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A esquizofrenia foi descrita no final do século XIX pelo psiquiatra alemão Emil
Kraepelin, o qual inicialmente a chamou de Demência precoce, porque a maioria das pessoas
acometidas eram jovens e exibiam comportamento transgredido e desorganizado, lembrando
portadores da doença de Alzheimer.
No início do século XX Eugen Bleuler, psiquiatra suíço criou o termo esquizofrenia
(esquizo = cindida; frenia = mente), por achar o termo Demência precoce inapropriado. Para
ele a característica principal da doença era a cisão entre o pensamento e a emoção, dando a
impressão de uma personalidade fragmentada e desestruturada, contudo os pacientes não
apresentavam evolução deteriorante como na demência e muitos se recuperavam.
A esquizofrenia é uma psicose grave na qual a perturbação principal se reflete em uma
alteração do juízo, dos processos de pensamento e de afeto inadequado ou embotado. É uma
desorganização da personalidade de caráter grave, às vezes com manifestação de sintomas
psicóticos, afirmada sobre um defeito na interpretação da realidade. As características típicas
são: grande distorção nos processos de pensamento; alterações de afeto; alterações dos limites
do ego; dificuldades nas relações pessoais, delírios de controle, influência, passividade,
alucinações auditivas e outras modalidades. Um dos sinais que por tradição se considera
patognomônico da esquizofrenia é o transtorno e dissociação dos processos de pensamento.
A causa da esquizofrenia é multifatorial e complexa, envolvendo fatores genéticos e
ambientais. Os genes da esquizofrenia são responsáveis por regular etapas importantes do
desenvolvimento cerebral, bem como a produção de neurotransmissores (substâncias
produzidas no cérebro para transmitir impulsos elétricos de um neurônio a outro). Esses genes
seriam ativados por fatores ambientais de risco, desencadeando uma cascata de eventos que
culminariam alterações sutis do desenvolvimento cerebral, caracterizadas principalmente por
um erro na comunicação entre neurônios de diferentes áreas cerebrais.
Contudo, um dos maiores obstáculos na pesquisa genética é a inespecificidade dos
genes relacionados. Alguns são comuns a outros transtornos mentais, como o distúrbio
bipolar, o que sugere que doenças psiquiátricas possam ter uma origem genética comum. O
quadro clínico dependeria, portanto, do número de genes envolvidos em cada pessoa. Isso
parece fazer sentido na diferenciação entre os casos mais graves da esquizofrenia, que teriam
teoricamente maior carga genética em comparação aos quadros mais leves.
Em linhas gerais, o ambiente pode influenciar o adoecimento nas etapas mais precoces
do desenvolvimento cerebral que vai, da gestação à primeira infância. É nesse período que o
cérebro é mais sensível, por estar crescendo com rapidez e depender do ambiente para o
aperfeiçoamento de suas funções. Esta etapa, é aquela em que os genes de regulação do
desenvolvimento estão mais ativos e na presença de variáveis genéticas da esquizofrenia,
podem intervir em processos naturais de desenvolvimento.
A adolescência é um momento delicado, pois o cérebro começa a moldar - se para a
vida adulta. Um processo chamado de poda neuronal, apara as arestas do desenvolvimento, o
qual gera conexões desnecessárias. A esquizofrenia pode estar relacionada a um menor
número de podas, com conexões errôneas entre os neurônios. Fatores ambientais na
adolescência podem influenciar esse processo, desencadeando o primeiro surto da doença.
A tabela abaixo demonstra alguns fatores de risco do ambiente relacionados à
esquizofrenia:
Períodos do Desenvolvimento
Fatores Ambientais de Risco
Cerebral
- Viroses (influenza, rubéola, herpes) na mãe,
particularmente quando ocorrem no segundo trimestre de
gravidez;
- Desnutrição materna;
Período Pré- natal
- Morte do esposo;
- Catástrofes;
- Gravidez indesejada;
- Depressão durante a gravidez.
- Complicações da gravidez (sangramentos, diabetes,
incompatibilidade rH, pré- eclâmpsia);
- Crescimento ou desenvolvimento fetal anormal (baixo
peso ao nascer, prematuridade, malformações congênitas,
Período Neonatal redução do perímetro encefálico);
- Complicações do parto (atonia uterina asfixia/hipóxia
neonatal, parto cesáreo emergencial);
- Interação mãe- criança atípica ou maternagem deficiente;
- Perda precoce de um dos pais.
- Infecções do SNC (meningite, encefalite, sarampo);
Primeira Infância
-Experiências psicológicas negativas;
- Traumas, abuso físico e sexual.
TEORIAS
c) Teoria biológica molecular - Faz relação com a anomalia na formação das células
cerebrais antes do nascimento, na sua formação. O padrão irregular pode direcionar a uma
possível causa pré-natal de esquizofrenia ou indicar fatores predisponentes ao
desenvolvimento da doença.
e) Teoria do estresse - O stress não causa a esquizofrenia, mas pode agravar os sintomas.
f) Teoria das drogas – Ainda não existem provas que as drogas lícitas ou ilícitas causem a
esquizofrenia. Elas podem agravar os sintomas de quem já tem a doença. Drogas como
cocaína ou estimulantes podem provocar sintomas semelhantes aos da esquizofrenia,
entretanto não há evidências que possam comprovar.
g) Teoria causal - É o modelo mais aceito hoje para a causa da esquizofrenia. Reúne fatores
genéticos e ambientais, considerada como modelo estresse - diátese. De acordo com ele, uma
pessoa somente desenvolve a esquizofrenia se houver de um lado uma herança genética e, de
outro, fatores ambientais de risco, capazes de torná-la biologicamente vulnerável para o
transtorno.
Os fatores ambientais atuam em processos do desenvolvimento e maturação cerebral,
ativando genes de susceptibilidade para a esquizofrenia e causando alterações cerebrais sutis,
como a desconexão entre neurônios. Esta é a base para que disfunções cognitivas e sintomas
positivos e negativos da esquizofrenia se desenvolvam.
SINTOMAS
Agressividade
O comportamento agressivo não deve ser associado à esquizofrenia, pois a maioria dos
pacientes não é agressiva em nenhum momento ao longo do transtorno. Uma minoria pode ter
reações impulsivas e ataques de raiva ou fúria, geralmente nas fases agudas, como no surto,
melhorando significativamente com o tratamento. O familiar deve ter paciência e
compreensão e jamais revidar alguns atos agressivos, sob o risco de haver aumento da
violência e das agressões se tornarem recorrentes ou constantes. Caso seja necessário conter a
pessoa, abraçando-a ou imbilizando-a, explique o motivo de sua atitude e tente acalmá-la até a
chegado do médico.
Manias
Alguns pacientes têm um comportamento mais rígido ou repetitivo, com dificuldades
para mudar determinados padrões. Isso pode variar de hábitos elementares, como relacionados
à higiene, à alimentação e ao vestuário, até hábitos sociais, como rotinas de atividades,
atitudes metódicas ou macanicista. Alguns podem desenvolver rituais e repetições
semelhantes ao transtorno obsessivo-compulsivo (TOC).
O paciente resiste a mudar algumas manias e isto provoca conflitos com a família. Por
outro lado, esses comportamentos não podem ser mudados na base da imposição ou da força,
devendo o familiar ter muito diálogo e paciência.
CLASSIFICAÇÃO
Esquizofrenia simples: Caracteriza-se por uma apatia emocional, uma completa carência de
ambições, exibe uma desorganização geral da personalidade que se caracteriza por uma perda
gradual de interesse na vida, nas realizações pessoais e na participação social. Em alguns
casos, a indiferença e a irresponsabilidade conduzem a conflitos com a lei. O começo deste
tipo de alteração aparece com freqüência na adolescência, no momento em que o indivíduo se
enfrenta com a necessidade de efetuar a transição da infância a adaptação social e
heterosexual da vida adulta, com a responsabilidade que mesma supõe.
Esquizofrenia residual: Tipifica quadros mais crônicos, de longos anos de evolução ou que
evoluem rapidamente para um comportamento mais deteriorado, com muitos prejuízos sociais
e para a autonomia da pessoa, afetando sua capacidade de comunicação, inclusive verbal,
gerando passividade ou falta de iniciativa, lentidão psicomotora, monotonia e prejuízos
inclusive para o autocuidado e higiene pessoal.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico da esquizofrenia é feito pelo especialista a partir das manifestações da
doença. Não há nenhum tipo de exame de laboratório que permita confirmar o diagnóstico da
doença. Os exames pedidos pelo clínico servem apenas para excluir outras doenças que
podem apresentar manifestações semelhantes à esquizofrenia e para descartar a possibilidade
do uso abusivo de drogas ou de um distúrbio clínico, neurológico ou endócrino subjacente
que possa apresentar características da psicose.
O diagnóstico é estabelecido baseando-se na história e sintomas do paciente. Para que
o diagnóstico de esquizofrenia seja estabelecido, os sintomas devem persistir por um mínimo
de seis meses e devem estar associados a uma deterioração significativa da atividade
laborativa, escolar ou social. São muito importantes as informações fornecidas pela família,
amigos ou professores, para se estabelecer o momento do início da doença.
O médico deve descartar a possibilidade dos sintomas psicóticos do paciente serem
decorrentes de um distúrbio do humor.
A - sintomas:
1. Delírios
2. Alucinações
3. Discurso desorganizado
4. Comportamento amplamente desorganizado ou catatônico
5. Sintomas negativos (embotamento afetivo)
B - Disfunção social/ocupacional:
Quando por determinado tempo desde o início da perturbação, uma ou mais áreas
importantes do funcionamento social estão acentuadamente abaixo do nível alcançado antes
do início dos sintomas. Quando o início dá-se na infância ou adolescência, fracasso em atingir
o nível esperado de aquisição interpessoal, acadêmica ou ocupacional.
Diagnóstico diferencial.
Outros diagnósticos:
Psicose pós-parto: ocorre até seis meses após o parto, sendo mais comum nos
primeiros dias do puerpério. A mulher tem alterações do humor,
principalmente depressão e ansiedade, embora mania também possa ocorrer,
além de sintomas psicóticos, como delírios ou crenças direcionadas ao filho,
alucinações e alterações do comportamento. O quadro pode ser muito
semelhante ao episódio agudo da esquizofrenia e, apesar de possível um
primeiro surto esquizofrênico no pós-parto, o mais comum é que esse episódio
psicótico seja a expressão de um episódio do humor (maníaco ou depressivo),
que mais tarde poderá ser diagnosticado como um TBH. A diferenciação da
esquizofrenia se dá pela ausência dos sintomas negativos ou positivos depois
de sanada a crise.
Medicamentoso:
Os antipsicóticos, também conhecidos como neurolépticos, são os medicamentos
utilizados no tratamento da esquizofrenia. São assim chamados por possuírem efeito calmante
(neuro = nervo; lepsis = apreensão) e por combaterem sintomas como delírios, alucinações,
comportamento desorganizado e agitado. Eles atuam sobre um neurotransmissor (substância
química responsável pela transmissão dos estímulos entre os neurônios) chamado dopamina,
cujo excesso provoca os sintomas positivos e desorganizados da esquizofrenia. Agem
bloqueando canais receptores de dopamina nos neurônios, eles evitam que o excesso da
substância atinja as células nervosas, reequilibrando o sistema de neurotransmissão. Esse
efeito é essencial para a duração do efeito antipsicótico por longo prazo.
O efeito terapêutico pode demorar de 4 a 8 semanas, embora alguma melhora do
comportamento já possa ser percebida nos primeiros dias de tratamento. É fundamental que
nesse período a medicação seja administrada de forma regular. O tratamento de manutenção
não é menos importante, pois é capaz de evitar futuras recaídas e precisa ser mantido mesmo
que a crise aguda tenha sido contornada. É comum o abandono do tratamento nessa fase, por
acreditar estar curado, o que deixa a pessoa vulnerável a uma nova crise. O médico é o único
capaz de determinar o tempo total de tratamento para cada caso, podendo variar de 1 a 5 anos
ou, em alguns casos, por período indeterminado.
Os primeiros antipsicóticos foram descobertos na década de 50. A clorpomazina
(Amplictil), o primeiro deles, era utilizado como antiemético e sedativo e teve seu efeito
antipsicótico descoberto por acaso quando foi usado em pacientes psiquiátricos. A sua
eficácia representou uma revolução na maneira de tratar os doentes mentais, recebendo a
alcunha de “esvaziadora de hospícios”, pois contribuiu para a desinternação de milhares de
pacientes. Logo depois veio outras substâncias, como o haloperidol (Haldol). Os
antipsicóticos mais antigos são conhecidos como típicos ou de primeira geração, possuem
uma alta afinidade por receptores de dopamina e são muito eficazes no combate à psicose.
Entretanto, a ocorrência de efeitos colaterais duradouros (vulgarmente conhecidos
como impregnação), principalmente do tipo parkinsoniano (tremores, rigidez, lentidão e
apatia) e de discinesias tardias (distúrbios do movimento, contraturas musculares), fez com
que pesquisadores se preocupassem em desenvolver substâncias tão eficazes quanto, porém
melhor toleradas. Surgiram, então, os antipsicóticos de segunda geração ou atípicos.
O primeiro deles foi a clozapina (Leponex), seguido da risperidona (Risperdal) e da
olanzapina (Zyprexa). Eles se diferenciam dos mais antigos por possuírem também efeito
sobre receptores de serotonina e por um bloqueio mais balanceado dos receptores de
dopamina, o que contribui para uma menor incidência de efeitos parkinsonianos. Também são
eficazes no tratamento das psicoses, com ação superior aos típicos nos sintomas negativos e
cognitivos da esquizofrenia.
Os antipsicóticos comercializados no Brasil estão listados na tabela abaixo. Os
medicamentos de referência estão sinalizados com o símbolo ® e os similares com seus
respectivos nome
Tranquilizantes:
Os tranqüilizantes ou calmantes, principalmente da classe dos benzodiazepínicos, são
medicacões para ansiedade (efeito ansiolítico) e para insônia (efeito hipnótico). Eles são
vendidos com a receita azul (tipo B) e possuem uma tarja preta na caixa com um aviso do
potencial risco de causarem dependência.
Os mais utilizados no Brasil são: diazepam (Valium), bromazepam (Lexotan),
clonazepam (Rivotril), alprazolam (Frontal), lorazepam (Lorax), cloxazolam (Olcadil),
flunitrazepam (Rohypnol), midazolam (Dormonid) e nitrazepam (Nitrazepol). Existem ainda
hipnóticos que não pertencem à mesma classe dos anteriores e que possuem um menor risco
de causar dependência. Os mais prescritos são o zolpidem (Stilnox) e o zolpiclone (Imovane),
são vendidos com a receita controlada branca e a tarja da caixa é vermelha.
Esses medicamentos podem ser utilizados na esquizofrenia quando ocorre ansiedade
importante, com ou sem sintomas psicossomáticos, como taquicardia, falta de ar, tremores,
sudorese, inquietação motora, nervosismo e ataques de pânico, ou no tratamento da insônia.
Eles não tratam os sintomas positivos ou negativos da esquizofrenia e não possuem ação
antipsicótica.
Os principais efeitos colaterais são: sonolência, relaxamento muscular, lentidão dos
reflexos e do movimento, alterações da marcha, fala arrastada, desinibição do comportamento,
problemas de memória e o potencial de causar dependência física.
O risco de dependência está muitas vezes relacionado ao abuso, quando o paciente
aumenta a dose por conta própria. Como ocorre com o tempo uma tolerância do organismo
aos efeitos do medicamento, o paciente pode necessitar de uma dose maior para obter o
mesmo efeito anterior. Isto não ocorre com os antipsicóticos, que não possuem risco de
dependência física e têm eficácia duradoura.
Estabilizadores de humor:
Os estabilizadores atuam principalmente sobre o humor, sendo indicados em pacientes
com humor exaltado, inadequado ou irritável ou que tenham comportamentos impulsivos e
agressivos. Eles são o principal tratamento do Transtorno Bipolar (TBH), mas podem também
ser úteis como adjuvantes no tratamento da esquizofrenia.
As substâncias com propriedades estabilizadoras do humor são: alguns
anticonvulsivantes, como carbamazepina (Tegretol), ácido valpróico/valproato de sódio
(Depakene, Depakote), oxacarbazepina (Trileptal) e lamotrigina (Lamictal), e o carbonato de
lítio (Carbolitium). Recentemente alguns antipsicóticos de segunda geração ou atípicos foram
aprovados para o tratamento do TBH por também possuírem propriedades estabilizadoras.
Os estabilizadores não possuem ação antipsicótica e, portanto, não são indicados como
terapia isolada na esquizofrenia. A combinação com o antipsicótico pode ter efeito aditivo
sobre o humor e o comportamento.
Os efeitos colaterais variam de acordo com a substância utilizada, mas podem ocorrer
efeitos gastrointestinais, como náuseas e diarréia, tremores, sonolência, tonteira, dentre
outros.
No caso do lítio, é necessário controle dos níveis no sangue para verificar o alcance da
dose terapêutica e para prevenir a intoxicação. É importante que o paciente beba bastante
líquido e se mantenha hidratado.
Antidepressivos:
Os antidepressivos podem ser necessários para o tratamento de quadros depressivos. A
depressão na esquizofrenia é conhecida como “depressão pós-esquizofrênica”, por ocorrer
com maior frequência após a fase aguda de psicose. Alguns pacientes podem ter maior
consciência de sua doença nesse período, predispondo-os mais. O diagnóstico costuma ser
difícil, pois os sintomas depressivos podem ser confundidos com os negativos, mais comuns
na doença.
Os pacientes deprimidos apresentam sintomas negativos mais graves, maior desânimo,
apatia, isolamento e falta de prazer e iniciativa nas atividades habituais. O sentimento
persistente de tristeza é indicativo de depressão e permite a diferenciação com os sintomas
negativos. Podem ocorrer sentimentos de culpa, menos-valia, baixa auto-estima e idéias de
suicídio.
O antidepressivo pode ser associado ao tratamento nesses quadros. Os antipsicóticos
atípicos ou de segunda geração têm efeito antidepressivo pela ação sobre a serotonina, mas
isoladamente podem não ser suficientes para o tratamento da depressão.
A classe de antidepressivos mais utilizada é a dos inibidores seletivos de recaptura de
serotonina (ISRS), da qual fazem parte fluoxetina, paroxetina, sertralina, citalopram,
escitalopram e fluvoxamina. Os efeitos colaterais mais comuns são náuseas, vômitos, diarréia
ou constipação, perda de apetite, emagrecimento e boca seca, dentre outros, que podem
melhorar ou desaparecer após 1 semana de tratamento.
Existem outros tipos de antidepressivos que podem ser prescritos de acordo com as
particularidades de cada caso e seu perfil de ação.
Existe um risco de piora dos sintomas positivos (delírios e alucinações) com o uso dos
antidepressivos e familiares precisam estar alertas, caso isso ocorra, para informar ao médico-
assistente.
Anticolinérgico:
Anticolinérgico é o nome da classe dos medicamentos que agem no cérebro
bloqueando receptores de um neurotransmissor chamado acetilcolina. Dentre outras
indicações, eles reduzem os efeitos de impregnação causados pelos antipsicóticos,
melhorando os efeitos do tipo parkinsoniano, como tremores, rigidez muscular, bradicinesia e
hipersalivação. Os mais utilizados no Brasil são a prometazina (Fenergan) e o biperideno
(Akineton).
É comum a associação dessas substâncias com antipsicóticos, principalmente os de
primeira geração e de alta potência, que causam efeitos de impregnação com maior
frequência. É importante compreender que eles não tratam os sintomas da esquizofrenia, mas
apenas diminuem os efeitos parkinsonianos.
Por outro lado, os anticolinérgicos também possuem efeitos colaterais que podem se
somar aos do antipsicótico. Os mais comuns são: boca seca, prisão de ventre, sonolência
(prometazina), excitação (biperideno), retenção urinária, visão embaçada.
No caso da prometazina, por sua ação sedativa, ela pode ser também utilizada com
esta finalidade.
Sonolência
Talvez seja difícil levantar-se da cama de manhã, ter vontade de dormir durante o dia,
etc.
Esses sintomas são assim chamados pela semelhança com os sintomas da Doença de
Parkinson. O paciente que manifesta estes efeitos não sofre de Doença de Parkinsom,
simplesmente a dose da medicação deve de ser melhor ajustada. Esses efeitos se podem
corrigir com medicamentos anti-parkinsonianos, tipo akineton®, artane®.
Os efeitos parkinsonianos se manifestam na forma de movimentos ou posturas
involuntárias: o tremor das mãos, flexões ou fixações dos músculos. Assim sendo, não é raro
que o paciente usando antipsicóticos tenha a boca ou os músculos da face numa postura
entranha, talvez a boca permaneça aberta ou semi-aberta. Também é possível que a língua se
força para um lado, dificultando a fala ou fazendo com que a saliva escorra da boca.
Efeitos anticolinérgicos
Esses efeitos secundários se referem à visão borrada, secura da boca, retenção urinária,
hipotensão arterial.
Internação:
A internação continua sendo hoje necessária em alguns casos, mas a grande maioria
não precisa dela para seu tratamento. Internações prolongadas, como as que eram praticadas
antigamente, em que o paciente ficava por meses ou anos internado, mostraram ser
prejudiciais a longo prazo para a doença e seus portadores. A falta de estímulos para uma vida
produtiva, a rotina manicomial, o distanciamento da família, a escassez de relações afetivas,
enfim, o isolamento da sociedade e do mundo, tornavam os pacientes mais retraídos e
apáticos, permitindo que os sintomas negativos da esquizofrenia se cronificassem. O retorno
ao lar ficava mais difícil à medida que o tempo de internação se prolongava. Muitos pacientes
relutavam em deixar os hospitais com medo da realidade distante que encontrariam lá fora.
A hospitalização é necessária quando se esgotam os recursos ambulatoriais para
tratamento e quando o paciente oferece risco à sua vida ou à sua integridade. A internação
visa garantir o início do tratamento, abrandar os sintomas mais agudos e as alterações de
comportamento que estão colocando-o em risco. A duração da internação deve ser a menor
necessária para que as suas motivações sejam controladas. A família deve estar presente a
todo o momento para evitar que esse período signifique uma ruptura nas suas relações, já que,
na maioria dos casos, a internação é cercada de conflitos de ambas as partes.
Eletrochoque:
Informações importantes
Padrões emocionais:
Os principais padrões emocionais encontrados em familiares de
esquizofrênicos são detalhados a seguir. Um mesmo familiar pode apresentar mais de um
padrão.
Terapia e psicoeducação:
Os fatores de proteção devem ser maiores do que os de risco para que a doença
permaneça estabilizada. Todos os fatores de proteção podem ser aperfeiçoados com o
tratamento: a tolerância pessoal pode ser reforçada através da psicoterapia e dos
medicamentos; o ambiente social pode ser readequado através do tratamento psicossocial e de
família, levando-se em conta as potencialidades e fragilidades de cada um; o ambiente
familiar pode melhorar com a orientação ou terapia de família.
Já entre os fatores de risco, apenas o ambiente social e familiar são passíveis de
mudança. As características da própria doença, como os níveis de dopamina, a gravidade dos
sintomas e da disfunção cognitiva podem não ser completamente neutralizados com os
tratamentos. Por isso existem pacientes mais graves e que respondem pior ao tratamento do
que outros. A personalidade é mais resistente à psicoterapia e pacientes mais difíceis não
aderem bem a esse tratamento.
Portanto, o enfoque no tratamento médico, psicoterápico, psicossocial e de família são
os recursos hoje disponíveis, que podem manter o paciente bem por longo tempo, ajudando na
sua recuperação e na superação dos obstáculos.
Trabalho:
Relacionamentos:
Um aspecto importante para a autonomia dos portadores de esquizofrenia é a
capacidade de se relacionarem com outras pessoas, ampliando assim seu ciclo social. A
timidez, a introspecção, o isolamento e a inibição social que alguns apresentam dificultam a
formação de novas amizades e de relacionamentos afetivos, que poderiam ajudar no resgate
da motivação e do prazer para novas atividades
O tratamento psicossocial e a psicoterapia podem oferecer ferramentas para ampliar
relacionamentos e para aperfeiçoar o comportamento social, ajudando o paciente a ter uma
melhor autocrítica e a monitorar (e corrigir) seus próprios hábitos e atitudes. Entretanto, a
família não deve se furtar a levar o paciente aos eventos sociais, ajudando-o no treinamento
contínuo desse aprendizado e resgatando o prazer da convivência em comunidade.
Lazer:
O lazer é tão importante quanto às demais atividades rotineiras do paciente. Aula de
artes, atividades físicas, oficinas lúdicas, terapias, enfim, a maior parte das atividades
propostas aos pacientes tem caráter terapêutico. Embora possam ser prazerosas, não
substituem os momentos de lazer.
Dificuldades sexuais
Poucas vezes se encontram citadas como efeitos secundários dessa medicação.
Também pode ser provável que os sintomas sexuais se devam a sintomas da depressão que a
vezes acompanha a esquizofrenia.
PROGNÓSTICO
CONCLUSÃO:
Art. 26- É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental
incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de
entender o caráter criminoso do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Parágrafo único- A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude
de perturbação da saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não
era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
esse
entendimento.
Para que inimputabilidade seja atestada, deve ser comprovada por laudos periciais feitos por
psiquiatras e psicólogos forenses. Em caso de laudo positivo é o individuo encaminhado para
internação em instituição especializada, ou tratamento em ambulatório.
De acordo o Código Penal, o tratamento do delinqüente inimputável ou semi-imputável
deverá ser feito em hospital de custódia e tratamento, nos casos em que é necessária
internação do paciente ou, em não havendo essa necessidade, o tratamento deverá ser
ambulatorial, na qual a pessoa terá assistência médica, devendo comparecer durante o dia em
local próprio ao atendimento.
Análises periciais embasadas nos critérios da psiquiatria forense devem ser feitas para
que seja detectado um estado de insanidade mental no indivíduo que possa ter levado à prática
do delito sem conhecimento da gravidade deste.O exame pericial em psiquiatria é composto
pelo exame indirecto, exame directo, história pessoal e familiar, exame clínico e
psicopatológico, avaliação psicológica, discussões e conclusões.