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O Luxemburguismo Hoje – Rosa Luxemburgo e os Conselhos Operários

Por Alain Guillerm


Excertos da brochura editada em 1970 por Cadernos Spartacus

I – O Revisionismo no Pensamento Alemão: Ed. Bernstein e M. Weber


Sabe-se como, desde os anos 1860-70, a burguesia alemã, isto é, a universidade,
tratava Hegel como um “cão morto” (Marx, 1873). O ataque torna-se tanto mais perigoso
quanto é certo que se faz não somente no exterior do movimento operário (onde teve o
mérito de algumas contribuições científicas) mas também no seu seio quando os
universitários aderiram ao partido social-democrata1. O primeiro alerta vem de Duhring
e foi liquidado por Engels a partir de 18762. Engels, ao mesmo tempo, teve que se explicar
mais completamente oito anos depois, sobreas relações Hegel-Marx (“Feuerbach”) Estas
primeiras tentativas revisionistas tinham abortado, mas os sucessos de Duhring e a
fraqueza da S. D. auguravam mau futuro. Três anos após a morte de Engels, Bernstein
“lança” o revisionismo. No mesmo ano, Rosa casa com um alemão e adere à S. D.
Bernstein, estudando o plano que Engels dá na sua apresentação do marxismo3:
1) Filosofia;
2) Economia política (cujos conceitos foram submetidos à crítica no capítulo Filosofia)4;

1
Cf. Rosa Luxemburgo “Massas e Chefes” (esperanças falhadas), (1904), pág. 85 desta Antologia.
2
... ou mais exatamente o segundo, porque de 1860 a 1864, Marx teve que travar uma violenta polêmica
contra Lassale que conservava o fetichismo hegeliano do Estado. Se criticamos Duhring (com Engels) é
porque este último era “filósofo” enquanto que Lassale era “político” (esta separação de tarefas diz, aliás,
o bastante sobre a estupidez destes dois “socialistas”. Não impede que a “filosofia” de Duhring não possa
ter nascido na S. D. senão sobre o terreno preparado pelo lassalismo. Desde 1863, Lassale fundara a
Associação, primeiro partido operário alemão; os “marxistas” só se organizaram em 1896 (Lassale tinha
morrido, entretanto). A fusão teve lugar no congresso de Gotha, em 1875, fusão de tal maneira desastrosa
que tendo os marxistas adormecido, em todos os pontos, sobre posições lassalianas, Marx respondeu pela
sua famosa “Crítica” e decidiu “romper publicamente com a S. D.”. Foi assim que o primeiro partido
operário “marxista” do mundo, o partido S. D. alemão, “arrancou” sobre uma base falsa.
A influência de Lassale, vulgarizador oportunista de Marx, predominava e introduziu todos os vícios que
serão mais tarde os da social-democracia e do estalinismo. A nossa crítica deve ser tanto mais radical quanto
é certo que, como diz justamente Lefebvre: “Um século de fracassos do marxismo face ao lassalismo, não
obriga a homologar este” (“O Homem e a Sociedade”, n. 13, p. 6).
3
Em “L’anti-Duhring”.
4
Estas duas noções, a de “filosofia marxista” e a de “crítica da economia política” estão estreitamente
ligadas e são indispensáveis a toda a compreensão da obra de Marx. Pode-se, para tentar explicitá-las, tomar
por ponto de partida a famosa tese sobre Feuerbach “A filosofia contentou-se com interpretar o mundo,
trata-se agora de o transformar” e ver como esta tese pode ser radicalmente incompreendida. É assim que
M. Foucault, quando lhe opõem (Nietzsche, Royaumont 1964, ed. Minuit 1967. – Citamos este colóquio
porque, realizado em 1964, é perfeitamente revelador do que se ia seguir: a ideologia estruturalista),
responde que o termo transformar se aplica à filosofia e que Marx continua a interpretar no que respeita a
economia política. O que entende Marx antes de 1845 por suprimir, realizar ou ultrapassar a filosofia,
encontra, com efeito, uma resposta não positivista nas suas teses sobre Feuerbach. Quanto ao seu estatuto,
a filosofia não deve desaparecer, deve transformar o mundo, a ciência que explica o mundo na época do
capitalismo é a economia política (da mesma maneira que antes, a filosofia o interpretava).
3) Socialismo (aplicações políticas);
Começa, como que por acaso, rejeitando o primeiro ponto: a filosofia, atacando
nomeadamente os capítulos 3 e 4 da obra geral (“Formalismo e Lógica”) e os capítulos
12 e 12 sobre a dialética; (ele não levanta, porém, nenhuma crítica contra os capítulos 6,
7 e 8 que são elucubrações sobre a Filosofia da Natureza). A dialética, concebida no
sentido hegeliano do termo (mesmo voltando-o ao contrário) tanto em “L’anti-Duhring”
como no “Capital”, Bernstein opõe um bom velho método, pois que se lhe torna
necessário um “suporte” filosófico garantindo a moral, o direito, a justiça. Este
“fundamento” é pura e simplesmente o kantismo, mas não a doutrina de Kant, a da escola
dita neo-kantiana, que suprime em Kant a parte especulativa como “não-materialista”,
isto é, toda a “Crítica do Julgamento” e os seus fundamentos: os postulados da Razão
Pura (cf. L. Goldmann ou ainda Karl Korsch (Marxismo e Filosofia)5.
Este trabalho “crítico” efetuado, Bernstein (depois de algumas considerações
empíricas e geralmente admitidas fora das seitas sobre o fato do capitalismo não avançar
para um desmoronamento econômico fatal e que Rosa, por concessão aos ortodoxos da
época, perde muito tempo a refutar) trata da peça principal: destruir a obra central
levantada por Marx, desde os “Manuscritos parisienses de 44” ao “Capital”: a Crítica da
Economia Política. Aqui a natureza do método neo-kantiano ou revisionista é claramente
posta a claro por Rosa e, ao mesmo tempo, contraditoriamente, é posta a claro a natureza
do método marxista, que permanecia velado, por parte dos próprios marxistas, tanto em
1900 como em 1970. “Bernstein, diz Rosa, em Reforma ou Revolução, declara que a lei

Não se trata portanto de fazer da economia política uma “hermenêutica” mas de a destruir como tal; de
liquidar os seus conceitos e de utilizar os seus materiais; por isso, torna-se necessário fazer-lhe a crítica
(Marx critica toda a economia política e não a economia política burguesa). O estatuto novo da filosofia
terá de ser esta crítica (é nisso que Marx realiza a fusão da filosofia clássica alemã e da economia política
inglesa). Veremos, mais adiante, a propósito da lei do valor, como isso é possível e como só é possível
graças ao método de Hegel. Método crítico que ignora Ricardo e que faz com que o seu trabalho seja outro,
diferente do de Marx (e não que Marx é otimista e Ricardo pessimista), estando Ricardo ainda na “idade
clássica”, como diria Foucault, e Marx na idade nova, que inaugura Hegel.
5
Segundo Rosa (Marxismo contra Ditadura, p. 28) os intelectuais burgueses “déclassés”, na Rússia, que
militam no movimento revolucionário, têm três extravagâncias: além do economismo e do terrorismo, têm
tendência para constituir o “charco do liberalismo e do idealismo kantiano”. No que respeita a este último
ponto, é típico da S. D. russa: o liberalismo para os mencheviques e o “idealismo kantiano” para os
bolcheviques. Estas múltiplas variedades de “socialismo filosofante” (como as qualifica Korsch, p. 68) dão-
se por tarefa completar o sistema marxista fazendo apelo à sua cultura filosófica... “mostrando”, assim, que,
a seus olhos, o marxismo em si estava desprovido de um tal conteúdo explícito”. Hoje, como ontem, os
mesmos intelectuais dão ainda ao marxismo um complemento filosófico (com o risco de negar a existência
da sua filosofia explícita: Manuscritos de 44, Grundrisse, segundo prefácio do “Capital”). A operação quase
não tem diferença porque encontraremos a filosofia que queremos aplicar, a única que conhecemos: a
ideologia dominante.
do valor-trabalho de Marx é uma pura abstração, o que, em economia política, constitui
manifestamente para ele uma injúria”6.
Devemos analisar esta frase, fecho de abóbada da primeira grande obra de Rosa.
Rosa ironiza sobre Bernstein porque considera como injurioso para um economista usar
uma (pura) abstração como conceito-chave da sua obra (o valor-trabalho de Marx). Ela
compreendeu o sentido do hegelianismo: o concreto é o abstrato7, o “real” é a construção
do conceito. Ao contrário, Max Weber, o pai da sociologia moderna, pensa, desde 1904,
que: “A construção de conceitos rigorosos exige uma separação estrita entre saber
empírico e julgamento de valor”8. Deixando, por agora, entre parêntesis, os julgamentos
de valor, constatemos que Weber9 funda a “ciência” sobre o “saber empírico” aí, onde
Rosa, contra Bernstein, a funda sobre a abstração (o valor-trabalho).
Pode notar-se, com ironia, que os dois ou todos quatro (Marx-Rosa contra
Bernstein-Weber) têm uma mesma finalidade: “o conceito rigoroso”. Certamente,
Weber10 menos que Bernstein, não se pôde limitar ao empirismo puro. Não podemos ir

6
“Reforma ou Revolução”, p. 54 (Spartacus).
7
“Para Hegel, o concreto não é o sentimento de intuição do concreto oposto ao pensamento discursivo, é o
resultado de uma elaboração, de uma reconquista reflexiva de um conteúdo que a consciência sensível,
que se crê tão rica e tão prenhe, deixa, de fato, escapar sempre” (Fenomenologia, advertência de Jean
Hypolite, página 7, cf. também Phéno. Pref. p. 8: “Quando o rigor do conceito descer até à profundidade
da coisa”).
8
“Ensaio sobre a teoria da Ciência”, Weber.
9
Max Weber. Com o desenvolvimento da indústria, a burguesia tem necessidade de uma justificação
teórica, que já não aparece como religiosa ou filosófica, mas como científica. Carece de uma ciência social
que se batizará de sociologia. Notemos que o marxismo, mesmo sob os aspectos mais degradados, se
apresentou como “ciência da evolução das sociedades” e não como “ciência da sociedade”. Em França,
país desprovido de cultura filosófica depois de Napoleão, o criador da sociologia será Durkheim que irá
buscar a sua teoria a Augusto Comte e recairá, como ele, apesar das suas pretensões, no misticismo.
Na Alemanha, a situação era completamente diferente: Na pátria de Karl Marx, o nível cultural das
universidades (cf. Weber: Le Savant et la politique, col 10/18) e o desenvolvimento superior da organização
capitalista, exigia alguma coisa de diferentemente sério. A sociologia fundada por Weber consiste em
retomar as análises de Marx com uma metodologia kantiana. Weber, com efeito, diz, por um lado, “que
deve a melhor parte dos seus conceitos ao marxismo”, por outro, pratica uma objetividade científica e
experimental tirada do último dos grandes pensadores do período clássico. Pode dizer-se que Weber faz,
com Kant, a mesma operação efetuada por Marx com Hegel. Segue-lhe as pisadas aplicando os eu método
não a fatos especulativos (o conhecimento, a moral, objetos das duas “Críticas”), mas a fatos reais, a
formações sócio-econômicas (por exemplo, o capitalismo). (Cf. Weber: A Ética Protestante).
Esta maneira de proceder teve um destino histórico inteiramente diferente do de Durkheim (místico e
grosseiramente anti-marxista). Weber obtém, justamente pelo que sabia de Marx, resultados positivos
incontestáveis. É o primeiro a ver e descrever a tendência que tinha o capitalismo para se organizar e foi o
primeiro a anunciar o fenômeno burocrático. A ideologia weberiana, tal como a descrevemos mais adiante,
é ainda o fundamento de toda a ciência burguesa moderna, seja sob a sua forma reacionária, como em
Raymond Aron, seja os uma forma científica, como em Lévi-Strauss (Cf. C. IX O Pensamento Selvagem)
em que permite ainda que se façam descobertas em etnologia. Por esta filiação pode dizer-se que esta obra
é a raiz de todo o estruturalismo contemporâneo.
10
Para a pequena história: Rosa reservou os seus sarcasmos para Sombart, o discípulo de Weber. Este
último, muito inteligente e muito honesto, jamais se comprometeu com a reação (Testemunhou a favor dos
seus estudantes spartakistas). Sombart, esse, foi nazi; mas Rosa, como boa militante, e qualquer que tenha
sido a sua honestidade intelectual, preferia ver as consequências práticas de uma doutrina. (Cf. “Liberdade
mais longe que Hume, neste domínio, a menos que “caiamos” no ceticismo: método mau
para quem tem pretensões “científicas”. Mas, muito naturalmente, o pensamento alemão
dos anos 1860-1930, quer seja “burguês” ou “revisionista”, “sociológico” ou “filosófico”,
encontra sempre a passagem de Hume para Kant. Vimos como este neo-kantismo (que
enterrou Hegel) não retém de Kant mais que a “A Crítica da Razão Pura”, numa
intepretação a mais estreita possível, excluindo os famosos postulados que permitem
desembocar sobre o ponto de vista da totalidade que a “A Crítica do Julgamento”
exprime genialmente, com todas as possibilidades de avanço que implica11.
O “saber empírico” de Weber não permanecerá, portanto, graças ao neo-kantismo,
um “dado puro” mas será conceitualmente pensável através de “tipos ideais”12
formalizados e fixados, não produtos da história, mas construção do sábio (não foi
Calvino nem mesmo Franklin que “construíram” como conceito o calvinismo, mas
Weber).
Eis, para primeiro quadro do método da burguesia (Weber-Bernstein): o “saber
empírico” oposto ao abstrato. Mas este saber empírico, mesmo pensado através dos tipos
ideais ou de outros “modelos”, não bastaria porque se tornou necessário, previamente,
para construir o conceito, “separá-lo de qualquer julgamento de valor”. Não é, portanto,
uma vez este saber adquirido, que se poderá emitir este julgamento de valor, então com
conhecimento de causa, sobre a base de dados objetivos.
Rosa mostra como os julgamentos de valor não podem, então, senão evoluir, numa
gama restrita, do liberalismo à contrarrevolução, mas, em nenhum caso, o

da crítica e da ciência”, 1889). Em nossa opinião isto é detestável porque próximas de Rosa (sobre o
militarismo burocrático) e quanto o marxismo perdeu em não “integrar” Weber (Lukács, discípulo e amigo
deste último, também não o fez). Isso não impede que sobre os fundamentos filosóficos o “grande Weber”
e o “pequeno Sombart” sejam assimiláveis.
11
Cf. Schiller, “Cartas sobre a educação estética do homem”.
12
Hoje dir-se-ia “estruturas”. A este respeito, Lévi-Strauss estabeleceu, na sua célebre polêmica com Sartre
(Pensée savage, ch. IX), esta distinção entre “saber empírico” e “julgamento de valor” que se torna
necessário separar em nome de uma “ciência agnóstica”!

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