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O autor inglês questiona sobre quais seriam os efeitos das tentativas de promover as várias
noções de justiça sobre a ordem mundial e na justiça mundial, e também sobre qual deveria
ser a prioridade entre as tais. Bull afirma existirem três doutrinas a serem consideradas neste
ponto. A primeira é que há uma visão conservadora e ortodoxa que reconhece a existência na
política mundial de um conflito entre os valores da ordem e da justiça, e atribui à ordem a
procedência da justiça. A segunda é que há uma perspectiva revolucionária, baseada também
na perspectiva de que existe um conflito permanente entre o quadro vigente na ordem
internacional e a realização do ideal de justiça, mas considera o último como um valor
supremo: que se faça justiça, ainda que o mundo pereça. Nesta doutrina se encaixam os países
africanos negros, os bolchevistas e comunistas chineses, por exemplo, que invertem a ordem
de prioridade da Carta das Nações Unidas, colocando os direitos humanos e a paz acima da
segurança e ordem internacional. E a terceira, mas não menos importante, é que há a posição
progressista ou liberal, que sempre representou uma matriz importante no pensamento sobe a
política externa no Ocidente. Sem negá-la completamente, reluta em aceitar a ideia de que
haja um conflito na política mundial entre a ordem e a justiça, e mantém-se sempre em busca
de modos de conciliar esses valores.
O autor recomenda que, para ser duradouro, o regime que proporciona a ordem mundial
precisa responder às por mudanças justas e que, da mesma forma, a exigência de mudanças
justas precisará levar em conta a manutenção da ordem internacional. Não é que há
incompatibilidade geral entre a ordem e a justiça, mas há incompatibilidade entre as regras e
instituições que sustentam atualmente a ordem dentro da sociedade dos estados e as
exigências de uma justiça mundial, que implicam a destruição. Por tanto, as regras de
seletividade só podem satisfazer de forma limitada aos objetivos de ordem e justiça mundiais.
A ordem internacional é uma condição necessária para a justiça ou igualdade entre estados
e nações. Fora deste contexto, não pode haver direitos iguais dos estados à sua independência,
ou o direito das nações de se auto-governarem. Assim, a ordem mundial é a condição básica
para se alcançar os objetivos da justiça humana ou cosmopolita. Se não houver o mínimo de
segurança contra a violência, os objetivos da justiça política, econômica e social para
indivíduos (ou distribuição justa de ônus com relação ao bem comum mundial) não podem
fazer sentido algum.