas excludentes crime de tráfico ilícito de substância entorpecente
de ilicitude) podendo ser: (Lei 6.368/76, artigo 12, caput)?
Erro sobre a existência da causa de Responde-se: não.
justificação: o agente supõe estar amparado por É que, não conhecendo da natureza do material
causa excludente de ilicitude que não existe. Ex., que transportava, não possuía Caio a intenção de
Manuela pratica um aborto em si mesma acreditando praticar os elementos do tipo penal do artigo 12 da
que é permitido o aborto por questões econômicas. Lei 6.368/76 (não tinha dolo), sem dolo não havia
Erro sobre os limites da causa de conduta e, sem conduta, não há fato típico.
justificação: o agente diante de uma excludente de
ilicitude excede, sem saber, os seus limites. Ex., Erro de tipo é a falsa percepção da realidade
Tício procura Caio – colega de trabalho de sua sobre os elementos que constituem o tipo.
esposa Manuela, que no dia anterior a destratara –
em “suposta legítima defesa” lhe desfere socos e Matar um homem com um tiro acreditando
pontapés. ser um animal. (Matar alguém).
Como todo erro, o erro de proibição pode ser: Lesionar uma pessoa menor de 14 anos, não
ESCUSÁVEL (desculpável porque invencível): sabendo desta condição. Não responde pela
hipótese em que o sujeito será isento de pena – por circunstância agravante, responde apenas pela lesão
exclusão da culpabilidade; ou – Sobre a circunstância.
INESCUSÁVEL (indesculpável porque vencível): Erro sobre as justificativas (excludentes).
hipótese em que haverá apenas um redutor de pena Matar o filho acreditando ser um ladrão que
de 1/6 a 1/3. invadiu sua casa (legítima defesa putativa).
Esta é a dicção do artigo 21 do CP (transcrito
acima). DESCRIMINATES PUTATIVAS

OS ERROS NO DIREITO PENAL – § 1º do Art. 20. É isento de pena que, por erro
DIFERENÇAS ENTRE OS ERROS DE TIPO E plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe
ERRO DE PROIBIÇÃO situação de fato que, se existisse, tornaria a ação
legítima. Não há isenção de pena quando o erro
ERRO DE TIPO 15
Ver item 3.3, anteriormente tratado.
– dispõe a lei penal (CP, art. 20): 16
Dolo natural.
deriva de culpa e o fato é punível como crime
culposo. Ou simplesmente erro acidental, que não
recaem sobre os elementos e sim sobre a pessoa, o
As descriminantes putativas ocorrem um objeto, a execução ou o resultado.
justificável erro sobre a ilicitude, ou sejam, quando o O erro acidental pode ser sobre a pessoa, o
agente imagina que está em legítima defesa, estado objeto, a execução ou o resultado diverso do
de necessidade, exercício regular de um direito ou pretendido.
no estrito cumprimento do dever legal, mas na – Não retira o dolo ou a culpa, o agente responde
realidade a causa de Justificação não existe. Por como se houvesse atingido a pessoa ou objeto
exemplo, o Policial Lopes quando em cumprimento intencionado.
de um mandado de prisão expedido contra
Agamenon, acaba prendendo Megasson, irmão a) ERRO SOBRE A PESSOA
gêmeo de Agamenon, neste caso embora tenha Art. 20...
havido o abuso de autoridade por parte de Lopes que § 3º. O erro quanto à pessoa contra a qual o crime
prendeu uma pessoa fora da legalidade, restringindo é praticado não isenta de pena. Não se
a sua liberdade de ir e vir, o mesmo não responderá, consideram, neste caso, as condições ou
pois embora tenha praticado o ato fora do estrito qualidades da vítima, senão as da pessoa contra
cumprimento do dever legal, imaginou desta forma quem o agente queria praticar o crime.
estar agindo. Ou o caso do pai de mata a própria filha
de madrugada, dentro de casa, imaginando que era É o chamado “Aberratio in persona”
um bandido que estava invadindo sua casa. O erro sobre a pessoa não exclui o crime, pois
a norma penal tutela os bens jurídicos de todas as
pessoas e não de uma determinada pessoa, assim o
ERRO DETERMINADO POR TERCEIRO agente que atinge a pessoa A, imaginando que se
trata da pessoa B, responde como se tivesse praticado
§ 2º. Responde pelo crime o terceiro que o crime contra A, pessoa pretendida, ainda que a
determina o erro. vítima efetiva seja outra, assim, não devem ser
considerados as características e dados da efetiva
NOTE A DIFERENÇA: vítima, mas sim da vítima pretendida. Ex: Carlos
No erro de proibição o agente sabe pretendendo matar sua esposa Julieta, coloca-se
exatamente o que faz. Conhece os fatos, mas age armado próximo de sua casa, aguardando Julieta sair
acreditando estar de acordo com o direito. Erra de carro, assim que Julieta sai, ele a atinge, porém
sobre a ilicitude (do fato que conhece). quando Carlos se aproxima do carro percebe que na
No erro de tipo o agente desconhece os fatos, realidade matou Janice, irmã de Julieta, a quem esta
age sem conhecer que pratica um fato típico, tinha emprestado o carro. Assim houve um erro
justamente porque não sabe o que faz. sobre a pessoa, pois Carlos não errou em sua
Como todo erro, o erro de tipo também pode execução e sim confundiu o alvo que intencionava
ser: respondendo Carlos como se houvesse matado a
ESCUSÁVEL (desculpável porque invencível): esposa, inclusive com a agravante de ser cônjuge da
hipótese em que se excluirá o crime, pois não havia vítima.
maneira de vencer o erro, não cabendo, portanto,
falar-se em culpa; ou
INESCUSÁVEL (indesculpável porque vencível): b) ERRO SOBRE O OBJETO
hipótese em que o agente incorreu em erro por
negligência, imprudência ou imperícia, já que – É o chamado “Aberratio in objecto”.
sendo o erro vencível – deveria ter tomado mais Da mesma forma que ocorre com o erro sobre
cuidados. Neste caso estará excluído o dolo, mas a pessoa, se uma pessoa pretende praticar um crime
poderá haver a punição por crime culposo, se patrimonial e furta determinado objeto que é uma
previsto em lei. réplica do original, imaginando ser o original,
responde como se houvesse furtado o último. Se
Antônio furta farinha pesando que era açúcar,
ERROS DE TIPO ACIDENTAL responde como se houvesse furtado a farinha.
c) ERRO DE EXECUÇÃO
DO CONCURSO DE PESSOAS
O § 3º do artigo 20, também é um dos
fundamentos para este erro, bem como o artigo 73 Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o
do CP, que é chamado de “Aberratio ictus” . Da crime incide nas penas a este cominadas, na medida
mesma forma que ocorre com o erro sobre a pessoa e de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº
objeto, se uma pessoa pretende praticar um crime 7.209, de 11.7.1984)
objetivando determinada pessoa e há erro no uso dos
meios de execução da infração penal, como por § 1º - Se a participação for de menor importância, a
exemplo, Antônio ativa em Bernardo que está pena pode ser diminuída de um sexto a um terço.
acompanhado da Cássio e, por erro na execução por (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
não ser bom de pontaria, acerta Cássio e não
Bernardo que era o pretendido. Responde como se
houvesse atingido a Bernardo. § 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de
Erro na execução crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste;
Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos essa pena será aumentada até metade, na hipótese de
meios de execução, o agente, ao invés de atingir a ter sido previsível o resultado mais grave.)
pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa
diversa, responde como se tivesse praticado o Circunstâncias incomunicáveis
crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no
§ 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as
também atingida a pessoa que o agente pretendia condições de caráter pessoal, salvo quando
ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código. elementares do crime.

d) ABERRATIO DELICTI Casos de impunibilidade

É também chamado “Aberratio Criminis” . Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o


No exemplo anterior se Antônio acertar auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não
Bernardo, pessoa pretendida e o projétil expelido são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser
pela arma de fogo transfixar e atingir Cássio, tentado.
Antônio responde pelo que pretendia, ou seja, a
morte de Antônio e culposamente pelo ferimento ou
morte de Cássio que não pretendia, entretanto se ele CLASSIFICAÇÃO DO CONCURSO DE
verificou que iria atingir pessoa diversa e foi AGENTES
indiferente reponde pelos dois resultados a título de Concurso necessário – ocorre quando o crime só
dolo. Só se dará o aberratio criminis, quando houver existe se houver a participação de
um resultado diverso do que foi pretendido, se mais de um agente. Ex.: rixa (art.
também ocorrer o pretendido responde por este a 137 do CP) e formação de quadrilha
título de dolo e o resultado não intencionado a título ou bando (art. 288 do CP).
de culpa. Concurso eventual – ocorre em praticamente todos
Resultado diverso do pretendido os crimes, ou seja, um único agente pode ser o autor,
Art. 74 do CP - Fora dos casos do artigo anterior, porém se eventualmente de forma facultativa alguém
quando, por acidente ou erro na execução do o auxiliar na prática delitiva responderá pelo mesmo
crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, crime. Ex. homicídio (art. 121 do CP), furto (art.
o agente responde por culpa, se o fato é previsto 155 do CP) e estelionato (artigo 171 do CP).
como crime culposo; se ocorre também o
resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70 SÃO ELEMENTOS (REQUISITOS) DO
deste Código. CONCURSO DE AGENTES:

- Pluralidade de condutas (cada agente tem


CONCURSO DE PESSOAS uma ação ou omissão relevante para o crime);
Autoria mediata - ocorre quando o agente
- identidade de infração (não podem existir consegue a execução do crime valendo-se de pessoa
infrações diversas sendo realizadas pelos que atua sem culpabilidade).
concorrentes, cada infração, uma ou mais devem ser
realizadas com a participação de todos, se um agente Autoria colateral - ocorre quando mais de
resolver praticar outro crime, sem que aja a aderência uma agente realiza a conduta, sem que existe acordo
dos outros, responde sozinho por ele); de vontade ou liame subjetivo entre eles, como por
exemplo, Maria e Marta, sem ajuste prévio,
- liame subjetivo ( a infração deve entrar na colocam veneno na comida de Antero. Nesse caso,
esfera de conhecimento do agente, bem como suas cada qual responderá pelo homicídio ou tentativa de
circunstâncias, para que este responda por elas); homicídio, dependendo do nexo de causalidade, sem
- nexo causal (é a relação de causalidade em a circunstância do concurso de agente.
ação e resultado, ou seja, a participação de cada um
colaborou para que o resultado ocorresse da forma Autoria intelectual – aquele que detém o
como ocorreu). controle da prática delitiva, o que comanda a
infração penal, executando-a de forma intelectual.
FORMAS DE CONCORRÊNCIA
Co-autoria – se dá quando vários agentes realizam a
Como regra, a prática delitiva consiste na conduta principal do tipo penal. Quando há diversos
intervenção de uma só pessoa como autora da executores.
infração, com sua conduta ativa ou omissiva,
entretanto, o crime pode ser praticado por mais de PARTÍCIPE
uma pessoas que dirigem suas condutas para a
consecução do resultado. Participação subsidiária, de menor
O Código Penal, no art. 29, utiliza o termo importância – partícipe é quem concorre de
concurso de pessoas, que é o mesmo que concurso de qualquer modo para a realização do crime,
agentes, adotando a teoria unitária ou monista, praticando atos diversos dos do autor.
segundo a qual todos os concorrentes do crime
respondem pelo crime praticado e só existe um Formas de participação
crime, analisado individualmente, quando dentro do
mesmo contexto fático, todos respondem pelo Partícipe moral – se dá quando a pessoa induz (cria
mesmo crime, por exemplo, João instigou José a a idéia criminosa na cabeça do autor) ou instiga
matar sua esposa Mariana, Carlos emprestou a arma (apóia ou reforça a idéia criminosa já existente).
para que José matasse Mariana sendo que José Partícipe material – é o apoio, auxílio material,
contou ainda com a participação de Nina que levou físico para a prática do ilícito (cumplicidade).
Mariana até o local onde seria executada, se todos os O partícipe tem a pena a pena diminuída de
concorrentes aderiram a pratica delitiva, todos 1/3 a 2/3.
respondem pelo homicídio, seja na condição de
autor, co-autor ou partícipe. COOPERAÇAO DOLOSAMENTE DISTINTA

As formas de concorrer à prática delitiva se Se algum dos concorrentes quis participara de


dão com a co-autoria ou a participação. Tendo o CP um crime menor, menos grave, será aplicada a ele a
adotado a teoria restritiva, distinguindo o autor do pena prevista para o crime menor, a qual poderá ser
partícipe. aumentada em 1/2 , na hipótese do resultado mais
grave ser previsível.
AUTOR Nesse caso, responde o agente pelo crime
intencionado. Por exemplo – Bento e João resolvem
Aquele que executa o núcleo da conduta furtar uma casa, cujos moradores tinham viajado,
típica, podendo a autoria ser Bento entra na casa enquanto João faz a vigilância
externa, entretanto quando Bento entra na casa se
Autoria imediata – é o autor executor. depara com a empregada que estava inicialmente
dormindo e depois acordou, momento em que Bento
amarra a empregada, assim sendo, o crime que havia
sido iniciado como um furto, passa a ser roubo. O
fato de ter alguém na casa não entrou na esfera de
conhecimento de João, motivo pelo qual se a polícia
chegar e os prender em flagrante delito, João
responderá por furto e Bento por roubo, se o roubo
fosse algo previsível para João, dependendo das
circunstâncias, a pena do furto pode ser aumentada
de metade.

COMUNICAÇÃO ENTRE AS
CIRCUNSTÂNCIAS OBJETIVAS E
SUBJETIVAS

Circunstâncias objetivas

Como regra as circunstâncias em que o crime


ocorreu, o meios utilizados, se entra na esfera de
conhecimento de todos os agentes, todos respondem,
por exemplo: Mariza, Margarida e Patrícia resolvem
assaltar uma padaria, apenas Margarida está armada,
fato que está na esfera de conhecimento de Mariza e
Patrícia. Se Margaria matar o caixa da padaria no
momento do roubo, todas responderão por latrocínio
(art. 157, par. 3º, parte final do CP).

Circunstâncias de caráter pessoal

Ao contrário das circunstâncias objetivas, as


circunstâncias e as condições de caráter pessoal são
incomunicáveis. Num homicídio envolvendo um
autor reincidente e outro primário, a pena em face da
reincidência só aumenta para o que for reincidente, a
circunstância que não se estende ao co-autor.
Entretanto, se a circunstância for elementar
do crime se comunicação, as circunstância
elementares são aquelas que integral a figura típica
fundamental. Por exemplo: o crime de corrupção
passiva (art. 317 do CP), ser funcionário público é
uma elementar, se um particular instigar um
funcionário público a praticar a corrupção, responde
também pela corrupção, mesmo sendo particular,
pois essa circunstância se estenderá a ele por ser
elementar, desde que entre na esfera de
conhecimento do agente.
4 - (Escrivão de Polícia – SC – 2008 – ACAFE).
Segundo o Direito Penal brasileiro, configura
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO hipótese de inexigibilidade de conduta diversa:
a) a legítima defesa.
1 – (Policia Civil – MG – 2007 – ACADEPOL). b) a coação moral irresistível.
Considerando as teorias acerca da c) a imunidade penal absoluta.
culpabilidade, todas as alternativas estão d) o desconhecimento da lei.
corretas, EXCETO:
A ( ) Para a teoria normativa, a culpabilidade é 5 -(Escrivão de Policia – ES. – 2006 – CESPE).
constituída pela imputabilidade, exigibilidade de Julgue os itens a seguir, relativos à parte geral e
conduta diversa, dolo e culpa. à parte especial do Código Penal.
B ( ) A teoria social da ação, ao pretender que a Entre as causas de exclusão da imputabilidade
ação seja atendida como conduta socialmente penal previstas em lei incluem-se a doença mental,
relevante, deslocou o dolo e a culpado tipo para a o desenvolvimento mental incompleto e o
culpabilidade. desenvolvimento mental retardado.
C ( ) São elementos da culpabilidade para a
concepção finalista a imputabilidade, a potencial 6 - (Escrivão de Policia – ES. – 2006 – CESPE).
consciência sobre a ilicitude do fato e a Julgue os seguintes itens, relativos ao direito
exigibilidade de conduta diversa. penal.
D ( ) São elementos da culpabilidade para a teoria a) Mesmo diante da prática de um fato atípico, a
normativa pura a imputabilidade, a consciência culpabilidade deverá ser aferida como juízo de
potencial da ilicitude e a exigibilidade de conduta censurabilidade e reprovabilidade, visto que a
diversa. culpabilidade não está vinculada juridicamente à
tipicidade.
2 – (Delegado de Policia – SC – 2008 – ACAFE).
Sobre a imputabilidade penal, considere as b) Para fins de imputabilidade penal, na hipótese de
seguintes afirmativas: ser desconhecida a hora exata do nascimento de
1) Não excluem a imputabilidade penal a emoção determinado indivíduo, a maioridade penal dessa
ou a paixão, a embriaguez voluntária ou culposa, pessoa começará ao meio-dia do seu décimo oitavo
pelo álcool ou substâncias de efeitos análagos. aniversário.
2) São relativamente inimputáveis os menores com
idade compreendida entre 18 e 21 anos, ficando 7 - (Escrivão de Polícia – Acre – 2008 – Cespe)
sujeitos às normas estabelecidas na legislação Sobre imputabilidade penal, julgue os itens que
especial. se seguem.
3) É isento de pena o agente que, por embriaguez a) É isento de pena o agente que, por doença
completa proveniente de caso fortuito ou força mental, era, ao tempo da sentença, inteiramente
maior, age amparado na “actio libera in causa”. incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
4) É isento de pena o agente que, por determinar-se de acordo com esse entendimento.
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, b) Com o advento do novo Código Civil, são
era, ao tempo da ação ou omissão, inteiramente penalmente imputáveis os maiores de 16 anos.
incapaz de entender o caráter ilícito do fato.
8 - (Investigador de Polícia – RJ – Cesgranrio –
Assinale a alternativa correta: 2005).Analise os seguintes elementos:
a) ( ) Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são I – imputabilidade;
verdadeiras. II – potencial consciência sobre a ilicitude do fato;
b) ( ) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são III – exigibilidade de conduta diversa;
verdadeiras. IV – culpa ou dolo;
c) ( ) Somente as afirmativas 2 e 3 são V – conduta comisssiva.
verdadeiras. Segundo a concepção finalista, constituem os
d) ( ) Somente as afirmativas 2 e 4 são elementos da culpabilidade:
verdadeiras. (A) II e III, apenas.
e) ( ) Somente as afirmativas 1 e 4 são (B) III e V, apenas.
verdadeiras. (C) I, II e III, apenas.
(D) I, II e IV, apenas.
(E) III, IV e V, apenas.
12 - (Delegado de Policia - TO - 2008 – CESPE).
9 - (Agente de Policia Civil – TO – CESPE – Considere que um indivíduo penalmente
2008).Acerca dos temas de direito penal, julgue responsável pratique três homicídios dolosos em
os próximos itens. concurso material. Nesse caso, a materialização de
A responsabilidade penal de um adolescente de 17 mais de um resultado típico implicará punição por
anos de idade que comete um crime grave deve ser todos os delitos, somando-se as penas previamente
aferida em exame psicológico e psicotécnico, pois, individualizadas. C
restando demonstrado em laudo pericial que este
tinha plena capacidade de entendimento à época do 13 - ( Delegado de Policia - TO - 2008 –
delito, deverá responder criminalmente, ficando à CESPE) Considere a seguinte situação hipotética.
mercê dos dispositivos do Código Penal brasileiro. Luiz, imputável, aderiu deliberadamente à conduta
de Pedro, auxiliando-o no arrombamento de uma
10 - ( Técnico Legislativo – Câmara – Policia porta para a prática de um furto, vindo a adentrar
Legislativa – 2007 – FCC). Se o o crime é na residência, onde se limitou, apenas, a observar
cometido em estrita obediência a ordem legal de Pedro, durante a subtração dos objetos, mais tarde
suporte hierárquico. repartidos entre ambos. pois atuou em atos diversos
(a) O executor da ordem é punível por omissão. dos executórios praticados por Pedro, autor direto.
(b) Só é punível o autor da ordem
(c) É isento de pena ao superior e ao agente. 14.- (Delegado de Polícia – ACRE – 2008 –
(d) Tem sua pena abrandada em dois terços. CESPE) Em cada um dos próximos itens, é
(e) é considerado culposo. apresentada uma situação hipotética, seguida de
uma assertiva a ser julgada, acerca do tratamento
do erro no direito penal.
11 – (Delegado de Policia – SC – 2008 – ACAFE).
Sobre o Concurso de pessoas, considere as a) Plínio, com a intenção de cometer crime de
seguintes afirmativas: dano, atirou uma pedra em direção à janela de
vidro da casa de Roberta. No entanto, por erro de
1) Quem de qualquer modo, concorre para crime, pontaria, acertou Gilda, que sofreu lesões corporais
incide nas penas a este cominadas, na medida de leves. Nessa situação, Plínio responderá por lesão
sua culpabilidade. Se a participação for de menor corporal leve, na modalidade culposa, cuja ação
importância, a pena pode ser diminuída . penal, por ser pública condicionada, dependerá de
2) O Concurso de pessoas pode dar-se por ajuste, representação da ofendida Gilda.
instigação,cumplicidade, auxilio material ou moral
em qualquer etapa do iter criminis. b) Leandro, com a intenção de matar Getúlio,
3) Ocorre hipótese de autoria bilateral ou transversa ministrou veneno a este. Presumindo que a vítima
quando o sujeito ativo obtém a realização do crime já falecera, Leandro a enterrou no quintal de sua
por meio de outra pessoa, que pratica o fato sem casa, vindo posteriormente a ser apurado que a
culpabilidade. quantidade de veneno ministrada à vítima não fora
4) Nada impede o concurso de pessoas nos crimes suficiente para a sua morte, de forma que ela
e contravenções de mão própria ou de mera morreu em face da asfixia, após ser enterrada.
conduta por instigação ou auxílio. Nessa situação, ocorreu erro sobre o nexo causal,
de modo que Leandro responderá apenas por
Assinale a alternativa correta: tentativa de homicídio.

a) ( ) Somente as afirmativa 1, 2 e 3 são 15 - (Escrivão de Polícia – SC – 2008 – ACAFE)


verdadeiras O advogado “Caio”, por engano, pegou o guarda-
b) ( ) Somente as afirmativa 3 e 4 são chuva de seu colega “Tício”, que estava pendurado
verdadeiras no balcão do cartório. Com base no exemplo, é
c) ( ) Somente as afirmativa 1, 2 e 4 são correto afirmar que “Caio” não responderá por
verdadeiras crime de furto, pois:
d) ( ) Somente as afirmativa 2 e 3 são a) ele incidiu em erro acidental sobre dados
verdadeiras secundários da figura tópica do furto.
e) ( ) Somente as afirmativa 2 e 4 são verdadeiras b) incorreu em erro de proibição invencível.
c) faltou-lhe potencial consciência da ilicitude.
d) ele incidiu em erro sobre elemento constitutivo
do tipo legal do crime de furto (erro de tipo Ao contrário da equivalência dos antecedentes,
essencial). não será sequer necessário indagar acerca do dolo
ou culpa. Se o risco era tolerado socialmente, não
GABARITO haverá causalidade.

1. B "O médico confia que o auxiliar vá lhe passar um


2. E bisturi esterilizado, se isto não ocorrer e o paciente
3. B morrer de infecção, o cirurgião não terá criado um
4. B risco proibido e, assim, não responderá pelo
5. C resultado. A sociedade não exige que ele confira a
6. E,E higienização durante a operação, entendendo ser
7. E,E natural que o médico confie em seu enfermeiro"
8. C
9. E O fato é atípico por ausência de imputação
10. B objetiva, diz o Professor DAMÁSIO. Não haverá
11. C fato típico quando, a despeito de realizar a conduta
12. C descrita no tipo penal, o agente tiver se comportado
13. E dentro de seu papel social, fizer exatamente o que a
14. E,C sociedade dele espera, diz o ilustre Professor.
15. D
Quando a sua conduta nada mais representar do
que um comportamento absolutamente normal, não
haverá fato típico. Nessas hipóteses, o risco criado
PONTOS ATUAIS DE DEBATES para a violação do bem jurídico torna-se um risco
tolerado. Se o risco era tolerado socialmente, não
Imputação Objetiva haverá causalidade; o fato, é atípico por ausência
de imputação objetiva, doutrina CAPEZ (CAPEZ,
A imputação objetiva, pretende substituir o Fernando. O Declínio do Dogma Causal,
dogma causal material por uma relação jurídica Disponível na internet www.damasio.com.br,
(normativa) entre conduta e resultado. 2000).

Segundo ALFONSO SERRANO GOMES, se Haverá conduta típica, somente quando o autor se
trata de atribuir juridicamente a alguém a comportar de modo anormal do que dele espera a
realização de uma conduta criadora de um risco sociedade, criando um risco relevante para a
proibido ou de haver provocado um resultado violação do bem jurídico.
jurídico (DAMÁSIO E. de Jesus. Imputação
Objetiva, São Paulo: Saraiva, 2000, pág. 24). Teoria da Tipicidade Conglobante
Teoria de Eugenio Raúl Zaffaroni, jurista argentino
A imputação objetiva é ainda uma teoria em A Tipicidade Conglobante é uma teoria que visa
discussão no Brasil; deve-se a GIMBERNAT explicar o fato típico para o direito penal,
ORDEIG a introdução da teoria, logo após a desenvolvida por Zaffaroni essa teoria basicamente
segunda guerra mundial, na Alemanha, diz acrescenta alguns elementos ao fato típico.
DAMÁSIO. A vontade e a necessidade de limitar a O Fato Típico deixa de ser constituído apenas pela
causalidade sem que fosse preciso recorrer à tipicidade formal, ou seja, incidência na conduta
análise de dolo e culpa não é de hoje. O dogma da prevista pela norma penal incriminadora, ele
causalidade precisava ser revisto, continua o ilustre prescinde da Tipicidade Conglobante.
jurista. Depender só da ausência de dolo ou culpa A Tipicidade Conglobante é entendida como
não se afigurava mais suficiente. Nasceu então a junção da Tipicidade Formal somada com a
idéia de limitar o nexo causal, conferindo-lhe um Antinormatividade.
conteúdo jurídico e não meramente naturalístico, Para a teoria da tipicidade conglobante:
diz CAPEZ (CAPEZ, Fernando. O Declínio do
Dogma Causal, Disponível na internet
www.damasio.com.br, 2000).
Fato Típico= Tipicidade Formal + Tipicidade Por sua vez, dentro da teoria de Zaffaroni, a
Conglobante Antinormatividade constitui elemento
Tipicidade Conglobante= Tipicidade Material + integrante da Tipicidade Conglobante, que por
Antinormatividade sua vez integra o próprio Fato Típico.
Tipicidade Material = Materialização da A antinormatividade traduz uma conduta não
tipicidade formal fomentada ou não exigida pelo Estado.
Antinormatividade = conduta não exigida ou Existem situações que o Estado exige ou fomenta
fomentada pelo Estado determinadas condutas, e, quando o agente pratica
Tipicidade Material essas condutas não há que se falar em
Entende-se por Tipicidade Material a antinormatividade do fato, ocasionando sua
materialização do tipo formal, entendida como a atipicidade.
concretização da conduta prevista na norma Na hipótese do Estado exigir a prática de
penal incriminadora que provoca uma lesão ou determinada conduta e o agente obedecer esse
ameaça de lesão ao bem juridicamente tutelado. comando, cometerá um fato atípico, em razão da
Para configurar a Tipicidade Material é ausência da Antinormatividade, ainda que sua
necessário que a conduta seja juridicamente conduta se enquadre perfeitamente dentro do tipo
relevante, a fim de poder lesionar o bem jurídico, penal. Seria incoerente o Estado exigir a prática de
identifica-se dentro desse elemento do tipo a determinado fato e em outro momento determinar a
aplicação direta do princípio da lesividade. tipicidade desse fato.
Dessa forma, condutas consideradas irrelevantes ou A título de exemplo: um policial militar que no
insignificantes não são capazes da materializar o estrito cumprimento do dever legal efetua disparos
fato típico afastando a lesividade, e, por que matam um assaltante armado, em tese comete
conseguinte, tornam o fato atípico. crime de homicídio doloso, mas para a tipicidade
O segundo elemento da Tipicidade Conglobante é a conglobante o fato será considerado atípico, pois
Antinormatividade, conceito absolutamente falta o elemento antinormatividade exigido para
distinto de antijuridicidade. caracterizar a tipicidade. O mesmo fato, para a
Antinormatividade tipicidade formal, será considerado típico, uma vez
Para iniciar o estudo da Antinormatividade é que preencheu todos os requisitos do tipo penal,
preciso distingui-lo da antijuridicidade. mas não será ilícito, pois para a tipicidade formal o
A Antijuridicidade ou Ilicitude deve ser estrito cumprimento do dever legal é uma causa de
entendida como a relação de contrariedade exclusão da antijuridicidade.
estabelecida entre a conduta do agente e o Assim, pode-se perceber que para a teoria da
ordenamento jurídico. A ilicitude constitui tipicidade conglobante o estrito cumprimento do
elemento integrante do conceito de crime: dever legal passa a integrar a tipicidade,
tipicidade, ilicitude (antijuridicidade) e constituindo uma causa de exclusão de
culpabilidade (juízo de reprovação). antinormatividade. Enquanto na tipicidade formal o
Em princípio todo fato típico também será ilícito, estrito cumprimento do dever legal constitui uma
pois a tipicidade induz à ilicitude, salvo se houver causa de exclusão da ilicitude (antijuridicidade).
uma causa que exclua essa relação de Dessa forma, observa-se que a antinormatividade
contrariedade. O Código Penal, no artigo 23, elenca serve como instrumento de integração do
as causas de exclusão da ilicitude, quais sejam, ordenamento jurídico, a fim de corrigir distorções
estado de necessidade, legítima defesa, estrito provocadas pelos diferentes comandos emitidos
cumprimento do dever legal e exercício regular de pelas normas jurídicas, busca resolver conflitos
direito. aparentes da manifestação da vontade do Estado.
Existem outras causa que excluem a ilicitude, que O mesmo acontece com algumas condutas que não
não são encontradas na lei, são as chamadas causas são exigidas, mas são fomentadas pelo Estado.
supralegais de exclusão de ilicitude como o Determinadas hipóteses de exercício regular de
consentimento do ofendido e para alguns a direito também passarão a integrar o Fato Típico,
inexigibilidade de conduta diversa (grande parte da saindo da Antijuridicidade (ilicitude).
doutrina a inexigibilidade de conduta diversa como É o exemplo do pai que do exercício do poder
uma causa de exclusão da culpabilidade). familiar (previsto no Estatuto da Criança e do
Assim, a tipicidade do fato induz a sua ilicitude, Adolescente e no Código Civil) coloca o filho de
exceto se o sujeito ativo estiver amparado por uma castigo trancado no quarto, em tese seria o crime de
causa que afaste a ilicitude. cárcere privado, mas em razão do Estado fomentar
que os pais eduquem seus filhos por meio do
exercício do poder familiar é afastada a tipicidade Art. 313-B. Modificar ou alterar, o
da conduta em razão da ausência de funcionário, sistema de informações ou programa
antinormatividade. (fonte: Wikipédia) de informática sem autorização ou solicitação de
autoridade competente: (Incluído pela Lei nº 9.983,
de 2000)
CÓDIGO PENAL Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois)
anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
TÍTULO XI Parágrafo único. As penas são aumentadas de
DOS CRIMES CONTRA A um terço até a metade se da modificação ou
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA alteração resulta dano para a Administração
CAPÍTULO I Pública ou para o administrado.(Incluído pela Lei
DOS CRIMES PRATICADOS nº 9.983, de 2000)
POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO Extravio, sonegação ou inutilização de livro
CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL ou documento
Peculato Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público documento, de que tem a guarda em razão do
de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, cargo; sonegá-lo ou inutilizá-lo, total ou
público ou particular, de que tem a posse em razão parcialmente:
do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou Pena - reclusão, de um a quatro anos, se o fato
alheio: não constitui crime mais grave.
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. Emprego irregular de verbas ou rendas
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o públicas
funcionário público, embora não tendo a posse do Art. 315 - Dar às verbas ou rendas públicas
dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para aplicação diversa da estabelecida em lei:
que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
valendo-se de facilidade que lhe proporciona a Concussão
qualidade de funcionário. Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem,
Peculato culposo direta ou indiretamente, ainda que fora da função
§ 2º - Se o funcionário concorre culposamente ou antes de assumi-la, mas em razão dela,
para o crime de outrem: vantagem indevida:
Pena - detenção, de três meses a um ano. Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
§ 3º - No caso do parágrafo anterior, a Excesso de exação
reparação do dano, se precede à sentença
irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é § 1º - Se o funcionário exige tributo ou
posterior, reduz de metade a pena imposta. contribuição social que sabe ou deveria saber
Peculato mediante erro de outrem indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança
Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza:
qualquer utilidade que, no exercício do cargo, (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
recebeu por erro de outrem: Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa.
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
Inserção de dados falsos em sistema de § 2º - Se o funcionário desvia, em proveito
informações (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário para recolher aos cofres públicos:
autorizado, a inserção de dados falsos, alterar ou Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
excluir indevidamente dados corretos nos sistemas Corrupção passiva
informatizados ou bancos de dados da Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para
Administração Pública com o fim de obter outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da
vantagem indevida para si ou para outrem ou para função ou antes de assumi-la, mas em razão dela,
causar dano: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)) vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e vantagem:
multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Modificação ou alteração não autorizada de Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e
sistema de informações (Incluído pela Lei nº multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de
9.983, de 2000) 12.11.2003)
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em Abandono de função
conseqüência da vantagem ou promessa, o Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos
funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer casos permitidos em lei:
ato de ofício ou o pratica infringindo dever Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou
funcional. multa.
§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de § 1º - Se do fato resulta prejuízo público:
praticar ou retarda ato de ofício, com infração de Pena - detenção, de três meses a um ano, e
dever funcional, cedendo a pedido ou influência de multa.
outrem: § 2º - Se o fato ocorre em lugar compreendido
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou na faixa de fronteira:
multa. Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
Facilitação de contrabando ou descaminho Exercício funcional ilegalmente antecipado
Art. 318 - Facilitar, com infração de dever ou prolongado
funcional, a prática de contrabando ou descaminho Art. 324 - Entrar no exercício de função
(art. 334): pública antes de satisfeitas as exigências legais, ou
continuar a exercê-la, sem autorização, depois de
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e saber oficialmente que foi exonerado, removido,
multa. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de substituído ou suspenso:
27.12.1990) Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou
Prevaricação multa.
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, Violação de sigilo funcional
indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em
disposição expressa de lei, para satisfazer interesse razão do cargo e que deva permanecer em segredo,
ou sentimento pessoal: ou facilitar-lhe a revelação:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou
multa. multa, se o fato não constitui crime mais grave.
Art. 319-A. Deixar o Diretor de Penitenciária § 1o Nas mesmas penas deste artigo incorre
e/ou agente público, de cumprir seu dever de vedar quem: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou I - permite ou facilita, mediante atribuição,
similar, que permita a comunicação com outros fornecimento e empréstimo de senha ou qualquer
presos ou com o ambiente externo: (Incluído pela outra forma, o acesso de pessoas não autorizadas a
Lei nº 11.466, de 2007). sistemas de informações ou banco de dados da
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) Administração Pública; (Incluído pela Lei nº 9.983,
ano. de 2000)
Condescendência criminosa II - se utiliza, indevidamente, do acesso
Art. 320 - Deixar o funcionário, por restrito. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
indulgência, de responsabilizar subordinado que § 2o Se da ação ou omissão resulta dano à
cometeu infração no exercício do cargo ou, quando Administração Pública ou a outrem: (Incluído pela
lhe falte competência, não levar o fato ao Lei nº 9.983, de 2000)
conhecimento da autoridade competente: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e
Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
multa. Violação do sigilo de proposta de
Advocacia administrativa concorrência
Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, Art. 326 - Devassar o sigilo de proposta de
interesse privado perante a administração pública, concorrência pública, ou proporcionar a terceiro o
valendo-se da qualidade de funcionário: ensejo de devassá-lo:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. Pena - Detenção, de três meses a um ano, e
Parágrafo único - Se o interesse é ilegítimo: multa.
Pena - detenção, de três meses a um ano, além Funcionário público
da multa. Art. 327 - Considera-se funcionário público,
Violência arbitrária para os efeitos penais, quem, embora
Art. 322 - Praticar violência, no exercício de transitoriamente ou sem remuneração, exerce
função ou a pretexto de exercê-la: cargo, emprego ou função pública.
Pena - detenção, de seis meses a três anos,
além da pena correspondente à violência.
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem por funcionário público no exercício da função:
exerce cargo, emprego ou função em entidade (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995)
paraestatal, e quem trabalha para empresa Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e
prestadora de serviço contratada ou conveniada multa. (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995)
para a execução de atividade típica da Parágrafo único - A pena é aumentada da
Administração Pública. (Incluído pela Lei nº metade, se o agente alega ou insinua que a
9.983, de 2000) vantagem é também destinada ao funcionário.
§ 2º - A pena será aumentada da terça parte (Redação dada pela Lei nº 9.127, de 1995)
quando os autores dos crimes previstos neste Corrupção ativa
Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem
ou de função de direção ou assessoramento de indevida a funcionário público, para determiná-lo a
órgão da administração direta, sociedade de praticar, omitir ou retardar ato de ofício:
economia mista, empresa pública ou fundação
instituída pelo poder público. (Incluído pela Lei nº Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e
6.799, de 1980) multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de
CAPÍTULO II 12.11.2003)
DOS CRIMES PRATICADOS POR Parágrafo único - A pena é aumentada de um
PARTICULAR CONTRA A terço, se, em razão da vantagem ou promessa, o
ADMINISTRAÇÃO EM GERAL funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o
Usurpação de função pública pratica infringindo dever funcional.
Art. 328 - Usurpar o exercício de função Contrabando ou descaminho
pública: Art. 334 Importar ou exportar mercadoria
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e proibida ou iludir, no todo ou em parte, o
multa. pagamento de direito ou imposto devido pela
Parágrafo único - Se do fato o agente aufere entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria:
vantagem: Pena - reclusão, de um a quatro anos.
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
Resistência § 1º - Incorre na mesma pena quem: (Redação
Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, dada pela Lei nº 4.729, de 14.7.1965)
mediante violência ou ameaça a funcionário a) pratica navegação de cabotagem, fora dos
competente para executá-lo ou a quem lhe esteja casos permitidos em lei; (Redação dada pela Lei nº
prestando auxílio: 4.729, de 14.7.1965)
Pena - detenção, de dois meses a dois anos. b) pratica fato assimilado, em lei especial, a
§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se contrabando ou descaminho; (Redação dada pela
executa: Lei nº 4.729, de 14.7.1965)
Pena - reclusão, de um a três anos. c) vende, expõe à venda, mantém em depósito
§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio
prejuízo das correspondentes à violência. ou alheio, no exercício de atividade comercial ou
Desobediência industrial, mercadoria de procedência estrangeira
Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de que introduziu clandestinamente no País ou
funcionário público: importou fraudulentamente ou que sabe ser produto
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e de introdução clandestina no território nacional ou
multa. de importação fraudulenta por parte de outrem;
Desacato (Incluído pela Lei nº 4.729, de 14.7.1965)
Art. 331 - Desacatar funcionário público no d) adquire, recebe ou oculta, em proveito
exercício da função ou em razão dela: próprio ou alheio, no exercício de atividade
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou comercial ou industrial, mercadoria de procedência
multa. estrangeira, desacompanhada de documentação
legal, ou acompanhada de documentos que sabe
Tráfico de Influência (Redação dada pela Lei serem falsos. (Incluído pela Lei nº 4.729, de
nº 9.127, de 1995) 14.7.1965)
Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, § 2º - Equipara-se às atividades comerciais,
para si ou para outrem, vantagem ou promessa de para os efeitos deste artigo, qualquer forma de
vantagem, a pretexto de influir em ato praticado comércio irregular ou clandestino de mercadorias
estrangeiras, inclusive o exercido em residências. III - omitir, total ou parcialmente, receitas ou
(Redação dada pela Lei nº 4.729, de 14.7.1965) lucros auferidos, remunerações pagas ou creditadas
§ 3º - A pena aplica-se em dobro, se o crime e demais fatos geradores de contribuições sociais
de contrabando ou descaminho é praticado em previdenciárias: (Incluído pela Lei nº 9.983, de
transporte aéreo. (Incluído pela Lei nº 4.729, de 2000)
14.7.1965) Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e
Impedimento, perturbação ou fraude de multa. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
concorrência § 1o É extinta a punibilidade se o agente,
Art. 335 - Impedir, perturbar ou fraudar espontaneamente, declara e confessa as
concorrência pública ou venda em hasta pública, contribuições, importâncias ou valores e presta as
promovida pela administração federal, estadual ou informações devidas à previdência social, na forma
municipal, ou por entidade paraestatal; afastar ou definida em lei ou regulamento, antes do início da
procurar afastar concorrente ou licitante, por meio ação fiscal. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
de violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento § 2o É facultado ao juiz deixar de aplicar a
de vantagem: pena ou aplicar somente a de multa se o agente for
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou primário e de bons antecedentes, desde que:
multa, além da pena correspondente à violência. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Parágrafo único - Incorre na mesma pena I - (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.983, de
quem se abstém de concorrer ou licitar, em razão 2000)
da vantagem oferecida. II - o valor das contribuições devidas,
Inutilização de edital ou de sinal inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele
Art. 336 - Rasgar ou, de qualquer forma, estabelecido pela previdência social,
inutilizar ou conspurcar edital afixado por ordem administrativamente, como sendo o mínimo para o
de funcionário público; violar ou inutilizar selo ou ajuizamento de suas execuções fiscais. (Incluído
sinal empregado, por determinação legal ou por pela Lei nº 9.983, de 2000)
ordem de funcionário público, para identificar ou § 3o Se o empregador não é pessoa jurídica e
cerrar qualquer objeto: sua folha de pagamento mensal não ultrapassa R$
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou 1.510,00 (um mil, quinhentos e dez reais), o juiz
multa. poderá reduzir a pena de um terço até a metade ou
Subtração ou inutilização de livro ou aplicar apenas a de multa. (Incluído pela Lei nº
documento 9.983, de 2000)
Art. 337 - Subtrair, ou inutilizar, total ou § 4o O valor a que se refere o parágrafo
parcialmente, livro oficial, processo ou documento anterior será reajustado nas mesmas datas e nos
confiado à custódia de funcionário, em razão de mesmos índices do reajuste dos benefícios da
ofício, ou de particular em serviço público: previdência social. (Incluído pela Lei nº 9.983, de
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, se o fato 2000)
não constitui crime mais grave.
Sonegação de contribuição previdenciária .x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.xx
(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
Art. 337-A. Suprimir ou reduzir contribuição
social previdenciária e qualquer acessório,
mediante as seguintes condutas: (Incluído pela Lei
nº 9.983, de 2000)
I - omitir de folha de pagamento da empresa
ou de documento de informações previsto pela
legislação previdenciária segurados empregado,
empresário, trabalhador avulso ou trabalhador
autônomo ou a este equiparado que lhe prestem
serviços; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
II - deixar de lançar mensalmente nos títulos
próprios da contabilidade da empresa as quantias
descontadas dos segurados ou as devidas pelo
empregador ou pelo tomador de serviços; (Incluído
pela Lei nº 9.983, de 2000)

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