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(Joel. S. Goldsmith)
Capítulo 1
Os mestres humanos são apenas uma ajuda temporária nesse caminho. Somente do interior
vem a iluminação que dá a alguém a possibilidade de curar e de ser capaz de ensinar que “o
reino de Deus está dentro de vós” (Lucas 17: 21), e que você é a expressão de Deus. O mestre
verdadeiro recebe a inspiração e a iluminação e consegue transmitir por possuir a
conscientização de que “eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma... o Pai, que está em
mim, é quem faz as obras” (João 5:30; 14: 10). Portanto, esse “Pai interior” surge como uma
Presença impessoal a despertar o pensamento receptivo à divindade do indivíduo. “E serão
todos ensinados por Deus” (João 6: 45).
A minha unidade consciente com Deus torna-me um com todos os que são capazes de receber
a Palavra neste nível de consciência. Sua consciente unidade com Deus o torna receptivo e
responsivo a toda verdade. Onde houver um pensamento receptivo, Deus fala. Onde houver
um ser espiritual manifesto, Deus está presente. Como Deus manifesta e exprime Seu próprio
ser como você, você é tão infinito quanto Deus – não apenas uma pequena parcela de Deus.
Deus não se divide, mas manifesta, expressa, revela, desenvolve e mostra a Si próprio como
você e como eu. É um estado de Cristo-consciência em que Deus fala, Deus se movimenta e
Deus age.
Quando eu falo ou escrevo sobre a Verdade, aquilo vem a ser a menor parte da atividade que
se passa em minha consciência. Sempre, como um mestre da verdade, a minha consciência
está alerta, desperta e transcende a tudo referente à mensagem da verdade que eu possa
transmitir. Aquela Consciência, que é a divindade de meu ser, é também a divindade de seu
ser; é a sua Consciência divina despertando-o rumo ao conhecimento de sua natureza, caráter
e qualidades divinas.
Aqueles que, em certa medida, tiveram a capacidade de receber a luz, certo desenvolvimento
e revelação interior, perceberão que devido àquela experiência nunca mais serão os mesmos
novamente. A partir de então, será como se tivessem tocado um Centro infinito de sabedoria e
conhecimento, uma Presença infinita que orienta, guarda, dirige, protege, mantém e sustém.
Porém, aqueles que estão nesse caminho sem ter tido ainda esta experiência, irão tê-la, pois
está escrito: “Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós” (João 15: 16). Deus os
trouxe a este local de desenvolvimento e não permitirá que se desviem desse caminho até que
recebam a iluminação.
Seguir o caminho espiritual, contudo, exige perseverança, pois este não é um caminho fácil.
“Porque estreita é a porta, e apertado o caminho que conduz à vida, e poucos há que a
encontrem” (Mateus 7: 14). Há experiências neste caminho, muitas experiências. Não é um
caminho de rosas sem espinhos. Você pode ter imaginado o porquê, após Deus ter-Se feito
evidente em sua experiência, de sempre aparecer uma dor ou um sofrimento, um problema
ou uma desgraça. Mas eu posso testificar que algumas de nossas maiores experiências vêm
mesmo após o nosso ingresso nesse caminho, e são exatamente essas experiências que nos
forçam a sair do senso físico da existência, rumo à consciência espiritual da vida e da forma.
A trilha espiritual é uma trilha de serviço. Nós somos não somente “servos do Senhor”, mas
também servos dos outros que estão juntos no caminho. Neste trabalho, não iremos encontrar
o mundo esperando para nos servir, mas veremos que na verdade nós é que somos os servos.
O Mestre mostrou-nos essa lição de serviço e humildade quando lavou os pés de seus
discípulos. Enquanto nós, na época atual, não somos chamados para servir daquela forma,
servimos de muitas outras maneiras. Quem conhece homens e mulheres que receberam a
iluminação, irá reconhecer que suas vidas são de devoção, não somente a Deus, mas àqueles
que lhes vêm em busca de ajuda, que buscam cura ou iluminação.
Cada um de nós tem buscado uma compreensão de Deus através de alguma forma particular
de estudo. Qualquer que fosse a organização religiosa ou ensinamento, aquilo vinha agir como
um degrau para nos elevar à compreensão dos ensinamentos do Mestre. Embora às vezes nós
apontemos as diferenças entre “O Caminho Infinito” e os outros acessos à verdade,
lembramos que isto é feito sem qualquer senso de crítica ou julgamento. Não pode haver
qualquer julgamento deles – somente amor e honra para com todos. O mesmo é verdadeiro
em relação à medicina. Os médicos e enfermeiros estão devotando suas vidas para ajudar a
humanidade conforme a visão própria deles, e no plano físico realmente nós sentimos o
progresso deles, razão pela qual só lhes dedicamos amor e respeito.
Uma das grandes diferenças entre esta mensagem de O Caminho Infinito e aquela de certos
metafísicos está no fato de não considerarmos que uma Mente divina, um Amor divino ou
alguma outra coisa venha até você para realizar-lhe algum desejo. O Caminho Infinito ensina
que Deus é a própria Consciência divina do seu ser e constitui a lei sobre o seu ser: esta lei é
única e é a lei do amor. Outro fator que nos difere das outras mensagens é que nós não
atribuímos poder algum àquilo que muitos chamam de “mente mortal”. Não é raro ouvirmos a
expressão: “Estou imaginando o que a mente mortal irá fazer-me hoje”. E ela acaba por fazer
mesmo!
Durante certo tempo foi bastante falado e aceito que existiam causas mentais para as doenças
físicas. Eram circuladas algumas listas, indicando que se alguém estivesse com reumatismo, ele
era causado por ressentimentos; se fosse câncer, a causa era ódio ou ciúme; e, qualquer que
fosse o sintoma, sua causa seria esta ou aquela tendência mental ou emocional. Nós, porém,
não aceitamos esses argumentos como verdadeiros.
Dentro da crença humana, sem dúvida alguma, eles são reais. Hoje em dia, até a medicina
propaga que o excesso de preocupações poderá levar à úlcera, e provavelmente isso é verdade
no plano puramente humano. Mas nada disso tem a ver com o ensinamento de O Caminho
Infinito, onde a doença não apenas não possui nenhuma causa, mas também não
consideramos a existência de nenhuma lei de doença.
Nada existe que venha a nos provocar algo. Não, trata-se de alguma crença universal que no
momento nós estamos aceitando. Por ignorância, nós acabamos por aceitar a crença universal
numa egoidade apartada de Deus. A nossa função não está em examinar o próprio
pensamento tentando descobrir qual atitude mental errada temos mantido, mas sim em medir
a extensão com que estamos aceitando as crenças universais e conscientizar que todas elas
são sugestões mesméricas, sendo que a nossa mente, a única que existe, não pode ser um
instrumento para mesmerizar ou ser mesmerizado. Com esse procedimento, nós retiramos o
poder daquele falso senso e adquirimos a consciência do único Poder e única Presença.
Existe tão somente um Eu, ou Ego, uma Consciência, embora Ela apareça como sendo você ou
eu, e este é mais um ponto vital a nos diferenciar de outros ensinamentos correntes. O
Caminho Infinito ensina que não somos um efeito, uma ideia, uma manifestação ou um
reflexo: “Eu sou a luz do mundo... Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (João 8: 12; 14: 6). Há
somente um Eu. Mesmo que este Eu apareça como você ou como eu, continua sendo o
mesmo Eu.
Esta mensagem é denominada O Caminho Infinito. É um nome que nada significa para o
mundo, exceto para os que são familiares a este ensinamento, para os que sabem que O
Caminho Infinito é realmente um caminho de vida que conduz ao desenvolvimento da própria
consciência. O Caminho Infinito é isto: um caminho de vida que conhece Deus como a
consciência infinita, e o trabalho dos aspirantes a ele é o de se manterem em conformidade
com seus princípios. Para que possamos demonstrar as harmonias da vida é preciso adquirir a
consciência do bem.
Neste ensinamento, não acreditamos que um efeito possa constituir nosso suprimento e
tampouco acreditamos que um corpo físico saudável constitua a saúde. O caminho espiritual
nos leva à consciência de vida, deixando-a produzir tanto o suprimento quanto a saúde. Este
caminho não é um método de demonstração de suprimento ou saúde, mas um caminho para
demonstrar a consciência da presença de Deus e deixar que esta Consciência faça manifestar o
suprimento e a saúde. Passo a passo vai-se desenvolvendo o nosso caminho. Talvez nem
sempre possamos visualizar o projeto completo, mas caminhando em frente passo a passo,
sucessivamente, o quadro todo virá inevitavelmente a ser manifesto.
Num curto espaço de tempo, os escritos de O Caminho Infinito foram largamente distribuídos
e postos em circulação pelo mundo. Quando lidos com a mente aberta, são aceitos não
comente pelos metafísicos independentes ou por integrantes de movimentos metafísicos
organizados, mas até mesmo pelos membros das igreja ortodoxas. Nestes textos, aqueles
dotados de objetivos espirituais estão descobrindo uma base comum de encontro. A verdade
contida na mensagem está rompendo e dissolvendo preconceitos, intolerâncias e aversões
entre as crenças religiosas. Na conscientização de Deus como Consciência, a Consciência do ser
individual, torna-se impossível a permanência de preceitos raciais ou religiosos, bem como
inimizades, temores ou intolerâncias. Tais elementos somente podem existir enquanto
perdurar a crença numa egoidade apartada de Deus.
Toda verdade contida nesta mensagem é realmente a Verdade dita por Si, e a sua influência
fermentadora trará por fim a união de todos à conscientização da unidade da Consciência. Esta
união não se refere a um sentido de organização, mas trata-se de uma junção na abertura de
nossa própria consciência rumo à unidade do ensinamento da verdade; uma união no sentido
considerado por Jesus, quando falou a seus discípulos: “Porque quem não é contra nós, é por
nós” (Marcos 9: 40). Os metafísicos do mundo tentam a sua unificação pela compreensão de
Deus como Onipresença. O ensinamento de todos eles é fundamentado no postulado de que
Deus é a mente individual, Deus é a vida individual, Deus é a Alma individual. Portanto, não
deveria haver nenhum senso de divisão entre eles, tampouco algum sentimento de que um
deles é melhor que o outro ou possui mais verdade do que esse outro. Tão logo exista um
sentimento de superioridade ou de comparação, a consciência não se encontrará aberta à
unidade e universalidade da verdade.
Você nunca irá encontrar Deus em um livro. Se quiser encontrar Deus, conhecer Deus, você
deverá voltar-se para dentro de si mesmo e encontra-Lo no “lugar secreto”. Você não poderá
ver Deus, mas tomará consciência de Deus dentro de seu próprio ser; poderá perceber e sentir
a Sua presença. Enquanto os seus pensamentos estiverem no exterior – nas coisas que você
vê, ouve, prova, toca ou cheira – você não poderá trilhar o caminho espiritual, o caminho
infinito, pois não se pode ver, ouvir, provar, tocar ou cheirar a realidade do ser, a creação de
Deus.
O objetivo desses escritos e de todo estudo sobre eles não é apenas obter conhecimentos
sobre a verdade. O conteúdo das mensagens sobre a verdade do ser é tão simples que até as
crianças conseguem facilmente entende-la. Você inclusive irá notar que três quartos de tudo
que for lido sobre a verdade ser esquecido, quando aquele senso de Deus como sendo
Onipresença tornar-se aparente. É este o objetivo de seu estudo: elevar a consciência ao ponto
em que aquele senso de Onipresença seja atingido. Com esta meta alcançada, o trabalho de
cura passa a ser realizado com um sorriso, e não com esforço mental. O suprimento, a
integridade, a plenitude – tudo isso vem a nós apenas com um sorriso. É um sorriso especial,
vindo de Deus, como que conhecendo que aquilo aparecendo como um ser humano é nada, e,
ao mesmo tempo é tudo, se visto sob o ângulo da identidade espiritual. Habitue-se a
conscientizar que o poder, a qualidade, a quantidade e a realidade nunca estão naquilo que
está formado, mas que realmente estão no Princípio, Alma ou Consciência que produz toda
forma existente.
UM “ODRE NOVO”
“E ninguém deita vinho novo em odres velhos... o vinho novo deve ser deitado em odres
novos.” (Marcos 2: 22) Precisamos desenvolver um “novo odre” completo, um novo estado de
consciência, e para isso principiamos por eliminar todo o conceito material. Isto não pode ser
feito num único salto; é um trabalho para todo o tempo de vida, pois envolve uma mudança
completa de consciência.
Não tente colocar vinho novo em odres velhos. Não tente semear as sementes dessa
inspiração em solo pedregoso ou espinhoso. Se fizer isto, elas se perderão. O solo deve ser
preparado; uma consciência espiritual precisa ser desenvolvida. A preparação exige muita
paciência e o anseio de sentar-se a sós para ponderar esta ideia da consciência individual como
a causa, a lei e o poder de cada ser. Você consegue perceber que a totalidade de Deus está
aparecendo como você e que a totalidade de Deus está aparecendo como o seu próximo? O
grau de aceitação desta verdade corresponderá ao desenvolvimento do Cristo de sua própria
consciência, ao desenvolvimento de seu conhecimento de que a plenitude do Cristo constitui o
seu ser. O desenvolvimento do Cristo leva à conscientização da Presença, à consciência de
haver uma orientação que vem de dentro, da existência de um infinito Ser interior que segue
sempre à frente e que está consciente até mesmo quando você dorme. Esta conscientização
lhe trará a certeza de que superior a qualquer condição ou circunstância humana é este
consciente estado da natureza infinita de sua própria consciência, que permanece sempre no
centro de seu ser apenas aguardando o seu reconhecimento.
Para este trabalho, cada palavra dita pelo Mestre deve ser aprendida e aceita como lei. Uma só
passagem poderia mudar a sua experiência, mas para uma nova consciência integral ser
conseguida, devemos tomar cada uma das passagens dadas pelo Mestre-Cristão e utilizá-las
conscientemente. Mais do que qualquer outro profeta ou vidente ele deu ao mundo ocidental
o segredo da vida espiritual. Para exemplificar, leia o ensinamento do Mestre sobre a
futilidade de se manter com ansiedades (Lucas 12: 22-32):
“Não estejais apreensivos pela vossa vida, sobre o que comereis, nem pelo corpo, sobre o que
vestireis.
Mais é a vida do que o sustento, e o corpo mais do que o vestido.
Considerai os corvos: eles não semeiam nem colhem; eles não têm dispensa nem celeiro; e
Deus os alimenta: quanto mais valeis vós que as aves?
E qual de vós, sendo solícito, pode acrescentar um côvado à sua estatura? Se, pois, não sois
capazes de fazer estas pequenas coisas, por que vos preocupais com as outras?
Considerai os lírios, como eles crescem: eles não trabalham, nem tecem; e na verdade vos digo
que nem Salomão, em toda sua glória, jamais se vestiu como um deles. E se Deus assim veste a
erva que hoje está no campo e amanhã é lançada ao forno, quanto mais vestirá a vós, ó
homens de pouca fé?
Não pergunteis, pois, o que haveis de comer, ou o que haveis de beber, nem andeis inquietos.
Pois todas as gentes do mundo buscam essas coisas; mas vosso Pai sabe que delas haveis
mister. Buscai antes o reino de Deus, e todas estas coisas vos serão dadas de acréscimo.
Não temais, ó pequeno rebanho, porque a vosso Pai agradou dar-vos o reino.”
Adquira a consciência de que “vosso Pai sabe que haveis delas mister”, e assim sempre que
você for tentado a ficar apreensivo, pensando no trabalho do próximo ano, na casa ou nos
alimentos, virá à sua lembrança que “a vosso Pai agradou dar-vos o reino”. Faça a si mesmo a
pergunta seguinte: “Estou vivendo nesta consciência de ‘não estar apreensivo’?” Lembre-se da
questão apresentada pelo Mestre: “E qual de vós, sendo solícito, pode acrescentar um côvado
à sua altura?... Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos.” (Isaías 55: 8).
Os pensamentos de Deus não são os seus pensamentos, assim por que ficar apreensivo? Em
vez disso, olhemos para este universo passando a compreender que todo ele é sustido e
mantido pelo Poder divino que o creou. Mas é isso que temos feito? Não; nós construímos
uma entidade separada, uma egoidade apartada de Deus, que precisa de provisões e cuidados,
e devotamos a vida toda para sustenta-la.
Jesus disse: “O Meu reino não é deste mundo... A minha paz vos dou.” (João 18:36; 14:27). Em
momento algum Jesus estava buscando a sua própria demonstração: ele vivia num senso de
doação, de ser uma transparência de bem para o mundo. O Cristo não pode entrar numa
consciência que está em busca de algo para si mesma. Deus não pode ser utilizado com o
propósito de se conseguir um progresso puramente humano. A nossa missão no mundo está
em sermos uma transparência para o bem. O “eu” que procura algo para si não é o Filho de
Deus., pois o Filho é herdeiro de Deus e co-herdeiro com o Cristo, e o Filho está sempre
cônscio de que tudo que é do Pai também pertence a Ele. Sendo assim, como poderia existir
algo que o Filho desejasse buscar para si?
Na construção desse novo estado de consciência, nós não podemos pretender buscar por algo,
pois devemos começar a conscientizar que “somos herdeiros de Deus e co-herdeiros com o
Cristo”(Romanos 8: 17), e dessa maneira somos aquele exato local em que a totalidade de
Deus está jorrando. Tendo esta Cristo-consciência desenvolvida, também nós seremos capazes
de alimentar cinco mil pessoas, ou quantas venham até nós – alimenta-las espiritualmente, e
se necessário alimenta-las materialmente, pois o mesmo Espírito, jorrando, apareceria como
alimento. A questão está unicamente em verificar o quanto nós limitamos Deus. Obviamente,
humanamente nós não podemos realizar tais obras, mas para Deus aquilo é possível. Quando
estiver corretamente compreendido que nós somos o Cristo, a própria presença de Deus, que
não vive sob o ponto de vista de receber algo, mas de deixar que o infinito jorre através do ser,
então descobriremos a capacidade nossa de alimentarmos as cinco mil pessoas. O Pai celestial
é a nossa própria consciência, e Ele conhece todas as nossas necessidades.
CAPÍTULO 2
APRENDENDO A MEDITAR
Nenhuma verdade que já não conheçamos nos será dada do exterior, mas a luz que incide
sobre aquela verdade no interior de nossa Alma torna-a aplicável em nossa experiência. A
verdade que parece vir do exterior é um raio da verdade, mas este raio imbuído da própria
consciência torna anos mesmos e a todos os que vêm à sua faixa de ação a “luz do mundo”. “E
eu, quando for levantado às alturas, atrairei todos a mim.” (João 12: 38). A meditação, sendo
uma consciência da presença de Deus, poderá erguê-lo ao lugar de apreensão da palavra da
Verdade em seu sentido interior. Não se torne impaciente quanto ao seu progresso. Você está
a aprender um novo modo de viver e está a desenvolver uma consciência inteiramente nova
da existência.
Do mesmo modo, se antes da meditação sua mente voltar-se para os seus negócios, ou os
negócios de seu marido, você não dormirá. Você estará meditando com a ideia de receber
uma revelação de Deus, uma revelação da Sabedoria interior alojada em seu ser. Aquela
Sabedoria poderá dar a você ou ao seu marido, pai ou filho, um envolvente sentido de
proteção.
Você não poderá sentir sonolência enquanto medita, se compreender que a meditação é uma
atividade consciente de sua mente e Alma. Não pode ser um sentar de forma indolente que
diz: “Muito bem, Deus, siga em frente”. E é o que fazem muitos dos metafísicos que se dizem
tentados a dormir. Se o estudante dorme enquanto medita, isto se deve ao fato de ele não
perceber que deve estar alerta para algo específico, para receber alguma orientação interna,
alerta para ouvir a voz de Deus. Devemos nos dirigir ao Ego interior com a atenção focalizada
em algo específico, em alguma ideia específica sobre a qual Deus tenha algo a nos revelar:
“Aqui estou, Pai, alerta e desperto para Tua orientação.”
Os que se encontram neste caminho necessitam de muito poucas horas de sono para
exercerem suas atividades. A razão disso é que tais pessoas conseguem obter os benefícios do
sono mesmo quando estão despertos. O sono não passa de uma forma suave de morte ou
inconsciência; é uma perda de consciência, e esta é uma porta próxima da morte, ou ao menos
um degrau a menos rumo a ela.
Através da meditação nós abrimos a nossa consciência ao fluxo da Verdade e nos tornamos
uma transparência para o surgimento do bem infinito no mundo. Perdemos aquele senso de
que nós, como pessoas, podemos realizar algo e passamos à compreensão de que o Cristo, o
Espírito de Deus, vive em nós e realiza todas as obras. Quem produz, causa, anima e permeia
toda forma e creação é o Espírito. O Espírito é a lei sobre todo efeito.
Nós precisamos conscientizar a presença e poder de Deus agindo e aparecendo como nossa
consciência individual, e saber que esta consciência é a lei, substância e realidade de nosso
universo, seja na forma de nosso corpo, nosso negócio ou nosso lar. Nossa falha tem sido em
não reconhecer esta verdade e nossa falta de reconhecimento vem da mente humana, que se
rebela por tal verdade aniquilar o suposto poder que ela tem assumido.
Considerando que o Cristo é a revelação da unidade de Deus e Sua creação, vamos ponderar
sobre o sentido espiritual do nascimento de Jesus registrado na Escritura. Jesus nasceu numa
manjedoura, provavelmente o mais baixo nível daquela época. Esta manjedoura pode ser
interpretada como símbolo da mente humana, o nível mais baixo em que pode o Cristo nascer.
Quando o pensamento humano é desperto para ir em busca de luz o alcance torna-se maior e,
provavelmente, é então que o Cristo cresce nesse “estábulo” da mente humana.
O bebê, Jesus, foi envolto em panos, e assim também é feito conosco quando o Cristo começa
a nascer na mente humana. Ele é envolto nas mais suaves verdades; é vestido com os mais
simples pensamentos que pudermos alimentar para o nosso crescimento e desenvolvimento,
até passar o perigo de “Herodes” que ameaça destruí-lo – até que tenhamos crescido a uma
compreensão tal que as perguntas e dúvidas do mundo não venham mais a nos oprimir. O
pensamento humano irá sempre se esforçar para destruir o Cristo.
José e Maria conduziram seu pequeno filho ao Egito, onde o mantiveram escondido até passar
a fase de perigo da destruição. Esta é uma grande lição de sabedoria para nós. Devemos
esconder esta doce verdade, não a mostrando em palavras, mas somente em efeitos. Não
devemos sair pronunciando-a, mas deixar que ela apareça da mesma forma com que apareceu
a Jesus aos doze anos de idade, quando maravilhou os rabis do templo com sua sabedoria.
Doze anos após o nascimento de Jesus é que Cristo tornou-Se manifesto.
Assim, também, após nove anos de sua iluminação é que Paulo saiu a pregar e ensinar. O
Cristo recém-nascido não deve ser exposto nas avenidas e ruas, mas deve crescer e ser
fortalecido em nossa consciência, e então veremos que não serão necessários os
proselitismos. O mundo irá sempre opor resistência ao ensinamento da unidade, onipresença
e onipotência, mas quando a presença do Cristo tiver sido sentida, nós poderemos falar d’Ele
sem risco de perdê-Lo.
O melhor é manter essa verdade dentro de nosso próprio ser e deixar que ela se torne visível
ao mundo através dos resultados, em vez de sair a pregá-la. É surpreendente como o mundo
percebe o que está-se passando sem que tenhamos dito algo a respeito. O próprio Cristo, o
próprio Espírito de Deus, manifesta-Se como a paz de nosso ser, como a prosperidade de
nosso bolso e como a alegria de nossas faces. E é então que o mundo reconhece que nós
possuimos algo e é quando o trabalho de cura se processa sem que façamos uso de
pensamentos – “não pela força, nem pelo poder, mas por meu Espírito” (Zacarias 4: 6), que age
através da mente serena por nós encontrada.
Há uma Presença e um Poder instantaneamente acessíveis a mim. Onde eu estou, Deus está,
portanto, o lugar onde eu estou é solo sagrado. “Para onde irei a fim de me subtrair ao teu
Espírito? E para onde fugirei da tua Presença? Se subo ao céu, tu lá estás; se desço ao inferno,
nele te encontras” (Salmos 139: 7-8) Mesmo que eu desça ao inferno, esta Presença estará lá.
Podem vir problemas, pecado, doença, falta ou limitação. A natureza do quadro não me
interessa, pois sempre me recordo: “Tu lá estás”, e consequentemente este é solo sagrado.
Como poderia eu sair de Tua presença, se este EU é Deus?
Capítulo 3
Isto diz o Senhor: Não se glorie o sábio no seu saber, nem se glorie o forte na sua força, nem se
glorie o rico nas suas riquezas; porém aquele que se gloria, glorie-se em me conhecer e em
saber que eu sou o Senhor que exerço a misericórdia, a equidade e a justiça sobre a terra.
(Jeremias 9: 23-24)
Esta citação de Jeremias pode ser transportada à nossa vida prática. Não devemos nos gloriar
no mundo dos efeitos, caso o efeito apareça para nós como pessoa, lugar, circunstância,
condição ou coisa, pois a substância ou realidade não se encontra em nenhum efeito. O poder
e a glória, a substância e a realidade, a causa e a lei residem no Espírito que produz tudo aquilo
que nos aparece como forma, circunstância ou condição. Nós temos o direito de usufruir das
coisas do mundo, sem permitir que nossa fé e confiança fiquem centralizadas no mundo ou
nas coisas do mundo. Nossa fé e confiança devem permanecer no Espírito, que produz, forma
e anima tudo aquilo que existe.
O Caminho Infinito ensina que o homem é consciência, e que esta consciência é a causa do
corpo, do lar e dos negócios. Muitos pensam que o corpo, o lar ou os negócios, estando em
desarmonia, indicariam uma situação vinda de fora, que agiria sobre eles. Enquanto for aceita
a crença de que fora de nós existe algum poder, irá também existir o desejo de entrarmos em
contato com um poder do bem que possa atuar em nosso benefício, Se for aceita a crença de
que existe uma lei de tempo agindo sobre o nosso corpo e mente, aquilo irá fazer parte de
nossa experiência segundo o nosso grau de aceitação. Não há nenhum poder separado de
nossa consciência capaz de operar em nossa experiência, mas se aceitarmos que tal poder
existe e procurarmos entrar em contato com ele, jamais conseguiremos fazê-lo.
O mundo tem orado a Deus por coisas. Isto é tão insensato quanto a atitude de orarmos ao
princípio da eletricidade para que ilumine nossa casa. Regozije-se, não com as “coisas”, mas
regozije-se por compreender e conhecer a Mim, a realidade do ser, seu ser e meu ser, e por
entender que aquele Ser é Deus. E então será visto quão inútil é a oração que trata com a
forma de seu corpo, com seu lar ou seus negócios. Isto, porém, será trazido à sua experiência
na proporção de seu reconhecimento e conscientização de que sua própria consciência é a lei
e que, externamente a você, inexiste qualquer realidade.
Eu sou a vida eterna. “Eu sou o caminho, a verdade e a vida... Eu e o Pai somos um.” (João
14:6; 10:30) Tudo que é do Pai é meu, pois sou herdeiro de Deus e co-herdeiro com o Cristo.
Eu e o Pai somos um, e esta unidade constitui a imortalidade, harmonia, graça, alegria e
abundância de meu corpo e de minha Alma.
“antes que Abraão existisse eu sou... e eis que estou convosco todos os dias, até a consumação
dos séculos.” (João 8:58; Mateus 28:20). A divina Consciência do meu ser formou-me antes de
eu ter nascido. Ela conheceu-me antes que eu fosse concebido. O reino de Deus, da
Consciência – aquela Consciência que constitui a minha consciência individual – está agora em
meu corpo r em minhas atividades.
Quanto maior for a sua compreensão da Consciência como sendo Deus, maior será sua
transparência para manifestar o reino de Deus em suas atividades. Deus é onipresente, mas
este fato somente se tornará efetivo quando puder sentir conscientemente aquilo como sendo
verdade. As simples afirmações serão inúteis, pois com elas estará sendo considerado um Deus
separado e apartado de você próprio. Estará sendo visto um Deus “lá fora”, ao invés de haver
uma compreensão de que a vida, a verdade e o amor são alei do próprio ser. Jesus referiu-se a
seu Pai e a meu Pai da seguinte maneira:
Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem me vê a mim vê o
Pai . (João 14: 9)
Como poderia alguém realizar “maiores obras” sem que a mesma Presença e o mesmo Poder
estivessem manifestados como o seu próprio ser?
NÃO HÁ PODER SEPARADO DA CONSCIÊNCIA
A cura espiritual se realiza através do silêncio divino, e não por meio de nossos pensamentos.
Quando você se defrontar com algum pecado, doença, falta ou limitação, observe se de
imediato você começa a lutar com aquilo mentalmente. Em caso positivo, o fato de você ficar
negando-o, será a prova de que de alguma maneira você estará acreditando em sua realidade.
Desse modo, você se tornará uma vítima em conformidade com o seu grau de aceitação.
Se a natureza da ilusão for conhecida, você não mais necessitará levantar seguidos protestos
contra ela. É muito simples alguém sair dizendo: “Não sou doente”. Se um homem é rico, não
ficará afirmando: “Eu não sou pobre”. Quando uma pessoa sai a declarar que não está doente,
podemos saber que ela não está se sentindo muito bem, e julga que sua saúde integral será
obtida com o emprego de tal declaração. O mesmo ocorre quando você diz para alguém não
estar passando bem, e recebe como resposta o seguinte cliché: “Isto não é verdade”. Caso
houvesse, de fato, uma consciência interna de que aquilo não fosse verdadeiro, nem seria
preciso chegar a afirma-lo. A ilusão, sendo meramente um crença universal, é irreal. Ela é
dissolvida pelo poder do silêncio.
Tanto as negações como as afirmações, por certo tempo, têm sua função, até que nos
tornemos receptivos à verdade do ser. Entretanto, ambas deverão ser abandonadas frente ao
reconhecimento de que Deus e ilusão não podem coexistir, e frente ao reconhecimento de
que as aparências não podem mais nos enganar. Se estamos a demonstrar o Princípio como
substância, lei e causa, não devemos aceitar a crença de que possa haver uma condição
apartada de Deus, ou uma atividade além de Deus, a governar o universo. A posição correta
seria a conscientização de que tais condições constituem impossibilidades, mediante um
“Obrigado, Pai”, que traduz o reconhecimento da irrealidade de qualquer espécie de
problema. O estado de consciência que não odeia e nem teme alguma aparência constitui a
consciência curadora. Além disso, somente esta consciência será capaz de dizer: “Qual é o seu
impedimento? Levante-se, e ande. Não existe poder algum apartado da consciência do seu
próprio ser.”
Não é preciso aguardar por uma liberação integral. O necessário e importante é que nos
ergamos o quanto for possível para o momento, mesmo que aquilo nos pareça muito pouco
ainda. Devemos nos empenhar continuamente para conseguir o domínio disto e assim,
gradativamente, a casca da crença será rompida – a crença na existência do poder do mal
capaz de agir sobre nós. A única ação que há é a mente-ação. Se, neste instante, pudermos
movimentar apenas um dedo, vamos então movimentá-lo, conscientizando que o poder e o
domínio sempre estão no Espírito de Deus, na Consciência, e nunca no efeito. Mantendo essa
atitude de aceitar somente este Poder único, e nunca separado de nossa própria consciência,
aos poucos chegaremos à compreensão: “Eu sou a Vida, eu sou a verdade, eu sou o poder, em
si.”
A idolatria vem a ser a crença de que existe um poder no efeito; é a fé naquilo que possui
forma, e até de que o que está aparecendo como coisa externa possui, em si, algum poder. O
mais importante que devemos conhecer é que somos a causa e não o efeito, e que a
totalidade de Deus aparece como o nosso ser. Num sentido material não podemos ter
quarenta bilhões de “tudos”, mas num sentido espiritual a Totalidade pode até ser
multiplicada pelo infinito. Por exemplo, um indivíduo poderá ser totalmente honesto e nem
por isso irá privar o seu próximo da honestidade. Alguém poderá ser cem por cento leal e
sincero e mesmo assim não privará aos demais de apresentar estas qualidades. A totalidade de
Deus está se manifestando individualmente como você e eu – toda a saúde, toda a riqueza,
toda a paz, todo o domínio. O que é verdadeiro com relação a mim e a você deve ser
verdadeiro para todo o restante do mundo. A Verdade, para ser legítima, deve ser universal.
Portanto, como a vida é Deus e Deus é a minha e a sua vida, deve ser também a vida de todos.
No entanto, as alegrias e frutos dessa grande verdade são trazidos à nossa experiência
individual somente na proporção da conscientização pessoal dela, quando é desenvolvido um
conhecimento interior de Deus como Vida onipresente.
Em 1948 veio um chamado para que eu fosse ao Havaí. O pedido de ajuda era o aparente
motivo para que eu fizesse a viagem, mas, pela maneira como ela se desenvolveu, a ajuda
serviu de isca, pois ocupou apenas uma pequena parcela da minha ida. Entre outras coisas,
surgiu a oportunidade para que eu encontrasse um dos dirigentes do Havaí, que falou-me das
dificuldades que seu povo vinha encontrando durante a depressão e da forma com que eles se
reuniam na tentativa de redescobrir o princípio envolvido das demonstrações realizadas pelas
tribos primitivas.
Certo dia, ao fazer ponderações sobre esta questão, veio-lhe a ideia de que se ele tivesse na
água se afogando e conseguisse aproximar-se de uma jangada e se segurasse firmemente a
ela, ele seria salvo. Assim ele pensou: “Imagine se em vez da jangada eu segurasse somente
um punhado de folhas?” Com aquela ideia veio a conscientização de que o mesmo Espírito
presente na jangada também estava presente nas folhas, e que aquele Espírito que o
sustentaria não se encontrava nem na jangada e nem nas folhas em si, mas encontrava-se no
Espírito em Si.
Se você compreender este ponto, irá notar que o poder, a substância e a vida nunca estão no
efeito, mas sempre estão no Espírito em Si, a lei que produz o efeito. Uma vez notado que o
suprimento não está em nenhum efeito, mas sim no Espírito, teremos o segredo de Jesus, da
multiplicação de pães e peixes. E então será visto que o mesmo Espírito sustentador Se faz
presente tanto em um dólar quanto em um milhão. Quando estava na cadeia, João Batista
ficou a pensar se o Mestre realmente era o Cristo, e enviou-lhe a pergunta: “És tu aquele que
havia de vir?” (Mateus 11: 3), ao que Jesus respondeu:
Ide, e anunciai a João as coisas que ouvis e vedes: os cegos veem, e os coxos andam; os
leprosos são limpos, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é
anunciado o evangelho. E bem-aventurado é aquele que se não escandalizar em mim. (Mateus
11: 4-6)
Se o princípio que realiza os milagres não for percebido, a verdade real estará perdida, e se
você não perceber o princípio que realiza suas curas, nada irá receber além de um alívio
temporário. É preciso que você compreenda que não é a “jangada” que o sustém, mas sim o
Espírito de Deus aparecendo como jangada.
Eddie Rickenbacker provou este princípio quando foi capaz de sentar-se quietamente, sem
mesmo dizer o que sabia aos seus amigos no barco, e teve seu alimento voando em sua
direção, peixe pulando para o barco e a chuva caindo de um céu sem nuvens. Ele demonstrou
não ser o alimento ou a água, mas o Espírito de Deus – Onipresença, Onipotência, Onisciência
– é que aparece a ele como pássaro, peixe e água, o Espírito de Deus aparecendo como a coisa
necessária no momento. Nunca volte a olhar para o mundo ou para “coisas” achando estar
necessitando de algo. É o onipresente Espírito de Deus que supre a necessidade, e se for
preciso que apareça como dinheiro, aparecerá; se for na forma de alimento, saúde, lar ou
companhia, aparecerá. A forma não faz nenhuma diferença, desde que exista a consciência de
que a substância da forma é Espírito. A substância de toda forma é Espírito, e o Espírito é
onipresente como cada um de nós, apenas aguardando o nosso reconhecimento. Deus é
onipresente, mas Deus deve ser reconhecido, pois é o consciente reconhecimento do Espírito
de Deus que faz com que Ele Se torne manifesto na forma necessária para o momento.
Uma vez de posse da conscientização de que Deus, Espírito, é a consciência do ser individual e
que nada existe separado dessa consciência, notaremos que somos sustidos pelo Espírito de
Deus presente nas “folhas” ou na “jangada”, que o Espírito de Deus na moeda é que pagaria a
nossa passagem para algum lugar do mundo, que o Espírito de Deus nos pães e peixes é que
alimentaria as cinco mil pessoas. Devemos começar a perceber que o suprimento não está no
dinheiro, mas no Espírito de Deus que o produz. Isto nunca deve ser esquecido. Não devemos
colocar nossa dependência em dinheiro ou ações, mas sempre no Espírito de Deus que os
conduz até nós. Se perdêssemos tudo que possuímos num único sopro, aquele mesmo Espírito
poderia produzi-lo novamente para nós. Enquanto não nos tornarmos unos com o Espírito de
Deus aparecendo como efeito a ponto de nunca mais sermos tentados a acreditar que o poder
está no efeito, não encontraremos o Espírito de Deus operando em nossa experiência e
permaneceremos sob as flutuações do plano humano, tendo muito hoje e nada amanhã.
Até que haja uma consciência e reconhecimento do Espírito de Deus como a substância, poder
e lei de todo efeito, será como se o Espírito de Deus não existisse. Há uma só maneira de
experienciarmos a presença e poder de Deus, e esta é através do reconhecimento e
conscientização de que o Espírito é a realidade de tudo aquilo que aparece, porém sempre
com a compreensão de que a aparência em si não é realidade. O interesse pelo efeito persiste
somente enquanto houver a crença de que o poder, a lei e a realidade estejam no efeito. No
momento em que existir uma conscientização de que a Consciência, o Espírito de Deus,
aparece como efeito, o interesse pelo efeito desaparecerá.
Deixemos que nosso lema seja: Reconhecer o Espírito como o âmago de todo efeito. Não
dependamos de pessoas ou coisas, mas coloquemos toda a dependência no Espírito. Observe
o Espírito, a Consciência, aparecendo como efeito – a sua consciência aparecendo como
forma.
CAPÍTULO 4
A REALIZAÇÃO DA CONSCIÊNCIA
“Paraíso é a Visão do Desejo realizado, e inferno a Sombra de uma Alma nas chamas.” (Omar
Khayyam)
Aqueles que tiveram a experiência de uma vida realizada, sabem que é nela que se encontra o
paraíso. Os que realizam o trabalho que gostam de fazer, estão no paraíso. O paraíso é a
realização de sua própria consciência. Cada um de nós encontra-se neste mundo em
conformidade com um plano divino. Ninguém veio aqui por um acidente; ninguém veio aqui
através de mera criação física. Todos nós somos parte de um plano universal, plano este que
constitui a realização de Deus. Não ocorre, por alguma razão especial, que tenham sido dados
a alguns de nós uma revelação da verdade e uma oportunidade de estudo e prática, mas é a
Verdade, em Si, que está Se expressando e realizando, e nós somos a transparência pela qual
Ela aparece no mundo. A Verdade realiza a Si própria, de alguma forma, através de você ou
como você, embora tal realização possa não ser aparente no momento. Na certa é uma
realidade o fato de a maioria das pessoas no mundo não estarem cumprindo os seus destinos
como Deus feito manifesto e como Amor sendo desvendado e revelado.
O cenário humano aparenta isolar-nos do divino, e assim temos aceito uma identidade
separada e temos tentado realiza-la. Sermos ou não sermos bem sucedidos no reino exterior
não é o que determinará a nossa realização do paraíso. O paraíso é a realização da consciência
interior, e ela pode ser manifestada como um homem de negócios ou de alguma profissão,
mas ainda assim será a consciência realizando a si mesma no nível da consciência. O sucesso
nos negócios, em si, não testemunha o atingimento do paraíso. Muitas pessoas bem sucedidas
são infelizes por não terem atingido o sucesso no trabalho específico que seria o cumprimento
do desejo de seu próprio coração.
E legítimo que tenhamos alegria, que encontremos alegria; e estejamos certos de que a alegria
virá até nós quando tratamos dos “negócios do Pai”. Ao realizarmos nosso trabalho sob o
ponto de vista de permitir a manifestação externa de nossa capacidade interior, estaremos
verdadeiramente tratando dos “negócios do Pai”, e encontraremos a nossa alegria. Quando o
trabalho é realizado meramente para ganhar o sustento ou para obter fama ou fortuna, nem
sempre a alegria estará presente, mas sempre contaremos com ela se estivermos realizando
aquilo para o qual fomos aqui trazidos para fazer cumprir.
Se uma pessoa estiver realizando curas apenas com o objetivo de ver algum doente tornar-se
saudável, poderá ser considerada como humanamente boa, mas é preciso reconhecer que tal
motivo não é pertencente à vida espiritual. Se nós nos ocuparmos com o trabalho de cura para
ver a identidade divina, o Cristo, trazido à manifestação por Sua causa, então encontraremos
alegria em nosso trabalho. Quando aquele trabalho visa unicamente testemunhar Deus feito
manifesto, não envolverá nenhum esforço humano e nenhuma vontade pessoal.
Quando nós afastarmos a nossa atenção do mundo exterior, centralizando-a no reino interior
de Deus, começaremos a entender o que realmente pode ser O Caminho Infinito da vida. Ele é
plenamente satisfatório e maravilhoso. Faça a si mesmo a seguinte pergunta: “Estou
cumprindo um objetivo divino na vida?” A realização da identidade espiritual ocorre no
interior, nunca externamente, embora ela se torne aparente no exterior. Nada há de estranho
no fato de um homem ou uma mulher, que esteja em paz consigo próprio e com o mundo,
encontrar a satisfação e a alegria interior. E mesmo que essa pessoa, levada por alguma
circunstância externa, perdesse o equilíbrio por algum tempo, ela rapidamente recuperaria o
controle da situação, pois já teria consciência de que os fatos exteriores não são de maior
importância.
Se a atividade que estamos exercendo não corresponde àquela que gostaríamos que fosse,
não deveríamos tentar corrigi-la no nível exterior. Também não seria indicado abandonar o
nosso trabalho do presente para procurar um outro. Não devemos tentar manipular nosso
problema no plano exterior da existência. Onde quer que no momento estejamos, vamos
aprender a desprezar a aparência suportando-a por enquanto.
Há uma Presença e um Poder dentro de nós, que removerá qualquer obstáculo. É possível que
no momento nós nem saibamos qual a natureza desse obstáculo, assim, devemos começar o
nosso trabalho exatamente como nos encontramos agora: com Deus. “Eu e o Pai somos um”
(João 10: 30), portanto onde eu estou, Deus está presente, e desse estado divino de
consciência é manifestada a harmonia do meu ser. A conscientização dessa Presença e Poder
corrige, remove e modifica o quadro exterior até que ele se torne um reflexo exato do interior.
A experiência exterior sempre reflete a nossa consciência interna quando aprendemos a voltar
para o nosso íntimo, deixando que ela se manifeste; mas enquanto ficarmos nos intrometendo
no quadro exterior, na tentativa de corrigi-lo ou modifica-lo, o máximo que conseguiremos
será uma flutuação do cenário humano. Somente deixando a consciência interior fluir,
enquanto aprendemos a descartar o exterior no presente momento, é que iremos encontrar a
harmonia que buscamos.
Dirija-se para o seu interior e faça a seguinte pergunta: “Qual parte compete a mim neste
mundo? Onde eu entro como realização de Deus?” Cada um de nós veio realizar o seu próprio
mundo. “Eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância” (João 10: 10). Ao nos
voltarmos para a Consciência divina, mantendo o pensamento naquilo que se revela e se
desenvolve do interior, em vez de prestarmos atenção em corpos doentios ou em negócios
que não vão indo bem, logo encontraremos a harmonia parecendo em nosso mundo exterior.
O nosso bem vem a nós como o próprio jorrar de nossa consciência – o Amor revelando-Se por
todo o nosso ser, Deus como a realidade de tudo que aparece, Deus como a lei de toda a
forma. A nossa própria consciência, desenvolvendo-se por si, aparece como nossa experiência,
sem que precisemos ficar a moldá-la conforme nossos desejos ou vontades, bastando-nos
tomar a atitude de observar Deus Se manifestando. Este é o modo de viver O Caminho Infinito
– sua vida e minha vida – desenvolvendo-se sem qualquer planejamento humano. Não se
consegue isto por realizar algo no mundo externo, mas sim por estar desejoso de ser
conduzido.
O próximo tópico, embora não constitua realmente um segredo, merece nossa máxima
atenção para assimilá-lo por sua importância na cura espiritual. A falta de compreensão deste
ponto é a causa de muitas falhas no trabalho de cura e é preciso que ele seja reconhecido e
entendido por todos.
Temos dito que Deus é a substância de toda a forma, que Deus é a realidade de toda a forma,
a substância e a realidade de todo efeito. Estaríamos então a compreender a Deus como sendo
a substância do corpo, das árvores, flores, do sol, lua, estrelas e tudo mais que captamos com
os sentidos materiais? Não. Este é um universo espiritual. É verdade que Deus é a substância
de toda a forma: Deus é a substância de seu corpo e de toda a creação; mas não se esqueça
de que, quando eu o vejo, isto é, quando eu vejo o seu corpo ou quando vejo a árvore ou as
flores, eu não estou vendo a creação de Deus – eu não estou vendo o universo espiritual – eu
estou vendo apenas um conceito finito e material dele. Este conceito é conhecido como o
sonho de Adão, a ilusão, o quadro mesmérico ao qual se referiu Jesus, ao dizer: “O Meu reino
não é deste mundo” (João 18:36). Mas isto não significa que há dois universos, o real e o irreal,
ou que existe um corpo real e um outro irreal. Significa que o único universo existente é o
universo real, e o único corpo que existe é o corpo real; e que aquilo que estou vendo é apenas
um conceito que eu faço. Assim, a única irrealidade está nessa má percepção, em meu falso
conceito em relação a eles. Quando olhar uma pessoa, saiba não estar vendo o que Deus
creou; é impossível vê-lo. Você está observando somente o seu conceito, ou o conceito do
mundo, da creação de Deus.
Perceba o quanto isto é importante e verá porque há tantas falhas na cura. Se alguém lhe
dissesse: “Ajude-me!”, você não deveria tentar fazer algo com este falso conceito, mas desviar-
se dele conscientizando que aquilo é somente uma ilusão, e que ali mesmo onde a ilusão
parece estar, existe Deus aparecendo.
Quando a consciência espiritual é atingida, podemos visualizar o universo espiritual; não que
perceberemos pelo ver, ouvir, provar, tocar e cheirar dos cinco sentidos, mas num estado de
consciência iluminada, teremos vislumbres dele, como o foi possível a João, o discípulo amado,
captar a visão espiritual do universo. As árvores e as flores – as formas das árvores e das flores,
ou de outra coisa qualquer – não são espirituais no modo como as vemos. São apenas o senso
ilusório da realidade.
Muitas pessoas que buscam e se empenham externamente para obter fama ou fortuna
descobrem que, ao encontra-las, elas se tornam enfadonhas. Mas a alegria da prosperidade
alcançada por alguém pelo cumprimento da vontade sincera de seu coração, jamais será
levada embora.
A mesma coisa se aplica à saúde. Na busca externa da saúde, você não a terá obtido, mesmo
que tenha conseguido um corpo físico perfeito. O corpo espiritual perfeito é algo construído
de sua própria consciência interior, pelo simples deixar que ele flua de seu próprio ser e forme
o corpo perfeito. Da mesma maneira, essa consciência interna pode construir uma vida
maravilhosa para você. Devemos construir o nosso paraíso através do cumprimento de nossos
anseios interiores, deixando que sejam realizadas todas as coisas para as quais fomos aqui
trazidos para executar.
CAPÍTULO 5
Às vezes as pessoas pensam que eu seja tão radical ao ponto de não dar ou de não acreditar
no tratamento. Nada poderia estar mais longe da verdade. O tratamento é uma parte muito
importante do meu trabalho diário e também o será para você quando compreender a sua
natureza. Em meus textos eu faço uma distinção entre tratamento e prece, mas em nenhum
lugar eu disse que não utilizamos o tratamento. A objeção que tenho feito é quanto ao hábito
de repetir-se mecanicamente uma série de afirmações e negações na esperança de que elas
possam realizar ou curar algum coisa.
Desde o momento do nosso despertar matinal até chegar a hora de nosso repouso à noite,
ficamos frente às sugestões de pecado, doença, falta, limitação e morte que nos vêm do
mundo. Parece não haver um só momento do dia que não esteja preenchido com as sugestões
vindas do rádio e dos jornais. Mesmo que não leiamos jornais ou escutemos rádio, estas
sugestões acham-se no ar e encontram espaço em nosso pensamento, parecendo vir com
mais velocidade do que temos condições de rejeitá-las ou refutá-las. Assim, no início do nosso
ministério, no início de nossa prática nessa vida espiritual, é necessário fazermos um
consciente esforço para refutar aqueles argumentos ou sugestões, não no sentido de negar ou
afirmar que elas existem e nem de repetir seguidamente que eles não são reais. Vamos refutá-
los à luz da ponderação da verdade espiritual.
Com os anos de prática, de meditação e conscientização, virá o tempo quando não mais
refutaremos as sugestões humanas do mesmo modo com que não saímos a declarar que doze
vezes dose são cento e quarenta e quatro. Após passarmos pela escola primária, e tivermos
decorado a tabuada de multiplicação e chegado a um certo ponto de desenvolvimento,
nenhuma razão haverá para sairmos recitando aquela tabuada. Aquela resposta estará ao
nosso alcance sempre que a necessitarmos para resolver um problema de matemática.
Também aqui, se estivermos diante de um problema, seja nosso ou de um paciente, amigo ou
parente, ou mesmo da nação ou do mundo, a resposta nos é disponível instantaneamente.
Mas somente após muitos e muitos anos de ponderação das verdades espirituais e de prática
em refutar as sugestões vindas a nós, encontrando respostas a elas, é que poderemos
finalmente dizer: “Eu não tenho de gastar muito tempo no sentido comum de tratamento”,
ou, “É tão fácil cuidar de cem pacientes num só dia quanto o é cuidar de doze deles”.
Vamos deixar bem claro esse assunto do tratamento. Repetidas vezes eu tenho afirmado que
nós não precisamos conhecer o nome do paciente. Isto é verdade. Em nenhum ponto, mesmo
nos primeiros estágios da prática, há a necessidade de se saber o nome ou a identidade do
paciente. Quando nossa ajuda é solicitada nós podemos dá-la sem conhecer a pessoa
solicitante; ou se a ajuda é em prol de outro alguém, também não precisamos identificar tal
pessoa e nem mesmo a natureza do problema dela.
Embora não seja preciso ser contada a natureza do problema, isto algumas vezes é útil,
principalmente do ponto de vista do paciente. É frequente o fato de o paciente transportar em
seu pensamento um medo terrível de alguma condição, condição esta que ele realmente
acredita poder estar presente em seu corpo. A condição pode ser inteiramente de sua
imaginação ou pode ter a sua origem em alguma reportagem de rádio ou jornal que ele tenha
ouvido ou lido. Eu conheci muitas pessoas que vinham “sofrendo” de câncer por vários anos e
encontram-se ainda hoje tão fortes e robustas quanto o foram há dezoito anos atrás. Existe
um constante temor em relação ao câncer, tuberculose, paralisia infantil, gripe e pneumonia.
Muitos sentem dores que lhes dão a firme convicção de serem possuidores deste ou daquele
mal, e frequentemente são libertados de seus temores ao conversar sobre isto com o
praticista. O desabafo permite que aquilo saia de seu sistema; além disso, sabendo que alguém
mais está participando daquilo, ele consegue soltá-lo com maior facilidade.
Portanto, em casos assim, é útil às vezes deixar que o paciente conte a natureza de seu
problema, caso ele desejar fazê-lo. No entanto é preciso que o praticista seja aqui dotado de
sabedoria. Uma vez declarada a natureza do problema, não deverá ser permitido ao paciente
retornar a ele repetidamente. A natureza do problema precisa ser desconsiderada tanto pelo
paciente quanto pelo praticista.
Em segundo lugar, pode também ser útil ao praticista ter a natureza do problema estabelecida,
pois sempre que alguém solicita ajuda, seja qual for o seu grau de avanço espiritual, algo toma
lugar em sua consciência. Tenha ou não conhecimento deste fato, a verdade é que algo está a
ocorrer naquele momento.
Por exemplo, alguém poderia telefonar dizendo: “Meu braço está paralisado.” Neste instante,
mesmo que o praticista não esteja cônscio disto, há uma resposta interior direta ao problema
de inatividade ou imobilidade, que reconhece ser a consciência – não o corpo ou os músculos –
a causa única e origem de toda ação.
O problema poderá ser de ordem mental, e também nesse caso algo tomará lugar no
pensamento do praticista trazendo-lhe a ideia de que Deus, ou a Sabedoria divina, é a
inteligência universal, a única inteligência que há, e que tanto o cérebro quanto o corpo não
possuem uma inteligência própria de si mesmos. Há apenas uma inteligência, que é Deus.
Mesmo que o praticista não o perceba, esta conscientização está tomando lugar em sua
consciência.
Mas para aqueles que estão neste trabalho há pouco tempo, e que ainda não sabem da
ocorrência desse fenômeno até mesmo inconscientemente, torna-se necessário que eles
deem o tratamento conscientemente. Se o caso for de deficiência mental, quem dá o
tratamento precisa conscientizar: “Ora, inteligência é Deus, e não é pessoal! Não pode haver
uma pessoa com mais inteligência que outra. A inteligência é uma atividade una da Alma
universal, sendo por esse motivo universal impessoal, imparcial, apresentando-se em
igualdade em todos os seres espirituais.”
Comece sempre com a palavra Deus. Se o problema ou crença tiver a ver com a ação ou
inteligência, você de imediato poderá pensar em Deus como sendo Inteligência, e tudo que
você atribuir a Deus referente à inteligência será também atributo do indivíduo. Se o problema
for relacionado com o temor à morte, você poderá abrigar a ideia de Deus como sendo Vida, e
tudo que for encontrado a respeito de Deus como Vida aplicar-se-á ao indivíduo. Como a Vida
é imortal, eterna e onipresente, estas qualidades serão também verdadeiras para o indivíduo.
Assim seria o seu tratamento.
Neste ponto, após ter sido dado o tratamento, é que a prece se inicia. No meu modo de
entender a prece é a palavra de Deus. A prece não é algo feito por você; a prece é algo de que
você toma consciência. A prece é a palavra de Deus que vem a você. É aquela “pequena voz
suave” trazendo-lhe uma certeza de harmonia, paz, alegria, poder, domínio, saúde, plenitude e
abundância. Após o término do tratamento dado a você ou a outro alguém, sente-se em
quietude, abrindo a consciência: “Eis me aqui, Pai”. “Fala, Senhor, teu servo ouve” (I Samuel 3:
9), e aguarde vir a resposta.
A CONSCIÊNCIA CURADORA
Acima de tudo é preciso lembrar-se de que o mínimo desejo de receber benefício pessoal, a
presença do menor traço de egoísmo, são fatores que anulam o processo todo. Não há nada
que deva ser obtido, e não podemos trabalhar do ponto de vista que admitisse haver. Deus é o
infinito ser que revela, desenvolve, manifesta e expressa a Si próprio infinitamente como
sendo eu e você. O único objetivo do tratamento e da prece é dar a conscientização da
perfeição que já existe.
Tudo que nós chegarmos a conscientizar como sendo verdade para nós mesmos, para o nosso
ser, deve ser compreendido como sendo também verdade sobre todos os demais. Em outras
palavras, não é possível haver uma prece visando que o sol brilhe em nosso jardim somente.
Num caso destes, a prece deverá ser apenas para o sol brilhar. Devemos estar desejosos de
que ele brilhe tanto em nosso pátio como no de nosso inimigo. Enquanto conservarmos no
pensamento algum senso de ódio ou inimizade, o tratamento ou prece será inútil. O Mestre do
Cristianismo nos ensinou:
Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma
coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu
irmão, e depois vem e apresenta a tua oferta. (Mateus 5: 23-24)
Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que
vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem. (Mateus 5: 44)
Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete? Jesus
lhe disse: Não te digo até sete, mas, até setenta vezes sete. (Mateus 18: 21-22)
Não é fácil perceber que seria pura perda de tempo haver tratamento ou prece sem esta
qualidade de perdão? A consciência precisa ser uma transparência para Deus, isto é, uma
transparência de caráter universal, impessoal e imparcial. Sua chuva cai tanto sobre os justos
como sobre os injustos.
Os ensinamentos do Mestre são repletos de amor e de perdão, sem qualquer traço de juízo ou
condenação. No caso daquele homem cego de nascença, quando indagado pelos discípulos
sobre quem havia pecado, se ele ou seus pais, para que nacesse cego, Jesus respondeu: “Nem
ele pecou, nem seus pais” (João 9: 2-3). E para a mulher adúltera, ele disse: “Nem eu também
te condeno” (João 8: 11).
Na Cristo-consciência não pode haver lugar que abrigue qualquer ódio, inveja, ciúme ou
malícia. A consciência que retém algum desses traços não é uma consciência curadora. A
consciência de um curador deve ser a consciência de um indivíduo que não acolhe nenhum
sentimento de ódio, inveja, ciúme ou malícia. É fácil determinar se o seu tratamento está
sendo ou não efetivo, se você pode ou não realizar um bom trabalho de cura. Em que
dimensão um sentido de mágoa pessoal em relação ao mundo tem acolhida de sua parte? Não
estou querendo dizer que para curarmos precisamos ter atingido uma condição de anjos. Por
estarmos pouco “aquém dos anjos”, estamos sujeitos a sentir antipatia por algum líder político
ou mesmo por alguma pessoa na rua, mas o principal é não permitirmos que tais sentimentos
se aprofundem em demasia. Rapidamente devemos desvencilharmo-nos deles todos, pois
seria obstáculos nos trabalhos de cura. A consciência deve ser uma transparência para Deus, e
como Deus opera na consciência do amor, quando qualidades opostas são acolhidas não há
uma consciência curadora. É preciso desejar ardentemente que a verdade conhecida sobre si
mesmo seja universalmente válida.
A pergunta que tem surgido é se eu encaro o tratamento como razão iluminada. Acho que há
necessidade da razão iluminada porque com a razão comum da mente humana não haveria
um tratamento muito bom. Em outras palavras, o tratamento como razão iluminada seria a
conscientização da presença da vida até mesmo onde a morte parecesse estar. A mente
raciona irá dizer: “Bem, isto é a morte; não há sentido tentar fazer algo referente a ela”, porém
a razão iluminada saberia que no universo espiritual nunca existiu a chamada morte.
O TRATAMENTO NECESSÁRIO PARA TODAS AS APARÊNCIAS HUMANAS
Toda aparência que vem a nós, de manhã à noite ou da noite ao amanhecer, referente ao
cenário humano, necessita de tratamento. Mesmo que a aparência seja boa é preciso que haja
o tratamento. Uma pessoa poderá estar em perfeita saúde neste momento e, amanhã, o
quadro todo estaria modificado. Poderíamos conhecer hoje, no cenário humano, alguém de
caráter moral impecável e encontrar amanhã toda a situação invertida. Portanto, não se
satisfaça por aceitar mesmo uma boa aparência humana; traduza-a, também, pelo que é
espiritualmente real, e cujo bem constitui apenas a forma.
Compreenda que onde está a boa aparência humana, realmente Deus está presente. Todo
senso de bondade não se trata de bondade pessoal; todo senso de saúde não se trata de
saúde pessoal, pois Deus é realmente a bondade e Deus é realmente a saúde. A menos que
isso seja reconhecido, você ficará vulnerável ao ponto mais fraco que temos, ou seja, estar
satisfeito com riqueza humana ou saúde humana – as boas aparências humanas.
Qualquer pessoa tem períodos em que está saudável, mas isto não evita que ela adoeça em
outra época. Portanto, o tratamento real não deve estar reservado apenas para aparências tais
como pecado, doença, alcoolismo ou acidentes, mas deve também ser considerado de forma
que não sejamos enganados pelas aparências mesmo de bem ou de saúde humanos. Se a
aparência for de bem, o tratamento poderá ser: “Eu não sou enganado nem por aquela
aparência. Deus é a saúde real e o bem real, e Deus é a saúde e o bem permanentes.”
No mundo metafísico, a maioria dos tratamentos é reservada para o pecado, doença, falta,
limitação e morte; mas em nosso trabalho, o tratamento é necessário para as aparências de
saúde e riqueza. A saúde e riqueza humanas presentes aqui hoje, poderiam estar ausentes
amanhã. O tratamento é a conscientização de que a saúde e a riqueza humanas não são a
realidade, mas que exatamente aqui encontram-se a saúde e a riqueza da Vida Única, Deus –
permanente, infinito, onipotente e onipresente. Este é o tratamento para toda aparência
humana. O tratamento para todas as aparência é necessário até nos tornarmos tão firmes em
nossa consciência da realidade de Deus, que mesmo quando estivermos olhando para pessoas
saudáveis, estaremos tratando. Não tratamos a elas, mas tratamos o nosso conceito do que
vemos nelas.
Em todo momento que alguma fase de ilusão é apresentada a mim, mesmo se for boa, eu a
traduzo conscientemente e percebo que exatamente ali encontra-se Deus manifesto. Se o
indivíduo for receptivo ele será curado, sabendo ou não que o tratamento está sendo
ministrado. Existindo ou não receptividade por parte dele, a coisa mais importante, a meu ver,
é que eu não tenha tomado a aparência por realidade. Desta forma, o tratamento é o mesmo,
não importando o fato de a pessoa ter ou não solicitado ajuda. A verdade permanece a
mesma. Não existe uma verdade para uma pessoa com conhecimento suficiente para solicitar
ajuda e outra verdade diferente, para a pessoa sem aquele conhecimento. Há somente uma
verdade, e esta é a verdade que devemos conhecer para que possamos ser livres.
CAPÍTULO 6
Se num chamado por ajuda a substância do corpo humano parecer estar envolvida, deveremos
ter a visão nítida de que o Espírito, sendo a única substância, deve ser a substância da forma e
do corpo; e também o Espírito, sendo onipresente, faz com que a forma perfeita esteja
presente, seja qual for a aparência apresentada. O Espírito é onipresente em todas as suas
formas e variedades. Os sentidos nos dizem que o poder e a substância estão na forma, mas a
iluminação espiritual nos revela que o poder, a substância e a lei estão sempre no Espírito.
Suponhamos que o chamado se refira a alguma atividade orgânica deficiente. Os órgãos, o
sangue ou outra parte qualquer do corpo parecem estar afetados. O que devemos
conscientizar primeiramente é que toda ação é atividade da consciência, o que significa que
seria uma impossibilidade haver uma ação boa ou má no corpo, uma vez que sua ação é
atividade da consciência, a qual se expressa como ação do corpo. O corpo não possui
absolutamente qualquer ação por si mesmo.
Assim, para todo pedido ou crença referente a alguma atividade irregular no corpo, há
somente uma resposta: toda ação que há é Deus-ação. A mente, como um instrumento de
Deus, é o único elemento agente, é a única ação existente, sendo que o corpo meramente
reflete aquela ação. Querer tratar a mão, o braço ou o pé seria o mesmo que tentar dar
tratamento às paredes para mudar suas cores, forma ou aspecto. Isto não pode ser feito.
Devemos estar cientes de que a mente é o único instrumento de ação, e, portanto, nós nunca
tratamos a ação em si mesma. Nosso tratamento é uma conscientização de que toda ação é
uma atividade da consciência.
Às vezes os chamados envolvem o temor à morte. Nesses momentos nos voltamos à natureza
da vida. O que vem a ser a vida? Há somente uma Vida, e esta Vida é Deus. A Vida que é Deus
não pode morrer; nem pode esta Vida que é Deus ter um passamento. Não nos deixemos
enganar por expressões do tipo: “Não existe morte; houve apenas o passamento dele.” Deus
não é vítima de passamento e Deus é a única vida. Para todos os casos relacionados com o
medo da morte existe apenas uma resposta: a Vida não possui oposto, pois a Vida é infinita. A
Vida, a Vida que é Deus, é universal; e a vida de todo ser, seja a do homem, a da mulher, a da
criança, do animal ou da planta. A Vida sempre é Deus; não existe uma outra vida. Tudo que
soubermos sobre a Vida que é Deus é verdade sobre a vida individual que está aparecendo
como sendo eu ou você.
ENVELHECIMENTO
O tratamento que aplicamos à idade é a conscientização de que a pessoa é tão jovem ou tão
antiga quanto Deus. Mas quão velho isto significa? Ou quão jovem vem a ser isto? No instante
em que em que pensarmos em nossa idade, estaremos pensando numa egoidade separada de
Deus e dar um tratamento para tal coisa seria tratar uma ilusão. Não devemos fazer isso.
É necessário que conscientizemos que não existe idade ou tempo em nossa experiência;
somente que deveríamos ter começado muito mais cedo – pela época em que estávamos sob
a crença de ter sete ou oito anos de idade. É uma pena! Depois veio a crença de que tínhamos
doze ou treze anos, o que era um pouquinho pior e a seguir houve a crença de termos
dezesseis, dezessete ou dezoito, que era ainda pior. Provavelmente a crença de idade mais
tentadora é aquele período entre os dezoito e primeiros vinte anos. É o ponto em que
sabemos tudo o que há para ser conhecido e ninguém pode nos ensinar nada; tornamo-nos
homens e mulheres! Esta é uma crença idade que necessita de um bom tratamento enquanto
é tempo. Daí vem aquele período descrito como “mudança de vida”, que é um verdadeiro
pesadelo. E, por fim, segue-se o último estágio: a velhice.
O período ideal para o início do tratamento para a idade é quando a pessoa está por volta de
sete ou oito anos. Se manejarmos bem naquela idade, provavelmente pelo tempo que
tivermos doze ou treze anos o problema da idade estará resolvido, de forma que as demais
crenças de idade não mais necessitem de tratamento. No entanto, para a maioria de nós, a
crença-idade não foi defrontada aos sete ou oito anos e nem aos doze ou treze e assim
precisamos encará-la agora. Este é o momento em que começamos a conscientizar que Deus é
a nossa vida individual e que temos a mesma idade de Deus. Com isto aprenderemos que a
vida nunca teve um princípio e, portanto, nunca terá um fim.
Por outro lado, se conscientizarmos a nossa verdadeira identidade como sendo Espírito, o
corpo passará a ser visto como espiritual e será tão isento de idade como o somos nós
próprios. O corpo deveria manifestar sua plenitude em todas as épocas. Nunca deveria
apresentar o que conhecemos como infância, juventude, meia-idade ou velhice. Deveria
manifestar sempre sua forma total e plena, e realmente seria assim se tivéssemos conhecido a
tempo esta verdade. Se soubéssemos precocemente a nossa identidade real como Espírito,
teríamos evitado muitas das mudanças ocorridas em nossa estrutura física. Mas ainda não é
muito tarde. Agora é o único tempo que existe e já podemos começar neste momento. Assim,
daqui a dez anos aparentaremos ser dez anos mais jovens. Mas teremos que conhecer esta
verdade conscientemente.
Nunca pense um só instante que por ler livros de metafísica ou assistir a palestras ou aulas de
metafísica você estará demonstrando a verdade. Esta verdade terá de ser demonstrada por
você individualmente, através de uma consciente atividade de sua própria consciência. Não é
algo que lhe possa ser concedido. De nada lhe adiantará declarar: “Oh, Deus é minha vida”, e
viver preocupado com tudo. Em absoluto. Requer uma consciente atividade da consciência
individual, uma consciente atividade da compreensão até que passe afazer parte de seu ser a
ponto de dispensar todo pensamento àquele respeito. Até aquilo se tornar possível, um longo
tempo virá em que precisaremos recordar, sempre ao nos levantarmos pela manhã:
“Eu sou a mesma idade que era ontem; eu sou a mesma vida, a mesma mente, o mesmo
Espírito, o mesmo corpo. Tudo que é do Pai é meu – isenção de idade e mudanças; tudo que é
do Pai em relação à sabedoria, inteligência, orientação – tudo é meu.”
Há certos períodos em que o mundo vive sob crenças de desemprego e depressão. Novamente
devemos conscientizar que Deus é o único ser. Deus não é empregado, exceto que Ele está
empregado em ser Deus. Como poderia estar Deus desempregado? Seria o mesmo que Ele ter
deixado de ser Deus. Deus, por Suas próprias qualidades, ação, inteligência, e obras atuantes
como você e como eu, é o único emprego que há. Deus é o único empregador e Deus é o único
empregado, e, além do mais, Deus está sempre empregado em grandes atividades, grandes
obras e grandes ideias. Deus não pode ser vítima de condições materiais ou mortais, se Deus
aparece como você ou eu; porém, para não sermos afetados por tais condições precisamos
conscientizar este tratamento de que sempre e somente Deus está presente.
O mesmo é aplicável aos nossos negócios. Você pensa ser possível livrar-se das ameaças que
assolam os negócios, bastando para isso confiar em algum “Deus desconhecido”? Ele não irá
operar. O negócio é uma atividade do Espírito, e, como aquele Espírito é o seu Espírito, o
negócio é uma atividade do seu Espírito. Portanto, o seu negócio irá refletir a condição de sua
consciência nos assuntos de negócio. É preciso conscientizar a cada dia que o negócio é uma
atividade de Deus através da mente, e portanto é uma constante atividade de nossa mente.
Como atividade da mente, não está sujeito aos caprichos ou mudanças dos homens ou do
governo, pois o negócio é espiritual e está sob a jurisdição do Altíssimo. O seu negócio, sendo
um negócio de Deus, é governado por Deus.
A mera repetição dessas declarações, afirmações ou negações nada irá realizar para você.
Somente quando estas verdades sobre o negócio permearem a sua consciência e você as tiver
conscientizado plenamente é que elas se tornarão realidade em sua experiência. De nada irá
adiantar apenas fazer as declarações. Conheci muitas pessoas que iam por tudo lado
declarando: “Meus negócios vão bem; meus negócios vão bem” enquanto caminhavam rumo
à falência. Não são os meus negócios que vão bem. São os negócios que vão bem – os
negócios, uma atividade da Consciência, da Sabedoria divina. E, por ser uma atividade de
minha mente, isto traz como consequência o sucesso dos meus negócios. Mas somente
quando for associado o meu negócio com o negócio de Deus é que ele será individualmente
expresso jubilosamente e harmoniosamente.
CONSCIENTIZE A VERDADE
Com referência aos relacionamentos familiares, aplicam-se os mesmos princípios. Nós todos
temos observado famílias divididas devido a incompatibilidade, pecado, doença ou outra
condição qualquer da experiência humana. Você acha que existe algum Deus misterioso
observando os seus relacionamentos familiares? Nunca acredite nisso. Se o seu lar torna-se
dividido, se a sua família encontra-se separada, isto significa que você não está
conscientemente procurando resolver a situação; você não está conscientemente tratando do
problema; você não está conscientemente considerando o assunto da família, marido, esposa
e filho, em sua consciência, pedindo ao Pai por luz, por orientação, por ajuda, por sabedoria
interior.
Do mesmo modo, nós saímos dirigindo o nosso carro, e às vezes pensamos: “A Consciência é o
motorista sentado à direção do meu automóvel, logo tudo estará bem”. Mas, nós nos
lembramos de incluir naquilo todo o resto do mundo? Conscientizamos ser Deus a
mente/consciência de todo o indivíduo na estrada? Não, pelo contrário, até reclamamos do
outro motorista ao mesmo tempo em que afirmamos ser Deus a nossa mente individual. Daí é
que surgem os problemas. Nada justifica acreditarmos que possuimos algum tipo de proteção
divina que os outros não possuem, por sermos metafísicos. A nossa proteção está em
proporção direta à nossa utilização destas leis da verdade, que são trazidas conscientemente à
nossa compreensão até que se tornem parte do nosso ser.
Deu pra sentir a necessidade do tratamento? Sem conhecer essa verdade, você não terá nada
com que curar porque toda a cura se baseia na consciência da verdade, e antes desta
consciência ser obtida é preciso ao menos conhecer a mensagem correta da verdade. Através
da vivência com a mensagem da verdade chegará por fim o momento em que sua consciência
é preenchida com a verdade. Assim, frente a qualquer chamado, não haverá mais a
necessidade de se passar pelo processo de pensar sobre a verdade repetidamente. Surgirá a
consciência da Onipresença e bastará simplesmente dizer: “Obrigado, Pai!”. Seria como dizer
cento e quarenta e quatro quando alguém disser doze vezes doze. Não hesite em utilizar o
tratamento. Não hesite em ponderar as verdades espirituais referentes ao chamado em
questão.
Assim, por vários anos que hão de vir, descobrirá que terá um tempo de tratamento
verdadeiramente ativo. Porém, nunca deixe que o tratamento se transforme numa rotina – um
ritual ou cerimônia. Não permita que ele se torne um hábito. Não deixe que ele se torne um
hábito a ponto de passar indolentemente por ele. Nunca faça isto. Um tratamento assim não
poderá ajuda-lo, pois passaria a ser somente uma fórmula e atuaria apenas como uma
sugestão. Um tratamento deve ser uma compreensão consciente da verdade.
CAPÍTULO 7
O ÚLTIMO INIMIGO
Todos têm interesse no assunto da imortalidade – imortalidade aqui e agora, neste corpo,
e não uma imortalidade a ser alcançada após a morte. É neste próprio corpo que
podemos experienciar a imortalidade: neste próprio corpo que ora utilizamos como
instrumento. Não iremos perder nosso corpo, mas perderemos o nosso falso conceito
do corpo pela conscientização de sua natureza verdadeira.
"Ora, o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte" (I Coríntios 15: 26). Para
muitos, isto pode parecer bastante desencorajador. Mas, de uma coisa podemos estar
certos, seja ou não este o último inimigo a ser aniquilado: ele não será vencido
enquanto nós não começarmos a vencê-lo, enquanto nós não tomarmos alguma
atitude em relação a ele. Passar de ano em ano somente repetindo: "Bem, a morte
será o último inimigo a ser vencido", não fará com que ela seja adiada. Se desejamos
adiar a morte e finalmente vencê-la, devemos começar agora mesmo.
O passo inicial para vencermos a morte está na conscientização de que o corpo não
possui qualquer inteligência pela qual possa viver ou morrer. O corpo não tem
inteligência para apanhar um resfriado, e para conseguirmos um resfriado para ele
precisamos permitir a atividade da mente carnal aceitando as crenças do pensamento
humano; e teremos de agir do mesmo modo para contrair para o corpo doenças de
qualquer natureza. A doença humana nunca é contraída pelo corpo ou através dele. O
corpo não possui inteligência: ele não pode se mover; é inerte; e, como uma sombra,
reflete nosso próprio estado de consciência. Toda doença, portanto, que pareça ser do
corpo é contraída através da atividade da mente humana pela sua aceitação das
crenças universais. O primeiro ponto então para que a morte seja vencida é superar a
crença de que o corpo tem, por si, capacidade de viver ou morrer, e conscientizar que
o corpo tem somente a capacidade de refletir ou expressar a atividade de nosso próprio
estado de consciência.
PROGRESSO OU RETROCESSO
Os que deixam este plano de existência enquanto estão nas baixas esferas da vida, ou
seja, como um alcoólatra, um viciado em drogas, um criminoso ou qualquer outro
estado grosseiro da materialidade, irão permanecer no mesmo nível após a sua
"passagem". A materialidade deles se tornará ainda mais densa, embora em alguma
época, despertando para a verdadeira identidade, possam mudar o curso e iniciar a
ascensão espiritual.
VENCENDO O MUNDO
Uma das últimas declarações de Jesus foi a seguinte: "Eu venci o mundo" (João 16: 33).
Mas era ainda Jesus que estava dizendo aquilo, enquanto estava no mesmo corpo. "Eu
venci o mundo". Nós, também, vencemos o mundo à medida de nossa
conscientização:
"Este corpo não é um poder sobre mim. Eu sou a vida, a mente, a inteligência e o poder
que governam este corpo. Não eu, um ser humano, mas Eu, a divina consciência do Ser,
dirijo este corpo, este negócio, este lar, este ensinamento e este algo mais dentro da
faixa da minha consciência."
O grau de nossa conscientização de que esta divina Consciência nos governa é o grau
com que nós "vencemos o mundo". Então poderemos caminhar por sobre as águas,
caminhar entre os micróbios, caminhar entre as guerras ou catástrofes, sem que
nenhuma dessas condições tenha grande efeito ou poder sobre nós, porque dentro de
cada um de nós estou Eu, e Eu sou o poder que rege toda a nossa experiência. Onde
quer que estejamos, seja qual for a condição ao nosso redor, iremos nos encontrar
diariamente alimentados, vestidos e abrigados. Se for necessário, encontraremos o
maná caindo do céu; se for necessário, acharemos ouro na boca de um peixe; se for
necessário, veremos pães e peixes serem multiplicados. De uma forma ou outra,
seremos supridos diariamente com tudo o que se fizer necessário, seja na forma de
pessoa, lugar, coisa, circunstância ou condição. Mas esta nossa experiência ocorrerá
somente quando vencermos o mundo.
O processo para vencer o mundo tem início com a nossa compreensão da unidade, de
nossa união com Deus, com a nossa conscientização de que "eu não posso de mim
mesmo fazer coisa alguma" (João 5: 30), tudo que está fluindo através de mim é a vida,
a saúde e a plenitude que é Deus.
"Isto disse o Senhor: Não se glorie o sábio no seu saber, nem se glorie a fonte na sua
força, nem se glorie o rico nas suas riquezas; porém, aquele que se gloria, glorie-se em
Me conhecer, e em saber que Eu sou o Senhor que exerce a misericórdia, a equidade e
a justiça sobre a terra". (JEREMIAS 9: 23,24)
No momento em que começamos a perceber que tudo que temos é do Pai, que é
universal, impessoal, imparcial e, portanto, que não temos direitos nem patentes,
estaremos abrindo nossa consciência ao fluxo; e é quando aquele governo se
responsabiliza por nosso corpo, nossos negócios, nosso lar, onde quer que estejamos.
RESSURREIÇÃO E ASCENSÃO
Na consciência de Deus não existe morte. Deus não pode morrer. Deus é vida eterna e
a Consciência infinita não pode morrer ou ficar inconsciente. Deus, a divina
Consciência, está sempre Se expandindo, Se revelando, manifestando e expressando
ininterruptamente a Si mesma como consciência individual. Deus é a sua consciência
individual e esta consciência não pode morrer. Se Deus pudesse morrer ou ficar
inconsciente, então, e somente então, poderia você morrer. Como Deus é a vida
individual, poderia esta vida morrer? Poderia esta vida, que aparece como sua forma
ou corpo, desaparecer da terra? Não; pode somente sair do campo de visão da
mortalidade, através do processo da "Ascensão".
Quando nós, por nós mesmos, erguermos a nossa consciência acima da crença de que
a vida está no corpo e que o corpo controla a vida, experienciaremos a ressurreição;
obteremos a convicção de Jesus, ao dizer: "Derrubai este templo, e em três dias o
levantarei" (corpo). Quando estivermos imbuídos da compreensão de que a divina
Consciência, que é a consciência individual, governa e controla nosso corpo, e quando
nós percebermos individualmente a verdade de que a nossa própria consciência é o
poder da ressurreição, de reconstrução, teremos a nossa experiência da ressurreição. E
então virá a ascensão.
A ascensão vem com a conscientização de que Deus está revelando a Si próprio como
o nosso ser individual, e como o Espírito deve aparecer ou manifestar-Se como forma,
então este corpo é tão espiritual, imortal e eterno quanto a Espírito-substância com a
qual é formado. Com a luz dessa conscientização, virá a nossa ascensão.
Existe um significado espiritual trazido a nós pelo nascimento, crucifixão e ascensão do
Mestre: se existe uma progressiva expansão da consciência, até que o nascimento e a
crucifixão se cumpram em nós e tenhamos atingido a ascensão, não mais no corpo,
mas como uma lei sobre o corpo, nunca mais teremos de retornar àquelas
experiências. A ascensão é o estado de consciência que sabe que o corpo não controla
a vida, mas que a vida controla o corpo. O Mestre provou ter atingido aquele estado
de consciência quando, referindo-se à sua vida, disse: "Eu de mim mesmo a dou; tenho
poder para a dar, e poder para tornar a tomá-la" (João 10: 18), e disse também:
"Derrubai este templo (corpo), e em três dias o levantarei" (João 2: 19); ou, em outras
palavras: "Eu, Consciência, controlo este corpo". A Consciência controla o corpo pelo
deixar que a Consciência do Eu Sou forme de Si mesma as maravilhas e belezas que nós
denominamos aqui e agora.
CAPÍTULO 8
Jesus veio ensinando: “Eu e o Pai somos um”… "Eu não posso de mim mesmo fazer
coisa alguma”… “o Pai, que está em mim, é quem faz as obras”…. "Por que me chamas
bom? Não há bom senão um só, que é Deus”. Os Mestres que personalizarem a
Verdade, sentindo-se os responsáveis pela mensagem, sempre sofrerão o peso das
perseguições do mundo. O erro deles está na própria colocação como sendo profetas
com uma mensagem pessoal. Jesus foi bem claro nesse ponto, ao declarar: “A minha
doutrina não é minha, mas daquele que me enviou”. Porém, apesar desta declaração
tão clara do próprio Mestre, muitos não a interpretaram corretamente.
A UNIVERSALIDADE DA VERDADE
A ILUMINAÇÃO DE GAUTAMA
Para alguns de vocês, a estória de Buda é uma antiga e bem conhecida estória. Mas,
mesmo sendo já conhecida, ela parecerá sempre nova devido à sua beleza. Gautama
era filho de um rei grandioso e rico e, conforme os registros sagrados, nasceu de uma
virgem. Na noite de seu nascimento, uma estrela apareceu no firmamento,
acompanhada de misteriosos sinais no céu.
Já crescido, foi preciso que ele saísse desse reino de proteção para assumir as funções
de príncipe. Uma parada foi planejada, porém o mestre de cerimônias não seguiu a
rigor as instruções. A marcha havia sido planejada de forma que o jovem Gautama não
pudesse ver nada que lhe chamasse a atenção para as coisas existentes no mundo.
Mas, infelizmente, nesta viagem ele viu um homem sentado numa sarjeta pedindo
esmolas. Quando quis saber o significado daquilo, explicaram a ele: “É porque ele é um
mendigo, um homem pobre; esta é seu único jeito de conseguir alimento”. Gautama
ficou atônito com o fato de existir uma anomalia como um homem pobre no rico reino
de seu pai. Sua preocupação aumentou quando soube da existência de muito mais
pobres que nada tinham para comer ou vestir. Em seu coração o jovem pensava em
quão terrível era aquilo! A marcha prosseguiu e a cena seguinte mostrava um homem
doente. Novamente Gautama perguntou sobre o que estava vendo, e explicaram a ele
que o homem estava sofrendo por causa de uma doença. O jovem Gautama, olhando
para o seu próprio corpo, respondeu: “Como pode ser isso? No corpo há somente
força e vitalidade!” Mas lhe disseram que a maioria das pessoas sofria de um tipo
qualquer de doença, e ele novamente pensou: “Que coisa terrível!”
O que foi testemunhado por Gautama, em seguida, foi a morte. Quando foi dito a ele
que as pessoas todas morrem, que existia essa coisa chamada morte, ele ficou
profundamente abalado. Para ele, aquilo parecia ser inacreditável.
Gautama tinha uma esposa e uma criança; mas, no meio da noite, beijou sua família
com um adeus, deixando-a e abandonando sua riqueza e seu palácio, para vestir uma
roupa de mendigo e dar início à sua jornada no caminho religioso com o objetivo de
encontrar a lei ou princípio que eliminasse o pecado, a doença, a morte, as carências e
limitações da terra. Ele não saiu para ser um curador; ele não saiu para curar esta ou
aquela pessoa; seu objetivo único era encontrar um PRINCÍPIO que pusesse fim ao
pecado, à doença, à morte e às limitações terrenas. Persistiu nesta busca durante vinte
e um anos de dificuldades e tentativas. Passou por todo os tipos de formas religiosas;
estudou com muitos mestres e instrutores religiosos, mas nenhum deles pôde levá-lo
ao princípio que buscava.
Este é o princípio que nos chegou muito antes de Buda, e que veio a ser por ele
restabelecido: o princípio de que não somos curadores de pecado, doença ou morte,
pois, inexistem o pecado, a doença e a morte: tudo que aparece como um mundo
objetivo é um conceito de mundo, uma ilusão. Toda experiência humana conhecida
através do testemunho dos sentidos é um mito, uma ilusão. Nosso falso conceito do
universo constitui a ilusão.
Depois da partida de Buda, seus discípulos fizeram excelente trabalho de cura através
de sua revelação. Entretanto, cerca de cinquenta anos mais tarde, eles a organizaram e
começaram a introduzir formas cerimoniais – hinos, preces, e todos os demais rituais.
O poder de cura foi perdido e o ensinamento de Buda foi dividido em correntes; e
assim é que hoje há muitas e muitas seitas, todas elas cercadas de formas, preces,
mantras – de tudo, menos da Verdade original, dada através da iluminação de Buda,
de que todo erro é ilusão.
Quando Pilatos disse ao Mestre: “Não sabes que tenho poder para te crucificar e tenho
poder para te soltar?” Jesus respondeu-lhe: “Nenhum poder terias contra mim, se de
cima não te fosse dado” (João 19:11). Em outras palavras: fora do Pai não existe poder
algum. E o que disse ele a todos os doentes? Ao coxo, ao enfermo? “Levanta-te, toma
a tua cama, e anda”. …“Estenda a tua mão”. …“Ela não está morta, mas dorme”. Ele
poderia ter dito: “Estas coisas são ilusão; não podem prendê-lo. Não existe outro poder
além de Deus”. Jesus não empregava qualquer tratamento mágico diante daqueles
sofrimentos, mas um simples “Levanta-te, toma a tua cama e anda.” …“Sê limpo”.
…“Lázaro, vem para fora”. Para ele, todo erro era ilusão.
Assim, também este ensinamento, como tem se mostrado nestes textos, diz que todo
testemunho dos sentidos é pura crença; não é lei. Se está estabelecido na terminologia
de Buda que todo pecado, doença ou morte é ilusão – maya –, ou se está nas palavras
mais frequentemente usadas em O Caminho Infinito, de que tudo aquilo que vemos,
ouvimos, provamos, tocamos ou cheiramos não é realidade, mas que consiste de
conceitos mortais, o mais importante não está no palavreado em si. O que realmente
importa é a mensagem – aquela antiga mensagem da realidade de Deus e da
irrealidade do testemunho dos sentidos.
As perguntas frequentemente são do tipo: “Como pode tudo isso ter começado?”. Nas
Escrituras encontramos duas estórias que falam sobre como tudo começou, mas elas
não dizem, ao menos para os não-iniciados, o que tornou possível ter este começo. A
primeira delas é a de Adão e Eva.
A despeito de Adão estar no Éden, ou paraíso, conforme a estória, ele se sentia só,
com falta de uma companhia. Estando no Éden, no paraíso ou na harmonia, ele
possuía compreensão suficiente para saber que não poderia conseguir nada separado
dele mesmo. Assim está registrado que Eva foi formada do seu interior, de uma de
suas costelas. Observe que Eva não foi uma experiência externa a Adão. Não se
esqueça disso. Eva foi tirada da costela de Adão, do interior de Adão, da costela da
compreensão, do sólido conhecimento ou compreensão de Adão. Foi uma experiência
inteiramente interna, e ela apareceu a ele não subjetivamente, mas objetivamente
como Eva.
Ao ler o conto cuidadosamente, verá que mesmo quando os dois existiam, um Adão e
uma Eva, eles continuavam no Éden, pois Adão e Eva ainda estavam unos com Deus.
Porém, o desejo passou a fazer parte do quadro, e foi quando a confusão começou. O
desejo, não fazendo parte da unidade ou da plenitude, nos separaria da infinitude de
nosso ser assim que, em vez de extrairmos do interior, começássemos a pensar em
extrair do exterior; começássemos a pensar na criação externa muito mais do que na
interna, ou na obtenção interior. No caso de Adão e Eva, a obtenção começou a ser no
exterior, com a criação de Caim e Abel, quando foi desenvolvido um senso de
separatividade, um senso de estar apartado da infinita fonte do Ser, da totalidade e
plenitude do Ser.
Desses dois claros exemplos, que nos são dados pelas Escrituras, podemos notar que o
desencadeamento da existência mortal teve, como início, aquele mesmo clamor
universal ou crença numa entidade ou egoidade separada ou apartada de Deus, e irá
permanecer em nossa experiência até que retornemos ao Pai-consciência,
reconhecendo que tudo que é do Pai é nosso. Somente então veremos que todo bem
deve vir do interior, e que nossa unidade com Deus constitui nossa unidade com todo
ser e coisas espirituais. Deus, sendo imortal e eterno, é também a imortalidade e
eternidade do filho. Estes dois exemplos bíblicos servirão para trazer à nossa
lembrança consciente o caminho espiritual que nos conduzirá, por fim, à vitória sobre
o pecado, a doença e a morte.
É verdade que temos, a todo momento, crenças universais a nos martelarem: a crença
universal de idade, a crença universal de micróbios, a crença universal de morte.
Porém, elas nos vêm aos pensamentos como crenças, sujeitas à nossa aceitação ou
rejeição. Quem desconhece este estudo da Verdade desconhece esta escolha, e se
torna vítima das crenças universais, vivendo à mercê delas sem que nada saiba ou
possa fazer. Mas quem estuda a Verdade está sempre no controle; pode aceitar ou
rejeitar as crenças universais, pensamentos ou sugestões que lhe vêm, podendo
inclusive lidar com elas antes mesmo que surjam. Toda aparência como pecado,
doença, falta ou limitação vem à nossa consciência como crenças ou sugestões, e nós
podemos aceitá-las ou não, dependendo unicamente de nós mesmos.
Isso não quer dizer que se apenas dissermos: “Eu não gostei de você! Saia!”, bastará
para darmos fim à crença. Não é assim tão simples! Deverá ser objeto de convicção, de
uma real compreensão de que o Eu, a Consciência, governa, e controla este corpo, e
que o corpo não pode receber ou se mostrar sensível às crenças do mundo. Deverá
estar bem claro que existe somente um Poder, somente uma Causa: todo poder está
na Causa e não há nenhum poder no efeito.
Deixe bem claro, em seu pensamento, que este senso de corpo, isto é, este conceito a
que chamamos de corpo físico, não é, de si mesmo, uma entidade consciente.
Assemelha-se a um carro nosso, um veículo em que viajamos e que segue na direção
que nós determinamos. Este corpo também segue na direção em que determinarmos.
Ninguém poderá fazer com que nosso corpo realize algo. Nós, nós próprios,
governamos e controlamos sua ação.
Como já repeti várias vezes, este não é trabalho destinado a homem preguiçoso. É um
trabalho que requer esforço constante e consciente. Seguir o caminho espiritual não é
permanecer sentado deixando que um Deus misterioso faça algum favor especial.
Nossa vida é determinada pela nossa própria consciência, pelo nosso próprio
conhecimento da Verdade do ser, e pelo desejo nosso de rejeitar, tão rápido quanto
nos venham, as sugestões deste miasma mental chamado “mente humana”, “mente
carnal” ou “mente humana universal”.
CAPÍTULO 9
É provável que o ponto mais importante da vida espiritual venha a ser a questão: “Que é
Deus?” A pesquisa dos diferentes conceitos de Deus indica que para algumas pessoas Deus é
visto como Mãe; para outras é visto como Pai; para algumas é considerado como Mente, Lei
ou Princípio; e por fim algumas O consideram Pai-Mãe. Se o conceito for iluminado, um termo
não será mais importante ou adequado que o outro, mas a nossa maneira de considerar
frequentemente limita o nosso conceito do Infinito a uma forma finita.
A maior declaração jamais feita sobre o nome ou natureza de Deus diz que, se você puder dar-
Lhe um nome, aquele não é Ele. E isto é verdade. Se der a Ele um nome, você estará batizando
algo além de você próprio, e aquele não poderá ser Deus pois o próprio Ego que está dando
aquele nome não é outro senão Deus. Da mesma forma não poderá haver realmente uma
busca pela verdade porque aquele que está buscando é a verdade. “Eu sou o caminho, a
verdade e a vida” (João 14: 6). Como poderia eu buscar a vida eterna, se eu próprio sou aquela
vida eterna?
A NATUREZA DE DEUS
Qualquer nome ou termo que pudéssemos aplicar a Deus seria errôneo em si, pois implicaria
em dualidade. Sob este ponto de vista há um experiência interessante do líder hindu
Ramakrishna, que viveu no final do último século.
Desde criança, quando já ajudava no altar do templo, ele sentia profunda aspiração por Deus,
sentia-se faminto por Deus. Como um dos deuses da Escritura Oriental era conhecido por Mãe
Kali, esta era a designação usada por Ramakrishna quando se referia a Deus. Ela passou a ter
tamanha realidade para ele que todas as suas preces e devoção eram dedicadas a ela.
Certo dia, uma mulher de grande elevação espiritual veio a Ramakrishna e se ofereceu para
erguê-lo ao mais alto grau de consciência espiritual, onde ele se conscientizaria de sua unidade
com Deus. Ramakrishna aceitou e a mulher permaneceu por algum tempo com ele, meditando
junto dele até que sua consciência lhe permitiu dizer: “Ah, eu sou!”. Ele teve a plena
conscientização de que eu e o Pai somos um – “Eu sou Ele” (Soham). Porém, posteriormente,
conta-se que naquele estado de consciência onde não havia nenhuma Mãe Kali ele passou a
sentir solidão, e voluntariamente abandonou sua consciência da unidade absoluta para
retornar ao senso de dualidade.
Na Índia, um dos termos mais destacados para Deus é Mãe. Às vezes a palavra Pai é
empregada, mas a designação “Mãe” é a que prevalece. Este ensinamento hindu atingiu a
Europa e alguns europeus também passaram a pensar em Deus como Mãe. Mas a fim de
apreender uma ideia mais clara da totalidade de Deus, mais tarde muitos europeus adotaram
a designação Pai-Mãe, que é hoje empregada em muitos lugares. Embora esse termo tivesse
sido inicialmente introduzido neste país pelos Quakers, que o criaram do conceito oriental de
Deus como Mãe e do conceito ocidental como Pai, ele é muito frequentemente usado na
Ciência Cristã e na Unidade.
No Antigo Testamento você verá que Abraão falava de Deus como Amigo. Este foi o seu
conceito desta Presença e Poder espiritual – Amigo. E ele conversava com Deus como se o
fizesse com um amigo.
Para Jesus, Deus era considerado como Pai, e este conceito é encontrado em todo o seu
ministério. “O Pai que está em mim...” (João 14: 10)... “Meu Pai trabalha até agora.” (João 5:
17). Sempre seu relacionamento com Deus era como se Deus fosse um Pai: “Quem me vê a
mim vê o Pai... “Não crês tu que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim?” (João 14: 9-10).
“Eu e o Pai somos um.” (João 10: 30).Dos registros do Evangelho de João somos levados a crer
que antes da crucificação, Jesus havia conscientizado sua unidade com Deus, vendo que tudo
da natureza humana era somente um vidro embaçado através do que a Infinitude estava
aparecendo. Ele aprendeu a não ter desejos conscientes, mas a deixar-se conduzir por Deus,
conscientizando não haver Deus e ele, mas que realmente Deus é tudo que existe. De Jesus
nós recebemos o ensinamento: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (João 14: 6)... “Eu sou a
videira, vós sois os ramos” (João 15: 5). Todo o seu ensinamento está fundamentado no Eu
Sou.
Há pessoas que entram nesta vida sob o ponto de vista de devoção ou religião, e para estas
Deus permanece como Deus, e nenhum outro conceito consegue satisfazê-las. Alguns podem
entender Deus como sendo o Cristo, e isto os satisfaz. Por outro lado, há muitas pessoas em
metafísica que nunca aceitaram o Ser supremo sob as letras D-E-U-S e nem mesmo como o
Cristo. Para elas, Deus deve ser encarado como lei, mente ou princípio. Mas aquele é um
estágio temporário, pois uma vez ocorrida a conscientização de Deus, uma vez que Deus tenha
se tornado uma experiência viva, nunca mais poderá ser visto como mente ou princípio.
Passará a ser um terno amigo, a Alma, um divino amor, e outras denominações, que para
aqueles que ainda não tiveram aquela experiência, não fazem qualquer sentido. É muito fácil
falar de Deus como sendo Amor, mas será um termo sem significado, a menos que você O
sinta realmente.
O propósito ou objetivo de se seguir o caminho espiritual não é ser capaz de atribuir um nome
a Deus, mas é ter a experiência de Sua presença, e então deixar que Deus seja para nós tudo o
que Ele possa fazer-Se manifestar como, pois a cada um Deus Se revela e Se desdobra de uma
maneira individual. A mais elevada prece, a mais elevada meditação, ocorre quando
eliminamos inteiramente todas as opiniões pré-concebidas, pensamentos, formas ou nomes
para Deus e nos tornamos receptivos, dizendo: “Pai, revela-Te.”
Isto não quer dizer que Deus é Pai no sentido de um pai humano, porque ninguém poderia
sonhar com um Deus meramente como um pai de natureza masculina e nem poderia falar de
Deus como Mãe pensando em termos de mãe humana. O termo Pai-Mãe simplesmente
denota as qualidades especiais de Deus. Quando nos referimos a Deus como Pai, naturalmente
pensamos num forte poder em que podemos confiar, num poder que nos ampara e nos
mantém, ou mesmo num poder disciplinador; quando nos referimos a Deus como Mãe,
naturalmente pensamos em Deus como uma suave presença ou influência protetora; quando
nos referimos a Deus como Pai-Mãe, pensamos em todas estas qualidades que nos circundam,
formando uma nuvem em volta de nossos ombros e uma luz em nossos pés.
Uma vez que tenhamos realmente sentido e compreendido que Deus não é nem pai nem mãe,
que Deus não é uma pessoa em qualquer sentido da palavra, e tenhamos lançado fora todas as
nossas ideias a respeito do que é Deus, deixando que Deus se revele, Se manifeste, então Deus
virá como um “sentimento” e uma “consciência” , e nunca mais levantaremos na mente a
questão do que venha a ser Deus ou qual o nome ou termo a Lhe ser atribuído.
O meu conceito de Deus é de uma presença e sentimentos indescritíveis. Eu não conheço Deus
a não ser através de um “sentimento”. Eu “sinto” a Presença em todo o meu ser, em meu
tórax, na ponta dos pés. Não importa qual seja a circunstância externa, mesmo nos casos em
que desarmônica, eu me mantenho sempre consciente desta Presença – uma sensação, um
sentimento, uma consciência.
Este assunto da natureza de Deus tem sido ampliado, não para que você possa ganhar um
maior conhecimento da verdade, mas para que muitos atinjam uma elevação de consciência
que permita ter uma experiência real de “sentir” Deus e possam finalmente dizer: “Eu vi Deus
face a face”. Isso virá a acontecer com todo aquele seguir o caminho espiritual. Terá erguido
sua consciência ao ponto em que Deus é uma realidade, e se alguém lhe perguntar “O que é
Deus?”, ele apenas sorrirá, pois não haverá mais nada que ele pudesse fazer. Eu não saberia o
que dizer diante da pergunta “O que é Deus?”, porque após senti-Lo não se consegue mais
defini-Lo. É impossível fazê-lo. Não existem palavras para descrevê-Lo e nem maneiras de
ilustrá-Lo para alguém mais. É preciso haver uma experiência individual.
Somente quando atingimos aquele desenvolvimento que nos permita entrar em meditação e
pedir: “Deus, revela-Te!”, e sentimos Sua presença é que passamos a ter uma compreensão
espiritual.
Todo o objetivo de nossa estada neste plano da vida é alcançar aquela conscientização de
Deus. Quando isso acontece e nossa unidade com Deus é sentida conscientemente, todas as
discórdias, erros e desarmonias desaparecem, e Deus Se torna a vida de nosso ser, a
sustentação, o suprimento, a sabedoria, a diretriz e a inteligência; Deus Se torna a natureza
suave e pacífica de nosso ser; e além disso, há uma compreensão total de que aquilo tudo é
Deus aparecendo como. Ao sentirmos a presença de Deus passamos a saber que toda a nossa
experiência é fruto daquela Presença e que sempre nós A teremos conosco: “eu nunca o
deixarei e nem o abandonarei.” (Hebreus 13: 5).
Uma vez que tocado por aquele Algo, você saberá que Ele está presente e que nunca o deixará
e nem o abandonará. É verdade que você poderá passar horas, dias ou mesmo semanas em
que dirá: “Eu me sinto totalmente isolado de Deus”. Você poderia realmente sentir-se daquela
forma; sentir-se como um ser humano deixado perdido no mundo, sem base alguma. Mas ela
retorna muito, muito rapidamente e logo você percebe que não estava realmente afastado
daquela Presença; apenas ela estava momentaneamente além de seu alcance, quando a
pressão externa era muito forte.
Devemos passar a considerar a nossa posição em relação a Deus. Até agora, falamos de Deus
conosco; falamos de Deus permeando o espaço todo. Porém, quem sou eu e onde estou eu?
Passe a olhar o seu dedo do pé e pergunte a si mesmo: “Aquilo sou eu?”. A resposta logo há de
vir: “Não, não sou eu; aquilo é meu.” Então dirija sua atenção para o pé e verifique se ele é
você ou se ele é seu. Continue investigando até o topo da cabeça, e verifique se você pôde se
localizar em alguma parte do corpo ou se descobriu que você não está no corpo, mas que o
corpo pertence a você.
Você não irá se achar no corpo, porque não está nele. O corpo é seu, mas você não se
encontra no corpo. A razão disso é que você é consciência, você é inteligência, e não se pode
confina-las na carne. A consciência governa o corpo; ela não está confinada em um corpo.
Como poderia a inteligência, uma qualidade da consciência, estar confinada dentro de um
cérebro ou de um estômago?
Você é consciência. Como podemos saber disto? Você está consciente: você está consciente
do seu corpo; você está consciente da sua família; você está consciente de sua nação; você
está consciente dos oceanos, estrelas, sol, lua – de tudo que está incorporado dentro da
consciência que você é. Se eles não estivessem em sua consciência, você não poderia estar
consciente deles. No momento em que você começar a compreender isto, passará a ver que
você não está localizado em uma poltrona ou mesmo em uma sala. Exatamente onde você se
senta é a terra toda, incorporada dentro de sua consciência; portanto, você deve ser maior
que a terra para poder contê-la dentro de sua consciência.
A NATUREZA DA CONSCIÊNCIA
A Consciência que constitui o seu ser é infinita; e através dela você toma conhecimento de
tudo o que existe neste mundo presente e também de tudo que já existiu no passado ou que
virá a acontecer no futuro. Nada poderia estar fora da faixa da consciência infinita. Quando
você se torna cônscio da natureza infinita do seu ser como consciência, você passa a perceber
que é sua consciência que engloba e incorpora tudo o que se relaciona com a sua experiência –
seu corpo, lar, negócios e outras atividades referentes a você. A consciência que constitui o
seu ser governa todas estas atividades.
Esta consciência age através da inteligência, age como mente, e age de forma mais poderosa,
clara e correta quando nos colocamos num estado de receptividade para a sua ação. No
cenário humano existe a ação da mente carnal, uma mente que faz algumas vezes coisas
maravilhosas para você, mas que em outras vezes o coloca em dificuldades. Esta mente dá a
você condições de realizar algumas coisas notáveis, mas o sucesso atinge determinado ponto e
estaciona, e então suas limitações se tornam visíveis.
A mesma mente, porém, quando dotada de sabedoria espiritual, quando começa a extrair a
infinitude, já deixa de ser a mente carnal humana. Ela ainda se expressa como mente
individual, mas deixa de planejar, delinear, raciocinar, programar ou pensar. Passa a ser um
estado de receptividade, um instrumento da Inteligência divina, sempre sendo dirigida para
seguir o rumo certo.
Quando a mente se torna este estado de receptividade à orientação divina, obviamente ela
não será conduzida para desejar obter fama ou fortuna através de meios ilícitos. Quando
alguém abre sua consciência a esta orientação divina, é preciso compreender que toda bênção
que lhe for trazida individualmente se estenderá a todos os que com ele estiverem associados.
Aqui reside a diferença entre a atividade da mente humana, guiada por razões humanas, e a
atividade de sua mente individual, quando é desejosa de receber instruções da Inteligência
infinita, da Sabedoria infinita.
Este é o motivo pelo qual eu trato amplamente desse assunto da consciência. Já vimos que
Deus deve ser revelado a cada um de nós, não como um nome, mas como uma experiência,
um “sentimento”, e agora quero fazer saber que quando aquilo acontece, vem na forma de
uma Consciência infinita, uma Consciência infinita que você reconhecerá ser a sua própria
consciência. Então ela será imbuída não apenas de inteligência, sabedoria e instrução, mas
também de suavidade e proteção – tudo que for necessário para o desenrolar harmonioso de
sua existência, não apenas do “berço ao túmulo”, mas desde “antes que Abraão existisse... até
a consumação dos séculos.” Todo aspecto de sabedoria, orientação e segurança – tudo se
encontra naquela consciência que você é.
Observe agora o que acontece! No instante em que você adquire o primeiro vislumbre de que
Deus é a sua consciência, você começa a compreender aquele ponto máximo com que
iniciamos este trabalho específico, isto é, que não existe qualquer poder ou valor no efeito, já
que todo o poder e todo o valor estão na consciência produtora do efeito. Você passa a
observar que onde quer que você esteja, ali é “solo sagrado”, e que a Onipresença junto a você
– a Onipresença como você – já possui tudo o que for necessário para o momento, em termos
de suprimento, saúde, conhecimento ou proteção. Seja qual for a necessidade, você a
encontrará suprida na Onipresença de você próprio, não dependendo de pessoas, lugar, coisa,
circunstância ou condição. Quando você captar este sentido de se ver como consciência, ou de
visualizar a consciência como realidade do seu ser, onde você estiver, a totalidade da
infinitude divina estará ao seu alcance. E realmente começará a compreender as promessas
bíblicas: “Eu nunca o deixarei nem o abandonarei... Quando tu passares por entre as águas, eu
serei contigo, e os rios não te submergirão; quando andares por entre o fogo, não serás
queimado, e a chama não arderá em ti.”
O primeiro passo em sua conscientização de ser consciência começa por pesquisar, “dos pés à
cabeça”, se você pode ser encontrado em alguma parte do corpo. Você verá então que não
está em um corpo, mas que está consciente do corpo, e além disso perceberá estar “do lado
de fora” como consciência, lá onde não poderá ser tocado por coisa alguma de natureza finita
ou errônea.
Tente captar a visão do significado da consciência, pois ela se expressará a você ou através de
você como sua própria sabedoria, como sua própria vida, e trará com ela a sua própria
imortalidade, sua própria eternidade e sua própria infinitude. Ao começar a perceber a si
próprio como consciência, você estará começando a conscientizar que Deus é a própria fibra
de seu ser, a própria substância de seu corpo. Com essa nova compreensão, você olhará para o
mundo e verá tudo como sendo formado daquela consciência, e portanto como um
instrumento de Deus, nunca do mal.
Os três hebreus caminharam através da fornalha incandescente, sem serem afetados pelo fogo
ou pela fumaça, pois conheciam a Deus como o poder de todo efeito e, vestidos com tal capa
protetora, não viram o fogo como sendo um elemento maligno. Viram-no somente como uma
atividade da consciência, como uma qualidade da consciência.
Outro caso de cura com uma conscientização similar ocorreu num caso de câncer. A pessoa
que havia realizado a cura contou-me que tinha lido “A interpretação espiritual das Escrituras”
e que havia percebido claramente que o livro expunha sobre o único Eu. Quando a pessoa que
vinha por vários anos enfrentando um problema de câncer solicitou a sua ajuda, veio-lhe a
conscientização: “Eu não tenho esta condição; isto não faz parte do meu ser, e como este é o
único ser, como poderia fazer parte do ser de alguma outra pessoa?”. Na manhã seguinte a
cura estava concretizada; a coisa toda tinha desaparecido.
Estes foram dois casos que aconteceram graças à conscientização da unidade e totalidade da
Consciência. Note que se existe uma só Consciência e que Esta é infinita, tal Consciência deve
ser você. Se alguém lhe disser que está doente ou que é pobre, você saberá que aquilo não
pode ser, pois existe somente um Eu infinito, uma Consciência infinita, aparecendo em todas
as Suas infinitas manifestações, mas que permanece ainda como o único Eu, que é aquele Eu
que eu sou.
Quando alguém lhe solicitar ajuda, não deverá haver um senso de algum paciente vir ao
praticista, e de um praticista de alguma forma a entrar em contato com Deus para que o
paciente seja curado. Não existem Deus, praticista e paciente: Existe somente Deus; e apenas
com esta conscientização é que a cura científica poderá acontecer. Em caso contrário,
teríamos uma pessoa doente que dependeria da compreensão e habilidade do praticista para
alcançar a Deus e trazê-Lo ao paciente. Muitas coisas estariam erradas naquele quadro. Não
existe praticista e não existe paciente: Existe somente Deus, e esta conscientização deverá vir
em todo tratamento, em toda tentativa de estabelecer a harmonia nas atribuladas situações
humanas.
Quando você estiver tratando de sua própria vida, com seus relacionamentos familiares ou
com os seus negócios – até mesmo com seus relacionamentos familiares ou com os seus
negócios – você deveria praticar o exercício de viajar pelo seu corpo de cima abaixo e procurar
nele o seu próprio ser; e então, ao vir que aquilo não é possível, faria a pergunta: “Onde eu
estou?”, ou, “Quem sou eu?”, ou ainda, “O que eu sou?”, e então conscientizaria que o Eu é
Deus. Ao adquirir aquela visão, você terá resolvido integralmente o problema porque
prontamente irá ver que não pode haver espaço para Deus, Ser infinito, e para algo ou alguém
mais ao lado d’Ele.
Todo relacionamento desta vida se baseia na crença de que há dois ou mais de nós – dois ou
mais de nós no lar, dois ou mais de nós nos negócios. Por outro lado, toda verdade espiritual
está baseada no fato de que há somente um Eu, uma Consciência, uma Alma, um Espírito, e eu
sou aquele que Eu sou. Tudo que é do Pai é meu – tudo que é verdadeiro para o Eu é
verdadeiro para o filho.
A nossa dificuldade surge quando, após termos feito aquela declaração e conscientizado
aquela verdade, nós nos envolvemos de alguma maneira com os mortais, com o quadro
mortal. E é onde nós perdemos a demonstração, pois aquilo não pode ser feito. Os mortais
constituem a ilusão; constituem o que não tem existência. Como seria possível vincularmos
uma verdade espiritual com aquilo que não tem existência? Não o tente. Isto não pode ser
feito. Você não pode curar um ser humano. Se isso pudesse ser feito, Deus já o teria feito
muito antes que o tentássemos. A essência e substância do trabalho de cura está na
conscientização de que não existem seres humanos e que Deus é o único ser infinito.
Nós todos conhecemos estas verdades espirituais, mas sempre caímos numa armadilha. Após
termos conhecido esta verdade, nós ficamos a imaginar: “Bem, mas o que fazer com o meu
paciente que não está respondendo?”. Nós não temos um paciente! Se tivermos tal
pensamento, se retivermos qualquer pensamento sobre um paciente, nós não temos o direito
de sermos praticista, pois ainda não possuiremos uma compreensão do único Eu, do único
Ego, ainda não possuiremos uma compreensão do nosso próprio ser como consciência. Eu sei
que isto não é fácil porque se opõe a tudo que os sentidos humanos testificam.
A resposta àquela questão é a resposta ao seu e ao meu problema individual. O mundo todo
possui uma crença em alguém apartado de Deus, e está pagando por seu erro/pecado.
Estamos todos pagando por tal erro ou pecado. E, enquanto aceitarmos uma egoidade
apartada de Deus, sofreremos a penalidade por tal crença. Somente quando despertarmos
para nossa verdadeira identidade, entraremos no reino de nossa herança espiritual de
harmonia, totalidade, alegria, paz, abundância, e de todo o bem do reino espiritual.
CAPÍTULO 10
A Consciência é o segredo real do mundo. Quando você pensa estar em busca de Deus,
na verdade o que você está buscando é uma compreensão da Consciência, porque a
Consciência é Deus; Deus é Consciência. Quando tiver encontrado o significado interior
da Consciência, você terá encontrado Deus, terá descoberto a sua própria consciência.
Agora você poderá entender mais de perto aquilo que venho repetindo diversas vezes,
que o objetivo deste trabalho não é o de lhe dar mais verdades além das que você já
conhece. Estou certo de que você já conhece tudo o que há para ser sabido das
palavras da verdade. Isso está amplamente disponível, não apenas em meus textos,
mas em muitos outros. Assim eu volto a dizer: o objetivo deste trabalho não é
adicionar uma só palavra ao seu conhecimento intelectual da verdade, mas acelerar a
expansão da consciência – o desenvolvimento da consciência divina como sua
consciência individual.
A chave daquilo que denominamos "demonstração", ou seja, uma vida feliz e bem
sucedida, uma existência alegre e plena, é a consciência, é a obtenção da consciência
do bem numa forma ou outra.
Alguém disse que a felicidade é uma borboleta que, quando perseguida, está sempre
além do nosso alcance, mas se nos sentarmos tranquilamente ela virá e pousará em
nós. Se é verdade que o reino de Deus está dentro de nós, a felicidade não poderá ser
encontrada no exterior. A felicidade é algo que flui do interior de seu próprio ser.
Assim, o estado de consciência que está perseguindo sempre a felicidade precisa ser
eliminado, e a consciência de ficar sentado quietamente, deixando a alegria vir, precisa
ser adquirida.
Nathaniel Hawthorne escreveu: "A felicidade nesta vida, quando vem, vem
casualmente. Faça dela objeto de perseguição, e ela nunca será obtida. Tendo por
meta algum outro objetivo, muito provavelmente encontraremos o que chamamos de
felicidade, sem que tivéssemos sonhado com ela."
NADA PODE SER ACRESCENTADO A VOCÊ E NADA PODE SER TOMADO DE VOCÊ
Tudo isso nos faz retornar ao ensinamento do Mestre: "O reino de Deus está dentro de
vós"; ele deve fluir do seu interior. Nada pode ser-lhe acrescentado, nada pode ser-lhe
tirado: você é eternamente pleno e completo. Sempre que formos meditar precisamos
nos lembrar desta verdade: não existe nada "fora" ou separado de nós que possa ser
obtido. Precisamos apenas obter a consciência daquilo que estamos buscando, para
descobrir que já o temos. Nunca nos esqueçamos de que para trazermos
melhoramentos nas nossas atividades precisamos começar de onde nos encontramos
neste momento. Não ficamos sonhando com o que virá a acontecer após atingirmos
uma compreensão maior, ou após permanecermos mais um ano neste trabalho.
Por exemplo, se o problema for de saúde, nós devemos nos sentar, e exatamente no
ponto em que estamos agora, começamos a nos conscientizar de toda a verdade que
conhecemos sobre Deus e Sua creação infinita. Não esperamos até amanhã, não
esperamos até conhecer melhor a verdade, até sermos mais espirituais ou mais
merecedores. Sentamo-nos exatamente agora e usamos o pouco da verdade que
conhecemos. Se não conhecemos mais do que aquilo, colocamos aquele pouco para
funcionar. Tomamos tudo que dispomos da verdade e passamos a utilizá-lo. Sentamo-
nos e ponderamos a verdade sobre Deus, a totalidade do Ser espiritual, a verdade de
que a ilusão não é poder, doença não é poder, pecado não é poder, e portanto, não
podem causar nada. Este é o modo com que nós começamos a construir esta nova
consciência da totalidade de Deus, a qual inclui a totalidade da saúde, a totalidade da
harmonia, a totalidade da abundância, e o consequente "nada" de todo poder que
ameace obstruir a operação desta Totalidade.
Do mesmo modo, se desejarmos um corpo cheio de vida, útil e ativo com o passar dos
anos, não o conseguiremos simplesmente com a obtenção de um melhor corpo:
podemos praticar exercícios, fazer dietas e construir um bom corpo físico, e até
conseguir obter certa medida de longevidade, mais cinco, dez ou quinze anos. Mas no
trabalho espiritual o nosso objetivo é outro. Nossa meta é atingir um sentido espiritual
de corpo, uma consciência espiritual de corpo, de modo que esta consciência possa
mantê-lo infinitamente, eternamente e harmoniosamente. Para isso temos de obter
uma consciência de eternidade, de imortalidade e de perfeição corporal. O segredo da
obtenção de saúde ou suprimento não está na obtenção da saúde ou suprimento em
si, mas sim na obtenção da consciência de saúde e da consciência de suprimento.
Ficou claro? Você pode começar exatamente aqui e agora pela conscientização de que
o segredo para a obtenção de algo está em se atingir, em primeiro lugar, a consciência
daquele algo. Por que isto? Porque a consciência é Deus, e no momento em que você
tem consciência de uma coisa, a consciência a crea, seja "ela" qual for – lar,
companhia, suprimento, emprego, saúde, eternidade, imortalidade. Sua consciência a
construirá. "Com toda sua posse tenha compreensão" (Provérbios 4: 10). Com todo seu
poder, consiga uma consciência do bem, e então o bem se seguirá.
Assim que você adquirir a consciência daquele algo, ele passará a ser produzido por
aquela consciência: a consciência se torna a substância de sua demonstração. Se
pudéssemos contar-lhe que o que você foi ao nascer e o que determinou o seu aspecto
foi o seu próprio estado de consciência, você poderia achar que tal fato é inacreditável
que você nada tinha a ver com o assunto. Isto se deve ao fato de você acreditar que
seu início foi no momento de seu nascimento, ou em alguns meses antes, mas a
verdade não é esta. Você tem existido com Deus desde "antes que Abraão existisse", e
portanto, o estado de consciência em que você se encontrava antes do nascimento foi
a causa daquilo que você agora está demonstrando, e o estado de consciência que
você conseguir no próximo ano ou nos próximos dez anos determinará a aparência do
seu corpo, negócio, lar, relacionamentos familiares ou nacionais.
À medida em que você for se tornando mais e mais consciente da natureza infinita de
sua própria consciência, o efeito irá aparecendo em sua experiência sob infinitas
formas. Quanto mais a sugestão mesmérica ou crença universal numa egoidade
apartada de Deus atuar em você, mais a sua demonstração será governada pela crença
do mundo, em vez de sê-lo pela sua própria consciência infinita. Em uma época de
depressão, se você encontrar-se sem trabalho, significa que você tornou-se vítima da
crença mundial, em vez de demonstrar que as crenças mundiais não possuem poder
algum sobre você, por ser a sua consciência a lei sobre o seu ser.
Isto de maneira alguma nega o que ensinam as escrituras. No Gênesis, foi dado a nós o
domínio sobre tudo neste universo, desde o fundo do mar até as estrelas do
firmamento. Também é certo que o ensinamento do Mestre não nos deixa ser vítimas
de tiranos ou ditadores. Ele nos ensinou que não pode haver poder algum sobre nós, a
menos que seja o do Pai, mas para demonstrarmos esta verdade nós precisamos ter a
consciência dela. O simples fato dela ser verdade não realizará a obra: é a sua
consciência da verdade que realiza a obra.
CAPÍTULO 11
ESTADOS E ESTÁGIOS DE CONSCIÊNCIA
"Em seguida o Senhor estendeu a sua mão, tocou-me na boca e disse-me o Senhor: Eis
que eu pus as minhas palavras na tua boca; eis que te constituí hoje sobre as nações, e
sobre os reinos, para arrancares e destruíres, para arruinares e dissipares, para
edificares e plantares" (Jeremias 1: 9-10)
Aquilo não foi dito a um homem; foi dito a um estado de consciência, um estado de
consciência espiritual. Aquele estado de consciência não apenas arranca, mas também
planta; ele destrói, mas edifica. A única coisa que é posta abaixo e destruída é um falso
conceito, um falso conceito de Deus, um falso conceito de universo, um falso conceito
de seu ser e corpo individual: O que é edificado é a conscientização de sua identidade
verdadeira – um conhecimento do mundo e de tudo que nele está como realmente
são.
Existem estados e estágios de consciência, e ao trabalharmos no mundo humano como
nossos recursos humanos, sabedoria humana e força física, estamos vivendo em um
estado material e através de um estado material de consciência.
Até a metade do século dezenove, o mundo estava em sua maior parte num estado de
consciência material, quando então avançou para um estado mais mental de
consciência. Sempre existiram algumas poucas pessoas que em certa extensão
conheciam o reino mental – os artistas, escritores e visionários de todas as épocas.
Quando o poder da mente atraiu em grande escala a atenção do mundo, durante a
metade do último século, o mundo parecia estar pronto para avançar a um estado
mental de consciência e passou a realizar mentalmente aquilo que antes era feito
fisicamente. Em outras palavras, as curas do corpo que antes eram realizadas por
remédios, ervas e ataduras, passaram a ser feitas por “pensamentos”, por sugestões
mentais, e às vezes até mesmo por auto-sugestão. Vieram todos os tipos de
tratamentos mentais, desde o hipnotismo até as mais leves formas de sugestão ou
auto-sugestão.
Não temos de nos tornar algum outro além do que já somos a fim de recebermos a orientação
divina, a sabedoria divina, a proteção divina e o suprimento divino. O porque disso é que tão
logo nós relaxamos o pensamento humano, isto é, os pensamentos de medo e de dúvida, tão
logo aprendemos a soltar a crença num poder separado de Deus e retornamos
descontraidamente ao estado natural e normal do ser, passamos ao reconhecimento: “Ah,
sim, Deus é!”. E é quando o mundo todo de temores, ansiedades e dúvidas humanas
desaparece juntamente com toda necessidade de planejamentos ou programas de caráter
humanos.
Não há necessidade alguma de ficar pensando sobre o amanhã, pois a cada minuto de cada dia
eu recebo um impulso para fazer o que deve ser feito naquele momento. Nenhuma obstrução
existe, pois nada há em meu pensamento que possa barrar o fluxo desse Impulso divino. Não
há hesitação ou indecisão, já que não existe nenhum sentimento de que eu tenha de realizar
algo através de minha ingenuidade humana. Portanto, com esta conscientização, eu me torno
uma transparência para o Impulso divino, e Ele mantém todo o desenvolvimento através do
tempo.
Tendo esta conscientização, atingimos um conhecimento mais profundo do plano divino para
o mundo e desta forma ficamos relaxados, depositando nele toda a nossa confiança.
O mesmo se aplica às suas atividades, no lar e nos negócios do mundo. No estágio onde, pela
metafísica, você é denominado “homem humano” ou “homem pensante”, muito do seu
tempo é perdido no planejamento de cada dia, em preocupações sobre o que irá fazer no ano
seguinte, ou sobre o que deveria ser feito com relação a isto ou aquilo em seu mundo pessoal.
Este é o estado ou estágio de consciência em que você é um mortal, um ser humano. Mas
através da metafísica, você aprende que há um “homem real” e passa a erguer imediatamente
um ideal, visualizando Jesus Cristo, ou alguma outra pessoa, ou visualizando a si próprio se
aproximando daquele estado de espiritualidade e divindade atribuído ao homem real. Isto, por
algum tempo, atenderá seu objetivo dando-lhe um ideal em cuja direção irá caminhar.
Mas queremos lembra-lo que durante todo o tempo você é aquele homem ideal, e tudo que
é necessário para trazer este homem à manifestação é a sua conscientização de que existe um
Princípio divino operando no universo. No instante em que aquilo for percebido, você ficará
descontraído, soltando tudo o que constituía a sua humanidade – suas preocupações, receios,
dúvidas, ansiedades, medos e planejamentos. E ao mesmo tempo em que o falso senso de
humanidade se vai, você passa a descobrir a si mesmo como sendo aquele homem espiritual,
aquele homem real, aquele homem que você estava tentando se tornar.
Você não chegará ao reino dos céus enquanto não começar a perceber que já é agora aquele
homem espiritual, aquele homem que está agora no paraíso, sob regra e jurisdição divina.
Aprenda mais e mais relaxar e deixar que aquela lei se torne visível em sua experiência,
operante em sua vida. Você não irá nunca ser transformado em outro homem; mas pelos
ensinamentos, estudos, pela prece e meditação, fará desenvolver uma elevada consciência da
verdade: será o mesmo homem, porém sem as suas antigas limitações humanas.
Estou considerando tudo isso para deixar clara a resposta sobre a diferença entre a visão
psíquica e a visão espiritual, pois uma vez atingida a conscientização de que exatamente aqui e
agora você é um ser espiritual que é a própria manifestação de tudo que Deus é, então você
deixará de lado todo o mundo psíquico com suas visões, cores, ou desejos de ver algo de
qualquer natureza.
A VISÃO ESPIRITUAL
A verdade é que você tem sido sempre aquele “homem real”, embora não tivesse a
consciência desse fato. Mas quando aquele momento de consciência vier, você olhará para
este mundo e perceberá:
Este é o mundo que Deus ceou; este é ele. A mente humana não o está vendo como ele é, mas
apesar disso, este é ele. A mente humana não me vê como eu sou, mas eu sou Ele. Se olhar
para o espelho e tentar encontra-Lo, eu não serei capaz de vê-Lo, pois novamente estaria
tentando localizá-Lo. Estaria novamente olhando para um conceito e tentando encontra-Lo,
aquele que está aqui como a própria presença de meu ser. Como poderia ser eu algum outro
além do que Eu sou? E aquele Eu é a manifestação de tudo que Deus é: Aquele Eu é o Cristo, e
Eu sou Ele. Neste momento de conscientização, eu encontro-me relaxado, e Eu sou Ele.
Esta é a razão pela qual no início de seu ministério Jesus falava somente do Pai interior,
negando a sua humanidade. “Eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma... a minha
doutrina não é minha, mas daquele que me enviou.” Ele proclamava que aquilo que o mundo
via como um ser humano não era, em si ou de si mesmo, a realidade do ser, mas apenas o
veículo ou transparência através do que o real era manifestado.
Mas como encerrou Jesus o seu ministério? “Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes
conhecido, Filipe? Quem me vê a mim vê o pai... Eu e o Pai somos um.” (João 14:9; 10:30)
Nesta visão final, ele contou a eles a verdade total: despojado dos temores e ansiedades
humanos, dos traçados e planejamentos humanos, o Eu que eu sou é aquele próprio Ser
espiritual.
Tem sido dito que a mais elevada concepção é aquela que permite o olhar de frente a face do
diabo e ver somente a face de Deus. Este estado espiritual está muito acima do mental ou
psíquico, e é o estado que nos possibilita a olhar a cada homem e mulher do mundo e dizer:
“Eu estou olhando a face de Deus”. Você somente conseguirá realizar isto quando sua própria
consciência estiver despida de desejos, quando você não desejar mais nada dos outros,
quando você puder olhar para o mundo sem aspirações, luxúria, animalidade, ódio ou medo.
Você será a mesma pessoa que há vinte e cinco anos poderia ter olhado para o mundo e visto
alguém a quem cobiçasse ou alguém que lhe causasse medo, mas agora você a olharia
dizendo: “Eu vejo a face de Deus!”. Percebeu o que eu quis dizer? Não há dois de você. Há
apenas um, e Eu sou aquele um.
Mas você é aquele um somente na proporção em que tiver crescido através de todos esses
ensinamentos espirituais ao lugar que poderá olhar para o mundo sem desejar algo, ou sem
cobiçar as coisas carnais, sabendo que na realidade de seu próprio ser a realização de Deus é
feita manifesta, e que tudo que lhe for necessário tornar-se-á manifesto no momento
adequado. Seja dinheiro, companhia, transporte – ou qualquer outra necessidade – Deus dá
expressão a Si mesmo como ser individual, como o meu ser individua e como o seu ser
individual. Ao assimilarmos isto, estaremos de posse da mais elevada revelação da verdade
espiritual. Não existe céu e terra; não existe Deus e homem; não existe ser espiritual e ser
material. Existe somente um, e Eu sou Ele.
1) Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas
forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo. (Lucas 10: 27)
2) Se alguém diz: Eu amo a Deus, e aborrece a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a
seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu? (I João 4: 20)
Se nós não amarmos ao homem a quem podemos ver, como iremos amar a Deus que nós não
vemos, se Deus e homem são um? Ao senso finito, que vê através de limitada visão, é verdade
que Deus é invisível; mas uma vez atingido este elevado estado, esta elevada realização do ser
espiritual, passamos a olhar para o mundo e ver cada pessoa, cada circunstância e cada
condição como sendo Deus aparecendo, e então Deus se torna visível para nós. Até que
tenhamos atingido aquele estado, contudo, Deus será invisível para nós, porque para
honrarmos a Deus, o Invisível Infinito, nós devemos honrar ao homem com Deus feito
manifesto de forma visível.
GRATIDÃO
Nunca deveríamos dar ou receber dinheiro, tomar algum alimento ou bebida, sem que
houvesse um momento de reconhecimento e de gratidão àquela infinita Fonte que também é
a Fonte de nosso ser. Se isso, porém, for feito, mas falharmos em sermos igualmente gratos ao
indivíduo pelo qual o bem vem a nós, a nossa gratidão ficaria no plano do abstrato. Estaríamos
com a cabeça nas nuvens sem manter os nossos pés no chão.
Omar Khayyam teve a visão correta ao dizer: “O paraíso é uma visualização dos desejos
realizados”, e você e eu estamos no paraíso no exato momento em que sentimos estarmos
vivendo a vida para a qual fomos trazidos para viver, e nós sabemos quando aquilo está
acontecendo pelo sentimento de retidão existente em nossas vidas. Não há alegria real na
realização de um trabalho que não gostamos, mas quando amamos o nosso trabalho, não
vemos a hora de executá-lo. Naquele senso de retidão nós encontramos o nosso céu, a nossa
harmonia. Omar Khayyam teve esta mesma visão quando escreveu: “Um pedaço de pão, um
copo de vinho, e você”. Naquela simples experiência de uma companhia humana, naquele
preenchimento das necessidades físicas de alimento e bebida, ele via um senso de felicidade,
um senso de paz e de contentamento. Era uma visão mística, não contendo maior
sensualidade do que o Cântico de Salomão. Era algo espiritual, traduzido à linguagem cotidiana
da experiência humana.
É preciso que nós acabemos com o mistério do “homem real” e do “universo real” para
conscientizarmos que este é o paraíso, exatamente aqui e agora. Se não estamos encontrando
o paraíso aqui, isto não significa que existe algum outro mundo que devemos procurar ou que
existe algum outro homem no qual devemos nos tornar. Precisamos somente relaxar a nossa
humanidade, despindo-nos dos temores, preocupações e dúvidas de natureza humana. Mas
isso não pode ser feito simplesmente com o poder de nossa vontade. Só há um meio de se
perder o senso humano ou mortal de existência, e é estarmos conscientes de uma Presença
que nós conhecemos e compreendemos ser Deus. Aquela consciência é atingida através de
nossa receptividade, através de meditação e ponderação das verdades da Escritura ou da
literatura espiritual.
Não se trata de afirmar ou negar algo até que uma verdade seja memorizada e enraizada na
mente humana. Trata-se de um ponderar suave, calmo e pacífico dessas verdades espirituais
até elas serem absorvidas de forma a se tornarem parte de nossa consciência. Assim, nós
adquirimos a convicção da presença de Deus; experimentamos e sentimos realmente aquela
Presença, perdemos todo o falso senso humano, aquele senso humano negativo, e nos
encontramos numa condição considerada pelo mundo como um estado de boa humanidade,
mas que na realidade não se trata daquilo, absolutamente: trata-se da divindade do nosso
próprio ser, feita manifesta. Tal divindade apresenta-se como você e eu, individualmente – o
Verbo se torna carne e habita entre nós, e aquele Verbo se faz carne como você e como eu.
Observe que não é nossa intenção tentar destruir ou mesmo inativar a mente humana. O
nosso esforço está voltado na direção de nos tornarmos cônscios da verdade espiritual; nós
tentamos adquirir a consciência da paz, quando então a mente humana passará a ser o que lhe
fora destinado a ser originariamente – um veículo de nossa sabedoria e conhecimento. De
forma similar, nosso corpo não desaparecerá em virtude do atingimento da consciência
espiritual, mas atuará como era pretendido inicialmente, ou seja, como veículo de nossa
expressão individual.
Antes que eu te formasse no ventre de tua mãe, te conheci; e, antes que tu saísses do teu seio,
te santifiquei e te estabeleci profeta entre as nações (Jeremias 1: 5).
Conscientize-se, agora, de que antes da concepção deve ter havido uma consciência que a
causou, uma consciência que formou o seu corpo. Nós, como pais, não poderíamos formar um
corpo nem para nossos próprios filhos, embora possamos ser veículos através dos quais aquilo
pode ser feito. Uma consciência formou aquilo que somos. E esta só poderia ser a Consciência
divina, que nos formou conforme os Seus padrões, e que nos mantém e sustém sob custódia.
O que vem ocorrendo, no transcorrer desses anos todos, é que temos assumido toda a
responsabilidade de nossos trabalhos, esquecidos de que aquilo que nos formou como seres
individuais, dando-nos forma e corpo, e que aparece ao mundo como creação, foi um estado
de consciência executante de um plano eterno. Portanto, o que foi formado é homem
espiritual.
“E te estabeleci profeta entre as nações.” A consciência que o formou, formou-o como uma
entidade espiritual, como um profeta, ou como um estado perfeito de consciência.
Não digas: Sou um menino; porquanto a tudo o que te enviar irás, e dirás tudo o que eu
mandar. (Jeremias 1: 7).
Em outras palavras, há sempre esta consciência infinita, eterna, imortal e espiritual, que age,
fala e desempenha como sendo você. Nós é que nos mantínhamos separados d’Ela, assumindo
todo o trabalho como quis fazer o filho pródigo. Mas, através deste ensinamento, estamos
retornando ao Pai-consciência e começando a nos conscientizar: “Ora, eu sou aquele profeta,
eu sou aquele vidente espiritual perfeito.”.
CAPÍTULO 12
Vamos começar a trançar os fios – estes fios de consciência – a fim de formar uma forte corda
de conscientização e de compreensão, e trazê-la para a aplicação prática, ou em outras
palavras, ter o Verbo feito carne.
Nosso esforço, nosso desejo, nossa prece, visa compreender a Deus. Nosso esforço, nosso
desejo, nossa prece, visa compreender a Deus. Isto significa compreender a infinitude,
eternidade e imortalidade. Como Deus é o tema de nosso trabalho, de nossa compreensão e
de nossa revelação, então a infinitude, a imortalidade e a eternidade devem ser a natureza de
seu efeito em nossa experiência.
Poderá não ser hoje, amanhã, na próxima semana e nem no próximo ano que chegaremos a
demonstrar a plenitude de Deus, a totalidade de Deus. Porém Deus é tudo; Deus é infinito,
onipotente, onipresente, onisciente; e na medida de nossa conscientização deste fato, nós
iremos demonstrando aquelas quantidades e qualidades da totalidade. Só porque ainda não
completamos nossa demonstração de ascensão não significa que não tenhamos alcançado a
visão de Deus. Quando a tivermos alcançado precisaremos seguir avante com paciência até
chegar a hora em que Deus em Sua totalidade seja revelado na experiência da ascensão acima
de todo mundo da crença.
Foi somente nos momentos finais do ministério de Jesus que ele pôde dizer: “Eu venci o
mundo.” (João 16: 33). Assim, apenas no momento da ascensão, no momento em que
tivermos atingido a plenitude da conscientização, é que nós, também, poderemos dizer: “Eu
venci o mundo.” Mas isto não serve de desculpa para justificar nosso atraso nessa escalada de
desenvolvimento e revelação. Não serve como desculpa esperarmos a aposentadoria para
termos mais tempo, ou esperarmos o dia da morte, quando teríamos mais tempo ainda.
Nosso dia começa agora. E sendo este dia acompanhado continuamente de sucessivos dias de
desenvolvimento da consciência, não haverá tal coisa como um dia de morte: será uma
contínua experiência de desdobramento do bem.
Todos vocês que captaram esta visão de Deus como Consciência e da Consciência
incorporando todo o bem – da Consciência governando e controlando a experiência individual,
da Consciência como sendo a substância, a lei e a forma do ser individual e de toda a creação –
podem começar a elevar a própria consciência ao discernimento espiritual das coisas de Deus.
Neste ponto você está subindo mais um degrau. Atinja esta visão: o bem de Deus; o bem que é
a atividade de Deus; o bem que é um desenrolar, uma revelação e uma experiência de Deus é
a atividade de sua consciência individual. Todo o bem que se manifesta em seu mundo – tudo
de bom, onde quer que seja experimentado, onde quer que esteja sendo revelado ou
entendido, tudo de bom que possa ter existido em qualquer lugar ou época, é a atividade de
sua consciência individual. Não existe um Deus distante. Deus está mais próximo que nosso
fôlego e mais perto que nossas mãos e pés. Qual a razão disso? É porque Deus constitui a
consciência do indivíduo. Sob toda circunstância em que pareça haver necessidade da
onipresença de Deus, conscientize que é a onipresença de sua consciência individual que
constitui o Deus de seu universo.
Quando Eddie Rickenbacker estava abandonado num barco no Oceano Pacífico, não foi a
consciência de seu mestre ou a consciência de seu praticista que lhe trouxe auxílio. Foi a
consciência de seu ser individual, onipresente onde ele estava, que lhe possibilitou alcançar
um pássaro para se alimentar, que lhe possibilitou arranjar um peixe no fundo de seu barco – o
peixe havia pulado da água para dentro do barco – e que lhe possibilitou consegui chuva num
céu sem nuvens. Era a atividade de sua própria consciência aparecendo como alimento e como
chuva. E foi a atividade de sua consciência que por fim apareceu como segurança.
É a atividade de sua consciência que aparece como saúde de seu corpo, como oportunidades
nos negócios, como discernimento certo na hora certa, como encontro da pessoa certa no
momento certo e nas circunstâncias adequadas. É a atividade de sua própria consciência
aparecendo como sua experiência:
“Eu e o Pai somos um”. Deus é a minha consciência individual, e é a atividade de minha
consciência individual que aparece a mim como lar, negócio ou dinheiro, ou como talento,
genialidade ou habilidade. Tudo é atividade de minha própria consciência. O que tem-me
separado de meu bem é a crença na existência de algo distante, um poder, um Deus “lá fora”,
ou que havia alguma coisa que eu estava tentando alcançar e não podia.”
Realmente, você nunca irá alcança-la, até que conscientize que o reino de Deus está dentro de
você e que este é o único lugar a se dirigir para a aquisição de algo: o seu interior, a sua
própria consciência. Não faz a menor diferença qual possa ser a sua necessidade; não importa
se ela é pequena ou grande; poderia variar desde uma agulha até uma âncora. Não há limites
na demonstração de sua consciência: somente você coloca limites em sua atividade!
O OBJETIVO DA CONSCIÊNCIA É INFINITO
Se formos ao mar com um pequeno copo, poderemos voltar somente com um pequeno copo
cheio de oceano, mas se levarmos baldes, teremos baldes cheios de oceano. O oceano é
suficientemente grande para nos fornecer qualquer quantidade que necessitemos. Assim
também ocorre com a Consciência, com Deus aparecendo como nossa consciência individual.
Podemos nos dirigir àquela Consciência por algo pequeno, ou podemos ir a ela com grande
objetivos, pois a Consciência, mesmo a consciência individual, sua e minha, é infinita em seu
raio de ação.
A partir de agora, não fique apenas pensando sobre isso, mas ponha-o em prática de forma
que ao surgir alguma necessidade de qualquer nome ou natureza, você imediatamente se
dirija ao interior de sua própria consciência num estado de receptividade com aquele “ouvido
que escuta”, e deixe sua consciência expandir e revelar tudo o que for necessário em sua
experiência.
Não devemos, contudo, nos esquecer, em todo esse buscar, do aspecto sobre o qual estamos
falando. Não devemos retornar a um linguajar alegórico ou metafórico. Estamos removendo o
véu do tema: “O que é Deus?”, revelando Deus como a consciência individual. Nunca volte a
pensar n’Ele como sendo algo distante, algo que precise de preces ou de agrados sob qualquer
aspecto. Pense em Deus como sendo a substância real de seu ser, que você pode atingir no
silêncio e deixar manifestar como um mundo cheio de harmonia, paz e saúde.
A atividade da consciência individual aparece como demonstração sob toda a forma de bem
que possa ser necessário e adequado para o momento. Lembre-se, porém, que a consciência
não é a sua mente “pensante”; a consciência nada tem a ver com os pensamentos que você
pensa; a consciência nada tem a ver com seu esforço individual físico ou mental. Quando eu
falo de consciência, não estou me referindo ao intelecto ou à mente racional que serve
somente como veículo, mas eu me refiro àquilo que realmente é a substância ou realidade da
mente humana. Ao se dirigir interiormente a esta Consciência infinita de seu ser, dirija-se
numa atitude de escuta, de receptividade, de esperar que Ela Se revele. Não é preciso dizer
nada a ela; não é preciso pedir aquilo que você está precisando ou desejando. Se você conhece
a sua necessidade, Ela também a conhece.
Sem qualquer palavra, sem qualquer pensamento, sem dar a Ela o nome da pessoa a quem
deseja beneficiar, ou o nome da doença que você quer tratar, ou ainda sem especificar qual é
a sua necessidade, volte-se interiormente numa atitude receptiva de que aguarda a resposta
para certa pergunta, e permita que a Consciência Se manifeste e Se revele a você.
Isto não é fácil, eu sei, porém o caminho é este: é este o caminho do desenvolvimento; é este
o caminho espiritual; é este o caminho pelo qual nos tornamos conscientes de nossa unidade
com Deus.
Isso me faz lembrar de um amigo que vivia numa fazenda pela qual passaram duas ou três
gerações de sua família. Sempre eu ficava pensando em quão duramente eles deviam ter
trabalhado para desenvolver aquele pedaço de terra e retirar do solo a própria subsistência. Se
eram religiosos, como devem ter orado para que algumas das pedras fossem removidas da
terra, ou para terem mais resistência física para trabalhar na fazenda, ou ainda orado por um
melhor tempo que fizesse render maior produção de batatas. Estou certo de que nos anos em
que viveram na fazenda eles oraram bastante a fim de arrancar o seu sustento.
No entanto, a terceira geração que veio encontrou petróleo naquela fazenda! E agora a
mesma fazenda já tem cinco poços de petróleo. Deu para perceber o significado dessa
exemplificação? Nunca delineie sua demonstração à Consciência. Aquilo delineado poderá não
ser o que a Consciência tem para você. Suponha que você faça um plano e ore para que Deus
lhe dê forças para trabalhar em sua fazenda, para semear e plantar. Suponha que ore para que
mais meia dúzia de trabalhadores apareça para ajuda-lo na colheita, onde exatamente se
encontra o petróleo, à espera de poder jorrar. Deu para captar o sentido? Nunca diga à sua
consciência o que você pensa a respeito do que deveria ser a sua demonstração, pois isso a
impediria de operar livremente. Quase todos têm trabalhado arduamente por anos seguidos, e
talvez isso pudesse ser evitado caso tivessem confiado que a atividade da própria consciência
os conduziria rumo à demonstração.
Foi a atividade de sua consciência que formou o seu corpo. Não foi a atividade da consciência
de algum Deus distante. Foi a atividade da consciência de seu próprio ser que formou o seu
corpo. É a atividade da consciência que o tem conduzido através dos anos, e muito
provavelmente, em algumas vezes, tem sido difícil para ela avançar contra os seus próprios
esforços.
Vamos relaxar na conscientização de que não temos que ir a terras distantes para encontrar
Deus. Nossa busca por Deus não é realizada externamente no mundo. Você se recorda de
quantas vezes os homens saíram em busca do Cálice Sagrado e de quantas vezes eles voltaram
para casa cansados e doentes e foram encontra-lo em seus próprios jardins? A história do
Cálice Sagrado é simbólica, ilustrando o fato de que eles estavam, na realidade, indo em busca
de felicidade, paz, harmonia e alegria, mas que se enganaram ao tentar consegui-las no
mundo, com todos os recursos humanos disponíveis – toda a força humana, todo o raciocínio
humano e até com todo o dinheiro que tinham. Quando o mundo não pode dar a eles o que
buscavam, quando a mente deles não pode dar a eles o que buscavam, quando toda a
habilidade e dinheiro foram empregados em vão, foi então que eles voltaram para casa e
puderam encontra-lo exatamente onde ele sempre tinha estado. Era todo o tempo a atividade
da própria consciência deles e, quando abandonaram os meios do mundo, e exaustos
abandonaram a busca, ele apareceu.
Algo de natureza semelhante é o que ocorre conosco quando dispendemos muito esforço ao
darmos tratamento e nos sentimos cansados ou esgotados. A Consciência Se expande e nos
diz: “Você é uma pessoa tola! Eu estava aqui o tempo todo.” Sim, às vezes nós mesmos nos
ludibriamos de tal maneira.
Porém, embora a mente humana, a mente racional, não seja a consciência, nem por isso ela
deve ser posta de lado ou destruída. Ela tem a sua posição. É ela que age para nós quando
recebemos sabedoria e conhecimento da consciência. A direção, a orientação, a inspiração e o
conhecimento vêm a nós individualmente por ação da consciência, e nossa mente e nosso
corpo são utilizados como veículos de transporte daquele comando.
Portanto, não tentemos abolir a mente humana e nem parar de pensar. Muitas coisas
maravilhosas nos vêm através do nosso pensamento, mas devemos deixar que ele seja
inspirado por um processo espiritual da consciência. Deixemos a nossa mente serena
enquanto ficamos “na escuta”. O escutar é uma atividade da mente humana, a qual pode ser
utilizada para deixar a Alma ou Consciência aparecer. O ponto principal que gostaria de
ressaltar aqui é sobre a capacidade que a Consciência tem de Se revelar a nós sem que
necessite da mente pensante; esta última é usada para as ordens e orientações recebidas
serem exteriorizadas.
A Consciência somente se revela a nós quando estamos receptivos e mantemos a linha aberta.
Neste trabalho, nós aprendemos a jamais sair de casa pela manhã sem que tenhamos feito o
contato com a Consciência, ou sem que tenhamos recebido da Consciência algum impulso,
algo que pareça nos dizer: “Tudo está bem. Vá em frente.” Pode vir também na forma de um
senso de satisfação ou sentimento de paz. Talvez você dissesse: “Sim, mas ainda não sei que
rumo tomar.” Mas não tem nada a ver. Siga adiante e faça o que estiver à mão, e, no instante
em que forem necessários a Intervenção, Poder e Sabedoria divinos, você os encontrará
disponíveis na forma mais adequada.
O ponto importante é mantermos aquele contato. O fato de você ter realizado hoje o contrato
não implicará necessariamente que estará conscientemente unido àquela Consciência por
todo o tempo. “Neste mundo”, um mesmerismo universal ou sugestão universal é lançado em
nossa direção nas vinte e quatro horas do dia. Esta crença universal vem a nós através dos
pensamentos humanos, do rádio, dos jornais e da agitação geral da consciência humana. Nós
somos envolvidos por um mundo-conceito tão forte que se torna mesmérico, capaz de nos
separar da atividade de nossa própria consciência. Por isso, nos estágios preliminares deste
trabalho, é necessário que façamos conscientemente a “sintonia” com bastante frequência.
Todos os que estão neste caminho deveriam aprender a nunca sair de casa antes de ter
sentido aquele contato interior, não importa o quanto estejam ocupados, mesmo que fosse
preciso se levantar uns quinze minutos mais cedo para realiza-lo. Mesmo que não haja uma
sensação de que o contato tenha sido feito, é importante sentar-se por alguns instantes com
ouvidos abertos, numa receptividade que dá as boas vindas a Deus. Em outras palavras, pelo
menos nós podemos abrir nossa consciência, preparando-a para o que possa nos vir, e só
então irmos rumo aos nossos negócios. Como já disse, nos estágios iniciais isto deveria ser
repetido ao meio dia e à noite, ou seja, ao menos umas três vezes por dia. Também, se
acordarmos durante a noite, devemos reconhecer que não se trata de mera insônia, mas que
estaremos despertos e alertas para alguma finalidade. Esta finalidade seria nós fazermos a
“sintonia” na quietude da noite, para recebermos algo que nos fosse necessário saber. Se não
for para sabermos algo naquele momento, pelo menos nos foi dada uma oportunidade de
estabelecer nosso contato. E isso é tudo de que necessitamos.
Quando sentimos ter perdido nosso contato com Deus, isto é devido ou às crenças do mundo,
que são universais e de efeito mesmérico, ou aos nossos receios, dúvidas ou inexperiência em
seguir a orientação interior. Um ou vários desses fatores contribuem para romper o nosso
contato com a Consciência. Assim, ele deve novamente ser restaurado: temos que nos sentar e
“escutar”; temos que estar silenciosos e receptivos; temos que nos conscientizar de que o
nosso bem somente aparecerá como atividade de nossa consciência individual. Devemos
sempre estar lembrados de que:
Meu bem se manifesta como atividade de minha própria consciência. É a atividade de minha
consciência que aparece externamente na forma de saúde, harmonia, paz, alegria, cooperação,
amizade, eternidade, imortalidade, vida, verdade e amor.
Você ficará surpreso ante as coisas miraculosas que acontecem a partir do momento em que
você conscientiza ser o seu bem um desenvolvimento da consciência individual, a partir do
momento em que você não fica mais aguardando a vinda de seu bem “daqui” ou “dali”, de
pessoa, lugar ou coisa, ou a partir do momento em que você o aguarda como um fluxo da
atividade de sua própria consciência individual. Milagres passam a acontecer a partir daquele
momento, e eles realmente são milagres. A multiplicação dos pães e peixes é um exemplo do
que ocorre quando, igual a Jesus, você se volta para o Pai – sua própria Consciência – e
conscientiza que você não pode sair para comprar alimento suficiente para alimentar quatro
ou cinco mil pessoas, e que portanto ele deve começar a fluir através de atividades de sua
própria consciência.
As condições externas nos afetam somente quando acreditamos que nosso bem possa vir de
pessoas, lugares ou coisas, isto é, de algo externo. Uma vez que reconhecido que o mundo “de
fora” nada tem a ver com o desenrolar de nosso bem, já que nada “de fora” consegue atingir a
sua atividade de aparecer em todas as formas de bem, então não poderá haver qualquer
efeito de condições externas em nossa experiência.
Todo o reino de Deus está dentro de sua própria consciência! Todo o reino de Deus se
desdobra a você do interior de seu próprio ser, e nada – nenhum grupo de pessoas, nenhuma
forma de governo, nenhum tipo de economia – pode de alguma maneira entrar em sua
consciência e impedi-la de expressar o seu bem individual. Como é maravilhoso saber que do
início ao fim dos tempos teremos todo o bem de que necessitarmos continuamente a fluir pela
atividade de nossa própria consciência, e que o seu desenvolvimento nunca depende de algo
que esteja se passando no mundo exterior! Você percebeu como pôde Moisés fazer cair maná
do céu e retirar água da rocha? Ou como Jesus conseguiu ouro na boca de um peixe? Aquilo foi
possível por não ser, em absoluto, uma atividade do exterior. Era o desenrolar da própria
consciência que apareceu externamente na forma necessária para o momento. Tanto Moisés
como Jesus conheciam este segredo, o segredo de que tudo ocorre dentro da consciência.
Salomão também conhecia este segredo. Anos atrás, num antigo livro trazido a mim em
Boston, eu descobri a palavra secreta da Maçonaria, que havia sido perdida há muito tempo
durante a construção do templo do rei Salomão. Estava escrito que naquela época os que se
elevavam ao grau de mestre maçom recebiam a palavra secreta, a palavra que lhes
possibilitariam viajar para qualquer parte do mundo, e esta palavra-chave identificá-los-iam
como mestres.
A palavra foi perdida, e como não é mais usada na Maçonaria, ela não é um segredo.
Realmente, poucos são os maçons que sabem algo a esse respeito. Porém o autor daquele
livro, após muitos e muitos anos de pesquisa, descobriu que a antiga e perdida palavra secreta
dos mestres maçons era “EU SOU”. EU SOU é aquela antiga palavra, e se os construtores
daquele templo a tivessem conhecido, ela lhes teria garantido, onde eles estivessem, as
maiores regalias – aquelas de um mestre maçom.
Eu sou. Deus é a minha própria consciência. Deus é a consciência individual, e onde eu estou,
Deus está. Portanto, onde quer que eu esteja, o meu bem se manifesta. “Se desço ao inferno,
nele te encontras”, porque se eu estiver lá, Deus estará lá, e meu bem se manifestará lá. “Para
onde irei a fim de me subtrair da tua presença?”. Como poderia eu sair de minha própria
consciência? Enquanto eu estiver consciente, isto não poderá ocorrer. E é esta própria
consciência – a atividade desta consciência que constitui o meu suprimento, as minhas
oportunidades, a minha sabedoria – que me orienta e dirige.
É bastante poético dizer: “Ele está mais próximo que a respiração, e mais perto que as mãos e
os pés”, ou “o reino de Deus está dentro de vós” (Lucas 17: 21). Porém nós precisamos mais do
que poesia, mais do que beleza de expressão para nos tornarmos concretamente cônscios de
Deus, da natureza de Deus e da atividade de Deus em nossa experiência individual.
Quando você se habituar com a ideia de que a atividade de sua consciência lhe aparece em
todas as formas de bem, será capaz de dar o passo seguinte e se conscientizar de que a
atividade de sua consciência aparece como a saúde de seu paciente. Como há somente uma
Consciência, e como um com Deus é a maioria, então o seu contato com a Consciência, sua
conscientização de que a atividade de sua consciência aparece em todas as formas de bem faz
com que esta atividade apareça como a saúde e a harmonia de seu paciente. Isto é o que faz
com que as práticas metafísicas sejam possíveis.
Seja qual for a prática metafísica empregada para atingir um fim desejado, ela não consiste em
uma transferência de pensamentos de um a outro indivíduo. Não se trata do uso de uma
mente sobre outra, embora existam muitos praticista que pensem que estas atividades
humanas de sugestionar ou influenciar aos outros são parte da prática metafísica. Na realidade
não são. Se tais pessoas compreendessem a prática metafísica, prontamente veriam que é a
própria conscientização de unidade com Deus que aparece como a saúde e a harmonia de
seus pacientes. Não é o poder da vontade; não é o desejo do praticista de que o paciente fique
bom; não é um praticista sugestionando um paciente: “você está bem e está ciente disso.”
Nada disso é parte da moderna prática metafísica.
UNIDADE CONSCIENTE
A prática metafísica consiste da consciente unidade com Deus por parte do praticista, que
aparece externamente como sua saúde, riqueza, sucesso e também como o bem daqueles que
a ele se dirigem. O contato é feito quando uma pessoa pede ajuda ao praticista, seja para si
mesma, seja para algum parente ou amigo. “Você me ajudará?”, ou, “você ajudará o meu
filho?”, ou, “você ajudará o meu amigo?”. Basta isso; isso é o suficiente para estabelecer a
unidade da consciência, trazendo o necessitado à consciência do praticista, e tudo que tomar
lugar como atividade desta consciência será externamente expresso como harmonia e
plenitude do paciente. Em outras palavras, seria fácil tomar a sala repleta de pessoas em
minha consciência, como seria fácil para alguma delas ou todas elas se manterem fora. Isto é o
que acontece quando observamos uma, duas ou três pessoas sendo curadas e você fica
imaginando o porque de as outras seis ou sete não receberem a cura.
Não é que a pessoa, o paciente ou o estudante necessariamente se faça uno com a consciência
pessoal do praticista, mas sim uno com a verdade. Ele se coloca mais ou menos na
conscientização de que “Eu sou uno com a verdade; eu sou uno com a consciência da verdade;
eu sou uno com a verdade que está aparecendo na forma deste praticista ou deste mestre.”
Isto significa estar uno com a verdade, e não uno com a personalidade ou mente do praticista,
uno com a verdade do indivíduo, com a consciência espiritual do indivíduo. E naquele senso de
sintonia, de unidade, as curas ocorrem.
Quando você passar a conhecer que a verdade é a sua consciência individual, e que a atividade
desta consciência aparece externamente como a harmonia do seu ser, ou como a harmonia de
todos que se dirigem a seus pensamentos, então começam a surgir as curas. A cura é a prova
desta mensagem, ou alguma mensagem, ser verdadeira ou não. O modo como esta mensagem
é apresentada nada tem a ver com o fato de ela ser ou não verdadeira. Se for verdadeira deve
resultar em harmonia e paz, em saúde, alegria, prosperidade e plenitude, ao menos em
alguma medida em sua experiência individual e na experiência daqueles que o procuram
solicitando ajuda. Esta constitui a prova de que a mensagem é verdadeira.
A função da verdade é dissipar a ilusão dos sentidos, e no momento em que nos colocamos
neste caminho e compreendemos esta verdade, é esperado que iniciemos os trabalho de cura.
Como poderia alguém falhar na realização das “maiores obras”, após ter entendido ser a
atividade de sua consciência individual aquilo que aparece externamente como a saúde e
harmonia do universo que o toca?
“Estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão demônios; falarão novas
línguas; pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano
algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e os curarão” (Marcos 16: 17-18)
FIM