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1.

A compatibilidade da ordem e da justiça

Segundo Bull, a justiça só pode acontecer dentro de um contexto de ordem, e é a


sociedade internacional que pode ser considerada como precursora do igual acesso aos
direitos de vários tipos. Por meio de órgãos quase universais, como a ONU, a sociedade
internacional está comprometida formalmente com muito mais do que apenas a preservação
ou coexistência. Seu compromisso também é com ideias de justiça entre os estados, ou justiça
internacional, e de justiça individual, ou justiça humana, mas seu ponto principal é o objetivo
de se atingir e defender uma justiça mundial. Um exemplo desta prática seria a defesa da
transferência de recursos de países ricos para países pobres.

As demandas por uma justiça mundial são inerentemente revolucionárias e implicam


na transformação do sistema e da sociedade de estados, pois tais ideias só são realizáveis no
contexto de uma sociedade mundial ou cosmopolita. Em última análise, justiça mundial e
ordem mundial podem ser conciliadas no sentido de que é possível ter a visão de um mundo
ou uma sociedade cosmopolita que assegure os objetivos acima citados. Por tanto, buscar a
justiça mundial no contexto do sistema e da sociedade de estados é entrar em conflito com os
mecanismos que mantêm a ordem em nossos dias.

O quadro de ordem internacional também não é favorável às demandas pela justiça


humana, que representa um ingrediente muito poderoso da política mundial. A sociedade
internacional reconhece a noção dos deveres e direitos humanos que podem ser levantados
contra o estado a que um indivíduo pertence, mas se sente inibida de implementá-la, fazendo-
o apenas de forma seletiva e distorcida. No entanto, Hedley Bull reafirma que, se a sociedade
internacional reconhecesse a justiça humana como primordial, e a coexistência dos estados
como secundária – o que seria a inversão de prioridades da Carta das Nações Unidas – o
resultado só poderia ser a corrosão da ordem internacional. Logo, podemos observar que a
justiça humana tem prioridade à ordem internacional.

Um obstáculo apresentado pelo autor à realização da justiça humana é que a ordem


mundial não proporciona nenhuma proteção geral e abrangente dos direitos humanos, mas
somente uma proteção seletiva, determinada não pelos méritos de cada caso, senão pelas
variáveis circunstâncias da política internacional.
1.1 A questão da prioridade

O autor inglês questiona sobre quais seriam os efeitos das tentativas de promover as várias
noções de justiça sobre a ordem mundial e na justiça mundial, e também sobre qual deveria
ser a prioridade entre as tais. Bull afirma existirem três doutrinas a serem consideradas neste
ponto. A primeira é que há uma visão conservadora e ortodoxa que reconhece a existência na
política mundial de um conflito entre os valores da ordem e da justiça, e atribui à ordem a
procedência da justiça. A segunda é que há uma perspectiva revolucionária, baseada também
na perspectiva de que existe um conflito permanente entre o quadro vigente na ordem
internacional e a realização do ideal de justiça, mas considera o último como um valor
supremo: que se faça justiça, ainda que o mundo pereça. Nesta doutrina se encaixam os países
africanos negros, os bolchevistas e comunistas chineses, por exemplo, que invertem a ordem
de prioridade da Carta das Nações Unidas, colocando os direitos humanos e a paz acima da
segurança e ordem internacional. E a terceira, mas não menos importante, é que há a posição
progressista ou liberal, que sempre representou uma matriz importante no pensamento sobe a
política externa no Ocidente. Sem negá-la completamente, reluta em aceitar a ideia de que
haja um conflito na política mundial entre a ordem e a justiça, e mantém-se sempre em busca
de modos de conciliar esses valores.

O autor recomenda que, para ser duradouro, o regime que proporciona a ordem mundial
precisa responder às por mudanças justas e que, da mesma forma, a exigência de mudanças
justas precisará levar em conta a manutenção da ordem internacional. Não é que há
incompatibilidade geral entre a ordem e a justiça, mas há incompatibilidade entre as regras e
instituições que sustentam atualmente a ordem dentro da sociedade dos estados e as
exigências de uma justiça mundial, que implicam a destruição. Por tanto, as regras de
seletividade só podem satisfazer de forma limitada aos objetivos de ordem e justiça mundiais.

A ordem existente é considerada valiosa, pois a importância da paz é derivativa: sua


importância existe porque a dignidade e o valor da pessoa humana são valores importantes.
Uma ordem mundial resistente pode suportar os ataques violentos realizados em nome da
justiça, como foi a luta para se atingir a paz nuclear que temos nos dias atuais, que tornou o
mundo seguro para que haja guerras justas de liberação nacional ocorridas em nível sub-
nuclear. A paz internacional tornou o mundo para a violência civil justa em nível doméstico,
sendo a própria luta por uma mudança justa que criou um consenso favorável, antes
inexistente, como as guerras anticolonização. Muitas atrocidades cometidas pelo homem
foram antes aceitas pela sociedade, e as revoluções e movimentos sociais foram os
responsáveis pelo novo pensamento da sociedade. Em lutas justas, a sociedade internacional
aceita o uso da violência contra tais abusos e atentados contra à justiça humana.

A ordem internacional é uma condição necessária para a justiça ou igualdade entre estados
e nações. Fora deste contexto, não pode haver direitos iguais dos estados à sua independência,
ou o direito das nações de se auto-governarem. Assim, a ordem mundial é a condição básica
para se alcançar os objetivos da justiça humana ou cosmopolita. Se não houver o mínimo de
segurança contra a violência, os objetivos da justiça política, econômica e social para
indivíduos (ou distribuição justa de ônus com relação ao bem comum mundial) não podem
fazer sentido algum.

Do ponto de vista do defensor da ordem, a ordem existente é moralmente satisfatória, ou


não é suficientemente insatisfatória para justificar uma turbulência nessa ordem. Logo, a
questão ordem versus justiça será sempre considerada pelas partes interessadas em relação ao
mérito de casos particulares. Desta forma, mesmo que a ordem na política mundial seja
valiosa e constitua condição para a existência de outros valores, não deve ser considerada um
valor supremo, e demonstrar que uma determinada política ou instituição conduz à ordem não
garante que ela seja desejável ou que deva ser seguida.

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