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0007
A C Ó R D Ã O
7ª TURMA
VMF/db/drs
PROCESSO Nº TST-RR-294000-51.2008.5.12.0007
PROCESSO Nº TST-RR-294000-51.2008.5.12.0007
PROCESSO Nº TST-RR-294000-51.2008.5.12.0007
V O T O
1 – CONHECIMENTO
Presentes os pressupostos recursais extrínsecos
concernentes à tempestividade (fls. 812 e 816), à representação
processual (fls. 651-653) e ao preparo (fls. 757-758 e 850), passo
ao exame dos pressupostos específicos de admissibilidade.
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Registrou "que o resultado de tal perícia pode ser
de suma importância para a solução de alguns pedidos do presente
feito" (fls. 536) e, diante de tais fatos, determinou a reabertura
da instrução processual para que seja aguardada a conclusão do laudo
pericial naqueles autos.
As partes foram devidamente intimadas acerca da
reabertura da instrução processual a fls. 538, no dia 29/3/2010.
Também foram intimadas acerca da audiência de nova tentativa de
conciliação designada para o dia 9/7/2010 (fls. 542).
Na ocasião da referida audiência, restou
consignado na ata que, nos autos do processo nº 01334200802912
002, a perícia determinada no registro de ponto da reclamada foi
suspensa, considerando que o perito demorou mais de 10 meses para
entregar o laudo, que acabou não sendo realizado.
Considerando tal fato, o juízo do primeiro grau de
jurisdição deu prosseguimento à instrução do feito, determinando a
juntada aos presentes autos "de folhas de ponto e de fichas de EPIs
dos processos 0637200902912000, 02165200902912000, 01540
200900712006 e 00161200900712009, com o fim de trazer
elementos para formar a convicção" (fls. 544). Concedeu às partes o
prazo sucessivo de dez dias, a iniciar pelo autor, para a análise e
manifestação sobre tais documentos.
Ambas as partes manifestaramse sobre a prova
emprestada, o reclamante a fls. 636 e a reclamada a fls. 638639.
O obreiro, após examinar os novos documentos,
salientou que seu teor é suficiente para provar a infidelidade dos
registros de jornada. Apontou, por exemplo, a informação constante
na folha de entrega de EPI ao Sr. Marcelo Araújo Ramos no dia
16/8/2008, dia que, segundo consta na folha de ponto como, era de
folga e no qual tal exempregado da reclamada não teria trabalhado.
Frisou que tal situação se repete em várias outras ocasiões,
conforme se verifica pelo simples cotejo dos documentos colacionados
nos autos.
A reclamada, em sua posterior manifestação,
afirmou não concordar com a utilização da prova emprestada, pois diz
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respeito a pessoas diversas daquelas que figuram no presente feito.
Sinalese que a ré, apesar de ter ciência do pronunciamento do
reclamante, nada referiu sobre seu teor.
Desse modo, não prevalece a alegação recursal de
que houve preclusão do direito obreiro para apontar irregularidades
existentes nos documentos ou eventuais discrepâncias entre os
registros de horário e as folhas de entrega dos EPIs, uma vez que a
invalidade de tais registros era a tese central do reclamante desde
a petição inicial, foi reiterada por ocasião da sua manifestação
sobre os documentos apresentados com a defesa e sobre a prova
emprestada.
Além disso, beira a litigância de máfé o
argumento apresentado nas razões do recurso de revista da reclamada
no sentido de que "a maioria dos casos relatados em sentença
(mantida no TRT) sequer foi submetida à apreciação da reclamada,
sendo que a mesma sequer se manifestou a este respeito nos autos, o
que fere a ampla defesa (art. 5º, LV, CFB)" (fls. 819). Como
salientado acima, a reclamada foi devidamente intimada para se
manifestar sobre a prova emprestada, tendo acesso aos autos e,
inclusive ao teor da manifestação já apresentada pelo reclamante, de
modo que foi respeitado o princípio da ampla defesa.
Verificase, ainda, que o julgador de origem
registrou na sentença que várias reclamações trabalhistas que contêm
a mesma alegação de manipulação e de fraude existente nos registros
de horários dos empregados da reclamada foram ajuizadas nas duas
Varas de Trabalho de Lages/SC. Frisou que tal procedimento adotado
pela reclamada tem o objetivo de "reduzir a jornada laborada, com o
fim de compensar um maior número de horas extras e pagar poucas
horas suplementares, para diminuir o custo dos produtos da empresa,
cumprir as metas e aumentar os lucros" (fls. 666).
Foi salientado, ainda, na sentença que a prova
oral produzida nesses inúmeros processos dificilmente comprovava a
alegação de manipulação e fraude nos registros de horário, pois
algumas testemunhas diziam que a manipulação ocorria por meio da
redução do número de horas laboradas no dia, outras afirmavam que
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ocorria com os registros de folgas em dias efetivamente laborados e
outras, ainda, com a afirmação de ocorrência desses dois
procedimentos. Todavia, apesar da fragilidade da prova oral, o
julgador de origem deixou claro que todas as testemunhas diziam que
"por mais que laborassem horas extras, às vezes em jornadas de doze
horas ou que chegavam a importar dois turnos seguidos, nunca havia
saldo positivo de horas a compensar ou, quando havia, era em número
muito pequeno, não correspondente ao efetivamente laborado" (fls.
666).
A corroboração de tal procedimento adotado pela
reclamada restou evidenciada quando o advogado de vários dos
reclamantes, após analisar os inúmeros documentos apresentados,
verificou que os empregados da reclamada, por diversas vezes,
segundo registrado nas folhas de entrega de EPIs, retiravam tais
equipamentos em dias de folgas, de faltas ou de férias, elencando, a
título exemplificativo, vários processos em que foi constatada tal
prática.
Sinalese que, por outro lado, que constituem
requisitos para a prova emprestada: que tenha ocorrido a produção da
prova entre as mesmas partes ou uma das partes e terceiro, em
regular processo judicial; que no processo judicial em que produzida
a prova, tenham sido observados o devido processo legal e o
contraditório; que o fato provado seja idêntico. Tais requisitos
restaram atendidos no caso, sendo certo que todos os processos
listados na sentença e nos quais restou evidenciada a manipulação e
fraude dos controles de jornada dizem respeito à mesma reclamada que
figura no presente feito.
Outrossim, nos termos do art. 131 do CPC, o
julgador tem a liberdade de apreciação da prova, desde que indique,
em sua decisão, os fundamentos que lhe levaram ao convencimento, o
que, no caso, restou observado.
Frisese que o comando erigido no referido artigo
decorre da consagração de dois princípios: o princípio da primazia
da realidade sobre a forma, "poderoso instrumento para a pesquisa e
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encontro da verdade real em uma situação de litígio trabalhista", e
o princípio processual da persuasão racional do magistrado.
Da mesma forma, nos termos do art. 335 do CPC, o
juiz, em falta de normas jurídicas particulares, aplicará as regras
de experiência comum subministradas pela observação do que
ordinariamente acontece, situação ocorrida nos autos, em que os
fatos ocorridos no âmbito da empresa reclamada em relação à prática
de manipulação e fraude dos registros de horário eram de
conhecimento do julgador em face dos demais processos que passaram
por sua apreciação, circunstância que possibilitou a colação da
prova emprestada com o consentimento das partes, uma vez que na ata
da audiência em que foi determinada tal colação nenhuma das partes
postulou o registro de protesto contra a adoção desse procedimento.
Portanto, os trâmites seguidos pelas instâncias
ordinárias não configuram cerceamento de defesa da reclamada, ao
revés, a alegação de nulidade processual diante da prática
comprovada (em vários processos e neste também) e reiterada de
manipulação e fraude dos registros de horários dos empregados da ré,
beira a litigância de máfé.
Por fim, é de se registrar que o juiz, no
exercício do seu poder diretivo, deve "velar pela rápida solução do
litígio" (art. 125, II, do CPC), afastando os incidentes que possam
desnecessariamente retardar a prestação jurisdicional.
Dessa forma, no caso vertente, não restou
configurado o cerceamento de defesa da reclamada.
De outra parte, nos termos dos arts. 128 e 460 do
CPC invocados nas razões do recurso de revista, a configuração de
decisão extra petita ocorre quando o julgador se manifesta sobre
matéria que não foi objeto da demanda.
No caso, a decisão regional afastou a alegação de
que houve julgamento extra petita, registrando expressamente que foi
postulado na exordial o pagamento de horas extraordinárias. Além
disso, consoante já salientado acima, a observância dos elementos
fáticoprobatórios contidos na prova emprestada com o intuito de
elucidar a controvérsia não implica julgamento extra petita.
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considerados protelatórios não tem qualquer vinculação com eventuais
embargos opostos pela outra parte.
Como se vê, é nítida a intenção da reclamada de,
por meio da arguição de defeitos no julgado, obter a reapreciação do
conjunto fáticoprobatório e das teses estampadas literalmente no
acórdão embargado.
A natureza infringente dos embargos de declaração
opostos em segunda instância é cristalina.
O órgão julgador não precisa rebater todos os
argumentos da parte, mas deve, com base no princípio do livre
convencimento motivado (art. 131 do CPC), apresentar as razões de
sua decisão.
Todas as questões essenciais e relevantes para o
desate da lide foram resolvidas fundamentadamente.
Não houve negativa de prestação jurisdicional.
Dessa forma, inviável o conhecimento do recurso de
revista da reclamada neste tópico, pois intactos os arts. 93, IX, da
Carta Política; 832 da CLT e 458 do CPC.
Não conheço.
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INTERVALO INTRAJORNADA
Alega a recorrente ser indevido o pagamento do intervalo
intrajornada, uma vez que o obreiro não fez prova de suas alegações.
Primeiramente, registro que a validade dos cartões ponto já restou
analisada no item anterior, não sendo documento hábil para comprovação
da concessão do intervalo intrajornada.
Informou o autor na inicial que usufruía do intervalo para descanso e
alimentação de no máximo 20 minutos. Fato confirmado pela testemunha
Fabricio Viapiana, que disse que o intervalo intrajornada era de 25 a 30
minutos.
Quanto à integralidade do pagamento restou demonstrada a redução
do intervalo intrajornada para 30 minutos, em descumprimento ao que
dispõe o art. 71 da CLT, devido o pagamento correspondente a uma hora
pela não concessão do intervalo intrajornada, por dia efetivamente
laborado, com acréscimo de 50%, nos termos do parágrafo quarto do artigo
71 da CLT.
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Não conheço.
1.5 – FOLGA SEMANAL – JULGAMENTO FORA DOS LIMITES
DA LIDE
O Tribunal Regional manteve a sentença na parte em
que condenou a reclamada ao pagamento em dobro dos dias de descanso
laborados a partir de 15/6/2007, a serem apurados em liquidação de
sentença, observandose o direito à fruição de uma folga semanal,
com reflexos. Os fundamentos adotados no acórdão regional estão
lançados a fls. 787:
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Nas razões de seu recurso de revista, a reclamada
argumenta que deve ser declarada a nulidade do acórdão regional em
face do julgamento extra petita ou a adequação da condenação aos
limites da lide.
Salienta que foi deferido na sentença e mantido
pelo Tribunal Regional o pagamento em dobro dos dias de descanso
laborados a partir de 15/6/2007, a serem apurados em liquidação de
sentença, observandose o direito à fruição de uma folga semanal,
com reflexos.
Todavia, consoante registrado na causa de pedir
constante no item "3.b" da petição inicial, o reclamante "laborava
dois dias e folgava dois e assim sucessivamente, no horário
denominado das 6:00 às 18:00, no entanto, nesse período, trabalhava
1/3 das folgas que teria direito a gozar" (fls. 831).
Desse modo, no lapso do contrato em que o obreiro
trabalhou no sistema 2x2, dois dias de labor por dois dias de folga,
eram fruídas de três ou quatro folgas por semana, não havendo como
remanescer a condenação imposta.
Aponta violação dos arts. 5º, LIV e LV, da
Constituição Federal; 128 e 460 do CPC; 1º da Lei nº 605/49.
No caso, como salientado no tópico "1.2" deste
acórdão, por ocasião da análise da preliminar de nulidade do acórdão
regional por negativa de prestação jurisdicional, ficou registrado
que a condenação imposta na sentença foi de pagamento em dobro dos
dias de descanso laborados a partir de 15/6/2007, a serem apurados
em liquidação de sentença, observandose o direito à fruição de uma
folga semanal, com reflexos. Além disso, restou determinada a
consideração do sistema de trabalho em dois dias seguidos e folgas
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nos dois outros, mas com fruição real de apenas um terço dessas
folgas (sentença, fls. 676).
Como salientado na decisão de embargos de
declaração proferida pelo Tribunal Regional e após a leitura dos
termos das razões do recurso ordinário interposto pela reclamada,
verifica-se que não houve arguição de julgamento fora dos limites da
lide em relação ao tópico do pagamento em dobro das folgas
laboradas. Constou expressamente na decisão de embargos que, quanto
ao particular, a reclamada apenas argumentou, em sua peça de recurso
ordinário, que seria indevida a condenação ao pagamento em dobro das
folgas trabalhadas, pois, nas ocasiões em que houve tal labor, foi
concedida a compensação em forma de descanso em outro dia. No
recurso ordinário interposto pela reclamada não houve referência ao
total semanal das folgas fruídas pelo reclamante no período do
contrato de trabalho em que o labor foi prestado no regime 2X2.
Desse modo, pelo simples fato de não ter havido
arguição específica nas razões do recurso ordinário acerca do
extrapolamento do pedido pela condenação imposta na sentença, não
havia como o Tribunal Regional manifestar-se sobre argumento
apresentado de forma inovatória apenas quando da oposição dos
embargos de declaração pela reclamada.
Assim, tendo em vista que, a rigor, o Tribunal
Regional não se manifestou a respeito dos argumentos apresentados de
forma inovatória em sede de embargos declaratórios, incide no
particular o óbice da Súmula nº 297, I e II, do TST, a inviabilizar
a discussão das teses recursais na presente instância
extraordinária.
Não conheço.
1.6 – MULTA DECORRENTE DA OPOSIÇÃO DE EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO CONSIDERADOS MERAMENTE PROTELATÓRIOS
O Tribunal Regional confirmou a decisão de
embargos declaratórios na parte em que condenou a reclamada ao
pagamento da multa prevista no parágrafo único do art. 538 do CPC.
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Os fundamentos do acórdão regional foram lançados a fls. 791792, in
verbis:
A Turma regional acolheu parcialmente os embargos
declaratórios opostos pela reclamada para, concedendo efeito
modificativo ao julgado, determinar que a multa aplicada à ré pelo
oferecimento de embargos de declaração protelatórios perante o
primeiro grau de jurisdição seja calculada no importe de 1% sobre o
valor da causa. Os fundamentos estão consignados a fls. 808809:
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todos os elementos de prova que ensejaram a declaração de invalidade
de tais registros. O arbitramento da jornada de trabalho de acordo
com os termos aduzidos na petição inicial, bem como o deferimento do
pagamento do intervalo intrajornada não fruído, decorreu da
invalidade das anotações constantes nas folhasdeponto, da ausência
de prova apresentada pela ré com o intuito de afastar a presunção de
veracidade daquela jornada de labor indicada na exordial e diante da
prova produzida nos autos, inclusive no que diz respeito ao não gozo
da totalidade do período destinado ao referido intervalo
intrajornada.
Desse modo, não havia vícios a serem sanados via
oposição de embargos declaratórios.
Observese que a mera alegação de que não era o
intuito da parte procrastinar o feito não elide a multa aplicada,
pois o seu fato gerador independe de aspectos subjetivos daquele que
opõe os embargos de declaração, e sim da constatação objetiva de que
a insurgência formulada não se adequava às finalidades previstas
para o recurso em exame.
Se constatado que nada justificaria a oposição dos
embargos de declaração, a imposição da multa é mera consequência.
À parte foram garantidos os direitos à ampla
defesa e ao contraditório. Entretanto, tais direitos devem ser
exercidos na forma, nos limites e nas condições estabelecidos por
lei.
O julgador do primeiro grau de jurisdição, atento
ao bom andamento do feito, nos termos dos arts. 130 e 765 da
Consolidação das Leis do Trabalho, zelando pela celeridade
processual, aplicou a penalidade. Assim, nada mais fez do que
exercer uma atribuição discricionária, que consiste na possibilidade
de, mediante um juízo de conveniência e de oportunidade, conforme as
circunstâncias dos autos permitirem apreender, obstar a tentativa de
abuso no exercício do direito de defesa pela parte.
Desse modo, restam incólumes os dispositivos da
Constituição Federal e de lei invocados no recurso de revista.
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Os arestos trazidos a cotejo não servem ao intuito
de demonstrar a alegada divergência jurisprudencial. Aquele
transcrito a fls. 832836 diz respeito à situação fática análoga
àquela delineada no presente feito, em que a aplicação da multa
decorreu da constatação do caráter meramente protelatório dos
embargos de declaração opostos pela reclamada perante o juízo do
primeiro grau de jurisdição.
Aquele transcrito a fls. 836837 trata de hipótese
fática em que foi reputada pertinente a oposição dos embargos de
declaração, o que ensejou a exclusão da condenação à multa de 1%
sobre o valor da causa, situação diversa daquela configurado nos
presentes autos, em que restou demonstrado o caráter protelatório
dos embargos.
Assim, não há como conhecer da revista no
particular em face da incidência do óbice das Súmulas nºs 23 e 296,
I, do TST, e do não preenchimento dos requisitos estabelecidos no
art. 896, "a" e "c", da CLT.
Não conheço.
1.7 – ACIDENTE DO TRABALHO INDENIZAÇÃO POR DANOS
ESTÉTICOS – CONFIGURAÇÃO – RESPONSABILIDADE DA EMPREGADORA
O Colegiado regional manteve a sentença na parte
em que condenou a reclamada ao pagamento de indenização por danos
estéticos no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) em decorrência
de acidente de trabalho, consignando os seguintes fundamentos, a
fls. 789791:
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tal condenação somente poderia remanescer acaso restasse provado que
tal cicatriz "o prejudicou ou prejudica em seu convívio pessoal ou
lhe tenha causado prejuízos de ordem emocional" (fls. 843),
circunstância que não restou provada nos autos.
Colaciona arestos com o intuito de demonstrar a
alegada divergência jurisprudencial.
Inicialmente, sinalese que o dano estético ocorre
quando a lesão compromete a harmonia física da vítima e modifica
permanentemente o aspecto externo do corpo humano.
Tratase de proteção à imagem externa da vítima,
mas com aspectos internos, como vaidade, beleza e preconceito.
A rigor, o dano estético não pode ser considerado
um terceiro e destacado gênero de dano, estando incluído no âmbito
do dano moral.
Contudo, a natureza jurídica do dano estético não
impede o arbitramento de indenização específica e destacada para a
reparação dessa lesão individualizada.
Quando o acidente de trabalho causar dano estético
ao trabalhador, é recomendada a fixação de montante próprio e
específico para a lesão estética, para que fique claro o objetivo de
indenizar o acidentado pelo comprometimento de sua aparência física,
sem prejuízo da indenização pelos outros transtornos morais sofridos
pelo obreiro.
No caso dos autos, constou no acórdão regional que
é incontroversa nos autos a ocorrência de acidente de trabalho no
dia em que o reclamante estava operando a lavadora de recipientes e
que ao levantar as garrafas, uma delas estava quebrada, causando um
ferimento contuso, aberto em deu dedo polegar da mão esquerda.
Ficou consignado, ainda, que apesar de o
reclamante estar usando, na ocasião, EPIs, estes não foram
suficientes para evitar o ferimento e a cicatriz que se formou na
mão do acidentado, o que lhe confere o direito ao percebimento de
indenização por danos estéticos.
O entendimento adotado pelo Tribunal Regional está
e consonância com a jurisprudência majoritária desta Corte, segundo
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Em resposta à petição de embargos de declaração, a
Turma regional consignou o seguinte, a fls. 809810:
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2 – MÉRITO
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fls.40
PROCESSO Nº TST-RR-294000-51.2008.5.12.0007
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fls.46
PROCESSO Nº TST-RR-294000-51.2008.5.12.0007
ISTO POSTO
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