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Vivendo na Suíça, o antropólogo e conservacionista canadense Jeremy Narby deu
recentemente uma contribuição revolucionária para a integração entre a
compreensão cientíᴀ밄ca da ayahuasca e o modo xamanístico deste conhecimento
(Narby, 1998). Na obra The Cosmic Serpent
[http://web.archive.org/web/20150314235013/http://www.amazon.com/The-Cosmic-
Serpent-Origins-Knowledge/dp/0874779642] , o autor narra como suas experiências
com os xamãs da tribo Ashininca da ᴀ밄oresta amazonica peruana levaram-no a
reexaminar os fundamentos da biologia molecular, até chegar a uma hipótese que
reconcilia os ensinamentos dos ayahuasqueiros com as descobertas da ciência
moderna. Narby estava ciente do conᴀ밄ito irreconciliável entre a visão de mundo
xamanística, segundo a qual pode-se obter um saber seguro e aplicável para a cura a
partir das visões induzidas pela ingestão de plantas alucinógenas, e a concepção
cientíᴀ밄ca, para a qual as visões da ayahuasca não passam de simples alucinações
causadas pelas toxinas das plantas. Não se dando por satisfeito, ele iniciou uma
jornada visando uma reconciliação destas duas perspectivas aparentemente
contraditórias, e decidiu levar a sério os ayahuasqueiros, movido pela convicção de
que seria possível estabelecer um conhecimento medicinal válido a partir das plantas
mestres. Esta decisão ganhou força por suas próprias experiências com a ayahuasca.
Ele praticou o método do empirismo radical, uma vez que sua própria experiência
tornou-se a base de uma busca pelo conhecimento; até porque ele nunca excluiu a
experiência, temendo que ela pudesse não se encaixar nas teorias prevalecentes.
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22/10/2016 A Serpente Cósmica e o DNA
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O uso das imagens das serpentes não se dá apenas entre os xamãs amazônicos, mas
por quase todo o mundo. Elas são utilizadas na Ásia, no Mediterrâneo e na Austrália
para efetivar a representação da força básica da vida, sobretudo porque a sabedoria
da serpente é tida como a fonte do conhecimento. A imagem da serpente é vista
frequentemente como um elo de ligação entre o céu e a terra; sob esta mesma visão,
encontra-se também a imagem da cobra associada com diferentes ideias de
ascensão. Seguindo o texto de Narby, ele nos diz que “na literatura da biologia
molecular, a forma do DNA não se restringe a ser descrita através de uma analogia
com duas serpentes gêmeas, uma vez que ela, é comparada mais precisamente com
uma corda ou um cipó, ou mesmo com uma escada.” (p. 93).
Sabe-se que o DNA é o código molecular usado para toda a vida deste planeta, quer
seja animal, vegetal, ou humana. Ele está presente em cada uma das células de todos
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22/10/2016 A Serpente Cósmica e o DNA
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Juan Carlos Tamanchi
Sua descrição biológica da molécula do DNA expõe com brilhantismo muitos aspectos
que correspondem aos insights dos xamãs; mesmo porque, como eles mesmos
dizem, a origem de tais insights está nas suas visões das serpentes e na sua mitologia
das serpentes cósmicas.
Se alguém esticasse o DNA contido no núcleo de uma célula humana, seriam obtidos
somente dez átomos ao largo de 1.80m de ᴀ밄o…
O DNA de uma pessoa é tão longo que poderia rodear a Terra cinco milhões de vezes;
isto é análogo ao que se diz a respeito das serpentes que rodeiam o mundo! (pp.
87~88).
Afora isso, o código molecular do DNA tem se mantido inalterado desde o início da
vida deste planeta, pois somente a arrumação das “letras” deste código é que vai
mudando conforme a evolução das diferentes espécies. “Tal como as serpentes
míticas, o DNA se apresenta como o mestre da transformação. Todas as informações
que existem nas células do DNA são feitas do ar que respiramos, da paisagem que
vemos, e da vasta diversidade de seres vivos dos quais fazemos parte.” (p. 92). Narby
chega a dizer que a serpente dupla do DNA é que constitui de fato a fonte do
conhecimento, quer seja adquirido por meio da ayahuasca ou de outras técnicas que
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