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TRIBUNAL SUPREMO

Câmara do Cível e Administrativo

ACÓRDÃO

PROC. N.º 516/03

NO TRIBUNAL SUPREMO, OS JUÍZES DA CÂMARA DO CÍVEL E


ADMINISTRATIVO, ACORDAM EM CONFERÊNCIA EM NOME DO
POVO:

CAMINHOS DE FERRO DE BENGUELA "CFB", com sede na Praça


11 de Novembro n.º 3, no Lobito, representada pelo seu Director
Geral, Sr. Daniel João Quipaxe, requereu ARRESTO PREVENTIVO,
de dois cavalos mecânicos ambos de marca "MERCEDES - BENZ"
com as matrículas LDA - 06-53 e LDA - 06-52, pertencentes a
EMPRESA DE SERVIÇOS GERAIS, LDA, para garantia de dívida de
USD. 65.910.57,00, resultante da falta de pagamento do
arrendamento de um armazém, que o requerente "CFB" fizera à
requerida.

Produzida prova sumária do direito alegado, o Mm.º Juiz "a quo"


proferiu douta sentença na qual decretou o arresto dos referidos
cavalos mecânicos (fls. 78 a 82), e entregues ao depositário
identificado no auto de arresto de fls. 86 as viaturas de marca
"MERCEDES - BENZ", com as matrículas LBA - 06-53 e LBA - 06-
52.

A fls. 87, veio o cidadão José Eduardo Borges Leite, requerer a


devolução das viaturas de marca "MERCEDES-BENZ" com as
matrículas LBA - 06-51 e LBA - 06-53, ora arrestados, com
fundamentos de tais viaturas serem sua propriedade por as ter
adquirido por contrato de compra e venda ao Sr. António Silva na
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qualidade de Director do Banco de Fomento e Exterior, tendo para o


efeito juntado aos autos os documentos que constituem fls. 88 e 89.

A fls. 96, o Mm.º Juiz "a quo" deferiu o requerido pelo cidadão José
Eduardo Borges Leite, e ordenou que lhe fossem entregues as
viaturas arrestadas.

Contra este despacho recorreu o requerente "CFB", interpondo


recurso de Agravo com subida imediata e efeito suspensivo, que o
Mm.º Juiz deferiu nos seus precisos termos (fls. 101 e 102).

De seguida apresentou o requerente a sua alegação sintetizada nas


seguidas conclusões:

- Não é legal, depois da decretada a providência e arrestados os


bens, o Juiz permitir que terceiro venha reclamar nos próprios autos
a posse dos referidos bens.

- O terceiro devia opôr-se ao arresto mediante processo especial de


embargos de terceiro.

- É ilegal, o facto do ora agravado ter juntado aos autos os doc. de


fls. 88 e 89 e o Juiz "a quo" não ter ordenado a notificação dos ora
agravantes pelo que foi posto em causa o princípio do contraditório.

- A falta do contraditório não permitiu que a fraude fosse detectada


imediatamente, assim, através de doc. de fls. 109 é possível detectar
que a pessoa que assinou pela requerida "ESGE" no documento de
fls. 88 e 89 não tinha poderes para o efeito.
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- Assim procedeu, aproveitando-se de ausência do legal


representante Sr. Michel Dhoulizibaritch, algures na África do Sul e
tudo aconteceu depois de se ter apercebido da entrada em Tribunal
do Arresto requerido.

- A provar isto está o facto da petição ter sido autuada em 18/12/01


e os doc.de fls. 88 e 89 terem sido assinados pelo suposto
representante da requerida em 27/12/01.

Terminou requerendo que se dê provimento ao recurso revogando-


se o despacho recorrido.

Contra alegou o referido Borges Leite nos termos referidos a fls. 112.

Nesta Instância o M.º P.º emitiu parecer dando razão ao Agravante


(fls. 119vº).

Correram os vistos legais.


Apreciando e decidindo.

Tem o Agravante a razão de seu lado.

Com efeito dispõe o n.º 1 do art.1037.º do C.P. Civil que, o quando...o


arresto... ou qualquer outra diligência ordenada judicialmente...
ofenda a posse de terceiro, pode o lesado fazer-se restituir a sua
posse por meio de embargos.
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Assim, sendo o cidadão José Eduardo Borges alheio ao conflito que


opõe o "CFB" à "ESGL", sendo, por isso, terceiro (vº n.º 2 do art.
1037.º), e tendo, a seu ver, sido lesado em bens que diz serem seus,
pela diligência judicial que decretou o arresto, o meio legal para se
fazer restituir à sua posse, deveria ser através do processo especial
de embargos de terceiro regulado nos termos do art.1037.º e
seguintes e não através do requerimento que dirigiu ao Mm.º Juiz "a
quo" e constante a fls. 87 e 94 dos autos.

Qualquer desses requerimentos não possui força bastante para


permitir ao julgador ajuizar e decidir, com solidez necessária, as
razões avançadas pelo terceiro lesado e viola princípios legais a que
o julgador está indissoluvelmente ligado e aos quais deve total
obediência.

Ao agir como agiu, ordenando a restituição das viaturas já arrestadas


através de um mero despacho proferido a fls. 96, dizendo
expressamente "Defiro agora os requerimentos de fls. 87 e 94.
Entregue-se os meios arrestados ao reclamante (sic)", o Mm.º Juiz
"a quo" desrespeitou a lei, pois esta exige que o potencial lesado faça
uso do meio legal permitido e que é o de embargos de terceiro, para
que deste modo se permita à contra parte o direito de contradizer os
argumentos pelo ofendido.

Deste modo, o despacho de fls. 96, porque proferido em flagrante


violação ao disposto no art. 201.º do C.P.C. por ter omitido uma
formalidade prescrita na lei terá de ser revogado.

Pelos fundamentos expostos, acordam os desta Câmara em


conceder provimento ao recurso, revogando o despacho
recorrido.
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Custas a cargo do Agravado.

Luanda, aos 15 de Abril de 2005.

André Silva Neto (Relator)


Belchior Samuco
Tobias Epalanga

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