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A filosofia moral de Adam Smith face às leituras
reducionistas de sua obra:
ensaio sobre os fundamentos do indivíduo egoísta contemporâneo

Adam Smith’s moral philosophy versus the reductionist


readings of his work:
essay on the foundations of the contemporary selfish individual

Resumo

A proposta deste artigo é apresentar inicialmente a contribuição da filosofia moral


de Adam Smith tendo como eixo o sujeito moral smithiano e suas relações intersubje-
tivas na emergência da ordem sócio/econômica do mercado. Em seguida pretende-se
mostrar como e quando o sujeito simpático e as suas relações intersubjetivas sofreram
revezes ao longo da história da teoria do mercado na releitura de alguns de seus céle-
bres herdeiros.
Palavras-chave: Adam Smith; Filosofia moral; Economia.

Abstract

The purpose of this paper is to present initially the contribution of Adam Smith ‘s
moral philosophy, having as its axis the Smithian moral subject and its intersubjective
relations in the emergence of the socio - economic order of the market. It is then in-
tended to show how and when the sympathetic subject and his intersubjective relations
have suffered setbacks throughout the history of market theory in rereading some of
his celebrated heirs.
Keywords: Adam Smith; Moral philosophy; economy.

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Cadernos
IHUideias

A filosofia moral de Adam Smith face


às leituras reducionistas de sua obra:
ensaio sobre os fundamentos
do indivíduo egoísta contemporâneo
Angela Ganem
Professora/ Instituto de Economia da UFRJ.

ISSN 1679-0316 (impresso) • ISSN 2448-0304 (online)


ano 17 • nº 282 • vol. 17 • 2019

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Cadernos IHU ideias é uma publicação quinzenal impressa e digital do Instituto Humanitas Unisinos – IHU que
apresenta artigos produzidos por palestrantes e convidados(as) dos eventos promovidos pelo Instituto, além de artigos
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Cadernos IHU ideias


Ano XVII – Nº 282 – V. 17 – 2019
ISSN 1679-0316 (impresso)
ISSN 2448-0304 (online)

Editor: Prof. Dr. Inácio Neutzling – Unisinos


Conselho editorial: MS Rafael Francisco Hiller; Profa. Dra. Cleusa Maria Andreatta; Prof. MS Gilberto Antônio Faggion;
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Cadernos IHU ideias / Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Instituto Humanitas Unisinos. – Ano 1, n. 1
(2003)- . – São Leopoldo: Universidade do Vale do Rio dos Sinos, 2003- .
v.
Quinzenal (durante o ano letivo).
Publicado também on-line: <http://www.ihu.unisinos.br/cadernos-ihu-ideias>.
Descrição baseada em: Ano 1, n. 1 (2003); última edição consultada: Ano 11, n. 204 (2013).
ISSN 1679-0316
1. Sociologia. 2. Filosofia. 3. Política. I. Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Instituto Humanitas Unisinos.
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A filosofia moral de Adam Smith face
às leituras reducionistas de sua obra:
ensaio sobre os fundamentos do indivíduo
egoísta contemporâneo

Angela Ganem
Professora/ Instituto de Economia da UFRJ.

1. Introdução

A proposta deste artigo é apresentar inicialmente a contribuição da filo-


sofia moral de Adam Smith tendo como eixo o sujeito moral smithiano e suas
relações intersubjetivas na emergência da ordem sócio/econômica do mer-
cado. Em seguida pretende-se mostrar como e quando o sujeito simpático e
as suas relações intersubjetivas sofreram revezes ao longo da história da
teoria do mercado na releitura de alguns de seus célebres herdeiros. E serão
estas releituras que oferecerão pistas importantes para a compreensão do
indivíduo contemporâneo: individualista, concorrente e absolutamente dis-
tante do sujeito simpático smithiano. Esboçá-lo, tendo em vista a forte influ-
ência dos fundamentos que provêm da economia não implica isolá-lo na dis-
ciplina. Ao contrário, entender o indivíduo em sua complexidade exige
derrubar fronteiras, aproximando a economia, sobretudo da filosofia e da
psicanálise.
O primeiro eixo trata da contribuição da filosofia moral de Adam Smith.
O argumento se baseia na defesa da unidade do sujeito, da obra e da expli-
cação da ordem social do mercado pelo autor. A fórmula da mão invisível
supera o contrato e afirma que indivíduos em busca de seus interesses priva-
dos ao invés de se chocaram, produzem bem estar social. Entretanto, a ideia
interessante a sublinhar é que o conceito morfogenético da TSM, a “simpa-
tia,” se articula ao conceito básico da Riqueza, o “interesse”, e que juntos
fornecem a coesão necessária à emergência e a reprodução da ordem social
do mercado.
O segundo eixo aponta para o reducionismo e o empobrecimento de
sua obra operado por autores que se consideram seus legítimos herdeiros.
Constata-se num primeiro momento (século XIX) o reducionismo de Walras
no intento de demonstrar lógico-matematicamente a soberania do mercado
microfundado no comportamento individual do “homem econômico racional”.
O esforço demonstrativo do autor expressa a tentativa mais ambiciosa dentro

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4 • Angela Ganem

da HPE de transformar a economia num belo teorema. Já num segundo


momento (século XX), é possível resgatar em Hayek a ideia de reler a ordem
natural de Smith como uma ordem espontânea em que a história realizaria o
autodesenvolvimento do mercado neoliberal. Uma ordem que emerge de
regras eleitas que corroboram a ética individualista e a concorrência na socie-
dade, esta última baseada na teoria darwiniana da vitória dos mais aptos.
O terceiro eixo trata das consequências desastrosas para a sociedade,
para a política e para as subjetividades ditadas pelo apagamento do sujeito
simpático smithiano e pela ausência de regras altruístas e de solidariedade.
O que se tem observado é a ascensão de uma individualização sem limites
reforçada pelo atual desmonte do Estado de Providencia e na defesa do
mercado ultraliberal como a melhor forma de organização das sociedades
contemporâneas.

2. Adam Smith

O filósofo moral Adam Smith publicou duas obras seminais: a Teoria dos
Sentimentos Morais (TSM), em 1759, e a Riqueza das Nações (RN), em
1776. A TSM é um belo tratado de moralidade, uma aguçada análise do
comportamento humano e de suas virtudes, do que é bom e deve ser desen-
volvido, do que é mau e deve ser descartado, do que merece adequadamen-
te aprovação e do que deve ser desaprovado. Seus diálogos com Aristóteles,
Epicuro e com os Estoicos atravessaram seu tratado e contribuiram para a
sua visão sofisticada do comportamento humano.
Adam Smith fundou a economia política observando-a tanto pela ótica
da produção, da acumulação e do excedente como pela ótica do mercado. A
primeira ótica está ligada ao caminho aberto por Petty e desenvolvido por
Smith e os fisiocratas. Já a leitura pela ótica do mercado remete Smith à
história das ideias e a sua importante contribuição na construção do ideário
liberal. Dois campos de estudos se abrem na História do Pensamento Eco-
nômico: o primeiro campo tendo como eixo central a teoria do valor trabalho,
e o segundo campo tendo como conceito central a mão invisível. Neste ulti-
mo, o indivíduo é ponto de partida para a explicação da ordem natural do
mercado.
Em Smith, a economia pode ser lida como uma teoria do mercado, uma
explicação científica para a emergência da ordem liberal. A solução do mer-
cado de Smith, em que interesses privados ao invés de se chocarem produ-
zem bem estar social é sobretudo a resposta a uma importante questão filo-
sófica da modernidade, e mais especificamente, da chamada Revolução
Científica Moderna. A questão central sobre a qual se debruçaram os grande
sábios modernos era: como explicar a ordem física e a ordem social sem

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Cadernos IHU ideias • 5

recorrer a explicação divina? 1Na ordem física o homem pretendeu desvelar


a partir de seu conhecimento uma natureza mitificada porque confundida
com a imagem divina e identificada com a cosmogonia aristotélica. Para dar
conta deste projeto fez-se necessário, parafraseando Gustav Gusdorf, “ex-
pulsar os anjos do céu” e ler as leis do universo, cientificamente. Este proces-
so, como é sabido foi inaugurado pelos filósofos modernos, entre eles Galileu
e teve seu ápice na sistematização da física moderna de Newton através da
descoberta das leis gravitacionais. No campo social, foi necessário enfrentar
o desencantamento de uma sociedade laica para entender como ela se
constrói por ela mesma e que portanto, é a única responsável pelo seu des-
tino. Devemos a um dos primeiros sábios modernos, Maquiavel, a inaugura-
ção do realismo: o chão sobre o qual se assentará a preocupação dos filóso-
fos morais dos séculos XVI a XVIII. 2
Na ausência de uma explicação divina o indivíduo é ponto de partida,
sujeito e objeto do conhecimento. Isto significou um poderoso movimento
antropomórfico, antropocêntrico em que o homem como ele realmente é pas-
sa a fundamento da sociedade. Fazia–se necessária uma explicação cientí-
fica de como os homens e suas paixões, ao invés de se destruírem, vivem
em sociedade. 3
Smith apresenta a fórmula ou a lógica do mercado liberal em seu estado
mais puro, espontâneo e natural, em que interesses privados ao invés de se
chocarem e produzirem a guerra são agraciados por uma mão invisível que
os orienta para o bem-estar coletivo. Esta solução de Smith alçou a economia

1 O exercício de voltar ao passado, recuperando o embate travado não campo da história


das ideias filosóficas e científicas da modernidade para melhor compreender o nascimento
da economia em Smith, foi realizado por inúmeros autores. Cito aqui, Dumont (1977),
Hirschman, (1977), Rosanvalon (1977), Vidonne (1986), Bianchi(1987), Dupuy(1992),
Deflavard (1995), Redman (1997) Zanine (1997). (Consultar Ganem, 2000)
2 “Maquiavel (1469/1527) é a primeira tentativa no campo da política de ruptura com a
explicação divina, apresentando uma teoria política ditada pela práxis de aconselhar o
príncipe na difícil tarefa de governar O radicalismo de seu realismo se apresenta na ideia de
que os povos constituem seu próprio destino e na noção de interesse associada a raggione
de stato, um modo esclarecido de governar. (Ganem, 2000, pp14)
3 Inúmeros autores contribuíram para a construção do ideário e do direito liberal, em especial
Locke (1632-1704). A ‘’doutrina da propriedade’’ de Locke fornece o ponto de partida
jurídico-institucional, pré-condição pelo direito para que se pudesse pensar a possibilidade
de emergência da ordem na sociedade liberal. Ele inclui a propriedade e a herança (seu
corolário), como partes dos direitos de natureza, somando-as ao direito à vida, à liberdade
e à saúde. Assentando a fonte da propriedade (que se traduz numa acumulação de bens)
no trabalho, ele diferencia os homens nas suas qualidades laboriosas, o que definiria
uma distribuição desigual dos bens, própria da sociedade capitalista nascente. “Pas de
liberalisme sans droit’’será a concepção de seu governo de leis que garantirá a liberdade
que reduz ao mínimo a coerção (liberdade negativa) e garantirá a propriedade - pilar da
sociedade capitalista e pré-condição de proteção que o estado deve fornecer às esferas
privadas do assalto de outros.. (Ganem, 2000)

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6 • Angela Ganem

ao debate das ideias da modernidade e a definiu dentro do projeto liberal.


Nesta explicação, Adam Smith construiu um rico diálogo com os modernos e
lançou os fundamentos da economia imbricados com a filosofia moral dos
séculos XVII e XVIII. Sua explicação do mercado não se limita ao estudo do
“local de trocas” e a economia termina por invadir todo o terreno da socieda-
de. Esta ordem social explicada a partir do indivíduo - o homem como ele
realmente é - com as suas paixões, sem intencionalidades e/ou desígnios,
geram dentro dessa perspectiva, o bem estar coletivo. Esboços da noção de
mão invisível demonstram a interlocução de Smith com vários autores.4 Para
intérpretes do período, em que pese a teoria dos filósofos contratualistas, a
solução de Smith pelo mercado supera a noção do contrato hobbesiana,
(considerada a mais acabada explicação da emergência da ordem pelo con-
trato), ao mesmo tempo que funda a economia como campo disciplinar.
Adam Smith ficou conhecido por seu trabalho na Riqueza das Nações
embora estudos sobre a TSM, mostram a importância de seu tratado moral e
a relação que existe entre as duas obras. Smith na TSM revela um sujeito
incompleto, atravessado por regras da moralidade, voltado para o outro. O
sujeito necessita do outro e dele procura reconhecimento e aprovação de
seus atos. Mas será esta a única leitura? Já na segunda metade do século
XIX a velha histórica alemã levantou o chamando problema Adam Smith ou
das Adam Smith problem, como ficou conhecido em que perguntava: o
sujeito moral da TSM é o mesmo indivíduo do interesse da RN? Existe unida-
de ou ruptura da obra? A economia nasce rompida ou não com a moral?
Destaco dentro da leitura da unidade e da tentativa de recuperar o sujei-
to moral no indivíduo interessado da Riqueza dois autores: G. Marshall e
Jean Pierre Dupuy. Marshall, professor de literatura de Yale, lê a TSM como
um espaço teatralizado, em que ator e espectador trocam de papeis sendo
o ator o que age, sofre, sente e tem o desejo de ser aprovado, admirado, de
merecer a simpatia e o espectador, o que observa, que se sensibiliza, que se
coloca no lugar do outro, que aprova, que admira e que se simpatiza (Ga-
nem, 2000).

4 Mandeville, em The Fable of the Bees, publicada em 1714, veicula ideias marcadamente
modernas, ao mesmo tempo que ironiza a sociedade liberal nascente.O paradoxo social
século depois apresentado na idéia de que benefícios públicos resultam de ações viciosas,
explora a noção de mão invisível, articulando a paixão privada do vício ao resultado coletivo
do benefício público. Montesquieu, identificado como um dos precursores do topos liberal,
na sua obra mestra, De l’esprit des lois (1748), foi um dos que melhor sistematizou a idéia
da mão invisível, associada a uma forma embrionária de mercado: o comércio internacional
entre nações. Na teoria do doux commerce, ele defende a idéia do que o comércio suaviza
os costumes e promove a paz entre as nações, tese diametralmente oposta à crueza da
desigualdade do processo de acumulação primitiva de capital, sublinhada magistralmente
por Marx. (Ganem, 2000)

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Em Marshall temos uma relação intersubjetiva, dialógica, empática em


que o sujeito smithiano tira a sua substancia do reconhecimento do outro. Ele
se liga a si mesmo mediado pelo outro o que significa uma subjetividade
construída socialmente. Sem dúvida trata-se de algo mais complexo do que
o jogo espelhar de Hume de natureza imitativa (os homens são espelhos uns
dos outros). A mediação do outro mostra também como os juízos éticos são
formados. Eles nascem da convivência entre os homens pois as normas
morais não são concebidas a priori em Smith: elas são produções sociais. E
a internalização dessas normas morais fornece a ideia do espectador impar-
cial, o tribunal interno de nossa própria consciência.
Unindo as duas obras, Jean Pierre Dupuy, filósofo francês, retoma o
conceito de amor que tanto estaria presente na simpatia (TSM) como na no-
ção de interesse (RN). Na TSM o amor próprio é construído pela admiração,
pelo reconhecimento, pela aprovação: ele é uma virtude. O amor próprio
pode também ser associado à prudência e ambos são merecedores de apro-
vação. Ao cuidarmos de nossa própria vida e de nossa família, somos mere-
cedores de aprovação; ao cuidarmos da comunidade, merecemos aplausos.
O ser magnânimo da TSM é um ser especial que cuida do país, e neste caso,
merecedor de aplauso.
O homem prudente da Riqueza é um homem adequado5 capaz de me-
lhorar a sua própria condição. Ele constrói seu amor próprio pela dignidade
com que vive: seus interesses privados não são selvagens. Ou seja, seus
interesses privados não são interesses egoísticos incompatíveis com o inte-
resse pelo outro. Neste sentido, o interesse privado não pode ser confundido
com egoísmo ou self interest, movimento reducionista que ocorreu um século
após na leitura neoclássica de Smith. Ali ocorre a exclusão de qualquer rela-
ção ou preocupação com o outro, ou em uma palavra, a exclusão da morali-
dade em seu sentido forte.
Entretanto, mesmo com esta aguda compreensão do que seria um
comportamento humano virtuoso, Smith foi crítico à sociedade nascente e
mostrou um certo desencanto com sentimentos não louváveis que estavam
sendo gestados. Em 1781, cinco anos após publicar a RN, em 1781, Smith
introduziu na TSM o capítulo sobre a corrupção nossos sentimentos morais
ocasionado pela disposição a admirar os ricos e os poderosos e a desprezar
os pobres e os de baixa condição. A realidade pode mostrar a ele que nem
sempre os sentimentos são louváveis e nem o mercado funciona a perfeição.
Neste caso para o autor faz se necessário a intervenção da justiça, suprema
virtude que carrega “regras precisas como a gramática e a geometria”. Smith

5 Sobre o conceito de adequação dentro da leitura unitária da obra, consultar Economia e


Filosofia; tensão e solução na obra de Adam Smith ( Ganem, 2002).

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8 • Angela Ganem

esboçou uma teoria da justiça in Lectures of Jurisprudence que embora pu-


blicado, trata-se de um projeto inacabado.
Dentro daqueles autores que fazem a defesa da unidade da obra,6 a
moralidade e a ética são resgatadas, a natureza filosófica do autor é respei-
tada, o sujeito simpático da TSM se coaduna ao indivíduo interessado da
Riqueza na emergência da ordem e o nascimento da economia se faz inte-
grado à moral.
Em síntese, podemos afirmar que:
1.O sujeito smithiano é perpassado pela moralidade, o que significa que
os homens tomam suas decisões alimentados pela moralidade. O sujeito em
Smith não é um prelúdio do HER da teoria neoclássica e nem a ordem do
mercado um esboço da Teoria do Equilíbrio Geral de Walras, como sugerido
por neo-walrasianos.
2. A TSM e a RN são obras de um filósofo moral. A TSM não é uma obra
da imaturidade do filósofo que se transmuda em um realista economista da
RN como argumenta Jacob Viner (Ganem, 2000). Ao contrário a RN deve ser
lida à luz da TSM.
3. A economia nasce ligada à moral. Os dois reguladores se realimen-
tam. O espaço disciplinar da economia política em Smith não é recortado e
autonomizado em que os indivíduos movidos unicamente por seus interes-
ses e dotados de racionalidade onipotente e onisciente, guiados unicamente
pelos preços geram a ordem racional do mercado, expressa no equilíbrio
geral estável e ótimo (Walras). Ou indivíduos ignorantes entre erros e acertos
à la popper escolhem as melhores regras, as regras da concorrência da or-
dem do mercado neoliberal (Hayek). É o que veremos a seguir.

3. Os herdeiros de Smith: reducionismo e ideologização nas suas ver-


sões sobre sujeito e ordem do mercado.

Walras
Em fins do século XIX a Revolução Marginalista centrada no valor- utili-
dade e a riqueza definida pela escassez marcaram uma profunda mudança
nos rumos da economia, rompendo com a perspectiva dos clássicos (Smith
e Ricardo), que viam no valor trabalho a origem da riqueza. Em Walras havia
uma intenção clara em estudar a riqueza do ponto de vista de uma ciência
pura distante dos valores e sobretudo entendendo-a na troca: uma economia

6 Fazem parte da defesa da unidade da obra de Smith :os biógrafos oficiais, Morrow,1924;
Raphael e Macfie, 1976; Heilbroner, 1982; Bianchi, 1987; Dupuy, 1992; Todorov, 1996;
Justman,1993; Brown 1997. Consultar Ganem, A- Adam Smith e a explicação da ordem social;
uma abordagem histórico-filosófica in Revista de Economia Contemporânea, v4 n2, 2000.

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pura, voltada para a teoria da alocação dos recursos escassos em fins alter-
nativos. Entretanto, Walras não estava só neste projeto. No último quartel do
século XIX, Jevons, inglês, o austríaco Menger, e o francês Walras, traba-
lhando separadamente, forneceram respostas metodológicas (leia-se provas
matemáticas) a uma ciência pautada pelo espelho da física. Ter a física new-
toniana como referência significava adotar uma perspectiva mecanicista da
natureza e do conhecimento, aceitando os seus critérios de cientificidade,
isto é, o rigor cientifico ditado pela matemática. Significava, também, estreitar
o raio de ação da Economia, procedendo a um reducionismo no tratamento
dos fenômenos econômicos.
A mudança nos rumos da Economia foi de tal ordem que é considerada
por muitos autores como uma mudança de paradigma nos termos de Tho-
mas Khun, pois se tratava de um afastamento das questões do bem-estar, da
distribuição da renda e dos problemas do desenvolvimento, próprios dos
clássicos, para se concentrar exclusivamente nas questões do mercado.
Fascinados pelos resultados da física e da mecânica, Jevons e Walras, en-
tenderam a Economia como análoga à físico-matemática, ideologicamente
neutra, fundamentalmente voltada para a determinação dos preços num re-
gime de concorrência pura. À redefinição do campo e do método se somou
uma precisão quantitativa maior.
A técnica marginal foi o instrumental que definiu o padrão de rigor da
revolução metodológica ocorrida na economia no final do século XIX. Cha-
mada de Revolução Marginalista, caracterizou-se por centrar nos estudos
das variações na margem ou, em outros termos, no cálculo diferencial. Tam-
bém foi entendida como uma teoria da maximização porque a melhor posi-
ção ou a posição ótima das variáveis expressava o ponto de maximização da
função. Mas o termo que se tornou hegemônico foi o de teoria neoclássica,
termo utilizado pela primeira vez por Veblen, em 1910, e que definia com
propriedade uma nova escola de pensamento econômico inaugurada por
aqueles três importantes autores.
Embora existissem diferenças de objetivos e especificidades em cada um
desses autores, um denominador comum permaneceu: o uso das técnicas
marginais. As diferenças constatadas não comprometeram a ideia que ocorreu
uma grande mudança nos rumos da Economia. Jevons, em 1871, publica a
Teoria da Economia Política cujo objetivo era fornecer um tratamento matemá-
tico ao comportamento humano. Menger, embora não possa ser considerado
um marginalista, elaborou uma teoria subjetiva do valor dependente da utilida-
de marginal, e tentou desenvolver uma teoria geral baseada na determinação
de preços. Já Walras se propôs a estudar as interdependências, as regularida-
des e as conexões no mercado, o que lhe possibilitou pensar a economia em
termos gerais, como uma ordem social capaz de ser capturada pela matemá-

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10 • Angela Ganem

tica, definindo-a como voltada essencialmente para a determinação dos preços


sob um regime hipotético de concorrência perfeita.
Não deixa de ser curioso como o autor que fundou o modelo central da
teoria neoclássica e a referência teórica do pensamento liberal, aquele que
forneceu o rigor e a precisão necessários à ideia do mercado auto regulável,
tenha sido percebido por alguns autores como um socialista, por defender a
necessidade da intervenção do estado para promover reformas. Em uma
palavra, Walras, o político, não acreditava que na prática o mercado concor-
rencial por si só conduziria à justiça social e propôs medidas concretas para
diminuir as desigualdades.
Entretanto a questão teórica que mobilizou Walras e se tornou central
para os seus estudos pode ser expressa da seguinte forma: é possível de-
monstrar a ordem do mercado como perfeita e eficiente? Ou, dito em outros
termos, o equilíbrio do mercado existe, é estável e ótimo? Para lograr seu
intento lançou mão de conceitos da física como a noção de equilíbrio e apli-
cou elementos do método matemático, como a abstração e os instrumentos
de cálculo necessários. De posse desses instrumentos empenhou-se na
construção de um modelo abstrato que envolvesse todas as relações de
troca da economia numa perspectiva geral do mercado. F. Hahn, um dos te-
óricos e divulgadores7 da Teoria do Equilíbrio Geral walrasiana afirma com
muita propriedade: a TEG é uma resposta abstrata a uma importante questão
abstrata: uma economia descentralizada contando somente com os preços
pode gerar a ordem? A resposta da TEG é clara e definitiva: nós podemos
descrever uma tal economia e suas propriedades. E esta teoria faz mais do
que mostrar a possibilidade da ordem numa economia descentralizada. Ela
mostra que o equilíbrio possui a seguinte propriedade: não existe nenhuma
outra alocação de bens melhor que a do equilíbrio (Hahn in Ganem, 1996).
Em outras palavras, a TEG descreve uma situação onde o interesse
privado, egoísta, simplesmente governado pelos preços, pode se harmonizar
com uma economia coerente e ordenada. Os preços de equilíbrio impõem a
ordem num caos potencial. A construção do edifício teórico de Walras pres-
supõe o quadro jurídico-institucional do capitalismo, o ideário liberal que su-
põe a liberdade como ausência de coerção de outrem e a propriedade como
um direito inalienável, garantia da não usurpação de bens acumulados.
A partir desse arcabouço institucional, precondição para se pensar a
ordem do mercado, Walras delineia os fundamentos teóricos que sustenta-
rão seu modelo axiomático. O primeiro dentre eles é o individualismo meto-
dológico, que supõe o indivíduo como ponto de partida explicativo da ordem.

7 F. Hahn escreveu em parceria com o premio Nobel, Kenneth Arrow, um dos manuais mais
importantes da TEG. “General Competitive Analysis”, Holden Day, San Fransisco,1971

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Cadernos IHU ideias • 11

No exercício de sua liberdade o indivíduo busca a satisfação de seus interes-


ses privados. Auto interessados, isolados, dotados de plena informação, es-
ses indivíduos dotados de uma racionalidade onipotente, dão respostas con-
sistentes e automáticas aos sinais dos preços. Suas decisões consideradas
como livres da moral ou de quaisquer outras injunções valorativas fortalecem
a ideia de uma ciência neutra. A esta racionalidade instrumental se somam
dois postulados importantes para a viabilização da demonstração: a concor-
rência e a busca do equilíbrio.
O sujeito smithiano, complexo, cortado pela moralidade e dependente
do outro dá lugar ao chamado Homem Econômico Racional, dotado de deci-
sões isoladas, onipotentes, maximizadoras. A racionalidade reduzida a um
cálculo, tem como objetivo garantir uma ordem do mercado equilibrada, está-
vel e ótima através de um mecanismo de ajuste automático de preços. Em
verdade o projeto acabou por se expressar num mito da ordem racional e a
demonstração da estabilidade geral uma impossibilidade.8
A economia neoclássica se irmanou ao movimento filosófico que redu-
ziu a filosofia à ciência (cientificismo) e esta última ao positivamente dado.
Milton Friedman é exemplar no trato da economia como positiva e a razão
como instrumental. Esta avançou por todas as áreas da ciência, pensamen-
to, sociedade, política, subjetividades e artes. Derivada da lógica utilitária, a
racionalidade instrumental reduz o mundo ao princípio da calculabilidade,
empobrecendo o pensamento, a razão e as relações intersubjetivas. Na dé-
cada de 1940, Adorno escreveu com Horkheimer a sua obra seminal Dialéti-
ca do Esclarecimento (1985 [1944]), em que eles avisam que o positivismo
assumiu a magistratura de uma razão esclarecida em que nada supostamen-
te lhe escaparia. Os fenômenos são traduzidos em um sistema de vários
signos interligados e o pensamento se transforma em instrumento matemáti-
co. A lógica formal na sua expressão máxima, através da matemática, forne-
ce o esquema de calculabilidade do mundo; o procedimento matemático
torna-se o ritual do pensamento, instaurando-se como necessário e objetivo.
Nesse quadro, o desconhecido, o opaco, ou ainda, o inexplicável, tornam-se
incógnitas de equações no quadro de teoremas matemáticos. Entretanto, o
que aparece como triunfo de uma racionalidade objetiva e a submissão de
todo ente ao formalismo lógico tem por preço a subordinação obediente da
razão ao imediatamente dado. No quadro do positivismo e da razão esclare-
cida, o factual tem a última palavra, o conhecimento se restringe à repetição
e o pensamento transforma-se em tautologia (Adorno/ Horkheimer, 1985
[1944]). Voltaremos a este ponto.

8 Consultar Ganem, A. ‘Demonstrar a ordem racional do mercado: considerações em torno


de um projeto impossível” in Revista de Economia Política, v16, n2(62)1996.

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12 • Angela Ganem

Hayek

F.A.Hayek é considerado uma das maiores expressões teórico-ideológi-


cas do neoliberalismo. Sua teoria do mercado como ordem espontânea tor-
nou-se uma das mais importantes referências teóricas da corrente neoliberal
e sem dúvida alguma um veículo eficiente de difusão dos fundamentos da
doutrina.
Para Hayek, teoria e ideologia são elementos indissociáveis. Ele foi o
principal articulador do colóquio que criou a Sociedade de Mont Pelérin, orga-
nização que presidiu por quatorze anos. Hayek, como é sabido, foi o mentor
do colóquio de Mont Pelérin, Suíça, em 1947, que contava, entre os seus
trinta e sete ilustres participantes, Karl Popper, Lionel Robbins, Milton Fried-
man, Machlup, Franz Knigth, Von Mises, Karl Polanyi e Maurice Allais. Sua
preocupação era reunir nomes da Europa e dos EUA para formar uma frente
de reabilitação intelectual do liberalismo. O colóquio de Mont Pelérin de 1947,
tinha como objetivo fundamental, “descobrir meios para enfrentar a crise mo-
ral, intelectual e econômica da Europa do pós-guerra, construindo um projeto
político-econômico para um povo livre numa grande sociedade.” Como
subproduto deste projeto defendia a ideia de desmascarar os inimigos desta
sociedade aberta e de determinar as causas da crise europeia através de
uma crítica contundente ao fascismo e ao stalinismo.
Os inimigos dessa sociedade aberta eram os regimes totalitários do
fascismo e do stalinismo. Entretanto, a sua crítica, como a de Popper, 9con-
centrou-se no stalinismo, pois o objetivo ideológico de ambos era atingir a
construção de uma nova forma de organização da sociedade que não fosse
a regida pelo mercado capitalista. Para Hayek, o melhor exemplo do Cami-
nho da Servidão é o traçado pelo plano ou desígnio de uma classe operária,
uma razão onipotente que entende a sociedade como uma máquina racional
ou uma ordem fabricada que constrói pela deliberação de seus sujeitos so-
ciais, um devir socialista. Hayek constrói sua crítica a Marx concentrando
naquilo que seria o pecado capital da razão: uma razão onipotente oriunda
da classe operária que transformaria a sociedade numa máquina racional,
uma razão que é capaz de digerir a sua própria complexidade e que constrói
pela deliberação de seus sujeitos sociais um devir socialista.

9 Karl Popper escreve nessa mesma época uma crítica ao marxismo. Ambos foram duros
com a ideia de um fim da história associado ao que chamaram de profético mundo
socialista. Guardadas as diferenças de método, a Miséria do historicismo de 1944 e A
sociedade aberta e seus inimigos de 1945, ambos de Popper, e o Caminho da servidão,
de Hayek, publicado originalmente em 1946, têm o mesmo alvo: desmontar cientificamente
o argumento da possibilidade de uma leitura da história e derrubar a visão profética do
socialismo decorrente de supostas leis imanentes. (Ganem, 2009).

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Cadernos IHU ideias • 13

Para enfrentar o principal inimigo de uma sociedade livre, o totalitaris-


mo, nas suas duas versões do século XX, o stalinismo e o fascismo, Hayek
toma como ponto de partida uma crítica filosófica ao racionalismo construti-
vista, ou a ideia de uma ordem fabricada, oriunda do desígnio da razão.
Contra esta ordem fruto do plano em que bastaria a consciência e a ação
revolucionárias para revelar o novo mundo, Hayek parte de regras espontâ-
neas e advoga uma Teoria da Evolução Cultural que se define por um proces-
so de experimentação dos homens na história e que resulta sempre na esco-
lha de regras que reafirmam incondicionalmente a concorrência ou a ordem
catalítica do mercado. A única ordem que garante a liberdade e que se cons-
titui na melhor forma de organização das sociedades contemporâneas.
Hayek produz uma teoria do mercado que se traduz numa teoria da so-
ciedade. Mas para além disso, ele extrapola todos os limites da economia ou
de qualquer disciplina stricto sensu para se colocar no plano da filosofia social
e da teoria da história. Em que pese a força de seus argumentos teóricos, estes
estão intimamente ligados a uma perspectiva ideológica do mercado.
A ordem liberal do mercado, para Hayek, está associada à ideia de or-
dem espontânea que tem sua origem, sobretudo, na ordem natural de Adam
Smith. Ela é catalítica (katallatein), que significa trocar e se preserva no mito
da mão invisível. Sobre a origem desta noção na história das ideias e a sua
contraposição à ideia de uma ordem racional, fabricada, ele afirma: “Foi nu-
ma reação contra o racionalismo cartesiano que os moralistas britânicos do
sec XVIII (...) elaboraram uma teoria social que faz dos resultados não previs-
tos das ações individuais seu objeto central, propondo uma teoria geral da
ordem espontânea do mercado (...)”. A origem da ideia está na filosofia moral
britânica do séc. XVIII de Mandeville. Mas o seu desenvolvimento completo
só acontece com Montesquieu (que sofre influencia de Mandevillle), e em
particular de David Hume, Josiah Tucker, Adam Ferguson e Adam Smith,
este último afirma que uma mão invisível conduz o homem a servir a um fim
que não faz parte de suas intenções(...),aliás, a percepção mais profunda do
objeto de toda teoria social. (Ganem, 2012 b)
Hayek toma como ponto de partida uma crítica filosófica ao racionalis-
mo construtivista, ou a ideia de ordem fabricada, oriunda do desígnio da ra-
zão. Sua crítica filosófica dirige-se ao racionalismo de tradição cartesiana em
que o espírito humano através do bom uso de um método rigoroso e univer-
sal (ta mathema), atinge verdades absolutas e inquestionáveis, sem o recur-
so de referências empíricas. Hayek faz uma crítica contundente à ideia da
sociedade como produto da razão apontando que a perspectiva racionalista
revela desprezo pelo costume, pela tradição e pela história e carrega consigo
a concepção de que a moral, a religião, a linguagem, as leis, as regras e as
instituições são frutos do desígnio, do plano racional.

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Contra essa ordem fabricada, produzida pelo plano e pelo desígnio e


que, portanto, supõe um mundo passível de ser captado pelo conhecimento
perfeito, Hayek sugere uma ordem que é eminentemente espontânea, o kos-
mos, fruto de homens seguidores de regras. Não fruto de regras apriorísticas
inatas ou conhecidas por um espírito humano, mas de regras que seriam
transmitidas pela cultura, oriundas da experiência e da tradição
Hayek honra a tradição anglo-saxônica da modernidade que toma o in-
divíduo como ponto de partida para a compreensão da lógica dos fenômenos
coletivos e marca a sua distância do individualismo metodológico utilitarista
cujo controle das escolhas teleológicas, resultados de previsões racionais e
de desígnios intencionais se expressa no cálculo maximizador. Como contra-
ponto à arrogância da razão cartesiana que exibe um conhecimento pleno
dos fatos e permite uma suposta inteligibilidade da sociedade, Hayek se alia
à perspectiva epistemológica que parte da radical ignorância dos membros
na great society. Deixa também claro que a ignorância, atributo até então
desqualificado dos indivíduos é ironicamente sua porta de entrada para con-
quistar uma possível liberdade. Em The Constitution of Liberty afirma que
somos livres e ignorantes e, portanto, abertos para o imprevisível e para o
não determinado, um horizonte infinito de possibilidades. Em uma palavra: o
homem para ser livre deve exercer esta liberdade na escolha dos fins Hayek
in (Ganem, 2012b)
A perspectiva ontológica de Hayek é a de um homem consciente de
suas próprias limitações e, portanto, sabedor de sua ignorância, mas sábio
também porque as contorna, experimentado e criando novas ferramentas. O
processo de experimentação é um processo rico de aprendizagem e adequa-
ção em que cada indivíduo examina os fatos que conhece e a partir daí,
adapta-se ao mundo tendo em vista seus próprios fins. Neste ponto é impor-
tante frisar que não é necessário o consenso com relação aos fins sendo o
único consenso exigido com relação aos meios capazes de servir a uma
grande variedade de propósitos. (Ganem, 2012b)
Contra um mundo passível de ser entendido pela razão, Hayek apre-
senta um mundo evolucionista ditado por regras selecionadas, abstratas e
gerais que guiam os homens num processo de aprendizagem social e coleti-
vo que traz como consequência para a sociedade uma progressiva capacida-
de para resolver problemas.
Por outro lado, a exigência de regras no funcionamento da ordem cata-
lítica do mercado deixam a nu as contradições do seu argumento teórico
quando esse é jogado para o plano da história. Nesse plano de compreen-
são, teoria, retórica e ideologia conservadora acabam por se irmanar na sua
ardorosa defesa ultraliberal da superioridade do mercado como única forma
possível de organização das sociedades contemporâneas.

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Cadernos IHU ideias • 15

A evolução cultural seria na verdade similar a um processo de cresci-


mento do conhecimento, um processo de aprendizagem social e coletivo que
teria nas regras suas guias abstratas. As regras selecionadas, produtos da
experiência de gerações são abstratas, mas também devem ser gerais, pois
não podem atender a fins particulares e sim respeitar o princípio de aumentar
a oportunidade de todos. Nesse sentido, elas reforçam para ele o jogo cata-
lítico do mercado, o único capaz de produzir riquezas, pois seus membros
terminam sempre por selecionar as regras que são aplicáveis a um número
desconhecido e indeterminado de casos.
Quanto mais a sociedade se torna complexa, mais é reafirmado o sen-
tido da espontaneidade das regras e mais acertadas as escolhas em torno de
regras abstratas e gerais que garantam os meios capazes de servir a uma
grande variedade de propósitos. Estas regras abstratas e gerais são para ele
as regras da concorrência. Aqui um primeiro movimento importante de subs-
tituição das regras morais smithianas por regras concorrências do mercado.
O governo nesse caso deve respeitar o fundamento lógico de uma sociedade
livre aceitando que a diferença de oportunidades está relacionada com as
eficácias individuais desse processo de descoberta constituído pelo merca-
do. O intento de tornar as oportunidades de indivíduos iguais produz injusti-
ças. Para evitar os efeitos nefastos do racionalismo construtivista, Hayek
sugere que o Estado se mantenha na garantia dos direitos negativos do cida-
dão: somente as regras de um governo que favorece o funcionamento cata-
lítico do mercado aumentariam as chances de todos. Ou seja, ética e regras
morais são subsumidas às regras da concorrência ditadas pela ordem do
mercado.
A analogia biológica de Darwin estaria na ideia da adaptabilidade ou na
capacidade de um organismo de enfrentar com êxito os problemas do meio
ambiente. Isto levou Hayek a sustentar a ideia de que tanto a evolução bioló-
gica como a cultural baseiam-se no mesmo princípio de ensaio e erro. Na
evolução cultural teríamos como funciona o processo sem tentar explicar
seus resultados ou predizer seu curso. Criticando o que chama de discurso
profético de Marx ele dirá que A sociedade não deve ser dirigida para um fim
escatológico. (Ganem, 2012b)
Entretanto, a esta altura de sua construção teórica verifica-se um para-
doxo no seu raciocínio, muito bem detectado pelo filosófo francês Luc Ferry :
“o hiperliberalismo de Hayek é um hiper-racionalismo porque ele pressupõe
como Hegel que na história tudo se desenvolve racionalmente e que mesmo
as iniciativas aparentemente mais irracionais participam da auto-realização
de uma razão: a do mercado(...). À força de preservar os direitos e a liberda-
de dos efeitos nefastos do intervencionismo, o liberalismo hayekiano confia
tudo à história ou ao autodesenvolvimento do mercado “. Lendo essa asser-

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16 • Angela Ganem

tiva pelo conceito nuclear de regras constatamos que as regras da concor-


rência, serão para Hayek, as exitosas. (Ganem, 2012)
Isto significa que todas as iniciativas dos homens se direcionam para a
escolha de regras que participam “necessariamente” da auto realização do
mercado. Entendemos que a eleição necessária das regras da concorrência
se dá porque mercado para Hayek é um método. Um método tão indispensá-
vel como a matemática o foi para Descartes. Em que pese suas críticas ao
racionalismo, Hayek se coloca num plano ultra racional de leitura da história
e acaba por reeditar o mito da mão invisível como um processo impessoal e
inexorável do mercado. Esta ideia do mercado como passado, presente e
devir, ou como fim da história fornece, segundo a nossa opinião, os elemen-
tos necessários à passagem da teoria à apologia na defesa do mercado co-
mo a melhor forma de organização para as sociedades contemporâneas.
Suponho tal como Ferry que Hayek cai na armadilha da razão e termina
por reeditar como Laplace e Hegel o mito de descobrir leis imutáveis e eter-
nas para a história. Alias, é esse mito da mão invisível como um processo
impessoal e inexorável que tem sustentado a apologia e a retórica dos ultra
liberais na defesa do mercado como a única forma de organização para as
sociedades contemporâneas. Em última análise, a mão invisível é o meio e o
fim da Great Society: a própria inteligibilidade das sociedades complexas.
(Ganem 2012b)
E foi exatamente este aspecto da inexorabilidade do mercado com a si-
multânea euforia do triunfo da democracia liberal como a forma final dos gover-
nos que alimentou o debate sobre o fim da história na década de noventa do
século passado. Essa discussão que entrou em quase todos os campos do
saber, teve como eixo central filosófico à ideia da inexorabilidade do mercado,
um processo sem sujeito que expressa o fim da utopia socialista e a sua subs-
tituição pela ordem liberal. É como se a humanidade atingisse o ponto final de
sua evolução econômica e social ou atingisse a forma final dos governos hu-
manos com o triunfo da democracia liberal. As décadas do pós-guerra consoli-
daram o capitalismo globalizado, a sociedade de massas, a sociedade de con-
sumo e seus excessos na década de 80, mas será a partir da década de 90 do
século passado até nossos dias que presenciaremos o avanço da ideologia
neoliberal na tentativa de desconstrução do Estado de Providencia e na dete-
rioração ética assentada na crença que as saídas são individuais.

4. Os sujeitos hoje

Que novo sujeito está sendo gerado? Que alterações estão ocorrendo
nas subjetividades? Porque a necessidade de sujeitos acríticos, flexíveis,
precários, abertos e disponíveis para todas as conexões dos fluxos do mer-

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Cadernos IHU ideias • 17

cado industrial e comunicacional? O que significa do ponto de vista ético a


crença em saídas individuais?
Para compreender indivíduo egóico e concorrencial e traçar um perfil
das sociedades de mercado contemporâneas tomamos os autores da teoria
do mercado como referências e estabelecemos diálogos com a filosofia, a
sociologia, a política e a psicanálise. Neste sentido recuperamos contribui-
ções que fornecem traços significativos dessas sociedades e dos sujeitos.
Nelas, indivíduos são interpelados como consumidores e não como cida-
dãos; a política é reduzida ao interesse privado, ou ainda negada, diminuída,
adulterada, esquecida; a crise do pensamento e da filosofia se manifesta por
seu empobrecimento, a arte e a natureza são reduzidas à lógica utilitária, e
finalmente, os valores egoístas, as saídas individuais e concorrentes são in-
trojetados nas subjetividades definindo um indivíduo egoísta muito distante
do sujeito simpático smithiano.
No campo político a ideia de que não há outra saída a não ser a do
mercado capitalista auto-regulável como forma de organização das socieda-
des contemporâneas se somou à crise da utopia comunista em fins do século
passado e gerou num primeiro momento, conformismo, apatia, desinteresse
por causas utópicas e sonhos do sujeito coletivo de transformar a própria
sociedade. Mas a crise na política não se deveu apenas a sensação de im-
possibilidade de construção de projetos de sociedade alternativos, mas nu-
ma apatia frente às necessidades de aperfeiçoamento da democracia nas
sociedades contemporâneas.
O aniquilamento da política foi certamente uma das mais graves con-
sequências do avanço de uma sociedade desprovida de valores éticos hu-
manistas, ou seja, de uma experiência humana destituída de sentido. A so-
ciedade de massas dessa great society leva, segundo Hannah Arendt
(Arendt,1972) à anulação da cultura dando lugar à banalização do entreteni-
mento e ao conformismo, o que para a autora é o elemento central que pode
levar à destruição da humanidade. Constata-se no isolamento dos indivíduos
em seus terrenos privados, a substituição da política pelo vazio do consumo.
A política ou ação política para Arendt está ligada a possibilidade de criar algo
novo alicerçado em um pensar que compreende, um agir que não é mecâni-
co e um julgar com discernimento. O homem banal, ou o filisteu na expressão
de Arendt é justamente o contrário: um homem incapaz de agir “politicamen-
te” pois seu pensar não compreende e seu julgar não tem discernimento. O
resultado desastroso constatado nas sociedades contemporâneas dessa
forma de alienação do sujeito é a banalização do mal, a naturalização da
violência, a brutalização, e por fim, a fascistização. A política não é mais algo
merecedora do aplauso de seres magnânimos smithianos: em seu lugar o
que ocorre é a deterioração ética salvo raríssimas exceções.

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18 • Angela Ganem

No que diz respeito à sociedade vivemos em uma sociedade de consu-


midores que significa, para retomar a precisa máxima de Zygmunt Bauman:
vivemos em sociedades que os indivíduos são interpelados como consumi-
dores e não como cidadãos. Trata-se de uma sociedade em que o ativismo
do consumo prospera na condição de apatia política e descompromisso so-
cial e que se funda na exaltação do desejo de consumo, crescente, insaciá-
vel, volátil, efêmero, evasivo e caprichoso. Vivemos sob a admirável “virtude”
dos objetos que trazem a falsa promessa de segurança, pois da atividade do
consumo não deve emergir vínculos duradouros: a síndrome consumista en-
volve velocidade, excesso e desperdício (Bauman, 2007).
Na contemporaneidade, os comportamentos consumistas, alimentados
pelo individualismo e pela concorrência apostam na valorização do aparente,
da imagem e do simulacro. O auto centramento desses indivíduos egóicos
(mônadas isoladas) se expressa em um narcisismo e uma teatralidade sem
limites (uma estetização vazia da existência). As máscaras são os veículos
em que os atores se inserem como personagens na cena social (Birman,
2000). Na década de 60 Cristopher Lash em A Cultura do Narcisismo e Guy
Debord em A sociedade do Espetáculo prenunciavam a ascensão de indiví-
duos egóicos, autocentrados , vazios, voltados para fora em que a cultura da
imagem seria apenas a face externa do individualismo exacerbado, da glori-
ficação do eu e da estetização da própria existência. Hoje as redes sociais,
benéficas na aproximação de pessoas, cumprem também este papel de “ele-
var a autoestima narcisista de seus consumidores na medida em que oferece
o ego ali exposto como mercadoria” (HAN, 2017)
Esta sociedade de indivíduos consumidores está assentada em uma
individualização exacerbada alimentada por um forte componente ideológico:
“o que está errado em nossas vidas provém de nossos próprios erros”. Os
ideólogos do fundamentalismo do mercado10 têm nesta premissa uma de
suas mais importantes: indivíduos e sociedades são as próprias vítimas de
suas escolhas erradas, de suas opções incompetentes. As regras da concor-
rência premiam os vencedores, aqueles que fizeram as escolhas acertadas,
tese esta baseada na teoria darwiniana da vitória dos mais aptos e difundida
por Hayek. Associada à glorificação de saídas individuais exitosas, temos a
falsa noção de liberdade. Os membros são embalados pela ideia da liberda-
de ligada à livre escolha: uma liberdade sem precedentes para escolher mais
do mesmo. Neste sentido O “Homo Eligens” de Bauman é uma irônica cari-

10 O mercado é concebido por Dany Robert-Dufour como um deus pós-moderno que substitui
as grandes narrativas simbólicas anteriores: o totem, o pai, a nação, a república , o povo
e o proletariado pelas pequenas narrativas de indivíduos egolátricos exibidores de seus
objetos de desejo. (Dufour, 2007)

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Cadernos IHU ideias • 19

catura do legendário Homem Econômico Racional da teoria econômica orto-


doxa (Bauman, 2007).
Todos estes elementos se unem para fornecer o traço contemporâneo do
HER, o “Homem empresário de si”, delineado por vários filósofos entre eles,
(Zizek,2006), (Han, 2017), (Safatle, 2016). Dele se exige, cálculo, sabedoria
nas escolhas, desempenho, e aptidão para a concorrência. São indivíduos
movidos unicamente por seus interesses privados egoístas e detentores de um
saber técnico/ racional que sem bem aplicado lhes proporciona a maximização
de seus ganhos e a viabilização de seus desejos de consumo. Este Homem
Empresário que se auto fabrica é aquele que faz investimentos em si, resulta-
dos de boas escolhas (embora predeterminadas) e que no limite se vê como
uma mercadoria vendável, adequada aos padrões. São pessoas esvaziadas
de sentido humanitário, voltada exclusivamente para o seu desempenho, eficá-
cia, produtividade. Ainda dentro desta linha (e traduzido para a teoria dos jo-
gos) estes indivíduos se consideram jogadores, dotados de uma inteligência
“esperta”, que maximiza rapidamente para poder jogar em outro lugar. Mas em
verdade Dufour os considera sujeitos acríticos, precários, instáveis, dóceis e
abertos a todas as conexões, esquizóides à la deleuze, tragados emocional e
psiquicamente pelas redes e fluxos do Mercado. (Dufour, 2007)
Na outra ponta da sociedade e em sua grande maioria, frutos de socie-
dades desiguais, uma massa de excluídos (pobres e imigrantes) que são
considerados fracassados, consumidores falhos, inadequados. A ausência
de políticas sociais que protejam os indivíduos, o abandono do Estado de
suas reponsabilidades sociais produz atualmente um desamparo redobrado
e um medo crescente do outro. O apartheid econômico e social bem expres-
so na “lógica do condomínio” revela a tensão crescente em nossas socieda-
des divididas, profundamente desiguais.
Do “sofrimento” e do medo do desamparo freudianos que provem da de-
generescência e da finitude de nossos corpos, das forças insondáveis da natu-
reza e das relações ambivalentes com os outros, acrescentemos o medo do
desemprego, da violência e da inadequação. A contrapartida nas subjetivida-
des contemporâneas é a dilaceração do psiquismo na tentativa de atender à
lógica imposta pelo neoliberalismo. Como o horizonte intersubjetivo se encon-
tra esvaziado e desinvestido de trocas inter-humanas o que se observa nos
terrenos mais recônditos dos indivíduos são depressões, síndromes do pânico
e as toxicomanias. Estas doenças psíquicas podem ter origens genéticas, pes-
soais, mas a literatura crítica psicanalítica adiciona um elemento explosivo: o
“fracasso” do indivíduo na realização do que é esperado pela sociedade me-
diante as quais as personas se inscrevem e desfilam no cenário social.
Isto tem significado um crescente consumo de drogas para conter as
angústias e depressões na tentativa de capacitar o indivíduo para a concor-

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20 • Angela Ganem

rência no trabalho, para as mazelas do narcisismo e as mirabolancias do


espetáculo, em que o ato de consumir se transforma em ritual de exorcismo
dos demônios interiores. A saída pelas drogas é mais uma prova que não
existe lugar nem para depressivos nem para panicados, os recalcitrantes
trágicos modernos. Para Freud existiriam duas falsas saídas para o para o
mal estar da civilização: as drogas e a religião. Hoje temos drogas, fanatismo
religioso disputando a ilusão das falsas saídas.
São inúmeras facetas a serem exploradas para a compreensão neces-
sária à desconstrução do indivíduo neoliberal contemporâneo que retrata não
apenas a crise do sujeito coletivo mas também o apagamento e o eclipsar do
sujeito simpático smithiano.

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CADERNOS IHU IDEIAS

N. 01 A teoria da justiça de John Rawls – José Nedel N. 37 As concepções teórico-analíticas e as proposições de


N. 02 O feminismo ou os feminismos: Uma leitura das produ- política econômica de Keynes – Fernando Ferrari Filho
ções teóricas – Edla Eggert N. 38 Rosa Egipcíaca: Uma Santa Africana no Brasil Colonial –
O Serviço Social junto ao Fórum de Mulheres em São Luiz Mott
Leopoldo – Clair Ribeiro Ziebell e Acadêmicas Anemarie N. 39 Malthus e Ricardo: duas visões de economia política e de
Kirsch Deutrich e Magali Beatriz Strauss capitalismo – Gentil Corazza
N. 03 O programa Linha Direta: a sociedade segundo a TV Glo- N. 40 Corpo e Agenda na Revista Feminina – Adriana Braga
bo – Sonia Montaño N. 41 A (anti)filosofia de Karl Marx – Leda Maria Paulani
N. 04 Ernani M. Fiori – Uma Filosofia da Educação Popular – N. 42 Veblen e o Comportamento Humano: uma avaliação
Luiz Gilberto Kronbauer após um século de “A Teoria da Classe Ociosa” –
N. 05 O ruído de guerra e o silêncio de Deus – Manfred Zeuch Leonardo Monteiro Monasterio
N. 06 BRASIL: Entre a Identidade Vazia e a Construção do Novo N. 43 Futebol, Mídia e Sociabilidade. Uma experiência etnográ-
– Renato Janine Ribeiro fica – Édison Luis Gastaldo, Rodrigo Marques Leistner,
N. 07 Mundos televisivos e sentidos identiários na TV – Suzana Ronei Teodoro da Silva e Samuel McGinity
Kilpp N. 44 Genealogia da religião. Ensaio de leitura sistêmica de
N. 08 Simões Lopes Neto e a Invenção do Gaúcho – Márcia Marcel Gauchet. Aplicação à situação atual do mundo –
Lopes Duarte Gérard Donnadieu
N. 09 Oligopólios midiáticos: a televisão contemporânea e as N. 45 A realidade quântica como base da visão de Teilhard de
barreiras à entrada – Valério Cruz Brittos Chardin e uma nova concepção da evolução biológica –
N. 10 Futebol, mídia e sociedade no Brasil: reflexões a partir de Lothar Schäfer
um jogo – Édison Luis Gastaldo N. 46 “Esta terra tem dono”. Disputas de representação sobre
N. 11 Os 100 anos de Theodor Adorno e a Filosofia depois de o passado missioneiro no Rio Grande do Sul: a figura de
Auschwitz – Márcia Tiburi Sepé Tiaraju – Ceres Karam Brum
N. 12 A domesticação do exótico – Paula Caleffi N. 47 O desenvolvimento econômico na visão de Joseph
N. 13 Pomeranas parceiras no caminho da roça: um jeito de Schumpeter – Achyles Barcelos da Costa
fazer Igreja, Teologia e Educação Popular – Edla Eggert N. 48 Religião e elo social. O caso do cristianismo – Gérard
N. 14 Júlio de Castilhos e Borges de Medeiros: a prática política Donnadieu
no RS – Gunter Axt N. 49 Copérnico e Kepler: como a terra saiu do centro do univer-
N. 15 Medicina social: um instrumento para denúncia – Stela so – Geraldo Monteiro Sigaud
Nazareth Meneghel N. 50 Modernidade e pós-modernidade – luzes e sombras – Evi-
N. 16 Mudanças de significado da tatuagem contemporânea – lázio Teixeira
Débora Krischke Leitão N. 51 Violências: O olhar da saúde coletiva – Élida Azevedo
N. 17 As sete mulheres e as negras sem rosto: ficção, história e Hennington e Stela Nazareth Meneghel
trivialidade – Mário Maestri N. 52 Ética e emoções morais – Thomas Kesselring
N. 18 Um itinenário do pensamento de Edgar Morin – Maria da Juízos ou emoções: de quem é a primazia na moral? –
Conceição de Almeida Adriano Naves de Brito
N. 19 Os donos do Poder, de Raymundo Faoro – Helga Iracema N. 53 Computação Quântica. Desafios para o Século XXI – Fer-
Ladgraf Piccolo nando Haas
N. 20 Sobre técnica e humanismo – Oswaldo Giacóia Junior N. 54 Atividade da sociedade civil relativa ao desarmamento na
N. 21 Construindo novos caminhos para a intervenção societá- Europa e no Brasil – An Vranckx
ria – Lucilda Selli N. 55 Terra habitável: o grande desafio para a humanidade – Gil-
N. 22 Física Quântica: da sua pré-história à discussão sobre o berto Dupas
seu conteúdo essencial – Paulo Henrique Dionísio N. 56 O decrescimento como condição de uma sociedade convi-
N. 23 Atualidade da filosofia moral de Kant, desde a perspectiva vial – Serge Latouche
de sua crítica a um solipsismo prático – Valério Rohden N. 57 A natureza da natureza: auto-organização e caos –
N. 24 Imagens da exclusão no cinema nacional – Miriam Rossini Günter Küppers
N. 25 A estética discursiva da tevê e a (des)configuração da N. 58 Sociedade sustentável e desenvolvimento sustentável:
informação – Nísia Martins do Rosário limites e possibilidades – Hazel Henderson
N. 26 O discurso sobre o voluntariado na Universidade do N. 59 Globalização – mas como? – Karen Gloy
Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS – Rosa Maria Serra N. 60 A emergência da nova subjetividade operária: a sociabili-
Bavaresco dade invertida – Cesar Sanson
N. 27 O modo de objetivação jornalística – Beatriz Alcaraz N. 61 Incidente em Antares e a Trajetória de Ficção de Erico
Marocco Veríssimo – Regina Zilberman
N. 28 A cidade afetada pela cultura digital – Paulo Edison Belo N. 62 Três episódios de descoberta científica: da caricatura em-
Reyes pirista a uma outra história – Fernando Lang da Silveira e
N. 29 Prevalência de violência de gênero perpetrada por com- Luiz O. Q. Peduzzi
panheiro: Estudo em um serviço de atenção primária N. 63 Negações e Silenciamentos no discurso acerca da Juven-
à saúde – Porto Alegre, RS – José Fernando Dresch tude – Cátia Andressa da Silva
Kronbauer N. 64 Getúlio e a Gira: a Umbanda em tempos de Estado Novo
N. 30 Getúlio, romance ou biografia? – Juremir Machado da – Artur Cesar Isaia
Silva N. 65 Darcy Ribeiro e o O povo brasileiro: uma alegoria huma-
N. 31 A crise e o êxodo da sociedade salarial – André Gorz nista tropical – Léa Freitas Perez
N. 32 À meia luz: a emergência de uma Teologia Gay – Seus N. 66 Adoecer: Morrer ou Viver? Reflexões sobre a cura e a não
dilemas e possibilidades – André Sidnei Musskopf cura nas reduções jesuítico-guaranis (1609-1675) – Eliane
N. 33 O vampirismo no mundo contemporâneo: algumas consi- Cristina Deckmann Fleck
derações – Marcelo Pizarro Noronha N. 67 Em busca da terceira margem: O olhar de Nelson Pereira
N. 34 O mundo do trabalho em mutação: As reconfigurações e dos Santos na obra de Guimarães Rosa – João Guilherme
seus impactos – Marco Aurélio Santana Barone
N. 35 Adam Smith: filósofo e economista – Ana Maria Bianchi e N. 68 Contingência nas ciências físicas – Fernando Haas
Antonio Tiago Loureiro Araújo dos Santos N. 69 A cosmologia de Newton – Ney Lemke
N. 36 Igreja Universal do Reino de Deus no contexto do emer- N. 70 Física Moderna e o paradoxo de Zenon – Fernando Haas
gente mercado religioso brasileiro: uma análise antropoló- N. 71 O passado e o presente em Os Inconfidentes, de Joaquim
gica – Airton Luiz Jungblut Pedro de Andrade – Miriam de Souza Rossini

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N. 72 Da religião e de juventude: modulações e articulações – N. 108 Trabalho associado e ecologia: vislumbrando um ethos
Léa Freitas Perez solidário, terno e democrático? – Telmo Adams
N. 73 Tradição e ruptura na obra de Guimarães Rosa – Eduardo N. 109 Transumanismo e nanotecnologia molecular – Celso Can-
F. Coutinho dido de Azambuja
N. 74 Raça, nação e classe na historiografia de Moysés Vellinho N. 110 Formação e trabalho em narrativas – Leandro R. Pinheiro
– Mário Maestri N. 111 Autonomia e submissão: o sentido histórico da administra-
N. 75 A Geologia Arqueológica na Unisinos – Carlos Henrique ção – Yeda Crusius no Rio Grande do Sul – Mário Maestri
Nowatzki N. 112 A comunicação paulina e as práticas publicitárias: São
N. 76 Campesinato negro no período pós-abolição: repensando Paulo e o contexto da publicidade e propaganda – Denis
Coronelismo, enxada e voto – Ana Maria Lugão Rios Gerson Simões
N. 77 Progresso: como mito ou ideologia – Gilberto Dupas N. 113 Isto não é uma janela: Flusser, Surrealismo e o jogo contra
N. 78 Michael Aglietta: da Teoria da Regulação à Violência da – Esp. Yentl Delanhesi
Moeda – Octavio A. C. Conceição N. 114 SBT: jogo, televisão e imaginário de azar brasileiro – Sonia
N. 79 Dante de Laytano e o negro no Rio Grande Do Sul – Moa- Montaño
cyr Flores N. 115 Educação cooperativa solidária: perspectivas e limites –
N. 80 Do pré-urbano ao urbano: A cidade missioneira colonial e Carlos Daniel Baioto
seu território – Arno Alvarez Kern N. 116 Humanizar o humano – Roberto Carlos Fávero
N. 81 Entre Canções e versos: alguns caminhos para a leitura N. 117 Quando o mito se torna verdade e a ciência, religião –
e a produção de poemas na sala de aula – Gláucia de Róber Freitas Bachinski
Souza N. 118 Colonizando e descolonizando mentes – Marcelo Dascal
N. 82 Trabalhadores e política nos anos 1950: a ideia de “sindi- N. 119 A espiritualidade como fator de proteção na adolescência
calismo populista” em questão – Marco Aurélio Santana – Luciana F. Marques e Débora D. Dell’Aglio
N. 83 Dimensões normativas da Bioética – Alfredo Culleton e Vi- N. 120 A dimensão coletiva da liderança – Patrícia Martins Fa-
cente de Paulo Barretto gundes Cabral e Nedio Seminotti
N. 84 A Ciência como instrumento de leitura para explicar as N. 121 Nanotecnologia: alguns aspectos éticos e teológicos –
transformações da natureza – Attico Chassot Eduardo R. Cruz
N. 85 Demanda por empresas responsáveis e Ética Concor- N. 122 Direito das minorias e Direito à diferenciação – José Rogé-
rencial: desafios e uma proposta para a gestão da ação rio Lopes
organizada do varejo – Patrícia Almeida Ashley N. 123 Os direitos humanos e as nanotecnologias: em busca de
N. 86 Autonomia na pós-modernidade: um delírio? – Mario Fleig marcos regulatórios – Wilson Engelmann
N. 87 Gauchismo, tradição e Tradicionalismo – Maria Eunice N. 124 Desejo e violência – Rosane de Abreu e Silva
Maciel N. 125 As nanotecnologias no ensino – Solange Binotto Fagan
N. 88 A ética e a crise da modernidade: uma leitura a partir da N. 126 Câmara Cascudo: um historiador católico – Bruna Rafaela de
obra de Henrique C. de Lima Vaz – Marcelo Perine Lima
N. 89 Limites, possibilidades e contradições da formação huma- N. 127 O que o câncer faz com as pessoas? Reflexos na lite-
na na Universidade – Laurício Neumann ratura universal: Leo Tolstoi – Thomas Mann – Alexander
N. 90 Os índios e a História Colonial: lendo Cristina Pompa e Soljenítsin – Philip Roth – Karl-Josef Kuschel
Regina Almeida – Maria Cristina Bohn Martins N. 128 Dignidade da pessoa humana e o direito fundamental à
N. 91 Subjetividade moderna: possibilidades e limites para o identidade genética – Ingo Wolfgang Sarlet e Selma Ro-
cristianismo – Franklin Leopoldo e Silva drigues Petterle
N. 92 Saberes populares produzidos numa escola de comunida- N. 129 Aplicações de caos e complexidade em ciências da vida –
de de catadores: um estudo na perspectiva da Etnomate- Ivan Amaral Guerrini
mática – Daiane Martins Bocasanta N. 130 Nanotecnologia e meio ambiente para uma sociedade
N. 93 A religião na sociedade dos indivíduos: transformações no sustentável – Paulo Roberto Martins
campo religioso brasileiro – Carlos Alberto Steil N. 131 A philía como critério de inteligibilidade da mediação co-
N. 94 Movimento sindical: desafios e perspectivas para os próxi- munitária – Rosa Maria Zaia Borges Abrão
mos anos – Cesar Sanson N. 132 Linguagem, singularidade e atividade de trabalho – Marle-
N. 95 De volta para o futuro: os precursores da nanotecnoci- ne Teixeira e Éderson de Oliveira Cabral
ência – Peter A. Schulz N. 133 A busca pela segurança jurídica na jurisdição e no proces-
N. 96 Vianna Moog como intérprete do Brasil – Enildo de Moura so sob a ótica da teoria dos sistemas sociais de Nicklass
Carvalho Luhmann – Leonardo Grison
N. 97 A paixão de Jacobina: uma leitura cinematográfica – Mari- N. 134 Motores Biomoleculares – Ney Lemke e Luciano
nês Andrea Kunz Hennemann
N. 98 Resiliência: um novo paradigma que desafia as religiões – N. 135 As redes e a construção de espaços sociais na digitaliza-
Susana María Rocca Larrosa ção – Ana Maria Oliveira Rosa
N. 99 Sociabilidades contemporâneas: os jovens na lan house – N. 136 De Marx a Durkheim: Algumas apropriações teóricas para
Vanessa Andrade Pereira o estudo das religiões afro-brasileiras – Rodrigo Marques
N. 100 Autonomia do sujeito moral em Kant – Valerio Rohden Leistner
N. 101 As principais contribuições de Milton Friedman à Teoria N. 137 Redes sociais e enfrentamento do sofrimento psíquico:
Monetária: parte 1 – Roberto Camps Moraes sobre como as pessoas reconstroem suas vidas – Breno
N. 102 Uma leitura das inovações bio(nano)tecnológicas a partir Augusto Souto Maior Fontes
da sociologia da ciência – Adriano Premebida N. 138 As sociedades indígenas e a economia do dom: O caso
N. 103 ECODI – A criação de espaços de convivência digital vir- dos guaranis – Maria Cristina Bohn Martins
tual no contexto dos processos de ensino e aprendizagem N. 139 Nanotecnologia e a criação de novos espaços e novas
em metaverso – Eliane Schlemmer identidades – Marise Borba da Silva
N. 104 As principais contribuições de Milton Friedman à Teoria N. 140 Platão e os Guarani – Beatriz Helena Domingues
Monetária: parte 2 – Roberto Camps Moraes N. 141 Direitos humanos na mídia brasileira – Diego Airoso da
N. 105 Futebol e identidade feminina: um estudo etnográfico Motta
sobre o núcleo de mulheres gremistas – Marcelo Pizarro N. 142 Jornalismo Infantil: Apropriações e Aprendizagens de
Noronha Crianças na Recepção da Revista Recreio – Greyce
N. 106 Justificação e prescrição produzidas pelas Ciências Hu- Vargas
manas: Igualdade e Liberdade nos discursos educacio- N. 143 Derrida e o pensamento da desconstrução: o redimensio-
nais contemporâneos – Paula Corrêa Henning namento do sujeito – Paulo Cesar Duque-Estrada
N. 107 Da civilização do segredo à civilização da exibição: a famí- N. 144 Inclusão e Biopolítica – Maura Corcini Lopes, Kamila Lo-
lia na vitrine – Maria Isabel Barros Bellini ckmann, Morgana Domênica Hattge e Viviane Klaus

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N. 145 Os povos indígenas e a política de saúde mental no Brasil: N. 178 Crime e sociedade estamental no Brasil: De como la ley es
composição simétrica de saberes para a construção do como la serpiente; solo pica a los descalzos – Lenio Luiz
presente – Bianca Sordi Stock Streck
N. 146 Reflexões estruturais sobre o mecanismo de REDD – Ca- N. 179 Um caminho de educação para a paz segundo Rousseau
mila Moreno – Mateus Boldori e Paulo César Nodari
N. 147 O animal como próximo: por uma antropologia dos movi- N. 180 Limites e desafios para os direitos humanos no Brasil:
mentos de defesa dos direitos animais – Caetano Sordi entre o reconhecimento e a concretização – Afonso Maria
N. 148 Avaliação econômica de impactos ambientais: o caso do das Chagas
aterro sanitário em Canoas-RS – Fernanda Schutz N. 181 Apátridas e refugiados: direitos humanos a partir da ética
N. 149 Cidadania, autonomia e renda básica – Josué Pereira da da alteridade – Gustavo Oliveira de Lima Pereira
Silva N. 182 Censo 2010 e religiões:reflexões a partir do novo mapa
N. 150 Imagética e formações religiosas contemporâneas: entre religioso brasileiro – José Rogério Lopes
a performance e a ética – José Rogério Lopes N. 183 A Europa e a ideia de uma economia civil – Stefano Zamagni
N. 151 As reformas político-econômicas pombalinas para a Ama- N. 184 Para um discurso jurídico-penal libertário: a pena como
zônia: e a expulsão dos jesuítas do Grão-Pará e Mara- dispositivo político (ou o direito penal como “discurso-limi-
nhão – Luiz Fernando Medeiros Rodrigues te”) – Augusto Jobim do Amaral
N. 152 Entre a Revolução Mexicana e o Movimento de Chiapas: a N. 185 A identidade e a missão de uma universidade católica na
tese da hegemonia burguesa no México ou “por que voltar atualidade – Stefano Zamagni
ao México 100 anos depois” – Claudia Wasserman N. 186 A hospitalidade frente ao processo de reassentamento soli-
N. 153 Globalização e o pensamento econômico franciscano: dário aos refugiados – Joseane Mariéle Schuck Pinto
Orientação do pensamento econômico franciscano e Cari- N. 187 Os arranjos colaborativos e complementares de ensino,
tas in Veritate – Stefano Zamagni pesquisa e extensão na educação superior brasileira e
N. 154 Ponto de cultura teko arandu: uma experiência de inclu- sua contribuição para um projeto de sociedade sustentá-
são digital indígena na aldeia kaiowá e guarani Te’ýikue no vel no Brasil – Marcelo F. de Aquino
município de Caarapó-MS – Neimar Machado de Sousa, N. 188 Os riscos e as loucuras dos discursos da razão no campo
Antonio Brand e José Francisco Sarmento da prevenção – Luis David Castiel
N. 155 Civilizar a economia: o amor e o lucro após a crise econô- N. 189 Produções tecnológicas e biomédicas e seus efeitos pro-
mica – Stefano Zamagni dutivos e prescritivos nas práticas sociais e de gênero –
N. 156 Intermitências no cotidiano: a clínica como resistência in- Marlene Tamanini
ventiva – Mário Francis Petry Londero e Simone Mainieri N. 190 Ciência e justiça: Considerações em torno da apropriação
Paulon da tecnologia de DNA pelo direito – Claudia Fonseca
N. 157 Democracia, liberdade positiva, desenvolvimento – N. 191 #VEMpraRUA: Outono brasileiro? Leituras – Bruno Lima
Stefano Zamagni Rocha, Carlos Gadea, Giovanni Alves, Giuseppe Cocco,
N. 158 “Passemos para a outra margem”: da homofobia ao res- Luiz Werneck Vianna e Rudá Ricci
peito à diversidade – Omar Lucas Perrout Fortes de Sales N. 192 A ciência em ação de Bruno Latour – Leticia de Luna Freire
N. 159 A ética católica e o espírito do capitalismo – Stefano N. 193 Laboratórios e Extrações: quando um problema técnico
Zamagni se torna uma questão sociotécnica – Rodrigo Ciconet
N. 160 O Slow Food e novos princípios para o mercado – Eriberto Dornelles
Nascente Silveira N. 194 A pessoa na era da biopolítica: autonomia, corpo e subje-
N. 161 O pensamento ético de Henri Bergson: sobre As duas tividade – Heloisa Helena Barboza
fontes da moral e da religião – André Brayner de Farias N. 195 Felicidade e Economia: uma retrospectiva histórica – Pedro
N. 162 O modus operandi das políticas econômicas keynesianas Henrique de Morais Campetti e Tiago Wickstrom Alves
– Fernando Ferrari Filho e Fábio Henrique Bittes Terra N. 196 A colaboração de Jesuítas, Leigos e Leigas nas Universi-
N. 163 Cultura popular tradicional: novas mediações e legitima- dades confiadas à Companhia de Jesus: o diálogo entre
ções culturais de mestres populares paulistas – André humanismo evangélico e humanismo tecnocientífico –
Luiz da Silva Adolfo Nicolás
N. 164 Será o decrescimento a boa nova de Ivan Illich? – Serge N. 197 Brasil: verso e reverso constitucional – Fábio Konder
Latouche Comparato
N. 165 Agostos! A “Crise da Legalidade”: vista da janela do N. 198 Sem-religião no Brasil: Dois estranhos sob o guarda-chu-
Consulado dos Estados Unidos em Porto Alegre – Carla va – Jorge Claudio Ribeiro
Simone Rodeghero N. 199 Uma ideia de educação segundo Kant: uma possível con-
N. 166 Convivialidade e decrescimento – Serge Latouche tribuição para o século XXI – Felipe Bragagnolo e Paulo
N. 167 O impacto da plantação extensiva de eucalipto nas cultu- César Nodari
ras tradicionais: Estudo de caso de São Luis do Paraitinga N. 200 Aspectos do direito de resistir e a luta socialpor moradia
– Marcelo Henrique Santos Toledo urbana: a experiência da ocupação Raízes da Praia – Na-
N. 168 O decrescimento e o sagrado – Serge Latouche talia Martinuzzi Castilho
N. 169 A busca de um ethos planetário – Leonardo Boff N. 201 Desafios éticos, filosóficos e políticos da biologia sintética
N. 170 O salto mortal de Louk Hulsman e a desinstitucionalização – Jordi Maiso
do ser: um convite ao abolicionismo – Marco Antonio de N. 202 Fim da Política, do Estado e da cidadania? – Roberto Romano
Abreu Scapini N. 203 Constituição Federal e Direitos Sociais: avanços e recuos
N. 171 Sub specie aeternitatis – O uso do conceito de tempo da cidadania – Maria da Glória Gohn
como estratégia pedagógica de religação dos saberes – N. 204 As origens históricas do racionalismo, segundo Feyerabend
Gerson Egas Severo – Miguel Ângelo Flach
N. 172 Theodor Adorno e a frieza burguesa em tempos de tecno- N. 205 Compreensão histórica do regime empresarial-militar
logias digitais – Bruno Pucci brasileiro – Fábio Konder Comparato
N. 173 Técnicas de si nos textos de Michel Foucault: A influência do N. 206 Sociedade tecnológica e a defesa do sujeito: Technological
poder pastoral – João Roberto Barros II society and the defense of the individual – Karla Saraiva
N. 174 Da mônada ao social: A intersubjetividade segundo Levinas – N. 207 Territórios da Paz: Territórios Produtivos? – Giuseppe Cocco
Marcelo Fabri N. 208 Justiça de Transição como Reconhecimento: limites e possi-
N. 175 Um caminho de educação para a paz segundo Hobbes – Lu- bilidades do processo brasileiro – Roberta Camineiro Baggio
cas Mateus Dalsotto e Everaldo Cescon N. 209 As possibilidades da Revolução em Ellul – Jorge
N. 176 Da magnitude e ambivalência à necessária humanização Barrientos-Parra
da tecnociência segundo Hans Jonas – Jelson Roberto de N. 210 A grande política em Nietzsche e a política que vem em
Oliveira Agamben – Márcia Rosane Junges
N. 177 Um caminho de educação para a paz segundo Locke – N. 211 Foucault e a Universidade: Entre o governo dos outros e o
Odair Camati e Paulo César Nodari governo de si mesmo – Sandra Caponi

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N. 212 Verdade e História: arqueologia de uma relação – José N. 251 Políticas Públicas, Capitalismo Contemporâneo e os horizon-
D’Assunção Barros tes de uma Democracia Estrangeira – Francini Lube Guizardi
N. 213 A Relevante Herança Social do Pe. Amstad SJ – José N. 252 A Justiça, Verdade e Memória: Comissão Estadual da
Odelso Schneider Verdade – Carlos Frederico Guazzelli
N. 214 Sobre o dispositivo. Foucault, Agamben, Deleuze – Sandro N. 253 Reflexões sobre os espaços urbanos contemporâneos:
Chignola quais as nossas cidades? – Vinícius Nicastro Honesko
N. 215 Repensar os Direitos Humanos no Horizonte da Liberta- N. 254 Ubuntu como ética africana, humanista e inclusiva – Je-
ção – Alejandro Rosillo Martínez an-Bosco Kakozi Kashindi
N. 216 A realidade complexa da tecnologia – Alberto Cupani N. 255 Mobilização e ocupações dos espaços físicos e virtuais:
N. 217 A Arte da Ciência e a Ciência da Arte: Uma abordagem a possibilidades e limites da reinvenção da política nas
partir de Paul Feyerabend – Hans Georg Flickinger metrópoles – Marcelo Castañeda
N. 218 O ser humano na idade da técnica – Humberto Galimberti N. 256 Indicadores de Bem-Estar Humano para Povos Tradicio-
N. 219 A Racionalidade Contextualizada em Feyerabend e nais: O caso de uma comunidade indígena na fronteira
suas Implicações Éticas: Um Paralelo com Alasdair da Amazônia Brasileira – Luiz Felipe Barbosa Lacerda e
MacIntyre – Halina Macedo Leal Luis Eduardo Acosta Muñoz
N. 220 O Marquês de Pombal e a Invenção do Brasil – José Eduar- N. 257 Cerrado. O laboratório antropológico ameaçado pela
do Franco desterritorialização – Altair Sales Barbosa
N. 221 Neurofuturos para sociedades de controle – Timothy Lenoir N. 258 O impensado como potência e a desativação das máqui-
N. 222 O poder judiciário no Brasil – Fábio Konder Comparato nas de poder – Rodrigo Karmy Bolton
N. 223 Os marcos e as ferramentas éticas das tecnologias de N. 259 Identidade de Esquerda ou Pragmatismo Radical? –
gestão – Jesús Conill Sancho Moysés Pinto Neto
N. 224 O restabelecimento da Companhia de Jesus no extremo sul do N. 260 Itinerários versados: redes e identizações nas periferias
Brasil (1842-1867) – Luiz Fernando Medeiros Rodrigues de Porto Alegre? – Leandro Rogério Pinheiro
N. 225 O grande desafio dos indígenas nos países andinos: seus N. 261 Fugindo para a frente: limites da reinvenção da política
direitos sobre os recursos naturais – Xavier Albó no Brasil contemporâneo – Henrique Costa
N. 226 Justiça e perdão – Xabier Etxeberria Mauleon N. 262 As sociabilidades virtuais glocalizadas na metrópole:
N. 227 Paraguai: primeira vigilância massiva norte-americana e experiências do ativismo cibernético do grupo Direitos
a descoberta do Arquivo do Terror (Operação Condor) – Urbanos no Recife – Breno Augusto Souto Maior Fontes
Martín Almada e Davi Barboza Cavalcanti
N. 228 A vida, o trabalho, a linguagem. Biopolítica e biocapitalis- N. 263 Seis hipóteses para ler a conjuntura brasileira – Sauro Bellezza
mo – Sandro Chignola N. 264 Saúde e igualdade: a relevância do Sistema Único de
N. 229 Um olhar biopolítico sobre a bioética – Anna Quintanas Feixas Saúde (SUS) – Stela N. Meneghel
N. 230 Biopoder e a constituição étnico-racial das populações: N. 265 Economia política aristotélica: cuidando da casa, cuidan-
Racialismo, eugenia e a gestão biopolítica da mestiçagem do do comum – Armando de Melo Lisboa
no Brasil – Gustavo da Silva Kern N. 266 Contribuições da teoria biopolítica para a reflexão sobre
N. 231 Bioética e biopolítica na perspectiva hermenêutica: uma os direitos humanos – Aline Albuquerque
ética do cuidado da vida – Jesús Conill Sancho N. 267 O que resta da ditadura? Estado democrático de direito
N. 232 Migrantes por necessidade: o caso dos senegaleses no Norte e exceção no Brasil – Giuseppe Tosi
do Rio Grande do Sul – Dirceu Benincá e Vânia Aguiar Pinheiro N. 268 Contato e improvisação: O que pode querer dizer auto-
N. 233 Capitalismo biocognitivo e trabalho: desafios à saúde e nomia? – Alana Moraes de Souza
segurança – Elsa Cristine Bevian N. 269 A perversão da política moderna: a apropriação de con-
N. 234 O capital no século xxi e sua aplicabilidade à realidade brasi- ceitos teológicos pela máquina governamental do Oci-
leira – Róber Iturriet Avila & João Batista Santos Conceição dente – Osiel Lourenço de Carvalho
N. 235 Biopolítica, raça e nação no Brasil (1870-1945) – Mozart N. 270 O campo de concentração: Um marco para a (bio) políti-
Linhares da Silva ca moderna – Viviane Zarembski Braga
N. 236 Economias Biopolíticas da Dívida – Michael A. Peters N. 271 O que caminhar ensina sobre o bem-viver? Thoreau e o
N. 237 Paul Feyerabend e Contra o Método: Quarenta Anos do apelo da natureza – Flavio Williges
Início de uma Provocação – Halina Macedo Leal N. 272 Interfaces da morte no imaginário da cultura popular me-
N. 238 O trabalho nos frigoríficos: escravidão local e global? – xicana – Rafael Lopez Villasenor
Leandro Inácio Walter N. 273 Poder, persuasão e novos domínios da(s) identidade(s)
N. 239 Brasil: A dialética da dissimulação – Fábio Konder Comparato diante do(s) fundamentalismo(s) religioso(s) na contempo-
N. 240 O irrepresentável – Homero Santiago raneidade brasileira – Celso Gabatz
N. 274 Tarefa da esquerda permanece a mesma: barrar o caráter
N. 241 O poder pastoral, as artes de governo e o estado moderno
predatório automático do capitalismo – Acauam Oliveira
– Castor Bartolomé Ruiz
N. 275 Tendências econômicas do mundo contemporâneo – Ales-
N. 242 Uma crise de sentido, ou seja, de direção – Stefano Zamagni
sandra Smerilli
N. 243 Diagnóstico Socioterritorial entre o chão e a gestão – Dirce
N. 276 Uma crítica filosófica à teoria da Sociedade do Espetáculo
Koga
em Guy Debord – Atilio Machado Peppe
N. 244 A função-educador na perspectiva da biopolítica e da gover-
N. 277 O Modelo atual de Capitalismo e suas formas de Captura
namentalidade neoliberal – Alexandre Filordi de Carvalho
da Subjetividade e de Exploração Social – José Roque
N. 245 Esquecer o neoliberalismo: aceleracionismo como terceiro
Junges
espírito do capitalismo – Moysés da Fontoura Pinto Neto N. 278 Da esperança ao ódio: Juventude, política e pobreza do
N. 246 O conceito de subsunção do trabalho ao capital: rumo à sub- lulismo ao bolsonarismo – Rosana Pinheiro-Machado e
sunção da vida no capitalismo biocognitivo – Andrea Fumagalli Lucia Mury Scalco
N. 247 Educação, indivíduo e biopolítica: A crise do governamen- N. 279 O mal-estar na cultura medicamentalizada – Luis David
to – Dora Lilia Marín-Díaz Castiel
N. 248 Reinvenção do espaço público e político: o individualismo N. 280 Mistérios da economia (divina) e do ministério (angélico).
atual e a possibilidade de uma democracia – Roberto Romano Quando a teologia fornece um paradigma para a filosofia
N. 249 Jesuítas em campo: a Companhia de Jesus e a questão política e esta retroage à teologia – Alain Gignac
agrária no tempo do CLACIAS (1966-1980) – Iraneidson N. 281 A Campanha da Legalidade e a radicalização do PTB na
Santos Costa década de 1960. Reflexos no contexto atual – Mário José
N. 250 A Liberdade Vigiada: Sobre Privacidade, Anonimato e Vigilan- Maestri Filho
tismo com a Internet – Pedro Antonio Dourado de Rezende

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Angela Ganem. Possui graduação em Economia pela Universida-
de Federal Fluminense (1972), mestrado em Economia da Indus-
tria e da Tecnologia pela COPPE, Universidade Federal do Rio de
Janeiro (1983) e doutorado em Economia pela Universidade de
Paris X (1993). Tem experiência na área de Economia, com ênfa-
se em História do Pensamento Econômico, Metodologia, Filosofia
Econômica e a relação interdisciplinar entre a Economia e as áreas
sociais e humanas.

Algumas Publicações
GANEM. A. O Mercado como ordem social em A.Smith, Walras e Hayek. Economia e
Sociedade (UNICAMP. Impresso), v. 21, p. 143-164, 2012.
_____. Hayek: do mercado como ordem espontânea ao mercado como fim da história.
Política & Sociedade (Impresso), v. 12, p. 93-117, 2012.
_____. Karl Popper versus Theodor Adorno:lições de um confronto histórico. Revista de
Economia Política (Impresso), v. 32,1, p. 87-108, 2012.
_____. Reflexões sobre a História do Pensamento Econômico Brasileiro. Análise Eco-
nômica (UFRGS), v. 56, p. 131-152, 2011.

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