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CARROS
C O LU N A
CAÇADOR DE CARROS
Felipe Carvalho
Colaboração para o UOL, em São
Paulo (SP)
05/09/2019 07h00
Na coluna desta semana, vou tratar de uma das maiores preocupações de quem pensa em adquirir um
carro usado: as possíveis adulterações de quilometragem. Essa é uma das questões mais desgastantes na
profissão de um Caçador de Carros, que muitas vezes precisa reprovar um bom carro ao descobrir que o
hodômetro não é fiel à realidade do carro. Mais do que falar sobre a popular "km", darei dicas para você
conseguir identificar se o carro que pretende comprar foi adulterado.
Hoje em dia, os carros atingiram um nível de excelência construtiva que permite que eles rodem centenas
de milhares de quilômetros sem grandes problemas - lembrando, obviamente, que as manutenções
periódicas não podem ser deixadas de lado. Mesmo assim, quase todo comprador tem pavor de carros
bastante rodados.
V E J A TA M B É M
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Definir a "alta" quilometragem é impossível, já que é subjetivo determinar esse ponto. Porém, na prática, o
mercado é tolerante com carros que rodam até 15 mil km por ano. Para mim, isso é uma grande bobagem,
pois, baseado na minha experiência no mercado de carros usados, posso afirmar que a quilometragem
não define se o carro é bom ou ruim. Para facilitar a venda de um veículo usado sem ter de convencer o
comprador de que ele é bom, apesar da alta quilometragem, vendedores optam por adulterar o odômetro
para baixo. Longe de chamar essa prática de "jeitinho brasileiro", pois na verdade é um crime.
2. Observe se existem marcas no plástico do painel que possam sugerir que ele tenha sido desmontado.
Nada impede que em algum momento uma lâmpada queimada tenha sido substituída, por exemplo. Mas,
se essas marcas forem identificadas, fique alerta; o painel pode ter sido desmontado para coisa pior, como
a adulteração do hodômetro.
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3. Levando em conta que o motorista é quem mais tempo fica dentro de um carro, analise os desgastes
do banco, volante, pedais e manopla do câmbio. Em um carro com até 50 mil km, mais ou menos, o
desgaste é quase nenhum e a aparência desses itens deve ser como a de um carro novo. Até 100 mil
km, o desgaste ainda é baixo, mas já é possível verificar peças com mais marcas de uso. Acima disso, é
aceitável um pedal com a parte metálica à vista, volante mais liso ou espuma do banco com pouca
densidade.
Deve ser considerado que o acabamento varia de um modelo para outro, assim como a forma que o
motorista conduziu o veículo. Quem usa anéis ou transpira muito nas mãos pode provocar um desgaste
mais rápido do volante, assim como uma pessoa mais pesada tende a desgastar mais o banco. Mas, de
forma geral, é possível identificar visualmente esses sinais e comparar com os números que aparecem no
painel. Evite, por exemplo, um carro muito desgastado que informa menos de 50 mil km.
4. Assim como a parte interna, o exterior do carro também deve condizer com o quanto ele rodou. Pintura
queimada ou faróis amarelados em um carro com "baixa" quilometragem são pontos difíceis de engolir.
5. Os pneus mostram muito como o carro foi usado. Um jogo dura, em média, entre 40 mil km e 60 mil km
ou cinco anos. A variação é grande porque alguns motoristas cuidam bem deles, mantendo-os
calibrados, fazendo alinhamento, balanceamento e rodízio com frequência - essas medidas prolongam a
vida útil dos pneus. Levando isso em conta, um carro na faixa de quilometragem citada acima deve estar
com os pneus que saíram da fábrica.
Para saber se é o primeiro jogo, basta ver a data do pneu, que vem identificada depois da sigla DOT -
formada por quatro números, sendo os dois primeiros da semana e os dois últimos do ano em que foi
fabricado. Esse ano deve ser o mesmo da fabricação do carro. Em veículos nos quais o estepe tem a
mesma medida, é possível comparar a marca do pneu, que deve ser a mesma dos que estão em uso. Se
não for o primeiro jogo, os pneus devem estar em excelente estado, já que rodaram pouco. Eu já vi carros
com supostos 30 mil km que estavam num segundo - ou talvez o terceiro - jogo de pneus, já bem gastos.
Como isso é possível?
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6. Se ainda assim a dúvida persistir, procure levar o carro a uma concessionária ou oficina especializada
antes de fechar negócio. Lá, é possível identificar, com aparelhos conectados ao módulo, se a
quilometragem informada no painel condiz com o que está registrado na central eletrônica do carro.
Caso o dono não aceite levar o veículo para essa verificação, parta para outro negócio. Afinal, quem não
deve, não teme.
Porém, considero os outros pontos citados acima mais importantes que esse. Infelizmente, algumas
adulterações se estendem à central eletrônica e, por isso, não pode ser considerado o resultado final como
uma verdade absoluta.
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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL
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