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ALENCAR, José de.

Iracema

Questões para exercícios

Textos para a questão “1”:

TEXTO I
Martim ficou mudo e triste, semelhante ao tronco d’árvore a que o vento
arrancou o lindo cipó que o entrelaçava. A brisa perpassando levou um murmúrio:
— Iracema!
Era o balido(1) do companheiro; a cerva(2), arrufando(3)-se, ganhou o doce
aprisco(4). A floresta destilava suave fragrância e exalava arpejos(5) harmoniosos;
os suspiros do coração se difundiram nos múrmuros do deserto. Foi a festa do
amor e o canto do himeneu(6).
Já a luz da manhã coou na selva densa. A voz grave e sonora de Poti
repercutiu no sussurro da mata:
— O povo tabajara caminha na floresta.
Iracema arrancou-se dos braços que a cingiam(7) e do lábio que a tinha
cativa; saltando da rede como a rápida zabelê(8), travou das armas do esposo e
levou-o através da mata.
(1) balido: grito próprio da ovelha
(2) cerva: a fêmea do cervo, animal típico da família dos Cervídeos
(3) arrufar: encolher
(4) aprisco: caverna; toca; abrigo
(5) arpejo: acorde de sons sucessivos em instrumentos de cordas
(6) himeneu: casamento; núpcias
(7) cingir: prender; ligar em volta
(8) zabelê: certo tipo de ave
(ALENCAR, José de. Iracema)

TEXTO II
E o mugido lúgubre daquela pobre criatura abandonada antepunha à rude
agitação do cortiço uma nota lamentosa e tristonha de uma vaca chamando ao
longe, perdida ao cair da noite num lagar(1) desconhecido e agreste. Mas o trabalho
aquecia já de uma ponta à outra da estalagem; ria-se, cantava-se, soltava-se a
língua; o formigueiro assanhava-se com as compras para o almoço; os mercadores
entravam e saíam; a máquina de massas principiava a bufar. E Piedade, assentada à
soleira de sua porta, paciente e ululante(2) como um cão que espera pelo dono,
maldizia a hora em que saíra da sua terra, e parecia disposta a morrer ali mesmo,
naquele limiar de granito, onde ela, tantas vezes, com a cabeça encostada ao ombro
do seu homem, suspirava feliz, ouvindo gemer na guitarra dele os queridos fados
de além-mar.
(1) lagar: estabelecimento utilizado para extração de líquido de certos frutos
(2) ululante: que uiva; lamentoso
(AZEVEDO, Aluísio. O Cortiço)

Questão 1
Em ambos os excertos, há personagens comparadas a animais.
Considerando as características dos movimentos literários em que se enquadra
cada um dos romances, esclareça se a animalização em cada um dos excertos é
realizada de acordo com os mesmos princípios e qual o papel que essa
animalização cumpre em cada uma dessas situações textuais.

Texto para a questão “2”:

TEXTO
Como o imbu(1) na várzea, era o coração do guerreiro branco na terra
selvagem. A amizade e o amor o acompanharam e fortaleceram durante algum
tempo, mas agora longe de sua casa e de seus irmãos, sentia-se no ermo(2). O amigo
e a esposa não bastavam mais à sua existência, cheia de grandes desejos e nobres
ambições.
(1) imbu: fruto de imbuzeiro
(2) ermo: deserto; despovoado
(ALENCAR, José de. Iracema)

Questão 2
Em toda a narração de Iracema, é recorrente o emprego de comparações e
metáforas.
Identifique a ocorrência de uma dessas figuras no primeiro período deste excerto e
reescreva todo o período, transformando a comparação em metáfora, ou a
metáfora em comparação, e procedendo às alterações necessárias para que se
mantenha integralmente o sentido original.

Textos para a questão “3”:

TEXTO I
Cedendo à meiga pressão, a virgem reclinou-se ao peito do guerreiro, e ficou
ali trêmula e palpitante como a tímida perdiz, quando o terno companheiro lhe
arrufa(1) com o bico a macia penugem.
O lábio do guerreiro suspirou mais uma vez o doce nome e soluçou, como se
chamara outro lábio amante. Iracema sentiu que sua alma se escapava para
embeber-se no ósculo(2) ardente.
(1) arrufar: fazer ficar ou ficar arrepiado, encrespado (pena, pelo, pluma, cabelo)
(2) ósculo: beijo
(ALENCAR, José de. Iracema)

TEXTO II
(...)
Vendo o triste pastor que com enganos
Lhe fora assi negada a sua pastora,
Como se a não tivera merecida;

Começa de servir outros sete anos,


Dizendo: – Mais servira, se não fora
Para tão longo amor tão curta a vida!
(CAMÕES, Luís de. “Sete anos de pastor...”, in Lírica)
Questão 3
O primeiro período do segundo parágrafo do TEXTO I apresenta uma forma verbal
de pretérito mais que perfeito do indicativo.
Esse emprego, no entanto, foge à norma de emprego daquele tempo e modo
verbais.
a) De que emprego se trata? Justifique sua resposta.
(4 linhas)
b) Identifique no TEXTO II uma situação similar à apontada na resposta à
questão “a”. Esclareça a similaridade.

Texto para a questão “4”:

TEXTO
A lua cresceu.
Três sóis havia que Martim e Iracema estavam nas terras dos pitiguaras,
senhores das margens do Camucim e Acaracu. Os estrangeiros tinham sua rede na
vasta cabana de Jacaúna. O valente chefe guardou para si o prazer de hospedar o
guerreiro branco.
Poti abandonou sua taba para acompanhar seu irmão de guerra na cabana
de seu irmão de sangue, e gozar dos instantes que sobejavam(1) para a amizade, no
coração do guerreiro do mar.
(1) sobejar: sobrar
(ALENCAR, José de. Iracema)

Questão 4
Com relação ao “tempo da narrativa”, ocorrem no romance Iracema dois “tempos”:
o tempo cronológico e o tempo poético.
Caracterize resumidamente cada um desses tempos e identifique a ocorrência do
tempo neste excerto.
Justifique sua resposta com elementos presentes neste excerto.

Texto para as questões “5” e “6”:

TEXTO
Perlongando(1) as frescas margens, viu Martim no seguinte sol os verdes
mares e alvas praias, onde as ondas murmurosas soluçam as vezes e outras raivam
de furia, rebentando em frocos(2) de espuma.
Os olhos do guerreiro branco se dilataram pela vasta imensidade; seu peito
suspirou. Esse mar beijava tambem as brancas areias do Potengi(3), seu berço natal,
onde ele vira a luz americana.
Arrojou-se nas ondas e pensou banhar seu corpo nas aguas da patria, como
banhara sua alma nas saudades dela.
(1) perlongar: estender-se ao longo de
(2) froco: o mesmo que “floco”, pequeno amontoado de filamentos leve e sem
consistência
(3) Potengi: rio que passa por onde é hoje a cidade de Natal, capital do Rio Grande do
Norte.
(ALENCAR, Jose de. Iracema)
Questão 5
Por que Iracema e considerado um “poema-em-prosa”?
Utilize elementos presentes no texto para justificar sua resposta.
Questão 6
Esclareça o emprego da palavra denotativa de inclusao “tambem”, no segundo
período do segundo paragrafo deste excerto (“... beijava também as brancas
areias...”).
Para a resposta, e necessario considerar a situaçao de Martim, quanto a
ambiguidade de seus sentimentos.

Texto para as questões “7” e “8”:


Martim vai a passo e passo por entre os altos juazeiros que cercam a cabana
do Pajé.
Era o tempo em que o doce aracati(1) chega do mar, e derrama a deliciosa
frescura pelo árido sertão. A planta respira; um suave arrepio erriça(2) a verde
coma(3) da floresta.
O cristão contempla o ocaso do sol. A sombra , que desce dos montes e
cobre o vale, penetra sua alma. Lembra-se do lugar onde nasceu, dos entes
queridos que ali deixou. Sabe ele se tornará a vê-los algum dia?
Em torno carpe(4) a natureza o dia que expira. Soluça a onda trépida(5) e
lacrimosa; geme a brisa na folhagem; o mesmo silêncio anela(6) de opresso(7).
Iracema parou em face do jovem guerreiro:
- É a presença de Iracema que perturba a serenidade no rosto do
estrangeiro?
(1) aracati: vento forte e fresco, que, à noitinha, no verão, sopra regularmente
(2) erriçar: encrespar(-se); arrepiar(-se)
(3) coma: copa de árvore
(4) carpir: chorar; lastimar; lamentar
(5) trépido: trêmulo; assustado
(6) anelar: respirar com dificuldade; ofegar
(7) opresso: oprimido

(José de Alencar, Iracema)

Questão 7
Neste fragmento, as ações poderiam ser apresentadas mais resumidamente.
Limitando-se exclusivamente às ações, reescreva o fragmento em um único
período, que tenha, no máximo, 6(seis) orações.

Questão 8
Por que é possível afirmar que Iracema, de José de Alencar, é um poema-em-prosa?
Justifique sua resposta com elementos presentes neste fragmento.

Questão 9
Quatro luas tinham alumiado o céu depois que Iracema deixara os campos
do Ipu; e três depois que ela habitava nas praias do mar a cabana de seu esposo.
A alegria morava em sua alma. A filha dos sertões era feliz, como a
andorinha, que abandona o ninho de seus pais, e peregrina para fabricar novo
ninho no país onde começa a estação das flores. Também Iracema achara ali nas
praias do mar um ninho de amor, nova pátria para seu coração.
Como o colibri borboleteando entre as flores da acácia, ela discorria (1) as
amenas(2) campinas. A luz da manhã já a encontrava suspensa ao ombro do esposo
e sorrindo, como a enrediça(3) que entrelaça o tronco robusto, e todas as manhãs o
coroa de nova grinalda.
(1) discorrer: correr em diferentes direções; espalhar-se
(2) ameno: agradável; delicado; suave
(3) enrediça: nome genérico das plantas trepadeiras cujos ramos são emaranhados
(José de Alencar, Iracema)

O elemento indígena, nos romances românticos típicos, como é o caso de Iracema,


de José de Alencar, aparece integrado à natureza, transformando essa natureza em
participante efetivo do romance.
Neste fragmento, de que recurso estilístico o narrador faz uso para marcar essa
“integração” do indígena com a natureza? Justifique sua resposta.

Texto para as questões “10” e “11”:


Como o colibri(1) borboleteando entre as flores da acácia(2), ela discorria(3)
as amenas(4) campinas. A luz da manhã já a encontrava suspensa ao ombro do
esposo e sorrindo, como a enrediça(5) que entrelaça o tronco robusto, e todas as
manhãs o coroa de nova grinalda.
Martim partia para a caça com Poti. A virgem separava-se dele então, para
sentir ainda mais ardente o desejo de vê-lo.
Perto havia uma formosa lagoa no meio de verde campina. Para lá volvia a
selvagem o ligeiro passo. Era a hora do banho da manhã; atirava-se à água e
nadava com as garças brancas e as vermelhas jaçanãs(6).
Os guerreiros pitiguaras(7), que apareciam por aquelas paragens, chamavam
essa lagoa Porangaba(8), ou lagoa da beleza, porque nela se banhava Iracema, a
mais bela filha da raça de Tupã.”
(1) colibri: beija-flor
(2) acácia: planta ornamental, conhecida como esponjinha, cujos glomérulos são amarelos e
perfumados
(3) discorrer: percorrer; atravessar
(4) ameno: delicado; aprazível
(5) enrediça: planta trepadeira cujos ramos são muito emaranhados, embaraçados
(6) jaçanã: ave de dorso vermelho-castanho vivo
(7) pitiguaras: o mesmo que potiguaras, da tribo indígena tupi potiguares, habitantes das
margens do rio Paraíba do Norte, na Paraíba
(8) Porangaba: significa beleza. É uma lagoa distante da cidade uma légua, localizada em
lugar muito aprazível. Hoje a chamam Arronches, e nas suas margens está hoje a decadente
povoação do mesmo nome.
(Iracema, José de Alencar)

Questão 10
Como o narrador consolida a beleza de Iracema? Justifique sua resposta com
passagens do fragmento.

Questão 11
No segundo período do primeiro parágrafo há uma predominância de artigos
definidos. No entanto, existem ali referências genéricas. Explique como se dá essa
generalização, utilizando, para isso, elementos presentes no fragmento.
Texto para as questões “12” e “13”:
“Capítulo XV
Nasceu o dia e expirou.
Já brilha na cabana de Araquém o fogo, companheiro da noite. Correm lentas e
silenciosas no azul do céu, as estrelas, filhas da lua, que esperam a volta da mãe ausente.
Martim se embala docemente; e como a alva rede que vai e vem, sua vontade
oscila de um a outro pensamento. Lá o espera a virgem loura dos castos afetos; aqui lhe
sorri a virgem morena dos ardentes amores.
Iracema recosta-se langue(1) ao punho(2) da rede; seus olhos negros e fúlgidos(3),
ternos olhos de sabiá, buscam o estrangeiro e lhe entram n’alma. O cristão sorri; a
virgem palpita; como o saí(4), fascinado pela serpente, vai declinando o lascivo(5)
talhe(6), que se debruça enfim sobre o peito do guerreiro.
Já o estrangeiro a preme(7) ao seio; e o lábio ávido(8) busca o lábio que o espera,
para celebrar nesse ádito(9) d’alma, o himeneu(10) do amor.
No recanto escuro o velho Pajé, imerso em funda contemplação e alheio às
cousas deste mundo, soltou um gemido doloroso. Pressentira o coração o que não viram
os olhos? Ou foi algum funesto(11) presságio(12) para a raça de seus filhos, que assim
ecoou n’alma de Araquém?
Ninguém o soube.
O cristão repeliu do seio a virgem indiana. Ele não deixará o rasto da desgraça
na cabana hospedeira. Cerra os olhos para não ver; e enche sua alma com o nome e a
veneração de seu Deus:
- Cristo!... Cristo!...”
(1) langue: o mesmo que lânguida; sem forças; sem energia
(2) punho (da rede): corda tecida em forma de elo, a qual segura a rede nos ganchos ou armadores
(3) fúlgidos: brilhantes; fulgurantes
(4) saí: designação comum a várias aves, algumas delas de cores brilhantes, esverdeadas ou
azuladas
(5) lascivo: sensual
(6) talhe: feitio ou feição do corpo
(7) preme: comprimir; apertar
(8) ávido: que deseja ardentemente
(9) ádito: câmara secreta, nos templos antigos; compartimento reservado; entrada, abertura
(10) himeneu: casamento; matrimônio
(11) funesto: que produz tristeza; doloroso; fatal; mortal
(12) presságio: fato ou sinal que prenuncia o futuro; indício de um acontecimento futuro
(Iracema, José de Alencar)
Questão 12
No terceiro parágrafo deste fragmento, há clara referência a dois lugares. Identifique os
advérbios que indicam esses lugares e esclareça que lugares são esses.

Questão 13
O emprego do possessivo “seu”, ao final do fragmento (“...a veneração do seu Deus:”),
é desnecessário, pois o emprego da seqüência “a veneração de Deus” produziria
exatamente o mesmo sentido.
Com base neste fragmento e considerando o contexto geral da obra, confirme essa
afirmação, ou discorde dela.

Questão 14
“Capítulo XXIII
Quatro luas tinham alumiado o céu depois que Iracema deixara os campos do
Ipu; e três depois que ela habitava nas praias do mar a cabana de seu esposo.
A alegria morava em sua alma. A filha dos sertões era feliz, como a andorinha,
que abandona o ninho de seus pais, e peregrina para fabricar novo ninho no país onde
começa a estação das flores. Também Iracema achara ali nas praias do mar um ninho do
amor, nova pátria para seu coração.
Como o colibri(1) borboleteando entre as flores da acácia(2), ela discorria(3) as
amenas(4) campinas. A luz da manhã já a encontrava suspensa ao ombro do esposo e
sorrindo, como a enrediça(5) que entrelaça o tronco robusto, e todas as manhãs o coroa
de nova grinalda.”
(1) colibri: beija-flor
(2) acácia: planta ornamental, conhecida como esponjinha, cujos glomérulos são amarelos e
perfumados
(3) discorria: percorria; atravessava
(4) amenas: delicadas; aprazíveis
(5) enrediça: planta trepadeira cujos ramos são muito emaranhados, embaraçados
(Iracema, José de Alencar)

No último período de terceiro parágrafo, há uma comparação.


a) Identifique essa comparação e reescreva todo o período, transformando a
comparação identificada em metáfora, sem omitir nenhum elemento presente no
período original.
b) Uma das características dos romances indianistas de José de Alencar é a presença da
natureza. Esclareça como se dá essa “presentificação” da natureza em relação à
personagem central, Iracema, tomando por base os elementos presentes neste trecho.

Questão 15
Como o colibri(1) borboleteando entre as flores da acácia(2), ela discorria(3) as
amenas(4) campinas. A luz da manhã já a encontrava suspensa ao ombro do esposo e
sorrindo, como a enrediça(5) que entrelaça o tronco robusto, e todas as manhãs o coroa
de nova grinalda.
(1) colibri: beija-flor
(2) acácia: planta ornamental, conhecida como esponjinha, cujos glomérulos são amarelos e
perfumados
(3) discorrer: percorrer; atravessar
(4) ameno: delicado; aprazível
(5) enrediça: planta trepadeira cujos ramos são muito emaranhados, embaraçados
(José de Alencar, Iracema)

No segundo período deste parágrafo há uma predominância de artigos definidos. No


entanto, existe ali uma referência genérica. Explique como se dá essa generalização, no
plano semântico e no plano morfológico.

Questão 16
A alegria morava em sua alma. A filha dos sertões era feliz, como a andorinha,
que abandona o ninho de seus pais, e peregrina para fabricar novo ninho no país onde
começa a estação das flores. Também Iracema achara ali nas praias do mar um ninho do
amor, nova pátria para seu coração.
(José de Alencar, Iracema)

No último período deste parágrafo, há duas metáforas. Escolha uma delas e esclareça o
emprego da metáfora escolhida, considerando o romance Iracema no seu todo.
Texto para as questões “17” e “18”:

Capítulo 33
O cajueiro floresceu quatro vezes depois que Martim partiu das praias do Ceará,
levando no frágil barco o filho e o cão fiel. A jandaia(1) não quis deixar a terra onde
repousava sua amiga e senhora.
O primeiro cearense, ainda no berço, emigrava da terra da pátria. Havia aí a
predestinação de uma raça?
(Iracema, José de Alencar)
(1) jandaia: ave psitaciforme, psitacídea de coloração amarela, dorso verde, asas azuladas, cauda do verde ao azul, com
ponta escura. Vive em bandos e se adapta bem ao cativeiro. Os jovens são quase totalmente verdes. Maritaca. Periquito-rei.

Questão 17
Considerando o contexto do romance, esclareça o sentido da expressão “o primeiro
cearense”, que o narrador utiliza para referir-se a Moacir.

Questão 18
Explique o emprego do advérbio “aí”, no último período deste fragmento, não
esquecendo que esse advérbio é, na sua origem, um advérbio indicativo de lugar.

Texto para as questões “19” e “20”:

Emudeceram ambos, com os olhos no chão, escutando a palpitação dos seios que
batiam opressos(1).
A virgem falou enfim:
- A alegria voltará logo à alma do guerreiro branco; porque Iracema quer que ele
veja antes da noite a noiva que o espera.
Martim sorriu do ingênuo desejo da filha do Pajé.
- Vem! – disse a virgem.
Atravessaram o bosque e desceram ao vale. Onde morria a fralda(2) da colina, o
arvoredo era basto(3): densa abóbada de folhagem negra cobria o ádito(4) agreste,
reservado aos mistérios do rito bárbaro.
(Iracema, José de Alencar)
(1) opresso: oprimido; com dificuldade de respirar
(2) fralda: a parte inferior, as abas, o sopé, a base (de uma serra, de um monte etc.)
(3) basto: espesso; abundante; cerrado
(4) ádito: local secreto, de caráter sagrado. No caso, Alencar refere-se à selva, colocando-a como um recinto sagrado.

Questão 19
Por que “Martim sorriu do ingênuo desejo da filha do Pajé”?

Questão 20
Por que o desejo da filha do Pajé não era ingênuo?

Texto para as questões “21” e “22”:

Martim pousou brandos olhos na face da virgem:


- Não, filha de Araquém: tua presença alegra, como a luz da manhã. Foi a
lembrança da pátria que trouxe a saudade ao coração pressago(1).
- Uma noiva te espera?
O forasteiro desviou os olhos. Iracema dobrou a cabeça sobre a espádua(2), como
a tenra palma da carnaúba, quando a chuva peneira na várzea.
- Ela não é mais doce do que Iracema, a virgem dos lábios de mel, nem mais
formosa! – murmurou o estrangeiro.
- A flor da mata é formosa quando tem rama que a abrigue, e tronco onde se
enlace. Iracema não vive n’alma de um guerreiro; nunca sentiu a frescura do seu sorriso.
(Alencar, José de. Iracema)
(1) pressago: que pressente; pressagioso
(2) espádua: a omoplata e as partes moles que a revestem

Questão 21
Na última fala de Iracema neste fragmento, foi empregada uma metáfora. Transcreva-a
e explique o sentido dessa metáfora. A seguir, reescreva em linguagem denotativa o
trecho em que está a metáfora que você indicou.

Questão 22
Por que é correto afirmar que a escolha do vocabulário para a criação da metáfora
indicada na questão “1” é coerente com o plano da linguagem escolhida para o
romance?

Questão 23
Capítulo 30
Iracema, sentindo que se lhe rompia o seio, buscou a margem do rio, onde
crescia o coqueiro.
Estreitou-se com a haste da palmeira. A dor lacerou(1) suas entranhas; porém
logo o choro infantil inundou sua alma de júbilo(2).
A jovem mãe, orgulhosa de tanta ventura(3), tomou o tenro filho nos braços e
com ele arrojou-se às águas límpidas do rio. Depois suspendeu-o à teta mimosa; seus
olhos o envolviam de tristeza e amor.
- Tu és Moacir, o nascido do meu sofrimento.
A ará(4), pousada no olho do coqueiro, repetiu: Moacir; e desde então a ave
amiga unia em seu canto ao nome da mãe, o nome do filho.
(Alencar, José de. Iracema)
(1) lacerar: rasgar em pedaços; espedaçar; dilacerar
(2) júbilo: grande contentamento; alegria intensa
(3) ventura: felicidade; fortuna próspera; boa sorte
(4) ará: arara

O nome “Moacir” é formado de “moacy” (dor) e “ira” (saído de). Esse nome, do filho
de Iracema, remete, portanto, ao sofrimento, à dor.
Quais são as dores sofridas por Iracema, além das dores do parto, no momento do
nascimento de Moacir?

Texto para as questões “24”, “25” e “26”:

“Quando ele ergueu-se, Poti falou:


- A felicidade do mancebo(1) é a esposa e o amigo; a primeira dá alegria, o
segundo dá força. O guerreiro sem esposa é como a árvore sem folhas nem flores: nunca
ela verá o fruto. O guerreiro sem amigo é como a árvore solitária que o vento açoita(2)
no meio do campo: o fruto dela nunca amadurece. A felicidade do varão(3) é a prole, que
nasce dele e faz seu orgulho; cada guerreiro que sai de suas veias é mais um galho que
leva seu nome às nuvens, como a grimpa(4) do cedro(5). Amado de Tupã é o guerreiro
que tem uma esposa, um amigo e muitos filhos: ele nada mais deseja senão a morte
gloriosa.
Martim uniu o peito ao peito de Poti:
- O coração do esposo e do amigo falou por tua boca. O guerreiro branco é feliz,
chefe dos pitiguaras, senhores das praias do mar; a felicidade nasceu para ele na terra
das palmeiras, onde recende(6) a baunilha; e foi gerada no sangue de tua raça, que tem no
rosto a cor do sol. O guerreiro branco não quer mais outra pátria, senão a pátria de seu
filho e de seu coração.”
(ALENCAR, José de. Iracema)
(1) mancebo: jovem; moço; rapaz
(2) açoitar: castigar; punir; bater com açoite (chicote)
(3) varão: indivíduo do sexo masculino; homem; homem corajoso
(4) grimpa: parte mais alta de um edifício ou de uma árvore; parte mais alta de qualquer objeto
(5) cedro: gênero (Cedrus) de árvores sempre verdes do Velho Mundo, da família das Pináceas, com
cones eretos e folhas persistentes
(6) recender: exalar (cheiro muito ativo e agradável); cheirar forte e agradavelmente

Questão 24
Na fala de Poti, podem-se identificar as duas figuras de estilo mais recorrentes no
romance.
Diga de que figuras se trata e transcreva um exemplo de cada uma delas.

Questão 25
A quem se refere o pronome “ele” (“... nasceu para ele na terra das palmeiras,...”),
utilizado na segunda fala deste fragmento? Justifique sua resposta, observando que o
pronome de 3a pessoa refere-se, pelo menos teoricamente, à pessoa “de quem se fala”

Questão 26
Considerando o contexto do romance, por que é possível afirmar que a segunda fala
deste fragmento é mais um gesto que confirma a brasilidade da obra de Alencar?

Questão 27
Iracema recosta-se langue(1) ao punho(2) da rede; seus olhos negros e fúlgidos(3),
ternos olhos de sabiá, buscam o estrangeiro e lhe entram n’alma. O cristão sorri; a
virgem palpita; como o saí(4), fascinado pela serpente, vai declinando(5) o lascivo(6)
talhe(7), que se debruça enfim sobre o peito do guerreiro.
Já o estrangeiro a preme(8) ao seio; e o lábio ávido(9) busca o lábio que o espera,
para celebrar nesse ádito(10) d’alma, o himeneu(11) do amor.
No recanto escuro o velho Pajé, imerso em funda contemplação e alheio às
cousas deste mundo, soltou um gemido doloroso. Pressentira o coração o que não viram
os olhos? Ou foi algum funesto(12) presságio(13) para a raça de seus filhos, que assim
ecoou n’alma de Araquém?
Ninguém o soube.
O cristão repeliu do seio a virgem indiana. Ele não deixará o rasto da desgraça
na cabana hospedeira. Cerra os olhos para não ver; e enche sua alma com o nome e a
veneração de seu Deus:
- Cristo!... Cristo!...
(1) langue: o mesmo que lânguida; sem forças; sem energia
(2) punho (da rede): corda tecida em forma de elo, a qual segura a rede nos ganchos ou armadores
(3) fúlgido: brilhante; fulgurante
(4) saí: designação comum a várias aves, algumas delas de cores brilhantes, esverdeadas ou
azuladas
(5) declinar: inclinar; curvar-se
(6) lascivo: sensual
(7) talhe: feitio ou feição do corpo
(8) premer: comprimir; apertar
(9) ávido: que deseja ardentemente
(10) ádito: câmara secreta, nos templos antigos; compartimento reservado; entrada, abertura
(11) himeneu: casamento; matrimônio
(12) funesto: que produz tristeza; doloroso; fatal; mortal
(13) presságio: fato ou sinal que prenuncia o futuro; indício de um acontecimento futuro
(Iracema, José de Alencar)

O emprego do possessivo “seu”, ao final deste fragmento (“...a veneração do seu


Deus:”), é desnecessário, pois o emprego da sequência “a veneração de Deus”
produziria exatamente o mesmo sentido.
Com base neste fragmento, e considerando o contexto geral da obra, confirme essa
afirmação, ou discorde dela. Justifique sua resposta.

Questão 28

Capítulo XXIII
Quatro luas tinham alumiado o céu depois que Iracema deixara os campos do
Ipu; e três depois que ela habitava nas praias do mar a cabana de seu esposo.
A alegria morava em sua alma. A filha dos sertões era feliz, como a andorinha,
que abandona o ninho de seus pais, e peregrina(1) para fabricar novo ninho no país onde
começa a estação das flores. Também Iracema achara ali nas praias do mar um ninho do
amor, nova pátria para seu coração.
Como o colibri(2) borboleteando entre as flores da acácia(3), ela discorria(4) as
amenas(5) campinas. A luz da manhã já a encontrava suspensa ao ombro do esposo e
sorrindo, como a enrediça(6) que entrelaça o tronco robusto, e todas as manhãs o coroa
de nova grinalda.
(1) peregrinar: viajar em busca de algo
(2) colibri: beija-flor
(3) acácia: planta ornamental, conhecida como esponjinha, cujos glomérulos são amarelos e
perfumados
(4) discorrer: percorrer; atravessar
(5) ameno: delicado; aprazível
(6) enrediça: planta trepadeira cujos ramos são muito emaranhados, embaraçados
(Iracema, José de Alencar)

No último período de terceiro parágrafo deste fragmento, há uma comparação.


Identifique-a e reescreva todo o período, transformando a comparação identificada em
metáfora, sem omitir nenhum elemento presente no período original.

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