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31/10/2018 Afinal, o nazismo foi de direita ou de esquerda?

– Prolegômenos a um debate menos chinfrim (parte 4) - Flavio Gordon

CO LU N I S TA S A   
 

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Flavio Gordon
  
 

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Afinal, o nazismo foi de direita ou de esquerda? –


Prolegômenos a um debate menos chinfrim (parte 4)
por Flávio Gordon [ 17/10/2018 ] [ 18:44 ] Atualizado em [ 17/10/2018 ] [ 18:44 ]

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31/10/2018 Afinal, o nazismo foi de direita ou de esquerda? – Prolegômenos a um debate menos chinfrim (parte 4) - Flavio Gordon

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Reprodução

A partir do fim dos anos 1950, os dois maiores regimes políticos


[519] marxistas-leninistas do planeta, o da URSS e o da República
Popular da China, entraram em rota de colisão, dando início a
uma escalada de hostilidade mútua que, em 1969, culminaria
num confronto armado na fronteira sino-soviética.
Pretendendo-se cada qual a encarnação da verdade
[0]
comunista, lançaram sobre o rival a pecha de “traidor da
revolução”. Como não poderia deixar de ser, intelectuais
orgânicos de ambos os lados não tardaram a fornecer uma
aparência de “ciência marxista” à guerra de propaganda contra
o adversário, que passou a ser alcunhado com a ofensa
[29]
comunista predileta – sim, exatamente essa que o leitor está
imaginando.

Enquanto os soviéticos caracterizavam o maoísmo como um


“nacionalismo antiproletário e pequeno-burguês” (e, portanto,
fascista), o outro lado do front de batalha fazia o mesmo,
acusando a URSS pós-Stalin de haver se transformado num
regime imperialista conduzido por uma “nova burguesia”
interessada em restaurar o capitalismo mediante uma
“ditadura fascista”. Passado quase meio século desde seu
surgimento histórico, e a despeito do intenso debate que
suscitou no período do entreguerras, o fascismo reaparecia no
vocabulário político de maneira elástica e imprecisa, como
mera categoria de acusação. E, por ironia da história, tendo

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agora por alvo justo aqueles regimes que se apresentavam ao


CO LU NdoI Santifascismo.
mundo como representantes prototípicos TA S A   
 

Aquele abuso do conceito beneficiara-se do clima de opinião


pós-Segunda Guerra, em que, de maneira consensual e ex post
facto, as duas metades do campo aliado (o Ocidente
democrático e a “Cortina de Ferro”) passaram a descrever a
sua participação no conflito como uma vitória sobre o fascismo
(conceito que abarcava o regime de Mussolini, o nacional-
socialismo de Hitler e até mesmo o império de Hirohito no
Japão). Desde então, a palavra fascismo passou a significar
uma patologia política, sinônimo de barbárie e desumanidade,
um juízo que muito beneficiou o campo comunista, cuja
expertise no manejo acusatório do termo, e no consequente
antifascismo autopromocional, vinha de longa data.

Com efeito, a despeito do regime de terror que vinha impondo


desde o início de sua fundação, a URSS saiu da guerra com a
imagem imaculada de vítima heroica do nacional-socialismo
(o mesmo que, hoje sabemos, ela havia ajudado a se armar
antes da guerra). Por muitos intelectuais no Ocidente, o
Exército Vermelho passou a ser descrito como a força
antifascista que se sacrificara pela humanidade. Não tardou,
aliás, para que, graças ao seu anticomunismo, nomes como
Winston Churchill e Charles de Gaulle passassem a ser
descritos como “criptofascistas”. No imaginário do pós-guerra,
tão automática se tornou a identificação entre o fascismo e o
mal (e, complementarmente, entre o comunismo e o bem) que,
como escreve Alan Besançon em A Infelicidade do Século: “Até a
queda do comunismo na Rússia, era frequente que as vítimas
dos maus tratos praticados pelos guardas soviéticos os
tratassem de ‘fascistas’. Não passava pela cabeça chamá-los
por seu verdadeiro nome – comunistas”.

No domínio da retórica política, portanto, o fascismo seguiu


sendo um termo vago o bastante para ser manipulado contra
adversários. Mas não se pode dizer que tenha tido sorte muito
melhor na seara acadêmica. Ao contrário da autoconfiante
classe falante brasileira (que, sem sequer ter demonstrado
alguma vez a preocupação em defini-lo, não obstante já o
situou inequivocamente à direita no espectro político), os
maiores estudiosos do fascismo não se cansam de alertar
quanto ao persistente problema da definição. Stanley G. Paine
observa que a dificuldade advém do fato de que, ao contrário
de democracia, liberalismo ou socialismo, o termo fascismo não
contém nenhuma referência política explícita, ainda que
abstrata. Saber que a palavra italiana fascio significa “feixe” ou
“união” não nos diz muita coisa. Ademais, a palavra foi sempre
usada muito mais por oponentes do que por adeptos do
movimento.

Como escreveu o historiador Richard A. H. Robinson em seu


livro Fascismo na Europa (1919-1945), publicado em 1981: “Por

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maiores tenham sido a quantidade de pesquisas e os esforços


CO LU
intelectuais dedicados ao seu estudo, N IéSque
o fato TA So fascismo A   
 
permanece sendo o grande enigma para os estudiosos do
século 20”. Uma opinião que levou Roger Gri in a gracejar em
seu consagrado estudo A Natureza do Fascismo (1991):
“Tamanho é o emaranhado de opiniões divergentes acerca do
termo que virou quase uma regra de etiqueta abrir as
contribuições ao debate sobre o fascismo com uma tal
observação”. Logo, se é verdade que “parecemos não ter ainda
uma ideia clara sobre o que é o fascismo” (como afirma outro
grande especialista no tema, A. James Gregor), muito menos
teríamos como classificá-lo seguramente à direita ou à
esquerda (Nem Direita, Nem Esquerda é, aliás, o título de uma
das obras do consagrado historiador israelense Zeev Sternhell,
grande especialista em fascismo). Até o presente momento, a
verdade é que pouco se avançou teoricamente na definição de
fascismo (que continua sendo usado como referência vaga a
qualquer coisa politicamente reprovável). Que dirá, então, na
sua compreensão.

No Parlamento Europeu, discussões acerca do


recrudescimento do “neonazismo” têm sido frequentes. Em tal
contexto, os relatórios de comitês contra o racismo e a
xenofobia descrevem o fascismo mediante fórmulas tais como
“violência anti-judaica” ou “vandalismo racista”. Em
compêndios sobre o tema, fala-se frequentemente em
“brutalidade”, “desumanidade”, “desprezo pelo indivíduo”,
“glorificação da violência”, “antissemitismo” e
“ultranacionalismo xenófobo” como características comuns
aos movimentos fascistas. Mas nada disso é particularmente
útil para compreendermos o fenômeno, evidentemente. Não
há hoje qualquer dúvida, por exemplo, de que Lenin e Stalin
foram antissemitas viscerais (ver, por exemplo, os estudos de
Richard Pipes e Gennadi Kostyrchenko); ou de que os regimes
comunistas foram brutais; que glorificavam a violência; que
desprezavam o indivíduo; e que, em muitos casos (como na
URSS de Stalin, na China de Mao, na Iugoslávia de Tito, na Cuba
de Fidel Castro), esposaram aquilo que poderíamos
perfeitamente chamar de “ultranacionalismo xenófobo”.
Portanto, não há nada de particularmente fascista naquelas
características. A bem da verdade, em termos de violência e
desumanidade, não seria exato agrupar o regime de Mussolini
junto com o de Hitler. Com base nesse critério, o nazismo
deveria ser posto na mesma prateleira do stalinismo e do
maoísmo como os mais violentos e desumanos da história,
comparado aos quais o fascismo italiano foi até brando (não
por acaso, aliás, Hannah Arendt exclui o regime de Mussolini
de sua lista de “sistemas totalitários”, devido à sua letalidade
relativamente baixa).

Entre os anos 1960 e 1990, vários autores arriscaram definições


abrangentes do assim chamado fascismo genérico. Comum a

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todos esses autores era uma nova perspectiva interpretativa,


CO LU(como
que recusava explicações mono causais N I S TA S
a marxista) em
A   
 
favor de abordagens mais ecléticas. Dentre as obras que se
destacam nesse contexto, temos, por exemplo, A Natureza do
Fascismo, do já citado Roger Gri in, onde aparece uma
definição de fascismo que acabou se celebrizando. Para Gri in,
tanto o regime de Mussolini quanto o de Hitler podem ser
concebidos como espécies de “um gênero de ideologia política
cujo núcleo mítico, em suas variadas permutações, consiste
numa forma palingenética de ultranacionalismo populista”.
Com a expressão “palingenética”, o autor referia-se
particularmente a um ideal de regeneração ou renascimento
da pátria (e/ou da sociedade) após um período de alegado
declínio ou disfuncionalidade.

Mas, por mais meritório tenha sido o esforço de Gri in, o fato é
que, por demasiado esquemática e abstrata (como ele mesmo
admite), sua definição não serviu para desfazer a névoa
conceitual. Em primeiro lugar, porque, mais uma vez, nenhum
dos traços definidores elencados por Gri in são exclusivos dos
movimentos historicamente reconhecidos como fascistas.
Toda iniciativa revolucionária (da França do Iluminismo até a
Venezuela de Hugo Chávez) pode ser compreendida como
palingenética. O mesmo se diga do populismo, característica
comum a diversos movimentos e sistemas políticos, fascistas
ou não fascistas. Sobre o ultranacionalismo, Gri in define-o
como “uma forma de nacionalismo incompatível com as
noções liberais e democráticas de igualdade básica de direitos
civis e de respeito à autonomia política de outras nações e
nacionalidades”. E, então, fica difícil entender a sua utilidade
para a compreensão do fascismo genérico.

O pressuposto de que os movimentos fascistas são todos


igualmente “ultranacionalistas” é difícil de sustentar. Como
sugere A. James Gregor, o nazismo, por exemplo, era muito
menos nacionalista que racista. “Hitler rejeitava o
nacionalismo como uma armadilha e uma decepção”, explica.
Os horrores nazistas foram resultado de mitos raciais, não
propriamente de um apego às cores nacionais. Em
contrapartida, o fascismo mussoliniano, esse sim de algum
modo “ultranacionalista”, jamais teve o racismo como
característica marcante.

Por outro lado, se estamos predispostos a reunir o nacional-


socialismo alemão e o fascismo italiano com base em seu
alegado “ultranacionalismo”, o que fazer com a China de Mao
Tsé-tung? Se é verdade, como afirmou o cientista político
americano Chalmers Johnson, que “o comunismo popular sem
uma base no nacionalismo não existe”, teria sido a China
ultranacionalista? E, em caso afirmativo, teria sido também
“fascista”? Alguma vez a República Popular da China exibiu
qualquer sinal respeito às “noções liberais e democráticas de
igualdade básica de direitos civis” e à “autonomia política de
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outras nações e nacionalidades”? Respeitou a soberania do


Tibete, por exemplo? O mesmo se CO
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daNURSS.
I S TAEm
S 1987, A   
 
Mikhail Agursky demonstrou que o bolchevismo tivera sempre
uma inspiração nacionalista, uma afirmação referendada por
Walter Laqueur e outros sovietólogos. A URSS teria sido
ultranacionalista, portanto? Por acaso respeitou “autonomia
política” de nações como Polônia, Estônia, Moldávia, Romênia,
Checoslováquia etc.? Se Stalin foi ultranacionalista e
antissemita, foi também “fascista”?

Outro problema da análise de Gri in – bastante representativa


sob esse aspecto – é o de ter permanecido contaminada com o
teor moral das interpretações prévias (fossem marxistas,
fossem liberais), herança intelectual das paixões pós-Segunda
Guerra, levando o autor a incorrer no mesmo velho erro (tão
bem apontado por Gregor, Payne, Sternhell, entre outros) de
encarar o fascismo não como parte da dinâmica política do
Ocidente moderno (digna, portanto, de uma atenção
verdadeiramente científica), mas como mera patologia
ideológica, espécie de elemento aberrante e reacionário na
inexorável marcha humana rumo ao progresso civilizacional.
No livro de Gri in, o fascismo aparece invariavelmente
adjetivado como “narcisista”, “megalomaníaco”, “sádico”,
“necrófilo” e “desumano”, como se essas fossem as suas
características distintivas e definidoras. É como se, para ele e
muitos outros estudiosos do fenômeno, compreender o
fascismo fosse o mesmo que revelar o seu caráter
inerentemente patológico e irracional, que o distinguiria de
outros sistemas políticos contemporâneos. No entanto, num
estudo da bestialidade política no século 20, fica difícil
compreender por que razões eminentemente teóricas excluir a
Rússia de Stalin, a China de Mao, o Camboja de Pol Pot.
Voltaremos ao ponto no próximo artigo da série.

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