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Brasília, 27 a 31 de agosto de 2001 - Nº 239

Data (páginas internas): 5 de setembro de


2001
Este Informativo, elaborado a partir de
notas tomadas nas sessões de julgamento das
Turmas e do Plenário, contém resumos não-
oficiais de decisões proferidas pelo Tribunal. A
fidelidade de tais resumos ao conteúdo efetivo
das decisões, embora seja uma das metas
perseguidas neste trabalho, somente poderá
ser aferida após a sua publicação no Diário da
Justiça.

ÍNDICE DE ASSUNTOS
Acórdão: Fundamentação Válida
ADIn: Superveniência de EC
Art. 17 do ADCT e Coisa Julgada
Competência da Justiça Comum e SUS
CPI e Fundamentação de suas Decisões
Desistência de Recurso: Admissibilidade
Militar: Cargo Eletivo e Afastamento
Parlamentar: Legitimidade Ativa para MS
Precatórios e Correção de Erro Material
Precatórios e Informações
Precatórios e Seqüestro
Substituição do Presidente do Congresso
Termo de Deserção e Irregularidade
Trancamento de Inquérito Penal
MS e Ilegitimidade Superveniente (Transcrições)

PLENÁRIO
Parlamentar: Legitimidade Ativa para MS
Os membros do Congresso Nacional têm
legitimidade ativa para impetrar mandado de
segurança com o objetivo de ver observado o devido
processo legislativo constitucional. Com esse
entendimento, o Tribunal, reconhecendo o direito
público subjetivo de deputado federal à correta
observância das regras da Constituição, conheceu de
mandado de segurança por ele impetrado mediante o
qual se impugnava a convocação de sessão do
Congresso Nacional pelo 1º Vice-Presidente do
Senado Federal, ante a licença do Presidente por 60
dias. Vencidos os Ministros Sepúlveda Pertence e
Ilmar Galvão, que entendiam inexistir em tese direito
público subjetivo do impetrante. Precedente citado:
MS 22.503-DF (DJU de 6.6.97).
MS 24.041-DF, rel. Min. Nelson Jobim, 29.8.2001.
(MS-24041)

Substituição do Presidente do Congresso


Prosseguindo no exame do mérito do
mandado de segurança acima mencionado, o Tribunal,
por unanimidade, decidiu que, nas hipóteses de
ausência eventual ou afastamento por licença do
Presidente do Senado Federal, cabe ao 1º Vice-
Presidente da Mesa do Congresso Nacional convocar e
presidir a sessão conjunta do Congresso Nacional.
Com esse entendimento, o Tribunal deferiu o mandado
de segurança para cassar a convocação do Congresso
Nacional para sessão conjunta, feita pelo 1º Vice-
Presidente do Senado Federal, na condição de
Presidente Interino do Senado Federal. Considerou-se
que a Mesa do Congresso Nacional, criada pela CF/88,
é distinta das Mesas da Câmara e do Senado, de modo
que o Presidente interino do Senado Federal não pode
presidir as sessões do Congresso Nacional, pois sequer
é integrante da Mesa do Congresso Nacional, devendo
a substituição ser feita pelos membros desta, nos
termos do art. 57, § 5º, da CF (“A Mesa do Congresso
Nacional será presidida pelo Presidente do Senado
Federal, e os demais cargos serão exercidos,
alternadamente, pelos ocupantes de cargos
equivalentes na Câmara dos Deputados e no Senado
Federal.”). Afastou-se a tese defendida no parecer da
Procuradoria-Geral da República no sentido de que o
substituto do Presidente do Senado Federal exerceria
em toda sua plenitude as competências do substituído,
nelas se incluindo a Presidência do Congresso
Nacional.
MS 24.041-DF, rel. Min. Nelson Jobim, 29.8.2001.
(MS-24041)

ADIn: Superveniência de EC
O Tribunal, por maioria, rejeitou a preliminar
de prejudicialidade da ação direta requerida pelo
Governador do Estado de São Paulo contra a Instrução
Normativa nº 11, de 10 de abril de 1997 (Resolução nº
67/97) do TST — que “uniformiza procedimentos
para a expedição de Precatórios e Ofícios
requisitórios referentes às condenações decorrentes de
decisões trânsitas em julgado, contra a União Federal
(Administração Direta), Autarquias e Fundações, até
a nova regulamentação prevista no projeto de reforma
do Poder Judiciário, na Constituição da República”
—, por entender que o § 2º do art. 100 da CF, texto
constitucional que serve de padrão de confronto, não
sofreu alteração substancial com a superveniência da
EC 30/2000, que lhe deu nova redação. Vencidos os
Ministros Sepúlveda Pertence e Marco Aurélio, que
julgavam prejudicada a ação por entenderem que a EC
30/2000 modificara substancialmente o § 2º do art.
100, sendo aplicável, à espécie, a jurisprudência do
STF no sentido de que não se admite o controle
concentrado de constitucionalidade de norma quando,
após sua edição, há alteração do parâmetro
constitucional invocado.
ADIn 1.662-DF, rel. Min. Maurício Corrêa, 30.8.2001.
(ADI-1662)

Precatórios e Seqüestro
Após, julgando o mérito da ação direta acima
mencionada, o Tribunal, por maioria, declarou a
inconstitucionalidade dos incisos III e XII da referida
Resolução, que autorizavam o seqüestro do valor do
precatório pelo presidente de tribunal regional do
trabalho quando a pessoa jurídica de direito público
condenada não incluísse no orçamento a verba
necessária ao seu pagamento ou quando este
pagamento fosse efetivado por meio inidôneo, a
menor, sem a devida atualização ou fora do prazo
legal. Reconheceu-se a violação ao art. 100, § 2º, da
CF, que autoriza o seqüestro da quantia necessária à
satisfação do débito exclusivamente na hipótese de
preterição do direito de precedência. Vencidos, nesse
ponto, os Ministros Sepúlveda Pertence e Marco
Aurélio, que julgavam improcedente a ação sob o
fundamento de que a não inclusão no orçamento da
verba necessária ao pagamento de precatórios, por si
só, consubstanciaria forma de preterição do direito de
preferência.
ADIn 1.662-DF, rel. Min. Maurício Corrêa, 30.8.2001.
(ADI-1662)

Precatórios e Informações
Quanto ao item IV da Resolução atacada (“A
pessoa jurídica de direito público informará ao
Tribunal, até 31 de dezembro, se fez incluir no
orçamento os precatórios apresentados até 1º de
julho”), o Tribunal, por maioria, vencidos os Ministros
Carlos Velloso e Marco Aurélio, conferiu-lhe
interpretação conforme à CF segundo a qual esse
dispositivo não encerra obrigação para a pessoa
jurídica de direito público devedora.
ADIn 1.662-DF, rel. Min. Maurício Corrêa, 30.8.2001.
(ADI-1662)

Precatórios e Correção de Erro Material


Ainda na mesma ação direta, o Tribunal
julgou parcialmente procedente o pedido quanto à
alínea b do item VIII da Resolução impugnada, que
prevê a competência do presidente do tribunal regional
para “determinar, de ofício ou a requerimento das
partes, a correção de inexatidões materiais ou a
retificação de erros de cálculo”, para dar-lhe
interpretação conforme à Constituição, segundo a qual
as diferenças agasalhadas são as resultantes de erros
materiais ou aritméticos ou inexatidões de cálculos dos
precatórios, não podendo dizer respeito ao critério de
elaboração dos cálculos ou a adoção de índices
diversos dos utilizados pela primeira instância.
Relativamente aos demais itens da Resolução (I, II, V,
VI, VII, VIII, salvo a alínea b, IX, X, XI, XIII),
também atacados, o Tribunal julgou improcedente a
ação, uma vez que dispõem sobre procedimentos
administrativos internos do tribunal, não havendo
ofensa ao dispositivo constitucional invocado
(competência exclusiva da União para legislar sobre
direito processual).
ADIn 1.662-DF, rel. Min. Maurício Corrêa, 30.8.2001.
(ADI-1662)

Art. 17 do ADCT e Coisa Julgada


Iniciado o julgamento de mandado de
segurança em que se discute se o art. 17 do ADCT
alcança ou não o instituto da coisa julgada (“Art. 17.
Os vencimentos, a remuneração, as vantagens e os
adicionais, bem como os proventos de aposentadoria
que estejam sendo percebidos em desacordo com a
Constituição serão imediatamente reduzidos aos
limites dela decorrentes, não se admitindo, neste caso,
a invocação de direito adquirido ou percepção de
excesso a qualquer título.”). Trata-se, na espécie, de
mandado de segurança impetrado contra determinação
do TCU no sentido de ser suprimida, dos cálculos dos
proventos dos impetrantes, a gratificação adicional por
tempo de serviço (Lei 4.097/62) percebida em razão de
decisão judicial transitada em julgado anteriormente à
CF/88. O Min. Marco Aurélio, relator, entendendo que
o mencionado dispositivo transitório aludira
exclusivamente ao direito adquirido, não abrangendo,
portanto, as situações decorrentes de pronunciamentos
judiciais transitados em julgado, proferiu voto no
sentido de conceder o mandado de segurança para
reconhecer às impetrantes o direito de verem incluídas
nos seus proventos a mencionada gratificação. Após, o
julgamento foi adiado em virtude do pedido de vista da
Ministra Ellen Gracie.
MS 21.621-DF, rel. Min. Marco Aurélio, 30.8.2001.
(MS-21621)

CPI e Fundamentação de suas Decisões


Por ausência de fundamentação, o Tribunal
deferiu dois mandados de segurança impetrados contra
atos da CPI do Futebol e da CPI relativa a Roubo de
Cargas, que determinaram a quebra de sigilo bancário,
fiscal e telefônico dos impetrantes. Considerou-se que a
Comissão Parlamentar de Inquérito, ao exercer a
competência investigatória prevista no art. 58, § 3º, da
CF, está sujeita às mesmas limitações constitucionais
que incidem sobres às autoridades judiciárias, devendo,
dessa forma, fundamentar as suas decisões (CF, art. 93,
IX).
MS 23.868-DF e MS 23.964-DF, rel. Min. Celso de
Mello, 30.8.2001.(MS-23868)(MS-23964)

Desistência de Recurso: Admissibilidade


Admite-se a desistência de recurso
extraordinário cujo julgamento já se iniciou mas estava
interrompido em virtude de pedido de vista. Com esse
entendimento, o Tribunal, resolvendo questão de
ordem, homologou a desistência manifestada pelo
recorrente após a interrupção do julgamento, apesar de
alguns votos já terem sido proferidos. Precedentes
citados: RCR 1.387-RJ (RTJ 90/402); RE 121.791-PE
(DJU de 27.11.92).
RE (QO) 113.682-SP, rel. Min. Ilmar Galvão,
30.8.2001.(RE-113682)

PRIMEIRA TURMA
Acórdão: Fundamentação Válida
O acórdão que adota, como razão de decidir,
os fundamentos de parecer oferecido por membro do
Ministério Público, ainda que este não atue junto ao
tribunal prolator da decisão, não fere os princípios
constitucionais do contraditório e da ampla defesa.
Com esse entendimento, a Turma afastou a alegada
nulidade de acórdão do STJ que adotara como razão de
decidir trechos do parecer de membro do Ministério
Público estadual. Precedente citado: AG (AgRg)
140.524-SP(DJU de 19.3.93).
RE 235.800-SP, rel. Min. Ilmar Galvão, 28.8.2001.
(RE-235800)

Competência da Justiça Comum e SUS


A Turma manteve acórdão do Tribunal de
Justiça do Estado do Rio Grande do Sul que,
afirmando a competência da justiça estadual para
julgar mandado de segurança contra a Resolução
283/91 do extinto INAMPS, reconhecera o direito de
contribuinte da Previdência Social à internação
hospitalar na modalidade “diferença de classe”, tendo
em vista as necessidades do caso concreto e o fato de
que a troca de leito se daria sem ônus para o sistema
público, já que o recorrido se comprometera a arcar
com a diferença pecuniária acrescida. A Turma afastou
o alegado litisconsórcio necessário da União porquanto
a direção do SUS é única e descentralizada em cada
esfera de governo (CF, art. 198, I), salientando, ainda,
que o direito à saúde assegurado no art. 196 da CF não
deve sofrer embaraços que reduzam ou dificultem o
seu acesso. Precedente citado: RE 226.835-RS (DJU
de 10.3.2000).
RE 261.268-RS, rel. Min. Moreira Alves, 28.8.2001.
(RE-261268)

Trancamento de Inquérito Penal


Iniciado o julgamento de dois habeas corpus
impetrados contra decisão do STJ que mantivera
determinação de instauração de procedimento
investigatório contra os pacientes, desembargadores,
para apuração de suposta prática do crime de extorsão.
Trata-se, na espécie, de investigação relativa à
designações supostamente irregulares de responsável
pelo expediente de serviços notariais em cartórios do
Estado do Rio de Janeiro, tendo em vista a preterição,
na escolha, do substituto legal mais antigo. O Min.
Ilmar Galvão, relator, considerando o entendimento
existente no Tribunal de Justiça do referido Estado —
no sentido de que o corregedor-geral da justiça, na
hipótese de vacância de serventia privatizada, e no
caso de o substituto legal não atender os requisitos
previstos em lei, pode designar outro serventuário para
responder pelo expediente do cartório —, proferiu voto
no sentido de deferir os habeas corpus para trancar o
procedimento investigatório, por entender que os fatos
sob apuração não constituem crime ou são
inexistentes. Após, o julgamento foi adiado em face do
pedido de vista da Ministra Ellen Gracie.
HC 80.564-RJ e 80.810-RJ, rel. Min. Ilmar Galvão,
28.8.2001.(HC-80564)(HC-80810)

SEGUNDA TURMA

Militar: Cargo Eletivo e Afastamento


Iniciado o julgamento de recurso
extraordinário em que se pretende a reforma de
acórdão do Tribunal de Justiça do Estado do Rio
Grande do Sul que reconhecera a ex-servidor militar o
direito de reintegração no serviço ativo, com o
ressarcimento das vantagens devidas. Trata-se, na
espécie, de militar que, com menos de dez anos de
serviço, pedira afastamento para candidatar-se ao
cargo de vereador e fora demitido ex officio com base
no art. 14, § 8º, I, da CF (“§8: O militar alistável é
elegível, atendidas as seguintes condições: I: se
contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-
se da atividade;”). O Min. Maurício Corrêa, relator,
tendo como não recebidos pela CF/88 o art. 98, I, II,
III, bem como o parágrafo único do art. 5º, todos do
Código Eleitoral, proferiu voto no sentido de manter o
acórdão recorrido, por entender que o art. 14, § 8º, I,
da CF, não determina a exclusão do militar que conte
menos de dez anos de serviço, mas sim permite o seu
afastamento provisório — o qual somente se
concretizará após a sua diplomação —, salientando,
ainda, não haver, em relação ao militar, qualquer
restrição à percepção da remuneração de seu cargo até
que ingresse no exercício do mandato. Após, o
julgamento foi adiado em face do pedido de vista do
Min. Carlos Velloso.
RE 279.469-RS, rel. Min. Maurício Corrêa, 28.8.2001.
(RE-279469)

Termo de Deserção e Irregularidade


A Turma indeferiu habeas corpus impetrado
contra acórdão do STM em que se pretendia o
reconhecimento da nulidade do termo de deserção
lavrado contra o paciente e da respectiva ação penal
militar com base nele instaurada, sob a alegação de
que, tendo a administração militar lavrado o referido
termo após um ano da data da consumação do delito,
teria ocorrido a preclusão do direito de se considerar o
paciente desertor. Considerou-se que a mera
irregularidade administrativa quando da lavratura do
termo de deserção não tem o condão de anular a ação
penal, vinculada ao princípio do contraditório e da
ampla defesa.
HC 80.883-AM, rel. Min. Carlos Velloso, 28.8.2001.
(HC-80883)

Sessões Ordinárias Extraordinárias Julgamentos

Pleno 29.8.2001 30.8.2001 16


1ª Turma 28.8.2001 ------- 133
2ª Turma 28.8.2001 ------- 332

CLIPPING DO DJ
31 de agosto de 2001

ACO N. 320-SC
RELATOR: MIN. OCTAVIO GALLOTTI
EMENTA: Ação cível originária. Ação proposta pelo Estado de
Santa Catarina visando à nulidade do título de aforamento de
acrescidos de marinha, concedidos ao réu e transferidos por este ao
co-réu. 2. Licença verbal obtida do Diretor-Geral do SPU, em julho
de 1977, para início das obras de construção da Via de Contorno
Norte. Cessão formalizada em setembro de 1979, por meio de
portaria ministerial. 3. Obtenção por parte do réu, em 1978, do
aforamento da mesma superfície aterrada pelo DER e transferida
posteriormente para o co-réu. 4. Rejeitada preliminar de
incompetência desta Corte, argüida pela União em contestação. 5.
Pedido de aforamento do Estado precedeu ao surgimento dos
acrescidos de marinha. 6. Ação julgada procedente para decretar a
nulidade do aforamento das duas áreas de acrescidos artificiais de
marinha, feito ao réu, assim como a nulidade da escritura pública de
cessão e transferência de domínio útil dessas áreas de acrescidos
artificiais, em favor do co-réu, cancelando-se os respectivos
registros em nome dos aludidos réus.

ADIn N. 1.044-MA
RELATOR: MIN. NÉRI DA SILVEIRA
EMENTA: - Ação direta de inconstitucionalidade. 2. Lei nº 5745,
de 20.7.1993, do Estado do Maranhão, inciso I e anexo I do art. 1º.
Situação funcional de servidores do extinto Tribunal de Contas dos
Municípios do Estado do Maranhão. Aproveitamento de cinco
Auditores do Tribunal extinto, no Tribunal de Contas do Estado do
Maranhão, em virtude de emenda de origem legislativa ao projeto de
lei do Executivo. 3. Não há qualquer iniciativa do Tribunal de
Contas do Estado. Relevância dos fundamentos da ação direta de
inconstitucionalidade. "Periculum in mora" caracterizado. Medida
cautelar deferida. 4. Parecer da Procuradoria-Geral da República
pela extinção do processo sem julgamento do mérito e, caso
ultrapassada a preliminar argüida, pela procedência da ação. 5.
Preliminar de não conhecimento da ação afastada. Ação julgada
procedente para declarar a inconstitucionalidade do inciso I e anexo
I do art. 1º da Lei nº 5745, de 20.7.1993, do Estado do Maranhão.
* noticiado no Informativo 113

ADIn N. 1.376-DF – medida liminar


RELATOR: MIN. ILMAR GALVÃO
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE.
MEDIDA PROVISÓRIA Nº 1.179/95, QUE DISPÕE SOBRE
MEDIDAS DE FORTALECIMENTO DO SISTEMA
FINANCEIRO NACIONAL E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS.
PARCIAL REEDIÇÃO PELA DE Nº 1.214/95. ALEGADA
INCOMPATIBILIDADE COM O ART. 192, CAPUT, ART. 150, §
6º, E ART. 5º, XX, CF/88 E, AINDA, COM OS PRINCÍPIOS DA
ISONOMIA E DO ATO JURÍDICO PERFEITO. PEDIDO
ACOMPANHADO DE REQUERIMENTO DE MEDIDA
CAUTELAR.
Ausência de plausibilidade da tese:
- em primeiro lugar, por ter-se limitado a definir, no art. 1º e
parágrafos, os contornos de programa criado por ato do Conselho
Monetário Nacional, no exercício de atribuição que lhe foi conferida
pela Lei nº 4.595/64 (art. 2º, inc. VI), recebida pela Carta de 88
como lei complementar;
- em segundo lugar, tendo em vista que o art. 2º e seus incisos e
parágrafos, ainda que houvessem instituído tratamento tributário
privilegiado às fusões e incorporações, o fizeram sem afronta ao art.
150, § 6º, da CF/88, posto que por meio de lei editada para esse fim,
a qual, por isso, não pode deixar de ser considerada específica, como
exigido pelo referido texto;
- e, por fim, considerando que o art. 3º, ao afastar a incidência, nas
incorporações e fusões, do art. 230 da Lei 6.404/76, referiu norma
legal cuja vigência se acha envolta em séria controvérsia,
circunstância por si só capaz de lançar dúvida sobre a questão de
saber se concorre, no caso, o pressuposto da relevância do
fundamento do pedido.
Registre-se, ainda, que escapa à competência do Poder Judiciário a
apreciação do requisito de urgência previsto no art. 62 da CF/88 para
a adoção de medida provisória, conforme jurisprudência assente do
STF.
Medida cautelar indeferida.
* noticiado no Informativo 17

ADIn N. 1.454-DF – medida liminar


RELATOR: MIN. OCTAVIO GALLOTTI
EMENTA: - Cadastro Informativo dos créditos não quitados de
órgãos e entidades federais (CADIN).
Medida cautelar indeferida em relação ao art. 6º da Medida
Provisória nº 1.490, de 7-6-96; porquanto ali se estabelece simples
consulta, ato informativo dos órgãos que colhem os dados ali
contidos, sem repercussão sobre direitos ou interesses de terceiros.
Deferida, porém, quanto ao art. 7º, ante o relevo da argüição de
inconstitucionalidade da sanção administrativa ali instituída, sendo
procedente a alegação de perigo de demora.
* noticiado no Informativo 193

ADIn N. 1.577-RJ – medida liminar


RELATOR: MIN. NÉRI DA SILVEIRA
EMENTA: - Ação direta de inconstitucionalidade. 2. Expressões
constantes do "caput" do art. 4º("reduzida em 90% (noventa por
cento) se incidente o imposto sobre as prestações de serviço de
transporte rodoviário intermunicipal de passageiros executados
mediante concessão, permissão e autorização do Estado do Rio de
Janeiro, inclusive os de turismo"); do inciso IX do mesmo art.
4º("excetuada a hipótese prevista no "caput" deste artigo") e do art.
40("Sobre prestação de serviço intermunicipal de transporte
rodoviário de passageiros e o transporte fornecido pelo empregador
com ou sem ônus para funcionários e/ou empregados e, ainda,") da
Lei nº 2657 de 26 de dezembro de 1996, do Estado do Rio de
Janeiro. 3. Benefícios fiscais relativos ao ICMS para as prestações
de serviços de transporte intermunicipal de passageiros. 4. Alegação
de concessão de exoneração fiscal no "caput" do art. 40, da Lei nº
2657/96 à margem do disposto na alínea "g", do inciso XII, do § 2º,
do art. 155 da CF. 5. Inviável a concessão, por parte dos Estados ou
do Distrito Federal, de benefício fiscal, relativo ao ICMS,
unilateralmente, diante da regra do art. 155, § 2º, XII, letra "g", da
Constituição Federal. Precedentes: ADIN 1522 e ADIN 1467. 6.
Preenchidos os requisitos da relevância jurídica do pedido e do
periculum in mora. 7. Medida cautelar deferida para suspender, ex
nunc e até o julgamento final da ação, a eficácia das disposições
impugnadas da Lei nº 2657, de 26.12.1996, do Estado do Rio de
Janeiro.

ADIn N. 2.049-RJ – medida liminar


RELATOR: MIN. NÉRI DA SILVEIRA
EMENTA:- Ação direta de inconstitucionalidade. Lei nº 3.189, de
22 de fevereiro de 1999, que institui o Fundo Único de Previdência
Social do Estado do Rio de Janeiro - RIOPREVIDÊNCIA e dá
outras providências. 2. Alegação de inconstitucionalidade dos artigos
1º ao 49 da Lei ordinária nº 3.189, de 22.02.99, do Estado do Rio de
Janeiro. 3. Limitação do pleito de cautelar a expressões "inativos",
"bem como dos beneficiários", do inciso I do art. 14 e "inativos, seus
beneficiários" e "provento e pensão" do art. 18, todos da Lei nº
3.189, por ofensa aos arts. 40, § 12, e 195, II, da Constituição. 4.
Pedido liminar que guarda correspondência com súplica deduzida na
ADI 2188-5/600-RJ. 5. Não é possível atender à súplica de limitação
do pleito liminar. Proposta a ação direta de inconstitucionalidade, é
indisponível seu objeto, parcial ou totalmente. 6. Medida cautelar
deferida, em parte, para suspender, até a decisão final da ação direta,
a eficácia das expressões "e inativos", contidas no inciso I do art. 14;
das expressões "provento, pensão", inseridas no art. 18; do inciso II
do art. 34; e dos arts. 35 e 40, da Lei nº 3.189, de 22.02.99, do
Estado do Rio de Janeiro.
* noticiado no Informativo 185

ADIn N. 2.335 – medida liminar


RELATOR: MIN. MAURÍCIO CORRÊA
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE.
MEDIDA LIMINAR. EXTINÇÃO DE CARGOS PÚBLICOS E
APROVEITAMENTO DE SEUS OCUPANTES EM CARREIRA
DISTINTA. UTILIZAÇÃO DO TERMO "APROVEITAMENTO"
NA SUA ACEPÇÃO VULGAR. CARACTERIZAÇÃO DE
PROVIMENTO DERIVADO - ASCENSÃO -. VIOLAÇÃO AO
ARTIGO 37, II, E 41, § 3º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
1. Aproveitamento dos titulares de cargos extintos - Fiscal de
Tributos Estaduais, Fiscal de Mercadorias em Trânsito, Exator e
Escrivão de Exatoria - em classes de nova carreira - Auditor Fiscal
da Receita Estadual I, II, III e IV - cujas atribuições não coincidem
com as anteriores. Forma de provimento derivado - ascensão
funcional - banida do ordenamento jurídico pela Constituição
Federal de 1988 (artigo 37, II).
2. O aproveitamento a que se refere o § 3º do artigo 41 da Carta
Federal supõe cargos disponíveis com atribuições coincidentes com
as dos cargos extintos.
3. Os titulares dos cargos extintos de nível médio não estão
habilitados a ser aproveitados em cargos de nível superior.
Precedente: ADI 1.030, CARLOS VELLOSO (DJ DE 13.12.96).
4. Comprometimento das violações aos artigos 37, II, e 41, § 3º, da
Constituição Federal, com a totalidade da lei (Cfr. RP 1.379. Moreira
Alves, DJ de 11.09.87).
Deferida a medida liminar. Suspensão, com efeito ex tunc, da
vigência da Lei Complementar nº 189, de 17 de janeiro de 2000, do
Estado de Santa Catarina, até o julgamento final da ação.
*noticiado no Informativo 215

CC N. 7.087-PE
RELATOR: MIN. MARCO AURÉLIO
CONFLITO DE COMPETÊNCIA - JUSTIÇA FEDERAL MILITAR
DE PRIMEIRA INSTÂNCIA E JUSTIÇA FEDERAL DE
PRIMEIRA INSTÂNCIA - AFASTAMENTO. Na dicção da
ilustrada maioria, entendimento em relação ao qual divergi, na
companhia do Ministro Ilmar Galvão, estando ausente, na ocasião,
justificadamente, o Ministro Celso de Mello, compete ao Superior
Tribunal de Justiça, e não ao Supremo Tribunal Federal, dirimir o
conflito, enquanto não envolvido o Superior Tribunal Militar.
CONFLITO DE COMPETÊNCIA - JUSTIÇA FEDERAL MILITAR
VERSUS JUSTIÇA FEDERAL - ENVOLVIMENTO DO
SUPERIOR TRIBUNAL MILITAR - AFASTAMENTO. A
competência para dirimir o conflito é do Supremo Tribunal Federal,
ante o fato de, em curso as ações penais alicerçadas nos mesmos
dados, o Superior Tribunal Militar haver conhecido e indeferido
habeas corpus, versando sobre a custódia, impetrado contra ato do
Juízo da Circunscrição Militar.
COMPETÊNCIA - TRÁFICO INTERNACIONAL DE
ENTORPECENTES - CONVENÇÃO DE NOVA IORQUE -
DECRETO LEGISLATIVO Nº 5/64 - ÁREA, VEÍCULO E
AGENTE MILITARES. A ressalva constitucional da competência da
Jurisdição Especializada Militar - incisos IV e IX - não se faz
presente no inciso V do artigo 109 da Constituição Federal.
Cuidando-se de crime previsto em tratado ou convenção
internacional, iniciada a execução no Brasil e o resultado tenha ou
devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente, a
competência é da Justiça Federal estrito senso.
*noticiado no Informativo 187

HABEAS CORPUS N. 80.837-SP


RELATOR: MIN. CELSO DE MELLO
E M E N T A: SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO
PENAL (LEI Nº 9.099/95, ART. 89) - CONCURSO DE
INFRAÇÕES - CONTINUIDADE DELITIVA - ACRÉSCIMO
PENAL - SUPERAÇÃO DO LIMITE PENAL MÍNIMO
REFERIDO NO ART. 89 DA LEI Nº 9.099/95 - PEDIDO
INDEFERIDO.
- A suspensão condicional do processo penal, prevista no art. 89 da
Lei nº 9.099/95, não se estende aos crimes cometidos em concurso
formal, ou em concurso material, nem àqueles praticados em
continuidade delitiva, se a soma das penas mínimas cominadas a
cada infração penal, computado o aumento respectivo, ultrapassar
o limite de um (1) ano, a que se refere o preceito legal em questão.
Precedentes de ambas as Turmas do Supremo Tribunal Federal.

ADIn (AgRg) N. 2.180-SP


RELATOR: MIN. NÉRI DA SILVEIRA
EMENTA: Ação direta de inconstitucionalidade. Agravo
regimental. 2. Despacho que, acolhendo preliminar de ilegitimidade
ativa ad causam suscitada pela PGR e pelo requerido, negou
seguimento à ação direta de inconstitucionalidade. 3. A agravante é
entidade que congrega associações. Condição de entidade de classe
de âmbito nacional, aos fins do art. 103, IX, 2ª parte, da
Constituição, não reconhecida, nos termos da jurisprudência da
Corte. 4. Agravo regimental a que se nega provimento.
*noticiado no Informativo 224

RE N. 229.450-RJ
RELATOR: MIN. MAURÍCIO CORRÊA
EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO.
ADMINISTRATIVO. ARTIGO 77, VII, DA CONSTITUIÇÃO DO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO: NOMEAÇÃO DE CANDIDATO
APROVADO EM CONCURSO PÚBLICO. PRAZO MÁXIMO
CONTADO DA HOMOLOGAÇÃO DO RESULTADO DO
CONCURSO PÚBLICO. INCONSTITUCIONALIDADE.
1. Aprovação em concurso público. Direito subjetivo do candidato à
nomeação, de acordo com a respectiva ordem de classificação e no
prazo de sua validade.
2. Constituição do Estado do Rio de Janeiro, artigo 77, VII.
Provimento de cargo público. Iniciativa reservada ao Chefe do
Executivo para edição de leis que disponham sobre o regime jurídico
dos servidores públicos. Ofensa ao princípio da separação dos
poderes: Inconstitucionalidade formal.
Recurso extraordinário conhecido e provido para cassar a segurança,
declarando-se, incidenter tantum, a inconstitucionalidade do inciso
VII do artigo 77 da Constituição do Estado do Rio de Janeiro.

RE N. 234.186-SP
RELATOR: MIN. SEPÚLVEDA PERTENCE
EMENTA: Estabilidade provisória da empregada gestante (ADCT,
art. 10, II, b): inconstitucionalidade de cláusula de convenção
coletiva do trabalho que impõe como requisito para o gozo do
benefício a comunicação da gravidez ao empregador.
1. O art. 10 do ADCT foi editado para suprir a ausência temporária
de regulamentação da matéria por lei. Se carecesse ele mesmo de
complementação, só a lei a poderia dar: não a convenção coletiva, à
falta de disposição constitucional que o admitisse.
2. Aos acordos e convenções coletivos de trabalho, assim como às
sentenças normativas, não é lícito estabelecer limitações a direito
constitucional dos trabalhadores, que nem à lei se permite.
*noticiado no Informativo 231

RE N. 236.948-MA
RELATOR: MIN. OCTAVIO GALLOTTI
EMENTA: Inelegibilidade de cunhado de Governador (art. 14, § 7º,
da Constituição).
Condição a ser objetivamente verificada, sem caber a indagação
subjetiva, acerca da filiação partidária das pessoas envolvidas, da
animosidade ou rivalidade política entre elas prevalecente, bem
como dos motivos que haveriam inspirado casamento gerador da
afinidade causadora da inelegibilidade.
* noticiado no Informativo 123

RE N. 241.292-BA
RELATOR: MIN. ILMAR GALVÃO
EMENTA: ADMINISTRATIVO. ESTADO DA BAHIA.
SERVIDORES DO GRUPO OPERACIONAL "FISCO".
ACÓRDÃO QUE CONCLUIU PELA
INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 1º DO DECRETO Nº
3.979/95, PELO QUAL FOI REBAIXADO O LIMITE MÁXIMO
DE SUA REMUNERAÇÃO. ALEGADA OFENSA AOS ARTS. 37,
XI, XIII E XV.
Havendo os limites da remuneração dos recorridos sido
legitimamente estabelecidos por lei (art. 5º da Lei nº 4.964/89), é
fora de dúvida que não poderiam eles ter sido alterados por meio de
decreto.
O referido art. 5º da Lei nº 4.964/89, entretanto, ao fixar tais limites,
atrelou-os à remuneração de Secretários de Estado, ofendendo, por
esse modo, o inc. XIII do art. 37 da Constituição.
Interpretação que se impõe, no sentido de que o dispositivo sob
enfoque, ao fixar o valor máximo da gratificação de produção como
sendo a diferença entre a remuneração de Secretário de Estado e o
vencimento inicial de Auditor Fiscal, fê-lo de maneira referida a
maio de 1989, valor esse somente alterado, a partir de então, e
suscetível de novas alterações, doravante, por supervenientes leis de
revisão geral dos vencimentos dos servidores civis do Estado.
Recurso conhecido, em parte, e nela provido, com declaração de
inconstitucionalidade do Decreto nº 3.979/95, do Estado da Bahia.
*noticiado no Informativo 214

RE N. 254.948-BA
RELATOR: SEPÚLVEDA PERTENCE
EMENTA: I. Recurso extraordinário: suas limitações em face de
eventual injustiça da decisão recorrida.
O recurso extraordinário é via processual estreitíssima, cujo
potencial para desfazer eventuais injustiças na solução do caso
concreto pelas instâncias ordinárias se restringe - aqui e alhures - às
hipóteses infreqüentes nas quais a correção do erro das decisões
inferiores possa resultar do deslinde da questão puramente de
direito, e de alçada constitucional, adequadamente trazida ao
conhecimento do Supremo Tribunal: por isso, a decisão do RE não
se compromete com a justiça ou não do acórdão recorrido.
II. Recontagem de urnas por apresentação de totais de votos nulos,
brancos ou válidos destoantes de média geral verificada nas demais
Seções do mesmo Município ou Zona Eleitoral (L. 8.713/93, art. 87,
II): pedido indeferido pelo TRE, com relação às eleições para
Senador pelo Estado da Bahia, por decisão fundada na afirmação de
não ocorrência de seus pressupostos de direito ordinário ou de fato, à
verificação de cuja procedência ou improcedência não se presta o
recurso extraordinário.
III. Recurso extraordinário por contrariedade à coisa julgada:
inexistência, no caso, que induz ao não conhecimento do RE, tanto
mais quanto, na hipótese, a jurisprudência do Tribunal só o admite
quando a contradição entre o acórdão recorrido e a decisão anterior
coberta pela coisa julgada seja conspícua e manifesta, e independa
de controvérsia séria sobre o conteúdo e o alcance da última.
1. A decisão que provê o agravo de instrumento contra o
indeferimento de recurso de índole extraordinária - qual o especial
comum ou eleitoral - é interlocutória simples, que apenas determina
o acesso ao Tribunal do recurso interceptado na origem: sem decidir
da lide, não produz coisa julgada, e sequer gera preclusão quanto à
admissibilidade do recurso principal, cujo processamento ordena
(Súm. 289).
2. De qualquer sorte, não há contradição alguma, sequer de ordem
lógica, entre a decisão que, no agravo, afirma a existência de
dissídio de julgados para determinar processamento de recurso
especial e a decisão deste ou do conseqüente acórdão local,
mormente se neste há fundamento suficiente e diverso.
*noticiado no Informativo 162

Acórdãos publicados: 381

TR A N S C R I Ç Õ E
S

Com a finalidade de proporcionar aos leitores


do INFORMATIVO STF uma compreensão mais
aprofundada do pensamento do Tribunal,
divulgamos neste espaço trechos de decisões que
tenham despertado ou possam despertar de modo
especial o interesse da comunidade jurídica.
_______________________________________
MS e Ilegitimidade Superveniente (Transcrição)

MS 22.487-DF*

RELATOR: MIN.CELSO DE MELLO

EMENTA: PROPOSTA DE EMENDA À


CONSTITUIÇÃO. IMPETRAÇÃO DE MANDADO
DE SEGURANÇA POR PARLAMENTARES.
POSSIBILIDADE. DIREITO PÚBLICO
SUBJETIVO À CORRETA FORMAÇÃO DAS
ESPÉCIES NORMATIVAS. APROVAÇÃO DA
PROPOSTA DE EMENDA PELO CONGRESSO
NACIONAL. HIPÓTESE CARACTERIZADORA DE
PERDA SUPERVENIENTE DA LEGITIMIDADE
ATIVA PARA O PROSSEGUIMENTO DA AÇÃO
MANDAMENTAL. PROCESSO EXTINTO, SEM
JULGAMENTO DE MÉRITO.

- A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal -


embora reconheça, ao membro do Congresso
Nacional, qualidade para fazer instaurar o controle
jurisdicional pertinente ao processo de elaboração
normativa - nega-lhe, no entanto, legitimidade ativa
para prosseguir no processo mandamental, quando,
em decorrência de fato superveniente, a proposição
normativa, em tramitação na esfera parlamentar, vem
a transformar-se em lei ou a converter-se em emenda à
Constituição.

A superveniência da aprovação parlamentar do projeto


de lei ou da proposta de emenda à Constituição
implica a perda da legitimidade ativa dos membros do
Congresso Nacional para o prosseguimento da ação
mandamental, que não pode ser utilizada como
sucedâneo da ação direta de inconstitucionalidade.
Precedentes.

DECISÃO. Trata-se de mandado de segurança impetrado


com o objetivo de preservar a integridade jurídica do processo de
elaboração de emenda à Constituição da República e de fazer
prevalecer o direito subjetivo de membros do Congresso Nacional à
correta observância, pelo Poder Legislativo da União, das diretrizes,
que, em nosso sistema institucional, condicionam, formal e
materialmente, a validade do processo de positivação do Direito.

Cabe assinalar, desde logo, na linha do magistério


jurisprudencial desta Suprema Corte (MS 23.334-RJ, Rel. Min.
CELSO DE MELLO - RDA 215/228-231, v.g.), que os membros do
Congresso Nacional dispõem de legitimidade ativa ad causam para
provocar a instauração do controle jurisdicional sobre o processo
de formação das leis e das emendas à Constituição, assistindo-lhes,
sob tal perspectiva, irrecusável direito subjetivo de impedir que a
elaboração dos atos normativos, pelo Poder Legislativo, incida em
desvios inconstitucionais.

É por essa razão que o Supremo Tribunal Federal tem


reiteradamente proclamado, em favor dos congressistas - não,
porém, em favor de terceiros - o reconhecimento desse direito
público subjetivo à correta elaboração das leis e das emendas à
Constituição:

“PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO.


CONTROLE INCIDENTAL DE
CONSTITUCIONALIDADE (CF, ART. 60, § 4º).
MANDADO DE SEGURANÇA. LEGITIMIDADE ATIVA
DO MEMBRO DO CONGRESSO NACIONAL. WRIT
MANDAMENTAL UTILIZADO POR SERVIDOR
PÚBLICO. FALTA DE QUALIDADE PARA AGIR.
MANDADO DE SEGURANÇA NÃO CONHECIDO.
- O processo de formação das leis ou de
elaboração de emendas à Constituição revela-se suscetível
de controle incidental ou difuso pelo Poder Judiciário,
sempre que, havendo possibilidade de lesão à ordem
jurídico-constitucional, a impugnação vier a ser suscitada
por membro do próprio Congresso Nacional, pois, nesse
domínio, somente ao parlamentar - que dispõe do direito
público subjetivo à correta observância das cláusulas que
compõem o devido processo legislativo - assiste
legitimidade ativa ad causam para provocar a fiscalização
jurisdicional.
- A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal
firmou-se no sentido de recusar, a terceiros que não
ostentem a condição de parlamentar, qualquer legitimidade
que lhes atribua a prerrogativa de questionar, incidenter
tantum, em sede mandamental, a validade jurídico-
constitucional de proposta de emenda à Constituição,
ainda em tramitação no Congresso Nacional. Precedentes.
- Terceiros, ainda que invocando a sua potencial
condição de destinatários da futura lei ou emenda à
Constituição, não dispõem do direito público subjetivo de
supervisionar a elaboração dos atos legislativos, sob pena
de indevida transformação, em controle preventivo de
constitucionalidade em abstrato - inexistente no sistema
constitucional brasileiro (RTJ 136/25-26, Rel. Min.
CELSO DE MELLO) -, do processo de mandado de
segurança, que, instaurado por mero particular, converter-
se-ia em um inadmissível sucedâneo da ação direta de
inconstitucionalidade. Precedentes.”
(MS 23.565-DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO, DJU de
17.11.1999)

Não se pode ignorar que a estrita observância das normas


constitucionais condiciona a própria validade dos atos normativos
editados pelo Poder Legislativo (CARL SCHMITT, “Teoria de La
Constitución”, p. 166, 1934; PAOLO BISCARETTI DI RUFFIA,
“Diritto Costituzionale”, vol. I/433-434, 1949; JULIEN
LAFERRIÈRE, “Manuel de Droit Constitutionnel”, p. 330, 1947;
A. ESMEIN, “Elements de Droit Constitutionnel Français et
Comparé”, vol. I/643, 1927; SERIO GALEOTTI, “Contributo alla
Teoria del Procedimento Legislativo”, p. 241). Desse modo, torna-
se possível, em princípio, a fiscalização jurisdicional do processo
de criação dos atos normativos, desde que, instaurada para
viabilizar, incidenter tantum, o exame da compatibilidade das
proposições com o texto da Constituição da República, venha a ser
iniciada por provocação formal de qualquer dos integrantes das
Casas legislativas.

Bem por isso, o Supremo Tribunal Federal, na análise


dessa específica questão, consagrou orientação jurisprudencial que
reconhece a possibilidade do controle incidental de
constitucionalidade das proposições legislativas, desde que
instaurado por iniciativa de membros do órgão parlamentar
perante o qual se acham em curso os projetos de lei ou as propostas
de emenda à Constituição:

“Mandado de segurança contra ato da Mesa do


Congresso que admitiu a deliberação de proposta de
emenda constitucional que a impetração alega ser tendente
à abolição da República.
- Cabimento do mandado de segurança em
hipóteses em que a vedação constitucional se dirige ao
próprio processamento da lei ou da emenda, vedando a sua
apresentação (...) ou a sua deliberação (como na espécie).
Nesses casos, a inconstitucionalidade diz respeito ao
próprio andamento do processo legislativo, e isso porque a
Constituição não quer - em face da gravidade dessas
deliberações, se consumadas - que sequer se chegue à
deliberação, proibindo-a taxativamente. A
inconstitucionalidade, se ocorrente, já existe antes de o
projeto ou de a proposta se transformar em lei ou em
emenda constitucional, porque o próprio processamento já
desrespeita, frontalmente, a Constituição”.
(RTJ 99/1031-1032, Rel. p/ o acórdão Min. MOREIRA
ALVES - grifei)

A possibilidade extraordinária dessa intervenção


jurisdicional, ainda que no próprio momento de produção das
normas pelo Congresso Nacional, tem por finalidade assegurar, ao
parlamentar (e a este, apenas), o direito público subjetivo - que lhe
é inerente - de ver elaborados, pelo Legislativo, atos estatais
compatíveis com o texto constitucional, garantindo-se, desse
modo, àqueles que participam do processo legislativo, a certeza
de observância da efetiva supremacia da Constituição, respeitados,
necessariamente, no que se refere à extensão do controle judicial, os
aspectos discricionários concernentes às questões políticas e aos atos
interna corporis (RTJ 102/27 - RTJ 112/598 - RTJ 112/1023).
Titulares do poder de agir em sede jurisdicional, portanto,
tratando-se de controvérsia constitucional instaurada ainda no
momento formativo do projeto de lei ou da proposta de emenda à
Constituição, hão de ser os próprios membros do Congresso
Nacional, a quem se reconhece, como líquido e certo, o direito
público subjetivo à correta observância da disciplina jurídica
imposta pela Carta Política, em sede de elaboração das espécies
normativas. O parlamentar, fundado na sua condição de co-
partícipe do procedimento de formação das normas estatais, dispõe,
por tal razão, da prerrogativa irrecusável de impugnar, em juízo, o
eventual descumprimento, pela Casa legislativa, das cláusulas
constitucionais que lhe condicionam, no domínio material ou no
plano formal, a atividade de positivação dos atos normativos.

Não constitui demasia insistir na asserção de que é ao


congressista - e não a terceiros (RTJ 139/783) - que compete o
direito subjetivo de questionar, em juízo, quando for o caso, a
elaboração, pelo Congresso Nacional, de espécies normativas
supostamente vulneradoras do texto constitucional.

Terceiros, portanto - ainda que invocando a sua potencial


condição de destinatários da futura lei ou emenda à Constituição -
não podem investir-se na posição de parte ativamente legitimada ao
controle jurisdicional prévio do processo de criação do direito
positivo.

Tenho enfatizado, por isso mesmo, em diversas decisões


por mim proferidas no Supremo Tribunal Federal (MS 21.642-DF -
MS 21.747-DF - MS 23.087-SP - MS 23.328-DF, v.g.), que
terceiros não dispõem do direito público subjetivo de supervisionar
a elaboração dos atos legislativos, sob pena de o processo
mandamental converter-se em inadmissível sucedâneo da ação
direta de inconstitucionalidade (RTJ 132/1136, Rel. Min. CELSO
DE MELLO).

ALEXANDRE DE MORAES, ao admitir a possibilidade


de controle judicial difuso de constitucionalidade das proposições
legislativas e das propostas de emenda à Constituição, por iniciativa
exclusiva dos membros do Poder Legislativo, expende preciso
magistério a respeito do tema ora em análise (“Direito
Constitucional”, p. 549, 6ª ed., 1999, Atlas):

“Importante, porém, analisar-se a possibilidade


do controle jurisdicional incidir sobre o processo
legislativo em trâmite, uma vez que ainda não existiria lei
ou ato normativo passível de controle concentrado de
constitucionalidade.
Assim sendo, o controle jurisdicional sobre (...)
propostas de emendas constitucionais sempre se dará de
forma difusa, por meio do ajuizamento de mandado de
segurança, por parte de parlamentares que se sentirem
prejudicados durante o processo legislativo. Reitere-se que
os únicos legitimados à propositura de mandado de
segurança, para defesa do direito líquido e certo de
somente participarem de um processo legislativo conforme
as normas constitucionais e legais, são os próprios
parlamentares.” (grifei)

Assentadas tais premissas, passo a analisar a ocorrência,


no caso, de situação configuradora de prejudicialidade do mandado
de segurança ora em exame.

Tenho para mim que a presente ação de mandado de


segurança revela-se prejudicada em face da superveniente
conversão, na Emenda Constitucional nº 20/98, da Proposta de
Emenda à Constituição nº 33/95, cujo processo de elaboração foi
impugnado, perante esta Suprema Corte, pela parte ora impetrante.

O Supremo Tribunal Federal, em situação virtualmente


idêntica à registrada na presente causa, já enfatizou que a
conversão, em emenda à Constituição, de proposta de reforma
constitucional configura hipótese caracterizadora de perda
superveniente da legitimidade ativa do congressista para impetrar o
writ mandamental, notadamente quando deduzido este com o
objetivo de questionar suposta ilicitude revelada no curso do iter
formativo de determinada espécie normativa.

Cumpre registrar, por isso mesmo, que esta Corte -


embora reconhecendo, ao membro do Congresso Nacional,
qualidade para invocar o controle jurisdicional pertinente ao
processo de elaboração das espécies normativas - nega-lhe, no
entanto, legitimidade ativa para prosseguir no processo
mandamental, quando, em decorrência de fato superveniente, a
proposição normativa vem a transformar-se em lei ou, como no
caso, vem a converter-se em emenda à Constituição:

“Perda de legitimidade do impetrante, por


modificação da situação jurídica no curso do processo,
decorrente da superveniente aprovação do projeto, que já
se acha em vigor.
Hipótese em que o mandado de segurança, que
tinha caráter preventivo, não se pode voltar contra a
emenda já promulgada, o que equivaleria a emprestar-se-
lhe efeito, de todo descabido, de ação direta de
inconstitucionalidade, para a qual, ademais, não está, o
impetrante, legitimado.”
(RTJ 165/540, Rel. p/ o acórdão Min. ILMAR GALVÃO -
grifei)

Justifica-se, tal entendimento, pelo fato de que, se se


admitisse, em tal situação, a subsistência da legitimidade ativa do
parlamentar, estar-se-ia, na realidade, a permitir que o membro do
Congresso Nacional - que não se acha incluído no rol taxativo
consubstanciado no art. 103 da Carta Política - pudesse discutir, in
abstracto, a validade constitucional de determinada espécie
normativa, conferindo-se, à ação de mandado de segurança, o
caráter de sucedâneo indevido da ação direta de
inconstitucionalidade, como tem advertido a jurisprudência desta
Suprema Corte:

“Mandado de segurança requerido por


Deputados Federais, contra ato que determinara a
inclusão na ordem do dia, para discussão e votação, de
proposta de emenda constitucional.
A superveniente aprovação desta acarreta a perda
de legitimidade ativa dos impetrantes, tornando superado
o pedido, que não pode ser tido como sucedâneo de ação
direta de inconstitucionalidade.”
(MS 22.986-DF, Rel. Min. OCTAVIO GALLOTTI - grifei)

A circunstância que venho de referir impõe uma


observação final: assiste, ao Ministro-Relator, no exercício dos
poderes processuais de que dispõe, competência plena para exercer,
monocraticamente, o controle das ações, pedidos ou recursos
dirigidos a esta Corte, legitimando-se, em conseqüência, os atos
decisórios que, nessa condição, venha a praticar (RTJ 139/53 - RTJ
168/174-175).

Nem se alegue que esse entendimento implicaria


transgressão ao princípio da colegialidade, eis que o postulado em
questão sempre restará preservado ante a possibilidade de
submissão da decisão singular ao controle recursal dos órgãos
colegiados no âmbito do Supremo Tribunal Federal, consoante esta
Corte tem reiteradamente proclamado (Ag 159.892-SP (AgRg),
Rel. Min. CELSO DE MELLO).

Sendo assim, e tendo em consideração as razões expostas,


não conheço da presente ação de mandado de segurança, por efeito
da perda superveniente de legitimidade ativa dos ora impetrantes.

Arquivem-se os presentes autos.

Publique-se.

Brasília, 1º de agosto de 2001.

Ministro CELSO DE MELLO


Relator

* decisão publicada no DJU de 14.8.2001


Assessora responsável pelo Informativo
Maria Ângela Santa Cruz Oliveira
informativo@stf.gov.br

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