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DIREITO INTERTEMPORAL
2ª. Para os processos iniciados após 08/06/2015 (vide art. 201), já na vigência
da Lei 11.101/05: seguirão o rito da Lei 11.101/05.
1º. Preservação da empresa (art. 47): esse princípio determina que se busque
ao máximo a manutenção das empresas viáveis. Ele é aplicável tanto na falência como
na recuperação judicial.
2º. Maximização dos ativos (art. 75, caput): se aplica tanto na falência como
na recuperação. É muito comum que os PRJ tenham previsão de alienação de bens e,
na falência, a alienação de bens é obrigatória. O princípio da maximização dos ativos
diz que os ativos devem ser vendidos pelo maior valor possível, porque entrando mais
dinheiro, há mais chance do devedor em recuperação judicial se recuperar e do falido
pagar a maior quantidade de credores possível.
mas não tem mais disposição sobre eles, na medida em que o seu patrimônio como
um todo funciona como garantia de pagamento dos credores (art. 103).
PRESSUPOSTOS DA FALÊNCIA
Devedor que, executado por qualquer quantia líquida, não paga, não
deposita e não nomeia à penhora bens suficientes dentro do prazo legal
– é a hipótese de execução frustrada. Aqui não há um valor mínimo.
Devedor que pratica atos de falência – é o devedor que pratica condutas
não compatíveis com a situação de devedor, ex. vender bens a preço
vil, doá-los.
FASE PRÉ-FALIMENTAR
CONCEITO
Fase pré-falimentar é aquela fase em que há pedido de falência, mas ainda não
há sentença. Durante esse período, ainda não se produzem os efeitos típicos da
falência, tal qual a arrecadação, a nomeação de administrador judicial, a interrupção
da atividade do empresário.
Fazenda Pública. Embora o art. 97, IV, da Lei 11.101 se refira a qualquer
credor, o STJ tem posição já consolidada de que a Fazenda Pública não teria interesse
em requerer a falência do devedor, com base no art. 187 do CTN, que diz que a
cobrança judicial do crédito tributário não está sujeito a concurso de credores, nem a
habilitação em falência. Caberia à Fazenda satisfazer seus créditos pelo meio próprio,
qual seja a execução fiscal. Isso não significa que o crédito tributário não se sujeita à
ordem de pagamento de falência (é crédito concursal de terceira classe).
Credor com garantia real. Há uma discussão se o credor com garantia real
pode ou não requerer falência. Para o professor Alexandre, não há como falar que ele
não tem legitimidade, porque tanto o DL 7661/45 lhe conferia legitimidade expressa,
como a Lei 11.101/05 fala em qualquer credor. O DL 7661/45, além de conferir
legitimidade expressa, exigia que o credor renunciasse à sua garantia real. Segundo
Alexandre, essa exigência não se mantém na Lei 11.101/05, pois não há como se
manter em vigor uma disposição já revogada que restringe direitos.
Cotista é o sócio que tem cotas e acionista o sócio que tem ações em qualquer
tipo de sociedade. Eles têm legitimidade para requerer a falência na forma da lei ou do
contrato social.
JUÍZO DA FALÊNCIA
Só pode ser requerida a falência no juízo determinado pelo art. 3º, qual seja o
juízo do lugar do principal estabelecimento do devedor, que não é necessariamente o
juízo da sede. O juízo da falência é o mesmo da recuperação judicial e da recuperação
extrajudicial.
A LRF não admite que o juiz brasileiro decrete a falência de uma sociedade
situada no exterior, porque o critério adotado pelo art. 3º é o territorialista. Ele
diz que o juiz do principal estabelecimento é competente para decretar a falência de
filial situada no Brasil de sociedade estrangeira. A falência da filial situada no Brasil
não acarreta, portanto, a falência da sede ou outra filial situada no exterior.
uma ação de cobrança na qual não obteve a satisfação de seu crédito (o devedor não
pagou, não fez acordo, não nomeou bens à penhora).
Nesse caso, como o credor buscou as vias normais, o legislador entende que
alguns dos requisitos do art. 94, I, não precisam ser exigidos, Continua-se exigindo o
título executivo judicial ou extrajudicial, embora sem limite mínimo de valor de 40
SM e sem necessidade de submissão do título a protesto. Aqui também há uma
presunção de insolvência relativa. Diz-se relativa, pois o devedor poderá no prazo
da contestação realizar o depósito elisivo (art. 98, p.ú).
O credor, na hipótese do art. 94, II, deve provar que manejou uma ação de
execução e que o devedor ficou inerte, razão pela qual o pedido deve ser instruído
com certidão do juízo em que se processa a execução (art. 94, §4º).
Atos de falência. No caso dos atos de falência (art. 94, III), o legislador não
admite depósito com finalidade elisiva (vide art. 98, p.ú, que expressamente suprime
o inciso III). O devedor pode efetuar o depósito, mas isso por si só não evitará a
decretação da falência. Por isso, diz-se que o sistema brasileiro adota um sistema
misto: impontualidade ou outras causas, que nada mais são do que os atos de falência.
Em se tratando de pedido de falência com base no art. 94, III, da LRF, admite-
se a decretação da falência, inclusive, sem que o devedor esteja impontual, ou seja,
antes mesmo do vencimento da prestação.
SENTENÇA DA FALÊNCIA
De acordo com o art. 190, todas as vezes que a LRF se referir a devedor ou
falido, incluem-se os sócios de responsabilidade ilimitada.
II. Fixação do termo legal da falência, sem poder retrotraí-lo por mais de
90 dias contados do pedido de falência, do pedido de recuperação
judicial ou do 1º protesto por falta de pagamento, excluindo-se os
protestos que tenham sido cancelados.
Essa providência só será aplicada quando a falência for requerida pelo credor.
Isto porque, em sendo requerida pelo próprio devedor, este já terá apresentado a
referida relação junto com a inicial (art. 105).
Nesse caso, o juiz apenas informa que os credores terão um prazo de 15 dias
para habilitar seus créditos ou apresentar divergências. Não tem caráter decisório.
A suspensão das ações e execuções não é uma faculdade do juiz, mas uma
determinação legal, só não sendo cabível nas exceções previstas na própria lei (quantia
ilíquida, reclamações trabalhistas, execuções fiscais). Obs. Lembrar que as execuções
fiscais estão fora do juízo universal, cf. art. 76, razão pela qual também não têm seu
curso suspenso, embora a LRF seja omissa neste ponto.
Embora o art. 115 fale em “todos os credores”, não se trata de regra absoluta, pois
comporta exceções:
O art. 6º, §4º, aplicável a recuperação, prevê que a suspensão dura 180 dias e,
finda esta, é possível ao credor prosseguir ou iniciar as ações para cobrança de seu
crédito. Contudo, se formos analisar a literalidade do art. 6º, caput, quando o legislador
trata da falência, ele não fala em “iniciar”, pelo que seria possível ao credor ajuizar
novas ações, ficando suspensa somente as ações já em curso. Esse entendimento,
contudo, é equivocado. Deve-se fazer uma interpretação sistemática do art. 6º com o
art. 115, para entender que, se o credor tem que submeter às normas da LRF, ele não
pode ajuizar novas ações, mas deverá habilitar o seu crédito na falência, dando-se
tratamento igual a todos os credores (princípio da par conditio creditorium).
Se a dívida assumida pelo falido o foi com juros remuneratórios, eles serão
abatidos na mesma proporção em que o vencimento da dívida foi antecipada.
Art. 116, I. Nos casos em que a lei ou o contrato preveja um direito de retenção
e houver falência daquele contra quem é estabelecido tal direito, suspende-se o
exercício do direito de retenção sobre os bens do falido, visto que estes estão sujeitos
à arrecadação, integrando a massa objetiva. Isto significa que o credor não mais
poderá permanecer na posse direta do bem, devendo entregá-lo ao administrador
judicial, em homenagem ao princípio da preservação dos ativos. Se o credor se
recusar, cabe busca e apreensão. O crédito desse credor não é atingido. Ex.
Credores com direito de retenção são pela lei credores com privilégio especial (art. 83,
IV, c). Se a LRF determinasse a extinção do direito de retenção, seriam credores
quirografários, mas não é isso que acontece. Obs. No caso do comissário, mesmo
que ele tenha direito de retenção, ele será credor com privilégio geral na forma do art.
707 do CC c.c. art. 83, V, c, da LRF.
Art. 116, II. Tal dispositivo é uma crítica àqueles que dizem que o sócio não
pode ser obrigado a permanecer na sociedade (ex. no caso daquele que quer sair da
sociedade limitada por quebra de affectio societatis). Durante a falência, o sócio não
pode exercer o direito de retirada e, se já exerceu e foi feita a apuração de haveres, o
pagamento dos haveres ficará suspenso. Nada impede, contudo, que ele negocie suas
cotas ou ações.
O art. 127 trata do credor por obrigação solidária em que todos os deveres
solidários estão falidos. Nesse caso, o credor tem o direito de se habilitar em todas as
massas pelo valor total do crédito. Qualquer pagamento que receber, total ou parcial,
deverá ser informado pelo credor a outra massa falida.
DELIMITAÇÃO
Nos contratos em que o falido é devedor, existe uma regra para os contratos
bilaterais (art. 117) e outra regra para os contratos unilaterais (art. 118). Ao lado dessas
regras, existem regras especiais para certos contratos nos arts. 119, 120, 121 e 123.
A grande maioria dos contratos é bilateral quanto aos seus efeitos. A princípio,
os contratos bilaterais não se resolvem com a falência (art. 117) (manutenção
provisória e não compulsória). Contudo, trata-se de regra dispositiva. A lei não impõe
a manutenção de tais contratos. Podem as partes estabelecer a chamada cláusula
resolutiva expressa, ou seja, dizer que o contrato se extingue com a decretação da
falência. Nesse caso, o crédito será habilitado na falência ou se entra com uma ação
para apurar seu valor quando for ilíquido.
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REGRAS ESPECIAIS
Art. 119. Este dispositivo deixa clara a natureza cogente das regras especiais,
em virtude do vocábulo “prevalecerão”. Portanto, a lei não poderá ser afastada pela
vontade das partes.
II. Venda de coisa composta – coisa composta é aquela quue precisa ser
montada, ser construída (ex. embarcação, armário, computador). Logo, são contratos
de execução sucessiva. Se o vendedor teve sua falência decretada e o administrador
resolveu não continuar o contrato, pode o comprador por a disposição da massa falida
as coisas já recebidas, cabendo indenização por perdas e danos.
contrato, o crédito será habilitado na classe própria (crédito quirografário). A lei não
autoriza que a massa falida devolva as prestações já pagas de forma imediata. O crédito
terá que ser submetido ao concurso de credores. Não incide na hipótese o CDC
V. Coisa vendida a termo (para entrega futura) e que tenha cotação em bolsa
ou mercado (ex. commodities) – segundo a LRF, se o contrato não for cumprido,
haverá o pagamento de uma compensação. A massa não entregará o bem, mas pagará
a diferença entre a cotação do dia do contrato e a da época da liquidação em bolsa.
Atenção! Existe uma regra própria para o mandato ad judicia no art. 120, §1º,
da LRF. Esse mandato continua para evitar preclusão.
Pode ser que a exclusão do sócio falido leve os sócios a dissolver a sociedade
(por entender que é inviável sua subsistência). Se houver dissolução, não tem apuração
de haveres, mas sim liquidação do patrimônio da sociedade. Nesse caso, primeiro,
serão pagos os credores da sociedade e o que sobrar será arrecadado pela massa falida
do sócio falido.
INTRODUÇÃO
O juiz não pode retrotrair (contar para trás) o termo legal da falência por
mais de 90 dias contados: (a) do pedido de falência; ou (b) do pedido de recuperação
judicial; ou (c) do 1º protesto por falta de pagamento, salvo aqueles cancelados (isso
significa que o protesto ainda tem que ser válido e eficaz, mas não precisa ser aquele
que ensejou o pedido de falência!). É o limite da fixação do termo legal, podendo o
juiz retrotrair o termo por um prazo menor.
Embora haja posição doutrinária no sentido de que o protesto tem que ser
especial, ou seja, para fins falimentares, o STJ entende que pode ser o protesto
comum.
Obs. Fábio Ulhôa, em seu livro, faz uma breve exposição sobre a teoria das
crises. Primeiro, a empresa passa por uma crise de conjuntura ou econômica, quando
há uma redução dos ativos em razão de situações externas. Depois, segue-se a crise
de caixa, quando falta dinheiro para pagar determinadas dívidas. O protesto é
consequência da crise de caixa, pois o devedor deixa de cumprir suas obrigações. Aqui
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pode o devedor se valer da recuperação judicial. Por fim, temos a crise de patrimônio,
quando o ativo da empresa é incapaz de solver o passivo, caso em que estará
caracterizada a insolvência do devedor, podendo acarretar em falência.
A ação revocatória é um gênero que comporta duas espécies. Pode se dar por
ineficácia de ato (art. 129), que é de análise objetiva, ou por revogação de ato (ou
anulabilidade) (art. 130), que é de análise subjetiva.
Constate-se, porém, que a ineficácia não precisa vir apenas pela via da ação
revocatória (processo incidental), pois ela pode ser reconhecida: (a) de ofício pelo juiz,
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por meio de decisão interlocutória; (b) por meio de um incidente processual; (c) como
matéria de defesa (ex. a massa falida se defende de uma restituitória, utilizando-se do
argumento da ineficácia do ato).
ATOS INEFICAZES
Nos casos do art. 129, como a análise é objetiva, há uma presunção absoluta
de que o ato foi praticado em prejuízo da massa falida. Tais atos, se a empresa
estivesse em situação normal, a princípio, não gerariam qualquer problema; contudo,
como os atos são praticados dentro do termo legal ou em outro prazo fixado pelo
legislador, são considerados ineficazes (terceira escada ponteana).
I – pagar dívida não vencida dentro do termo legal, por qualquer meio extintivo
do direito de crédito, ainda que pelo desconto do próprio título;
II – pagar dívida vencida e exigível dentro do termo legal, por modo diverso
do previsto no contrato; (ex. dação em pagamento – o devedor pode estar priorizando
um credor em detrimento de outro, fazendo por via transversa uma liquidação da
massa).
Art. 45, §8º. Se, quando ocorrer a falência (ato futuro), já se houver
efetuado (ato passado), à conta do capital social (princípio da
intangibilidade do capital social; se foi pago com reserva de capital,
não cabe revocação), o reembolso dos ex-acionistas, estes não tiverem
sido substituídos (se foi substituído, houve a recomposição do capital
social e não cabe revocação), e a massa não bastar para o
pagamento dos créditos mais antigos (coloca-se na balança o
ativo presente da massa com o passivo à época do reembolso; se
o ativo solve o passivo, não cabe revocação), caberá ação revocatória
para restituição do reembolso pago com redução do capital social, até a
concorrência do que remanescer dessa parte do passivo. A restituição será
havida, na mesma proporção, de todos os acionistas cujas ações tenham sido
reembolsadas.
ATOS REVOGÁVEIS
Art. 132. A ação revocatória, de que trata o art. 130 desta Lei, deverá
ser proposta pelo administrador judicial, por qualquer credor ou pelo
Ministério Público no prazo de 3 (três) anos contado da decretação da falência.
convalescer, findo o prazo de 3 anos deste artigo. Ademais, ele fixa legitimidade ativa
de qualquer credor ou do MP para pleitear a revogação do ato. Não se aplica à
revocatória por ineficácia, pois, neste caso, sua declaração pode ser pleiteada em
qualquer prazo, dado o não convalescimento do vício de ineficácia, e por qualquer
interessado, visto que pode ser reconhecida até mesmo de ofício pelo juiz.
Esse artigo se aplica tanto à revocatória por ineficácia como à revocatória por
revogação. Logo, não devemos confundir a revocatória com revogação.
Art. 138. O ato pode ser declarado ineficaz ou revogado, ainda que praticado
com base em decisão judicial, observado o disposto no art. 131 desta Lei.
Parágrafo único. Revogado o ato ou declarada a sua ineficácia, ficará
rescindida a sentença que o motivou.
LEGITIMIDADE ATIVA
LEGITIMIDADE PASSIVA
Todos aqueles que podem ser tocados pelos efeitos da decisão, conforme se
vê do art. 133 da LRF. Trata-se de litisconsórcio necessário, na medida em que o que
se pretende é retomar o bem ou direito para a massa, pelo que deve ser observado o
devido processo legal.
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I – contra todos os que figuraram no ato ou que por efeito dele foram pagos,
garantidos ou beneficiados;
No art. 972, o CC prevê que o empresário individual tem que ser plenamente
capaz e não pode ser legalmente impedido. O art. 102 da LRF diz que a falência do
empresário o torna impedido de exercer a empresa até que ele seja reabilitado.
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Questão boa para concurso: Médicos que são sócios de uma sociedade
simples podem falir? A princípio, a profissão de médico é uma profissão de caráter
intelectual e, portanto, não tem caráter empresarial, se submetendo ao registro no
RCPJ. Pode acontecer, porém, de se provar que há elemento de empresa, quando
então o juiz declarará que o registro no RCPJ não é válido, qualificando a sociedade
como empresária irregular. Se é irregular, pode falir e seus sócios passam a ostentar
responsabilidade ilimitada (sociedade em comum ou de fato), pelo que também
poderão ser declarados falidos.
DEVERES DO FALIDO
ARRECADAÇÃO
MINISTÉRIO PÚBLICO
O MP, no processo de falência, assume uma função dúplice: ora age como
fiscal da lei no interesse da coletividade formada, ora age como sujeito do processo,
isto é, legitimado, nos casos previstos em lei, para interpor recursos e oferecer ações
incidentais e emitir pareceres para validação de determinados atos processuais.
O veto do art. 4º, segundo entende o STJ, é para otimizar a atuação do MP e dar
concretude à celeridade do processo e não para limitar os seus poderes institucionais.
Logo, ao invés de ser intimado em toda e qualquer ato do processo, o MP deve atuar
no processo falimentar somente nos casos expressamente previstos em lei (STJ, REsp
1230431). Sendo assim, para o STJ, o MP só pode sustentar nulidade do ato
processual por ausência de intimação do MP se a lei expressamente determinava sua
atuação.
Apesar dessa ser a orientação do STJ, nos órgãos ministeriais, não há uma
uniformidade em relação ao tema. Assim que a LRF foi publicada, o MPRJ, por meio
de sua Corregedoria, baixou uma recomendação para estabelecer a necessidade de
intimação do MP em todas as fases do processo, em resistência ao veto do art. 4º da
LRF. Portanto, na prática, há muitos promotores que seguem essa recomendação e,
inclusive, fazem questão de atuar na fase pré-falimentar quando o concurso de
credores sequer foi instalado.
ADMINISTRADOR JUDICIAL
CONCEITO
O art. 21 da LRF diz expressamente que tem que ser profissional idôneo,
preferencialmente advogado, economista, administrador de empresas ou contador, ou
ainda pessoa jurídica especializada. Essa lista de profissões não é impositiva.
NOMEAÇÃO
A nomeação se dará na própria sentença que decreta a falência (art. 99, IX, da
LRF). Caberá ao magistrado também fixar a remuneração que lhe caberá, segundo os
parâmetros previstos no art. 24 da LRF: capacidade de pagamento do devedor, grau
de complexidade do trabalho e o valor praticado no mercado em atividades
semelhantes.
FUNÇÕES
SUBSTITUIÇÃO E DESTITUIÇÃO
CREDORES
VERIFICAÇÃO DE CRÉDITOS
1. Fase extrajudicial
1.3. Prazo de 45 dias para novo edital: findo o prazo para habilitações
tempestivas e divergências, o administrador judicial decidi-las-á e, no prazo de 45 dias,
formará uma nova relação de credores, publicando novo edital ou retificando o
anterior (art. 7º, §2º). Como se trata de ato a ser praticado no processo, pode ser
contado em dias úteis.
2. Fase judicial
Uma vez feita a impugnação, ela segue um rito próprio previsto na LRF. Cada
impugnação será autuada em apartado (art. 13). Distribuída a impugnação, o juiz
intimará os credores que tiveram seus créditos impugnados para contestarem a
impugnação no prazo de 5 dias úteis (art. 11). Transcorrido esse prazo, abre-se prazo
comum de 5 dias para as demais partes se pronunciarem: devedor e comitê de
credores, se houver (art. 12, caput). Por fim, o art. 12, p.ú, determina a vista pelo
administrador judicial também no prazo de 5 dias.
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2.2. Julgamento das impugnações (art. 17): a decisão judicial que decide a
impugnação tem natureza de sentença, mas o recurso cabível é o de agravo de
instrumento no prazo de 15 dias úteis.
CLASSIFICAÇÃO DO CRÉDITO
Uma vez apurado o ativo, os credores poderão ser pagos, mas para não gerar
confusões, se criou uma ordem legal de preferência, que não pode ser alterada pelo
juiz nem pelos credores. Ela leva em conta a paridade de tratamento pelos credores.
3.2. Créditos com garantia real – o crédito que tinha por garantia determinado
bem será pago até o limite do valro do bem. O excedente será considerado crédito
quirografário, na forma do art. 83, VI, b. O art. 83, §1º, dispõe que o valor do bem
não é aquele à época da constituição da garantia para fins do inciso II, mas sim a
importância efetivamente arrecadada com sua venda, ou, em caso de alienação em
bloco, o valor do bem individualmente considerado.
Art. 124. Contra a massa falida não são exigíveis juros vencidos após a
decretação da falência sejam previstos em lei ou contrato se o ativo apurado não
bastar para o pagamento dos credores subordinados. Como os credores
subordinados são os últimos a receber (art. 83, VIII), isso significa que só serão
exigíveis os juros vencidos após a decretação da falência se todos os credores foram
pagos e eles serão pagos na mesma ordem do art. 83.
Art. 153. Pagos todos os credores, o saldo, se existir, será entregue ao falido.
Este dispositivo comprova que a falência não se confunde com insolvência
econômica. Para ser considerado falido no Brasil, o critério é a insolvência jurídica,
conforme definida no art. 94 da LRF.
1.1. Leilão: mais conhecido como praça, marca-se data, hora e local para quem
quiser participar oferecer lances orais para aquisição do bem. Quem oferecer o maior
lance, adquire o bem. Para fazer o leilão, é necessária a presença de um leiloeiro,
porque o art. 142, §3º, da LRF manda aplicar subsidiariamente o disposto no CPC/15,
o que representa um custo extra para a massa falida.
1.2. Propostas fechadas: convenciona-se data, hora e local para que as pessoas
interessadas possam encaminhar para o cartório onde se processa a falência propostas
lacradas com um valor para aquisição do bem. Em outro dia, hora e local, o juiz do
processo marca um ato solene em que os envelopes serão abertos para análise das
propostas. O que oferecer a maior proposta, vence. Aqui não há leiloeiro, com menos
custos para a massa falida. Em compensação, não há aquela disputa por preços.
ENCERRAMENTO DA FALÊNCIA
Com base nesse relatório final, o juiz encerrará a falência por meio de outra
sentença (art. 156). Essa sentença consolida, homologa esse relatório final
apresentado pelo administrador. Portanto, o processo de falência se encerra não com
o pagamento de todos os credores, mas sim com a total alienação dos bens
arrecadados, ou seja, com a realização do ativo.
que faltar para atingir esse percentual se a liquidação do ativo não foi
suficiente – é como se a lei concedesse um perdão da dívida restante.
Decurso do prazo de 5 anos, contados do encerramento da falência, se
não há crime falimentar;
Decurso do prazo de 10 anos, contados do encerramento da falência,
se há crime falimentar.
Obs. 1. Muito se discute a natureza desse prazo, uma vez que seu decurso
importa na extinção das obrigações do falido. Por isso, a doutrina majoritária
considera se tratar de prazo decadencial. Contudo, há quem considere se tratar de
prazo prescricional.
Obs. 2. O crédito tributário não se submete, de acordo com os arts. 186 e 187
do CTN, aos efeitos da falência e sua extinção só é possível com a sua quitação. Logo,
questiona-se se o decurso do prazo de 5 ou 10 anos importaria na extinção das
obrigações tributárias do falido ou dependeria da prova da quitação das obrigações
tributárias. Majoritariamente, incluído aqui o STJ, tem-se entendido ser necessário o
adimplemento do crédito tributário para a extinção completa das obrigações do falido,
ainda que já tenha se operado a prescrição para cobrança do crédito tributário, diante
do fato de que o artigo do CTN fala em “quitação”, o que pressupõe pagamento do
crédito e não qualquer forma de extinção. Esse entendimento do STJ é criticado, uma
vez que, por via transversa, considera imprescritível o crédito tributário.
Ex. Sociedade empresária cuja falência foi encerrada e cujas obrigações foram
declaradas extintas: a) ainda existe? b) pode voltar a exercer sua atividade?
Sérgio Campinho diz que isso é impossível, uma vez que a falência é causa de
dissolução da sociedade. Portanto, encerrado o processo de falência e extintas suas
obrigações, não há mais personalidade jurídica. Fábio Ulhôa Coelho, por outro lado,
diz que a falência dá início à dissolução, mas a sociedade pode, uma vez extintas suas
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obrigações, voltar e reverter a sua dissolução, caso em que poderá retornar a exercer
suas atividades. Essa posição do Ulhôa foi acolhida pelo TJSP, AC 0123776-
62.2008.8.26.0000, ao argumento de que a dissolução é um procedimento que pode
ser interrompido quando, extintas as obrigações, a sociedade opta por continuar suas
atividades.
CONCEITO
COMPOSIÇÃO
Obs. Embora a fixação de taxa de juros seja competência do CMN, ele deixa
isso livre para a fixação pelo mercado. Logo, as instituições financeiras poderão
praticar os juros que entenderem convenientes, pois não se submetem à Lei de Usura
(Súmula 578). Registre-se, porém, que o STJ já pacificou o entendimento de que deve
ser respeitada a taxa média do mercado.
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O BACEN é o Banco dos bancos, porque ele não se relaciona com o público
(ninguém tem conta, ninguém toma crédito junto ao BACEN), mas somente com as
demais instituições financeiras públicas e privadas. Em um determinado período,
embora não tivesse relação direta com o público, ao BACEN foi atribuída a função
de guarda dos valores da poupança popular, qual seja quando houve o confisco dos
valores da poupança dos bancos comerciais nos Planos Collor I e II e remessa ao
BACEN. Os valores que foram confiscados depois seriam restituídos
parceladamente, contudo, havia uma defasagem econômica. Surge, portanto, a
discussão de quem seria responsável pelos expurgos inflacionários, ou seja, pela
correção dos valores que estavam depositados, durante esse período.
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Assim, podemos concluir que a LC 105, ao incluir tais figuras no rol, o faz
somente para os fins de aplicação daquela lei, ou seja, para que elas se submetem
ao sigilo bancário, sem que isso, por si só, as caracterize como instituições financeiras.
As caixas econômicas exercem uma função social, têm uma atuação mais
voltada para o atendimento das demandas sociais, pois fomentam a poupança
popular, bem como concedem créditos a juros mais baixos, subsidiados pelo governo,
ex. Caixa Econômica Federal.
INTRODUÇÃO
Fábio Ulhôa Coelho entende que, uma vez verificada a situação de crise da
instituição financeira, nos termos do art. 94 da LRF, qualquer credor pode requerer
diretamente a sua falência, independentemente da natureza da instituição financeira e
da redação do art. 2º, I, da LRF.
entrarem em crise financeira, a União terá que injetar dinheiro para salvar ou, no
máximo, se fará uma liquidação ordinária em que caberá a União pagar aos credores.
Nesses casos, é o Estado que garante a solvência dos créditos. Ademais, as empresas
estatais são criadas mediante prévia autorização legislativa e, logo, para extingui-las,
há de se aplicar o princípio do paralelismo das formas, a demandar autorização
legislativa para tal (e a falência é uma forma de dissolução judicial que não envolve a
atuação do Poder Legislativo, o que caracterizaria violação ao princípio da separação
de poderes). Como último argumento, vimos que normalmente é o chefe do
Executivo federal que nomeia os administradores destas instituições financeiras, já
que funcionam como instrumento da política do governo, com base em uma relação
de confiança. A nomeação de um administrador judicial, no curso do processo
falimentar, para gerir o patrimônio representaria uma ingerência indevida do Poder
Judiciário no Executivo, em ofensa à separação de poderes.
INTERVENÇÃO
CONCEITO
LEGITIMIDADE PASSIVA
(b) Outras sociedades que tenham algum vínculo com a instituição financeira
sujeita à intervenção: o BACEN poderá estender essa intervenção, o que
se chama de intervenção por integração de atividade ou por vínculo
de interesse, na forma do art. 51 da Lei 6.024. A integração por atividade
se dará quando a sociedade à qual será estendida a intervenção for devedora
da instituição financeira. Já o vínculo de interesse é verificado quando a
sociedade à qual será estendida a intervenção tiver sócios ou acionistas que
detenham mais de 10% do capital da instituição financeira ou tiver cônjuge
ou parentes de até 2º grau de algum administrador, membro do conselho
fiscal ou sócio controlador da instituição financeira. Se esse vínculo trouxer
algum perigo para a poupança popular ou para o acervo patrimonial da
instituição financeira sob intervenção, poderá o BACEN promover essa
intervenção por extensão.
CAUSAS DE INTERVENÇÃO
EFEITOS DA INTERVENÇÃO
PROCEDIMENTO
O RAET não tem prazo definido em lei. O BACEN é que definirá, ao decretar
o regime, seu prazo máximo que será prorrogável uma única vez no máximo por igual
período.
LIQUIDAÇÃO EXTRAJUDICIAL
CONCEITO
Esse sistema terá aplicação para as instituições financeiras sejam elas privadas
ou públicas não federais (sendo federal, caberá ao Poder Executivo tomar as
providências para sanar a crise ou encerrar as atividades). Esse sistema também se
aplica para as cooperativas de crédito, as sociedades administradoras de consórcio
(hoje, integram o SFN, n.f. do art. 39 da Lei 11.795/08 e, por isso, se submetem à Lei
6.024), as operadoras de plano de saúde (a legislação específica – art. 24, d, da Lei
9.656/98 – remete para o procedimento da Lei 6.024).
HIPÓTESES
c) quando a instituição sofrer prejuízo que sujeite a risco anormal seus credores
quirografários;
É um juízo de valor que será feito pelo próprio BACEN. Se ele entender que
a instituição financeira está praticando atos que sujeitam a risco anormal seus credores
quirográfarios, pode dar início à liquidação extrajudicial.
[DIREITO EMPRESARIAL] EMERJ - CPV
EFEITOS
A 2ª parte do art. 18, a, da Lei 6.024 impede que sejam ajuizadas novas ações
ou execuções. Há uma precipitação do legislador, pois haverá um momento em que,
durante o procedimento de liquidação, se abrirá oportunidade para que alguns
credores possam promover ações ou execuções em face da instituição financeira (art.
27 da Lei) ou até mesmo continuar nas ações ou execuções suspensas.
3º. Não atendimento das cláusulas penais dos contratos unilaterais vencidos
em virtude da decretação da liquidação extrajudicial – esta alínea abrange dois efeitos:
(a) vencimento dos contratos unilaterais, ou seja, se impõe a rescisão dos contratos
unilaterais, não havendo que se indagar pela sua continuação; (b) não atendimento
das cláusulas penais, ou seja, a instituição financeira está exonerada de eventuais
multas decorrentes da rescisão do contrato.
4º. Não fluência de juros, mesmo que estipulados contra a massa, enquanto
não integralmente pago o passivo – é a mesma previsão contida no art. 124 da Lei
11.101/05, ou seja, não se admite fluência de juros desde a decretação da liquidação
extrajudicial até o pagamento de todos os outros credores, seguida a mesma ordem
do art. 83 da Lei 11.101/05, devido à sua aplicação subsidiária (art. 34 da Lei 6.024 e
197 da Lei 11.101/05). Aplicam-se também as exceções do art. 124.
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Há ainda três outros efeitos que não estão no art. 18 da Lei 6.024:
PROCEDIMENTO
À vista desse relatório, o liquidante poderá pedir ao BACEN que (art. 21):
No fim das contas, não é correto dizer que instituição financeira não pode
falir. Ela pode, mas somente na hipótese expressamente prevista em lei, ou seja, na
forma do art. 21, b, da Lei 11.101.
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Julgados todos os recursos pelo BACEN, há uma nova definição de quais são
os credores. O art. 27 dispõe que aqueles credores que se julgaram prejudicados pelo
não provimento do recurso interposto (art. 24) ou pela decisão proferida na
impugnação (art. 26) poderão prosseguir nas ações que tenham sido suspensas, na
forma do art. 18, ou propor as que couberem, dando ciência do fato ao liquidante
para que este reserve fundos suficientes à eventual satisfação dos respectivos pedidos.
Exige-se que o credor tenha atuado na fase de apuração dos créditos por meio
da interposição de recurso – art. 24 – ou impugnação – art. 26 – e não tenha
tido êxito para que ele possa seguir as vias judiciais. Trata-se de um bônus, na
medida em que a decisão final quanto ao crédito, nesse caso, não será do BACEN,
mas do Judiciário.
APURAÇÃO DE RESPONSABILIDADES
NATUREZA DA RESPONSABILIDADE
Ainda que haja presunção de solidariedade, não se dispensa a prova da culpa do agente
(REsp 962.265). Como na maioria dos casos, se constatou que os administradores
realmente agiam em detrimento da instituição, o STJ estabeleceu a possibilidade de
inversão do ônus da prova, cabendo, então, ao administrador a prova de que não
agiu com culpa.
Em seu art. 1º, a Lei 9.447/97 afirma que a responsabilidade dos controladores
é solidária, fazendo remissão ao art. 15 do Decreto-Lei 2321/87. Tal dispositivo diz
que a responsabilidade é objetiva, independentemente da apuração de dolo ou culpa.
Isso é aplicado na intervenção, no RAET e na liquidação extrajudicial.
Pessoas Indivíduo
Administradores Responsabilidade
solidária e subjetiva (com
inversão do ônus da
prova)
Controladores Responsabilidade
solidária e objetiva
Ex-administradores Responsabilidade
solidária e objetiva
INQUÉRITO ADMINISTRATIVO
O art. 42 estabelece que o BACEN ter que abrir prazo para defesa dos
investigados, assegurado, portanto, o contraditório e a ampla defesa.
O juiz, então, fará vista ao órgão do MP para que este, em 8 dias, requeira por
arresto a indisponibilidade dos bens dos ex-administradores que não haviam sido
atingidos pelo art. 36 (conforme necessário para a efetivação da responsabilidade),
sob pena de responsabilidade funcional. Registre-se que os administradores em gestão
e os dos 12 meses anteriores à decretação do regime especial já estavam com seus
bens indisponíveis por conta do art. 36. Isso também se aplica aos controladores por
conta da Lei 9.447.
Ocorre que a redação do art. 46, p.ú, se comparada com a redação do art. 48,
cria uma verdadeira contradição. Esta questão foi resolvida. A Lei 9.447, no seu art.
7º, dispõe que o MP não fica restrito às hipóteses do art. 46, p.ú. Tanto é que o
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