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Prática Pedagógica I
MARILDA PRADO YAMAMOTO
1ª Edição
Taubaté
Universidade de Taubaté
2014
Copyright©2014.Universidade de Taubaté.
Todos os direitos dessa edição reservados à Universidade de Taubaté. Nenhuma parte desta publicação pode ser
reproduzida por qualquer meio, sem a prévia autorização desta Universidade.
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Bons estudos!
Caros(as) alunos(as)
A estrutura interna dos livros-texto é formada por unidades que desenvolvem os temas e
subtemas definidos nas ementas das disciplinas aprovadas para os diversos cursos.
Como subsídio ao aluno, durante todo o processo de ensino-aprendizagem, além de
textos e atividades aplicadas, cada livro-texto apresenta síntese das unidades, dicas de
leituras e indicação de filmes, programas televisivos e sites, todos complementares ao
conteúdo estudado.
Esperamos, caros alunos, que o presente material e outros recursos colocados à sua
disposição possam conduzi-lo a novos conhecimentos, porque vocês são os principais
atores desta formação.
Equipe EAD-UNITAU
Sumário
Apresentação ................................................................................................................... xi
Sobre a autora ................................................................................................................ xiii
Caros(as) alunos(as) ....................................................................................................... xv
Ementa .............................................................................................................................. 1
Objetivos........................................................................................................................... 2
Introdução ......................................................................................................................... 3
Unidade 1. Contribuição da administração científica e da teoria da burocracia à
gestão escolar – uma introdução ................................................................................... 5
1.1 Perspectivas tradicionais sobre organização e administração .................................... 5
1.2 Concepções e tendências da Teoria Geral da Administração: abordagens da
administração científica, da gestão administrativa e da burocracia.................................. 9
1.2.1 Frederick Winslow Taylor (1856–1915) ............................................................... 10
1.2.2 Jules Henry Fayol (1841-1925): ............................................................................ 12
1.2.3 Henry Ford (1863 – 1947): .................................................................................... 15
1.2.4 Max Weber (1864-1920): ...................................................................................... 16
1.2.5 Outras contribuições: ............................................................................................. 17
1.3 Síntese da Unidade ................................................................................................... 18
1.4 Para saber mais ......................................................................................................... 19
1.5 Atividades ................................................................................................................. 20
Unidade 2. Construindo o cenário contemporâneo da gestão escolar .................... 21
2.1 A Escola enquanto organização complexa e empresa humana ................................ 21
2.2 Pensando a mudança social e a gestão escolar ......................................................... 26
2.3 O papel e as funções do gestor escolar: a aprendizagem organizacional e a prática
gerencial.......................................................................................................................... 29
2.4 Síntese da Unidade ................................................................................................... 38
2.5 Para saber mais ......................................................................................................... 39
2.6 Atividades ................................................................................................................. 41
Unidade 3. A democratização das ações da Escola e a gestão democrática ........... 43
3.1 Da democratização do ensino à democratização da gestão do ensino público ......... 43
3.2 Concepções e práticas gestoras ................................................................................ 48
3.3 A Gestão democrática na Escola: um esforço viável ............................................... 52
3.4 A Ética do Gênero humano ...................................................................................... 57
3.5. O planejamento participativo na Escola e o sentido pleno da participação............. 58
3.6. E finalizando... Ou nunca finalizando.....................................................................62
3.7 Para saber mais ........................................................................................................ 62
3.8 Atividades ................................................................................................................ 63
Unidade 4. Autonomia e o processo de planejamento da Escola ............................. 65
4.1 A Construção da autonomia escolar ......................................................................... 65
4.2 A participação e o trabalho coletivo da Escola......................................................... 68
4.3 A importância do planejamento estratégico participativo ........................................ 70
4.4 O Projeto político-pedagógico: a conjugação da autonomia e do planejamento
estratégico-participativo ................................................................................................. 75
4.4.1 O projeto político-pedagógico: sua inserção nas Diretrizes Curriculares da
Educação Básica ............................................................................................................. 78
4.5 Estrutura do projeto político-pedagógico: à guisa de sugestão ................................ 79
4.6 Sugestão de roteiro de apresentação ......................................................................... 84
4.7 Sugestão de roteiro de apresentação ......................................................................... 86
4.8 Síntese da Unidade ................................................................................................... 88
4.9 Para saber mais ......................................................................................................... 90
4.10 Atividades .............................................................................................................. 91
Referências ..................................................................................................................... 93
Referências Complementares ......................................................................................... 96
Gestão escolar e
prática pedagógica I
ORGANIZE-SE!!!
Você deverá usar de 3
a 4 horas para realizar
cada Unidade.
Ementa
EMENTA
1
Objetivo Geral
Objetivos
Objetivos Específicos
2
Introdução
Encaminhar uma discussão teórico-prática sobre a gestão escolar e práticas pedagógicas
é suscitar um sentimento controverso: constatar o quanto evoluímos nos paradigmas
educacionais para uma educação inclusiva, democrática e participativa e quão distante
estamos, ainda, da realidade de concretizá-las.
4
Unidade 1
Contribuição da administração científica
Unidade 1 .
Nesta Unidade, serão abordados os aspectos fundamentais que emergiram das formas
tradicionais de abordagem da organização e administração e o percurso para elaboração
de elementos da administração científica, constituindo-se em uma teoria geral da
administração com os seus representantes principais, chegando até à teoria da
burocracia presente na administração e gestão escolar até os dias de hoje.
Desde logo, o homem descobriu que para concretizar objetivos, enfrentar a natureza e
produzir bens e serviço para sua sobrevivência, o esforço conjunto era de grande valia.
5
É de Gibson et al. (1981, p. 23) a expressão: “é duvidoso que o esforço de uma pessoa
isolada pudesse fazer muita coisa dentro da sociedade”.
Isso significa que objetivos e metas só serão alcançados por meio de relações
interdependentes e cooperativas de pessoas, o que nos faz afirmar que em qualquer
tempo sempre vivemos em sociedades do tipo organizacional.
Na ficção, na obra clássica Robson Crusoé, do autor Daniel Defoe, são narradas as
experiências de um náufrago que só conseguiu sobreviver ao isolamento de uma ilha
deserta porque trazia consigo as experiências de vida da sociedade inglesa.
Daniel Defoe (1660-1731), escritor inglês, autor
Por outro lado, ao se afirmar que a natureza se do romance Robson Crusoé. Com seu estilo
narrativo, o personagem, único sobrevivente de
agrega ao homem, estamos também exprimindo um naufrágio, trava uma luta com o ambiente
hostil, persistindo na manutenção dos valores
que, para viver na sociedade organizacional, ele fundamentais da sua identidade cultural.
precisa dispor da melhor forma possível dos instrumentos materiais e dos objetos
necessários à sua sobrevivência e à do grupo.
A grande pirâmide de Quéops, com 450 pés de Figura 1.1 – Pirâmide de Quéops.
Fonte: Acervo pessoal da autora.
altura, está localizada na Esplanada do Guizé na
7
margem oeste do Rio Nilo, em direção ao sol poente. Durante 4.400 anos, foi o
monumento mais alto do mundo construído pelo homem.
E não só pensando, mas realizando racionalmente o possível. É justamente por isso que
os convido para refletir sobre o poder das grandes realizações e penetrar na dimensão do
tempo. Incito-os a pensar grande.
10
Como salienta Chiavenato (1976):
11
homem pode fazê-lo atingir a sua mais alta eficácia e maior
prosperidade (TAYLOR apud KAST; ROSENZWEIG, 1976, p. 66).
Embora sejam positivas as contribuições Metáforas têm sido utilizadas para descrever
imagens organizacionais, possibilitando um modo
deixadas pela administração científica, os de ver e de pensar as organizações. Nesse sentido,
consultar: MORGAN, Gareth. Imagens da
princípios taylorianos ignoraram os fatores Organização. Tradução Cecília Whitaker Bergamini
e Roberto Coda. São Paulo: Atlas, 1996.
sociais e psicológicos do trabalho ao
enfatizar a remuneração como principal fator motivacional, abordando-o de forma
ingênua. Deu-se pouca atenção ao elemento humano, não trabalhando a interface dos
aspectos organizacionais e pessoais. Daí decorre a utilização da metáfora da máquina
para descrever as concepções organizacionais desse momento da administração
científica.
Nesse momento, já nos encaminhamos para a seguinte reflexão, ainda que de forma
tímida: do gerente ou gestor escolar, espera-se o desenvolvimento de atitudes e
14
habilidades ligadas à escola, enquanto organização complexa, pois dele deve brotar
(sem se esquecer da cooperação coletiva posteriormente incorporada na teoria
organizacional) a condução da tarefa de harmonizar recursos, verbas, tempo,
preservação e proteção do patrimônio escolar; enfim todos os aspectos referentes à
No módulo Gestão escolar e prática
infraestrutura operacional do gerenciamento
pedagógica II, serão tratados os aspectos
administrativo. relativos ao ambiente escolar e à
organização do campo de trabalho, o
cuidado com o patrimônio administrativo de
Enfim, é grande o mérito da Teoria da verba e o fluxograma financeiro etc.
Diante disso, pode-se perceber que convivemos com as organizações burocráticas sem
darmos conta disso. Pense onde você esteve hoje. Com certeza, ao longo de grande
parte de seu dia, você esteve em contato com elas resolvendo seus problemas de
convivência ou até de sobrevivência, quer seja no trabalho, na escola de seu filho, nos
serviços jurídicos e cartorários, nas unidades de saúde, enfim nos serviços públicos em
geral. A razão disso deve-se:
16
ao modelo burocrático, estar presente em grande parte das organizações
sociais. Todo sistema social administrado segundo critérios racionais e
hierárquicos é um modelo burocrático de organização;
à ação de uma bem definida hierarquia de autoridade que é sentida no
trabalho. Com efeitos de dominação ou não, com maior grau de rigidez no
seu exercício ou de flexibilidade, o poder de mando está presente, não sendo
disfarçado ou mascarado (como diz o ditado popular: manda quem pode...);
ao poder de decisão e deliberação que flui de cima para baixo, ou seja, da
autoridade legitimada por cargos, funções, regulamentos etc, na mesma
medida da disposição hierárquica da autoridade (completando a expressão
própria do povo: ...obedece quem tem juízo);
aos critérios de eficiência que são perseguidos com a racionalidade
instrumental, por meio de procedimentos e rotinas para lidar com a maior
parte possível de situações que possam ter previsibilidade. O manual de
procedimentos, os protocolos padrões e as rotinas constituem-se na bíblia da
estrutura burocrática. Elimina-se, assim, a incerteza no desempenho das
funções, principalmente daquelas decorrentes da possível variabilidade de
entendimento e das diferenças individuais;
à divisão do trabalho que é realçada, pois a eficiência exige o desempenho
na execução das tarefas, com responsabilidades definidas caso isso não
ocorra. O bom desempenho protege as demissões arbitrárias e fortalece as
promoções aliadas aos anos de trabalho e à dedicação. A lealdade é
valorizada na construção da carreira funcional.
Assim, em certo grau, não talvez com a lógica do tipo ideal de concepção do modelo
burocrático, as organizações praticam a divisão do trabalho, a especialização, a
definição da relação superior (subordinado), a indicação de rotinas e padrões de
desempenho etc. Segundo Mota e Pereira (1980, p. 23), a identificação tipo ideal “não
tem nenhuma conotação de valor (...) nenhuma organização corresponde ao modelo
puro de burocracia”.
17
Teorias Contribuições
Oliver Sheldon a percepção da responsabilidade social das organizações. A comunidade é a principal
beneficiária dos bens e serviços produzidos pela empresa;
as necessidades da comunidade são tão importantes quanto as necessidades básicas
individuais.
Mary Parker Follett as relações individuais têm significado importante na vida organizacional;
as relações individuais estão em constante modificação. O contato entre duas pessoas
altera a percepção dos relacionantes e relacionamentos seguintes em um ciclo
contínuo;
o ser humano só se desenvolve quando se intensificam suas responsabilidades;
as divergências manifestam as diferenças de perspectivas e podem gerar conflitos;
os conflitos não devem ser sufocados ou conciliados. Os conflitos devem ser
integrados e as demandas devem ser pensadas, inovadas e nunca suprimidas.
James D. Mooney a coordenação é importante função organizacional;
a coordenação deve ser desenvolvida em uma comunhão de interesses;
o poder coordenador representa a autoridade legal superior;
a organização militar é o paradigma do comportamento administrativo.
Lyndall Urwick as ideias e os conceitos da Teoria da administração devem ser divulgados e, para tanto,
compilados e sistematizados;
os elementos da organização (investigação, previsão, planejamento, organização,
coordenação, comando e controle) são fundamentais para uma organização estável.
Chester Barnard a cooperação é essencial para o desenvolvimento da empresa;
os indivíduos cooperam para atingir os propósitos da organização (eficácia) da mesma
forma que precisam satisfazer suas necessidades básicas (eficiências);
a autoridade deve ser tratada sob a perspectiva da aceitação de normas e ordens;
os executivos devem desenvolver a capacidade de planejamento social, com o objetivo
de fortalecer e intensificar os esforços cooperativos;
as principais funções do executivo são: planejar, organizar, motivar e controlar.
Herbert Simon teoria decisória da gerência;
a organização é um sistema de decisão, com participação racional e consciente para
escolha de alternativas;
a tomada de decisões gerenciais é fundamental na abordagem do comportamento
administrativo;
a tarefa primordial do administrador é distribuir e influenciar a função decisória em
uma organização.
Para viver nas sociedades organizacionais, dispomos racionalmente dos bens naturais e
materiais e de tudo que necessitamos para viver. Daí a tendência natural do homem de
organizar e administrar a disposição desses recursos.
O homem é capaz de projetar sua visão de realidade, sua utopia, para o futuro e para a
concretização de grandes feitos.
18
A ação de organizar e administrar é fundamental e indispensável para a construção da
humanidade.
Com Fayol, as funções administrativas são responsáveis pelo desempenho das demais
operações essenciais de organização.
O filme, por ser um clássico do cinema mundial, já foi indicado em outros momentos
como atividade de estudos. Neste momento, a finalidade é rever a película sob a
perspectiva analítica da racionalização do trabalho e dos seus princípios.
Site
<http://administradores.com.br>
19
Site de pesquisa que dá informações sobre teorias e contribuições para o
desenvolvimento do pensamento administrativo.
Livros
1.5 Atividades
Coloque-se como gestor escolar e reflita sobre os aspectos indispensáveis para bem
administrar:
Planejar o quê?
Organizar com o quê?
Direcionar para quê?
Contratar quem e quando?
Elabore uma síntese da visão do grupo. Registre os dados que serão utilizados nos
exercícios das unidades subsequentes.
20
Unidade 2
Unidade 2 . Construindo o cenário contemporâneo da
gestão escolar
21
Da mesma forma, como organização social que é, a escola é administrada segundo
critérios racionais e hierárquicos, configurando-se a presença do modelo burocrático.
Assim, ela tem que organizar sua estrutura, dispor de seus processos e de sua cultura
própria para, da melhor forma possível, realizar as finalidades expressas na Constituição
Federal, as de maximizar o direito à educação com qualidade como uma meta de justiça
social e distributiva.
Para atingir seus objetivos, a escola, ao organizar o processo de ensino, recorre à sua
dimensão propriamente administrativa, estabelecendo uma relação indissociável com a
estrutura especificamente pedagógica.
Você já deve ter notado que estamos tecendo considerações que nos levam a afirmar: a
escola é uma organização complexa. Para atingir o seu objetivo, ela deve ultrapassar a
visão de uma organização racionalmente concebida com um sistema hierárquico
delineado e uma gerência administrativa fundada nos princípios da administração
científica e burocrática. Se pudesse ser só isso, seria bom; mas não é assim. Na sua
análise, há necessidade de se incorporar outras imagens organizacionais para que se
possa estabelecer uma leitura não fragmentada da realidade escolar e, assim, criar
amplas possibilidades de compreensão e de intervenção.
23
Como afirma Yamamoto (2005, p. 12), “a escola padece da mesma complexidade de
abordagem e de interpretação que as organizações em geral”.
O pesquisador britânico Morgan (1996) propõe uma visão crítica sobre os paradoxos
das organizações complexas, utilizando-se de metáforas para descrever as diferentes
imagens organizacionais. Ele afirma:
Muitas vezes, aprisionadas no suposto sucesso, incapazes de ver a luz, elas se tornam,
sem qualquer consciência, prisões psíquicas fechadas em si mesmas. Outras, porém,
produzem trocas sugestivas com o contexto no qual estão inseridas, atuando como
organismos vivos e processando as informações recebidas como cérebros para produzir
o fluxo e a transformação indispensáveis às inovações educacionais.
Como grupo instituído, muitos aspectos da dinâmica escolar estão previa e legalmente
definidos. No entanto, os novos paradigmas educacionais e a percepção sobre a
complexibilidade do trabalho escolar permitem que a escola encontre com autonomia os
seus espaços de manobras para a eficiência administrativa e pedagógica, valendo-se da
criatividade e competência técnica e profissional e utilizando-se de abordagens mais
amplas que lhe possibilitem uma análise adequada de suas necessidades.
24
E não é só isso.
Além dessa abordagem contextual, “a escola é a organização social mais humana (...)
das organizações sociais humanas” (YAMAMOTO, 2005, p.18). As pessoas que fazem
parte da organização escolar são participantes individuais que trazem para aquele
ambiente suas características próprias, quais sejam: necessidades pessoais, preferências,
emoções, desejos e aspirações etc. Esse conjunto de reações, sentimentos, percepção de
si e dos outros irá influenciar de forma decisiva o desempenho dos papéis formais
inerentes ao seu cargo ou a sua função, o mesmo acontecendo com os outros colegas a
nossa volta.
Essa afirmação acentua, sobretudo, a diferenciação de uma unidade escolar para outra,
mostrando que cada grupo particular tem uma forma de convívio, cooperação e divisão
do trabalho, identificando-se a uma cultura organizacional que acentua a identidade
escolar.
Assim, reafirmamos que o ambiente humano é muito rico e, embora ele não possa ser
planejado, não deve ser ignorado. Do que está posto até então, há de se salientar nas
ações gestoras atenção à tríplice perspectiva:
25
2.2 Pensando a mudança social e a gestão escolar
Quando, na década de 1970, Toffler (1972) lançou no mundo acadêmico suas
considerações sobre “o choque do futuro”, ele assim anunciou:
Para que essas considerações sejam bem esclarecidas, vamos acompanhar o pensamento
de Toffler (1972):
Isso quer dizer que a aceleração e a transitoriedade Hargreaves prefere o termo sociedade de
são forças sociais poderosas cada vez mais aprendizagem ao termo sociedade do
conhecimento. Ele justifica a utilização do
presentes na contemporaneidade. Ampliando essa termo sociedade do conhecimento em
função de sua ampla aceitação. A
noção, hoje temos como circunstância vital um sociedade do conhecimento estimula a
inventividade e maximiza a aprendizagem.
novo movimento de globalização que caracteriza o
cenário histórico político e cultural da chamada sociedade pós-industrial ou pós-
26
modernidade (HARGREAVES, 2004), em decorrência da terceira revolução
tecnológica, caracterizadamente informacional e de desenvolvimento científico jamais
visto até então.
Sobre a sociedade do conhecimento, Toledo (2010) coloca que tal conceito é que define
a sociedade, na qual a inovação e as transformações na área da informação são
inseparáveis do ambiente econômico e do cotidiano das pessoas.
[E] está ficando claro que as escolas podem ser recriadas, revitalizadas
e renovadas de forma sustentável, não por decreto ou ordem, nem por
fiscalização mas pela adoção de orientação aprendente. Isso significa
envolver todos do sistema em expressar suas aspirações, construir sua
consciência e desenvolver suas capacidades juntas (SENGE, 2005,
p.16).
27
para uma realidade dinâmica e instável em que “o agir na urgência e decidir
na incerteza” (PERRENOUD, 2001), no cotidiano escolar, nada pode ser
dado como permanente;
para uma realidade em que a escola, enquanto grupo social, intensifica sua
feição interativa e identitária, nada pode ser dado como absolutamente
determinado e controlável;
para uma realidade em que os conflitos e as tensões são entendidos como
inerentes à natureza das organizações, não há como desviá-los e não
enfrentá-los ou mesmo tratá-los como disfuncionais;
para uma realidade em que se entende a equipe como maior patrimônio e as
parcerias como indispensáveis, não há lugar para a fragmentação do
trabalho e incentivo às tarefas individualizadas;
para uma realidade em que a cultura organizacional estimula a participação
conjunta e a sinergia, não há lugar para a supervalorização da objetividade e
dissociação das ações escolares;
para uma realidade em que a sociedade do conhecimento exige a
competência global, não há lugar para atitudes pouco arrojadas e não
empreendedoras;
para uma realidade em que a descentralização e a flexibilidade são marcas
da competência profissional, não há espaço para a rigidez hierárquica
centralizada;
para uma realidade em que a educação continuada se faz permanente e
atualizadora, não há lugar para mera procura da certificação;
para uma realidade em que a cultura organizacional está em permanente
construção, não há espaço para cargos e funções rigidamente definidos;
para uma realidade informacional em que as organizações são sistemas de
processamento de informações, exigindo gestores estratégicos, não há lugar
para sistemas mecanicistas e rotinizados;
para uma realidade em que a sociedade do conhecimento se faz uma
sociedade de maximização da aprendizagem explicitada em competência e
profissionalismo, não há lugar para motivação por produtividade.
28
aprendizagem. A educação e, consequentemente, a equipe escolar devem estar a serviço
da criatividade e da inventividade.
30
Ambiente Ambiente
Nivel Institucional
Efetividade
Nivel Organizacional
Eficácia
Nivel Técnico
Eficiência
Ambiente Ambiente
Figura 2.1 – Gestão escolar: mediação das transações entre os níveis administrativo, gerencial e
institucional
Fonte: KAST, E. E.; ROSENZWEIG, E. J.
Organização e administração: um enfoque sistêmico. São Paulo: Pioneira, 1976.
31
Diz respeito à habilidade de perceber, de ver e entender a
Habilidades
conceituais organização de maneira holística, em que todas as funções
(saber pensar)
são interativas e interdependentes. É a visão sistêmica da
organização conectada com todas as variáveis: políticas, econômicas, tecnológicas,
sociais relacionadas com o ambiente interno e externo.
Saber fazer acontecer... as parcerias para ações de avaliação participação é foco gerencial
e controle
Saber acompanhar... as atividades conjuntas de avaliação visão sistêmica e pluralista das situações
do rendimento escolar. ocorrentes nas relações ensino-
aprendizagem.
32
Habilidades/competências Funções Papéis
conceituais
Saber compreender... os fatores internos e externos redução das colisões por
que possam ter impacto na meio de ações pró-ativas.
organização escolar. Antecipação para a
resolução de problemas
conjuntos.
Saber entender... a realidade global e sistêmica integração holística das
da escola. abordagens administrativas.
Saber formular... estratégias conjuntas para o implementação de medidas
gerenciamento da de articulação: potencializar
complexidade escolar recursos e oportunidades e
(organização formal e enfraquecer ameaças
informal).
Saber definir... a missão estratégica da adequação dos objetivos e
escola e sua visão do futuro. das metas à mudança e
globalização econômica e
cultural.
Saber perceber... o seu papel mediador na intervenção eficiente por
equipe escolar. meio do estabelecimento de
vínculos e conexões.
Saber lidar/conviver... com conflitos, jogos de ações de gerenciamento de
poder, bajulações, tensões na organização
estereótipos. formal e informal.
Saber raciocinar... de modo abstrato. visão ampla e estratégica.
Aprimoramento da
capacidade de aplicação.
Saber analisar... Pessoas e seus contextos Visão pluralista das situações
contextualizadas
Saber mapear... valores relevantes da cultura determinação da tolerância
organizacional. aos riscos e desafios.
Saber oportunizar a na tomada de decisão e implementação do princípio
liberdade... resolução de problemas. de descentralização das
ações da escola.
33
Habilidades/Competências Funções Papéis
Conceituais
Saber ter coragem... para enfrentar as situações mobilização das forças
inesperadas. grupais para a resolução de
problemas inesperados.
Saber pedir ajuda... tendo disposição do valorização do outro,
conhecimento dos próprios reconhecimento do que não
limites. somos e não podemos
realizar sozinhos.
Saber exercitar o ou seja, agir com a mesma manifestação oportuna e
comportamento ético... conformidade com que se persistente contra os
espera que a equipe escolar comportamentos antiéticos.
aja. O exemplo de conduta é a
manifestação de resultados.
Saber planejar... estratégias para mudança. revitalização das mudanças
bem sucedidas.
Saber estimular... o treinamento ético e a manutenção e
cidadania fortalecimento das ações
éticas cotidianas.
Saber trabalhar com aceitar e compreender os valorização das diferenças
adversidades... pontos de vistas e culturais e das perspectivas
referenciais culturais da pessoais da equipe escolar.
equipe escolar (visão
holística).
Como Pessoa
Habilidades e competências humanas Autoconhecimento
34
Como integrante da equipe escolar.
Habilidades e competências Funções Papéis
humanas
Saber apresentar-se... como profissional e gestor escolar. apresentação pessoal adequada
(vestuário, postura pessoal,
aparência) e linguajar
respeitoso.
Saber ouvir... ou seja, escutar com atenção o que está valorização do parceiro.
sendo dito no momento em que está Disposição sutil de
ocorrendo a comunicação. entendimento. Ouvir o que não
está sendo dito.
Saber penetrar... o olhar fundo para as pistas não verbais interpretação do estado
(gestos, expressões faciais, emocional dos integrantes da
enrubescimento, movimentos equipe.
musculares, etc).
Saber observar... os pontos fortes e fracos dos mobilização dos pontos fortes
integrantes da equipe escolar. dentro dos limites desejados e
estímulo do desenvolvimento
dos pontos fracos.
Saber motivar... A equipe para um bom ambiente de criação de atmosfera agradável
trabalho. ao desempenho produtivo.
35
Habilidades e competências Funções Papéis
humanas
Expertises: inclui tudo o que Pode-se afirmar que a articulação das competências técnicas
uma pessoa sabe ou pode fazer
em seu trabalho. Combinada e pedagógicas, conceituais e humanas constitui o
com seu raciocínio criativo,
resulta em combinações
fundamento do pensamento estratégico indispensável para
sugestivas para abordagem de
concretizar a efetividade que, como já dissemos, é a
problemas organizacionais.
conjugação do fazer bem, do fazer certo, obtendo
reconhecimento e agregação de valores.
36
As habilidades pessoais, técnicas, conceituais sobre forma analítica ou diagnósticas são
usadas para mobilizar a “transação interpessoal que apresente consequências
psicológicas ou comportamentais” (KAST; ROSENZWEIG, 1976, p. 344). Essa
transação é denominada sistema de influência por interação e compreende:
Em Covey (2005, p. 99), fomos buscar subsídios para esclarecer essa questão. De
maneira absolutamente franca, ele nos confessa: “caí na armadilha de dar demasiado
destaque à liderança e negligenciar a importância da gerência”.
Finalmente, o gerente é necessariamente um líder ético, pois ser gerente implica liderar
pessoas e não coisas; ser líder importa educar, transmitir valores, induzir atitudes e
orientar ações, visando a objetivos comuns. Ser gerente-líder envolve compromisso com
a visão realizadora do futuro que qualifica a gerência como empreendedora, capaz de
transformar anseios e oportunidades em ganhos reais.
38
o ritmo das transformações traz à tona os conceitos de transitoriedade e aceleração,
obrigando a ruptura com ambientes não flexíveis e rígidos às mudanças sociais;
o gestor escolar contemporâneo deve exercer sua influência como líder situacional,
compreendendo, sobretudo, a necessidade de desenvolver novas lideranças para
outras situações;
Nesse filme americano de 2003, dirigido por Mike Newell, é contada a história de uma
professora de artes que vai lecionar em uma refinada escola feminina tradicional. A
professora, com sua prática liberal, decide lutar contra o conservadorismo, mostrando,
por meio da arte, caminhos para a reflexão crítica e conquista da independência pessoal
e social. Enfrenta a resistência cultural das alunas e da administração da escola.
Vale a pena assisti ao filme e refletir sobre a influência dos paradigmas educacionais
desconectados da realidade vigente.
39
A Sociedade dos Poetas Mortos (Deads Poet Society), EUA, 1989. Direção: Peter
Weik.
Sites
www.gestaoeducacional.net/web/htm/artigo6.doc
Nesse site, você poderá encontrar a revista Nova Escola, de jan./fev. de 1999, e ler a
matéria Quando o director é a alma do negócio.
http://www.consed.org.br
Ao acessar esse site, você encontrará o prêmio nacional de referência em gestão escolar.
http://www.gestaopublica.sp.gov.br/conteudo/udemo.html
Livros
DARNILL, S.; ROUX, M. L. 80 homens para mudar o mundo. Tradução Rita Myrian
Zagordo. São Paulo: Clio Editora, 2009.
40
fatalismos, descrenças e conseguiram tornar o mundo e o ambiente melhor para
milhares e milhares de pessoas.
Como curiosidade, são citados, a seguir, projetos brasileiros que estão inseridos na
leitura acima referenciada:
2.6 Atividades
Leia o fragmento do texto abaixo e faça as suas considerações sobre o perfil profissional
do gestor escolar contemporâneo.
O administrador deve ser capaz de atingir resultados (eficácia) por meio da melhor
eficiência, pois mais do que nunca a chamada “era da competência” em que vivemos
clama por profissionais multiespecialistas. São pessoas que atuam com competência em
mais de uma atividade ou função e que estejam comprometidas com “o que fazem” e
atentos sobre quais consequências para a sociedade como um todo “daquilo o que
fazem”; que sejam ecléticos, pró-ativos e perspicazes.
(www.cidadesp.edu.br/old/publicacoes/radar_academico/radaracademico_junho.pdf.
Acesso em: 28 abr. 2010).
Com base nesse texto, estabeleça, coletivamente, valores que devem nortear um projeto
educativo da escola. Registre. Esses dados serão utilizados nas unidades subsequentes.
41
42
Unidade 3
Unidade 3 . A democratização das ações da Escola e a
gestão democrática
Paradigma representa uma visão de mundo, É preciso pensar, refletir que estamos diante de
uma filosofia social, um sistema de ideias
construído e adotado por determinado uma nova forma de perceber a escola enquanto
grupo social.
organização racional e humana e,
consequentemente, frente às novas maneiras de conceber a direção e a condução de sua
gestão na atualidade.
As reformas legais e as mudanças de paradigmas representam uma adequação
contextual da educação ao sistema econômico, marcado pela competição, situação em
que o conhecimento como já dissemos ganha cada vez mais relevância
43
A questão da democratização da educação pública não é nova. Não é nova no plano das
ideias e até nos acervos legais da constituição e das reformas educacionais brasileiras.
Segundo Oliveira (2004):
Somente com a Lei de Diretrizes e Bases vigente (Lei nº 9394/96), essa segregação,
compreendida num período de 35 a 25 anos, desaparece, entendendo-se que a educação
básica é o alicerce para a educação superior. Como bem coloca Oliveira (2004):
44
Tais razões, por si só, são necessárias para que se defenda a gestão democrática e
participativa da educação pública. Nessa esteira, a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (Lei 9394/96), dentro de seus princípios filosóficos e políticos,
determina “a gestão democrática de ensino público, na forma desta lei e da legislação
dos sistemas de ensino” ( art. 3º, VIII).
Tal princípio é reafirmado ao se definir que a gestão democrática do ensino público será
determinativamente parceira e participativa, envolvendo os profissionais da educação na
elaboração do projeto pedagógico da escola, bem como o envolvimento da comunidade
escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes.
É, portanto, mais do que uma tomada da consciência exigida pelo momento. É, sim, a
arquitetura de um projeto não só na continuidade do tempo, mas no processo da
edificação de uma cultura de engajamento e colaboração espontânea.
46
A esta altura da argumentação, é importante estabelecer objetivamente aspectos
indispensáveis às práticas pedagógicas e gestoras, e, ainda, complementando as ideias
de Bordignon e Gracindo (2004):
com a definição clara das finalidades, dos objetivos e dos valores estabelecidos
na proposta educacional e que se constituem na missão da Escola.
48
1- concepção técnico-científica: define-se pelo modelo weberiano de burocracia,
dando relevância à estrutura organizacional. A realidade escolar deve ser
objetivamente planejada, com divisão de cargos, funções, normatização de
tarefas, regulamentação de desempenho e responsabilidades bem definidas. Com
uma disposição hierárquica definida e autoridade legitimada na figura do gestor
escolar, procura-se atingir a eficiência e eficácia dentro da maior previsibilidade
possível. A coordenação do processo decisório acontece com pouca ou nenhuma
participação da equipe. “Este é o modelo mais comum da organização escolar
que encontramos na realidade educacional brasileira [...]” (LIBÂNEO et al.,
2005, p. 324);
Concepção técnico-científica
estrutura objetiva
Concepção sociocrítica
estrutura reflexiva
49
Existe uma inter-relação direta entre as concepções de gestão escolar e o padrão
de autoridade exercido pelo gestor/líder. A estrutura da autoridade fornece base
para a designação de tarefas das diversas pessoas envolvidas na organização
escolar bem como no seu acompanhamento e no seu cumprimento. É importante
evidenciar que existe uma “zona de aceitação” da autoridade que corresponde ao
nível de tolerância dos subordinados. Dentro dessa zona de aceitação, a equipe
aceita as ordens sem análise dos méritos do comportamento. Aqui a autoridade é
aceita e legitimada quando agregada às características de personalidade. Os
estudos avançados sobre gestão escolar, conforme colocam Libâneo et al.
(2005), abrem outras perspectivas de análise das concepções de gestão que,
como reafirmamos, refletem diferentes posições filosóficas e políticas e,
sobretudo, relações de autoridade e poder. A concepção sociocrítica, que está
fundamentalmente ligada a princípios democráticos e participativos, abre-se
para movimentos gestores que podem ser identificados;
50
Simbolicamente interpretadas, essas concepções se colocam em pontos extremos de um
continuum se consideradas em relação ao uso da alteridade e do poder. A saber:
Uma das principais mensagens que reafirmo é que sempre será possível melhorar nossa
competência em gerir a organização humana – a escola. A ligação entre teoria e prática
nos coloca no ponto de convergência entre as concepções teóricas e as experiências
vivenciadas nas escolas. E nesse ponto de ligação tudo é provável.
52
Assim, por este Brasil afora, nos cantos mais inesperados, a força da vontade coletiva e
da criatividade se sobressai; e a utopia, mais do que um sonho, viabiliza-se , manifesta-
se, melhorando a qualidade no ensino, as práticas sociais dos alunos em suas
comunidades e o viver na escola.
Entre tantas outras iniciativas de excelência em gestão escolar, por meio de esforços
conjugados e trabalho compromissado, selecionamos algumas experiências de sucesso,
detentoras do Prêmio Nacional de Referência em Gestão Escolar, publicadas na revista
Gestão em Rede, Prêmio Nacional de Referência Escolar (2006-2007), Brasília,
Conselho Nacional de Secretários da Educação (Consed), 2008.
53
Observação: a escola investe cada vez mais no seu modo de gestão participativa e democrática,
trazendo para o centro do processo não apenas o aluno, mas todos os que fazem parte do processo escolar,
para compartilharem responsabilidades e objetivos e serem construtores de uma nova proposta
educacional mais adequada às exigências da sociedade atual, do conhecimento e da aprendizagem.
Referencial Disciplinar
elaborado pelo:
Conselho Municipal
da Educação,
Conselho Tutelar e
Vara da Infância e
Juventude
Todos acreditam que o principal aspecto que torna a escola eficaz é o entrosamento de
todas as forças: direção, orientação, professores, funcionários, alunos, pais e membros
da comunidade. Somente quando todos tiverem em mente, com clareza, onde se está e
aonde se quer chegar é que se tem condições de alcançar a meta principal que é uma
aprendizagem de qualidade baseada em uma gestão participativa e de sucesso ( Revista
Gestão em Rede. Prêmio Nacional de Referência em Gestão Escolar – 2006- 2007.
CONSED, p.16).
54
Escola Nível Metas Estratégias Resultados
Acompanhamento da
Proposta Pedagógica
e dos projetos
desenvolvidos
(Educação Ambiental,
Educação Fiscal e
Projeto Valor
Humano);
Atualização Curricular
, Observação: a missão da escola não é uma ação que termina em si mesma, ela requer de todos
os envolvidos, grande compromisso.
E-mail: Valorização do
eanl@hotm trabalho coletivo
ail.com
Observação: principais aspectos que tornam a escola eficaz:
55
integração da equipe gestora;
formação continuada e condições de trabalho;
atitude desafiadora;
motivação e elevação da autoestima;
inovação de práticas pedagógicas para melhorar os resultados de
aprendizagem dos alunos;
manutenção da organização escolar para garantir um
funcionamento de qualidade.
56
3.4 A Ética do Gênero humano
[A] a ética propriamente humana, ou seja, a antropoética deve ser
considerada como a ética da cadeia de três termos
individuo/sociedade/espécie, de onde emerge nossa consciência e
nosso espírito propriamente humano. Essa é a base para ensinar a ética
do futuro (MORIN 2000, p. 106).
Assim, compreendida, tudo tem que estar voltado à concretude do desenvolvimento das
autonomias individuais, incluindo o sentido de pertencer a um tempo e lugar. Não são
as lições da reta e justa razão, embora importantes, suficientes para formar uma
consciência ética de que “[...] o humano é, ao mesmo tempo indivíduo, parte da
sociedade e da espécie” (FERREIRA, 2000 p. 303).
Essas práticas humanas conduzem naquilo que Covey (2005) identifica como a
“descoberta da voz interior”, expressa nas manifestações de nossa inteligência: visão,
disciplina, paixão e consciência.
O maior legado que se pode deixar como educador–gestor é inspirar nossos pares a
encontrar a sua voz interior. Ensinar, compartilhar, acrescentar, progredir, evoluir para
fazer acontecer. Stephen R. Covey é professor, autor
e consultor organizacional, uma
autoridade em liderança,
É Covey (2005) que nos chama a atenção: reconhecido internacionalmente.
[S] saber e não fazer é realmente não saber. Aprender e não fazer é
não aprender. Em outras palavras, entender alguma coisa mas não
aplicá-la é realmente não entende-la. É somente fazendo, aplicando,
que internalizamos o conhecimento e o entendimento (COVEY, 2005,
p. 34).
57
3.5. O planejamento participativo na Escola e o sentido pleno
da participação
Senhor, dai-me a serenidade
De aceitar o que não posso mudar
A coragem para mudar o que posso mudar
A sabedoria para saber a diferença.
Oração da Serenidade
Alcoólatras Anônimos
(Covey, 2005, p. 133).
[Q] quando alguém “participa”, mas não tem poder, vai ficar numa
participação sem sentido, já que não vai se tornar mais pessoa com
isso.... quem vai participar para que possa viver uma participação
responsável, que o faça, crescer como pessoa precisa ter poder
(GANDIN, 2002, p. 57-58).
Um novo “sentido do sentido” da gestão escolar, que não apenas o conterrâneo de seu
tempo, deve se apropriar das lições de Morin (2000) sobre o que deve ser permanente, a
qualquer tempo, sobre o que deve ser contemporâneo do hoje, do amanhã e da
posteridade
60
Entre tantos outros “saberes necessários à educação do futuro”, elencados por Morin
(2000), destacam-se:
61
3- Ensinar a compreensão
O grande desafio (2007). O filme, dirigido por Denzel Washingtom, com duração de
126 min, foi inspirado em fatos reais; nele, é contado o percurso do professor Melvm
Tolson, que aliando sua ousadia e coragem ao poder das palavras e à capacidade dos
alunos de interpretá-las, interveio na realidade discriminatória do Texas. A persistência
a não desistência dos sonhos, sob quaisquer que fossem as dificuldades, tornam a utopia
possível em realidade. Vale a pena assistir!
Livro
63
64
Unidade 4
Unidade 4 . Autonomia e o processo de
planejamento da Escola
Se a descentralização aproxima o cliente e
instituição, a autonomia dá voz, ouvidos e ação
a ambos (NEVES, 2003. p.125).
65
Essa visão decorrente de novos paradigmas, que já realçamos na Unidade anterior,
representa um avanço significativo, na medida em que atribui à escola e sua equipe,
maior poder de decisão sobre os seus destinos. O poder decisório é colocado cada vez
mais próximo do local onde os problemas ocorrem, agilizando os processos
importantes para o curso das ações administrativas e pedagógicas da escola.
Embora seja uma conquista significativa, ela será, com afirma Alonso (2003), sempre
relacional, na medida em que “não se corta o liame que grava a relação entre diversos
níveis dos subsistemas de ensino” (YAMAMOTO, 2003, p. 77).
[S] significa dizer que à escola cabe uma autonomia relativa, que se
restringe, em grande parte, aos aspectos aos aspectos organizacionais,
no sentido de permitir que ela se ajuste à necessidades locais, de
forma a poder atingir os seus objetivos. O que se observa nesse caso é
que se estabelece uma espécie de acordo entre dois níveis, da unidade
e do sistema, o qual ao mesmo tempo em que se amplia a liberdade da
primeira, se restringe o controle do último (ALONSO, 2003, p. 85).
66
desempenho escolar. “A autonomia tem intensa ligação com a participação: na verdade
uma decorre da outra, visto que, quanto mais se matura a participação, mais ela avança
no exercício da autonomia” (YAMAMOTO, 2003, p.78).
Entendido como uma forma simples, como “o envolvimento de todos em tudo o que a
escola promove”, o processo participativo ou descentralizador que se quer engendrar
envolve significados de participação que estão muito além da simples colaboração.
68
A verdadeira participação é resultante da construção conjunta. Participar é partilhar do
poder. O poder está nas mãos do coletivo, sendo possível, então, construir um processo
de planejamento e, por isso, chamado de participativo, porque todos com seus saberes,
suas experiências, suas perspectivas (e também com poder) organizam suas ideias e as
trabalham coletivamente em função de finalidades e objetivos também propostos em
conjunto.
[Q] quando alguém “participa”, mas não tem poder, vai ficar numa
participação sem sentido, já que não vai se tornar mais pessoa com
isso.... quem vai participar para que possa viver uma participação
responsável, que o faça, crescer como pessoa precisa ter poder
(GANDIN, 1999, p. 57-58).
69
dos processos pedagógicos e administrativos, para o amadurecimento do trabalho
coletivo na escola.
Embora não seja o foco específico de nossa análise, à guisa de informação, a gestão da
qualidade total tem como finalidade principal a satisfação do cliente e, para tanto, a
eficiência é essencial. A solução de problemas está voltada à satisfação do cliente e a
qualidade é buscada em cada tarefa. Não aborda no seu quadro teórico propostas sociais
70
e pedagógicas. Em decorrência de seu modelo é sempre menor o alcance da
participação, postura fundamental na abordagem contemporânea dos sistemas de ensino
Pode-se afirmar que toda escola tem a sua estratégia explícita ou implícita em maior ou
menor grau e que determina, na sua natureza, o fluxo de transformação ou conservação
da realidade. Assim, para cada escola, há um planejamento conexo às necessidades
internas e ambientais, o que significa dizer que as ações estratégicas são essencialmente
situacionais e convergentes. A palavra estratégia tem suas raízes no conceito militar de vencer
inteligentemente o inimigo. A arte da guerra de Sun TZu, clássico
escrito no século VI a. C., relata as estratégias e a disposição de
É preciso desenvolver na escola
lutar e vencer os inimigos em guerras enfrentadas pelos chineses.
o pensamento estratégico, Em 2002, quando o Brasil foi campeão do mundo, essa obra foi
utilizada pelo ex-técnico Felipe Scolari para motivar o time a
empreendedor, criativo, corajoso portarem-se como guerreiros. Após a segunda grande Guerra
Mundial, as concepções estratégicas militares passaram a ser
e até irreverente. No pensamento adotadas como modelo de gestão empresarial.
estratégico, não se tem medo de ousar ou errar. Retoma-se, corrigem-se metas, ajustam-
se objetivos planos e meios e ações adequadas para realizá-lo.
71
O planejamento participativo, que também é estratégico, caracteriza-se pela integração
de todos os setores da atividade humana e social para solução compartilhada e conjunta
de problemas comuns. É um processo que exige uma ação política comprometida diante
de situações e problemas a serem enfrentados, analisados e resolvidos, conjuntamente,
para reestruturação do curso de ação das escolas embasando-se “numa filosofia política
de renovações estruturais” (VIANNA, 2000, p. 42).
Esse caminhar para ir fundo ou além das aparências objetivas deve possibilitar o
conhecimento “do núcleo revelador da totalidade social” (FALKEMBACH, 2003, p. 130),
para que se mature o processo da análise teórico-prático, combinando a experiência com
reflexão e articulando a disposição coletiva de trabalhar juntos para enfrentar as grandes
questões do planejamento participativo:
72
O que fazer? Como fazer?
Com o que fazer? Para que fazer?
Para quem estamos fazendo? Com quem estamos fazendo?
Questões fundamentais: para quem, com qual Questões pormenorizadas: como, com quais meios.
finalidade.
executa o processo;
concebe o processo; realiza propostas;
define propostas; trabalha o campo de ação dessa realidade;
identifica a realidade desejada; fundamenta-se no avanço da técnica e
fundamenta-se na ideologia, na filosofia dos instrumentos;
e nas ciências; serve à manutenção e ao aperfeiçoamento;
serve ao movimento de transformação; pauta-se no aspecto temporal como presente;
pauta-se no horizonte temporal como enfatiza as técnicas;
futuro; busca a eficácia, no imediato e a curto prazo;
enfatiza a criatividade; destaca-se como uma tarefa da gestão e da equipe
busca a eficácia a médio e longo prazo; pedagógica (supervisores, orientadores,
destaca-se como uma tarefa da grande professores etc);
comunidade (pais, alunos, professores, objetiva: realizar a missão da instituição;
funcionários, comunidade local etc); próprio à época de estabilidade social.
objetiva: firmar a missão da instituição;
próprio à época de grande instabilidade
Fonte: social.
Adaptado de Gandin (2002). A prática do planejamento participativo. In: YAMAMOTO, M. P.
Gestão Escolar: o projeto da Escola. Centro Universitário Hermínio Ometto: Uniararas, 2003. p. 46.
73
A educação passa a ser tratada como investimento e centraliza as atenções numa
mudança de paradigma: educação é investimento e não bem de consumo,
constituindo-se num avanço significativo para entendê-la como política pública
fundamental para o desenvolvimento nacional.
74
4.4 O Projeto político-pedagógico: a conjugação da autonomia e
do planejamento estratégico-participativo
O termo projeto político-pedagógico foi cunhado por pensadores educacionais para dar
ao planejamento escolar a dimensão de ser, ao mesmo tempo, político, social, científico
e técnico. É sugestiva a explicitação de Campos (2006):
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9394/96) não se preocupa com
um rigor terminológico, mas identifica tacitamente a sua intenção planejadora ao
especificar, em seus artigos 12, 13, 14 e correspondentes incisos, determinações
normativas quanto à elaboração, execução, participação dos docentes, profissionais de
educação e da comunidade na elaboração da proposta pedagógica, do projeto
pedagógico ou do projeto político-pedagógico, este que é, em si, a formalização da
disposição estratégica-participativa do planejamento escolar.
Dispositivo legal:
parecer Resolução CNE Aspectos determinantes Pressupostos teóricos/operacionais
4 de 13/07/2010
A escola de qualidade social adota, como centro, o
A escola de qualidade social deve
estudante, a aprendizagem, o pleno acesso, a
propiciar a revisão das
permanência, a redução da evasão e da retenção. A
referências conceituais, com
escola da qualidade social é um instrumento
valorização das diferenças, da
construído coletivamente como parte do projeto
Título IV pluralidade cultural, e ter foco no
político-pedagógico e incorpora a ideia democrática
Acesso e permanência projeto político-pedagógico.
de uma sociedade de iguais.
para a conquista da
O projeto político-pedagógico respeita as múltiplas
qualidade social (Art.
diversidades e a pluralidade cultural. O percurso
de 8 a 10 Relevância do projeto político-
formativo do currículo envolve a observação às
ecorrespondentes pedagógico para o planejamento
peculiaridades locais e regionais. Deve ampliar e
parágrafos e incisos) das ações coletivas exercidas pela
diversificar o tempo e os espaços curriculares com
escola e assumidas
escolha da abordagem didático-pedagógico,
colegiadamente pela equipe
disciplinar, pluridisciplinar, interdisciplinar e
escolar.
transdiciplinar. O projeto político-pedagógico deve
compatibilizar os meios e recursos operacionais.
A autonomia reflete a busca e a construção da
As autonomias pedagógicas,
identidade, que culmina no projeto político-
administrativa e gestora-
pedagógico e no regimento escolar. A construção do
financeira são viabilizadas por
projeto político-pedagógico deve articular-se com as
meio do projeto político-
diretrizes e os planos nacional, estadual e municipal
pedagógico da escola.
de educação.
As ações educativas, a
Título VII
organização escolar, a gestão
Elementos A missão da unidade escolar; o papel socioeducativo,
curricular são componentes
constitutivos para a artístico, cultural e ambiental; as questões de
integrantes do projeto político-
organização das gênero, etnia e diversidade cultural compõem as
pedagógico. As prioridades
Diretrizes Curriculares ações educativas e formativas da escola e devem
correspondentes às etapas da
Nacionais Gerais para a integrar o projeto político-pedagógico.
educação básica devem ser
Educação Básica.
previstas e definidas.
Capítulo I, art. de 43 a
O regimento escolar é um
45 e correspondentes O projeto político-pedagógico necessita de
instrumento indispensável à
parágrafos e incisos mapeamento criterioso das necessidades e
execução do projeto político-
condições da escola – como ela é, como está e
pedagógico e trata da natureza e
aonde se quer chegar. O regimento escolar deve ser
finalidade da escola com relação
a verdadeira constituição da escola (MILITÃO, 2004)
à gestão democrática com os
e, portanto, deve atender às necessidades da
órgãos colegiados, regulando os
comunidade e dos sujeitos da aprendizagem.
aspectos indispensáveis à
dinâmica da escola.
77
O projeto político-pedagógico de
Título VII natureza essencialmente
Para a construção e consolidação do projeto
Elementos participativa deve contemplar a
político-pedagógico em um documento formalizador
constitutivos para a análise da situação escolar; as
das intenções da escola, há de concorrer à
Organização das condições físicas, financeiras e
determinação do marco referencial, considerando-se
Diretrizes Curriculares patrimoniais; a seleção de
as suas etapas: marco situacional, marco doutrinal,
Nacionais Gerais para a e-mails e recursos; a escolha de
marco operativo, para se construir um diagnóstico e
Educação Básica. estratégias; a determinação de
uma programação indispensável ao processo de
Capítulo I, do art. 43 ao cronograma de ações; as relações
planejamento participativo, permanentemente
45 e correspondentes com a comunidade; e, sobretudo,
avaliado.
parágrafos e incisos os valores e objetivos da missão
da escola.
78
é um instrumento de controle da escola, definindo, ao mesmo tempo, o
espaço e os limites de sua autonomia;
79
À guisa de sugestão, propõe-se referenciais para a construção do projeto político-
pedagógico. É importante ressaltar que as diferentes etapas que o constituem são
momentos do processo global de planejamento e, sistemicamente, se harmonizam entre
si, subsidiando informações para decisões coletivas. Assim, a elaboração do projeto
político-pedagógico não é uma tarefa simples, o que evidencia a necessidade da
participação e do compromisso coletivo. Igualmente, nenhum referencial é completo ou
acabado. O que se apresenta são momentos indispensáveis à aproximação da essência
da realidade escolar para o estabelecimento do percurso reflexivo.
80
Marco referencial Diagnóstico Programação
O que nos falta para ser o que O que faremos concretamente
O que queremos alcançar?
desejamos? para suprir tal falta?
É a busca de um É a busca das necessidades, a É a proposta de ação. O que é
posicionamento: partir da análise da realidade necessário e possível para
político: visão do ideal de e/ou do juízo sobre a realidade diminuir a distância entre o que
sociedade e de homem; da instituição (comparação com vem sendo a instituição e o que
pedagógico: definição sobre a aquilo que desejamos que seja). deveria ser.
ação educativa e sobre as
características que deve ter a
instituição que planeja.
81
média familiar; nas condições sociais, a estrutura habitacional, o acesso aos
equipamentos de saúde, a segurança, o lazer etc;
d) caracterização do nível cultural e da aprendizagem dos alunos: faixa etária,
interesse profissional (no caso do ensino médio) e vida intelectual, emocional,
esportiva, afetiva etc;
e) caracterização da organização da escola: bases norteadoras da organização, do
trabalho pedagógico, do programa de acompanhamento do acesso, da
permanência, da concepção e da organização dos espaços físicos compatíveis às
necessidades dos alunos;
f) caracterização da qualidade da aprendizagem: índices de aproveitamento,
retenção, resultados dos processos de avaliação externa (Sistema de Avaliação
da Educação Básica- SAEB, Prova Brasil, IDEB);
g) caracterização do relacionamento escolar: fundamentos da gestão democrática
compartilhada (órgãos colegiados e representação estudantil), participação da
comunidade e dos pais nos projetos desenvolvidos na escola, realização de
parcerias, acordos de cooperação técnica entre escolas e instituições oficiais;
h) caracterização da equipe escolar: compreende equipe docente (qualificação
profissional, formação continuada, valorização funcional, estatuto do magistério
e estruturação da carreira, jornada de trabalho compatível), equipe pedagógica
(suficiência de pessoal, concentração em funções específicas, acompanhamento,
avaliação e aprimoramento da relação ensino-aprendizagem), equipe funcional
ou de apoio administrativo (racionalização de funções, determinação clara de
papéis, distribuição equitativa do tempo etc);
i) caracterização das condições materiais, financeiras e patrimoniais: condições
físicas, suficiência de recursos para o desenvolvimento do trabalho, repasse de
verbas, gestão financeira colegiada etc;
j) caracterização das condições de vulnerabilidade social: histórico familiar e
pessoal de violência, drogas, roubo, prostituição juvenil, aborto, participação de
gangs etc.
82
Com essa base de dados inicia-se the first steeps para se penetrar fundo nas condições
de ensino-aprendizagem, na superação da retenção escolar e na instituição de programas
que atentem para os aspectos da sociedade, da educação e do reforço escolar;
2- a partir daí, pode-se responder às questões: Aonde se quer chegar? Qual é a escola
que precisamos e desejamos? É o momento do marco filosófico ou doutrinal,
expressão dos valores, das utopias, das expectativas e das esperanças de todos os
sujeitos do processo educativo. Corresponde à dimensão identitária do processo de
planejamento participativo e alarga prospectivamente o horizonte temporal da escola em
direção a sua vocação missionária. Desse modo, o projeto político-pedagógico exige um
processo de acompanhamento e avaliação persistente e comprometido. Marco
diagnóstico compreende a apreensão da realidade e a formulação de um juízo avaliativo
entre as possibilidades reais e as ideais de se concretizar as metas desejadas
(VASCONCELLOS, 2004). Corresponde ao olhar atento que ultrapassa a visível
realidade imediata. É o exercício crítico reflexivo, para que se identifique o ponto onde
se está e aonde se quer chegar. A questão relevante é: Qual a distância que deve ser
percorrida para atingir as metas definidas?
83
Figura 4.1 – Definindo a Escola
Elaborado pela autora
84
aprovação Para uso da comunidade descentralizado
Os projetos Participação, envolvimento / Desenvolvimento de
interdisciplinares, comprometimento parcerias e acordos de
pluridisciplinares e Parcerias com órgãos de ciência cooperação técnica
transdisciplinares e tecnologia, lazer, esporte, /administrativa
As parcerias e projetos de cultura, arte e meio ambiente. Gerenciamento de recursos:
cooperação técnica Desenvolvimento de projetos Patrimonial, humano em
O sistema de avaliação: comunitários relevantes para a geral, material e financeiro
A recuperação contínua e sociedade: violência, droga, (Captação de recursos
paralela, progressão prostituição infantil e juvenil, financeiros)
continuada aprimoramento de consciência Definição de padrão mínimo
Relação professor-aluno política, educação ambiental e de qualidade necessário:
Relação ensino-- cívica, etc.
aprendizagem
Atuação na HTPC
Os programas de formação
continuada e valorização
de professores
O Regime de trabalho em
uma única escola
Pontos de Convergência
Integração dos profissionais de educação, estudantes, família, agentes comunitários na realização do Projeto Politico-Pedagógico
87
Programação (política e estratégica)
Avaliação permanente:
execução das atividades permanentes;
avaliação e pertinência das linhas de ações;
cumprimento das determinações;
outros aspectos indispensáveis para o replanejamento.
88
significa gestão centrada na escola. Há o deslocamento do centro do poder
para a equipe escolar, a comunidade, os pais e as agremiações estudantis,
para a decisão, sobretudo, do seu destino;
supõe a gestão colegiada de recursos materiais, financeiros e patrimoniais;
é conquistada pela capacidade de gestão democrática e participativa;
é construída no cotidiano das relações, a partir das decisões coletivas e do
desenvolvimento de uma cultura de participação;
consolida-se na construção do projeto político pedagógico.
89
fundamentalmente, do professor e dos respectivos programas de formação e
aprimoramento docente;
o Projeto político-pedagógico, elaborado à luz da metodologia do
planejamento participativo, deve contemplar as fases distintivas que o
compõem.
O planejamento estratégico-participativo:
90
4.10 Atividades
Elabore uma redação inicial de projeto político pedagógico, utilizando-se das sínteses
que foram elaboradas coletivamente nas Unidades 1, 2 e 3.
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92
Referências
ALONSO, M. Autonomia Escolar. In: VIEIRA, A. Thomaz et. al. Gestão Educacional
e Tecnologia. São Paulo: Avercamp, 2003.
ALONSO, M. et. al. Gestão Educacional e tecnologia. São Paulo: Advercamp, 2003.
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FRIEDMAN, G. Os próximos 100 anos. Uma previsão para o século XXI. Tradução
Gabriel Zide Neto. Rio de Janeiro: Best Business, 2009.
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GANDIN, D. A prática do planejamento participativo. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.
______. Temas para um projeto político pedagógico. Petrópolis, RJ: Vozes, 1999.
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OLIVEIRA, A. D. A Gestão democrática na Educação no contexto da reforma do
Estado. In: FERREIRA, M. S. C.; AGUIAR, M. Â. da S. Gestão da Educação.
Impasses, perspectivas e compromissos. São Paulo: Cortez Editora, 2004. p. 91-112.
SENGE, P. Escolas que aprendem. Tradução Ronaldo Cataldo Costa. Porto Alegre:
Artmed, 2005.
SUN TZU. A. Arte da guerra: os treze capítulos. Tradução Pedro Manoel Suares. São
Paulo: Ciranda Cultural, 2008.
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Referências Complementares
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