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Prof. Dr. Lucas Barbosa Pelissari
3. Resumo:
Thomas Kuhn, autor do livro “A estrutura das revoluções científicas”, além de
físico, dedicou-se também intensamente à História e Filosofia da Ciência, disciplinas
essas que o guiaram na formulação de suas principais ideias, as quais estão presentes
nesta obra.
A obra analisa as condições para o desenvolvimento científico, sendo este
alcançado, principalmente, pelas revoluções científicas, quando ocorre aos saltos, mas
também acontecendo de forma acumulativa durante o período de ciência normal.
Kuhn ressalta o fato de a Ciência não ser linear e acumulativa, mas sim, que
várias teorias científicas podem se dedicar a um mesmo assunto, não significando que
uma delas seja acientífica. O conceito de paradigma, fundamental em sua obra, propõe
que a ciência normal necessariamente precisa estabelecer um parâmetro: o paradigma,
para que este insira no cerne da comunidade científica teorias, limites, regras, tradição,
além de antecipações de problemas. A revolução científica, segundo ele, surge da
insuficiência de um paradigma, quando este já não resolve os problemas que lhe são
apresentados ou por não conseguir absorver anomalias para dentro de seu âmbito.
Assim, uma percepção diferente dita como anomalia pode causar crise na comunidade
científica, sendo as crises pré-condições necessárias, para a quebra de paradigmas e,
por conseguinte, para a emergência de novas teorias. Quando em crise, candidatos a
paradigma são apresentados para substituir o anterior, e vence aquele que apresentar
melhores argumentos, seja por meio da persuasão ou por resolver maior número de
problemas. A comparação acontece entre o velho paradigma e seu possível substituto
e, o novo paradigma, mesmo quando aceito, nem sempre é bem recebido por todos os
cientistas. As revoluções científicas são “aqueles episódios de desenvolvimento não
cumulativo nos quais um paradigma mais antigo é total ou parcialmente substituído por
um novo, incompatível com o anterior” (p. 125).
Thomas Kuhn é uma referência de leitura, principalmente por tratar de princípios
básicos pertencentes à Ciência, e que muitas vezes não são referidos nos manuais.
Antes de ser cientista é preciso conhecer a base, a história e a filosofia que estão por
trás de qualquer prática científica.
4. Desenvolvimento
4.1.Fatos históricos (quando é escrito, acontecimentos relevantes);
No início do Prefácio de seu livro, o autor cita que o ensaio é seu primeiro
relatório completo sobre um projeto concebido originalmente há quase quinze anos,
época em que estudava pós-graduação em Física Teórica, e que muito do seu tempo
foi gasto explorando campos sem relação aparente a História da ciência. Ainda cita no
decorrer de sua trajetória acadêmica que foi James B. Conant, então presidente da
Universidade de Harvard, quem primeiro inseriu na História da Ciência e desse modo
Thomas sentiu o inicio de sua transformação de sua concepção da natureza do
progresso científico. Cita algumas contribuições de colegas na área como Leonard K.
Nash, que lecionou durante cinco anos, tempo este onde suas ideias começaram a
tomar forma. E cita alguns colaboradores que o auxiliaram na reformulação de sua obra:
Paul K. Feyerabend de Berkeley, Ernest Nagel de Columbia, H. Pierre Noyes do
Lawrence e um aluno, John L. Heilbron.
4.2.Problematização e objetivo(s);
O livro faz uma intensa discussão sobre a divisão da ciência como normal e
extraordinária e vai colocando suas discussões pautadas em exemplos de aplicações
cientificas ao longo do tempo citando alguns cientistas de renome e suas contribuições
para a Ciência.
Aborda o termo paradigma como um modelo ou padrão de linguagens
cientifica, comentando o momento de “crise” quando ocorre a ruptura e cria-se um novo
referencial.
4.3.Metodologia utilizada;
Khun faz uma revisão extensa e bibliográfica no campo da História da Ciência,
demostrando exemplos de fenômenos físicos, químicos e científicos. Segundo Kuhn,
existe três tipos de fenômenos, que necessitam de base para uma nova teoria:
Fenômenos explicados pelos paradigmas existentes; Fenômenos cuja a natureza é
fornecida pelo principal paradigma e as anomalias reconhecidas pela a academia.
Após, Kuhn descreve a dificuldade que a comunidade científica tem de
reconhecer e aceitar novos paradigmas, que não oferecem soluções as anomalias
presentes. Quando o ambiente usa o positivismo lógico, restringi o alcance e a definição
de uma teoria admitida, de forma que não pudesse entrar em conflito com nenhuma
teoria decorrente que realizasse previsões de fenômenos naturais por ela apontada.
Desta forma, sem paradigma não há ciência normal, incluindo
comprometimento e precisão pela busca de soluções de quebra-cabeças determinados,
assim não poderia surgir anomalias, problemas e crises, sem que acabem com o
mecanismo de funcionamento da ciência normal, que se protege.
4.4.Pressuposto(s);
Abordagens que a Ciência avança com mudança de estudos na academia, fez
mostrar a importância no desenvolvimento científico nos aspectos psicológicos,
sociológicos e históricos como fatores relevantes para a fundamentação e a própria
evolução da ciência, independente área da pesquisa. Assim, como Kuhn, descreve em
seu ensaio a natureza da ruptura do desenvolvimento científico, não havendo acumulo
de saber, como defendia alguns cientistas da ciência tradicional.
4.5.Ideia(s)/tese(s) central(is);
No capitulo 1: “A Rota para a ciência normal”, para o autor a ciência normal é
desenvolvida diretamente com paradigmas que as fundamentam. Esse ensaio retrata
que para ser aceito um novo paradigma, ou seja, uma nova teoria, ela precisa parecer
melhor que suas competidoras, mas não necessariamente explicar todos os fatos e
fenômenos pelo os quais pode ser confrontada. Esse paradigma precisa ser “capaz de
orientar pesquisas de todo o grupo” (Kuhn, 1998, p. 42) que estuda a determinada área
ali confrontada. Quando surge um novo paradigma que substitui um antigo, Kuhn
denominou isso como revolução científica.
4.6.Ideia(s)/tese(s) secundária(s);
O capítulo 8, questiona o problemas que dão o nome a esse ensaio. Kuhn diz
que Revolução científica são fatos de desenvolvimento não-cumulativo, tornando-se
paradigmas antigos substituíveis parcialmente ou totalmente por um novo. A mudanças
de paradigmas mostra a seleção de procedimentos conflitantes da sociedade, não
combinando com procedimentos característicos da ciência normal, pois coloca o
paradigma em incerteza.
Assim, afirma Kuhn que é possível “conceber outras relações compatíveis entre
teorias velhas e novas” (Kuhn, 1998, p. 129) fazendo modificações no desenvolvimento
da ciência normal, que se defini em três formas: cumulativo, evolutivo e substitutivo.
Essa nova descoberta resultará equivalente à extensão e à tenacidade da anomalia que
a antecedeu, dando um choque entre paradigma e a sua anomalia revelada.
6. Observações auxiliares.
Após a leitura desse ensaio pode-se verificar a enorme contribuição e valor
indiscutível, de Kuhn, para filosofia da ciência. Apesar de sua obra ter sido escrita em
1962, traz questões que ainda são discutida atualmente entre as várias definições de
ciência e os novos paradigmas que vão surgindo conforme o avanço tecnológico.