Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
FACULDADE DE DIREITO
CURSO DE DIREITO
NAMPULA
2019
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE
FACULDADE DE DIREITO
CURSO DE DIREITO
Trabalho de carácter
avaliativo, a entregue ao
Docente: Dr. Barbosa
Morais
NAMPULA
2019
LISTA DE ABREVIATURAS
Art – Artigo
Nº - Número
I
ÍNDICE
LISTA DE ABREVIATURAS ........................................................................................................ I
INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 1
CONCLUSÃO ................................................................................................................................ 7
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................................ 8
INTRODUÇÃO
O presente tema” implicações da quebra do sigilo bancário no âmbito do branqueamento
de capitais, segredo bancário imposto, qual o seu objecto, quem a ele estará vinculado, quais as
suas excepções, quais as consequências as implicações da sua violação e quais os pressupostos
para que a sua quebra seja possível,
Vê-se que se retrata sobre um tipo de crime em que o legislador tem apostado ao longo
das décadas na prevenção e repressão, mas cujos resultados não têm sido de todo animadores
dado que no panorama de crescente globalização da economia, com transacções internacionais
que se densificam e se interpenetram, aos quais se aliam outros factores como o sigilo bancário
absoluto de certos ordenamento jurídicos, não raras vezes – melhor dizendo, na maioria das
vezes- contribuem para que se perca o rasto dos fundos ilícitos. Interessa-nos essencialmente,
neste trabalho, procurar indagar quais as implicações que advêm ao nível da responsabilidade
dos bancos na quebra do sigilo bancário no âmbito do branqueamento de capitas.
Pese embora a dignidade da pessoa humana é pedra angular das sociedades democráticas.
Contudo, face a crimes verdadeiramente substanciais, e para que tal democraticidade se efective,
será pertinente realizar uma análise ponderada entre os direitos, liberdades e garantias que ao
cidadão assistem e questões de carácter público que se lhe impõem na quebra deste sigilo.
1
1. SIGILO OU SEGREDO BANCÁRIO
Não pretendendo ir ao encontro de uma evolução histórica, merece, no entanto, destaque
o facto de o segredo bancário ter andado, simbolicamente, ligado à profissão do Banqueiro,
desde os tempos da antiga Babilónia – ainda num estado muito embrionário, com contornos
muito ténues, mas que mesmo assim se impôs nos usos da banca -, passando pelo surgimento das
Instituições Bancárias formais no séc. XVI (o segredo passou a constar em textos estatutários e
em cláusulas contratuais gerais) e chegando, finalmente, aos nossos dias, onde em muitos
ordenamentos jurídicos se enveredou pela consagração legal do dever de segredo das instituições
bancárias1
No mesmo sentido, do que ora afirmarmos, vai o Prof. Doutor MENEZES CORDEIRO
quando afirma que “A regra do sigilo profissional corresponde a uma concretização da tutela da
confiança.” O segredo relaciona-se com um dever de non facere: a conduta proibida é a de
revelar ou utilizar a informação por aquela abrangida. Se revelar se identifica com o ato de
transmitir ou divulgar a terceiro, utilizar parece pressupor um proveito próprio do sujeito passivo
do dever, contraposto à vontade e interesse do titular do segredo.2
1
COVELLO, Sérgio Carlos. - O sigilo bancário. 2.ª Edição. rev. e atual. São Paulo: Livraria e Editora Universitária
de Direito, 2001, pag 635
2
CORDEIRO, António Menezes. - Manual de Direito Bancário. 2ª.Edição. Lisboa: Almedina, 2001, pág. 354.
2
acesso aos segredos da profissão. Por outro lado, o também aumento do número de clientes
potencia um “ambiente de descuido e de desconsideração pela pessoa de cada um”.3
3. BRANQUEAMENTO DE CAPITAS
No que à fenomenologia respeita, cabe salientar que o branqueamento de capitais anda,
simbolicamente, ligado ao crime organizado. Aliás, a projecção do fenómeno de branqueamento
deu-se, inicialmente, com a sua estrita ligação ao tráfico de droga.
3
CORDEIRO, António Menezes, Manual de Direito Bancário, 3.ª edição, Almedina, Coimbra, 2008, pág. 253
4
CAMPOS, Diogo Leite, et al. - SIGILO BANCÁRIO. Lisboa: Instituto de Direito Bancário, Edições Cosmos,
1997, pág. 465
5
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, lei n 14/2013 de 12 de agosto, Maputo, 2013 artigo 1º.
3
qualquer actividade financeira ou económica efectuada intencionalmente com o objectivo de
branquear e/ou ocultar o produto de actividades ilegais.
6
CORDEIRO, António Menezes. - Manual de Direito Bancário. 2ª.Edição. Lisboa: Almedina, 2001, pág. 776
7
BRANDÃO, Nuno – Branqueamento de Capitais: O Sistema Comunitário de Prevenção. Coimbra: Coimbra
Editora, 2002, pág. 653
4
4.1. Implicações positivas
Parte da nossa doutrina chega ao mesmo resultado que o legislador através das regras
gerais. Ou seja, a quebra do sigilo deve-se considerar justificada, em face do cumprimento dos
deveres legais impostos pela lei do branqueamento.
Este ponto do nosso estudo, verificamos que o levantamento do segredo bancário, quando
se está perante indícios ou suspeita da prática do crime de branqueamento de capitais,
excepcionalmente, que o sigilo bancário pode ser afastado quando “exista outra disposição legal
que expressamente limite o dever de segredo.8
8
CORDEIRO, António Menezes – Manual de Direito Bancário. Coimbra: Almedina. 4ª edição, 2012, pag 987
5
ponderação dos direitos em colisão, violando desta forma os princípios constitucionalmente
consagrado.
9
CORDEIRO, António Menezes – Manual de Direito Bancário. Coimbra: Almedina. 4ª edição, 2012, pag. 345.
10
CORDEIRO, António Menezes. - Manual de Direito Bancário. 2ª.Edição. Lisboa: Almedina, 200, pág. 544.
6
CONCLUSÃO
Conclui-se que o fenómeno do Branqueamento de capitais apresenta-se como um dos
mais graves problemas com que a comunidade internacional se depara já a algumas décadas. Os
caminhos escolhidos para o combater centram-se na sua prevenção e repressão, contudo os
resultados não denotaram quaisquer melhoras, o que se deve, em parte, à crescente globalização
da economia com um acréscimo de operações comerciais, muitas delas sujeitas ao sigilo bancário
e, ainda, ao facto de, a maioria das acções de branqueamento de capitais serem protagonizadas
por poderosas organizações criminosas, dotadas de meios muito mais sofisticados que os Estados
que os pretendem combater – o que lhes permite contornarem as medidas de detectação de
operações ilícitas criadas pelos Estados. E não é difícil, com meios adequados, escaparem a
medidas de controlo porquanto o leque das formas de branqueamento é alargado, por isso
comparámos este fenómeno à figura mitológica Hidra.
O Segredo bancário não é um direito absoluto, antes pode sofrer restrições impostas pela
necessidade de salvaguardar outros direitos ou interesses constitucionalmente protegidos. Na
verdade, a tutela de certos valores constitucionalmente protegidos pode tornar necessário, em
certos casos, o acesso aos dados e informações que os bancos possuem relativamente às suas
relações com os clientes.
7
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Legislação
Doutrina
CAMPOS, Diogo Leite, et al., Sigilo Bancário. Lisboa: Instituto de Direito Bancário,
Edições Cosmos, 1997
COVELLO, Sérgio Carlos, O sigilo bancário. 2.ª Edição. rev. e atual. São Paulo: Livraria
e Editora Universitária de Direito, 2001.