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O paradoxo do espectador (fórmula essencial) = todo corpo em ação precisa ser visto, nem que
seja por um corpo fictício. Contudo, é paradoxal pelo fato de o espectador DESCONHECER (fica
com a aparência e ignora a produção) e SEM AÇÃO (só observa)
Essência verdadeira do teatro (teatro sem espectador) – a passividade é ruim por ter
modelado a sociedade. Logo, é preciso ter a ação dramática, isto é, a ação teatral
pressupõe movimento, que pode servir para retirar a inércia dos espectadores e
impedir que renunciem ao poder (sem se seduzir pelas imagens)
Apesar das divergências, ambos se assemelham pelo fato de o primeiro dizer que é
uma tomada de consciência de sua situação e discutir interesses e o segundo trata de
se apossar das próprias energias.
Teatro trai o público por torna-los passivos e trair a essência comunitária, mas devolve
aos espectadores a posse de consciência (terceiro elemento). Dessa forma, o teatro
seria um mediador de sua própria supressão (brecht – a consciência faz o povo agir e
artaud – o teatro atrai o povo para a ação e energia coletiva)
Mestre embrutecedor – existe um abismo entre o saber do aluno e do mestre (este sempre
está um passo a frente para manter o abismo). Dessa forma, aquilo que deveria reduzir a
distância entre a ignorância e o saber acaba por aumenta-la.
Saber do ignorante não é útil pelo fato de não saber medir o quão longe está da
ignorância e perto do conhecimento. Apenas o saber do professor é importante.
Mestre ignorante – ensina algo que desconhece, exatamente pelo fato de as inteligências
serem iguais e, dessa forma, existe a emancipação intelectual (Jacolot). O mestre ignorante é
aquele que ignora a sua inteligência como melhor.
Contudo, como é possível garantir que aquele que observa é passivo? Isso seria um
pressuposto de que o olhar é sempre passivo. Da mesma forma, o desejo de acabar
com a distância pode distanciar mais.
Tradição da crítica social e cultural é criticada pelo fato de não ter mais o quê questionar (não existem
bases sólidas, apenas aparência).
b) Teoria = as pessoas são vítimas de uma estrutura ilusória por conta de processos
irresistíveis de desenvolvimento das forças produtivas (incapaz de conhecer e
deseja ignorar). Isso gera a ideia de que não haja mais miséria e que as pessoas
tenham culpa mesmo na ausência do objeto.
Sentido de emancipação
Tentativas de repolitizar a arte, depois de anos de ceticismo dos poderes subversivos. Apesar
das divergências entre arte e política, ambas têm um modelo de eficácia, ou seja, a arte é
política pelo fato de mostrar a dominação, ridicularizar ícones ou transforma em prática social.
Crença de que a representação nos fará evitar ou seguir uma conduta (tartufo
= odiar hipocrisia). A questão não é se existe uma fórmula correta para
transmitir sentimento e pensamento apropriado. O problema é a própria
fórmula, pois não há meios de assegurar que todos terão a mesma visão do
artista (criticar hipocrisia no teatro, sendo que é um lugar que se sente coisas
que não são suas).
eficácia estética = surge da polaridade das duas, sendo uma eficácia paradoxal,
separando a forma sensível de produção e a forma sensível de percepção. A distância
não gera a nocividade da contemplação, pois não há determinação entre intenção do
artista e o olhar do espectador. (ruptura da estética de que existam uns com
inteligência ativa e outros com inteligência passiva).
Política da arte
Essa tentativa de fusão contribui para transformar a percepção, mas não é calculável, tendo em
vista que são dissociações (rupturas). Contudo, atualmente perde-se a ideia de dissenso e
ocorre o consenso.
Consenso = vai além de uma negociação entre parceiros sociais, pois se trata de um
acordo entre sentido E sentido (apresentações do sensível + interpretação). Dessa
forma, qualquer um deve interpretar das mesmas formas e observar da mesma forma.
Imagem intolerável
É a imagem que nos causa repulsa ou o próprio ato de criar (ou seja, a imagem retrata o que
alguém fez), isto é, o intolerável dentro da imagem ou a imagem toda é intolerável (tensões
que afetam a arte política).
Imagens fortes não tornam conscientes seus espectadores, como se isso fosse fazer despertar
um desejo de oposição porque, ou se foge delas, ou culpa a maldade humana (seria necessário
se sentir culpado por olhar a imagem que quis provocar culpa).
Imagem da câmara de gás = a) intolerável por trazer essa realidade para nossos dias;
Não se trata de opor a realidade, mas sim construir outras realidades (através da
ficção). Mesmo os genocídios são ficções, mas a questão é saber como é posto e qual o
senso comum é tecido pela ficção (que humano é retratado e para quem se destina).
A capacidade política da imagem está em não esperar que a imagem provoque uma
reação esperada, antecipar os efeitos porque ela deu “armas necessárias” ao combate.
Imagens servem para gerar novas configurações do visível, dizível e pensável (só
servem para mudar o olhar se os efeitos e sentidos não forem antecipados).
Imagem pensativa
Imagem não pensa, indivíduos sim, cheios de pensamentos, mas não que dizer que os pensa.
Dessa forma:
essa imagem é objeto do pensamento, para trazer aquilo que não se pensou, isto é,
não se atribui o pensamento ao criador da imagem e produz efeito sobre o espectador
que não se liga a objetos determinados. É um estágio intermediário entre atividade e
passividade.
É o não lugar que se opõe a imagem como duplo de uma coisa e a imagem como
operação de arte
Essa ausência de lugar é definida por rancière como a fotografia (depois vídeo e
computadores).
Museus os refutam e dão lugar que antes era reservado às pinturas (fotografia de
pessoas inexpressivas e anônimas atuais (as pinturas são inexpressivas hoje, mas na
época não eram anônimos)).