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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE HUMANIDADES
DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
CURSO DE PSICOLOGIA
ESTUDOS E PESQUISAS SOBRE DROGAS
PROFESSOR: RICARDO PIMENTEL MÉLLO

NATHANAEL DO NASCIMENTO RODRIGUES

RESENHA DO TEXTO “O PREÇO DA ABSTINÊNCIA: OFERTA DE VALE-


COMPRAS AJUDA DEPENDENTES DE CRACK A EVITAR O CONSUMO DA
DROGA” DE RICARDO ZORZETTO

FORTALEZA
JUNHO/2019
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ZORZETTO, R. O preço da abstinência: oferta de vale-compras ajuda dependentes de


crack a evitar o consumo da droga. Revista Pesquisa FAPESP, nº 250, dez./2016, p. 43-
49.

O texto começa falando sobre o psicólogo André Constantino Miguel propondo a uma equipe
da Unifesp a avaliação de uma técnica motivacional chamada manejo de contigências para o
tratamento da “dependência” de crack, definindo-a como a oferta de uma recompensa quando
uma pessoa exige um comportamento considerado desejável, baseado no trabalho de B. F.
Skinner.
Porém, o oferecimento de uma recompensa para um comportamento desejável, sem a análise
de quais foram as consequências daquele comportamento anteriormente para o sujeito, e em
que condições durante a história de vida do sujeito aquelas consequências aconteceram, pode
causar o aumento da frequência do comportamento desejável apenas em determinadas
condições, ou o aumento da frequência de outros comportamentos relacionados ao
comportamento desejável.
Em seguida, afirma que o “dependente” que consegue passar um tempo sem consumir a droga
recebe um incentivo, que varia de vale-compras até dinheiro propriamente dito com esta
técnica. Entretanto, em momento posterior, é indicado que estudos de meta-análise sobre
manejo de contingências apontam para a volta do uso da droga por parte de dois terços das
pessoas. Isso explica-se pois, finalizada a intervenção, aquela consequência agradável para
comportamentos concorrentes ao uso da droga é suspensa, e com o passar do tempo, o sujeito
volta a apresentar o comportamento que, naquelas condições, ele realizava, ou seja, ele volta
ao uso da droga.
Discorre então que, entre 2012 e 2014, Miguel convidou 65 usuários de crack encaminhados
para tratamento no ambulatório médico de especialidades (AME) psiquiátricas da Vila Maria,
em São Paulo, a participar de um experimento para avaliar a eficácia do manejo de
contingências. Um grupo controle, selecionado aleatoriamente, composto de 32 usuários,
receberam por 12 semanas o tratamento padrão do ambulatório.
O manejo de contigências era aplicado no grupo experimental, composto pelos outros 33
usuários, além do tratamento padrão do ambulatório, em que estes eram testados para cocaína
e maconha em suas urinas e álcool através do bafômetro, recebendo vale-compras para
exames negativos de cocaína, e adicionais para exames negativos de maconha e álcool. No
caso de uma recaída, deixava de receber no teste positivo até um novo teste negativo.
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Do grupo experimental, sete ficaram as doze semanas abstêmias do uso de crack, e o grupo
experimental tendeu a um consumo menor de álcool e maconha, enquanto a abstinência não
foi alcançada pelo grupo controle. Seis meses após o fim do experimento, foi oferecido ao
grupo controle a possibilidade de serem submetidas ao manejo de contingências, em que uma
proporção similar se mantiveram abstêmias. Porém, também é apontado, posteriormente, que
30% das pessoas submetidas ao manejo de contingências não entregaram uma amostra de
urina livre de cocaína. Uma explicação possível para três em cada dez das pessoas submetidas
ao manejo de contingências não entregar uma amostra de urina livre de cocaína está em uma
tentativa de recompensar alguém para que não apresente um comportamento, sem indicativo
explícito de qual o comportamento desejável. Outra falha metodológica é que mesmo um teste
positivo para cocaína no corpo não indica uma ausência de tentativa de abstinência, já que
pode ser possível que a concentração tenha diminuído, indicando uma diminuição do uso da
droga.
Em seguida, o texto discorre sobre a Cracolândia, em São Paulo, como berço do crack no
Brasil, e sobre o funcionamento da cocaína no organismo, e as diferenças entre o seu uso
aspirado, na forma de pó, e fumado, na forma de pedra, utilizando uma explicação médico-
biológica para o uso abusivo da substância. Porém, o uso de drogas, como diversos outros de
nossos comportamentos, possui inúmeros fatores além do biológico. Fatores sociais,
econômicos e psicológicos afetam o uso de drogas, e quando foca-se apenas em um destes
fatores para a explicação deste fenômeno, é provável que qualquer intervenção originária
desta explicação esteja propensa a falhar, visto que outros fatores estão sendo ignorados.
Então, o texto fala sobre a presença de dois projetos na Cracolândia: o Recomeço, do governo
estadual, e o De Braços Abertos, da prefeitura. O primeiro, baseado em internação e no
modelo de abstinência, recebe pacientes que passaram anteriormente pelo Centro de
Referência de Tabaco, Álcool e Outras Drogas (Cratod), que além da internação, também
oferece encaminhamento para comunidades terapêuticas. A internação, seja em um
ambulatório, seja em comunidades terapêuticas, configura-se na retirada da pessoa das
condições em que este utilizava de drogas, até que passem os sintomas do não uso daquela
droga. Então, a pessoa é, muitas vezes, devolvida para o contexto em que aquele
comportamento se apresentou durante a história de vida do sujeito, de maneira que uma
recaída é provável, visto que os sintomas foram tratados, mas o problema permanece.
O segundo, pensado com o princípio da redução de danos como norte, parte da concepção de
que o uso abusivo de crack é consequência da miséria e da exclusão social. Dessa maneira, o
De Braços Abertos oferece alimentação, abrigo, segurança e capacitação. Segundo o texto,
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um levantamento do próprio programa apontou que a grande maioria dos participantes


reduziu o uso do crack, assim como de outras drogas e iniciado o tratamento de problemas de
saúde, e metade havia retomado o contato com familiares.
O texto, ao final, justifica que nenhuma estratégia alcança índices elevados de sucesso, em
especial se aplicada sozinha. Mas ele faz essa afirmação baseando a concepção de sucesso da
estratégia como a abstinência. Observando o De Braços Abertos pelo olhar da redução de
danos, os índices levantados parecem apontar para um sucesso. Por fim, levanta que se deve
utilizar de múltiplas abordagens para a sua eficácia e para a produção de efeitos duradouros.

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