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Segurança do Trabalho
Brasília-DF.
Elaboração
Produção
APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 5
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8
UNIDADE I
ASPECTOS GERAIS DA SAÚDE DO TRABALHADOR.................................................................................. 11
CAPÍTULO 1
UM POUCO DE HISTÓRIA......................................................................................................... 11
CAPÍTULO 2
SEGURANÇA DO TRABALHO NO BRASIL E NO MUNDO............................................................. 19
CAPÍTULO 3
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E LEGISLAÇÃO SOBRE SEGURANÇA DO TRABALHO NO BRASIL........... 25
CAPÍTULO 4
REGULAMENTAÇÃO E ATRIBUIÇÕES DA EST.............................................................................. 35
UNIDADE II
ASPECTOS CONSTITUCIONAIS DA SAÚDE DO TRABALHADOR................................................................. 38
CAPÍTULO 1
CRFB-1988: ULTRAPASSAGEM DE PARADIGMA......................................................................... 38
CAPÍTULO 2
GERAÇÕES DE SAÚDE DO TRABALHADOR............................................................................... 46
CAPÍTULO 3
AGRAVOS RELACIONADOS AO TRABALHO............................................................................... 53
UNIDADE III
FATORES DE RISCOS DO MEIO AMBIENTE DO TRABALHO....................................................................... 60
CAPÍTULO 1
RISCOS FÍSICOS E QUÍMICOS.................................................................................................. 62
CAPÍTULO 2
RISCOS BIOLÓGICOS, ERGONÔMICOS MECÂNICOS (ACIDENTES).......................................... 68
UNIDADE IV
ACESSO A DADOS E ESCRITURAÇÃO FISCAL SOBRE SST (ESOCIAL)........................................................ 79
CAPÍTULO 1
ACIDENTALIDADE E OBSERVATÓRIO......................................................................................... 79
CAPÍTULO 2
E-SOCIAL................................................................................................................................ 81
CAPÍTULO 3
SERVIÇOS ESPECIALIZADOS E PROGRAMAS DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHADOR........ 92
REFERÊNCIAS................................................................................................................................. 102
Apresentação
Caro aluno
Conselho Editorial
5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Atenção
6
Saiba mais
Sintetizando
7
Introdução
Engenheiro de segurança é todo engenheiro ou arquiteto que possui curso de especialização
em Engenharia de Segurança do Trabalho (EST). Atua na gestão da saúde do trabalhador
nas empresas dos mais diversos segmentos, visando reduzir as perdas e danos humanos e
materiais, quanto às máquinas, equipamentos, instalações e ao meio ambiente.
Lei 7.410/1985
Decreto Nº 92.530/1986
8
»» inspeciona estabelecimentos fabris, comerciais e de outro gênero,
verificando se existem riscos de incêndios, desmoronamentos ou outros
perigos, para fornecer indicações quanto às precauções a serem tomadas;
9
Psicologia da Engenharia de Segurança do Trabalho - 20
Legislação Aplicada à Engenharia de Segurança do Trabalho - 20
Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações II - 30
Proteção do Meio Ambiente - 50
Documentação para a Engenharia de Segurança do Trabalho - 30
Projeto Final: Metodologia da Pesquisa e Monografia - 20
Total: 620h
Fonte: <http://www.posest.com.br/>
Objetivos
»» Contextualizar e apresentar a grade curricular deste curso, com a
introdução das respectivas disciplinas.
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ASPECTOS GERAIS DA UNIDADE I
SAÚDE DO TRABALHADOR
CAPÍTULO 1
Um pouco de história
»» Em 1750 a.C., o código de Hamurabi trazia em seu bojo cerca de 281 artigos
a respeito das relações de trabalho, família, propriedade e escravidão. Um
deles, em especial, tratava da pena de morte ao arquiteto que projetasse
uma casa que desmoronasse e causasse a morte de seus ocupantes.
11
UNIDADE I │ ASPECTOS GERAIS DA SAÚDE DO TRABALHADOR
Após anos, apenas em 1473, Ulrich de Elsborg desenvolveu o estudo sobre vapores
metálicos, em que há o descritivo de sinais e sintomas de envenenamento ocupacional
por monóxido de carbono, chumbo, mercúrio e ácido nítrico, além de sugerir medidas
preventivas (MATTOS; MÁSCULO, 2011).
Até o final do século XV, muitas pesquisas tratavam de doenças causadas por agentes
químicos, como o estudo completo De Re Metallica (George Bauer ou Georgius Agricola,
Inglaterra), que se compõe de: problemas relacionados às atividades de extração e
fundição de prata e ouro; acidentes de trabalho; doenças comuns entre mineiros; e
meios de prevenção (MATTOS; MÁSCULO, 2011).
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ASPECTOS GERAIS DA SAÚDE DO TRABALHADOR │ UNIDADE I
Com o furor causado pela Revolução Industrial, houve grande aumento da produtividade
e ampliação do consumo de bens pela sociedade em geral, necessitando de mais mão
de obra para conduzir as máquinas. Para isso, foram empregadas mulheres, homens e
crianças (a partir dos 6 anos), em condições de trabalho degradadas, como jornada de
trabalho prolongada, ruído exacerbado, más condições de higiene no local de trabalho,
somando-se a esses aspectos o elevado número de acidentes e adoecimentos (MATTOS;
MÁSCULO, 2011).
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UNIDADE I │ ASPECTOS GERAIS DA SAÚDE DO TRABALHADOR
A Factory Act tomou por base o conselho de Baker, que foi um médico contratado
por um industrial inglês, Robert Derham, em 1830, para estudar a melhor forma
de preservar a saúde dos trabalhadores de sua fábrica. Após seu estudo, Baker
sugeriu que Derham contratasse um médico que visitasse a fábrica diariamente
e estudasse a influência do trabalho na saúde dos trabalhadores – aqui foi criado
o ensaio do primeiro serviço médico industrial do mundo. Quatro anos depois,
Baker foi nomeado inspetor médico do parlamento inglês. A criação da legislação
ocupacional na Inglaterra contou também com a contribuição de Charles Turner
Thackrah, em 1830, quando ele publicou um livro sobre doenças ocupacionais.
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ASPECTOS GERAIS DA SAÚDE DO TRABALHADOR │ UNIDADE I
Em 1979, foi retomado o movimento sindical no Brasil, e várias entidades tiveram acesso
às informações das empresas, prontuários, laudos e exames médicos de trabalhadores
para constituir dossiês e instigar a discussão das suas condições de vida e trabalho,
divulgando essas informações na imprensa e estações de rádio e de televisão daquela
época (MATTOS; MÁSCULO, 2011).
É importante ressaltar que esse movimento deu fruto a uma obra pioneira na integração
das atividades sindicais com a pesquisa em saúde e área jurídica: “De que adoecem e
morrem os trabalhadores”, organizado pelo médico Herval Ribeiro e Francisco Lacaz.
Obras como essa foram fruto de pesquisas organizadas pelos sindicatos para melhoria
de base técnica em defesa dos direitos dos trabalhadores (MATTOS; MÁSCULO, 2011).
Muitos sindicalistas conseguiram espaço com direito a voto nos processos de criação e
retificação das normas regulamentadoras, bem como a participação nos embrionários
Conselhos-Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (MATTOS; MÁSCULO, 2011).
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UNIDADE I │ ASPECTOS GERAIS DA SAÚDE DO TRABALHADOR
Na história brasileira colonial e imperial, a mão de obra escrava teve uma importância
central no panorama econômico, perfazendo um total de 400 anos de trabalho escravo.
Diferentemente do que imaginamos, naquela época, surgiu uma prática de medicina do
trabalho dirigida aos escravos com um foco do que hoje seria a zootecnia ou medicina
veterinária: o escravo era considerado mercadoria animal, cujo senhorio era proprietário
de corpo físico, da liberdade e da prole do escravo por toda eternidade.
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ASPECTOS GERAIS DA SAÚDE DO TRABALHADOR │ UNIDADE I
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UNIDADE I │ ASPECTOS GERAIS DA SAÚDE DO TRABALHADOR
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CAPÍTULO 2
Segurança do trabalho no Brasil
e no mundo
Figura 3. Os escravos desempenharam um papel importante nas atividades produtivas do mundo antigo.
Fonte: <http://www.reporteroindustrial.com/temas/Historia-de-la-Seguridad-Industrial+97385?pagina=1>.
O Egito é uma das civilizações do mundo antigo que teve notáveis inovações em saúde
e segurança do trabalhador. Por exemplo, no Egito, arreios, sandálias e andaimes foram
usados como implementos de segurança. Esses dispositivos foram usados pelos escravos
que se dedicaram a construir as pirâmides e esfinges que adornavam a cidade egípcia.
Figura 4. O Egito é uma das civilizações do mundo antigo que teve inovações notáveis na área de segurança e
saúde ocupacional.
Fonte:<http://www.reporteroindustrial.com/temas/Historia-de-la-Seguridad-Industrial+97385?pagina=1>
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UNIDADE I │ ASPECTOS GERAIS DA SAÚDE DO TRABALHADOR
A era dos avanços importantes para os trabalhadores na Grécia ocorreu entre os séculos
VI e IV a.C. onde o trabalho diferenciado foi desenvolvido com a construção da Grande
Acrópole. As maiores contribuições em medicina ocupacional na Grécia foram no
campo do trabalho de minas e de doenças envenenadas. O pai da medicina, Hipócrates
(460-370 a.C) escreveu um tratado sobre as doenças dos mineiros, a quem recomendou
tomar banhos higiênicos para evitar a saturação de chumbo.
62 -113 d.C. Em Roma, a toxicidade do mercúrio foi descrita por Plinio e Galeno,
referindo-se aos perigos do manuseio de enxofre e zinco e enunciou vários padrões
preventivos para trabalhadores em minas de chumbo e mercúrio. Por exemplo, ele
recomendou aos mineiros o uso de respiradores fabricados com a bexiga de animais.
Sendo Roma o berço da lei e da jurisprudência, além das leis de conduta e proteção da
propriedade privada, também foram tomadas medidas legais sobre a saúde, como a
instalação de banheiros públicos e a proteção dos trabalhadores.
130-200 d.C. Outra figura notável de Roma foi Galeno, que depois de Hipócrates é
considerado o médico mais importante do mundo antigo no Ocidente. Galeno estudou as
doenças dos mineiros, curtidores e gladiadores. Também menciona doenças associadas
a vapores de chumbo e doenças respiratórias em trabalhadores de minas.
Idade Moderna. Kircher escreve Mundus Subterraneus, no qual ele descreve alguns
sintomas e sinais das doenças dos mineiros, como tosse, dispneia e caquexia.
20
ASPECTOS GERAIS DA SAÚDE DO TRABALHADOR │ UNIDADE I
1665: Walter Pope publica transações filosóficas em que ele se refere às doenças dos
mineiros produzidos por envenenamento com mercúrio.
Figura 5. A saúde ocupacional atravessaria um período de dormência até o final do século XIX.
Fonte:<http://www.reporteroindustrial.com/temas/Historia-de-la-Seguridad-Industrial+97385?pagina=1>
1736 -1819. James Watt inventa a máquina a vapor, aperfeiçoando os artefatos acima
mencionados e, assim, inicia o processo de mecanização dos sistemas de produção e
transporte.
Figura 6. Locomotiva primitiva - máquina a vapor.
Fonte:<http://www.reporteroindustrial.com/temas/Historia-de-la-Seguridad-Industrial+97385?pagina=1>
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UNIDADE I │ ASPECTOS GERAIS DA SAÚDE DO TRABALHADOR
Devido a esta situação dolorosa, foram introduzidas leis para proteger os trabalhadores.
1778. Na Espanha Carlos III deu o edital de proteção contra acidentes.
1802. O parlamento inglês dá a regulamentação do trabalho nas fábricas que limita o dia
de trabalho e estabelece níveis mínimos de higiene, saúde e educação dos trabalhadores.
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ASPECTOS GERAIS DA SAÚDE DO TRABALHADOR │ UNIDADE I
Karl Marx (1818-1883) e Frederic Engels (1820-1895), que estavam interessados nos
direitos dos trabalhadores, são os promotores de sindicalização poderia servir como um
canal para melhorar as condições de trabalho, incluindo a segurança. Pode-se dizer isso
além estrutura política das propostas socialistas marxistas e Engels, a transcendência
de suas ideias tem sido inegável reformas trabalhistas na Europa e na América.
Isso é tão que em 4 de maio de 1886 ocorreu a Revolta de Chicago, que culminou com
o estabelecimento justo de 8 horas de trabalho.
1848. Legislação de saúde foi iniciada para a indústria. Dois anos depois, as inspeções
começaram a verificar o cumprimento dos regulamentos, que teriam apoio legal.
O primeiro sistema de extinção de incêndios foi implementado por Frederic Grinnell
em 1850 nos Estados Unidos.
1867. Uma lei que nomeia inspetores em fábricas foi promulgada. 1868. As leis de
compensação dos trabalhadores aparecem. Max von Pettenkofer (1818-1901) fundou o
primeiro Instituto de Higiene em Munique, em 1875.
1911. O estado de Wisconsin aprovou a primeira lei que regula a compensação dos
trabalhadores.
Século XX. Juntamente com todos os avanços técnicos que possibilitaram a passagem
para o século XX com a massificação de energia elétrica ou fontes termodinâmicas em
residências e indústrias, respectivamente. As teorias e concepções de administração
trabalhista também colocam sua parcela no processo de formalização da segurança que
culminou na institucionalização da segurança do trabalho.
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UNIDADE I │ ASPECTOS GERAIS DA SAÚDE DO TRABALHADOR
1918. A Universidade de Harvard foi a primeira casa de estudos superiores que concedeu
o título de pós-graduado em Segurança e Higiene no Trabalho.
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CAPÍTULO 3
Revolução Industrial e legislação sobre
segurança do trabalho no Brasil
Revoluções
1ª 2ª 3ª 4ª
Produção manual para Conhecimento acessível em Mudanças profundas em
Característica Manufatura em massa
mecanizada todo planeta toda sociedade
Criação de máquinas a Eletricidade, fontes de Eletrônica, computadores e Convergência entre o mundo
Tecnologia
vapor energia fósseis internet físico, o biológico e digital
Final do século XVIII e início Segunda metade do século Após segunda metade do
Quando Século XXI em curso
do século XIX XIX século XX
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UNIDADE I │ ASPECTOS GERAIS DA SAÚDE DO TRABALHADOR
mudar e se adaptar. A EST deve se ajustar a este futuro, que já se vislumbra no presente,
com os empregos ante à quarta Revolução Industrial – Indústria 4.0.
4ª Revolução Industrial
1760 a 1840 1850 a 1945 1950 a 2000 Dias atuais
Avanços industriais (química, O período entre pós- guerra
O conceito de Indústria 4.0
Inglaterra das maquinas a elétrica, petróleo, aço) e a virada do milênio foi
foi criado pelos alemães
vapor, que impulsionam o permitem invenções como o marcado por transformações
em 2011. Ele se refere às
crescimento da indústria navio a vapor, a prensa móvel, profundas na produção e pela
chamadas fábricas inteligentes
Fatos têxtil e de ferro. Em 1825 energia elétrica, o telefone, rapidez do desenvolvimento
que reúnem inovações
Históricos o engenheiro George carro e produção em massa de novas tecnologias, que
tecnológicas em automação,
Stepheson, o pai das de bens de consumo. 1906, mudaram a indústria, as
controle e tecnologia da
ferrovias, lança a primeira o brasileiro Alberto Santos economias e a sociedade.
informação para aprimorar os
locomotiva a vapor do mundo Dumont decola com sucesso, Uma das mais importantes foi
processos de manufatura
o avião 14-Bis a internet
[...]
26
ASPECTOS GERAIS DA SAÚDE DO TRABALHADOR │ UNIDADE I
[...]
[...]
Art. 10. Aos menores não poderá ser commettida qualquer operação
que, dada sua inexperiência, os exponha a risco de vida, tais como: a
limpeza e direcção de machinas em movimento, o trabalho ao lado de
volantes, rodas, engrenagens, correias em acção, em summa, qualquer
trabalho que exija da parte delles esforço excessivo.
[...]
Em alguns aspectos, essa pioneira normativa ainda parece ser atual às situações laborais
existentes em alguns rincões do Brasil. O Decreto no 3.724, de 15/1/1919, anterior
mesmo a Previdência Social que é de 1923, foi a primeira lei brasileira sobre acidentes
de trabalho. De tão importante, vale à pena transcrevê-la:
27
UNIDADE I │ ASPECTOS GERAIS DA SAÚDE DO TRABALHADOR
[...]
TITULO II - DA INDEMNIZAÇÃO
morte;
28
ASPECTOS GERAIS DA SAÚDE DO TRABALHADOR │ UNIDADE I
[...]
[...]
[...]
Art. 16. As indemnizações a que esta lei obriga serão pagas no logar do
estabelecimento em que occorreu o accidente, sendo que as diárias serão
pagas semanalmente. Em caso de morte, o pagamento aos beneficiários
será feito após a apresentação de todos os documentos necessários, que
serão indicados no regulamento desta lei.
[...]
[...]
29
UNIDADE I │ ASPECTOS GERAIS DA SAÚDE DO TRABALHADOR
[...]
No Brasil, o marco inicial da Previdência Social, foi a publicação da Lei Eloy Chaves,
Decreto Legislativo 4.682 de 24/1/1923 (BRASIL, 1923), que criou as Caixas de
Aposentadoria e Pensão (CAP), para os empregados das empresas ferroviárias. Durante
a década de 1920, as CAPs foram ampliadas, sendo instituídas, em diversos outros
ramos, como dos portuários, marítimos, etc. As CAP eram organizadas por empresa,
e cada uma possuía sua caixa. No início da era Vargas, na década de 1930, as 183
CAPs existentes foram reunidas, dando origem aos Institutos de Aposentadoria e
Pensão (IAP).
30
ASPECTOS GERAIS DA SAÚDE DO TRABALHADOR │ UNIDADE I
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UNIDADE I │ ASPECTOS GERAIS DA SAÚDE DO TRABALHADOR
1978 – Criação das Normas Regulamentadoras (NR), aprovadas pela Portaria 3.214
de 8/6/1978 do MTE, aproveitando e ampliando as portarias existentes e Atos
Normativos, adotados até na construção da Hidrelétrica e Itaipu. Na ocasião foram
criadas 28 NRs.
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ASPECTOS GERAIS DA SAÚDE DO TRABALHADOR │ UNIDADE I
Cronologicamente, destacam-se:
De 1919 a 1988
1919 – Criada a Lei de Acidentes do Trabalho, tornando compulsório o seguro contra o risco profissional.
1920 – Em Tatuapé/SP, surge o primeiro médico de empresa.
1923 – Criação da Caixa de Aposentadorias e Pensões para os empregados das empresas ferroviárias, marco da Previdência Social brasileira.
1930 - Criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, atual MTb.
1933 – Surgiram os Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAP), entidades de grande porte, abrangendo os trabalhadores agrupados por ramos
de atividades. Tais institutos foram o IAPTEC (para trabalhadores em transporte e cargas), IAPC (para os comerciários), IAPI (industriários), IAPB
(bancários), IAPM (marítimos e portuários) e IPASE (servidores públicos).
1934 – Criada no Ministério do Trabalho, a Inspetoria de Higiene e Segurança do Trabalho que, ao longo dos anos, passou a Departamento de
Segurança e Saúde no Trabalho (DSST), em nível federal, e Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE), em nível estadual.
1943 – Criada a Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, que trata de segurança e saúde do trabalho no Título II, Capítulo V do Artigo 154 ao 201.
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UNIDADE I │ ASPECTOS GERAIS DA SAÚDE DO TRABALHADOR
1966 – Unificação dos Institutos com a criação do Instituto Nacional de Previdência Social – INPS, atual Instituto Nacional do Seguro Social – INSS.
1966 – Criação da Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho – FUNDACENTRO, que atua em pesquisa científica e
tecnológica relacionada à segurança e saúde dos trabalhadores.
1972 a 1974 – Programa Nacional de Valorização do Trabalhador.
1978 – Criação das Normas Regulamentadoras Urbanas – NRs (regulamentação da CLT, art. 154 a 201).
1988 – Promulgação da Constituição Federal (art. 7o, inciso XXII) e criação das Normas Regulamentadoras Rurais – NRR.
2003 – Lei 10.666 cria o Fator Acidentário de Prevenção (FAP).
2006 – Lei 11.430 cria o Nexo Técnico Epidemiológico (NTEP).
2014 – Decreto no 8.373 institui o eSocial com eventos e registros de SST.
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CAPÍTULO 4
Regulamentação e atribuições da EST
Consulte <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&doc
ID=7734901>
Você sabe quais são as atribuições do EST seus significados? Veja Resolução
473/2002 Títulos e Resolução Confea.
35
UNIDADE I │ ASPECTOS GERAIS DA SAÚDE DO TRABALHADOR
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ASPECTOS GERAIS DA SAÚDE DO TRABALHADOR │ UNIDADE I
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ASPECTOS
CONSTITUCIONAIS UNIDADE II
DA SAÚDE DO
TRABALHADOR
CAPÍTULO 1
CRFB-1988: ultrapassagem
de paradigma
A Saúde do Trabalhador aqui discutida deve ser entendida como resultado do avanço
social ao representar um conjunto de anseios, direitos e deveres (de quebra de
paradigma), por força da Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada
em 1988 — CFRB-88 — assumidos na direção do direito público, no campo da saúde
coletiva, em contraposição aos preceitos obsoletos e restritos da Medicina do Trabalho,
calcados em direito privado, no estreito campo da saúde individual.
Nesse esforço de concatenação do tema sanitário laboral, esta obra inicia com uma
base comum e universal a qualquer sistema produtivo, aqui chamado de “visões”,
válida como material didático-pedagógico às inúmeras possibilidades acadêmicas, para
38
ASPECTOS CONSTITUCIONAIS DA SAÚDE DO TRABALHADOR │ UNIDADE II
nos capítulos seguintes fazer o acoplamento mais adequado entre algo arcaicamente
chamado de trabalhista (sentido exótico) para um sistema mais elaborado de conexões
sociojurídicas, hodiernamente, vinculado ao campo da dignidade humana (sentido
esotérico), com desdobramentos nos mais variados campos do conhecimento humano.
Da Constituição da República
A Constituição de um Estado emerge de um pacto entre diversificados valores sociais,
ideias, aspirações e interesses diferenciados e até mesmo antagônicos. Conquanto seja
verdade que a Constituição tenha por intuito retratar um consenso fundamental, não
tem ela o condão de aplainar as saliências e reentrâncias do pluralismo e antagonismo
das ideias subjacentes à celebração do referido pacto. Choques de valores sempre
existirão e isso em nada desnatura o Estado Democrático de Direito; ao contrário, faz
florescer e amadurecer a democracia.
O texto constitucional anterior reconhecia em seu art. 165, XV, no Título III, “Da
Ordem Econômica e Social”, o direito à “assistência sanitária, hospitalar e médica
39
UNIDADE II │ ASPECTOS CONSTITUCIONAIS DA SAÚDE DO TRABALHADOR
Portanto, mesmo quando não haja violação direta do direito subjetivo à saúde, os
operadores do direito devem verificar se o bem jurídico saúde está sendo afetado por
ações ou omissões dos Poderes Públicos. Isso justifica, por exemplo, a declaração de
inconstitucionalidade da lei ou ato normativo que venha contrariar o direito à saúde.
40
ASPECTOS CONSTITUCIONAIS DA SAÚDE DO TRABALHADOR │ UNIDADE II
No campo do direito à saúde, esta noção impõe aos Poderes Públicos a obrigação de
proteger a saúde no âmbito das relações privadas, devendo o legislador estabelecer leis
adequadas a essa proteção e os tribunais interpretar as normas do direito privado de
acordo com a Constituição, inclusive declarando-as inconstitucionais quando violarem
o bem jurídico da saúde.
A análise desses dispositivos demonstra que eles estabelecem as diretrizes que devem
ser observadas pelos Poderes Públicos no cumprimento de suas obrigações. Dessa
forma, os princípios impõem um conjunto de objetivos ao Estado cujo alcance é o vetor
que deve orientar o desenvolvimento das políticas públicas, limitando o campo da
discricionariedade.
41
UNIDADE II │ ASPECTOS CONSTITUCIONAIS DA SAÚDE DO TRABALHADOR
»» Universalidade (art. 194, I; art. 196, caput): essa diretriz rompe com a
divisão que existia anteriormente entre os segurados do sistema de
Previdência Social e o resto da população. Como direito de todos, a saúde
não requer nenhum requisito para sua fruição, devendo ser universal e
igualitário o acesso às ações e serviços de saúde, “em todos os níveis de
assistência” (art. 7o, I, da LOS).
42
ASPECTOS CONSTITUCIONAIS DA SAÚDE DO TRABALHADOR │ UNIDADE II
Dessa forma, o acesso da população à rede deve dar-se por intermédio dos serviços de
nível primário de atenção, que devem ser e estar qualificados para atender e resolver
os principais problemas que demandam serviços de saúde. Os que não podem ser
resolvidos nesse nível deverão ser referenciados para os serviços de maior complexidade
tecnológica.
Além desses princípios, o já citado art. 7o da Lei no 8.080/1991 enumera outros, a saber:
»» direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde (art. 7o, V);
Como se pode observar, esses princípios regulam não apenas as prestações de serviços
de saúde, mas também a própria organização do SUS, o qual segue a mesma doutrina e os
mesmos princípios organizativos em todo o território nacional, sob a responsabilidade
das três esferas autônomas de governo: federal, estadual e municipal. Assim, o SUS
não é um serviço ou uma instituição, mas um sistema, que significa um conjunto de
unidades, serviços e ações que interagem para um fim comum.
43
UNIDADE II │ ASPECTOS CONSTITUCIONAIS DA SAÚDE DO TRABALHADOR
»» Inciso XXII do art.7o: redução dos riscos inerentes ao trabalho por meio
de normas de saúde, higiene e segurança.
Por conta dos dispositivos acima, fica nítida a ativação de vários ramos do direito,
submetidos a um mesmo tronco da Saúde do Trabalhador, dentro de um bem jurídico
maior: a saúde. Daí a denominação Direito Sanitário.
Figura 10. Múltiplas dimensões da saúde do trabalhador submetidas à nova ordem constitucional.
Direito Privado
Direito Público (Interesse Coletivo) – Alcança Todos os Trabalhadores (Interesse
Individual) –
Alcança apenas
o empregado
Trabalhistas
Cíveis
45
CAPÍTULO 2
Gerações de saúde do trabalhador
1ª Geração
Pela correria do dia a dia alguns profissionais da área, e mesmos gestores, não se
aperceberam dessa inflexão de vanguarda da sociedade brasileira. Explico: A primeira
geração ideológica nasce em 1919, como precursora da atual Previdência Social,
quando a ordem jurídica brasileira introduz o seguro acidentário mediante o instituto
de compensação financeira acidentária, restrita aos trabalhadores submetidos aos
processos industriais, instituindo obrigatoriedade, por parte da empresa, de sustentar
um Seguro de Acidente do Trabalho a ser pago ao acidentado. Nesse estágio tinha-se
a teoria do risco profissional. Só recebia o seguro quem reclamasse à autoridade
policial. Era caso de polícia. Práticas nesse campo estavam voltadas ao infortúnio
(não à prevenção). O Brasil inaugura obrigatoriedade do seguro privado. Acreditem:
o Brasil já viveu a experiência do SAT privatizado. Isso perdurou até 1967, quando foi
estatizado.
2ª Geração
Essa, que ora se esgota, vem com a estatização do SAT, equilibrado que afasta das
empresas a responsabilização acidentária (segurados e dependentes), transferindo-a
ao Seguro Social (INPS à época) relativamente aos empregados (diga-se de passagem:
só esses são protegidos). Estatiza-se o SAT e institui-se o risco social a partir da Lei
5.316, de 1967. Pelo risco social (princípio da solidariedade) há o pressuposto de que
todos os membros da sociedade (e não exclusivamente o empregado ou a empresa)
devem suportar as contingências sociais que afligem o trabalhador acidentado,
independentemente da existência de culpa da empresa. Em outras palavras, todos pagam
para algumas empresas adoecerem e acidentarem mais, pois sabidamente possuem um
maior potencial acidentário (risco econômico-ambiental), daí o nome de seguro social.
Neste estágio, que durou até o advento do Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário
(2007), prevaleceram as teorias da epiização; do ato inseguro do acidentado (culpa da
vítima); da cartorização de programas PPRA/PCMSO; do viés trabalhista para questões
óbvias de saúde pública; indústria de laudos/ atestados; do falso-negativo (acima
demonstrado na tabela), bem como narrativa ideológica do estado ineficiente por não
dar conta dos milhões ano de acidentados que batem à porta da Previdência Social sem
46
ASPECTOS CONSTITUCIONAIS DA SAÚDE DO TRABALHADOR │ UNIDADE II
explicitar à sociedade brasileira quais são as empresas produtoras desses agravos. Tudo
isso por conta de 1%, 2% e 3% de SAT sobre a folha de salários
3ª Geração
A terceira geração, consagrada pela Constituição – CRFB-88, tem como símbolo a
instituição do Fator Acidentário de Prevenção (FAP); o Nexo Técnico Epidemiológico
Previdenciário (NTEP) e o eSocial que avançam no sentido da gestão de desempenho.
O empresário infletiu à melhora ambiental de forma sistêmica a partir da percepção
que também, em alguma medida, é vítima e refém de um sistema obsoleto, anacrônico,
monopolista de poder representado pela medicina do trabalho de receita de bolo
(de rolo), apenas para exigir contratação pela NR e fazer ASO (Atestado de Saúde
Ocupacional); e da engenharia de segurança do trabalho para prescrever e comprar
EPI. Essas disciplinas obsoletas (A CRFB-88 as derrogou, colocando no lugar a saúde
do trabalhador baseada em higiene, saúde e segurança no campo ambiental e da saúde
pública), carecem de um choque de ciência para se atualizar, ao passo que o sistema
jurídico padece de mal genético instalado no DNA do trabalhismo segundo o qual é a
empresa que decidirá na mesa de negociação o que deve ser fiscalizado.
47
UNIDADE II │ ASPECTOS CONSTITUCIONAIS DA SAÚDE DO TRABALHADOR
NOVOS REFERENCIAIS
48
ASPECTOS CONSTITUCIONAIS DA SAÚDE DO TRABALHADOR │ UNIDADE II
Figura 12. Fluxograma do processos administrativos e contábeis relacionados à gestão por desempenho em
Saúde do Trabalhador.
PRECOCA Metas
Metas, ordens,
condicionantes Corporativas
49
UNIDADE II │ ASPECTOS CONSTITUCIONAIS DA SAÚDE DO TRABALHADOR
adversa a um contaminante pode assumir várias formas que afloram, desde sinais mais
disponíveis e com a relação custo-benefício de algumas ações (RIGOTTO, 2003).
Assim, com o advento da CRFB-88, tem-se uma alteração expressa, de modo que as
disciplinas — Segurança do Trabalho e Medicina do Trabalho — deixaram de operar
efeitos jurídicos como ferramentas, ao tempo que perderam sua instrumentalidade
50
ASPECTOS CONSTITUCIONAIS DA SAÚDE DO TRABALHADOR │ UNIDADE II
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UNIDADE II │ ASPECTOS CONSTITUCIONAIS DA SAÚDE DO TRABALHADOR
»» confronto coletivo;
Nesse tocante, caberia uma revisão de atualização curricular nos títulos e na própria grade
programática dos cursos Medicina do Trabalho e Engenharia de Segurança do Trabalho,
dado seus obsoletismos jurídico e científico, pois é sabido e notório que o tema saúde do
trabalhador vai muitíssimo além da seara dessas duas importantes disciplinas.
Conclui-se esse tópico com a definição moderna de EST que assume nova nomenclatura:
Engenharia de Prevenção do Meio Ambiente do Trabalho – EPMAT, assim entendido
o ramo da engenharia responsável por prevenir agravos à saúde (vida) do trabalhador
mediante a arte de aplicar ao meio ambiente do trabalho os conhecimentos científicos
e empíricos necessários à criação segura de sistemas de produção (projetos, plantas,
equipamentos, estruturas, dispositivos, algoritmos, processos e procedimentos)
utilizados para converter energia humana e recursos naturais em produtos e serviços
adequados às vicissitudes humanas.
52
CAPÍTULO 3
Agravos relacionados ao trabalho
Por sua vez, Acidente do Trabalho é mais restrito e depende dos requisitos colocados pela
lei previdenciária, nos termos dos arts. 19 e 20 da Lei no 8.213/1991. Acidente do trabalho
(art. 19) é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício
do trabalho do empregado, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que
cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o
trabalho. Ou seja, tem de ter incapacidade e vale apenas aos empregados.
53
UNIDADE II │ ASPECTOS CONSTITUCIONAIS DA SAÚDE DO TRABALHADOR
I. Pela rede SUS, por força dos arts. 7o e 8o, da Lei no 6.259, de 30 de outubro
de 1975, regulamentado pela Portaria no 104, de 25 de janeiro de 2011, cujo
art. 7o diz: A notificação compulsória é obrigatória a todos os profissionais de
saúde médicos, enfermeiros, odontólogos, médicos veterinários, biólogos,
biomédicos, farmacêuticos e outros no exercício da profissão, bem como os
responsáveis por organizações e estabelecimentos públicos e particulares
de saúde e de ensino, para todo e qualquer usuário do sistema.
II. Pela empresa, por força do art. 22, Lei no 8.213/1991, para o segurado
empregado, trabalhador avulso e segurado especial.
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ASPECTOS CONSTITUCIONAIS DA SAÚDE DO TRABALHADOR │ UNIDADE II
III. Pela empresa, por força do art. 169 da CLT, para os casos de trabalhador
empregado.
O acidente tem o caráter de um evento agudo, que causa lesão corporal ou perturbação
funcional temporária ou permanente, como seria o caso de uma amputação de dedos ou
de uma intoxicação aguda por agrotóxico, ou mesmo dos acidentes ocorridos no trajeto
do trabalhador entre sua residência e o local de trabalho, seguindo ao que se define como:
Em 2011, foram registrados cerca de 700 mil acidentes e doenças do trabalho entre
os trabalhadores assegurados da Previdência Social. Observe que esse número, que já
é alarmante, não inclui os trabalhadores autônomos (contribuintes individuais) e as
empregadas domésticas. Tais eventos provocam enorme impacto social e econômico
sobre a saúde pública no Brasil. Entre esses registros, foram contabilizadas 15.083
55
UNIDADE II │ ASPECTOS CONSTITUCIONAIS DA SAÚDE DO TRABALHADOR
Em 2012, ocorreram 423.935 acidentes típicos, índice 0,5% menor que o de 2011 (426.153),
mas 1,6% maior que o de 2010 (417.295); 14.955 doenças apuradas, em 2012, atingiram o
total mais baixo em 20 anos, desde 1993, e acentuam a curva descendente já observada em
2011 (16.839 adoecimentos), 2010 (17.177) e na segunda metade dos anos 2000. Entretanto,
ainda representam números elevados de acidentes, ainda que os sistemas de notificação de
doenças e acidentes de trabalho venham sendo aperfeiçoados (PROTEÇÃO, 2014).
Na classificação proposta por Schilling (1984), segundo a sua relação com o trabalho (nexo
de causalidade), as doenças do trabalho podem ser reunidas em três grupos. A saber:
Por sua vez, as doenças relacionadas ao trabalho surgem de modo insidioso, após
manifestação aguda, como as intoxicações por substâncias químicas, a perda da audição,
dermatoses, lesões por esforços repetitivos e incluem, ainda, sofrimento psíquico,
desgaste, doenças crônico-degenerativas e alterações genéticas que podem se manifestar
em câncer ou alterações da reprodução (RIGOTTO, 2003).
56
ASPECTOS CONSTITUCIONAIS DA SAÚDE DO TRABALHADOR │ UNIDADE II
Essas normas constituem uma parte do variado leque de acervo criado pelos órgãos
públicos responsáveis pelo monitoramento em SST, direta ou indiretamente, portanto,
é importante frisar os materiais que foram frutos de anos de trabalho do Ministério da
Saúde, tais como: Manual de Doenças Relacionadas ao Trabalho (2001), protocolos de
atendimento e notificação para acidentes graves, fatais e com crianças e adolescentes,
DORT, PAIR, pneumoconioses etc. Esses materiais visam ao atendimento igualitário, em
todo território nacional, a todos os trabalhadores atendidos pelo SUS, compreendendo
os procedimentos entre o primeiro atendimento até a notificação, recomendações e
parâmetros para seu diagnóstico, tratamento e prevenção de incapacidade laboral. Veja
os principais protocolos a seguir.
Principais protocolos em ST
»» Trabalho infantil »» Pneumoconioses
»» Anamnese ocupacional »» Risco químico
»» Acidentes de trabalho graves, fatais »» Câncer relacionado ao trabalho
»» Exposição a material biológico »» Dermatoses ocupacionais
»» Expostos ao chumbo metálico »» Doenças osteomusculares
»» Perda Auditiva Induzida pelo Ruído (PAIR)
57
UNIDADE II │ ASPECTOS CONSTITUCIONAIS DA SAÚDE DO TRABALHADOR
O fluxo da CAT até seu registro no INSS depende, em grande parte, de ato voluntário do
empregador, do preenchimento do atestado médico contido no item II do formulário
pelo médico que atendeu o acidentado e do seu encaminhamento à agência do INSS da
área de ocorrência do acidente.
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ASPECTOS CONSTITUCIONAIS DA SAÚDE DO TRABALHADOR │ UNIDADE II
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FATORES DE RISCOS DO
MEIO AMBIENTE UNIDADE III
DO TRABALHO
O que é risco? Risco é qualquer variável que pode causar danos ou lesões graves
ao trabalhador, inclusive a morte. O exercício da atividade laboral sob condições
inseguras existentes no ambiente de trabalho expõe o trabalhador a riscos que podem
ser classificados em cinco categorias: (I) físicos, (II) químicos, (III) biológicos, (IV)
ergonômicos e (V) mecânicos (ou de acidentes).
Deve-se entender que a presença dos agentes físicos, químicos e biológicos no ambiente
pode oferecer riscos potenciais à saúde dos trabalhadores e gerar uma probabilidade de
que eles venham a contrair uma doença. Mas para que isso aconteça devem concorrer
vários fatores:
»» a susceptibilidade individual.
Cada agente de risco tem, no mínimo, uma fonte geradora do risco associada. O espaço
existente entre a fonte do risco e o trabalhador é considerado a sua “trajetória”. Qualquer
medida planejada para controlar a exposição do trabalhador ao risco estará centrada
em, pelo menos, um destes três focos possíveis: (i) na fonte geradora, (ii) na trajetória,
ou (iii) no trabalhador.
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FATORES DE RISCOS DO MEIO AMBIENTE DO TRABALHO │ UNIDADE III
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CAPÍTULO 1
Riscos físicos e químicos
Riscos físicos são as diversas formas de energia a que possam estar expostos os
trabalhadores, tais como: ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas,
radiações ionizantes e radiações ionizantes. Ruído (Contínuo e de Impacto). É um
fenômeno físico que indica uma mistura de sons, cujas frequências não seguem uma
lei precisa. Alguns utilizam como sinônimo de barulho, mas este inclui componentes
subjetivos da percepção sonora. É o risco profissional com maior frequência de
reclamações nos ambientes laborais. Pode causar perda auditiva, permanente ou
temporária, e trauma acústico entre outros efeitos possíveis de alterações em quase
todos os órgãos do organismo humano. O ruído de impacto é aquele que se caracteriza
por ser de intensidade muito alta com duração muito pequena, menor que um segundo,
em intervalos maiores que um segundo, como, por exemplo, uma martelada em
superfície metálica e a operação de um bate-estaca. Considera-se ruído contínuo todo
outro tipo de ruído que não seja de impacto.
Uma dica: se o ruído ambiente prejudica a conversa entre dois trabalhadores que estão
dispostos a 1,0 metro de distância, em tom de voz normal, vale a pena solicitar uma
avaliação com equipamentos pois esta intensidade de ruído pode ser danosa à saúde.
Temperaturas Extremas (calor e frio) são as condições térmicas rigorosas em que são
realizadas diversas atividades profissionais, submetendo os colaboradores a sua ação.
Deve-se conhecer a interação térmica entre o organismo humano e o meio ambiente
de trabalho e conhecer, também, os efeitos da exposição a essas temperaturas para que
se possa avaliar e controlar essas interações de forma a proteger o trabalhador de seus
efeitos maléficos. Vale ressaltar que os efeitos da exposição a temperaturas extremas
62
FATORES DE RISCOS DO MEIO AMBIENTE DO TRABALHO │ UNIDADE III
Radiação (Ionizante e Não Ionizante) as radiações são uma forma de energia que se
transmite pelo espaço como ondas eletromagnéticas e, em alguns casos, apresenta
também comportamento corpuscular. A absorção da radiação pelo organismo pode gerar
diversas lesões e doenças. A radiação pode ser classificada em dois tipos, pois, ao atingir
o organismo e ser absorvida, pode gerar dois efeitos principais: (I) ionização, oriunda
das radiações ionizantes, e (II) excitação, proveniente das radiações não ionizantes.
63
UNIDADE III │ FATORES DE RISCOS DO MEIO AMBIENTE DO TRABALHO
As radiações ionizantes podem ser naturais e artificiais, mas a sua classificação mais
importante é feita em 4 tipos: (I) alfa, (II) beta, (III) gama, e (IV) raios X. Os efeitos
dependem da dose da radiação recebida pelo organismo, mas podem ser divididos
em (I) somáticos (agudos ou crônicos), que ocorrem no organismo atingido, gerando
doenças e danos, não se transmitindo a seus descendentes, e (II) genéticos, que são
mutações ocorridas nos cromossomos ou gens das células germinativas que podem
gerar alterações nas gerações futuras.
Cabe ressaltar que esta classificação é uma tentativa de ordenação de fenômenos muito
complexos e interligados, e que esta divisão pode não ser tão clara em diversos casos. O órgão
normalizador para o exercício das atividades envolvendo radiações ionizantes no Brasil
é a Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN, com unidades descentralizadas no
país, à qual recomendamos fortemente que seja informada e consultada sobre quaisquer
potenciais fontes de risco de radiações ionizantes. Os diversos tipos de radiações não
ionizantes são classificados conforme o comprimento de onda e a frequência da radiação.
Cabe ressaltar que, com poucas exceções, as radiações são invisíveis e dificilmente
detectáveis pelos sentidos humanos. No caso dos efeitos térmicos provocados, a sensação
de calor pode chegar tarde demais para denunciar o risco, portanto, é obrigatório o uso
de detectores com o acompanhamento de profissionais qualificados.
Uma classificação das radiações não ionizantes as divide em: (I) micro-ondas, (II)
infravermelha, (III) ultravioleta, (IV) maser. Existem, ainda, muitas dúvidas quanto
à extensão real dos efeitos nocivos da exposição à essas radiações, dividindo-os em: (I)
efeitos térmicos, mais aparente, e (II) efeitos não térmicos, geralmente relacionados ao
campo elétrico e magnético. O órgão mais suscetível a um dano por efeito térmico é a
lente ocular.
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FATORES DE RISCOS DO MEIO AMBIENTE DO TRABALHO │ UNIDADE III
Por exemplo, um vapor, numa determinada concentração, pode exercer sua principal
ação como anestésico, enquanto que uma menor concentração do mesmo vapor pode,
sem efeito anestésico, danificar o sistema nervoso, o sistema hematopoético, ou algum
órgão visceral. Por esse motivo, é impossível, frequentemente, colocar-se um agente
tóxico numa única classe.
Irritantes são substâncias que produzem inflamação nos tecidos vivos quando entram
em contato direto são corrosivos vesicantes em sua ação. Têm essencialmente o mesmo
efeito sobre homens e animais, e o fator concentração é mais importante que o fator
65
UNIDADE III │ FATORES DE RISCOS DO MEIO AMBIENTE DO TRABALHO
Asfixiantes exercem sua ação interferindo com a oxidação dos tecidos. Podem ser
divididos em simples e químicos. Os simples são gases inertes que agem por diluição do
oxigênio atmosférico: Dióxido de carbono, etano, hélio, hidrogênio, metano, nitrogênio,
óxido nitroso. Os químicos impedem o transporte de oxigênio pelo sangue: Monóxido
de carbono, cianogênio, cianeto de hidrogênio, nitrobenzeno, sulfeto de hidrogênio.
Anestésicos (Narcóticos). Sua principal ação é a anestésica, sem sérios efeitos sistêmicos,
tendo ação sobre o Sistema Nervoso Central (SNC). Alguns passam para a corrente
sanguínea e, daí, para os demais órgãos. Podem penetrar pela pele. São exemplos de
anestésicos: hidrocarbonetos acetilênicos, hidrocarbonetos oleofínicos, éter etílico,
hidrocarbonetos parafínicos, cetonas alifáticas, álcoois alifáticas.
Tóxicos Sistêmicos – Incluem: (I) materiais que causam danos a um ou mais órgãos
viscerais: a maioria dos hidrocarbonetos halogenados; (II) materiais que causam
danos ao sistema hematopoético: benzeno, fenóis , e em certo grau, otolueno, xilol e
naftaleno; (III) materiais que causam danos ao sistema nervoso: dissulfeto de carbono,
álcool metílico, tiofeno; (IV) não metais tóxicos inorgânicos: compostos de arsênio,
fósforo, selênio, enxofre e fluoretos.
Agentes Genotóxicos e Mutagênicos são substâncias que podem causar dano material
genético e podem, também, ser mutagênicas. Os mutagênicos podem causar mutações.
Uma mutação é considerada como sendo qualquer modificação relativamente estável
no material genético, DNA (Ácido Desoxirribonucleico). Muitas das substâncias
mutagênicas também podem dar origem ao câncer (carcinógenos).
Carcinógenos: são substâncias que podem produzir câncer, que é uma doença resultante
do desenvolvimento de um tumor maligno e de sua invasão em tecidos vizinhos.
Um tumor (neoplasma) caracteriza-se pelo crescimento do tecido, formando um grupo
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FATORES DE RISCOS DO MEIO AMBIENTE DO TRABALHO │ UNIDADE III
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CAPÍTULO 2
Riscos biológicos, ergonômicos
mecânicos (acidentes)
68
FATORES DE RISCOS DO MEIO AMBIENTE DO TRABALHO │ UNIDADE III
O sangue, qualquer fluido orgânico contendo sangue, secreção vaginal, sêmen e tecidos,
são materiais biológicos envolvidos na transmissão do vírus HIV. Os líquidos de
serosas (peritoneal, pleural, pericárdico), líquido amniótico, líquor, líquido articular
e saliva (em ambientes odontológicos), são materiais de risco indeterminado para a
transmissão do vírus. Exposições a esses e outros materiais potencialmente infectantes
que não o sangue ou material biológico contaminado com sangue devem ser avaliadas
de forma individual.
Em geral, esses materiais são considerados como de baixo risco para transmissão
ocupacional do HIV. Cabe esclarecer que a exposição a agentes biológicos ocorre em
número muito mais expressivo em ambientes que utilizam sistemas de condicionamento
de ar, naquilo que a Organização Mundial de Saúde – OMS define com Síndrome do
Edifício Doente – SED.
A Síndrome do Edifício Doente refere-se à relação entre causa e efeito das condições
ambientais observadas em áreas internas, com reduzida renovação de ar, e os vários
níveis de agressão à saúde de seus ocupantes por meio de fontes poluentes de origem
física, química e/ou microbiológica. Um edifício pode ser considerado “doente” quando
cerca de 20% de seus ocupantes apresentam sintomas transitórios associados ao tempo
de permanência em seu interior, que tendem a desaparecer após curtos períodos de
afastamento. Em alguns casos, a simples saída do local já é suficiente para que os
sintomas desapareçam.
Os principais sintomas relacionados a SED são: (I) irritação dos olhos, nariz, pele e
garganta, (II) dores de cabeça, (III) fadiga, (IV) falta de concentração, e (V) náuseas.
Outros fatores associados à Síndrome do Edifício Doente são a elevação da taxa de
absenteísmo e a redução na produtividade e na qualidade de vida do trabalhador.
Dessa forma, a qualidade do ar de ambientes interiores assumiu importante papel
não só em questões relativas à Saúde Pública, como também, no que diz respeito à
Saúde Ocupacional. No Brasil, em 1998, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária
– ANVISA, órgão regulamentador do sistema de saúde, publicou a Portaria no 3.523,
estabelecendo, para todos os ambientes climatizados artificialmente de uso público e
coletivo, a obrigatoriedade de elaborar e manter um plano de manutenção, operação e
controle dos sistemas de condicionamento de ar – PMOC.
69
UNIDADE III │ FATORES DE RISCOS DO MEIO AMBIENTE DO TRABALHO
O PMOC estabelece, no mínimo, uma limpeza anual de todo o sistema e uma consequente
avaliação da qualidade do ar no ambiente. A Anvisa publicou em 2000, a Resolução no
176, contendo parâmetros biológicos, químicos e físicos por meio dos quais é possível
avaliar a qualidade do ar interior. Atualmente, a Anvisa trabalha na definição de
critérios para ambientes climatizados com fins especiais, como as salas de cirurgia e
Unidades de Tratamento Intensivo de hospitais, onde o risco de contaminação pode
ser fatal para pessoas com organismo debilitado.
»» Ingestão. A intoxicação por essa via é mais comum para os agentes biológicos
e menos comum para os químicos. A frequência e o grau de contato com os
agentes tóxicos depositados nas mãos, alimentos e cigarros é muito menor
que na inalação, por isso, somente substâncias altamente tóxicas como
o chumbo, o arsênico e o mercúrio podem causar preocupações nesse
sentido. Cabe ressaltar que a porção que se deposita na parte superior do
trato respiratório é arrastada para cima pela ação ciliar, e é posteriormente
70
FATORES DE RISCOS DO MEIO AMBIENTE DO TRABALHO │ UNIDADE III
A Ergonomia Física lida com as respostas do corpo humano à carga física e psicológica.
Tópicos relevantes incluem manipulação de materiais (peso), arranjo físico de estações
de trabalho, demandas do trabalho e fatores tais como repetição, vibração, força e postura
estática, relacionada com lesões musculoesqueléticas (lesão por esforço repetitivo).
e ética. A ergonomia pode ser também considerada como o estudo dos aspectos do
trabalho e sua relação com o conforto e bem-estar do trabalhador. Está mais ligada às
posturas, movimentos e ritmo determinados pela atividade e conteúdo dessa atividade,
nos seus aspectos físicos e mentais.
utilização de ferramentas pesadas; a força necessária para cortar objetos muito duros,
a utilização de parafusadoras e furadeiras.
Riscos mecânicos ou riscos de acidentes. Os tipos de acidentes mais comuns que ocorrem
na realização do trabalho são: (I) queda, (II) choque elétrico, (III) soterramento,
(IV) choque mecânico, (V) cortes e perfurações, (VI) queimaduras, (VII) animais
peçonhentos, (viii) acidentes de trânsito, (IX) incêndio e explosão. Os riscos de acidentes
se caracterizam pela possibilidade de lesão imediata ao trabalhador exposto. A pior
exposição a risco de acidentes ocorre quando ele estiver em situação de risco grave
(passível de causar lesão grave, incapacitante ou fatal) e iminente (passível de atingir
o trabalhador a qualquer momento). As quedas podem ocorrer em mesmo nível ou em
níveis diferentes. As quedas em mesmo nível ocorrem, geralmente, por imperfeições ou
irregularidades nos pisos, ou pela existência de materiais que os tornam escorregadios.
Os choques são a segunda maior causa dos acidentes fatais no Brasil. Os riscos de
acidentes dos empregados que trabalham com eletricidade, em qualquer das etapas de
geração, transmissão, distribuição e consumo de energia elétrica, constam da Norma
Regulamentadora 10 (MTb). Os efeitos do choque elétrico sobre o organismo humano
podem ser: (I) tetanização dos músculos, na qual a corrente elétrica se sobrepõe
aos estímulos cerebrais, e a vítima perde o controle sobre esses músculos que terão
uma contração enquanto o choque continuar, (II) parada respiratória, consequente
73
UNIDADE III │ FATORES DE RISCOS DO MEIO AMBIENTE DO TRABALHO
As quedas de objeto só ocorrem com a concorrência de dos fatores: (I) o objeto não estar
preso a nenhuma estrutura (estar solto, sem cordas ou correntes) e (II) não existirem
anteparos que detenham a queda do objeto em sua trajetória. A prensagem é um tipo
específico de choque mecânico que ocorre pela compressão do corpo (ou de partes do
corpo) pela ação de dois objetos móveis ou de um objeto móvel e outro fixo.
Atenção especial deve ser dada aos mecanismos com alta rotação (milhares de rpm) que
tem a característica de prender cabelos compridos e roupas frouxas e puxar a vítima
(ou partes de seu corpo) para a consequente prensagem. Os cortes e perfurações são
os acidentes de trabalho mais comuns e são consequência do manuseio de materiais
e/ou de equipamentos perfuro cortantes. Os cortes deixam a pele aberta e devem ser
fechados para evitar infecções. Os arranhões machucam apenas a camada superficial
da pele, podem doer mais do que o corte, mas cicatrizam rápido. As perfurações podem
ser profundas e devem ser deixadas abertas para não infectarem. As queimaduras
são lesões em determinada parte do organismo, desencadeadas pelo contato com um
agente externo. Dependendo desse agente, as queimaduras podem ser classificadas em
queimaduras térmicas, elétricas e químicas.
grau em todo o corpo é mais grave do que uma queimadura de terceiro grau de pequena
extensão. Saber diferenciar a queimadura é muito importante para que os primeiros
cuidados sejam efetuados corretamente. As queimaduras de primeiro grau são as mais
superficiais e caracterizam-se por deixar a pele avermelhada (hiperemiada), inchada
(edemaciada), e extremamente dolorida.
Uma exposição prolongada ao sol pode desencadear este tipo de lesão. Não se formam
bolhas e a pele não se desprende. Na evolução não surgem cicatrizes, mas elas podem
deixar a pele um pouco escura no início, tendendo a se resolver por completo com o tempo.
As queimaduras de segundo grau têm uma profundidade intermediária, ocorrendo
uma destruição maior da epiderme e derme, e caracterizam-se pelo aparecimento da
bolha (flictena) que é a manifestação externa de um descolamento dermoepidérmico.
A recuperação dos tecidos é mais lenta e pode deixar cicatrizes e manchas claras ou
escuras. As queimaduras de terceiro grau caracterizam-se pelo aparecimento de uma
zona de morte tecidual (necrose), há uma destruição total de todas as camadas da pele,
e o local pode ficar esbranquiçado ou carbonizado (escuro).
A dor é geralmente pequena, pois a queimadura é tão profunda que chega a danificar as
terminações nervosas da pele. Pode ser muito grave e até fatal dependendo da porcentagem
de área corporal afetada. Na evolução, sempre deixam cicatrizes podendo necessitar
de tratamento cirúrgico e fisioterápico posterior para retirada de lesões e aderências
que afetem a movimentação. Algumas cicatrizes podem ser foco de carcinomas de pele
tardiamente e por isso o acompanhamento destas lesões é fundamental.
pelo Sistema de Informações de Mortalidade – SIM. No Brasil existem pelo menos quatro
sistemas de informação que tratam do registro de acidentes por animais peçonhentos:
o Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas – SINITOX, o Sistema
Nacional de Agravos de Notificação – SINAN, o Sistema de Internação Hospitalar –
SIH/SUS, e o Sistema de Informação de Mortalidade – SIM. Cada um desses sistemas
possui características próprias, pois foram criados para atender demandas diferentes,
e ao invés de se completarem, podem até se contradizer em alguns casos.
Acidente de trânsito pode ser definido como todo evento danoso que envolva o veículo,
a via, o homem e/ou animais e, para caracterizar-se, é necessária a presença de dois
desses fatores. Os principais fatores que concorrem para a ocorrência dos acidentes
de trânsito são: (I) o veículo (em condições inadequadas de manutenção), (II) a via
(em estado de conservação inadequado), (III) o motorista (negligente, imprudente ou
imperito), e (IV) a sinalização do trânsito (inexistente ou inadequada). Os acidentes
de trabalho, devidos ao trânsito, estão, em sua maioria, associados aos acidentes de
trajeto, exceção feita aos profissionais do setor de transportes. Deve se incluir também
os acidentes que ocorrem no interior das empresas, relacionados à movimentação de
máquinas (tratores, empilhadeiras etc.).
Para ocorrer o fogo são necessários 4 componentes, conhecidos como Tetraedro do Fogo:
(I) Combustível, que é o material oxidável (sólido, líquido ou gasoso) capaz de reagir
com o comburente (em geral o oxigênio) numa reação de combustão; (II) Comburente,
que é o material gasoso que pode reagir com um combustível, produzindo a combustão,
em incêndios geralmente é o oxigênio atmosférico (O2); (III) Agente ígneo, ou fonte
de calor, que é o responsável pelo início do processo de combustão, introduzindo na
mistura combustível/comburente, a energia mínima inicial necessária; e (IV) Reação
em cadeia, que é o processo de sustentabilidade da combustão, pela presença de radicais
livres, que são formados durante o processo de queima do combustível.
76
FATORES DE RISCOS DO MEIO AMBIENTE DO TRABALHO │ UNIDADE III
Os incêndios podem ser classificados em: (I) Classe A, que ocorre em materiais sólidos
que queimam em profundidade e deixam resíduos (madeira, papel, tecido etc.); (II)
Classe B, em líquidos inflamáveis, os quais queimam somente em superfície e têm a
característica de propagar rapidamente o fogo quando transbordam (gasolina, acetona,
gás de cozinha – GLP – etc.); (III) Classe C, em materiais elétricos energizados, cujo
contato com água pode piorar a situação e aumentar a propagação, além de causar
acidentes; e (IV) Classe D, que são os metais pirofóricos, geralmente encontrados em
indústrias específicas, como a automobilística (raspa de zinco, limalhas de magnésio
etc), cujo contato com a água pode gerar até explosões.
77
UNIDADE III │ FATORES DE RISCOS DO MEIO AMBIENTE DO TRABALHO
Uma explosão provoca ondas de pressão ao redor do local onde ocorre. Explosões são
classificadas de acordo com essas ondas de choque: (I) deflagração, em caso de ondas
subsônicas, e (II) detonação, em caso de ondas supersônicas. A propagação das ondas
é diferente entre elas: (I) na detonação a onda propaga-se longitudinalmente, (II) na
deflagração a onda vai tomar toda a superfície do explosivo e dirigir-se para o interior.
Locais com muita poeira explosiva geralmente geram duas explosões subsequentes: (I)
a primeira é pequena e ocorrerá em algum ponto da nuvem de poeira formada, no local
onde a mistura for adequada, (II) como consequência dessa primeira explosão, mais
poeira é suspensa no ambiente, ocorrendo a segunda explosão, maior e mais perigosa.
Os efeitos das explosões dividem-se em: fisiológicos, térmicos e mecânicos. Os efeitos
fisiológicos são os que afetam os indivíduos ao nível de olhos, tímpanos, pulmões,
coração etc. Os efeitos térmicos provêm do aumento de temperatura provocado pela
liberação de energia. Os efeitos mecânicos traduzem-se na deslocação de materiais, por
arrastamento ou por destruição.
<https://www.youtube.com/watch?v=WmX0vK_pvKs>
<https://www.youtube.com/watch?v=Agf55dox78k>
<http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=216110
&caixaBusca=N>
78
ACESSO A DADOS E
ESCRITURAÇÃO FISCAL UNIDADE IV
SOBRE SST (ESOCIAL)
CAPÍTULO 1
Acidentalidade e observatório
Lesão corporal que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho, desde que não
1.0.01
enquadrada em nenhum dos demais códigos.
Perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho, desde
1.0.02
que não enquadrada em nenhum dos demais códigos.
Doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e
2.0.01 constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e Previdência Social, desde que não enquadrada em nenhum
dos demais códigos.
Doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado
2.0.02 e com ele se relacione diretamente, constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e Previdência Social, desde
que não enquadrada em nenhum dos demais códigos.
2.0.03 Doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade.
Doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em que ela se desenvolva quando resultante de exposição ou contato
2.0.04
direto determinado pela natureza do trabalho.
Doença profissional ou do trabalho não incluída na relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e Previdência Social quando
2.0.05
resultante das condições especiais em que o trabalho é executado e com ele se relaciona diretamente.
Doença profissional ou do trabalho enquadrada na relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e Previdência Social relativa nexo
2.0.06
técnico epidemiológico previdenciário - NTEP.
Acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para
3.0.01
redução ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação.
Acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em consequência de ato de agressão, sabotagem ou terrorismo
3.0.02
praticado por terceiro ou companheiro de trabalho.
Acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em consequência de ofensa física intencional, inclusive de terceiro,
3.0.03
por motivo de disputa relacionada ao trabalho.
Acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em consequência de ato de imprudência, de negligência ou de
3.0.04
imperícia de terceiro ou de companheiro de trabalho.
3.0.05 Acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em consequência de ato de pessoa privada do uso da razão.
Acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em consequência de desabamento, inundação, incêndio e outros
3.0.06
casos fortuitos ou decorrentes de força maior.
79
UNIDADE IV │ ACESSO A DADOS E ESCRITURAÇÃO FISCAL SOBRE SST (ESOCIAL)
Acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho na execução de ordem ou na realização de serviço sob
3.0.07
a autoridade da empresa.
Acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa
3.0.08
para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito.
Acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo
3.0.09 quando financiada por esta dentro de seus planos para melhor capacitação da mão de obra, independentemente do meio de
locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado.
Acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho no percurso da residência para o local de trabalho ou
3.0.10
deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado.
Acidente sofrido pelo segurado nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da satisfação de outras necessidades
3.0.11
fisiológicas, no local do trabalho ou durante este.
4.0.01 Suspeita de doenças profissionais ou do trabalho produzidas pelas condições especiais de trabalho, nos termos do art. 169 da CLT.
Constatação de ocorrência ou agravamento de doenças profissionais, através de exames médicos que incluam os definidos na NR
07; ou sendo verificadas alterações que revelem qualquer tipo de disfunção de órgão ou sistema biológico, através dos exames
4.0.02
constantes dos Quadros I (apenas aqueles com interpretação SC) e II, e do item 7.4.2.3 desta NR, mesmo sem sintomatologia,
caberá ao médico-coordenador ou encarregado
»» <http://www.previdencia.gov.br/saude-e-seguranca-do-trabalhador/
acidentalidade-por-cnpj/>
»» <https://observatoriosst.mpt.mp.br/>
80
CAPÍTULO 2
E-SOCIAL
Em alinhamento com essa lógica, discorre-se a seguir acerca da tributação sobre meio
ambiente de trabalho, especificamente as contribuições sociais incidentes sobre a folha
de pagamento com destaque àquelas relacionadas ao Seguro Acidente do Trabalho
– SAT e seus derivativos Financiamento da Aposentadoria Especial – FAE e Fator
Acidentário de Prevenção – FAP. Nesse bojo, se possibilita uma correta interpretação
sobre documentação fiscal, dentre elas a Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço – GFIP e a Escrituração Digital Fiscal – Social (eSocial) como obrigações
acessórias iniciação nuclear à prevenção, dado que o tributo constitui verdadeira alavanca
argumentativa e impositiva à melhora das condições do meio ambiente do trabalho.
81
UNIDADE IV │ ACESSO A DADOS E ESCRITURAÇÃO FISCAL SOBRE SST (ESOCIAL)
Vale lembrar que só perceberá essa facilidade de imediato a empresa que já cumpre à
risca com suas obrigações perante o Estado, pois instituição desorganizada terá que se
adaptar à legislação que vige há bastante tempo. É isso mesmo, o eSocial surgiu sem
criar qualquer tipo de obrigação, apenas para exigi-las de forma unificada e digital.
Por fim, o terceiro objetivo tem a ver com a qualidade das informações, já que,
atualmente, muitas delas são repassadas pelas empresas de forma incorreta ou até
mesmo incompleta. Um exemplo característico é a GFIP, em que algumas não têm
todos os seus campos preenchidos, sendo deixados em branco; em outros casos o
empregador coloca o número do CNAE constante de uma lista desatualizada do Decreto
no 3.048/1999, resultando em uma equivocada arrecadação do Seguro de Acidente do
Trabalho – SAT. Este material foi estruturado para permitir ao cursista uma visão geral
do sistema tributário nacional, com ênfase ao meio ambiente do trabalho, concatenando
a documentação fiscal pertinente.
82
ACESSO A DADOS E ESCRITURAÇÃO FISCAL SOBRE SST (ESOCIAL) │ UNIDADE IV
Existem três espécies de tributos relacionados ao meio ambiente do trabalho com efeitos
fiscais e parafiscais que estão no cerne desta disciplina: Seguro Acidente do Trabalho – SAT
e seus derivativos: Financiamento da Aposentadoria Especial – FAE e Fator Acidentário
de Prevenção - FAP. Nesse tópico faz-se um apanhado conceitual dessas espécies,
concatenando-os à GFIP (eSocial) no bojo da documentação fiscal, conforme figura a seguir.
Figura 14. Esquema com tributos relacionados ao meio ambiente do trabalho: SAT, FAE e FAP.
1 Inciso XXVIII do Art. 7 - seguro contra acidentes de trabalho (SAT), a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que
este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa.
83
UNIDADE IV │ ACESSO A DADOS E ESCRITURAÇÃO FISCAL SOBRE SST (ESOCIAL)
Remuneração
Base de Cálculo
Receita Bruta
84
ACESSO A DADOS E ESCRITURAÇÃO FISCAL SOBRE SST (ESOCIAL) │ UNIDADE IV
Assim, a alíquota do SAT não pode ser outra por CNAE, que não 1%, 2% e 3%, definidas
pelo art. 22, II da Lei no 8.212/1991, todavia é o poder executivo federal, via decreto, que
estabelece o GIILDRAT de cada CNAE. Essa alocação de risco coletivo é que é dinâmica
em função dos RR desses CNAE apurados periodicamente.
[...]
85
UNIDADE IV │ ACESSO A DADOS E ESCRITURAÇÃO FISCAL SOBRE SST (ESOCIAL)
87
UNIDADE IV │ ACESSO A DADOS E ESCRITURAÇÃO FISCAL SOBRE SST (ESOCIAL)
Há tabelas relacionadas à SST que servem de fonte para alimentação dos códigos aos
eventos acima, são elas:
88
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S-2210 - Comunicação de
Acidente de Trabalho S-2299
(Desligam
ento)
S-2220 - Monitoramento
da Saúde do Trabalhador
89
Figura 18. Fluxograma e Interseções no eSocial para SST.
Tabela 23 - Fatores
de Riscos do Meio S-2245 - Treinamentos
Ambiente do e Capacitações
Para Todos e Cada Um dos NIT
Trabalho
Tabela 29 - Treinamentos
Capacitações S-2240 é o mais importante evento em SST. Registra
Informações: de identificação do empregador (S-1000 e S-
S-1060 1005)), do Trabalhador (Tabela 1) e do Vínculo (S-2200);
UNIDADE IV │ ACESSO A DADOS E ESCRITURAÇÃO FISCAL SOBRE SST (ESOCIAL)
90
ACESSO A DADOS E ESCRITURAÇÃO FISCAL SOBRE SST (ESOCIAL) │ UNIDADE IV
»» <https://www.youtube.com/watch?v=NnzuNCgO7yE&t=2032s>
»» <https://enit.trabalho.gov.br/portal/index.php/esocial-ponto-a-ponto>
91
CAPÍTULO 3
Serviços especializados e programas
de saúde e segurança do trabalhador
92
ACESSO A DADOS E ESCRITURAÇÃO FISCAL SOBRE SST (ESOCIAL) │ UNIDADE IV
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UNIDADE IV │ ACESSO A DADOS E ESCRITURAÇÃO FISCAL SOBRE SST (ESOCIAL)
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ACESSO A DADOS E ESCRITURAÇÃO FISCAL SOBRE SST (ESOCIAL) │ UNIDADE IV
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UNIDADE IV │ ACESSO A DADOS E ESCRITURAÇÃO FISCAL SOBRE SST (ESOCIAL)
Exames complementares poderão ser solicitados, a critério médico, conforme cada caso.
Ainda, ações preventivas para situações especiais devem ser previstas, como vacinação
contra tétano e hepatite, influenza, no caso de atividades com riscos biológicos,
Programas de Conservação da Voz e ou Auditiva, Qualidade de Vida no Trabalho,
Acompanhamento de Doentes Crônicos, entre outros.
96
ACESSO A DADOS E ESCRITURAÇÃO FISCAL SOBRE SST (ESOCIAL) │ UNIDADE IV
Atribuições da CIPA:
97
UNIDADE IV │ ACESSO A DADOS E ESCRITURAÇÃO FISCAL SOBRE SST (ESOCIAL)
98
ACESSO A DADOS E ESCRITURAÇÃO FISCAL SOBRE SST (ESOCIAL) │ UNIDADE IV
(RENAST), por meio do controle direto das ações do Centro de Referência em Saúde do
Trabalhador (CEREST), pela participação efetiva de organização de trabalhadores na
definição de prioridades de intervenção, na implementação da política de ST e aplicação
de recursos disponíveis segundo a realidade do setor produtivo local. As CISTs foram
criadas para elaborar normas técnicas e parâmetros de qualidade em SST, a fim de
implementar políticas relativas às condições de trabalho e o seu controle.
A população pode recorrer a outros mecanismos de garantia dos direitos sociais para
além dos conselhos e conferências de saúde, em especial, o direito à saúde, por exemplo,
o Ministério Público, a Comissão de Seguridade Social e/ou da Saúde do Congresso
Nacional, das Assembleias Legislativas e das Câmaras de Vereadores, a Promotoria
dos Direitos do Consumidor (Procon), os conselhos profissionais etc. A denúncia por
intermédio dos meios de comunicação como rádios, jornais, televisão e internet também
é forte instrumento de pressão na defesa dos direitos (CORREIA, 2000). É importante
reiterar a importância dos sindicatos representativos de categorias profissionais no
processo de construção da saúde do trabalhador no Brasil.
O sindicato é uma associação de direito privado, criado por decisão de seus membros,
com o objetivo de representar, promover e defender, de forma permanente, os direitos
e interesses da categoria profissional ou econômica, em especial, podendo ser de
empregados, empregadores ou profissionais liberais. Eles fizeram parte de toda a
evolução da política trabalhista no nosso país em defesa dos direitos dos trabalhadores.
E até hoje, via acordos ou dissídios coletivos, conselhos deliberativos etc., garantem
melhores condições de trabalho e saúde para sua classe.
99
UNIDADE IV │ ACESSO A DADOS E ESCRITURAÇÃO FISCAL SOBRE SST (ESOCIAL)
100
Para (Não) Finalizar
O incremento do setor produtivo no Brasil aponta para uma crescente demanda por
engenheiros de segurança. Nesse contexto, o negócio de construção civil, demanda
inicial do profissional de engenharia de segurança, tem sido ampliado, haja vista as
empresas cada vez mais entenderem que a gestão dos riscos inerentes ao seu processo
produtivo cria uma equação positiva financeiramente para a empresa, aumentando
sua competitividade frente ao mercado interno e externo, principalmente quando
comparado aos produtos vindos da China. O papel do Engenheiro de Segurança teve
uma percepção durante muito tempo de um profissional descartável, que existia no
quadro das empresas somente para cumprir determinante legal, tanto o é que na
publicação do Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos Civis Federais, esse
profissional foi excluído, assim como a necessidade de se estabelecer um Serviço
Especializado de Segurança e Medicina do Trabalho – SESMT. Tal visão tem mudado
fortemente, apresentando uma demanda cada vez maior por parte das empresas para
esse profissional, haja vista consolidar a imagem de que o engenheiro de segurança
ultrapassa as suas responsabilidades frente à legislação vigente, atuando de forma efetiva
na melhoria dos processos e condições de trabalho, aumentando a competitividade da
empresa. Enfim, espera-se com esta disciplina ter contribuído para a comunidade de
segurança ocupacional, com empreendedores interessados em investir no ramo de
construção civil e, consequentemente, com o desenvolvimento do setor imobiliário
do Brasil.
101
Referências
ALBUQUERQUE-OLIVEIRA, Paulo Rogério. Fator de risco ruído no eSocial: de
engenharia ao direito. São Paulo: LTr. 2018. 177p.
______. NTEP e FAP: Novo olhar sobre a saúde do trabalhador. 2. ed. São
Paulo: LTr, 2010.
103
REFERÊNCIAS
RIGOTTO, R. M. Roteiro para estudo dos processos de trabalho em sua relação com
o ambiente interno e externo às indústrias. In: _____ O “progresso” chegou. E
agora? As tramas da (in)sustentabilidade e a sustentação simbólica do desenvolvimento.
Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais. [Tese de Doutorado] Universidade
Federal do Ceará. Fortaleza, 2004.
104
REFERÊNCIAS
_______. Saúde Ambiental & Saúde dos Trabalhadores: uma aproximação promissora
entre o Verde e o Vermelho. Rev. Bras. Epidemiol., v. 6, no 4, 2003.
Vasconcelos, L.C.F.; Gomez, C.M.; Machado, J.M. Entre o definido e o por fazer na
Vigilância em Saúde do Trabalhador. Ciência & Saúde Coletiva, no 19, v.12, pp.4617-
4626, 2014.
105